Fungi: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Reynaldo (discussão | contribs)
m Revertidas edições por 189.105.47.108, para a última versão por Richard Melo da Silva
substituindo por tradução do artigo em língua inglesa
Linha 1: Linha 1:
{{minidesambig|pela banda|Reino Fungi (banda)}}
{{minidesambig|pela banda|Reino Fungi (banda)}}

{{Taxocaixa
{{Taxocaixa
| nome = Fungi
| nome = Fungi
Linha 5: Linha 6:
| período_fóssil = Início do [[Devónico]] – Recente ([[#Evolução|ver texto]]) {{período_fóssil|410|0|}}
| período_fóssil = Início do [[Devónico]] – Recente ([[#Evolução|ver texto]]) {{período_fóssil|410|0|}}
| imagem = Fungi_collage.jpg
| imagem = Fungi_collage.jpg
| imagem_legenda = No sentido dos ponteiros do relógio, desde o cimo à esquerda: ''[[Amanita muscaria]]'', um basidiomicete; ''[[Sarcoscypha coccinea]]'', um ascomicete; pão coberto de [[bolor]]; um quitrídeo; um [[conidióforo]] de ''[[Penicillium]]''.
| imagem_legenda = No sentido dos ponteiros do relógio, desde em cima à esquerda: ''[[Amanita muscaria]]'', um basidiomicete; ''[[Sarcoscypha coccinea]]'', um ascomicete; pão coberto de [[bolor]]; um quitrídio; um [[conidióforo]] de ''[[Penicillium]]''.
| domínio=[[Eukarya]]
| domínio=[[Eukarya]]
| reino_sc = [[Opisthokonta]]
| reino_sc = [[Opisthokonta]]
Linha 30: Linha 31:
:: [[Ustilaginomycotina]]
:: [[Ustilaginomycotina]]


Subphyla [[Incertae sedis]]
Subfilos ''[[Incertae sedis]]''


: [[Entomophthoromycotina]]
: [[Entomophthoromycotina]]
Linha 36: Linha 37:
: [[Mucoromycotina]]
: [[Mucoromycotina]]
: [[Zoopagomycotina]]
: [[Zoopagomycotina]]
}}
Os '''fungos''' são os membros de um grande grupo de organismos [[eucariotas]] que inclui micro-organismos tais como as [[levedura]]s e [[bolor]]es, bem como os mais familiares [[cogumelo]]s. Os fungos são classificados num [[reino (biologia)|reino]] separado das [[planta]]s, [[animal|animais]] e [[bactéria]]s. Uma grande diferença é o facto de as células dos fungos terem [[parede celular|paredes celulares]] que contêm [[quitina]], ao contrário das células vegetais, que contêm [[celulose]]. Estas e outras diferenças mostram que os fungos formam um só grupo de organismos relacionados entre si, chamados '''[[Eumycota]]''' (''fungos verdadeiros'' ou ''Eumycetes''), e que partilham um [[ancestral comum]] (um grupo [[monofilético]]). Este grupo de fungos é distinto dos estruturalmente similares Myxomycetes (agora classificados em [[Myxogastria]]) e [[Oomycetes]]. A disciplina da [[biologia]] dedicada ao estudo dos fungos é a [[micologia]], muitas vezes vista como um ramo da [[botânica]], mesmo apesar de os estudos genéticos terem mostrado que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas.


Abundantes em todo mundo, a maioria dos fungos são inconspícuos devido ao pequeno tamanho das sua estruturas, e pelos seus modos de vida crípticos no solo, na matéria morta, e como [[Simbiose|simbiontes]] de plantas, animais, e outros fungos. Podem tornar-se notados quando [[Esporocarpo|frutificam]], seja como [[cogumelo]]s ou como [[bolor]]es. Os fungos desempenham um papel essencial na decomposição da matéria orgânica e têm papeis fundamentais nas trocas e [[Ciclo biogeoquímico|ciclos de nutrientes]]. São desde há muito tempo utilizados como uma fonte directa de alimentação, como no caso dos cogumelos e [[trufa]]s, como agentes levedantes no pão, e na [[fermentação]] de vários produtos alimentares, como o [[vinho]], a [[cerveja]], e o [[molho de soja]]. Desde a década de 1940, os fungos são usados na produção de [[antibiótico]]s, e, mais recentemente, várias [[enzima]]s produzidas por fungos são usadas industrialmente e em detergentes. São também usados como agentes biológicos no controlo de [[erva daninha|ervas daninhas]] e pragas agrícolas. Muitas espécies produzem compostos [[Actividade biológica|bioactivos]] chamados [[micotoxina]]s, como [[alcalóide]]s e [[policetídeo]]s, que são tóxicas para animais e humanos. As estruturas frutíferas de algumas espécies contêm compostos [[psicotrópico]]s, que são consumidos [[Droga recreativa|recreativamente]] ou em [[Enteógeno|cerimónias espirituais]] tradicionais. Os fungos podem decompor materiais artificiais e construções, e tornar-se [[patogénico]]s para animais e humanos. As perdas nas colheitas devidas a doenças causadas por fungos ou à deterioração de alimentos pode ter um impacto significativo no [[Segurança alimentar|fornecimento de alimentos]] e nas economias locais.
}}{{Wikispecies|Fungi}}


O reino dos fungos abrange uma enorme diversidade de [[taxon|taxa]], com ecologias, estratégias de [[ciclo de vida|ciclos de vida]] e [[Morfologia (biologia)|morfologias]] variadas, que vão desde os [[quitrídio]]s aquáticos unicelulares aos grandes cogumelos. Contudo, pouco se sabe da verdadeira [[biodiversidade]] do reino Fungi, que se estima incluir 1,5 milhões de espécies, com apenas cerca de 5% destas formalmente classificadas. Desde os trabalhos [[Taxonomia|taxonómicos]] pioneiros dos séculos XVII e XVIII efectuados por [[Lineu]], [[Christiaan Hendrik Persoon]], e [[Elias Magnus Fries]], os fungos são [[Classificação científica|classificados]] segundo a sua morfologia (i.e. características como a cor do esporo ou características microscópicas) ou segundo a sua [[fisiologia]]. Os avanços na [[genética molecular]] abriram o caminho à inclusão da [[Sequenciação de ADN|análise de ADN]] na taxonomia, o que desafiou por vezes os antigos agrupamentos baseados na morfologia e outros traços. Estudos [[Filogenética|filogenéticos]] publicados no último decénio têm ajudado a modificar a classificação do reino Fungi, o qual está dividido em um sub-reino, sete filos e dez subfilos.
Os '''fungos''' (''Fungi'') são um vasto grupo de organismos [[heterotrófico]]s classificados como um [[reino (biologia)|reino]] pertencente ao Domínio [[Eukaryota]]. Estão incluídos neste grupo organismos de dimensões consideráveis, como os [[cogumelo]]s, mas também muitas formas microscópicas, como [[bolor]]es e [[levedura]]s. Foram já descritas cerca de 70.000 espécies, mas talvez existam até 1,5 milhões de espécies, sendo que a maioria ainda está a ser identificada e descrita pelos [[micologia|micologistas]] (Hawksworth, [[1991]]; Hawksworth et al., [[1995]]).


== Etimologia ==
O ''Reino Fungi'' sofreu mudanças substanciais no arranjo dos vários filos nas últimas décadas, especialmente a partir do momento em que técnicas para comparar características bioquímicas (tais como [[RNA ribossômico]] e [[DNA]]) se foram tornando mais sofisticadas. A filogenia apresentada aqui segue a de Bruns et al. ([[1991]], [[1993]]) para os ''Eumycota''' (fungos verdadeiros) e reconhece quatro divisões: os [[Chytridiomycota]], [[Zygomycota]], [[Ascomycota]] e [[Basidiomycota]].
{{wiktionary}}
A palavra portuguesa ''fungo'' deriva do termo [[latim|latino]] ''fungus'' (cogumelo), usado nos escritos de [[Horácio]] e [[Plínio, o Velho]].<ref>{{cite book|last=Simpson DP.|title= Cassell's Latin Dictionary|publisher=Cassell Ltd|year=1979 |edition=5|location=London|page=883|isbn=0-304-52257-0}}</ref> Por seu lado, ''fungus'' é derivado do [[Grego antigo|grego]] ''sphongos''/σφογγος ("esponja"), que se refere às estruturas e morfologia macroscópicas dos cogumelos e bolores. O uso do termo ''micologia'', derivado do grego ''mykes''/μύκης (cogumelo) e ''logos''/λόγος (discurso),<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 1.</ref> para denotar o estudo científico dos fungos, terá sido usado pela primeira vez em 1836, pelo naturalista inglês [[Miles Joseph Berkeley]] na obra ''The English Flora of Sir James Edward Smith, Vol. 5.''<ref name=Ainsworth2>Ainsworth, p. 2.</ref>


== Características ==
Os fungos ocorrem em todos os ambientes do planeta e incluem importantes [[decompositor]]es e [[parasita]]s. Fungos parasitas infectam [[animalia|animais]], incluindo humanos, outros [[mamíferos]], [[pássaros]] e [[insectos]], com resultados variando de uma suave comichão à morte. Outros fungos parasitas infectam [[plantas]], causando doenças como o apodrecimento de [[tronco]]s e aumentando o risco de queda das [[árvores]]. A grande maioria das plantas vasculares têm associações [[simbiose|simbióticas]] com fungos, a nível da [[raiz]], ao que se dá o nome de [[micorriza]]s. Esta associação ajuda as raízes na absorção de [[água]] e [[nutriente]]s.
Antes da introdução dos [[Filogenética molecular|métodos moleculares]] de análise filogenética, os [[Taxonomia|taxonomistas]] consideravam que os fungos eram membros do reino [[Plantae]] devido a semelhanças nos seus modos de vida: tanto os fungos como as plantas são na sua maioria [[Séssil|imóveis]], e apresentam semelhanças na morfologia geral e no habitat em que se desenvolvem. Tal como as plantas, muitas vezes os fungos crescem no solo, e no caso dos [[cogumelo]]s formam [[corpo frutífero|corpos frutíferos]] conspícuos, que por vezes se assemelham a plantas como os [[musgo]]s. Os fungos são agora considerados um reino separado, distintos das plantas e animais, dos quais parecem ter divergido há cerca de mil milhões de anos.<ref name="Bruns">{{cite journal|author=Bruns T.|year= 2006|title=Evolutionary biology: a kingdom revised|journal=Nature|volume=443|pages=758–61|pmid=17051197| doi = 10.1038/443758a|issue=7113}}</ref><ref>{{Cite journal | pmid = 8265589 | year = 1993 | author1 = Baldauf | first2 = JD | title = Animals and fungi are each other's closest relatives: congruent evidence from multiple proteins | volume = 90 | issue = 24 | pages = 11558–62 | pmc = 48023 | journal = Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America | doi = 10.1073/pnas.90.24.11558 | last2 = Palmer}}</ref> Algumas características morfológicas, bioquímicas, e genéticas são partilhadas com outros organismo, enquanto outras são exclusivas dos fungos, separando-os claramente dos outros reinos:


Características partilhadas:
Alguns fungos, tais como: [[Shiitake]], [[Porto Bello]], [[Champignon]], [[shimeji]], [[Maitake]] e ''Mexican Corn Smut'', são utilizados como alimento; outros são extremamente [[veneno]]sos.
* com os demais eucariotas: como nos restantes eucariotas, os [[Núcleo celular|núcleos]] das células dos fungos estão limitados por uma [[membrana]] e contêm [[cromossoma]]s que contêm ADN com [[ADN não-codificante|regiões não-codificantes]] chamadas [[intrão|intrões]] e regiões codificantes chamadas [[Exão|exões]]. Além disso, os fungos possuem [[organelo]]s citoplasmáticos limitados por membrana tais como [[mitocôndria]]s, membranas que contêm [[esterol|esteróis]], e [[ribossoma]]s do tipo [[80S]].<ref>Deacon, p. 4.</ref> Têm um conjunto característico de carboidratos e compostos armazenados solúveis, incluindo [[poliol|polióis]] (como [[manitol]]), [[dissacarídeo]]s (como a [[trealose]]) e [[polissacarídeo]]s (como o [[glicogénio]], que também é encontrado em animais<ref name=Deacon4>Deacon, pp. 128–29.</ref>).
* com os animais: os fungos carecem de [[cloroplasto]]s e são organismos [[heterotrófico]]s, requerendo [[composto orgânico|compostos orgânicos]] pré-formados como fontes de energia.<ref>Alexopoulos ''et al.'', pp. 28–33.</ref>
* com as plantas: os fungos possuem uma parede celular<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 31–32.</ref> e [[vacúolo]]s.<ref name="Shoji ">{{cite journal|author=Shoji JY, Arioka M, Kitamoto K.|year= 2006|title=Possible involvement of pleiomorphic vacuolar networks in nutrient recycling in filamentous fungi|journal=Autophagy |volume=2|pages=226–27|pmid=16874107|issue=3}}</ref> Reproduzem-se por meios sexuados e assexuados, e tal como os grupos basais de plantas (como os [[feto]]s e [[musgo]]s) produzem [[esporo]]s. Tal como os musgos e [[algas]], os fungos têm núcleos tipicamente [[haplóide]]s.<ref name=Deacon58>Deacon, p. 58.</ref>
* com os [[Euglenophyta|euglenóides]] e bactérias: os fungos mais desenvolvidos, os euglenóides e algumas bactérias, produzem o [[aminoácido]] [[L-lisina]] em passos específicos de [[biossíntese]], a [[via alfa-aminoadipato]].<ref name="pmid10714900">{{cite journal |author=Zabriskie TM, Jackson MD. |title=Lysine biosynthesis and metabolism in fungi |journal=Natural Product Reports |volume=17 |issue=1 |pages=85–97 |year=2000 |pmid=10714900 |doi=10.1039/a801345d}}</ref><ref name="Xu">{{cite journal|author=Xu H, Andi B, Qian J, West AH, Cook PF.|year= 2006|title=The α-aminoadipate pathway for lysine biosynthesis in fungi|journal=Cellular Biochemistry and Biophysics|volume=46|pages=43–64|pmid=16943623|doi=10.1385/CBB:46:1:43|issue=1}}</ref>
* as células da maioria dos fungos crescem como estruturas tubulares, alongadas e filamentosas designadas [[hifa]]s, as quais podem conter múltiplos núcleos e crescer nas suas extremidades. Cada extremidade contém um conjunto de [[Vesícula (biologia)|vesículas]] - estruturas celulares compostas por [[proteína]]s, [[lípido]]s e outras moléculas orgânicas - chamado ''[[Spitzenkörper]]''.<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 27–28.</ref> Tanto fungos como Oomycetes crescem como células hifais filamentosas.<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 685.</ref> Em contraste, organismos de aspecto semelhante, como as [[algas verdes]] filamentosas, crescem por divisão celular repetida ao longo de uma cadeia de células.<ref name=Deacon4/>
* em comum com algumas espécies de plantas e animais, mais de 60 espécies de fungos apresentam [[bioluminescência]].<ref name="Desjardins et al">{{cite journal|author=Desjardin DE, Oliveira AG, Stevani CV.|year= 2008|title=Fungi bioluminescence revisited|journal=Photochemical & Photobiological Sciences|volume=7|pages=170–82|pmid=18264584|doi=10.1039/b713328f|issue=2}}</ref>


Características únicas:
== Estrutura ==
Os fungos possuem um corpo vegetativo chamado [[talo]] ou [[soma]] que é composto de finos [[filamento]]s unicelulares chamados [[hifa]]s. Estas hifas geralmente formam uma rede microscópica junto ao [[substrato]] (fonte de [[alimento]]), chamada [[micélio]], por onde o alimento é absorvido. Usualmente, a parte mais conspícua de um fungo são corpos frutificantes ou [[esporângio]]s (as estruturas reprodutivas que produzem os [[esporo]]s).


* Algumas espécies crescem como leveduras unicelulares que se reproduzem por [[gemulação]] ou por [[fissão binária]]. Os [[Fungo dimórfico|fungos dimórficos]] podem alternar entre uma fase de levedura e uma fase com hifas, em função das condições ambientais.<ref name="Alexopoulos et al., p. 30">Alexopoulos ''et al''., p. 30.</ref>
A divisão das hifas em [[célula]]s é incompleta, caso em que elas são chamadas de ''septadas'' e as barreiras divisórias são chamadas [[septo]]s, ou ausentes, caso em que elas são chamadas ''asseptadas'' ou [[cenocítico|cenocíticas]]. Os fungos geralmente possuem [[parede celular|paredes celulares]] de [[quitina]] e outros materiais. As hifas podem ser modificadas para produzir estruturas celulares altamente especializadas. Por exemplo, fungos que parasitam plantas possuem [[haustório]]s que perfuram as células da planta e digerem as substâncias no seu interior.
* A parede celular dos fungos é composta por [[glicano]]s e [[quitina]]; enquanto os primeiros são também encontrados em plantas e a última no [[exosqueleto]] dos [[artrópodes]],<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 32–33.</ref><ref name="Bowman and Free">{{cite journal|author=Bowman SM, Free SJ.|year= 2006|title=The structure and synthesis of the fungal cell wall|journal=Bioessays|volume=28|pages=799–808|pmid=16927300|doi=10.1002/bies.20441|issue=8}}</ref> os fungos são os únicos organismos que combinam estas duas moléculas estruturais na sua parede celular. Ao contrário das plantas e dos Oomycetes, as paredes celulares dos fungos não contêm celulose.<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 33.</ref>


[[Ficheiro:Omphalotus nidiformis Binnamittalong 2 email.jpg|thumb|right|alt=Um cogumelo com forma de funil crecendo na base de uma árvore.|''[[Omphalotus nidiformis]]'', um cogumelo bioluminescente.]]
A maioria dos [[quitrídeos]], que são geralmente considerados o grupo de fungos mais primitivos, não forma hifas e ao invés, cresce diretamente de esporos em [[esporângio]]s multinucleados. Alguns poucos fungos reverteram de miceliais para organização unicelular. É o caso das [[levedura]]s, que pertencem aos [[Ascomycetes]], e dos [[Microsporidia]], um pequeno grupo de [[parasitas]] cujas relações com outros fungos são incertas.
A maioria dos fungos carece de um sistema eficiente para o transporte de água e nutrientes a longa distância, como o [[xilema]] e o [[floema]] de muitas plantas. Para ultrapassar estas limitações, alguns fungos, como ''[[Armillaria]]'', formam [[rizomorfo]]s<ref name="Mikhail">{{cite journal|author= Mihail JD, Bruhn JN.|year= 2005|title=Foraging behaviour of ''Armillaria'' rhizomorph systems|journal=Mycological Research|volume=109|pages=1195–207|pmid=16279413|doi=10.1017/S0953756205003606|issue= Pt 11}}</ref> que morfológica e funcionalmente semelhantes às [[raiz]]es das plantas. Outra característica partilhada com as plantas consiste numa via bioquímica para a produção de [[terpeno]]s que usa [[ácido mevalónico]] e [[pirofosfato]] como [[precursor (química)|precursores]].<ref name="Keller">{{cite journal|author=Keller NP, Turner G, Bennett JW.|year= 2005|title=Fungal secondary metabolism—from biochemistry to genomics|journal=Nature Reviews Microbiology|volume=3|pages=937–47|pmid=16322742|doi=10.1038/nrmicro1286|issue=12}}</ref> Porém, as plantas têm uma via bioquímica para a produção de terpenos nos seus cloroplastos, uma estrutura que os fungos não possuem.<ref name="Wu">{{cite journal|author=Wu S, Schalk M, Clark A, Miles RB, Coates R, Chappell J.|year= 2007|title=Redirection of cytosolic or plastidic isoprenoid precursors elevates terpene production in plants|journal=Nature Biotechnology|volume=24|pages=1441–47|pmid=17057703|doi=10.1038/nbt1251|issue=11}}</ref> Os fungos produzem vários [[Metabolito secundário|metabolitos secundários]] que são estruturalmente semelhantes ou idênticos aos produzidos pelas plantas.<ref name="Keller"/> Muitas das enzimas de plantas e fungos que produzem estes compostos diferem entre si na [[sequência de aminoácidos]] e outras características, o que indica origens e evolução separadas destas enzimas nos fungos e plantas.<ref name="Keller"/><ref name="Tudzynski">{{cite journal|author=Tudzynski B.|year= 2005|title=Gibberellin biosynthesis in fungi: genes, enzymes, evolution, and impact on biotechnology|journal=Applied Microbiology and Biotechnology|volume=66|pages=597–611|pmid=15578178|doi=10.1007/s00253-004-1805-1|issue=6}}</ref>

== Diversidade ==
Os fungos têm uma distribuição mundial, e desenvolvem-se numa grande variedade de habitats, incluindo ambientes extremos como [[Fungos do deserto|desertos]] ou áreas com elevadas concentrações de sais<ref name="pmid18343697">{{cite journal |author=Vaupotic T, Veranic P, Jenoe P, Plemenitas A. |title=Mitochondrial mediation of environmental osmolytes discrimination during osmoadaptation in the extremely halotolerant black yeast ''Hortaea werneckii'' |journal=Fungal Genetics and Biology |volume=45 |issue=6 |pages=994–1007 |year=2008|pmid=18343697 |doi=10.1016/j.fgb.2008.01.006 |url=}}</ref> ou [[radiação ionizante|radiações ionizantes]],<ref name="Dadachova"/> bem como em sedimentos de [[mar profundo]].<ref name="Raghukumar & Raghukumar">{{cite journal |author=Raghukumar C, Raghukumar S.|title=Barotolerance of fungi isolated from deep-sea sediments of the Indian Ocean|journal=Aquatic Microbial Ecology|volume=15|issue=|pages=153–63|year=1998|doi=10.3354/ame015153|url=http://hdl.handle.net/2264/1892}}</ref> Alguns podem sobreviver às intensas radiações [[Ultra-violeta|UV]] e [[Radiação cósmica|cósmica]] encontradas durante as viagens espaciais.<ref name="pmid17630840">{{cite journal |author=Sancho LG, de la Torre R, Horneck G, Ascaso C, de Los Rios A, Pintado A, Wierzchos J, Schuster M. |title=Lichens survive in space: results from the 2005 LICHENS experiment |journal=Astrobiology |volume=7 |issue=3 |pages=443–54 |year=2007 |pmid=17630840 |doi=10.1089/ast.2006.0046}}</ref>

A maioria desenvolve-se em ambientes terrestres, embora várias espécies vivam parcial ou totalmente em ambientes aquáticos, como o fungo [[quitrídio]] ''[[Batrachochytrium dendrobatidis]]'', um [[parasita]] responsável pelo [[Declínio das populações de anfíbios|declínio global das populações de anfíbios]]. Este organismo passa parte do seu ciclo de vida na forma de um [[zoósporo]] móvel, o que lhe permite propulsar-se através da água e entrar no seu hóspede anfíbio.<ref name="pmid18998584">{{cite journal |author=Brem FM, Lips KR.|title=''Batrachochytrium dendrobatidis'' infection patterns among Panamanian amphibian species, habitats and elevations during epizootic and enzootic stages |journal=Diseases of Aquatic Organisms |volume=81 |issue=3 |pages=189–202 |year=2008|pmid=18998584 |doi= 10.3354/dao01960|accessdate=2009-02-21}}</ref> Outros exemplos de fungos aquáticos incluem aqueles que vivem em zonas [[hidrotermal|hdrotermais]] dos oceanos.<ref name="Le Calvez et al 2009">{{cite journal |author=Le Calvez T, Burgaud G, Mahé S, Barbier G, Vandenkoornhuyse P.|title=Fungal diversity in deep sea hydrothermal ecosystems|journal=Applied and Environmental Microbiology|volume=75|issue=20|pages=6415–21|year=2009|doi=10.1128/AEM.00653-09|url= |pmid=19633124 |pmc=2765129}}</ref>

Estão descritas formalmente pelos taxonomistas cerca de 100 000 espécies de fungos,<ref>Esta estimativa é obtida combinando a contagem de espécies em cada filo, baseada nos valores obtidos na 10ª edição de ''Dictionary of the Fungi'' (Kirk ''et al''., 2008): Ascomycota, 64163 species (p. 55); Basidiomycota, 31515 (p. 78); Blastocladiomycota, 179 (p. 94); Chytridiomycota, 706 (p. 142); Glomeromycota, 169 (p. 287); Microsporidia, >1300 (p. 427); Neocallimastigomycota, 20 (p. 463).</ref> mas a biodiversidade global do reino dos fungos não é totalmente compreendida.<ref name="Mueller&Schmit">{{cite journal|author=Mueller GM, Schmit JP.|year= 2006|title=Fungal biodiversity: what do we know? What can we predict?|journal=Biodiversity and Conservation|volume=16|pages=1–5|doi=10.1007/s10531-006-9117-7}}</ref> Com base em observações do quociente entre o número de espécies de fungos e o número de espécies de plantas em ambientes seleccionados, estima-se que o reino dos fungos contenha cerca de 1,5 milhões de espécies.<ref name="Hawksworth">{{cite journal|author=Hawksworth DL.|year= 2006|title=The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation|journal=Mycological Research|volume=95|pages=641–55|doi=10.1016/S0953-7562(09)80810-1}}</ref> Em termos históricos, em [[micologia]], as espécies têm sido distinguidas por vários métodos e conceitos. A classificação baseada nas características morfológicas, como o tamanho e forma dos esporos ou das estruturas frutíferas, tem dominado tradicionalmente a taxonomia dos fungos.<ref name="Kirk et al., p. 489">Kirk ''et al''., p. 489.</ref> As espécies podem também ser distinguidas pelas suas características [[bioquímica]]s e [[Fisiologia|fisiológicas]], tais como a sua capacidade para metabolizar certos compostos bioquímicos, ou a sua reacção a testes químicos. O conceito biológico de [[espécie]] discrimina as espécies com base na sua capacidade de acasalamento. A aplicação de [[Biologia molecular|ferramentas moleculares]], como a [[sequenciação de ADN]] e a análise filogenética, no estudo da diversidade melhorou significativamente a resolução e aumentou a robustez das estimativas da [[diversidade genética]] nos vários grupos taxonómicos. <ref name="Hibbett">{{cite journal | author=Hibbett DS, ''et al''. | year=2007 | title=A higher level phylogenetic classification of the ''Fungi''| journal=Mycological Research | volume=111|issue=5 | pages=509–47 |doi=10.1016/j.mycres.2007.03.004|url=http://www.clarku.edu/faculty/dhibbett/AFTOL/documents/AFTOL%20class%20mss%2023,%2024/AFTOL%20CLASS%20MS%20resub.pdf|format=PDF}}</ref>

== Morfologia ==
=== Estruturas microscópicas ===
[[Ficheiro:Hyaloperonospora-parasitica-hyphae-haustoria.jpg|thumb|right|alt=Vista microscópica de várias células tingidas de púrpura com duas linhas espessas, de cor púrpura escura e pequenos círculos escuros púpura próximos das linhas|Uma hifa de ''[[Hyaloperonospora parasitica]]'' (míldio penugento) crescendo no tecido foliar de ''[[Arabidopsis thaliana]]''. A estrutura comprida é a hifa, e as pequenas esferas são [[haustório]]s, os quais extraem nutrientes das células da planta.]]
A maioria dos fungos desenvolvem-se como [[hifa]]s, que são estruturas filamentosas, cilíndricas, com 2 a 10 [[micrómetro|µm]] de diâmetro e até vários centímetros de comprimento.
As hifas crescem nas suas extremidades (ápices); novas hifas formam-se tipicamente por meio da emergência de novas extremidades ao longo da hifa existente num processo designado “ramificação”, ou ocasionalmente por bifurcação de extremidades de uma hifa em crescimento, dando origem a duas hifas com crescimento paralelo.<ref name="Harris2008">{{cite journal|author=Harris SD.|year= 2008|title=Branching of fungal hyphae: regulation, mechanisms and comparison with other branching systems|journal=Mycologia|volume=50|pages=823–32|pmid=19202837|doi=10.3852/08-177|issue=6}}</ref> A combinação do crescimento apical com a ramificação/bifurcação conduz ao desenvolvimento de um [[micélio]], uma rede interconectada de hifas.<ref name="Alexopoulos et al., p. 30"/> As hifas podem ser septadas ou [[Cenócito|cenocítica]]s: as hifas septadas são divididas em compartimentos separados por paredes transversais (paredes celulares internas, chamadas septos, que se formam perpendicularmente à parede celllar, dando à hifa a sua forma), cada compartimento contendo um ou mais núcleos; as hifas cenocíticas não são compartimentadas.<ref>Deacon, p. 51.</ref> Os septos têm poros que permitem a passagem de [[citoplasma]], [[organelo]]s, e por vezes núcleos; um exemplo é o septo doliporo dos fungos do filo Basidiomycota.<ref>Deacon, p. 57.</ref> As hifas cenocíticas são essencialmente supercélulas [[Multinucleado|multinucleadas]]. <ref>{{cite book |title=Mushrooms: Cultivation, Nutritional Value, Medicinal Effect and Environmental Impact |last=Chang S-T, Miles PG. |year=2004 |publisher=CRC Press |isbn=0849310431 }}</ref>

Muitas espécies desenvolveram estruturas hifais especializadas na absorção de nutrientes dos hospedeiros vivos; dois exemplos são os [[haustório]]s nas espécies parasitas de plantas da maioria dos filos de fungos, e os [[Micorriza arbuscular|arbúsculos]] de vários fungos [[micorriza|micorrízicos]], que penetram nas células do hospedeiro para consumir nutrientes.<ref name="pmid18794914">{{cite journal |author=Parniske M. |title=Arbuscular mycorrhiza: the mother of plant root endosymbioses |journal=Nature Reviews. Microbiology |volume=6 |issue=10 |pages=763–75 |year=2008 |pmid=18794914 |doi=10.1038/nrmicro1987}}</ref>

Embora os fungos sejam [[Opisthokonta|opistocontes]] – um agrupamento de organismos evolutivamente aparentados, caracterizados em termos gerais por possuírem um único [[flagelo]] posterior – todos os filos, excepto o dos [[quitrídeos]], perderam os seus flagelos posteriores.<ref>{{cite journal |last=Steenkamp ET, Wright J, Baldauf SL.|year=2006 |title=The protistan origins of animals and fungi |journal=Molecular Biology and Evolution |volume=23 |issue=1 |pages=93–106|url=http://mbe.oxfordjournals.org/cgi/content/full/23/1/93|doi=10.1093/molbev/msj011 |pmid=16151185}}</ref> Os fungos são incomuns entre os eucariotas por terem uma parede celular que, além dos [[glicano]]s (p.e. β-1,3-glicano) e outros components típicos, contém também o [[biopolímero]] quitina.<ref name="Stevens">{{cite journal|author=Stevens DA, Ichinomiya M, Koshi Y, Horiuchi H.|year= 2006|title=Escape of ''Candida'' from caspofungin inhibition at concentrations above the MIC (paradoxical effect) accomplished by increased cell wall chitin; evidence for β-1,6-glucan synthesis inhibition by caspofungin|journal=Antimicrobial Agents and Chemotherapy|volume=50|pages=3160–61|pmid=16940118|doi=10.1128/AAC.00563-06|issue=9|pmc=1563524}}</ref>

=== Estruturas macroscópicas ===
[[Ficheiro:Armillaria ostoyae MO.jpg|right|thumb|alt=Um aglomerado de grandes cogumelos de caules grossos, crescendo na base de uma árvore| |''[[Armillaria ostoyae]]'']]
Os micélios dos fungos podem tornar-se visíveis a olho nu, por exemplo, em várias superfícies e substratos, tais como paredes húmidas e comida deteriorada, sendo vulgarmente chamados [[bolor]]es. Os micélios desenvolvidos em meio de [[agar]] sólido em [[placa de Petri|placas de Petri]] de laboratório são usualmente designados colónias. Estas colónias podem apresentar formas e cores de crescimento (devido aos esporos ou a [[pigmento|pigmentação]]) que podem ser usadas como características de diagnóstico na identificação de espécies ou grupos.<ref>Hanson, pp. 127–41.</ref>
Algumas colónias individuais de fungos podem atingir dimensões e idades extraordinárias, como é o caso de uma colónia [[Clone|clonal]] de ''[[Armillaria ostoyae]]'', que se estende por mais de 900 [[hectare|ha]], com uma idade estimada em cerca de 9 000 anos.<ref name="Ferguson et al.">{{cite journal|author=Ferguson BA, Dreisbach TA, Parks CG, Filip GM, Schmitt CL.|year= 2003|title=Coarse-scale population structure of pathogenic ''Armillaria'' species in a mixed-conifer forest in the Blue Mountains of northeast Oregon|journal=[[Canadian Journal of Forest Research]]|volume=33|pages=612–23|doi=10.1139/x03-065}}</ref>

O [[apotécio]] – uma estrutura especializada importante na [[reprodução sexuada]] de [[Ascomycetes]] – é um [[corpo frutífero]] em forma de taça que contém o [[himénio]], uma camada de tecido contendo as células portadoras de esporos.<ref>Alexopoulos ''et al.'', pp. 204–205.</ref> Os corpos frutíferos dos basidiomicetes e de alguns ascomicetes podem, por vezes, atingir grandes dimensões, e muitos são bem conhecidos como [[cogumelo]]s.

== Crescimento e fisiologia ==
O crescimento dos fungos como hifas em substratos sólidos ou como células singulares em ambientes aquáticos, está adaptado para a extracção eficiente de nutrientes, pois estas formas de crescimento têm uma razão entre a área superficial e o volume bastante alta.<ref name="isbn0-521-30899-2">{{cite book |author=Moss ST. |title=The Biology of Marine Fungi |publisher=[[Cambridge University Press]] |location=Cambridge, UK |year=1986 |page=76 |isbn=0-521-30899-2}}</ref> As hifas estão especificamente adaptadas ao crescimento sobre superfícies sólidas e à invasão de [[substrato]]s e tecidos.<ref name="Peñalva1 and Arst">{{cite journal|author=Peñalva MA, Arst HN.|year=2002|title=Regulation of gene expression by ambient pH in filamentous fungi and yeasts|journal= Microbiology and Molecular Biology Reviews|volume=66|pages=426–46|pmid=12208998|doi=10.1128/MMBR.66.3.426-446.2002|issue=3|pmc=120796}}</ref> Podem exercer grandes forças mecânicas penetrativas; por exemplo, o patógeno vegetal ''[[Magnaporthe grisea]]'' forma uma estrutura chamada [[apressório]] que evoluiu de forma a perfurar tecidos vegetais.<ref name="Howard et al.">{{cite journal|author=Howard RJ, Ferrari MA, Roach DH, Money NP.|year=1991|title=Penetration of hard substrates by a fungus employing enormous turgor pressures|journal=Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=88|pages=11281–84|pmid=1837147|doi=10.1073/pnas.88.24.11281|issue=24|pmc=53118}}</ref> A pressão gerada pelo apressório, dirigida contra a [[epiderme]] da planta, pode exceder os 8 [[Pascal (unidade)|MPa]] (80 [[Bar (unidade)|bar]]).<ref name="Howard et al."/> O fungo filamentoso ''[[Paecilomyces lilacinus]]'', usa uma estrutura semelhante para penetrar os ovos de [[nemátode]]s.<ref name="Money">{{cite book| last =Money NP.|chapter=Mechanics of invasive fungal growth and the significance of turgor in plant infection.|title=Molecular Genetics of Host-Specific Toxins in Plant Disease: Proceedings of the 3rd Tottori International Symposium on Host-Specific Toxins, Daisen, Tottori, Japan, August 24–29, 1997|publisher=Kluwer Academic Publishers|date=1998|location=Netherlands|pages=261–71|isbn=0-7923-4981-4}}</ref>

[[Ficheiro:DecayingPeachSmall.gif|frame|left|alt=Time-lapse photography sequence of a [[peach]] becoming progressively discolored and disfigured|Bolor cobrindo um pêssego em decomposição. As imagens foram obtidas a intervalos de aproximadamente 12 horas ao longo de seis dias.]]
A pressão mecânica exercida pelo apressório é gerada a partir de processos fisiológicos que aumentam o [[turgor]] intracelular ao produzirem [[osmólito]]s como o [[glicerol]].<ref name="Wang et al.">{{cite journal|author=Wang ZY, Jenkinson JM, Holcombe LJ, Soanes DM, Veneault-Fourrey C, Bhambra GK, Talbot NJ.|year=2005|title=The molecular biology of appressorium turgor generation by the rice blast fungus ''Magnaporthe grisea''|journal=Biochemical Society Transactions|volume=33|pages=384–88|pmid=15787612|doi=10.1042/BST0330384|issue=Pt 2}}</ref> Adaptações morfológicas como estas são complementadas por [[Celulase|enzimas hidrolíticas]] segregadas para o ambiente para a digestão de grandes moléculas orgânicas – como [[polissacarídeo]]s, [[proteína]]s, [[lípido]]s, e outros substratos orgânicos – em moléculas menores que podem então ser absorvidas como nutrientes.<ref name="Pereira">{{cite journal|author=Pereira JL, Noronha EF, Miller RN, Franco OL.|year= 2007|title=Novel insights in the use of hydrolytic enzymes secreted by fungi with biotechnological potential|journal=Letters in Applied Microbiology|volume=44|pages=573–81|pmid=17576216|doi=10.1111/j.1472-765X.2007.02151.x|issue=6}}</ref><ref name="Schaller">{{cite journal|author=Schaller M, Borelli C, Korting HC, Hube B.|year= 2007|title=Hydrolytic enzymes as virulence factors of ''Candida albicans''|journal=Mycoses|volume=48|pages=365–77|pmid=16262871|doi=10.1111/j.1439-0507.2005.01165.x|issue=6}}</ref><ref name="Farrar">{{cite journal|author=Farrar JF.|year=1985|title=Carbohydrate metabolism in biotrophic plant pathogens|journal=Microbiological Sciences|volume=2|pages=314–17|pmid=3939987|issue=10}}</ref> A vasta maioria dos fungos filamentosos cresce de um modo polar – i.e., por extensão numa direcção – por alongamento no ápice da hifa.<ref name="Fischer et al 2008">{{cite journal|author=Fischer R, Zekert N, Takeshita N.|year= 2008|title=Polarized growth in fungi—interplay between the cytoskeleton, positional markers and membrane domains|journal=Molecular Microbiology|volume=68|pages=813–26|pmid=18399939|doi=10.1111/j.1365-2958.2008.06193.x|issue=4}}</ref> Formas alternativas de crescimento dos fungos incluem a extensão intercalar (i.e. por expansão longitudinal de compartimentos hifais que estão abaixo do ápice), como é o caso em alguns fungos [[endófito]]s,<ref name="Christensen et al 2008">{{cite journal|author=Christensen MJ, Bennett RJ, Ansari HA, Koga H, Johnson RD, Bryan GT, Simpson WR, Koolaard JP, Nickless EM, Voisey CR.|year= 2008|title=''Epichloë'' endophytes grow by intercalary hyphal extension in elongating grass leaves|journal=Fungal Genetics and Biology|volume=45|pages=84–93|pmid=17919950|doi=10.1016/j.fgb.2007.07.013|issue=2}}</ref> ou o crescimento por expansão do volume durante o desenvolvimento das [[Estipe (micologia)|estipes]] dos cogumelos e doutros grandes órgãos.<ref name="Money 2002">{{cite journal|author=Money NP.|year= 2002|title=Mushroom stem cells|journal=[[Bioessays]]|volume=24|pages=949–52|pmid=12325127|doi=10.1002/bies.10160|issue=10}}</ref> O crescimento dos fungos como [[Multicelular|estruturas multicelulares]] consistindo de células [[somática]]s e reprodutoras – uma característica que evoluiu de modo independente nos animais e plantas<ref name="Willensdorfer">{{cite journal|author=Willensdorfer M.|year= 2009|title=On the evolution of differentiated multicellularity|journal=[[Evolution (journal)|Evolution]]|volume=63|pages=306–23|pmid=19154376|doi=10.1111/j.1558-5646.2008.00541.x|issue=2}}</ref> - tem várias funções, incluindo o desenvolvimento de corpos frutíferos para a disseminação dos esporos sexuais (ver acima) e de [[biofilme]]s para a colonização de substratos e [[comunicação intercelular]].<ref name="Daniels">{{cite journal|author=Daniels KJ, Srikantha T, Lockhart SR, Pujol C, Soll DR.|year= 2006|title=Opaque cells signal white cells to form biofilms in ''Candida albicans''|journal=[[EMBO Journal]]|volume=25|pages=2240–52|pmid=16628217|doi=10.1038/sj.emboj.7601099|issue=10|pmc=1462973}}</ref>

Tradicionalmente, os fungos são considerados [[heterotróficos]], organismos que dependem exclusivamente do [[Fixação de carbono|carbono fixado]] por outros organismos para o seu metabolismo. Os fungos desenvolveram um grau elevado de versatilidade metabólica, o que lhes permite utilizar uma variedade de substratos orgânicos para o seu crescimento, incluindo compostos simples como [[nitrato]], [[amónia]], [[acetato]], ou [[etanol]].<ref name="Marzluf">{{cite journal|author=Marzluf GA.|year=1981|title=Regulation of nitrogen metabolism and gene expression in fungi|journal=Microbiological Reviews|volume=45|pages=437–61|pmid=6117784|issue=3|pmc=281519}}</ref><ref name="Heynes">{{cite journal|author=Heynes MJ.|year=1994|title=Regulatory circuits of the ''amdS'' gene of ''Aspergillus nidulans''|journal=Antonie Van Leeuwenhoek|volume=65|pages=179–82|pmid=7847883|doi=10.1007/BF00871944|issue=3}}</ref> Demonstrou-se para algumas espécies que o pigmento [[melanina]] pode ter um papel na extracção de energia da [[radiação ionizante]], como a [[raios gama|radiação gama]]; porém, esta forma de crescimento [[Fungo radiotrófico|«radiotrófico»]] foi descrita apenas em algumas poucas espécies, os efeitos nas velocidades de crescimento são pequenos, e os processos [[Biofísica|biofísicos]] e bioquímicos subjacentes são desconhecidos.<ref name="Dadachova">{{cite journal|author=Dadachova E, Bryan RA, Huang X, Moadel T, Schweitzer AD, Aisen P, Nosanchuk JD, Casadevall A.|year= 2007|title=Ionizing radiation changes the electronic properties of melanin and enhances the growth of melanized fungi|journal=PLoS ONE|volume=2|pages=e457|pmid=17520016|doi=10.1371/journal.pone.0000457|issue=5|pmc=1866175}}</ref> Os autores especulam que este processo pode ter semelhança com a fixação do [[dióxido de carbono]] via [[luz visível]], mas utilizando radiação ionizante como a fonte de energia.<ref name="Dadachova&Casadevall">{{cite journal|author=Dadachova E, Casadevall A.|year= 2008|title=Ionizing radiation: how fungi cope, adapt, and exploit with the help of melanin|journal=Current opinion in Microbiology|volume=11|pages=525–31|pmid=18848901|doi=10.1016/j.mib.2008.09.013|issue=6|pmc=2677413}}</ref>


== Reprodução ==
== Reprodução ==
[[Ficheiro:Polyporus squamosus Molter.jpg|thumb|right| ''[[Polyporus squamosus]]'']]
=== Sexuada ===
A reprodução dos fungos é complexa, reflectindo as diferenças de modos de vida e da constituição genética existentes neste reino. <ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 48–56.</ref>
Os Micélios dos fungos são tipicamente [[haplóide]]s. Quando os micélios de diferentes sexos se encontram, eles produzem duas células esféricas multinucleadas que formam uma ponte de acasalamento. O resultado é o núcleo movendo-se de um micélio para o outro, formando um '''heterocário''' (significando diferentes núcleos). Isto é chamado [[plasmogamia]]. A fusão atual para formar núcleos [[diplóide]]s é chamada [[cariogamia]], e não deve acontecer até que os esporângios estejam formados.
Estima-se que um terço de todos os fungos reproduzem-se por modos diferentes de propagação; por exemplo, a reprodução pode ocorrer em dois estágios bem diferenciados no [[ciclo de vida]] de uma espécie, o [[teleomorfo]] e o [[anamorfo]].<ref>Kirk ''et al''., p. 633.</ref> As condições ambientais desencadeiam estados de desenvolvimento geneticamente determinados que conduzem à criação de estruturas especializadas para a reprodução sexuada ou assexuada. Estas estruturas auxiliam a reprodução ao dispersarem eficientemente esporos ou [[propágulo]]s contendo esporos.


=== Reprodução assexuada ===
No grupo [[Zygomycota]], o heterocário produz múltiplos corpos frutificantes, na forma de minúsculos caules com ''esporângios'' no fim. A maioria dos ascomycetes produz corpos frutificantes chamados ''ascocarpos'', compostos inteiramente de hifas. Estes são usualmente em forma de tigela ou taça, mas alguns possuem estruturas semelhantes a esponjas. Dentro das "taças", cada hifa termina em um ''[[ascus]]'', que produz quatro ou oito esporos.
A [[reprodução assexuada]] por meio de esporos vegetativos ([[conídio]]s) ou através da fragmentação do [[micélio]] é comum; ela mantém populações [[Clone|clonais]] adaptadas a um [[nicho ecológico]] específico e permite uma dispersão mais rápida do que a [[reprodução sexuada]].<ref name="Heitman">{{cite journal |author=Heitman J.|title=Sexual reproduction and the evolution of microbial pathogens|journal=[[Current Biology]]|volume=16 |issue=17 |pages=R711–25 |year=2005 |pmid=16950098 |doi=10.1016/j.cub.2006.07.064 |url=}}</ref> Os ''[[fungi imperfecti]]'' (fungos que não apresentam estágio sexuado) ou [[Deuteromycota]], incluem todas as espécies que não possuem um ciclo sexual observável.<ref name="isbn0-7637-0067-3">{{cite book |author=Alcamo IE, Pommerville J. |title=Alcamo's Fundamentals of Microbiology |publisher=Jones and Bartlett |location=Boston |year=2004 |page=590 |isbn=0-7637-0067-3}}</ref>


=== Reprodução sexuada ===
No grupo [[Basidiomycota]], o heterocário produz um novo [[micélio]] que pode viver por anos sem formar um corpo frutificante. Os familiares [[cogumelo]]s são exemplos destes. Eles geralmente possuem uma haste, composta basicamente por hifas, e um "chapéu" (que é o micélio) , embaixo destes há estruturas foliáceas chamadas lamelas. Na superfície de cada [[lamela]] há numerosas células-hifas chamadas ''[[basídio]]s'', com 4 basídeosporos na extremidade externa (exogenamente). Este corpo frutificante multicelular complexo chama-se basidiocarpo sendo frequentemente aberto mas por vezes pode ser fechado.
A reprodução sexuada com [[meiose]] existe em todos os filos de fungos, excepto [[Glomeromycota]].<ref name="pmid17486965"/> Difere em muitos aspectos da reprodução sexuada de animais e plantas. Existem também diferenças entre grupos de fungos, as quais podem ser usadas para discriminar espécies em função de diferenças morfológicas nas estruturas sexuais e das estratégias de reprodução.<ref name="Guarro et al 1999">{{cite journal|author=Guarro J, Gené J, Stchigel AM.|title=Developments in fungal taxonomy |journal=Clinical Microbiology Reviews|volume=12|pages=454–500|pmid=10398676|url=http://cmr.asm.org/cgi/content/full/12/3/454|issue=3|pmc=100249|year=1999}}</ref><ref name="Taylor et al 2000">{{cite journal|author=Taylor JW, Jacobson DJ, Kroken S, Kasuga T, Geiser DM, Hibbett DS, Fisher MC.|year= 2000|title=Phylogenetic species recognition and species concepts in fungi|journal=Fungal Genetics and Biology|volume=31|pages=21–32|doi=10.1006/fgbi.2000.1228|pmid=11118132|issue=1}}</ref> Experiências de acasalamento entre isolados de fungos podem identificar espécies com base em conceitos biológicos de espécie.<ref name="Taylor et al 2000"/> Os principais agrupamentos de fungos foram inicialmente delineados com base na morfologia das suas estruturas sexuais e esporos; por exemplo, as estruturas portadoras de esporos, [[asco]]s e [[basídio]]s, podem ser usadas na identificação de ascomicetos e basidiomicetos, respectivamente. Algumas espécies permitem o acasalamento apenas entre indivíduos de tipo reprodutor oposto, enquanto noutras podem acasalar e reproduzir-se sexuadamente com qualquer outro indivíduo ou com eles mesmos. As primeiras dizem-se [[Heterotalia|heterotálicas]] e as segundas [[homotalia|homotálicas]].<ref name="Metzenberg">{{cite journal|author=Metzenberg RL, Glass NL.|year= 1990|title=Mating type and mating strategies in ''Neurospora''|journal=Bioessays|volume=12|pages=53–59|pmid=2140508|doi=10.1002/bies.950120202|issue=2 }}</ref>


A maioria dos fungos tem um estágio [[haplóide]] e um estágio [[diplóide]] nos seus ciclos de vida. Nos fungos de reprodução sexuada, os indivíduos compatíveis podem combinar-se fundindo as suas hifas numa rede interconectada; este processo, [[anastomose]], é requerido para o início do ciclo sexual. Os ascomicetos e os basidiomicetos passam por um estágio [[dicariótico]], no qual os núcleos herdados dos dois ''pais'' não se combinam imediatamente após a fusão celular, antes permanecendo separados nas células hifais (ver [[heterocariose]]).<ref>Jennings and Lysek, pp. 107–114.</ref>
==== [[Heterotalismo]] ====
[[Ficheiro:Morelasci.jpg|thumb|left| Os ascos de ''[[Morchella elata]]'' com 8 esporos, vistos com [[microscópio de contraste de fase]]]]
Em alguns fungos não existe diferenciação sexual no aspecto morfológico, contudo apresentam diferenças sexuais fisiológicas dizendo-se existirem linhagens positivas e negativas. Estes fungos são designados heterotálicos. (''heteros'' = dissemelhante). Nestes fungos a reprodução sexual só pode ocorrer entre talos com linhagens positivas e negativas.


Nos ascomicetos, as hifas dicarióticas do [[himénio]] (a camada de tecido portador de esporos) formam um ''gancho'' característico no septo hifal. Durante a [[divisão celular]], a formação do gancho assegura a correcta distribuição dos núcleos recém-divididos nos compartimentos hifais apical e basal. Forma-se então um asco, no qual ocorre [[cariogamia]] (fusão dos núcleos). Os ascos estão contidos num [[ascocarpo]], ou corpo frutífero. A cariogamia nos ascos é imediatamente seguida de meiose e pela produção de [[ascósporo]]s. Após a dispersão, os ascósporos podem germinar e formar um novo micélio haplóide.<ref>Deacon, p. 31.</ref>
A reprodução sexual é isogâmica: envolve a conjugação de dois gametas similares. Durante a conjugação as duas hifas contendo linhas positivas e negativas ligam-se (heterotalismo). As hifas conjugadas produzem um progametângio em forma de taco que liberta a sua extremidade (chamada [[gametângio]]). Os gametângios fundem-se, a parede mediana dissolve-se e os núcleos fundem-se em pares, formando um [[zigoto]]. Este desenvolve uma parede grossa e resistente formando o [[zigósporo]]. Cada zigosporo, ao germinar, produz um promicélio que desenvolve um esporangio na sua extremidade. Quando o esporângio rompe, os esporos libertam-se e germinam produzindo novos micélios.


A reprodução sexuada dos basidiomicetos é semelhante à dos ascomicetos. Hifas haplóides compatíveis fundem-se para dar origem a um micélio dicariótico. Porém, a fase dicariótica é mais extensa nos basidiomicetos, estando muitas vezes presente também no micélio em crescimento vegetativo. Uma estrutura anatómica especializada, chamada [[ansa de conecção]], forma-se em cada septo hifal. Tal como com o gancho estruturalmente similar dos ascomicetos, a ansa de coneccção dos basidiomicetos é requerida para a transferência controlada de núcleos durante a divisão celular, para manter um estágio dicariótico com dois núcleos geneticamente diferentes em cada compartimento hifal.<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 492–93.</ref> Forma-se um [[basidiocarpo]], no qual estruturas em forma de bastão chamadas [[basídio]]s geram [[basidiósporo]]s haplóides após cariogamia e meiose.<ref>Jennings and Lysek, p. 142.</ref> Os basidiocarpos mais vulgarmente conhecidos são os cogumelos, mas também podem assumir outras formas (ver secção [[Fungos#Morfologia|Morfologia]]).
=== Assexuada ===
A maioria dos [[Ascomycetes]] reproduzem-se assexuadamente, por exemplo através da produção de esporos chamados ''[[conídio]]s'' (significando "poeira" em grego), que se formam a partir de tipos especializados de hifas chamados ''conidiósporos''. Em alguns fungos, a reprodução sexuada foi perdida, ou é desconhecida. Estes foram originalmente agrupados na divisão [[Deuteromycota]], ou os ''Fungos imperfeitos'', uma vez que o critério primário de classificação dos fungos é a reprodução sexuada, porém são agora classificados como seu grupo ancestral.


Nos [[Glomeromycetes]] (antes Zygomycetes), as hifas haplóides de dois indivíduos fundem-se, formando um [[gametângio]], uma estrutura celular especializada que se torna uma célula produtora de [[gâmeta]]s férteis. O gametângio evolui para um [[zigósporo]], um esporo com parede espessa formado pela união de gâmetas. Quando o zigósporo germina, sofre meiose, gerando novas hifas haplóides, as quais podem então formar [[esporangiósporo]]s assexuados. Estes esporangiósporos permitem ao fungo dispersar-se rapidamente e germinar como micélios haplóides geneticamente idênticos.<ref>Deacon, pp. 21–24.</ref>
Excepto entre os ''chytrids'', onde os esporos são propelidos por um [[flagelo]] posterior, todos os esporos fúngicos são imóveis. Desenvolvem-se em novos micélios, que invadem um substrado e repetem o ciclo de vida. Estes podem tornar-se muito grandes, frequentemente atingindo metros de tamanho; os ''anéis de fada'' são um exemplo.


=== Reprodução parassexuada ===
=== Dispersão de esporos ===
Tanto os esporos assexuados como os sexuados (esporangiósporos) são frequentemente dispersos por ejecção forçada desde as suas estruturas reprodutoras. Esta ejecção garante a saída dos esporos das estruturas reprodutoras bem como a deslocação através do ar por grandes distâncias. [[Ficheiro:Cyathus stercoreus Fruchtkörper.JPG|thumb|left|O fungo ninho-de-pássaro ''[[Cyathus stercoreus]]'']]
Sistema de recombinação genética sem ocorrência de meiose, peculiar em fungos.
Mecanismos fisiológicos e mecânicos especializados, bem como as estruturas superficiais dos esporos (como as [[hidrofobina]]s), permitem a ejecção eficiente do esporo.<ref name="pmid16219510">{{cite journal |author=Linder MB, Szilvay GR, Nakari-Setälä T, Penttilä ME. |title=Hydrophobins: the protein-amphiphiles of filamentous fungi |journal=FEMS Microbiology Reviews |volume=29 |issue=5 |pages=877–96 |year=2005 |pmid=16219510 |doi=10.1016/j.femsre.2005.01.004 |url=}}</ref> Por exemplo, a estrutura das [[asco|células portadoras de esporos]] de algumas espécies de ascomicetos é tal, que a acumulação de [[Osmólito|substâncias]] que afectam o volume celular e o equilíbrio de fluidos, permite a descarga explosiva dos esporos no ar.<ref name="Trail">{{cite journal|author=Trail F.|year= 2007|title=Fungal cannons: explosive spore discharge in the Ascomycota|journal=FEMS Microbiology Letters|volume=276|pages=12–18|pmid=17784861|doi=10.1111/j.1574-6968.2007.00900.x|issue=1}}</ref> A descarga forçada de esporos individuais, designados «balistósporos», envolve a formação de uma pequena gota de água (gota de Buller), que por contacto com o esporo leva à sua libertação com uma aceleração inicial superior a 10 000[[G (Física)|g]];<ref name="Pringle et al.">{{cite journal|author=Pringle A, Patek SN, Fischer M, Stolze J, Money NP.|year= 2005|title=The captured launch of a ballistospore|journal=[[Mycologia]]|volume=97|pages=866–71|pmid=16457355|doi=10.3852/mycologia.97.4.866|issue=4}}</ref> o resultado é o esporo ser ejectado a 0,01 – 0,02 cm, distância suficiente para que caia através das [[Lamela (micologia)|lamelas]], ou poros, para o ar abaixo.<ref>Kirk ''et al''., p. 495.</ref> Outros fungos, como os de ''[[Lycoperdon]]'', dependem de mecanismos alternativos para a libertação dos esporos, como forças mecânicas exteriores. O [[Nidulariaceae|fungo ninho-de-pássaro]] usa a força das gotas de água em queda para libertar os esporos dos corpos frutíferos em forma de taça.<ref>{{cite book |author=Brodie HJ. |title=The Bird's Nest Fungi |publisher=University of Toronto Press |location=Toronto|year=1975|isbn=0-8020-5307-6 |unused_data=|p.80}}</ref> Outra estratégia é observada em [[Phallaceae]], um grupo de fungos com cores vivas e odor pútrido, que atraem insectos para dispersarem os seus esporos. <ref>Alexopoulos ''et al''., p. 545.</ref>


=== Outros processos sexuados ===
A reprodução parassexuada consiste na fusão de hifas e formação de um heterocarion que contém núcleos [[haplóide]]s. Apesar de ser raro, o ciclo parassexual é importante na evolução de alguns fungos.
Além da reprodução sexuada normal com meiose, certos fungos, como os dos géneros ''[[Penicillium]]'' e ''[[Aspergillus]]'', podem trocar material genético por processos [[Parassexualidade|parassexuais]], iniciados pela anastomose entre as hifas e [[plasmogamia]] das células dos fungos.<ref>Jennings and Lysek, pp. 114–15.</ref>
A frequência e importância relativa dos eventos parassexuais não são claras, e podem ser menores que as dos outros processos sexuados. Sabe-se que tem um papel na hibridização intra-específica. <ref name="Furlaneto">{{cite journal|author=Furlaneto MC, Pizzirani-Kleiner AA.|year= 1992|title=Intraspecific hybridisation of ''Trichoderma pseudokoningii'' by anastomosis and by protoplast fusion|journal= FEMS Microbiology Letters|volume=69|pages=191–95|pmid=1537549|doi=10.1111/j.1574-6968.1992.tb05150.x|issue=2}}</ref> e é provavelmente requerida para a hibridização entre espécies, a qual foi associada com os principais eventos na evolução dos fungos.<ref name="Schardl">{{cite journal|author=Schardl CL, Craven KD.|year= 2003|title=Interspecific hybridization in plant-associated fungi and oomycetes: a review|journal= Molecular Ecology|volume=12|pages=2861–73|pmid=14629368|doi=10.1046/j.1365-294X.2003.01965.x|issue=11}}</ref>


== Evolução ==
O ciclo parassexual consiste na união ocasional de diferentes hifas monocarióticas (de indivíduos diferentes) originando uma hifa heterocariótica em que ocorre fusão nuclear e "[[crossing-over]]" mitótico. Posteriormente há a formação de aneuplóides por erros mitóticos e então o retorno ao estado haplóide por perda cromossômica. Desta forma são formadas hifas homocarióticas recombinantes. Entretanto, acredita-se que este processo não seja muito comum em condições naturais devido à existência da incompatibilidade somática que impede que hifas de micélios diferentes se anastomosem ao acaso, processo que é evolutivamente interpretado como um mecanismo de segurança e preservação do genoma original.
Em contraste com os dados conhecidos sobre a história evolutiva das plantas e animais, o registo fóssil antigo dos fungos é muito escasso. Entre os factores que provavelmente contribuem para a sub-representação das espécies de fungos no registo fóssil incluem-se a natureza dos [[esporocarpo]]s, que são tecidos moles, carnosos, e facilmente degradáveis, bem como as dimensões microscópicas da maioria das estruturas fúngicas, as quais não são, portanto, muito evidentes. Os fósseis de fungos são difíceis de distinguir daqueles de outros micróbios, e são mais facilmente identificáveis quando se assemelham a fungos actualmente existentes.<ref name="isbn0-19-517234-5">{{cite book|author=Donoghue MJ, Cracraft J. |title=Assembling the tree of life |publisher=Oxford University Press |location=Oxford (Oxfordshire)|year=2004 |page=187 |isbn=0-19-517234-5}}</ref> Muitas vezes recuperadas de um hospedeiro vegetal ou animal [[Permineralização|permineralizado]], estas amostras são tipicamente estudadas usando preparações em [[lâmina delgada]] que podem ser examinadas com o [[microscópio óptico]] ou por [[microscópio electrónico de transmissão]].<ref>Taylor and Taylor, p. 19.</ref> Os [[Fóssil de compressão|fósseis de compressão]] são estudados por dissolução da matriz circundante com ácido e usando os meios de microscopia já indicados para examinar os detalhes da sua superfície.<ref>Taylor and Taylor, pp. 7–12.</ref>


Os mais antigos fósseis que apresentam características típicas dos fungos datam do éon [[Proterozóico]], há cerca de 1 430 milhões de anos; estes organismos [[bêntico]]s multicelulares possuíam estruturas filamentosas com septos, e eram capazes de anastomose.<ref name="Butterfield2005">{{cite journal| author = Butterfield NJ.| year = 2005| title = Probable Proterozoic fungi| journal = Paleobiology| volume = 31| issue = 1| pages = 165–82| url = http://paleobiol.geoscienceworld.org/cgi/content/abstract/31/1/165| doi =10.1666/0094-8373(2005)031<0165:PPF>2.0.CO;2}}</ref> Estudos mais recentes (2009), estimam o aparecimento de organismos fúngicos há aproximadamente 760 – 1060 milhões de anos com base em comparações da taxa de evolução em grupos aparentados.<ref name="Lucking et al2009">{{cite journal |author=Lucking R, Huhndorf S, Pfister D, Plata ER, Lumbsch H.|title=Fungi evolved right on track|journal=Mycologia|volume=101|issue=6|pages=810–822|year=2009|doi=10.3852/09-016|url=http://www.mycologia.org/cgi/content/abstract/09-016v1|pmid=19927746}}</ref> Durante grande parte da era [[Paleozóico|paleozóica]] (há 542 – 251 milhões de anos), os fungos parecem ter sido aquáticos e consistiriam de organismos semelhantes aos actuais [[quitrídio]]s, com esporos flagelados.
== Nutrição e ecologia ==
<ref name="James">{{cite journal|author=James TY, ''et al''.|year= 2006|title=Reconstructing the early evolution of Fungi using a six-gene phylogeny|journal=Nature|volume=443|pages=818–22|pmid=17051209 | doi = 10.1038/nature05110|issue=7113}}</ref> A adaptação evolutiva a um modo de vida terrestre necessitou uma diversificação das estratégias ecológicas para a obtenção de nutrientes, incluindo o [[parasitismo]], o [[saprofitismo]], e o desenvolvimento de relações [[Mutualismo|mutualistas]] como as [[micorriza]]s e a liquenização.<ref>Taylor and Taylor, pp. 84–94 and 106–107.</ref> Estudos recentes (2009) sugerem que o estado ecológico ancestral dos Ascomycota era o saprofitismo e que eventos independentes de liquenização ocorreram múltiplas vezes.<ref>{{cite journal |last=Schoch CL, Sung G-H, López-Giráldez F ''et al''. |year=2009 |title=The Ascomycota tree of life: A phylum-wide phylogeny clarifies the origin and evolution of fundamental reproductive and ecological traits |journal=Systematic Biology |volume=58 |issue=2 |pages=224–39 |doi=10.1093/sysbio/syp020}}</ref>
[[Ficheiro:Oudemansiella nocturnum.JPG|thumb|left|300px|O cogumelo ''Oudemansiella nocturnum''.]]
Os fungos são [[heterotrófico]]s, obtêm sua energia pela ruptura de [[molécula]]s orgânicas, e não podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de moléculas inorgânicas como as [[plantae|plantas]] fazem. Eles alimentam-se pela secreção de [[exoenzima]]s no [[substrato]] ao redor. Estes fragmentos moleculares ou mais precisamente exoenzimas funcionam como as enzimas digestivas dos animais, rompendo moléculas orgânicas grandes, porém funcionam do lado de fora do organismo. Os fragmentos moléculares (exoenzimas) são então absorvidos pelas células fúngicas.


Os fungos colonizaram a terra provavelmente durante o [[Câmbrico]] (há 542 – 488 milhões de anos), muito antes das plantas terrestres.<ref name="Brundrett2002">{{cite journal| author = Brundrett MC.| year = 2002| title = Coevolution of roots and mycorrhizas of land plants| journal = New Phytologist| volume = 154| issue = 2| pages = 275–304| doi = 10.1046/j.1469-8137.2002.00397.x}}</ref> Hifas fossilizadas e esporos recuperados do [[Ordovícico]] de Wisconsin (460 milhões de anos) assemelham-se a [[Glomerales]] actuais, e existiram numa altura em que a flora terrestre provavelmente consistia apenas de plantas avasculares semelhantes às [[briófitas]].<ref name="pmid10988069">{{cite journal |author=Redecker D, Kodner R, Graham LE. |title=Glomalean fungi from the Ordovician |journal=Science |volume=289 |issue=5486 |pages=1920–21 |year=2000 |pmid=10988069 |doi= 10.1126/science.289.5486.1920|url=}}</ref> [[Prototaxites]], que era provavelmente um fungo ou um líquen, terá sido o organismo mais alto do final do [[Silúrico]]. Os fósseis de fungos apenas se tornam comuns e incontroversos no início do [[Devónico]] (há 416 – 359 milhões de anos), sendo abundantes no [[cherte de Rhynie]], sobretudo Zygomycota e Chytridiomycota.<ref name="Brundrett2002"/><ref>{{cite journal |last= Taylor TN, Taylor EL. |year= 1996 |title=The distribution and interactions of some Paleozoic fungi |journal=Review of Palaeobotany and Palynology |volume=95 |issue=1–4 |pages=83–94 |doi=10.1016/S0034-6667(96)00029-2 }}</ref><ref>{{cite journal |last=Dotzler N, Walker C, Krings M, Hass H, Kerp H, Taylor TN, Agerer R. |year=2009|title=Acaulosporoid glomeromycotan spores with a germination shield from the 400-million-year-old Rhynie chert|journal=Mycological Progress|volume=8 |issue=1 |pages=9–18 |doi=10.1007/s11557-008-0573-1}}</ref> Por esta mesma altura, há cerca de 400 milhões de anos, os Ascomycota e os Basidiomycota divergiram,<ref name="pmid17486961">{{cite journal |author=Taylor JW, Berbee ML. |title=Dating divergences in the Fungal Tree of Life: review and new analyses |journal=Mycologia |volume=98 |issue=6 |pages=838–49 |year=2006 |pmid=17486961 |doi= 10.3852/mycologia.98.6.838|url=}}</ref> e todas as [[Classe (biologia)|classes]] de fungos modernos estavam presentes no final do [[Carbónico]] ([[Pennsylvaniano]], há 318 – 299 milhões de anos).<ref name="urlFungi">{{cite web |url=http://tolweb.org/Fungi/2377 |title=Fungi. Eumycota: mushrooms, sac fungi, yeast, molds, rusts, smuts, etc. |author=Blackwell M, Vilgalys R, James TY, Taylor JW.|publisher=Tree of Life Web Project|date=2009 |accessdate=2009-04-25}}</ref>
Os fungos ocupam dois [[nicho|nichos ecológicos]], o de [[decompositor]]es ou saprófitas e o de [[parasita]]s. A única diferença entre decompositores e fungos parasitas é que este último desenvolve-se em organismos vivos, enquanto o outro, desenvolve-se em organismos mortos. Muitos fungos decompositores vivem como [[micorriza]]s, em relações [[simbiose|simbióticas]] com [[plantae|plantas]]. Alguns dos fungos decompositores também são considerados "parasitas facultativos", crescendo em organismos enfraquecidos ou agonizantes. Entre os fungos predadores existem espécies que são insectívoras ou helmintívoras (comedoras de vermes,especialmente nematódeos). As espécies insectívoras produzem substâncias pegajosas que prendem insetos, enquanto os fungos helmintívoros produzem substâncias que drogam e imobilizam os nematódeos, sendo então consumidos.


Fósseis semelhantes a [[líquen]]es foram encontrados na [[formação Doushantuo]] no sul da China, datados de há 635 a 551 milhões de anos.<ref name="pmid15890881">{{cite journal |author=Yuan X, Xiao S, Taylor TN. |title=Lichen-like symbiosis 600 million years ago |journal=Science (New York, N.Y.) |volume=308 |issue=5724 |pages=1017–20 |year=2005 |pmid=15890881 |doi=10.1126/science.1111347 |url=http://www.sciencemag.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=15890881}}</ref>
Alguns fungos, usualmente ascomycetes, vivem como [[líquen]]s. Um líquen é uma relação simbiótica muito estreita entre um fungo e um organismo fotosintético, usualmente uma [[cianobactéria]] ou uma [[alga]] verde. Um líquen comporta-se de forma tão semelhante a um organismo único que são classificados em [[género (biologia)|géneros]] e [[espécie]]s.
Os líquenes eram um componente dos primeiros ecossistemas terrestres, e a idade estimada do mais antigo fóssil de líquen terrestre é 400 milhões de anos;<ref>{{cite journal |last=Karatygin IV, Snigirevskaya NS, Vikulin SV. |year=2009 |title=The most ancient terrestrial lichen ''Winfrenatia reticulata'': A new find and new interpretation |journal=Paleontological Journal |volume=43 |issue=1 |pages=107–14|url=http://www.springerlink.com/content/g8l8708r5gr36646/fulltext.pdf |doi=10.1134/S0031030109010110}}</ref> esta data corresponde à idade do mais antigo [[esporocarpo]] fóssil conhecido, uma espécie de ''Paleopyrenomycites'' encontrada no cherte de Rhynie.<ref name="pmid16389979">{{cite journal |author=Taylor TN, Hass H, Kerp H, Krings M, Hanlin RT. |title=Perithecial Ascomycetes from the 400 million year old Rhynie chert: an example of ancestral polymorphism |journal=Mycologia |volume=97 |issue=1 |pages=269–85 |year=2005 |pmid=16389979 |doi= 10.3852/mycologia.97.1.269|url= |accessdate=}}</ref> O mais antigo fóssil com características microscópicas semelhantes aos actuais basidiomicetos é ''Palaeoancistrus'', encontrado permineralizado com um [[feto]] do Pennsylvaniano.<ref>{{cite journal |last= Dennis RL.|year=1970 |title=A Middle Pennsylvanian basidiomycete mycelium with clamp connections |journal=Mycologia |volume=62 |issue= 3|pages=578–84 |doi= 10.2307/3757529}}</ref> Raros no registo fóssil são os Homobasidiomycetes (um [[taxon]] aproximadamente equivalente às espécies produtoras de cogumelos de [[Agaricomycetes]]). Dois espécimes preservados em [[âmbar]] constituem evidência de que os mais antigos fungos produtores de cogumelos que se conhecem (a espécie extinta ''Archaeomarasmius legletti'') surgiram durante o [[Cretácico]] Médio, há 90 milhões de anos.<ref>{{cite journal |last=Hibbett DS, Grimaldi D, Donoghue MJ. |year=1995|title=Cretaceous mushrooms in amber |journal=Nature |volume=487|page=487}}</ref><ref>{{cite journal |last= Hibbett DS, Grimaldi D, Donoghue MJ. |year=1997 |title=Fossil mushrooms from Miocene and Cretaceous ambers and the evolution of homobasidiomycetes|journal=American Journal of Botany |volume=84 |issue= 7|pages=981–91 |doi= 10.2307/2446289}}</ref>


Algum tempo após a [[extinção permo-triássica]] (há 251 milhões de anos), ocorreu um pico de abundância de fungos (originalmente entendido como uma abundância extraordinária de esporos de fungos nos [[sedimento]]s), sugerindo que os fungos eram a forma de vida dominante deste período, representando quase 100% do [[registo fóssil]] disponível para o mesmo.<ref name="eshet">{{cite journal |last=Eshet Y, Rampino MR, Visscher H.|year=1995|title=Fungal event and palynological record of ecological crisis and recovery across the Permian-Triassic boundary |journal=Geology |volume=23 |issue=1 |pages=967–70 |doi=10.1130/0091-7613(1995)023<0967:FEAPRO>2.3.CO;2}}</ref> Contudo, a proporção relativa de esporos fúngicos relativamente aos esporos formados por espécies de [[algas]], é difícil de avaliar,<ref name="FosterEtAl2002">{{cite journal | author = Foster CB, Stephenson MH, Marshall C, Logan GA, Greenwood PF. | year = 2002 | title = A revision of Reduviasporonites Wilson 1962: description, illustration, comparison and biological affinities| journal = Palynology | volume = 26 | issue = 1 | pages = 35–58 | doi = 10.2113/0260035 | url=http://palynology.geoscienceworld.org/cgi/content/abstract/26/1/35}}</ref> o pico não apareceu em todo o mundo,<ref>{{cite journal | title=Permian-Triassic transition in Spain: a multidisciplinary approach | journal=Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology |volume=229 | issue=1–2 | year=2005 | pages=1–2 |doi=10.1016/j.palaeo.2005.06.028 | url=http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V6R-4GR8RWF-5&_user=1495569&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000053194&_version=1&_urlVersion=0&_userid=1495569&md5=537a1a5b0a8e04cca2221ecb12afb1e9 | author=López-Gómez J, Taylor EL. }}</ref><ref name="LooyEtAl2005EndPermianDeadZone">{{cite journal|author = Looy CV, Twitchett RJ, Dilcher DL, Van Konijnenburg-van Cittert JHA, Visscher H.|year=2005|title = Life in the end-Permian dead zone |journal = Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume = 162 |issue = 4| pages = 653–59 |doi = 10.1073/pnas.131218098| quote = See image 2 | pmid = 11427710|pmc = 35436}}</ref> e em muitos locais não diminuiu no limite permo-triássico.<ref name="wardetal">{{cite journal|author=Ward PD, Botha J, Buick R, De Kock MO, Erwin DH, Garrison GH, Kirschvink JL, Smith R.|year=2005|title=Abrupt and gradual extinction among late Permian land vertebrates in the Karoo Basin, South Africa|journal=Science|volume=307|issue=5710|pages=709–14|doi=10.1126/science.1107068|pmid=15661973}}</ref>
== Doenças causadas por fungos no homem ==
* ''Ver artigo [[Anexo:Lista de doenças causadas por seres vivos#Fungos|Lista de doenças causadas por fungos]]


== Taxonomia ==
Na pele causam inflamações chamadas genericamente de [[impingem]] (''Ptiríase vesicolor''), e as [[micose]]s dos pés, virilha, e dobras em geral. Causam também inflamações nas [[unha]]s, tanto na base ([[candidíase]]) como na ponta (escurece e descasca). Na boca são os [[Estomatomicose|sapinhos]] (grumos brancos principalmente em crianças), na [[vagina]] dão o corrimento esbranquiçado. Nos órgãos internos podem crescer praticamente em qualquer lugar, desde os [[intestino]]s até às [[meninge]]s, com a ressalva de acontecer isto basicamente com os imuno-deprimidos como na [[AIDS]] e no [[câncer]].
<div style="float:right; width:auto; border:none; margin-left:2px;"><!-- stack cladograms; easier than table -->
<div style="float:none; width:auto; border:solid 1px silver; padding:2px; margin:2px">
<div style="width:auto; border:solid 1px silver; padding:5px">
{{Clade
| style= font-size:100%; line-height:100%
| label1=[[Unikonta]]&nbsp;&nbsp;
| 1={{clade
| 1=[[Amoebozoa]]
| label2=&nbsp;&nbsp;[[Opisthokonta]]&nbsp;&nbsp;
| 2={{clade
| label1 =&nbsp;&nbsp;&nbsp;
| 1={{clade|label1=&nbsp;&nbsp;&nbsp;|1=[[Animalia]]|2=[[Choanozoa]]}}
| 3={{clade|[[Nucleariida]]|
| label3=&nbsp;&nbsp;'''Fungi'''<ref name="Hibbett"/>&nbsp;&nbsp;
| 3={{clade
| 1=[[Microsporidia]]
| 2={{clade
|1=[[Chytridiomycota]]
|2=[[Neocallimastigomycota]]}}
| 3=[[Blastocladiomycota]]
| 4=[[Zoopagomycotina]]
| 5=[[Kickxellomycotina]]
| 6=[[Entomophthoromycotina]]
| 7=[[Mucoromycotina]]
| 8=[[Glomeromycota]]
| label9=&nbsp;&nbsp;[[Dikarya]]&nbsp;&nbsp;
| 9={{clade
| 1=[[Ascomycota]]
| 2=[[Basidiomycota]]
}}
}}
}}
}}
}} }}
</div></div></div>
Embora tradicionalmente incluídos em muitos programas e manuais de botânica, pensa-se agora que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas e são colocados juntamente com os animais no grupo [[monofilético]] dos [[Opistokhonta|opistocontes]].<ref name="pmid18461162">{{cite journal |author=Shalchian-Tabrizi K, Minge MA, Espelund M, Orr R, Ruden T, Jakobsen KS, Cavalier-Smith T.|title=Multigene phylogeny of choanozoa and the origin of animals |journal=PLoS ONE |volume=3 |issue=5 |pages=e2098 |year=2008 |pmid=18461162 |pmc=2346548 |doi=10.1371/journal.pone.0002098 |url=http://dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0002098 |accessdate=2009-04-25}}</ref> Análises feitas usando a [[filogenética molecular]] suportam a origem monofilética dos fungos.<ref name="Hibbett"/> A taxonomia dos fungos encontra-se num estado de fluxo constante, especialmente devido a pesquisas recentes baseadas em comparações de ADN. Estas análises filogenéticas actuais revogam frequentemente classificações baseadas em métodos mais antigos e menos discriminatórios, baseados em traços morfológicos e conceitos biológicos de espécie, obtidos de acasalamentos experimentais.<ref>Ver [{{link|en|http://www.palaeos.com/Fungi/default.htm| Palaeos: Fungi] para uma introdução à taxonomia dos fungos, incluindo controvérsias recentes.</ref>


Não existe um sistema único de aceitação geral para os níveis taxonómicos mais elevados e ocorrem frequentes mudanças de nomes em todos os patamares acima de espécie. Existem actualmente esforços entre os investigadores para estabelecer e encorajar o uso de uma [[Nomenclatura botânica|nomenclatura]] unificada e mais consistente.<ref name="Hibbett"/><ref name="Celio et al 2006">{{cite journal |author=Celio GJ, Padamsee M, Dentinger BT, Bauer R, McLaughlin DJ.|title=Assembling the Fungal Tree of Life: constructing the structural and biochemical database |journal=Mycologia|volume=98|issue=6 |pages=850–59|year=2006 |pmid=17486962 |pmc=|doi=10.3852/mycologia.98.6.850}}</ref> As espécies de fungos podem também ter múltiplos nomes científicos dependendo do seu ciclo de vida e modo de reprodução (sexuada ou assexuada). Os sítios da internet como [[Index Fungorum]] e [[Integrated Taxonomic Information System|ITIS]] listam nomes actuais das espécies de fungos (com referências cruzadas para os sinónimos mais antigos).
== Fungos venenosos ==
A classificação do reino Fungi de 2007 é o resultado de um trabalho de investigação colaborativa em grande escala envolvendo dezenas de micologistas e outros cientistas que trabalham sobre a taxonomia dos fungos.<ref name="Hibbett"/> Esta classificação reconhece sete [[filo]]s, dois dos quais - Ascomycota e Basidiomycota – estão contidos num ramo que representa o subreino Dikarya. O [[cladograma]] à direita representa os os principais taxa de fungos e a sua relação com os organismos opistocontes e unicontes. Os comprimentos dos ramos desta árvore não são proporcionais às distâncias evolutivas.
Há '''fungos tóxicos''' e venenosos, como por exemplo a espécie ''[[Amanita muscaria]]''. Dependendo da quantidade de cogumelos ingeridos dessa espécie são capazes de causar alterações no sistema nervoso. De acordo com a espécie e quantidade ingeridos do fungo há possibilidades de causar até a morte. Há também os cogumelos alucinógenos ou seja, que causam alucinações.


=== Exemplos de fungos venenosos ===
=== Grupos taxonómicos ===
{{artigo principal|[[Anexo:Lista de ordens de fungos]]}}
* ''[[Amanita muscaria]]''
* ''[[Amanita phalloides]]''


Os filos principais (por vezes chamados divisões) dos fungos foram classificados sobretudo com base nas características das suas estruturas [[reprodução|reprodutoras]]. Correntemente, são propostos setes filos: Microsporidia, Chytridiomycota, Blastocladiomycota, Neocallimastigomycota, Glomeromycota, Ascomycota, e Basidiomycota.<ref name="Hibbett"/>
== Fatos importantes ==
Esse reino, de mais de um milhão e meio de espécies, algumas delas microscópicas, é ainda quase desconhecido para a ciência. Mas já sabemos que entre eles há muitos que já se tornaram imprescindíveis para a saúde humana.


[[Ficheiro:Arbuscular mycorrhiza microscope.jpg|thumb|right|[[Micorriza arbuscular]] vista ao microscópio. Células corticais da raiz de [[linho]] contendo arbúsculos emparelhados.]]
À primeira vista, os fungos são pouco interessantes. Mas eles contribuem de forma decisiva para a preservação da diversidade biológica do nosso planeta e estão presentes, de formas mil, no nosso cotidiano. O pão que comemos necessita de um fungo, que age como fermento biológico. Essa levedura é o ''Saccharomyces cerevisae'', fungo unicelular, base para muitas indústrias, além da panificação.


A análise filogenética demonstrou que os [[Microsporidia]], parasitas unicelulares de animais e [[protistas]], são fungos [[Endobiose|endobióticos]] altamente derivados (vivem nos tecidos de outra espécie) e bastante recentes.<ref name="James"/><ref name="pmid16626896">{{cite journal |author=Gill EE, Fast NM. |title=Assessing the microsporidia-fungi relationship: Combined phylogenetic analysis of eight genes |journal=Gene |volume=375 |issue= |pages=103–9 |year=2006 |pmid=16626896 |doi=10.1016/j.gene.2006.02.023 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378-1119(06)00206-X}}</ref> Um estudo de 2006 conclui que os Microsporidia constituem um grupo irmão dos fungos verdadeiros, isto é, cada um deles é o parente evolutivo mais próximo do outro.<ref name="pmid17010206">{{cite journal |author=Liu YJ, Hodson MC, Hall BD. |title=Loss of the flagellum happened only once in the fungal lineage: phylogenetic structure of kingdom Fungi inferred from RNA polymerase II subunit genes |journal=BMC Evolutionary Biology |volume=6 |page=74 |year=2006 |pmid=17010206 |pmc=1599754 |doi=10.1186/1471-2148-6-74 |url=http://www.biomedcentral.com/1471-2148/6/74}}</ref> Hibbett e colegas sugerem que esta análise não colide com a sua classificação de Fungi, e embora Microsporidia tenha sido elevado ao estatuto de filo, reconhece-se que é necessária análise suplementar para clarificar as relações evolutivas no seio deste grupo.<ref name="Hibbett"/>
A cerveja e todas as bebidas alcoólicas feitas a partir da fermentação também são produtos fúngicos. O mesmo fungo que produz gás carbônico na massa de pão, a ''Saccharomyces cerevisae'', ajuda a transformar açúcar em álcool. Quando tomamos um chope ou uma cerveja, bebidas que sofreram pasteurização, células vivas de fungo, a levedura, estão contidas no líquido. Os refrigerantes também são produtos fúngicos, porque a maioria tem ácido cítrico, produzido por um fungo, o ''Aspergillus lividus'', que é usado industrialmente. (O nome do ácido sugere que é produzido a partir de frutas cítricas, e de fato, assim era no passado. Hoje todo o ácido cítrico consumido é produzido a partir do ''Aspergillus lividus''.)


Os [[Chytridiomycota]] são vulgarmente conhecidos como quitrídios e têm uma distribuição mundial. Produzem [[zoósporo]]s capazes de movimento activo através de fases aquosas, com um único flagelo, o que levou os [[taxonomista]]s antigos a classificá-los como [[protista]]s. As filogenias moleculares, inferidas de sequências de [[ARNr]] em [[ribossoma]]s, sugerem que os quitrídeos são um grupo [[Basal (filogenética)|basal]] divergente dos outros filos de fungos, consistindo de quatro [[clado]]s principais com evidências sugestivas de [[Parafilético|parafilia]] ou possivelmente [[Polifilético|polifilia]].<ref name="James">{{cite journal|author=James TY, Letcher PM, Longcore JE, Mozley-Standridge SE, Porter D, Powell MJ, Griffith GW, Vilgalys R.|year=2006|title=A molecular phylogeny of the flagellated fungi (Chytridiomycota) and description of a new phylum (Blastocladiomycota)|journal=[[Mycologia]]|volume=98|pages=860–71|pmid=17486963|doi=10.3852/mycologia.98.6.860|issue=6}}</ref>
Com relação aos tipos de alimentos que utilizam, os fungos são classificados em saprobióticos, parasitas e simbióticos. Os saprobióticos ou saprofíticos se alimentam de material morto. É o caso dos mofos e bolores e de vários fungos comestíveis, como o shitake, dos japoneses. Associados a bactérias, atuam no ambiente como reguladores naturais da população de outros organismos. Daí o seu papel para a manutenção da biosfera ter importância igual à das plantas. Sem os fungos, a vida tal qual é hoje na Terra não seria possível, pois eles são agentes da decomposição, permitindo a reciclagem de nutrientes.A importância antropológica dos fungos não se limita ao seu uso como alucinógenos. Eles são apreciados na culinária também desde épocas muito antigas. No Império Romano, a espécie de cogumelo ''Amanita cesariae'', foi assim batizada por ter sido reservada aos ''césares''. Outros cogumelos comestíveis eram de uso exclusivo dos nobres.


Os [[Blastocladiomycota]] eram antes considerados um clado taxonómico dos Chytridiomycota. Contudo, dados moleculares recentes e características [[Ultra-estrutura|ultra-estruturais]], colocam-nos como um clado irmão de Zygomycota, Glomeromycota, e Dikarya (Ascomycota e Basidiomycota). São [[saprófita]]s, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, e são parasitas de todos os grupos eucariotas. Ao contrário dos seus parentes mais próximos, os quitrídios, que apresentam sobretudo meiose zigótica, os blastocladiomicetes apresentam meiose espórica.<ref name="James"/>
Um dos usos mais importantes dos fungos é, sem dúvida, a produção de medicamentos. A primeira e a mais famosa de todas as substâncias medicamentosas extraída dos fungos foi a [[penicilina]], descoberta em 1929 por [[Alexander Fleming]]. A penicilina foi o primeiro antibiótico a ser produzido industrialmente. Muito do que se aprendeu na transformação das observações de Fleming numa operação de larga escala, economicamente viável, pavimentou o caminho para a produção de outros agentes quimioterápicos, à medida que foram descobertos.


Os [[Neocallimastigomycota]] estavam antes colocados no filo Chytridomycota.
== Grupos relacionados e similares ==
Os membros deste pequeno filo são [[organismo anaeróbico|organismos anaeróbicos]], vivendo no sistema digestivo de grande mamíferos herbívoros e possivelmente em outros ambientes terrestres e aquáticos. Não têm [[mitocôndria]]s mas contêm [[hidrogenossoma]]s de origem mitocondrial. Como os quitrídios, os nocallimastigomicetes formam zoósporos que são posteriormente uniflagelados ou poliflagelados.<ref name="Hibbett"/>
Os bolores aquáticos, mostram uma organização hifal e já foram considerados fungos. Entretanto eles, e os ''hypochytrids'' estreitamente relacionados, não são atualmente correlacionados com os verdadeiros fungos pertencendo em vez disso ao grupo chamado ''stramenopile'', junto com as algas douradas, diatomáceas, algas castanhas e outros similares. Os ''chytrids'' foram também formalmente excluídos dos fungos devido à presença de [[flagelo]]s nos esporos, porém têm relações estreitas com os outros sendo geralmente tradados junto com eles.


Os membros de [[Glomeromycota]] formam [[Micorriza arbuscular|micorrizas arbusculares]], uma forma de [[simbiose]] na qual hifas fúngicas invadem células das raízes de plantas e ambas as espécies beneficiam do aumento resultante no fornecimento de nutrientes. Todas as espécies conhecidas de Glomeromycota reproduzem-se assexuadamente.<ref name="pmid17486965">{{cite journal |author=Redecker D, Raab P. |title=Phylogeny of the Glomeromycota (arbuscular mycorrhizal fungi): recent developments and new gene markers |journal=Mycologia |volume=98 |issue=6 |pages=885–95 |year=2006 |pmid=17486965 |doi=10.3852/mycologia.98.6.885}}</ref>
''Slime molds'' também foram colocados aqui, por que eles produzem corpos frutificantes, porém são agora reconhecidos como sendo diversos grupos distintos de '''amebóides'''.
A associação simbiótica entre Glomeromycota e as plantas é antiga, existindo provas da sua existência há 400 milhões de anos.<ref name="Remy et al."/> Anteriormente parte de [[Zygomycota]], Glomeromycota foi elevado ao estatuto de filo em 2001 e actualmente substitui o filo Zygomycota.<ref>{{cite journal |last= Schüssler A, Schwarzott D, Walker C.|year=2001 |title=A new fungal phylum, the ''Glomeromycota'': phylogeny and evolution |journal=Mycological Research|volume=105 |issue=12 |pages=1413–21 |doi= 10.1017/S0953756201005196}}</ref> Fungos antes classificados em Zygomycota estão agora a ser reclassificados em Glomeromycota, ou nos subfilos ''[[incertae sedis]]'' [[Mucoromycotina]], [[Kickxellomycotina]], [[Zoopagomycotina]] e [[Entomophthoromycotina]].<ref name="Hibbett"/> Alguns exemplos bem conhecidos de fungos anteriormente incluídos em Zygomycota incluem o bolor preto do pão (''[[Rhizopus stolonifer]]''), e espécies de ''[[Pilobolus]]'', capazes de ejectar esporos a vários metros de altura através do ar.<ref>Alexopoulos ''et al.'', p. 145.</ref> Entre os géneros medicamente relevantes incluem-se ''[[Mucor]]'', ''[[Rhizomucor]]'', e ''[[Rhizopus]]''.


[[Ficheiro:Ascocarp2.png|thumb|right|alt=Cross-section of a cup-shaped structure showing locations of developing meiotic asci (upper edge of cup, left side, arrows pointing to two gray-colored cells containing four and two small circles), sterile hyphae (upper edge of cup, right side, arrows pointing to white-colored cells with a single small circle in them), and mature asci (upper edge of cup, pointing to two gray-colored cells with eight small circles in them)|Diagrama de um [[apotécio]] (a estrutura reprodutora em forma de taça típica de Ascomycetes) mostrando tecidos estéreis além de ascos maduros e em desenvolvimento.]]
Geralmente acredita-se que os fungos evoluíram do mesmo grupo dos flagelados que deram origem aos animais e coanoflagelados. Similaridades incluem as estruturas de células móveis, quando presentes, a presença comum de [[quitina]] em alguns grupos, e a presença de glicogênio como material de reserva.


Os [[Ascomycota]], vulgarmente conhecidos como fungos de saco ou ascomicetes, constituem o maior grupo taxonómico entre os Eumycota.<ref name="Kirk et al., p. 489"/> Estes fungos formam esporos meióticos chamados [[ascósporo]]s, envolvidos por uma estrutura semelhante a um saco chamada [[asco]]. Este filo inclui ''[[Morchella]]'', alguns cogumelos e [[Tuber|trufas]], [[levedura]]s unicelulares (por exemplo dos géneros ''[[Saccharomyces]]'', ''[[Kluyveromyces]]'', ''[[Pichia]]'', e ''[[Candida (género)|Candida]]''), e muitos fungos filamentosos que vivem como saprófitas, parasitas, e simbiontes mutualistas. Entre os géneros de ascomicetes mais importantes e relevantes incluem-se ''[[Aspergillus]]'', ''[[Penicillium]]'', ''[[Fusarium]]'', e ''[[Claviceps]]''. Em muitas espécies de ascomicetes foi apenas observada reprodução assexuada (ditas espécies [[anamorfo|anamorfas]]), mas a análise de dados moleculares tem sido frequentemente capaz de identificar os seus [[teleomorfo]]s mais próximos entre os Ascomycota.<ref name="pmid18943925">For an example, see {{cite journal |author=Samuels GJ. |title=''Trichoderma'': systematics, the sexual state, and ecology |journal=Phytopathology |volume=96 |issue=2 |pages=195–206 |year=2006 |pmid=18943925 |doi=10.1094/PHYTO-96-0195 |url=}}</ref> Uma vez que os produtos da meiose são retidos no asco, os ascomicetes têm sido usados para elucidar os princípios da genética e da hereditariedade (por exemplo ''[[Neurospora crassa]]'').<ref name="pmid9290240">{{cite journal |author=Radford A, Parish JH. |title=The genome and genes of ''Neurospora crassa'' |journal=Fungal Genetics and Biology: FG & B |volume=21 |issue=3 |pages=258–66 |year=1997 |pmid=9290240 |doi=10.1006/fgbi.1997.0979 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1087-1845(97)90979-8}}</ref>
== Miscelânea ==
As sementes de todas as [[orquídea]]s requerem de fungos especializados, [[micorriza]]s, para [[germinação|germinar]]. As micorrizas fornecem a energia necessária para iniciar a germinação destas sementes, pois estas sementes não apresentam [[endosperma]] desenvolvido.


Os membros de [[Basidiomycota]], vulgarmente chamados fungos de bastão ou basidiomicetes, produzem meiósporos chamados [[basidiósporo]]s em estruturas chamadas [[basídio]]s. A maioria dos comuns cogumelos pertence a este grupo, bem como as [[Uredinales|ferrugens]] e os [[Ustilaginomycetes|carvões]] (como o carvão-do-milho, ''[[Ustilago maydis]]''),<ref name="pmid7632354">{{cite journal |author=Valverde ME, Paredes-López O, Pataky JK, Guevara-Lara F. |title=Huitlacoche (''Ustilago maydis'') as a food source—biology, composition, and production |journal=Critical Reviews in Food Science and Nutrition |volume=35 |issue=3 |pages=191–229 |year=1995 |pmid=7632354 |doi=10.1080/10408399509527699}}</ref> espécies [[Comensalismo|comensais]] humanas do género ''[[Malassezia]]'',<ref name="pmid19437895">{{cite journal |author=Zisova LG. |title=''Malassezia'' species and seborrheic dermatitis |journal=Folia Medica |volume=51 |issue=1 |pages=23–33 |year=2009 |pmid=19437895}}</ref> e o patógeno [[Doença oportunista|oportunista]] humano, ''[[Cryptococcus neoformans]]''.<ref name="pmid16696642">{{cite journal |author=Perfect JR. |title=''Cryptococcus neoformans'': the yeast that likes it hot |journal=FEMS Yeast Research |volume=6 |issue=4 |pages=463–68 |year=2006 |pmid=16696642 |doi=10.1111/j.1567-1364.2006.00051.x |url=}}</ref>
Fungos do gênero ''[[Penicillium]]'' produzem [[penicilina]], o primeiro [[antibiótico]] conhecido pela ciência moderna. Desde então, muitas bactérias tornaram-se resistentes à penicilina, mas ela ainda é utilizada contra ''[[Streptococcus]]'' e outros organismos potencialmente perigosos.


=== Organismos semelhantes aos fungos ===
De acordo com a sua utilidade ao ser humano, os fungos podem ser divididos em 3 grupos
* ficomicetos
* ascomicetos
* basidiomicetos


Por causa das semelhanças morfológicas e de modo de vida, Myxomycetes e Oomycetes eram anteriormente classificados no reino Fungi. Ao contrário do que sucede com os fungos verdadeiros, as paredes celulares destes organismos contêm celulose e não têm quitina. Os Myxomicetes são unicontes como os fungos, mas são agrupados em [[Amoebozoa]]. Os Oomycetes são [[Bikonta|bicontes]], agrupados no reino [[Chromalveolata]]. Nenhum destes dois grupos é aparentado com os fungos verdadeiros, e, portanto, os [[taxonomista]]s já não os incluem no reino Fungi. Apesar disso, estudos sobre Oomycetes e Myxomycetes são ainda frequentemente incluídos em manuais de [[micologia]] e em literatura de pesquisa primária.<ref name="isbn0-12-509551-1">{{cite book |last=Blackwell M, Spatafora JW.|editor-last=Bills GF, Mueller GM, Foster MS.|chapter=Fungi and their allies |title=Biodiversity of Fungi: Inventory and Monitoring Methods |publisher=Elsevier Academic Press |location=Amsterdam |year=2004 |pages=18–20 |isbn=0-12-509551-1}}</ref>
Outros fungos incluem:
* Bolores
* Leveduras
* ''Aspergillus niger'' (Nome científico)


Os [[Nucleariida]], actualmente agrupados em [[Choanozoa]], poderão ser um grupo irmão do clado Eumycetes, e como tal poderiam ser incluídos num reino Fungi aumentado. <ref name="tabrizi">{{Cite journal |author=Shalchian-Tabrizi K, Minge MA, Espelund M, Orr R, Ruden T, Jakobsen KS, Cavalier-Smith T.|title= Multigene phylogeny of Choanozoa and the origin of animals|journal=PLoS ONE |volume=3|issue=5|pages= e2098 |year=2008|pmid=18461162|pmc= 2346548 |doi= 10.1371/journal.pone.0002098|url= http://www.plosone.org/article/info:doi/10.1371/journal.pone.0002098 }}</ref>
O corpo frutoso é muito apreciado na culinária, e é utilizado na apuração da queijos.


== Ecologia ==
Alguns fungos são usados como [[Cogumelo psicadélico|alucinógenos]].
Embora frequentemente inconspícuos, os fungos ocorrem em todos os ambientes da [[Terra]] e desempenham papeis muito importantes na maioria dos [[ecossistema]]s. Ao lado das bactérias, os fungos são os principais [[decompositor]]es na maioria dos ecossistemas terrestres (e em alguns aquáticos), tendo, portanto, um papel crítico nos [[Ciclo biogeoquímico|ciclos biogeoquímicos]],<ref name="pmid17307120">{{cite journal |author=Gadd GM. |title=Geomycology: biogeochemical transformations of rocks, minerals, metals and radionuclides by fungi, bioweathering and bioremediation |journal=Mycological Research |volume=111 |issue=Pt 1 |pages=3–49 |year=2007 |pmid=17307120 |doi=10.1016/j.mycres.2006.12.001 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0953-7562(06)00336-4 |accessdate=2009-07-15}}</ref> e em muitas [[cadeia trófica|cadeias tróficas]]. Como decompositores, têm um papel essencial nos ciclos de nutrientes, especialmente como saprófitas e simbiontes, ao degradarem a [[matéria orgânica]] em moléculas inorgânicas, que podem então reentrar nas vias metabólicas anabólicas das plantas ou outros organismos.<ref name="Lindahl">{{cite journal|author=Lindahl BD, Ihrmark K, Boberg J, Trumbore SE, Högberg P, Stenlid J, Finlay RD|year= 2007|title=Spatial separation of litter decomposition and mycorrhizal nitrogen uptake in a boreal forest|journal=New Phytologist|volume=173|pages=611–20|pmid=17244056|doi=10.1111/j.1469-8137.2006.01936.x|issue=3}}</ref><ref name="Barea">{{cite journal|author=Barea JM, Pozo MJ, Azcón R, Azcón-Aguilar C.|year= 2005|title=Microbial co-operation in the rhizosphere|journal=Journal of Experimental Botany|volume=56|pages=1761–78|pmid=15911555|doi=10.1093/jxb/eri197|issue=417}}</ref>


=== O "Círculo das Fadas" ===
=== Simbiose ===
Existe uma espécie de cogumelo que forma estruturas curiosas em ambientes, como gramados e campos. O micélio que forma esse cogumelo é chamado de ''Marasmius oreades'' espalha-se sobre o solo produzindo um círculo de cogumelos na superfície. Esse círculo pode alcançar até 30 metros de diâmetro e é conhecido no folclore europeu como Círculo das Fadas.<ref>[http://www.ubcbotanicalgarden.org/potd/2007/03/marasmius_oreades_1.php UBC Botanical Garden - Informação sobre o Marasmius oreades, com foto aérea de "círculos das fadas"] {{en}}</ref> O micélio se expande em todas as direções; na região central ocorre a morte das hifas mas nas bordas há a produção do corpo de frutificação. Como consequência, os cogumelos aparecem em círculos e, à medida em que o micélio cresce o círculo vai ficando cada vez maior. Na maioria das vezes a grama que está "dentro" do círculo fica com um aspecto de seca, com uma cor mais clara que o normal. Isso ocorre pela ausência de nutrientes naquela área, já que os cogumelos se nutriram da maioria dos [[nutrientes]].


Muitos fungos têm importantes relações [[Simbiose|simbióticas]] com organismos da maioria dos [[Reino (biologia)|reinos]] (ou mesmo de todos).<ref name="Aanen">{{cite journal|author=Aanen DK.|year= 2006|title=As you reap, so shall you sow: coupling of harvesting and inoculating stabilizes the mutualism between termites and fungi|journal=[[Biology Letters]]|volume=2|pages=209–12|pmid=17148364|doi=10.1098/rsbl.2005.0424|issue=2|pmc=1618886}}</ref><ref name="Nikoh and Fukatsu">{{cite journal|author=Nikoh N, Fukatsu T.|year= 2000|title=Interkingdom host jumping underground: phylogenetic analysis of entomoparasitic fungi of the genus ''Cordyceps''|journal=Molecular Biology and Evolution|volume=17|pages=2629–38|pmid=10742053|issue=4}}</ref><ref name="Perotto and Bonfante">{{cite journal|author=Perotto S, Bonfante P.|year=1997|title=Bacterial associations with mycorrhizal fungi: close and distant friends in the rhizosphere|journal=Trends in Microbiology|volume=5|pages=496–501|pmid=9447662|doi=10.1016/S0966-842X(97)01154-2|issue=12}}</ref> Estas interacções podem ser de natureza [[Mutualismo|mutualista]] ou antagonística; no caso dos fungos [[Comensalismo|comensais]] parecem não trazer prejuízo nem benefício ao hospedeiro.<ref name="Arnold">{{cite journal|author=Arnold AE, Mejía LC, Kyllo D, Rojas EI, Maynard Z, Robbins N, Herre EA.|year=2003|title=Fungal endophytes limit pathogen damage in a tropical tree|journal=Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=100|pages=15649–54|pmid=14671327|doi=10.1073/pnas.2533483100|issue=26|pmc=307622}}</ref><ref name="Paszkowski">{{cite journal|author=Paszkowski U.|year=2006|title=Mutualism and parasitism: the yin and yang of plant symbioses|journal=Current Opinion in Plant Biology|volume=9|pages=364–70|pmid=16713732|doi=10.1016/j.pbi.2006.05.008|issue=4}}</ref><ref name="Hube">{{cite journal|author=Hube B.|year=2004|title=From commensal to pathogen: stage- and tissue-specific gene expression of ''Candida albicans''|journal=Current Opinion in Microbiology|volume=7|pages=336–41|pmid=15288621|doi=10.1016/j.mib.2004.06.003|issue=4}}</ref>
=== O maior ser vivo do planeta ===
O maior ser vivo do planeta é o fungo ''[[Armillaria ostoyae]]'' conhecido popularmente como "cogumelo-do-mel". Possui um tamanho aproximado de 8,8 milhões de metros quadrados (área equivalente a 1220 campos de futebol). Ele não para de se espalhar pelos subterrâneos de uma [[floresta]] em [[Oregon]], nos [[Estados Unidos]]. Na superfície, existe uma infinidade de cogumelos que formam o Círculo das Fadas. Estima-se que ele tenha surgido há mais de 2,4 mil anos como uma partícula minúscula. Lentamente foi abrindo caminho entre as [[raíz]]es das [[árvores]] até matar todas.


==== Com as plantas ====
== Classificação ==
A simbiose [[Micorriza|micorrízica]] entre plantas e fungos é uma das mais bem conhecidas associações entre plantas e fungos e tem uma importância significativa para o crescimento e persistência das plantas em muitos ecossistemas; mais de 90% das plantas estabelecem relações micorrízicas com fungos e dependem desta relação para sobreviverem.<ref name="Bonfante 2003">{{cite journal|author=Bonfante P.|year=2003|title= Plants, mycorrhizal fungi and endobacteria: a dialog among cells and genomes|journal= The Biological Bulletin|volume=204|pages=215–20|pmid=12700157|url= http://www.biolbull.org/cgi/content/full/204/2/215?view=long&pmid=12700157|accessdate=2009-07-29|doi=10.2307/1543562|issue=2}}</ref>
* Na [[sistema de Jussieu|classificação taxonômica de Jussieu]] ([[1789]]), '''fungi''' é uma [[ordem (biologia)|ordem]] da [[classe (biologia)|classe]] [[Acotyledones]], com 17 [[gênero (biologia)|gêneros]].
[[Ficheiro:Neotyphodium coenophialum.jpg|thumb|left|upright|alt=A microscopic view of blue-stained cells, some with dark wavy lines in them|Os filamentos escuros são hifas do fungo endofítico ''[[Neotyphodium coenophialum]]'' nos espaços intercelulares do tecido da bainha da folha de ''[[Festuca arundinacea]]'']]
A simbiose micorrízica é antiga, datando de há pelo menos 400 milhões de anos.<ref name="Remy et al.">{{cite journal|author=Remy W, Taylor TN, Hass H, Kerp H. |year=1994|title= 4-hundred million year old vesicular-arbuscular mycorrhizae|journal= Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=91|pages=11841–43|pmid=11607500|doi= 10.1073/pnas.91.25.11841|issue=25|pmc=45331}}</ref> Frequentemente, esta relação aumenta a absorção de compostos inorgânicos pela planta, tais como [[nitrato]] e [[fosfato]], de solos com baixas concentrações destes nutrientes imprescíndiveis para as plantas.<ref name="Lindahl"/><ref name="Heijden">{{cite journal|author=van der Heijden MG, Streitwolf-Engel R, Riedl R, Siegrist S, Neudecker A, Ineichen K, Boller T, Wiemken A, Sanders IR.|year= 2006|title=The mycorrhizal contribution to plant productivity, plant nutrition and soil structure in experimental grassland|journal=New Phytologist|volume=172|pages=739–52|pmid=17096799 | doi = 10.1111/j.1469-8137.2006.01862.x|issue=4}}</ref> Os parceiros fúngicos podem também mediar a transferência de carboidratos e outros nutrientes entre plantas. Tais comunidades micorrízicas são chamadas «redes micorrízicas comuns».<ref name="Selosse">{{cite journal|author=Selosse MA, Richard F, He X, Simard SW.|year= 2006|title=Mycorrhizal networks: des liaisons dangereuses?|journal=Trends in Ecology and Evolution|volume=21|pages=621–28|pmid=16843567|doi=10.1016/j.tree.2006.07.003|issue=11}}</ref> Um caso especial de micorriza é a mico-heterotrofia, em que uma planta parasita o fungo, obtendo todos os seus nutrientes do seu fungo simbionte.<ref name="Merckx et al">{{cite journal|author=Merckx V, Bidartondo MI, Hynson NA.|year= 2009|title=Myco-heterotrophy: when fungi host plants|journal=Annals of Botany|volume=in press|pages=1255|pmid=|doi=10.1093/aob/mcp235}}</ref> Algumas espécies de fungos vivem nos tecidos no interior das raízes, caules e folhas, sendo então designados endófitos.<ref name="Schulz & Boyle">{{cite journal|author=Schulz B, Boyle C.|year= 2005|title=The endophytic continuum|journal=Mycological Research|volume=109|pages=661–86|pmid=16080390|doi=10.1017/S095375620500273X|issue=Pt 6}}</ref> Tal como nas micorrizas, a colonização endofítica por fungos pode beneficiar os dois simbiontes; por exemplo, os endófitos de ervas fornecem ao seu hospedeiro resistência aumentada aos herbívoros e a outras pressões ambientais, recebendo em troca alimento e abrigo.<ref name="Clay & Schardl">{{cite journal|author=Clay K, Schardl C.|year= 2002|title=Evolutionary origins and ecological consequences of endophyte symbiosis with grasses|journal=American Naturalist|volume=160 Suppl 4|pages=S99–S127|pmid=18707456|doi=10.1086/342161}}</ref>


==== Com algas e cianobactérias ====
{{Referências}}
[[Ficheiro:Lobaria pulmonaria 010108a.jpg|right|thumb|alt=A green, leaf-like structure attached to a tree, with a pattern of ridges and depression on the bottom surface|O líquen ''[[Lobaria pulmonaria]]'', uma simbiose de espécies de fungos, algas e cianobactérias.]]
Os [[líquen]]es são formados por uma relação simbiótica entre [[algas]] ou [[cianobactéria]]s (designados na terminologia dos líquenes como "fotobiontes") e fungos (sobretudo várias espécies de [[Ascomycota|ascomicetes]] e alguns [[Basidiomycota|basidiomicetes]]), na qual células fotobiontes individuais encontram-se disseminadas num tecido formado pelo fungo.<ref name="lichens">{{cite book |title=Lichens of North America |last=Brodo IM, Sharnoff SD.|year=2001 |publisher=Yale University Press |isbn=0300082495 }}</ref> Os líquenes ocorrem em todos os ecossistemas e em todos os continentes, e desempenham um papel-chave na [[formação do solo]] e na iniciação da [[Sucessão ecológica|sucessão biológica]],<ref name="Raven2005"> {{cite book |author=Raven PH, Evert RF, Eichhorn, SE.|title= Biology of Plants|edition=7|publisher=W. H. Freeman |date=2005|page=290 |chapter=14—Fungi |isbn=978-0716710073}}</ref> sendo as formas de vida dominantes em ambientes extremos, incluindo as regiões desérticas [[Zona polar|polares]], [[Clima alpino|alpinas]] e [[Clima semiárido|semiáridas]].<ref>Deacon, p. 267.</ref> São capazes de crescer em superfícies inóspitas, incluindo solos e rochas nus, [[Súber|cascas de árvores]], madeira, conchas, [[craca]]s e folhas.<ref name="isbn1-56098-879-7">{{cite book |author= Purvis W. |title=Lichens |publisher=Smithsonian Institution Press in association with the Natural History Museum, London |location=Washington, D.C. |year=2000 |pages=49–75 |isbn=1-56098-879-7}}</ref> Como no caso das micorrizas, o fotobionte fornece açúcares e outros carboidratos através da [[fotossíntese]], enquanto o fungo fornece minerais e água. As funções de ambos os organismos simbióticos estão tão intimamente relacionadas que eles funcionam quase como um só organismo; na maioria dos casos o organismo resultante difere muito dos componentes individuais. A linquenização é um modo comum de nutrição; cerca de 20% dos fungos – entre 17 500 e 20 000 espécies – são liquenizados.<ref>Kirk ''et al''., p. 378.</ref>
Entre as características comuns à maioria dos líquenes incluem-se a obtenção de [[carbono orgânico]] por fotossíntese, crescimento lento, tamanho reduzido, vida longa, estruturas [[Reprodução vegetativa|reprodutoras vegetativas]] de longa duração (sazonais), nutrição mineral obtida sobretudo de fontes aéreas, e maior tolerância à [[dessecação]] que a da maioria dos organismo fotossintéticos no mesmo habitat.<ref>Deacon, pp. 267–76.</ref>


==== Com os insectos ====
== Referências bibliográficas ==
Muitos insectos têm relações mutualistas com fungos. Vários grupos de formigas cultivam fungos da ordem [[Agaricales]] como fonte de alimento primária, enquanto algumas espécies de [[caruncho]]s cultivam várias espécies de fungos nas cascas das árvores que infestam.<ref name="pmid2696562">{{cite journal |author=Douglas AE. |title=Mycetocyte symbiosis in insects |journal=Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society |volume=64 |issue=4 |pages=409–34|year=1989 |pmid=2696562|accessdate=2009-04-25 |doi=10.1111/j.1469-185X.1989.tb00682.x}}</ref> De igual modo, as fêmeas de várias espécies de vespas-da-madeira (género ''[[Sirex]]'') injectam os seus ovos juntamente com os esporos de um fungo descompositor de madeira (''Amylostereum areolatum'') no [[alburno]] de [[pinheiro]]s; o crescimento do fungo fornece as condições nutricionais ideais para o desenvolvimento das larvas da vespa.<ref>Deacon, p. 277.</ref> Sabe-se que também as [[térmita]]s da [[savana]] africana cultivam fungos,<ref name="pmid17148364">{{cite journal |author=Aanen DK. |title=As you reap, so shall you sow: coupling of harvesting and inoculating stabilizes the mutualism between termites and fungi |journal=Biology Letters |volume=2 |issue=2 |pages=209–12 |year=2006|pmid=17148364 |pmc=1618886 |doi=10.1098/rsbl.2005.0424 |url=http://rsbl.royalsocietypublishing.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=17148364 |accessdate=2009-04-25}}</ref> e leveduras dos géneros ''[[Candida (género)|Candida]]'' e ''[[Lachancea]]'' habitam no [[tracto gastrointestinal]] de uma grande variedade de insectos, incluindo ''[[Neuroptera]]'', [[escaravelho]]s, e [[barata]]s; não se sabe se estes fungos obtêm algum benefício dos seus hospedeiros.<ref name="Nguyen et al.">{{cite journal |author=Nguyen NH, Suh SO, Blackwell M.|title=Five novel ''Candida'' species in insect-associated yeast clades isolated from ''Neuroptera'' and other insects |journal=Mycologia |volume=99 |issue=6 |pages=842–58|year=2007|pmid=18333508|doi=10.3852/mycologia.99.6.842}}</ref>
* Bruns, T. D., T. J. White, and J. W. Taylor. 1991. Fungal molecular systematics. ''Annual Review of Ecology and Systematics'' 22:525-564.
* Bruns, T. D., R. Vilgalys, S. M. Barns, D. Gonzalez, D. S. Hibbett, D. J. Lane, L. Simon, S. Stickel, T. M. Szaro, W. G. Weisburg, and M. L. Sogin. 1993. Evolutionary relationships within the fungi: analysis of nuclear small subunit rRNA sequences. Molecular Phylogenetics and Evolution 1:231 241.
* Hawksworth, D. L. 1991. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation. ''Mycological Research'' 95:641-655.
* Hawksworth, D. L., P. M. Kirk, B. C. Sutton, and D. N. Pegler. 1995. ''Ainsworth and Bisby's Dictionary of the Fungi'' (8th Ed.). CAB International, Wallingford, United Kingdom. 616p.


==== Como patógenos e parasitas ====
== {{Ligações externas}} ==
[[Ficheiro:Aecidium magnellanicum.jpg|right|thumb|alt=A thin brown stick positioned horizontally with roughly two dozen clustered orange-red leaves originating from a single point in the middle of the stick. These orange leaves are three to four times larger than the few other green leaves growing out of the stick, and are covered on the lower leaf surface with hundreds of tiny bumps. The background shows the green leaves and branches of neighboring shrubs.|O patógeno vegetal ''Aecidium magellanicum'' causa uma ferrugem, vista aqui num arbusto de ''[[Berberis]]'' no Chile.]]
* {{link|en|2=http://tolweb.org/tree?group=Fungi&contgroup=Eukaryotes Fungi|3=no "Tree of Life Web Project"}}
* {{link|en|2=http://www.naturlink.sapo.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=12146|3=Os Fungos: a sua vida e como influenciam a nossa, no naturlink.sapo.pt.}}
* {{link|en|2=http://books.google.com/books?id=nikkCxpBLm8C&pg=PA5&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&cad=0_0#PRA2-PA3,M1|3=Ordem fungi}}
* {{link|en|2=http://books.google.com/books?id=nikkCxpBLm8C|3=Jussieu, Antoine Laurent de (1789). "''Genera Plantarum, secundum ordines naturales disposita juxta methodum in Horto Regio Parisiensi exaratam''"}}


Muitos fungos são parasitas em plantas, animais (incluindo humanos), e noutros fungos. Entre os patógenos importantes de muitas plantas cultivadas que causam danos e prejuízos à agricultura e silvicultura incluem-se o fungo da [[brusone do arroz]], ''[[Magnaporthe oryzae]]'',<ref name="Talbot">{{cite journal|author=Talbot NJ.|year=2003|title=On the trail of a cereal killer: Exploring the biology of ''Magnaporthe grisea''|journal=Annual Reviews in Microbiology|volume=57|pages=177–202|pmid=14527276|doi=10.1146/annurev.micro.57.030502.090957}}</ref> patógenos de árvores que causam a [[grafiose do ulmeiro]], tais como ''[[Ophiostoma ulmi]]'' e ''[[Ophiostoma novo-ulmi]]'',<ref name="Paoletti ">{{cite journal|author=Paoletti M, Buck KW, Brasier CM.|year=2006|title=Selective acquisition of novel mating type and vegetative incompatibility genes via interspecies gene transfer in the globally invading eukaryote ''Ophiostoma novo-ulmi''|journal=Molecular Ecology|volume=15|pages=249–62|pmid=16367844|doi=10.1111/j.1365-294X.2005.02728.x|issue=1}}</ref> e ''[[Cryphonectria parasitica]]'' responsável pelo [[cancro do castanheiro]],<ref name="Gryzenhout">{{cite journal|author=Gryzenhout M, Wingfield BD, Wingfield MJ.|year=2006|title=New taxonomic concepts for the important forest pathogen ''Cryphonectria parasitica'' and related fungi|journal=FEMS Microbiology Letters|volume=258|pages=161–72|pmid=16640568|doi=10.1111/j.1574-6968.2006.00170.x|issue=2}}</ref> e patógenos vegetais dos géneros ''[[Fusarium]]'', ''[[Ustilago]]'', ''[[Alternaria]]'', e ''[[Cochliobolus]]''.<ref name="Paszkowski"/> Alguns [[fungos carnívoros]], como ''[[Paecilomyces lilacinus]]'', são [[Fungo nematófago| predadores]] de [[nemátodes]], que capturam usando um conjunto de estruturas especializadas como anéis constrictores ou malhas adesivas.<ref name="pmid17494736">{{cite journal |author=Yang Y, Yang E, An Z, Liu X. |title=Evolution of nematode-trapping cells of predatory fungi of the Orbiliaceae based on evidence from rRNA-encoding DNA and multiprotein sequences |journal=Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=104 |issue=20 |pages=8379–84 |year=2007|pmid=17494736 |pmc=1895958 |doi=10.1073/pnas.0702770104 |url=http://www.pnas.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=17494736 |accessdate=2009-04-25}}</ref>
<!-- A wikipédia é uma enciclopédia e não um portal de links externos, principalmente com propagandas!!! -->
== {{Ver também}} ==
* [[Champignon]]
* [[Cogumelo]]
* [[Esporão do centeio]], um fungo altamente [[alucinógeno]], do qual se extrai o [[Dietilamida do ácido lisérgico|LSD]]


Alguns fungos podem causar doenças graves em humanos, várias delas fatais se não tratadas. Entre estas incluem-se [[aspergilose]]s, [[candidíase]]s, [[coccidioidomicose]], [[criptococose]], [[histoplasmose]], [[micetoma]]s, e [[paracoccidioidomicose]]. Também as pessoas com [[imunodeficiência]]s são particularmente susceptíveis a doenças causadas por géneros como ''[[Aspergillus]]'', ''[[Candida (género)|Candida]]'', ''[[Cryptococcus neoformans|Cryptoccocus]]'',<ref name="Hube"/><ref name="Nielsen and Heitman">{{cite journal|author=Nielsen K, Heitman J.|year=2007|title=Sex and virulence of human pathogenic fungi|journal=Advances in Genetics|volume=57|pages=143–73|pmid=17352904|doi=10.1016/S0065-2660(06)57004-X}}</ref><ref name="Brakhage">{{cite journal|author=Brakhage AA.|year=2005|title=Systemic fungal infections caused by ''Aspergillus'' species: epidemiology, infection process and virulence determinants|journal=Current Drug Targets|volume=6|pages=875–86|pmid=16375671 | doi = 10.2174/138945005774912717|issue=8}}</ref> ''[[Histoplasma]]'',<ref name="Kauffman">{{cite journal|author=Kauffman CA.|year=2007|title=Histoplasmosis: a clinical and laboratory update|journal=Clinical Microbiology Reviews|volume=20|pages=115–32|pmid=17223625|doi=10.1128/CMR.00027-06|issue=1|pmc=1797635}}</ref> e ''[[Pneumocystis]]''.<ref name="Cushion">{{cite journal|author=Cushion MT, Smulian AG, Slaven BE, Sesterhenn T, Arnold J, Staben C, Porollo A, Adamczak R, Meller J.|year=2007|title=Transcriptome of ''Pneumocystis carinii'' during fulminate infection: carbohydrate metabolism and the concept of a compatible parasite|journal=PLoS ONE|volume=2|pages=e423|pmid=17487271 | doi = 10.1371/journal.pone.0000423|issue=5|pmc=1855432}}</ref> Outros fungos podem atacar os olhos, unhas, cabelo, e especialmente a pele, os chamados fungos [[dermatófito]]s e queratinófitos, causando infecções locais como [[dermatofitose]] e [[pé-de-atleta]].<ref name="isbn1-4160-4470-1">{{cite book |author=Cook GC, Zumla AI. |title=Manson's Tropical Diseases: Expert Consult |publisher=Saunders Ltd|year=2008 |page=347 |isbn=1-4160-4470-1}}</ref> Os esporos dos fungos são também uma causa de [[alergia]]s, e fungos de diferentes grupos taxonómicos podem provocar reacções alérgicas.<ref name="pmid17709917">{{cite journal |author=Simon-Nobbe B, Denk U, Pöll V, Rid R, Breitenbach M. |title=The spectrum of fungal allergy |journal=International Archives of Allergy and Immunology |volume=145 |issue=1 |pages=58–86 |year=2008 |pmid=17709917 |doi=10.1159/000107578 |url=}}</ref>
== Galeria de fotos ==
<center>
<gallery>
Image:Fungi 3 REFON.JPG|Fungo ("cogumelo") no pasto
Image:Fungi 4 REFON.JPG|Fungo no barranco
Image:Fungi 5 REFON.JPG|Fungo na madeira
Image:Fungi 7 REFON.jpg|Fungo no tronco
Image:Fungi 6 REFON1.JPG|''Pycnoporo sangüíneo''
Image:Fungi REFON 1.jpg|Fungo na grama de jardim
Image:Fungi 2 REFON.JPG|''Phallus sp''
Image:Viagem_ijuí_páscoa_2007_030.jpg|Fungo no chão
Imagem:Amanita caesarea.JPG|''[[Amanita caesarea]]''
</gallery>
</center>


== Uso humano ==
[[Ficheiro:S cerevisiae under DIC microscopy.jpg|thumb|upright|right|alt=Microscopic view of five spherical structures; one of the spheres is considerably smaller than the rest and attached to one of the larger spheres|Células de ''[[Saccharomyces cerevisiae]]'' vistas com microscopia de contraste de interferência diferencial.]]
O uso humano dos fungos na preparação e conservação de alimentos e com outros fins, é extenso e tem uma longa história. A apanha e o cultivo de cogumelos são grandes indústrias em muitos países. O estudo dos usos históricos e impacto sociológico dos fungos é conhecido como [[etnomicologia]]. Por causa da capacidade deste grupo para produzir uma enorme variedade de [[produto natural|produtos naturais]] com actividades [[antimicrobiano|antimicrobianas]] ou outras, muitas espécies são há muito usadas, ou estão em estudo, para a produção de [[antibiótico]]s, vitaminas, e drogas [[Taxol|anticancerígenas]] e [[Lovastatina|redutoras do colesterol]]. Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos de [[engenharia genética]] para fungos,<ref name="Finsham 1989">{{cite journal |author=Fincham JRS.|title=Transformation in fungi|journal=Microbiological Reviews|volume=53|issue=1 |pages=148–70|year=1989 |pmid=2651864 |doi=|url=http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=2651864 |pmc=372721}}</ref> permitindo a [[engenharia metabólica]] de espécies de fungos. Por exemplo, modificações genéticas de espécies de leveduras<ref name="Hawkins & Smolke 2008">{{cite journal |author=Hawkins KM, Smolke CD.|title=Production of benzylisoquinoline alkaloids in ''Saccharomyces cerevisiae''|journal=Nature Chemical Biology|volume=4|issue=9 |pages=564–73|year=2008 |pmid=18690217 |doi= 10.1038/nchembio.105|url= }}</ref>— que são fáceis de cultivar com taxas de crescimento elevadas em grandes vasos de fermentação—abriu novos caminhos à produção [[farmacêutica]] e são potencialmente mais eficientes do que a produção pelos organismos-fonte originais.<ref name="Huang et al 2008">{{cite journal |author=Huang B, Guo J, Yi B, Yu X, Sun L, Chen W.|title=Heterologous production of secondary metabolites as pharmaceuticals in ''Saccharomyces cerevisiae''|journal=Biotechnology Letters|volume=30 |issue=7 |pages=1121–37|year=2008 |pmid=18512022 |doi= 10.1007/s10529-008-9663-z|url= }}</ref>

==== Antibióticos ====
{{artigo principal|[[Antibiótico]]}}

Muitas espécies produzem metabolitos que são fontes importantes de drogas [[farmacologia|farmacologicamente]] activas. Particularmente importantes são os antibióticos, incluindo as [[penicilina]]s, um grupo estruturalmente relacionado de antibióticos [[Antibiótico betalactâmico|betalactâmicos]] sintetizados a partir de pequenos [[péptido]]s. Apesar de as penicilinas de ocorrência natural como a [[penicilina G]] (produzida por ''[[Penicillium chrysogenum]]'') terem um espectro de actividade biológica relativamente estreito, uma grande variedade de outras penicilinas podem ser produzidas por [[Síntese química|modificação química]] das penicilinas naturais.
As penicilinas modernas são compostos [[semi-síntese|semi-sintéticos]], obtidos inicialmente de culturas de [[fermentação]], mas em seguida estruturalmente alterados para obtenção de propriedades desejáveis específicas.<ref name="pmid15719552">{{cite journal |author=Brakhage AA, Spröte P, Al-Abdallah Q, Gehrke A, Plattner H, Tüncher A. |title=Regulation of penicillin biosynthesis in filamentous fungi |journal=Advances in Biochemical Engineering/biotechnology |volume=88 |issue= |pages=45–90 |year=2004 |pmid=15719552 |doi= |url= |accessdate=}}</ref> Entre outros antibióticos produzidos por fungos incluem-se: [[griseofulvina]] de ''Penicillium griseofulvin'' usada no tratamento de infecções da pele, cabelo e unhas, causadas por [[dermatófito]]s;<ref name="pmid17249298">{{cite journal |author=Loo DS. |title=Systemic antifungal agents: an update of established and new therapies |journal=Advances in Dermatology |volume=22 |issue= |pages=101–24 |year=2006 |pmid=17249298 |doi= 10.1016/j.yadr.2006.07.001|url= |accessdate=}}</ref> [[ciclosporina]], usada como [[imunossupressor]] em [[Transplantação de órgãos|cirurgia de transplantação]]; e o [[ácido fusídico]], usado para ajudar no controlo de infecção pela bactéria [[Staphylococcus aureus resistente à meticilina|''Staphylococcus aureus'' resistente à meticilina]].<ref name="pmid18221183">{{cite journal |author=Pan A, Lorenzotti S, Zoncada A.|title=Registered and investigational drugs for the treatment of methicillin-resistant ''Staphylococcus aureus'' infection |journal=Recent Patents on Anti-infective Drug Discovery |volume=3 |issue=1 |pages=10–33 |year=2008|pmid=18221183 |doi= 10.2174/157489108783413173|url=}}</ref> O uso em larga escala destes antibióticos no tratamento de doenças bacterianas, como a [[tuberculose]], [[sífilis]], [[lepra]], e muitas outras, começou no início do século XX e continUa a desempenhar um papel principal na [[quimioterapia]] [[Anti-séptico|antibacteriana]]. Na natureza, os antibióticos de origem fúngica ou bacteriana, parecem desempenhar um duplo papel: em concentrações elevadas agem como defesa química contra a competição de outros micro-organismos em ambientes ricos em espécies, como a [[rizosfera]], e em baixas concentrações funcionam como moléculas de [[detecção de quórum]] para assinalamento intra ou interespecífico.<ref name="Fajardo&Martínez 2008">{{cite journal |author=Fajardo A, Martínez JL.|title=Antibiotics as signals that trigger specific bacterial responses|journal=Current Opinion in Microbiology|volume=11|issue=2 |pages=161–67 |year=2008|pmid=18373943 |doi= 10.1016/j.mib.2008.02.006|url=}}</ref>

==== Usos alimentares ====
A levedura de padeiro ou ''[[Saccharomyces cerevisiae]]'', um fungo unicelular, é usads para fazer pão e outros produtos à base de trigo.<ref>{{cite book |title=Handbook of Cereal Science and Technology |last=Kulp K. |year=2000 |publisher=CRC Press |isbn=0824782941 }}</ref> Espécies de leveduras do género ''[[Saccharomyces]]'' são também usadas na produção de [[Bebida alcoólica|bebidas alcoólicas]] por fermentação.<ref name="Piskur">{{cite journal|author=Piskur J, Rozpedowska E, Polakova S, Merico A, Compagno C.|year= 2006|title=How did ''Saccharomyces'' evolve to become a good brewer?|journal=Trends in Genetics|volume=22|pages=183–86|pmid=16499989|doi=10.1016/j.tig.2006.02.002|issue=4}}</ref> O bolor ''shoyu koji'' (''[[Aspergillus oryzae]]'') é um ingrediente essencial na preparação de ''[[shoyu]]'' ([[molho de soja]]), [[saqué]], e [[miso]],<ref name="Abe et al 2006">{{cite journal|author=Abe K, Gomi K, Hasegawa F, Machida M.|year= 2006|title=Impact of ''Aspergillus oryzae'' genomics on industrial production of metabolites|journal=Mycopathologia|volume=162|issue=3|pages=143–53|pmid=16944282|doi=10.1007/s11046-006-0049-2}}</ref> enquanto espécies de ''[[Rhizopus]]'' são usadas para fazer [[tempeh]].<ref name="Hachmeister & Fung 1993">{{cite journal|author=Hachmeister KA, Fung DY|year= 1993|title=Tempeh: a mold-modified indigenous fermented food made from soybeans and/or cereal grains|journal=Critical Reviews in Microbiology|volume=19|issue=3|pages=137–88|pmid=8267862|doi=10.3109/10408419309113527}}</ref> Vários destes fungos são espécies [[Domesticação|domesticadas]] que foram seleccionadas segundo a sua capacidade de fermentar alimentos sem produzirem [[micotoxina]]s (ver abaixo) prejudiciais, as quais são produzidas pelos muito aparentados ''[[Aspergillus flavus|Aspergillus]]''.<ref name="Jørgensen">{{cite journal|author=Jørgensen TR.|year=2007|title=Identification and toxigenic potential of the industrially important fungi, ''Aspergillus oryzae'' and ''Aspergillus sojae''|journal=Journal of Food Protection|volume=70|issue=12|pages=2916–34|pmid=18095455|doi=}}</ref> ''[[Quorn]]'', um [[substituto de carne]], é feito a partir de ''[[Fusarium venenatum]]''.<ref name="pmid9501477">{{cite journal |author=O'Donnell K, Cigelnik E, Casper HH. |title=Molecular phylogenetic, morphological, and mycotoxin data support reidentification of the Quorn mycoprotein fungus as ''Fusarium venenatum'' |journal=Fungal Genetics and Biology|volume=23 |issue=1 |pages=57–67 |year=1998 |pmid=9501477 |doi=10.1006/fgbi.1997.1018 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1087-1845(97)91018-5}}</ref>

==== Uso medicinal ====
{{artigo principal|[[Cogumelos medicinais]]}}
{{dupla imagem|right|Ganoderma lucidum 01.jpg|100|CordycepsSinensis.jpg|120|Os fungos medicinais ''[[Ganoderma lucidum]]'' (esq.) e ''[[Cordyceps sinensis]]'' (dir.). || Upper surface view of a kidney-shaped fungus, brownish-red with a lighter yellow-brown margin, and a somewhat varnished or shiny appearance.|Two dried yellow-orange caterpillars, one with a curly grayish-colored fungus growing out of one of its ends. The grayish fungus is roughly equal to or slightly greater in length than the caterpillar, and tapers in thickness to a narrow end.}}

Certos cogumelos são utilizados com fins terapêuticos em [[medicina tradicional|medicinas tradicionais]], como acontece na [[medicina tradicional chinesa]]. Entre os cogumelos medicinais notáveis, e com uma história de uso bem documentada, incluem-se ''[[Agaricus blazei]]'',<ref name="pmid18782264">{{cite journal |author=Hetland G, Johnson E, Lyberg T, Bernardshaw S, Tryggestad AM, Grinde B. |title=Effects of the medicinal mushroom ''Agaricus blazei'' Murill on immunity, infection and cancer |journal=Scandinavian Journal of Immunology |volume=68 |issue=4 |pages=363–70 |year=2008 |pmid=18782264 |doi=10.1111/j.1365-3083.2008.02156.x}}</ref><ref name="pmid18317543">{{cite journal |author=Firenzuoli F, Gori L, Lombardo G. |title=The medicinal mushroom ''Agaricus blazei'' Murrill: review of literature and pharmaco-toxicological problems |journal=Evidence-based Complementary and Alternative Medicine: eCAM |volume=5 |issue=1 |pages=3–15 |year=2008 |pmid=18317543 |pmc=2249742 |doi=10.1093/ecam/nem007 |url=http://ecam.oxfordjournals.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=18317543}}</ref> ''[[Ganoderma lucidum]]'',<ref name="pmid16905165">{{cite journal |author=Paterson RR.|year= 2006|title=''Ganoderma'' – a therapeutic fungal biofactory|journal = Phytochemistry|volume=67|issue=18|pages=1985–2001|pmid=16905165|doi = 10.1002/chin.200650268}}</ref> e ''[[Cordyceps sinensis]]''.<ref name="pmid18343466">{{cite journal |author=Paterson RR.|year= 2008|title=''Cordyceps'': a traditional Chinese medicine and another fungal therapeutic biofactory?|journal = Phytochemistry|volume=69|issue=7|pages=1469–95|pmid=18343466|doi = 10.1016/j.phytochem.2008.01.027}}</ref> As pesquisas identificaram compostos produzidos por estes e outros fungos, os quais têm efeitos biológicos inibidores contra [[vírus]]<ref name="pmid9862140">{{cite journal |author=el-Mekkawy S, Meselhy MR, Nakamura N, Tezuka Y, Hattori M, Kakiuchi N, Shimotohno K, Kawahata T, Otake T.|year= 1998|title=Anti-HIV-1 and anti-HIV-1-protease substances from ''Ganoderma lucidum''|journal = Phytochemistry|volume=49|issue=6|pages=1651–57|pmid=9862140|doi = 10.1016/S0031-9422(98)00254-4}}</ref><ref name="pmid18547117">{{cite journal |author=El Dine RS, El Halawany AM, Ma CM, Hattori M.|year= 2008|title=Anti-HIV-1 protease activity of lanostane triterpenes from the vietnamese mushroom ''Ganoderma colossum''|journal = Journal of Natural Products|volume=71|issue=6|pages=1022–26|pmid=18547117|doi = 10.1021/np8001139}}</ref> e [[Cancro|células cancerosas]].<ref name="pmid18782264"/><ref name="pmid16351502">{{Cite journal |author=Yuen JW, Gohel MD.|title=Anticancer effects of ''Ganoderma lucidum'': a review of scientific evidence |journal=Nutrition and Cancer |volume=53 |issue=1 |pages=11–17 |year=2005 |pmid=16351502 |doi=10.1207/s15327914nc5301_2}}</ref>
Metabolitos específicos, como [[polissacarídeo-K]], [[ergotamina]] e antibióticos beta-lactâmicos, são usados de modo rotineiro em medicina clínica. O cogumelo ''[[shiitake]]'' é uma fonte de [[lentinano]], uma droga clínica aprovada para utilização em vários países, incluindo o [[Japão]], em tratamentos oncológicos.<ref name="pmid16702701">{{cite journal |author=Sullivan R, Smith JE, Rowan NJ. |title=Medicinal mushrooms and cancer therapy: translating a traditional practice into Western medicine |journal=Perspectives in Biology and Medicine |volume=49 |issue=2 |pages=159–70 |year=2006 |pmid=16702701 |doi=10.1353/pbm.2006.0034}}</ref><ref name="isbn0-87131-981-0">{{cite book |author=Halpern GM, Miller A. |title=Medicinal Mushrooms: Ancient Remedies for Modern Ailments |publisher=M. Evans and Co |location=New York |year=2002 |page=116 |isbn=0-87131-981-0}}</ref>
Na [[Europa]] e no Japão, o [[polissacarídeo-K]], um químico obtido de ''[[Trametes versicolor]]'', é um [[adjuvante]] aprovado em terapia oncológica.<ref name="pmid12168863">{{cite journal |author=Fisher M, Yang LX. |title=Anticancer effects and mechanisms of polysaccharide-K (PSK): implications of cancer immunotherapy |journal=Anticancer Research |volume=22 |issue=3 |pages=1737–54 |year=2002 |pmid=12168863}}</ref>

==== Espécies comestíveis e venenosas ====
[[Ficheiro:Amanita phalloides 1.JPG|right|thumb|alt=Two light yellow-green mushrooms with stems and caps, one smaller and still in the ground, the larger one pulled out and laid beside the other to show its bulbous stem with a ring|''[[Amanita phalloides]]'' é responsável pela maioria das mortes por [[Envenenamento por cogumelos|envenenamentos por cogumelos]] que ocorrem em todo o mundo.]]
Os [[cogumelos comestíveis]] são exemplos bem conhecidos de fungos. Muitos são cultivados comercialmente, mas outros têm de ser colhidos no estado selvagem. ''[[Agaricus bisporus]]'', vendidos como [[champignon]] enquanto pequenos e como cogumelos Portobello quando maiores, é uma espécie bastante consumida, usada em saladas, sopas e outros pratos. Muitos fungos asiáticos são cultivados comercialmente e são cada vez mais populares no Ocidente. Estão frequentemente disponíveis frescos em mercearias e mercados, incluindo o cogumelo-de-palha (''[[Volvariella volvacea]]''), cogumelo-ostra (''[[Pleurotus ostreatus]]''), ''shiitake'' (''[[Lentinula edodes]]''), e ''[[enokitake]]'' (''[[Flammulina]]'' spp.).<ref name="isbn1-58008-175-4">{{cite book |author=Stamets P. |title=Growing Gourmet and Medicinal Mushrooms = [Shokuyō oyobi yakuyō kinoko no saibai] |publisher=Ten Speed Press |location=Berkeley, Calif |year=2000 |pages=233–48 |isbn=1-58008-175-4}}</ref>

Há muitas outras espécies de cogumelos que são colhidas no estado silvestre, quer para consumo pessoal quer para venda comercial. Exemplos: [[Lactarius deliciosus|sancha]], ''[[Morchella]]'', [[Cantharellaceae|cantarelos]], [[trufa]]s, [[Craterellus|trombetas-negras]], e [[Boletus edulis|cepe-de-bordéus]] (também conhecido como cogumelo ''porcini'', boleto ou tortulho) têm um preço elevado no mercado. São muitas vezes usados em pratos ''gourmet''.<ref>Hall, pp. 13–26.</ref>

Certos tipos de queijos requerem a inoculação dos coalhos do leite com espécies de fungos que fornecem um sabor e textura únicos ao queijo. Entre eles contam-se os [[Queijo azul|queijos azuis]] como o [[Roquefort]] ou o [[Stilton]], inoculados com ''[[Penicillium roqueforti]]''.<ref name="pmid21770">{{cite journal |author=Kinsella JE, Hwang DH.|title=Enzymes of ''Penicillium roqueforti'' involved in the biosynthesis of cheese flavor |journal=CRC Critical Reviews in Food Science and Nutrition |volume=8 |issue=2 |pages=191–228 |year=1976 |pmid=21770 |doi=10.1080/10408397609527222}}</ref> Os bolores usados na produção de queijo não são tóxicos e portanto são seguros para consumo humano; contudo, pode ocorrer acumulação de micotoxinas (aflatoxinas, [[roquefortina C]], patulina, ou outras) devido ao crescimento de outros fungos durante o processo de maturação e armazenamento do queijo.<ref name="Erdogan">{{cite journal|author=Erdogan A, Gurses M, Sert S.|year= 2004|title=Isolation of moulds capable of producing mycotoxins from blue mouldy Tulum cheeses produced in Turkey|journal=International Journal of Food Microbiology|volume=85|pages=83–85|pmid=12810273|doi=10.1016/S0168-1605(02)00485-3|issue=1-2}}</ref>
[[Ficheiro:Blue Stilton Quarter Front.jpg|thumb|left|alt=A corner of cheese with greenish streaks through it|[[Queijo Stilton]] com veios de ''[[Penicillium roqueforti]]'']]
Muitas espécies de cogumelos são [[Envenenamento por cogumelos|venenosas]] para os humanos, com toxicidades que podem ir desde problemas digestivos ligeiros ou reacções alérgicas, e [[alucinação|alucinações]] até a falha de órgãos e morte. Entre os géneros com cogumelos tóxicos incluem-se ''[[Conocybe]]'', ''[[Galerina]]'', ''[[Lepiota]]'', e o mais infame, ''[[Amanita]]''.<ref name=Orr1979>{{cite book |author=Orr DB, Orr RT. |title=Mushrooms of Western North America |publisher=University of California Press |location=Berkeley |year=1979 |page=17 |isbn=0-520-03656-5}}</ref> Este último género, inclui o anjo-destruidor ''([[Amanita virosa|A.&nbsp;virosa]])'' e o chapéu-da-morte ''([[Amanita phalloides|A.&nbsp;phalloides]])'', a causa mais comum de envenenamento mortal por cogumelos.<ref name="Vetter 1998">{{cite journal|author=Vetter J.|year=1998|title=Toxins of ''Amanita phalloides''|journal=Toxicon|volume=36|pages=13–24|pmid=9604278|doi=10.1016/S0041-0101(97)00074-3|issue=1}}</ref> ''[[Gyromitra esculenta]]'' é ocasionalmente considerado uma especialidade culinária quando cozinhado, porém, pode ser muito tóxico quando consumido cru.<ref name="Leathem and Dorran">{{cite journal|author=Leathem AM, Dorran TJ.|year=2007|title=Poisoning due to raw ''Gyromitra esculenta'' (false morels) west of the Rockies|journal=Canadian Journal of Emergency Medicine|volume=9|pages=127–30|pmid=17391587|issue=2}}</ref> O [[Tricholoma equestre|míscaro-amarelo]] era considerado comestível até ter sido implicado em envenamentos sérios causadores de [[rabdomiólise]].<ref name="Karlson-Stiber and Persson">{{cite journal|author=Karlson-Stiber C, Persson H.|year=2003|title=Cytotoxic fungi—an overview|journal=Toxicon|volume=42|pages=339–49|pmid=14505933|doi=10.1016/S0041-0101(03)00238-1|issue=4}}</ref> O [[Amanita muscaria|mata-moscas]] (''Amanita muscaria'') pode também causar envenenamentos ocasionais não fatais, sobretudo como resultado da sua ingestão como [[enteógeno|droga recreativa]], devido às suas propriedades alucinogénicas. Historicamente, este cogumelo foi usado por diferentes povos europeus e asiáticos e o seu uso presente com propósitos religiosos ou [[Xamã|xamanísticos]] é relatado em alguns grupos étnicos como os [[coriacos]] do nordeste da [[Sibéria]].<ref name="Michelot&Melendez-Howell 2003">{{cite journal|author=Michelot D, Melendez-Howell LM.|year=2003|title=''Amanita muscaria'': chemistry, biology, toxicology, and ethnomycology|journal=Mycological Research|volume=107|pages=131–46|pmid=12747324|doi=10.1017/S0953756203007305|issue=Pt 2}}</ref>

Uma vez que é difícil identificar com exactidão um cogumelo seguro sem treino e conhecimento apropriados, é frequentemente indicado que se deve assumir que um cogumelo selvagem é venenoso e não consumi-lo.<ref>Hall, p. 7.</ref><ref name="isbn0-295-96480-4">{{cite book |author=Ammirati JF, McKenny M, Stuntz DE. |title=The New Savory Wild Mushroom |publisher=University of Washington Press |location=Seattle |year=1987 |pages=xii – xiii |isbn=0-295-96480-4}}</ref>

==== Controlo de pragas ====
[[Ficheiro:Beauveria.jpg|thumb|right|alt=Two dead grasshoppers with a whitish fuzz growing on them|Gafanhotos mortos por ''[[Beauveria bassiana]]'']]
Em agricultura, os fungos podem ser úteis se competirem activamente com micro-organismos patogénicos como bactérias e outros fungos, pelos nutrientes e espaço, segundo o [[princípio da exclusão competitiva]],<ref name="López-Gómez and Molina-Meyer">{{cite journal|author=López-Gómez J, Molina-Meyer M.|year= 2006|title=The competitive exclusion principle versus biodiversity through competitive segregation and further adaptation to spatial heterogeneities|journal=Theoretical Population Biology|volume=69|pages=94–109|pmid=16223517|doi=10.1016/j.tpb.2005.08.004|issue=1}}</ref> ou se forem parasitas desses patógenos. Por exemplo, certas espécies podem ser usadas para eliminar ou suprimir o crescimento de patógenos vegetais, como [[insecto]]s, [[pulgão|pulgões]], ervas daninhas, [[nemátodo]]s, e outros fungos causadores de doenças em [[colheita]]s importantes.<ref name="urlSetting the Stage To Screen Biocontrol Fungi">{{cite web |url=http://www.ars.usda.gov/is/AR/archive/jul98/fung0798.htm |author=Becker H.|title=Setting the Stage To Screen Biocontrol Fungi |publisher=United States Department of Agriculture, Agricultural Research Service|year=1998 |accessdate=2009-02-23}}</ref> Isto gerou um forte interesse nas aplicações práticas que utilizam fungos como [[controlo biológico]] destas pragas agrícolas. [[Fungo entomopatogénico|Fungos entomopatogénicos]] podem ser usados como [[biopesticida]]s, pois matam activamente os insectos.<ref name="urlwww.uvminnovations.com">{{cite web |url=http://www.uvminnovations.com/graphics/microfactory.pdf |author=Keiller TS|title=Whey-based fungal microfactory technology for enhanced biological pest management using fungi |format=PDF |publisher=UVM Innovations|accessdate=2009-02-23}}</ref> Exemplos de fungos usados como insecticidas biológicos são ''[[Beauveria bassiana]]'', ''[[Metarhizium anisopliae]]'', ''[[Hirsutella]]'' spp, ''[[Paecilomyces]]'' spp, e ''[[Verticillium lecanii]]''.<ref name="Deshpande">{{cite journal|author=Deshpande MV.|year= 1999|title=Mycopesticide production by fermentation: potential and challenges|journal=Critical Reviews in Microbiology |volume=25|pages=229–43|pmid=10524330|doi=10.1080/10408419991299220|issue=3}}</ref><ref name="Thomas">{{cite journal|author=Thomas MB, Read AF.|year=2007|title=Can fungal biopesticides control malaria?|journal=Nature Reviews in Microbiology|volume=5|pages=377–83|pmid=17426726 | doi = 10.1038/nrmicro1638|issue=5}}</ref> Os fungos [[Endófito|endofíticos]] de ervas do género ''[[Neotyphodium]]'', como ''[[Neotyphodium coenophialum|N. coenophialum]]'', produzem alcalóides que são tóxicos para vários [[herbívoro]]s invertebrados e vertebrados. Estes alcalóides protegem as ervas da herbivoria, mas vários alcalóides endofíticos podem envenenar animais de pasto, como gado bovino e ovelhas.<ref name="Bush">{{cite journal|author=Bush LP, Wilkinson HH, Schardl CL.|year=1997|title=Bioprotective alkaloids of grass-fungal endophyte symbioses|journal=Plant Physiology|volume=114|pages=1–7|pmid=12223685|issue=1|pmc=158272}}</ref> A infecção de cultivares de ervas de pastagem e forragens com endófitos de ''Neotyphodium'' é uma abordagem em uso em programas de criação de ervas; as estirpes fúngicas são seleccionadas por produzirem apenas alcalóides que aumentam a resistência a herbívoros como os insectos, mas que não são tóxicos para o gado.<ref name="Bouton">{{cite journal|author=Bouton JH, Latch GCM, Hill NS, Hoveland CS, McCannc MA, Watson RH, Parish JA, Hawkins LL, Thompson FN.|year=2002|title=Use of nonergot alkaloid-producing endophytes for alleviating tall fescue toxicosis in sheep|journal=Agronomy Journal|volume=94|pages=567–74|id=http://agron.scijournals.org/cgi/content/full/94/3/567}}</ref>

=== Biorremediação ===
{{artigo principal|[[Micorremediação]]}}
Alguns fungos, em particular a podridão-branca, podem degradar [[insecticida]]s, [[herbicida]]s, [[pentaclorofenol]], [[creosoto]], [[alcatrão de hulha]], e combustíveis pesados, transformando-os em [[dióxido de carbono]], água, e elementos básicos.<ref name="pmid15875713">{{cite journal |author=Christian V, Shrivastava R, Shukla D, Modi HA, Vyas BR.|title=Degradation of xenobiotic compounds by lignin-degrading white-rot fungi: enzymology and mechanisms involved |journal=Indian Journal of Experimental Biology |volume=43 |issue=4 |pages=301–12 |year=2005 |pmid=15875713 |doi= |url= |accessdate=}}</ref> Demonstrou-se que há fungos capazes de [[Biomineralização|biomineralizar]] óxidos de [[urânio]], sugerindo que podem ter aplicação na biorremediação de sítios poluídos radioactivamente.<ref>BBC (2008). [http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/scotland/tayside_and_central/7384500.stm Fungi to fight 'toxic war zones'|accessed 2009-07-29]</ref><ref name="pmid18460315">{{cite journal |author=Fomina M, Charnock JM, Hillier S, Alvarez R, Livens F, Gadd GM. |title=Role of fungi in the biogeochemical fate of depleted uranium |journal=Current Biology |volume=18 |issue=9 |pages=R375–77 |year=2008|pmid=18460315 |doi=10.1016/j.cub.2008.03.011 |url=}}</ref><ref name="pmid17564604">{{cite journal |author=Fomina M, Charnock JM, Hillier S, Alvarez R, Gadd GM. |title=Fungal transformations of uranium oxides |journal=Environmental Microbiology |volume=9 |issue=7 |pages=1696–710 |year=2007|pmid=17564604 |doi=10.1111/j.1462-2920.2007.01288.x |url=}}</ref>

=== Organismos modelo ===
Algumas descobertas fulcrais da biologia foram feitas por investigadores que usavam fungos como [[organismos modelo]], isto é, fungos que crescem e reproduzem-se sexuadamente de forma rápida em laboratório. Por exemplo, a [[hipótese um gene-uma enzima]] foi formulada por cientistas que usaram o bolor do pão ''[[Neurospora crassa]]'' para testar as suas teorias bioquímicas.<ref name="Beadle&Tatum">{{Cite journal| doi =10.1073/pnas.27.11.499| volume = 27| issue = 11| pages = 499–506| author =Beadle GW, Tatum EL.| title = Genetic control of biochemical reactions in ''Neurospora''| journal = Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA| url = http://www.pnas.org/content/27/11/499.short| year =1941| pmid =16588492| pmc =1078370}}</ref> Outros fungos modelo importantes, ''[[Aspergillus nidulans]]'' e as leveduras, ''Saccaromyces cerevisiae'' e ''[[Schizosaccharomyces pombe]]'', têm cada um uma longa história de uso na investigação de questões da [[genética]] e [[biologia celular]] dos eucariotas, como a regulação do [[ciclo celular]], estrutura da [[cromatina]], e [[Regulação genética|regulação dos genes]]. Outros modelos fúngicos surgiram mais recentemente, direccionados para questões biológicas específicas relevantes para a [[medicina]], [[fitopatologia]] e usos industriais; entre os exemplos incluem-se ''[[Candida albicans]]'', um fungo dimórfico, e patógeno humano oportunista,<ref name="pmid2700541">{{cite journal |author=Datta A, Ganesan K, Natarajan K. |title=Current trends in ''Candida albicans'' research |journal=Advances in Microbial Physiology |volume=30 |issue= |pages=53–88 |year=1989 |pmid=2700541 |doi= 10.1016/S0065-2911(08)60110-1|url=}}</ref> ''[[Magnaporthe grisea]]'', um patógeno vegetal,<ref name="pmid15846337">{{cite journal |author=Dean RA, Talbot NJ, Ebbole DJ, ''et al.'' |title=The genome sequence of the rice blast fungus ''Magnaporthe grisea'' |journal=Nature |volume=434 |issue=7036 |pages=980–86 |year=2005 |pmid=15846337 |doi=10.1038/nature03449}}</ref> e ''[[Pichia pastoris]]'', uma levedura amplamente usada na [[expressão de proteína]]s eucariotas.<ref name="pmid15565717">{{cite journal |author=Daly R, Hearn MT. |title=Expression of heterologous proteins in ''Pichia pastoris'': a useful experimental tool in protein engineering and production |journal=Journal of Molecular Recognition: JMR |volume=18 |issue=2 |pages=119–38 |year=2005 |pmid=15565717 |doi=10.1002/jmr.687}}</ref>

=== Outros ===
Os fungos são muito utilizados na produção industrial de produtos químicos como os ácidos [[ácido cítrico|cítrico]], [[ácido glucónico|glucónico]], [[ácido láctico|láctico]] e [[ácido málico|málico]],<ref name="isbn0-521-43980-9">{{cite book |author=Schlegel HG. |title=General Microbiology |publisher=Cambridge University Press |location=Cambridge, UK |year=1993 |page=360 |isbn=0-521-43980-9}}</ref> antibióticos, e até de gangas deslavadas.<ref>{{cite web|url=http://www.nysaes.cornell.edu/ent/biocontrol/pathogens/trichoderma.html|title=''Trichoderma'' spp., including ''T. harzianum'', ''T. viride'', ''T. koningii'', ''T. hamatum'' and other spp. Deuteromycetes, Moniliales (asexual classification system)|accessdate=2007-07-10|work=Biological Control: A Guide to Natural Enemies in North America}}</ref> Os fungos são também fontes de enzimas industriais, como as [[lipase]]s usadas em [[detergente biológico|detergentes biológicos]],<ref name="pmid18571355">{{cite journal |author=Joseph B, Ramteke PW, Thomas G. |title=Cold active microbial lipases: some hot issues and recent developments |journal=Biotechnology Advances |volume=26 |issue=5 |pages=457–70 |year=2008 |pmid=18571355 |doi=10.1016/j.biotechadv.2008.05.003}}</ref> [[amilase]]s,<ref name="pmid16769167">{{cite journal |author=Olempska-Beer ZS, Merker RI, Ditto MD, DiNovi MJ. |title=Food-processing enzymes from recombinant microorganisms—a review |journal=Regulatory Toxicology and Pharmacology |volume=45 |issue=2 |pages=144–58 |year=2006|pmid=16769167 |doi=10.1016/j.yrtph.2006.05.001}}</ref> [[celulase]]s,<ref name="pmid18338189">{{cite journal |author=Kumar R, Singh S, Singh OV. |title=Bioconversion of lignocellulosic biomass: biochemical and molecular perspectives |journal=Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology |volume=35 |issue=5 |pages=377–91 |year=2008 |pmid=18338189 |doi=10.1007/s10295-008-0327-8}}</ref> [[invertase]]s, [[protease]]s e [[xilanase]]s.<ref name="pmid15944805">{{cite journal |author=Polizeli ML, Rizzatti AC, Monti R, Terenzi HF, Jorge JA, Amorim DS. |title=Xylanases from fungi: properties and industrial applications |journal=Applied Microbiology and Biotechnology |volume=67 |issue=5 |pages=577–91 |year=2005 |pmid=15944805 |doi=10.1007/s00253-005-1904-7}}</ref> Algumas espécies, mais particularmente cogumelos do género ''[[Psilocybe]]'' (coloquialmente chamados ''cogumelos mágicos''), são ingeridos pelas suas propriedades [[Droga psicadélica|psicadélicas]], tanto [[droga recreativa|recreativamente]] como religiosamente.

== Micotoxinas ==
[[Ficheiro:Ergotamine3.png|thumb|right|alt=(6aR,9R)-N-((2R,5S,10aS,10bS)-5-benzyl-10b-hydroxy-2-methyl-3,6-dioxooctahydro-2H-oxazolo[3,2-a] pyrrolo[2,1-c]pyrazin-2-yl)-7-methyl-4,6,6a,7,8,9-hexahydroindolo[4,3-fg] quinoline-9-carboxamide|[[Ergotamina]], uma das principais micotoxinas, produzida por espécies de ''[[Claviceps]]'', que ingerida, pode causar [[gangrena]], convulsões, e [[alucinação|alucinações]]]]
Muitos fungos produzem compostos [[actividade biológica|biologicamente activos]], vários dos quais são [[Toxina|tóxicos]] para animais ou plantas, os quais são designados [[micotoxina]]s. Particularmente relevantes para os humanos são as micotoxinas produzidas pelos bolores que causam a deterioração de alimentos, e os cogumelos venenosos (ver acima). Particularmente dignas de nota sãos as [[amatoxina]]s de alguns cogumelos ''[[Amanita]]'', e [[ergotamina]]s, as quais têm uma longa história de causarem sérias epidemias de [[ergotismo]] em pessoas que consomem [[centeio]] e cereais relacionados contaminados com [[esclerótio]]s de ''[[Claviceps purpurea]]''.<ref name="Schardl et al.2007">{{cite journal|author=Schardl CL, Panaccione DG, Tudzynski P.|year=2006|title=Ergot alkaloids—biology and molecular biology|journal= The Alkaloids. Chemistry and Biology|volume=63|pages=45–86|pmid=17133714|doi=10.1016/S1099-4831(06)63002-2}}</ref> Outras micotoxinas notáveis são as [[aflatoxina]]s, as quais são [[Hepatotoxicidade|toxinas hepáticas]] insidiosas e metabolitos altamente [[carcinogénico]]s produzidos por certas espécies de ''[[Aspergillus]]'', que muitas vezes se desenvolvem em cereais ou em nozes consumidas por humanos, [[ocratoxina]]s, [[patulina]], e [[tricoteceno]]s (por exemplo, [[micotoxina T-2]]) e [[fumonisina]]s, as quais têm um impacto significativo sobre as reservas alimentares e no gado.<ref name="van Egmond">{{cite journal|author=van Egmond HP, Schothorst RC, Jonker MA.|year= 2007|title=Regulations relating to mycotoxins in food: perspectives in a global and European context|journal=Analytical and Bioanalytical Chemistry|volume=389|pages=147–57|pmid=17508207|doi=10.1007/s00216-007-1317-9|issue=1}}</ref>

As micotoxinas são metabolitos secundários, e as pesquisas demonstraram a existência nos fungos de vias bioquímicas com o único propósito de produzir micotoxinas e outros produtos naturais.<ref name="Keller, Turner, & Bennett">{{cite journal|author=Keller NP, Turner G, Bennett JW.|year= 2005|title=Fungal secondary metabolism – from biochemistry to genomics|journal=Nature Reviews in Microbiology|volume=3|pages=937–47|pmid=16322742|doi=10.1038/nrmicro1286|issue=12}}</ref> As micotoxinas podem fornecer benefícios de aptidão em termos de adaptação fisiológica, competição com outros micróbios e fungos, e protecção contra o consumo ([[fungívoro|fungivoria]]).<ref name="Demain and Fang">{{cite journal|author=Demain AL, Fang A.|year= 2000|title=The natural functions of secondary metabolites|journal=Advances in Biochemical Engineering/Biotechnology|volume=69|pages=1–39|pmid=11036689|doi=10.1007/3-540-44964-7_1}}</ref><ref name="Rohlfs et al.">{{cite journal|author=Rohlfs M, Albert M, Keller NP, Kempken F.|year= 2007|title=Secondary chemicals protect mould from fungivory|journal=Biology Letters|volume=3|pages=523–5|pmid=17686752|doi=10.1098/rsbl.2007.0338|issue=5|pmc=2391202}}</ref>

== Micologia ==
A [[micologia]] é um ramo da [[biologia]] que se ocupa do estudo sistemático dos fungos, incluindo as suas propriedades genéticas e bioquímicas, a sua taxonomia, e a sua utilidade para os humanos como fontes de medicamentos, alimento, [[Enteógeno|substâncias psicotrópicas]] consumidas com propósitos religiosos, bem como os seus perigos, como o envenenamento e infecção. O campo da [[fitopatologia]], o estudo das doenças das plantas, está estreitamente relacionado com a micologia, pois muitos dos patógenos vegetais são fungos.<ref name="isbn1-4020-4580-8"> Segundo uma estimativa de 2001, conhecem-se cerca de 10 000 doenças causadas por fungos. {{cite book |last=Struck C.|editor-last=Cooke BM, Jones DG, Kaye B |title=The Epidemiology of Plant Diseases |publisher=Springer |location=Berlin |year=2006 |page=117 |isbn=1-4020-4580-8|chapter=Infection strategies of plant parasitic fungi}}</ref>

O uso dos fungos pelos humanos data da pré-história. [[Ötzi]], o Homem do Gelo, uma múmia de um homem do [[Neolítico]] com 5 300 anos de idade encontrada nos Alpes austríacos, transportava consigo duas espécies de cogumelos [[poliporo]]s que podem ter sido usados como [[mecha]] (''[[Fomes fomentarius]]''), ou para fins medicinais (''[[Piptoporus betulinus]]'').<ref name="pmid">{{cite journal |author=Peintner U, Pöder R, Pümpel T.|title=The Iceman's fungi|journal=Mycological Research |volume=102 |issue=10 |pages=1153–62 |year=1998|doi=10.1017/S0953756298006546}}</ref> Os povos antigos usaram os fungos como fontes de alimento – frequentemente sem o saberem – durante milénios, na preparação de pão levedado e sumos fermentados. Alguns dos mais antigos registos escritos contêm referências a destruições de colheitas provavelmente causadas por fungos patogénicos.<ref>Ainsworth, p. 1.</ref>

=== História ===
A micologia é uma ciência relativamente recente que se tornou sistemática após o desenvolvimento do [[microscópio]] no século XVI. Embora os esporos de fungos tenham sido observados pela primeira vez por [[Giambattista della Porta]] em 1588, o trabalho seminal no desenvolvimento da micologia terá sido a publicação em 1729 da obra ''Nova plantarum genera'' de [[Pier Antonio Micheli]].<ref>Alexopoulos ''et al.'', pp. 1–2.</ref> Micheli não só observou esporos, como mostrou que sob as condições apropriadas, eles poderiam ser induzidos a desenvolverem-se na mesma espécie de fungo da qual haviam sido originados.<ref>Ainsworth, p. 18.</ref> Estendendo o uso do [[sistema binomial]] de [[Carl Linnaeus]] no seu ''[[Species plantarum]]'' (1753), o neerlandês [[Christiaan Hendrik Persoon]] (1761–1836) estabeleceu a primeira classificação de cogumelos com tal perícia, que é considerado um dos fundadores da micologia moderna. Mais tarde, [[Elias Magnus Fries]] (1794–1878) melhorou a [[Classificação científica|classificação]] dos fungos, usando a cor dos esporos e várias características microscópicas, métodos ainda hoje usados pelos taxonomistas. Entre outros contribuidores notáveis no desenvolvimento da micologia nos séculos XVII-XIX e início do século XX incluem-se [[Miles Joseph Berkeley]], [[August Carl Joseph Corda]], [[Anton de Bary]], os irmãos [[Louis René Tulasne|Louis René]] e [[Charles Tulasne]], [[Arthur Henry Reginald Buller|Arthur H. R. Buller]], [[Curtis Gates Lloyd|Curtis G. Lloyd]], e [[Pier Andrea Saccardo]]. O século XX assistiu à modernização da micologia, devido aos avanços na [[bioquímica]], [[genética]], [[biologia molecular]] e [[biotecnologia]]. O uso das tecnologias de [[sequenciação de ADN]] e da análise filogenética, forneceu novas pistas sobre as relações dos fungos e a [[biodiversidade]], e desafiou as classificações tradicionais da [[taxonomia]] dos fungos baseadas na morfologia.<ref>{{cite journal |last=Hawksworth DL. |year=2006 |title=Pandora's Mycological Box: Molecular sequences vs. morphology in understanding fungal relationships and biodiversity |journal=Revista Iberoamericana de Micologia |volume=23 |pages=127–33 |doi=10.1016/S1130-1406(06)70031-6 |pmid=17196017|issue=3}}</ref>

== Ver também ==
* [[Fitopatologia]]

{{Referências|Notas de rodapé}}
{{Tradução/ref|en|Fungus|oldid=347273401}}
== Bibliografia ==
* {{cite book |author=Ainsworth GC. |title=Introduction to the History of Mycology |publisher=Cambridge University Press |location=Cambridge, UK |year=1976|isbn=0-521-11295-8}}
* {{cite book|author=Alexopoulos CJ, Mims CW, Blackwell M.| title=Introductory Mycology | year=1996 | publisher=John Wiley and Sons | isbn=0471522295}}
* {{cite book |author=Deacon J.|title=Fungal Biology |publisher=Blackwell Publishers |location=Cambridge, MA |year=2005 |isbn=1-4051-3066-0}}
* {{cite book |author=Hall IR. |title=Edible and Poisonous Mushrooms of the World |publisher=Timber Press |location=Portland, Oregon |year=2003 |page= |isbn=0-88192-586-1}}
* {{cite book|author=Hanson JR.| title=The Chemistry of Fungi | year=2008 | publisher=Royal Society Of Chemistry| isbn=0854041362}}
* {{cite book |author=Jennings DH, Lysek G.|title=Fungal Biology: Understanding the Fungal Lifestyle|year=1996 |publisher=Bios Scientific Publishers Ltd |location=Guildford, UK |isbn=978-1859961506}}
* {{cite book |author=Kirk PM, Cannon PF, Minter DW, Stalpers JA. |title=Dictionary of the Fungi. 10th ed |publisher=CABI |location=Wallingford |year=2008|isbn=0-85199-826-7}}
* {{cite book |author=Taylor EL, Taylor TN. |title=The Biology and Evolution of Fossil Plants |publisher=Prentice Hall |location=Englewood Cliffs, N.J |year=1993|isbn=0-13-651589-4}}

== {{ligações externas}} ==
{{sisterlinks|wikt=fungi|commons=Category:Fungi|species=Fungi}}

* [http://tolweb.org/fungi Tree of Life web project: Fungi]
* {{eol|5559}}
* {{link|en|2=http://tolweb.org/tree?group=Fungi&contgroup=Eukaryotes Fungi|3=no "Tree of Life Web Project"}}
* {{link|pt|2=http://www.naturlink.sapo.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=12146|3=Os Fungos: a sua vida e como influenciam a nossa, no naturlink.sapo.pt.}}

{{Fungi}}
{{Elementos da Natureza}}
{{Elementos da Natureza}}
{{Classificação Eukaryota}}
{{Classificação Eukaryota}}


[[Categoria:Fungos]]
[[Categoria:Fungos|Fungi]]



{{Link FA|en}}
{{Link FA|lt}}
{{Link FA|lt}}
{{Link FA|en}}

[[af:Swam]]
[[af:Swam]]
[[als:Pilze]]
[[als:Pilze]]
[[an:Fungi]]
[[ar:فطر]]
[[ar:فطر]]
[[an:Fungi]]
[[ast:Fungi]]
[[ast:Fungi]]
[[az:Göbələk]]
[[az:Göbələk]]
[[bat-smg:Kremblē]]
[[be:Грыбы]]
[[bg:Гъби]]
[[bn:ছত্রাক]]
[[bn:ছত্রাক]]
[[zh-min-nan:Khún-lūi]]
[[be:Грыбы]]
[[bs:Gljive]]
[[bs:Gljive]]
[[bg:Гъби]]
[[ca:Fong]]
[[ca:Fong]]
[[cs:Houby]]
[[cv:Кăмпа]]
[[cv:Кăмпа]]
[[cs:Houby]]
[[cy:Ffwng]]
[[cy:Ffwng]]
[[da:Svampe]]
[[da:Svampe]]
[[de:Pilze]]
[[de:Pilze]]
[[et:Seened]]
[[el:Μύκητας]]
[[el:Μύκητας]]
[[en:Fungus]]
[[myv:Пангт]]
[[eo:Fungoj]]
[[es:Fungi]]
[[es:Fungi]]
[[et:Seened]]
[[eo:Fungoj]]
[[eu:Onddo]]
[[eu:Onddo]]
[[fa:قارچ]]
[[fa:قارچ]]
[[fi:Sienet]]
[[fiu-vro:Siin]]
[[fo:Soppar]]
[[fo:Soppar]]
[[fr:Mycota]]
[[fr:Mycota]]
[[ga:Fungas]]
[[ga:Fungas]]
[[gv:Fungys]]
[[gd:Balgan]]
[[gd:Balgan]]
[[gl:Fungo (bioloxía)]]
[[gl:Fungo (bioloxía)]]
[[xal:Теңгрин ки]]
[[gv:Fungys]]
[[he:פטריות]]
[[ko:균계]]
[[hi:फफूंद]]
[[hi:फफूंद]]
[[hsb:Hriby]]
[[hr:Gljive]]
[[hr:Gljive]]
[[hsb:Hriby]]
[[hu:Gombák]]
[[id:Fungi]]
[[id:Fungi]]
[[is:Sveppir]]
[[is:Sveppir]]
[[it:Fungi]]
[[it:Fungi]]
[[ja:菌類]]
[[he:פטריות]]
[[jv:Fungi]]
[[jv:Fungi]]
[[pam:Fungus]]
[[ka:სოკოები]]
[[ka:სოკოები]]
[[ko:균계]]
[[sw:Kuvu]]
[[la:Fungi]]
[[la:Fungi]]
[[lv:Sēnes]]
[[lb:Pilzeräich]]
[[lb:Pilzeräich]]
[[lmo:Fungi]]
[[ln:Liyɛbú]]
[[lt:Grybai]]
[[lt:Grybai]]
[[lv:Sēnes]]
[[ln:Liyɛbú]]
[[lmo:Fungi]]
[[hu:Gombák]]
[[mk:Габа]]
[[mk:Габа]]
[[ml:പൂപ്പല്‍]]
[[ml:പൂപ്പല്]]
[[ms:Kulat]]
[[ms:Kulat]]
[[myv:Пангт]]
[[nah:Nanacatl]]
[[nah:Nanacatl]]
[[nds:Poggenstöhl]]
[[nl:Schimmels]]
[[nl:Schimmels]]
[[nn:Sopp]]
[[ja:菌類]]
[[no:Sopper]]
[[no:Sopper]]
[[nn:Sopp]]
[[oc:Mycota]]
[[oc:Mycota]]
[[pam:Fungus]]
[[nds:Poggenstöhl]]
[[pl:Grzyby]]
[[pl:Grzyby]]
[[qu:K'allampa]]
[[ro:Regnul Fungi]]
[[ro:Regnul Fungi]]
[[qu:K'allampa]]
[[ru:Грибы]]
[[ru:Грибы]]
[[sah:Тэллэйдэр]]
[[sah:Тэллэйдэр]]
[[se:Guobbarat]]
[[sc:Cordolinu]]
[[sc:Cordolinu]]
[[stq:Poagenstoule (Riek)]]
[[scn:Funci]]
[[scn:Funci]]
[[se:Guobbarat]]
[[sh:Gljiva]]
[[simple:Fungus]]
[[simple:Fungus]]
[[sk:Huby]]
[[sk:Huby]]
[[sl:Glive]]
[[sl:Glive]]
[[szl:Grziby]]
[[sr:Гљиве]]
[[sr:Гљиве]]
[[sh:Gljiva]]
[[stq:Poagenstoule (Riek)]]
[[fi:Sienet]]
[[sv:Svampar]]
[[sv:Svampar]]
[[sw:Kuvu]]
[[tl:Halamang-singaw]]
[[szl:Grziby]]
[[ta:பூஞ்சை]]
[[ta:பூஞ்சை]]
[[te:శిలీంధ్రం]]
[[te:శిలీంధ్రం]]
[[th:เห็ดรา]]
[[th:เห็ดรา]]
[[tl:Halamang-singaw]]
[[to:Talingelinga]]
[[to:Talingelinga]]
[[tr:Mantarlar]]
[[tr:Mantarlar]]
[[ug:زەمبۇرۇغ]]
[[uk:Гриби]]
[[uk:Гриби]]
[[ug:زەمبۇرۇغ]]
[[vec:Funghi]]
[[vec:Funghi]]
[[vi:Nấm]]
[[vi:Nấm]]
[[fiu-vro:Siin]]
[[wa:Tchampion]]
[[wa:Tchampion]]
[[war:Fungus]]
[[war:Fungus]]
[[xal:Теңгрин ки]]
[[yi:שוואם]]
[[yi:שוואם]]
[[bat-smg:Kremblē]]
[[zh:真菌]]
[[zh:真菌]]
[[zh-min-nan:Khún-lūi]]

Revisão das 09h42min de 21 de março de 2010

 Nota: Se procura pela banda, veja Reino Fungi (banda).
Fungi
Intervalo temporal: Início do Devónico – Recente (ver texto)
No sentido dos ponteiros do relógio, desde em cima à esquerda: Amanita muscaria, um basidiomicete; Sarcoscypha coccinea, um ascomicete; pão coberto de bolor; um quitrídio; um conidióforo de Penicillium.
Classificação científica
Domínio:
(unranked):
Reino:
(L., 1753) R.T. Moore, 1980[1]
Subdivisão:
Subreinos/Filos/Subfilos[2]
Blastocladiomycota
Chytridiomycota
Glomeromycota
Microsporidia
Neocallimastigomycota

Dikarya (inc. Deuteromycota)

Ascomycota
Pezizomycotina
Saccharomycotina
Taphrinomycotina
Basidiomycota
Agaricomycotina
Pucciniomycotina
Ustilaginomycotina

Subfilos Incertae sedis

Entomophthoromycotina
Kickxellomycotina
Mucoromycotina
Zoopagomycotina

Os fungos são os membros de um grande grupo de organismos eucariotas que inclui micro-organismos tais como as leveduras e bolores, bem como os mais familiares cogumelos. Os fungos são classificados num reino separado das plantas, animais e bactérias. Uma grande diferença é o facto de as células dos fungos terem paredes celulares que contêm quitina, ao contrário das células vegetais, que contêm celulose. Estas e outras diferenças mostram que os fungos formam um só grupo de organismos relacionados entre si, chamados Eumycota (fungos verdadeiros ou Eumycetes), e que partilham um ancestral comum (um grupo monofilético). Este grupo de fungos é distinto dos estruturalmente similares Myxomycetes (agora classificados em Myxogastria) e Oomycetes. A disciplina da biologia dedicada ao estudo dos fungos é a micologia, muitas vezes vista como um ramo da botânica, mesmo apesar de os estudos genéticos terem mostrado que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas.

Abundantes em todo mundo, a maioria dos fungos são inconspícuos devido ao pequeno tamanho das sua estruturas, e pelos seus modos de vida crípticos no solo, na matéria morta, e como simbiontes de plantas, animais, e outros fungos. Podem tornar-se notados quando frutificam, seja como cogumelos ou como bolores. Os fungos desempenham um papel essencial na decomposição da matéria orgânica e têm papeis fundamentais nas trocas e ciclos de nutrientes. São desde há muito tempo utilizados como uma fonte directa de alimentação, como no caso dos cogumelos e trufas, como agentes levedantes no pão, e na fermentação de vários produtos alimentares, como o vinho, a cerveja, e o molho de soja. Desde a década de 1940, os fungos são usados na produção de antibióticos, e, mais recentemente, várias enzimas produzidas por fungos são usadas industrialmente e em detergentes. São também usados como agentes biológicos no controlo de ervas daninhas e pragas agrícolas. Muitas espécies produzem compostos bioactivos chamados micotoxinas, como alcalóides e policetídeos, que são tóxicas para animais e humanos. As estruturas frutíferas de algumas espécies contêm compostos psicotrópicos, que são consumidos recreativamente ou em cerimónias espirituais tradicionais. Os fungos podem decompor materiais artificiais e construções, e tornar-se patogénicos para animais e humanos. As perdas nas colheitas devidas a doenças causadas por fungos ou à deterioração de alimentos pode ter um impacto significativo no fornecimento de alimentos e nas economias locais.

O reino dos fungos abrange uma enorme diversidade de taxa, com ecologias, estratégias de ciclos de vida e morfologias variadas, que vão desde os quitrídios aquáticos unicelulares aos grandes cogumelos. Contudo, pouco se sabe da verdadeira biodiversidade do reino Fungi, que se estima incluir 1,5 milhões de espécies, com apenas cerca de 5% destas formalmente classificadas. Desde os trabalhos taxonómicos pioneiros dos séculos XVII e XVIII efectuados por Lineu, Christiaan Hendrik Persoon, e Elias Magnus Fries, os fungos são classificados segundo a sua morfologia (i.e. características como a cor do esporo ou características microscópicas) ou segundo a sua fisiologia. Os avanços na genética molecular abriram o caminho à inclusão da análise de ADN na taxonomia, o que desafiou por vezes os antigos agrupamentos baseados na morfologia e outros traços. Estudos filogenéticos publicados no último decénio têm ajudado a modificar a classificação do reino Fungi, o qual está dividido em um sub-reino, sete filos e dez subfilos.

Etimologia

Wikcionário
Wikcionário
O Wikcionário tem o verbete fungi.

A palavra portuguesa fungo deriva do termo latino fungus (cogumelo), usado nos escritos de Horácio e Plínio, o Velho.[3] Por seu lado, fungus é derivado do grego sphongos/σφογγος ("esponja"), que se refere às estruturas e morfologia macroscópicas dos cogumelos e bolores. O uso do termo micologia, derivado do grego mykes/μύκης (cogumelo) e logos/λόγος (discurso),[4] para denotar o estudo científico dos fungos, terá sido usado pela primeira vez em 1836, pelo naturalista inglês Miles Joseph Berkeley na obra The English Flora of Sir James Edward Smith, Vol. 5.[5]

Características

Antes da introdução dos métodos moleculares de análise filogenética, os taxonomistas consideravam que os fungos eram membros do reino Plantae devido a semelhanças nos seus modos de vida: tanto os fungos como as plantas são na sua maioria imóveis, e apresentam semelhanças na morfologia geral e no habitat em que se desenvolvem. Tal como as plantas, muitas vezes os fungos crescem no solo, e no caso dos cogumelos formam corpos frutíferos conspícuos, que por vezes se assemelham a plantas como os musgos. Os fungos são agora considerados um reino separado, distintos das plantas e animais, dos quais parecem ter divergido há cerca de mil milhões de anos.[6][7] Algumas características morfológicas, bioquímicas, e genéticas são partilhadas com outros organismo, enquanto outras são exclusivas dos fungos, separando-os claramente dos outros reinos:

Características partilhadas:

Características únicas:

  • Algumas espécies crescem como leveduras unicelulares que se reproduzem por gemulação ou por fissão binária. Os fungos dimórficos podem alternar entre uma fase de levedura e uma fase com hifas, em função das condições ambientais.[19]
  • A parede celular dos fungos é composta por glicanos e quitina; enquanto os primeiros são também encontrados em plantas e a última no exosqueleto dos artrópodes,[20][21] os fungos são os únicos organismos que combinam estas duas moléculas estruturais na sua parede celular. Ao contrário das plantas e dos Oomycetes, as paredes celulares dos fungos não contêm celulose.[22]
Um cogumelo com forma de funil crecendo na base de uma árvore.
Omphalotus nidiformis, um cogumelo bioluminescente.

A maioria dos fungos carece de um sistema eficiente para o transporte de água e nutrientes a longa distância, como o xilema e o floema de muitas plantas. Para ultrapassar estas limitações, alguns fungos, como Armillaria, formam rizomorfos[23] que morfológica e funcionalmente semelhantes às raizes das plantas. Outra característica partilhada com as plantas consiste numa via bioquímica para a produção de terpenos que usa ácido mevalónico e pirofosfato como precursores.[24] Porém, as plantas têm uma via bioquímica para a produção de terpenos nos seus cloroplastos, uma estrutura que os fungos não possuem.[25] Os fungos produzem vários metabolitos secundários que são estruturalmente semelhantes ou idênticos aos produzidos pelas plantas.[24] Muitas das enzimas de plantas e fungos que produzem estes compostos diferem entre si na sequência de aminoácidos e outras características, o que indica origens e evolução separadas destas enzimas nos fungos e plantas.[24][26]

Diversidade

Os fungos têm uma distribuição mundial, e desenvolvem-se numa grande variedade de habitats, incluindo ambientes extremos como desertos ou áreas com elevadas concentrações de sais[27] ou radiações ionizantes,[28] bem como em sedimentos de mar profundo.[29] Alguns podem sobreviver às intensas radiações UV e cósmica encontradas durante as viagens espaciais.[30]

A maioria desenvolve-se em ambientes terrestres, embora várias espécies vivam parcial ou totalmente em ambientes aquáticos, como o fungo quitrídio Batrachochytrium dendrobatidis, um parasita responsável pelo declínio global das populações de anfíbios. Este organismo passa parte do seu ciclo de vida na forma de um zoósporo móvel, o que lhe permite propulsar-se através da água e entrar no seu hóspede anfíbio.[31] Outros exemplos de fungos aquáticos incluem aqueles que vivem em zonas hdrotermais dos oceanos.[32]

Estão descritas formalmente pelos taxonomistas cerca de 100 000 espécies de fungos,[33] mas a biodiversidade global do reino dos fungos não é totalmente compreendida.[34] Com base em observações do quociente entre o número de espécies de fungos e o número de espécies de plantas em ambientes seleccionados, estima-se que o reino dos fungos contenha cerca de 1,5 milhões de espécies.[35] Em termos históricos, em micologia, as espécies têm sido distinguidas por vários métodos e conceitos. A classificação baseada nas características morfológicas, como o tamanho e forma dos esporos ou das estruturas frutíferas, tem dominado tradicionalmente a taxonomia dos fungos.[36] As espécies podem também ser distinguidas pelas suas características bioquímicas e fisiológicas, tais como a sua capacidade para metabolizar certos compostos bioquímicos, ou a sua reacção a testes químicos. O conceito biológico de espécie discrimina as espécies com base na sua capacidade de acasalamento. A aplicação de ferramentas moleculares, como a sequenciação de ADN e a análise filogenética, no estudo da diversidade melhorou significativamente a resolução e aumentou a robustez das estimativas da diversidade genética nos vários grupos taxonómicos. [37]

Morfologia

Estruturas microscópicas

Vista microscópica de várias células tingidas de púrpura com duas linhas espessas, de cor púrpura escura e pequenos círculos escuros púpura próximos das linhas
Uma hifa de Hyaloperonospora parasitica (míldio penugento) crescendo no tecido foliar de Arabidopsis thaliana. A estrutura comprida é a hifa, e as pequenas esferas são haustórios, os quais extraem nutrientes das células da planta.

A maioria dos fungos desenvolvem-se como hifas, que são estruturas filamentosas, cilíndricas, com 2 a 10 µm de diâmetro e até vários centímetros de comprimento. As hifas crescem nas suas extremidades (ápices); novas hifas formam-se tipicamente por meio da emergência de novas extremidades ao longo da hifa existente num processo designado “ramificação”, ou ocasionalmente por bifurcação de extremidades de uma hifa em crescimento, dando origem a duas hifas com crescimento paralelo.[38] A combinação do crescimento apical com a ramificação/bifurcação conduz ao desenvolvimento de um micélio, uma rede interconectada de hifas.[19] As hifas podem ser septadas ou cenocíticas: as hifas septadas são divididas em compartimentos separados por paredes transversais (paredes celulares internas, chamadas septos, que se formam perpendicularmente à parede celllar, dando à hifa a sua forma), cada compartimento contendo um ou mais núcleos; as hifas cenocíticas não são compartimentadas.[39] Os septos têm poros que permitem a passagem de citoplasma, organelos, e por vezes núcleos; um exemplo é o septo doliporo dos fungos do filo Basidiomycota.[40] As hifas cenocíticas são essencialmente supercélulas multinucleadas. [41]

Muitas espécies desenvolveram estruturas hifais especializadas na absorção de nutrientes dos hospedeiros vivos; dois exemplos são os haustórios nas espécies parasitas de plantas da maioria dos filos de fungos, e os arbúsculos de vários fungos micorrízicos, que penetram nas células do hospedeiro para consumir nutrientes.[42]

Embora os fungos sejam opistocontes – um agrupamento de organismos evolutivamente aparentados, caracterizados em termos gerais por possuírem um único flagelo posterior – todos os filos, excepto o dos quitrídeos, perderam os seus flagelos posteriores.[43] Os fungos são incomuns entre os eucariotas por terem uma parede celular que, além dos glicanos (p.e. β-1,3-glicano) e outros components típicos, contém também o biopolímero quitina.[44]

Estruturas macroscópicas

Um aglomerado de grandes cogumelos de caules grossos, crescendo na base de uma árvore
Armillaria ostoyae

Os micélios dos fungos podem tornar-se visíveis a olho nu, por exemplo, em várias superfícies e substratos, tais como paredes húmidas e comida deteriorada, sendo vulgarmente chamados bolores. Os micélios desenvolvidos em meio de agar sólido em placas de Petri de laboratório são usualmente designados colónias. Estas colónias podem apresentar formas e cores de crescimento (devido aos esporos ou a pigmentação) que podem ser usadas como características de diagnóstico na identificação de espécies ou grupos.[45] Algumas colónias individuais de fungos podem atingir dimensões e idades extraordinárias, como é o caso de uma colónia clonal de Armillaria ostoyae, que se estende por mais de 900 ha, com uma idade estimada em cerca de 9 000 anos.[46]

O apotécio – uma estrutura especializada importante na reprodução sexuada de Ascomycetes – é um corpo frutífero em forma de taça que contém o himénio, uma camada de tecido contendo as células portadoras de esporos.[47] Os corpos frutíferos dos basidiomicetes e de alguns ascomicetes podem, por vezes, atingir grandes dimensões, e muitos são bem conhecidos como cogumelos.

Crescimento e fisiologia

O crescimento dos fungos como hifas em substratos sólidos ou como células singulares em ambientes aquáticos, está adaptado para a extracção eficiente de nutrientes, pois estas formas de crescimento têm uma razão entre a área superficial e o volume bastante alta.[48] As hifas estão especificamente adaptadas ao crescimento sobre superfícies sólidas e à invasão de substratos e tecidos.[49] Podem exercer grandes forças mecânicas penetrativas; por exemplo, o patógeno vegetal Magnaporthe grisea forma uma estrutura chamada apressório que evoluiu de forma a perfurar tecidos vegetais.[50] A pressão gerada pelo apressório, dirigida contra a epiderme da planta, pode exceder os 8 MPa (80 bar).[50] O fungo filamentoso Paecilomyces lilacinus, usa uma estrutura semelhante para penetrar os ovos de nemátodes.[51]

Time-lapse photography sequence of a peach becoming progressively discolored and disfigured
Bolor cobrindo um pêssego em decomposição. As imagens foram obtidas a intervalos de aproximadamente 12 horas ao longo de seis dias.

A pressão mecânica exercida pelo apressório é gerada a partir de processos fisiológicos que aumentam o turgor intracelular ao produzirem osmólitos como o glicerol.[52] Adaptações morfológicas como estas são complementadas por enzimas hidrolíticas segregadas para o ambiente para a digestão de grandes moléculas orgânicas – como polissacarídeos, proteínas, lípidos, e outros substratos orgânicos – em moléculas menores que podem então ser absorvidas como nutrientes.[53][54][55] A vasta maioria dos fungos filamentosos cresce de um modo polar – i.e., por extensão numa direcção – por alongamento no ápice da hifa.[56] Formas alternativas de crescimento dos fungos incluem a extensão intercalar (i.e. por expansão longitudinal de compartimentos hifais que estão abaixo do ápice), como é o caso em alguns fungos endófitos,[57] ou o crescimento por expansão do volume durante o desenvolvimento das estipes dos cogumelos e doutros grandes órgãos.[58] O crescimento dos fungos como estruturas multicelulares consistindo de células somáticas e reprodutoras – uma característica que evoluiu de modo independente nos animais e plantas[59] - tem várias funções, incluindo o desenvolvimento de corpos frutíferos para a disseminação dos esporos sexuais (ver acima) e de biofilmes para a colonização de substratos e comunicação intercelular.[60]

Tradicionalmente, os fungos são considerados heterotróficos, organismos que dependem exclusivamente do carbono fixado por outros organismos para o seu metabolismo. Os fungos desenvolveram um grau elevado de versatilidade metabólica, o que lhes permite utilizar uma variedade de substratos orgânicos para o seu crescimento, incluindo compostos simples como nitrato, amónia, acetato, ou etanol.[61][62] Demonstrou-se para algumas espécies que o pigmento melanina pode ter um papel na extracção de energia da radiação ionizante, como a radiação gama; porém, esta forma de crescimento «radiotrófico» foi descrita apenas em algumas poucas espécies, os efeitos nas velocidades de crescimento são pequenos, e os processos biofísicos e bioquímicos subjacentes são desconhecidos.[28] Os autores especulam que este processo pode ter semelhança com a fixação do dióxido de carbono via luz visível, mas utilizando radiação ionizante como a fonte de energia.[63]

Reprodução

Polyporus squamosus

A reprodução dos fungos é complexa, reflectindo as diferenças de modos de vida e da constituição genética existentes neste reino. [64] Estima-se que um terço de todos os fungos reproduzem-se por modos diferentes de propagação; por exemplo, a reprodução pode ocorrer em dois estágios bem diferenciados no ciclo de vida de uma espécie, o teleomorfo e o anamorfo.[65] As condições ambientais desencadeiam estados de desenvolvimento geneticamente determinados que conduzem à criação de estruturas especializadas para a reprodução sexuada ou assexuada. Estas estruturas auxiliam a reprodução ao dispersarem eficientemente esporos ou propágulos contendo esporos.

Reprodução assexuada

A reprodução assexuada por meio de esporos vegetativos (conídios) ou através da fragmentação do micélio é comum; ela mantém populações clonais adaptadas a um nicho ecológico específico e permite uma dispersão mais rápida do que a reprodução sexuada.[66] Os fungi imperfecti (fungos que não apresentam estágio sexuado) ou Deuteromycota, incluem todas as espécies que não possuem um ciclo sexual observável.[67]

Reprodução sexuada

A reprodução sexuada com meiose existe em todos os filos de fungos, excepto Glomeromycota.[68] Difere em muitos aspectos da reprodução sexuada de animais e plantas. Existem também diferenças entre grupos de fungos, as quais podem ser usadas para discriminar espécies em função de diferenças morfológicas nas estruturas sexuais e das estratégias de reprodução.[69][70] Experiências de acasalamento entre isolados de fungos podem identificar espécies com base em conceitos biológicos de espécie.[70] Os principais agrupamentos de fungos foram inicialmente delineados com base na morfologia das suas estruturas sexuais e esporos; por exemplo, as estruturas portadoras de esporos, ascos e basídios, podem ser usadas na identificação de ascomicetos e basidiomicetos, respectivamente. Algumas espécies permitem o acasalamento apenas entre indivíduos de tipo reprodutor oposto, enquanto noutras podem acasalar e reproduzir-se sexuadamente com qualquer outro indivíduo ou com eles mesmos. As primeiras dizem-se heterotálicas e as segundas homotálicas.[71]

A maioria dos fungos tem um estágio haplóide e um estágio diplóide nos seus ciclos de vida. Nos fungos de reprodução sexuada, os indivíduos compatíveis podem combinar-se fundindo as suas hifas numa rede interconectada; este processo, anastomose, é requerido para o início do ciclo sexual. Os ascomicetos e os basidiomicetos passam por um estágio dicariótico, no qual os núcleos herdados dos dois pais não se combinam imediatamente após a fusão celular, antes permanecendo separados nas células hifais (ver heterocariose).[72]

Os ascos de Morchella elata com 8 esporos, vistos com microscópio de contraste de fase

Nos ascomicetos, as hifas dicarióticas do himénio (a camada de tecido portador de esporos) formam um gancho característico no septo hifal. Durante a divisão celular, a formação do gancho assegura a correcta distribuição dos núcleos recém-divididos nos compartimentos hifais apical e basal. Forma-se então um asco, no qual ocorre cariogamia (fusão dos núcleos). Os ascos estão contidos num ascocarpo, ou corpo frutífero. A cariogamia nos ascos é imediatamente seguida de meiose e pela produção de ascósporos. Após a dispersão, os ascósporos podem germinar e formar um novo micélio haplóide.[73]

A reprodução sexuada dos basidiomicetos é semelhante à dos ascomicetos. Hifas haplóides compatíveis fundem-se para dar origem a um micélio dicariótico. Porém, a fase dicariótica é mais extensa nos basidiomicetos, estando muitas vezes presente também no micélio em crescimento vegetativo. Uma estrutura anatómica especializada, chamada ansa de conecção, forma-se em cada septo hifal. Tal como com o gancho estruturalmente similar dos ascomicetos, a ansa de coneccção dos basidiomicetos é requerida para a transferência controlada de núcleos durante a divisão celular, para manter um estágio dicariótico com dois núcleos geneticamente diferentes em cada compartimento hifal.[74] Forma-se um basidiocarpo, no qual estruturas em forma de bastão chamadas basídios geram basidiósporos haplóides após cariogamia e meiose.[75] Os basidiocarpos mais vulgarmente conhecidos são os cogumelos, mas também podem assumir outras formas (ver secção Morfologia).

Nos Glomeromycetes (antes Zygomycetes), as hifas haplóides de dois indivíduos fundem-se, formando um gametângio, uma estrutura celular especializada que se torna uma célula produtora de gâmetas férteis. O gametângio evolui para um zigósporo, um esporo com parede espessa formado pela união de gâmetas. Quando o zigósporo germina, sofre meiose, gerando novas hifas haplóides, as quais podem então formar esporangiósporos assexuados. Estes esporangiósporos permitem ao fungo dispersar-se rapidamente e germinar como micélios haplóides geneticamente idênticos.[76]

Dispersão de esporos

Tanto os esporos assexuados como os sexuados (esporangiósporos) são frequentemente dispersos por ejecção forçada desde as suas estruturas reprodutoras. Esta ejecção garante a saída dos esporos das estruturas reprodutoras bem como a deslocação através do ar por grandes distâncias.

O fungo ninho-de-pássaro Cyathus stercoreus

Mecanismos fisiológicos e mecânicos especializados, bem como as estruturas superficiais dos esporos (como as hidrofobinas), permitem a ejecção eficiente do esporo.[77] Por exemplo, a estrutura das células portadoras de esporos de algumas espécies de ascomicetos é tal, que a acumulação de substâncias que afectam o volume celular e o equilíbrio de fluidos, permite a descarga explosiva dos esporos no ar.[78] A descarga forçada de esporos individuais, designados «balistósporos», envolve a formação de uma pequena gota de água (gota de Buller), que por contacto com o esporo leva à sua libertação com uma aceleração inicial superior a 10 000g;[79] o resultado é o esporo ser ejectado a 0,01 – 0,02 cm, distância suficiente para que caia através das lamelas, ou poros, para o ar abaixo.[80] Outros fungos, como os de Lycoperdon, dependem de mecanismos alternativos para a libertação dos esporos, como forças mecânicas exteriores. O fungo ninho-de-pássaro usa a força das gotas de água em queda para libertar os esporos dos corpos frutíferos em forma de taça.[81] Outra estratégia é observada em Phallaceae, um grupo de fungos com cores vivas e odor pútrido, que atraem insectos para dispersarem os seus esporos. [82]

Outros processos sexuados

Além da reprodução sexuada normal com meiose, certos fungos, como os dos géneros Penicillium e Aspergillus, podem trocar material genético por processos parassexuais, iniciados pela anastomose entre as hifas e plasmogamia das células dos fungos.[83] A frequência e importância relativa dos eventos parassexuais não são claras, e podem ser menores que as dos outros processos sexuados. Sabe-se que tem um papel na hibridização intra-específica. [84] e é provavelmente requerida para a hibridização entre espécies, a qual foi associada com os principais eventos na evolução dos fungos.[85]

Evolução

Em contraste com os dados conhecidos sobre a história evolutiva das plantas e animais, o registo fóssil antigo dos fungos é muito escasso. Entre os factores que provavelmente contribuem para a sub-representação das espécies de fungos no registo fóssil incluem-se a natureza dos esporocarpos, que são tecidos moles, carnosos, e facilmente degradáveis, bem como as dimensões microscópicas da maioria das estruturas fúngicas, as quais não são, portanto, muito evidentes. Os fósseis de fungos são difíceis de distinguir daqueles de outros micróbios, e são mais facilmente identificáveis quando se assemelham a fungos actualmente existentes.[86] Muitas vezes recuperadas de um hospedeiro vegetal ou animal permineralizado, estas amostras são tipicamente estudadas usando preparações em lâmina delgada que podem ser examinadas com o microscópio óptico ou por microscópio electrónico de transmissão.[87] Os fósseis de compressão são estudados por dissolução da matriz circundante com ácido e usando os meios de microscopia já indicados para examinar os detalhes da sua superfície.[88]

Os mais antigos fósseis que apresentam características típicas dos fungos datam do éon Proterozóico, há cerca de 1 430 milhões de anos; estes organismos bênticos multicelulares possuíam estruturas filamentosas com septos, e eram capazes de anastomose.[89] Estudos mais recentes (2009), estimam o aparecimento de organismos fúngicos há aproximadamente 760 – 1060 milhões de anos com base em comparações da taxa de evolução em grupos aparentados.[90] Durante grande parte da era paleozóica (há 542 – 251 milhões de anos), os fungos parecem ter sido aquáticos e consistiriam de organismos semelhantes aos actuais quitrídios, com esporos flagelados. [91] A adaptação evolutiva a um modo de vida terrestre necessitou uma diversificação das estratégias ecológicas para a obtenção de nutrientes, incluindo o parasitismo, o saprofitismo, e o desenvolvimento de relações mutualistas como as micorrizas e a liquenização.[92] Estudos recentes (2009) sugerem que o estado ecológico ancestral dos Ascomycota era o saprofitismo e que eventos independentes de liquenização ocorreram múltiplas vezes.[93]

Os fungos colonizaram a terra provavelmente durante o Câmbrico (há 542 – 488 milhões de anos), muito antes das plantas terrestres.[94] Hifas fossilizadas e esporos recuperados do Ordovícico de Wisconsin (460 milhões de anos) assemelham-se a Glomerales actuais, e existiram numa altura em que a flora terrestre provavelmente consistia apenas de plantas avasculares semelhantes às briófitas.[95] Prototaxites, que era provavelmente um fungo ou um líquen, terá sido o organismo mais alto do final do Silúrico. Os fósseis de fungos apenas se tornam comuns e incontroversos no início do Devónico (há 416 – 359 milhões de anos), sendo abundantes no cherte de Rhynie, sobretudo Zygomycota e Chytridiomycota.[94][96][97] Por esta mesma altura, há cerca de 400 milhões de anos, os Ascomycota e os Basidiomycota divergiram,[98] e todas as classes de fungos modernos estavam presentes no final do Carbónico (Pennsylvaniano, há 318 – 299 milhões de anos).[99]

Fósseis semelhantes a líquenes foram encontrados na formação Doushantuo no sul da China, datados de há 635 a 551 milhões de anos.[100] Os líquenes eram um componente dos primeiros ecossistemas terrestres, e a idade estimada do mais antigo fóssil de líquen terrestre é 400 milhões de anos;[101] esta data corresponde à idade do mais antigo esporocarpo fóssil conhecido, uma espécie de Paleopyrenomycites encontrada no cherte de Rhynie.[102] O mais antigo fóssil com características microscópicas semelhantes aos actuais basidiomicetos é Palaeoancistrus, encontrado permineralizado com um feto do Pennsylvaniano.[103] Raros no registo fóssil são os Homobasidiomycetes (um taxon aproximadamente equivalente às espécies produtoras de cogumelos de Agaricomycetes). Dois espécimes preservados em âmbar constituem evidência de que os mais antigos fungos produtores de cogumelos que se conhecem (a espécie extinta Archaeomarasmius legletti) surgiram durante o Cretácico Médio, há 90 milhões de anos.[104][105]

Algum tempo após a extinção permo-triássica (há 251 milhões de anos), ocorreu um pico de abundância de fungos (originalmente entendido como uma abundância extraordinária de esporos de fungos nos sedimentos), sugerindo que os fungos eram a forma de vida dominante deste período, representando quase 100% do registo fóssil disponível para o mesmo.[106] Contudo, a proporção relativa de esporos fúngicos relativamente aos esporos formados por espécies de algas, é difícil de avaliar,[107] o pico não apareceu em todo o mundo,[108][109] e em muitos locais não diminuiu no limite permo-triássico.[110]

Taxonomia

Unikonta  

Amoebozoa

  Opisthokonta  
   
   

Animalia

Choanozoa

Nucleariida


  Fungi[37]  

Microsporidia

Chytridiomycota

Neocallimastigomycota

Blastocladiomycota

Zoopagomycotina

Kickxellomycotina

Entomophthoromycotina

Mucoromycotina

Glomeromycota

  Dikarya  

Ascomycota

Basidiomycota

Embora tradicionalmente incluídos em muitos programas e manuais de botânica, pensa-se agora que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas e são colocados juntamente com os animais no grupo monofilético dos opistocontes.[111] Análises feitas usando a filogenética molecular suportam a origem monofilética dos fungos.[37] A taxonomia dos fungos encontra-se num estado de fluxo constante, especialmente devido a pesquisas recentes baseadas em comparações de ADN. Estas análises filogenéticas actuais revogam frequentemente classificações baseadas em métodos mais antigos e menos discriminatórios, baseados em traços morfológicos e conceitos biológicos de espécie, obtidos de acasalamentos experimentais.[112]

Não existe um sistema único de aceitação geral para os níveis taxonómicos mais elevados e ocorrem frequentes mudanças de nomes em todos os patamares acima de espécie. Existem actualmente esforços entre os investigadores para estabelecer e encorajar o uso de uma nomenclatura unificada e mais consistente.[37][113] As espécies de fungos podem também ter múltiplos nomes científicos dependendo do seu ciclo de vida e modo de reprodução (sexuada ou assexuada). Os sítios da internet como Index Fungorum e ITIS listam nomes actuais das espécies de fungos (com referências cruzadas para os sinónimos mais antigos). A classificação do reino Fungi de 2007 é o resultado de um trabalho de investigação colaborativa em grande escala envolvendo dezenas de micologistas e outros cientistas que trabalham sobre a taxonomia dos fungos.[37] Esta classificação reconhece sete filos, dois dos quais - Ascomycota e Basidiomycota – estão contidos num ramo que representa o subreino Dikarya. O cladograma à direita representa os os principais taxa de fungos e a sua relação com os organismos opistocontes e unicontes. Os comprimentos dos ramos desta árvore não são proporcionais às distâncias evolutivas.

Grupos taxonómicos

Ver artigo principal: Anexo:Lista de ordens de fungos

Os filos principais (por vezes chamados divisões) dos fungos foram classificados sobretudo com base nas características das suas estruturas reprodutoras. Correntemente, são propostos setes filos: Microsporidia, Chytridiomycota, Blastocladiomycota, Neocallimastigomycota, Glomeromycota, Ascomycota, e Basidiomycota.[37]

Micorriza arbuscular vista ao microscópio. Células corticais da raiz de linho contendo arbúsculos emparelhados.

A análise filogenética demonstrou que os Microsporidia, parasitas unicelulares de animais e protistas, são fungos endobióticos altamente derivados (vivem nos tecidos de outra espécie) e bastante recentes.[91][114] Um estudo de 2006 conclui que os Microsporidia constituem um grupo irmão dos fungos verdadeiros, isto é, cada um deles é o parente evolutivo mais próximo do outro.[115] Hibbett e colegas sugerem que esta análise não colide com a sua classificação de Fungi, e embora Microsporidia tenha sido elevado ao estatuto de filo, reconhece-se que é necessária análise suplementar para clarificar as relações evolutivas no seio deste grupo.[37]

Os Chytridiomycota são vulgarmente conhecidos como quitrídios e têm uma distribuição mundial. Produzem zoósporos capazes de movimento activo através de fases aquosas, com um único flagelo, o que levou os taxonomistas antigos a classificá-los como protistas. As filogenias moleculares, inferidas de sequências de ARNr em ribossomas, sugerem que os quitrídeos são um grupo basal divergente dos outros filos de fungos, consistindo de quatro clados principais com evidências sugestivas de parafilia ou possivelmente polifilia.[91]

Os Blastocladiomycota eram antes considerados um clado taxonómico dos Chytridiomycota. Contudo, dados moleculares recentes e características ultra-estruturais, colocam-nos como um clado irmão de Zygomycota, Glomeromycota, e Dikarya (Ascomycota e Basidiomycota). São saprófitas, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, e são parasitas de todos os grupos eucariotas. Ao contrário dos seus parentes mais próximos, os quitrídios, que apresentam sobretudo meiose zigótica, os blastocladiomicetes apresentam meiose espórica.[91]

Os Neocallimastigomycota estavam antes colocados no filo Chytridomycota. Os membros deste pequeno filo são organismos anaeróbicos, vivendo no sistema digestivo de grande mamíferos herbívoros e possivelmente em outros ambientes terrestres e aquáticos. Não têm mitocôndrias mas contêm hidrogenossomas de origem mitocondrial. Como os quitrídios, os nocallimastigomicetes formam zoósporos que são posteriormente uniflagelados ou poliflagelados.[37]

Os membros de Glomeromycota formam micorrizas arbusculares, uma forma de simbiose na qual hifas fúngicas invadem células das raízes de plantas e ambas as espécies beneficiam do aumento resultante no fornecimento de nutrientes. Todas as espécies conhecidas de Glomeromycota reproduzem-se assexuadamente.[68] A associação simbiótica entre Glomeromycota e as plantas é antiga, existindo provas da sua existência há 400 milhões de anos.[116] Anteriormente parte de Zygomycota, Glomeromycota foi elevado ao estatuto de filo em 2001 e actualmente substitui o filo Zygomycota.[117] Fungos antes classificados em Zygomycota estão agora a ser reclassificados em Glomeromycota, ou nos subfilos incertae sedis Mucoromycotina, Kickxellomycotina, Zoopagomycotina e Entomophthoromycotina.[37] Alguns exemplos bem conhecidos de fungos anteriormente incluídos em Zygomycota incluem o bolor preto do pão (Rhizopus stolonifer), e espécies de Pilobolus, capazes de ejectar esporos a vários metros de altura através do ar.[118] Entre os géneros medicamente relevantes incluem-se Mucor, Rhizomucor, e Rhizopus.

Cross-section of a cup-shaped structure showing locations of developing meiotic asci (upper edge of cup, left side, arrows pointing to two gray-colored cells containing four and two small circles), sterile hyphae (upper edge of cup, right side, arrows pointing to white-colored cells with a single small circle in them), and mature asci (upper edge of cup, pointing to two gray-colored cells with eight small circles in them)
Diagrama de um apotécio (a estrutura reprodutora em forma de taça típica de Ascomycetes) mostrando tecidos estéreis além de ascos maduros e em desenvolvimento.

Os Ascomycota, vulgarmente conhecidos como fungos de saco ou ascomicetes, constituem o maior grupo taxonómico entre os Eumycota.[36] Estes fungos formam esporos meióticos chamados ascósporos, envolvidos por uma estrutura semelhante a um saco chamada asco. Este filo inclui Morchella, alguns cogumelos e trufas, leveduras unicelulares (por exemplo dos géneros Saccharomyces, Kluyveromyces, Pichia, e Candida), e muitos fungos filamentosos que vivem como saprófitas, parasitas, e simbiontes mutualistas. Entre os géneros de ascomicetes mais importantes e relevantes incluem-se Aspergillus, Penicillium, Fusarium, e Claviceps. Em muitas espécies de ascomicetes foi apenas observada reprodução assexuada (ditas espécies anamorfas), mas a análise de dados moleculares tem sido frequentemente capaz de identificar os seus teleomorfos mais próximos entre os Ascomycota.[119] Uma vez que os produtos da meiose são retidos no asco, os ascomicetes têm sido usados para elucidar os princípios da genética e da hereditariedade (por exemplo Neurospora crassa).[120]

Os membros de Basidiomycota, vulgarmente chamados fungos de bastão ou basidiomicetes, produzem meiósporos chamados basidiósporos em estruturas chamadas basídios. A maioria dos comuns cogumelos pertence a este grupo, bem como as ferrugens e os carvões (como o carvão-do-milho, Ustilago maydis),[121] espécies comensais humanas do género Malassezia,[122] e o patógeno oportunista humano, Cryptococcus neoformans.[123]

Organismos semelhantes aos fungos

Por causa das semelhanças morfológicas e de modo de vida, Myxomycetes e Oomycetes eram anteriormente classificados no reino Fungi. Ao contrário do que sucede com os fungos verdadeiros, as paredes celulares destes organismos contêm celulose e não têm quitina. Os Myxomicetes são unicontes como os fungos, mas são agrupados em Amoebozoa. Os Oomycetes são bicontes, agrupados no reino Chromalveolata. Nenhum destes dois grupos é aparentado com os fungos verdadeiros, e, portanto, os taxonomistas já não os incluem no reino Fungi. Apesar disso, estudos sobre Oomycetes e Myxomycetes são ainda frequentemente incluídos em manuais de micologia e em literatura de pesquisa primária.[124]

Os Nucleariida, actualmente agrupados em Choanozoa, poderão ser um grupo irmão do clado Eumycetes, e como tal poderiam ser incluídos num reino Fungi aumentado. [125]

Ecologia

Embora frequentemente inconspícuos, os fungos ocorrem em todos os ambientes da Terra e desempenham papeis muito importantes na maioria dos ecossistemas. Ao lado das bactérias, os fungos são os principais decompositores na maioria dos ecossistemas terrestres (e em alguns aquáticos), tendo, portanto, um papel crítico nos ciclos biogeoquímicos,[126] e em muitas cadeias tróficas. Como decompositores, têm um papel essencial nos ciclos de nutrientes, especialmente como saprófitas e simbiontes, ao degradarem a matéria orgânica em moléculas inorgânicas, que podem então reentrar nas vias metabólicas anabólicas das plantas ou outros organismos.[127][128]

Simbiose

Muitos fungos têm importantes relações simbióticas com organismos da maioria dos reinos (ou mesmo de todos).[129][130][131] Estas interacções podem ser de natureza mutualista ou antagonística; no caso dos fungos comensais parecem não trazer prejuízo nem benefício ao hospedeiro.[132][133][134]

Com as plantas

A simbiose micorrízica entre plantas e fungos é uma das mais bem conhecidas associações entre plantas e fungos e tem uma importância significativa para o crescimento e persistência das plantas em muitos ecossistemas; mais de 90% das plantas estabelecem relações micorrízicas com fungos e dependem desta relação para sobreviverem.[135]

A microscopic view of blue-stained cells, some with dark wavy lines in them
Os filamentos escuros são hifas do fungo endofítico Neotyphodium coenophialum nos espaços intercelulares do tecido da bainha da folha de Festuca arundinacea

A simbiose micorrízica é antiga, datando de há pelo menos 400 milhões de anos.[116] Frequentemente, esta relação aumenta a absorção de compostos inorgânicos pela planta, tais como nitrato e fosfato, de solos com baixas concentrações destes nutrientes imprescíndiveis para as plantas.[127][136] Os parceiros fúngicos podem também mediar a transferência de carboidratos e outros nutrientes entre plantas. Tais comunidades micorrízicas são chamadas «redes micorrízicas comuns».[137] Um caso especial de micorriza é a mico-heterotrofia, em que uma planta parasita o fungo, obtendo todos os seus nutrientes do seu fungo simbionte.[138] Algumas espécies de fungos vivem nos tecidos no interior das raízes, caules e folhas, sendo então designados endófitos.[139] Tal como nas micorrizas, a colonização endofítica por fungos pode beneficiar os dois simbiontes; por exemplo, os endófitos de ervas fornecem ao seu hospedeiro resistência aumentada aos herbívoros e a outras pressões ambientais, recebendo em troca alimento e abrigo.[140]

Com algas e cianobactérias

A green, leaf-like structure attached to a tree, with a pattern of ridges and depression on the bottom surface
O líquen Lobaria pulmonaria, uma simbiose de espécies de fungos, algas e cianobactérias.

Os líquenes são formados por uma relação simbiótica entre algas ou cianobactérias (designados na terminologia dos líquenes como "fotobiontes") e fungos (sobretudo várias espécies de ascomicetes e alguns basidiomicetes), na qual células fotobiontes individuais encontram-se disseminadas num tecido formado pelo fungo.[141] Os líquenes ocorrem em todos os ecossistemas e em todos os continentes, e desempenham um papel-chave na formação do solo e na iniciação da sucessão biológica,[142] sendo as formas de vida dominantes em ambientes extremos, incluindo as regiões desérticas polares, alpinas e semiáridas.[143] São capazes de crescer em superfícies inóspitas, incluindo solos e rochas nus, cascas de árvores, madeira, conchas, cracas e folhas.[144] Como no caso das micorrizas, o fotobionte fornece açúcares e outros carboidratos através da fotossíntese, enquanto o fungo fornece minerais e água. As funções de ambos os organismos simbióticos estão tão intimamente relacionadas que eles funcionam quase como um só organismo; na maioria dos casos o organismo resultante difere muito dos componentes individuais. A linquenização é um modo comum de nutrição; cerca de 20% dos fungos – entre 17 500 e 20 000 espécies – são liquenizados.[145] Entre as características comuns à maioria dos líquenes incluem-se a obtenção de carbono orgânico por fotossíntese, crescimento lento, tamanho reduzido, vida longa, estruturas reprodutoras vegetativas de longa duração (sazonais), nutrição mineral obtida sobretudo de fontes aéreas, e maior tolerância à dessecação que a da maioria dos organismo fotossintéticos no mesmo habitat.[146]

Com os insectos

Muitos insectos têm relações mutualistas com fungos. Vários grupos de formigas cultivam fungos da ordem Agaricales como fonte de alimento primária, enquanto algumas espécies de carunchos cultivam várias espécies de fungos nas cascas das árvores que infestam.[147] De igual modo, as fêmeas de várias espécies de vespas-da-madeira (género Sirex) injectam os seus ovos juntamente com os esporos de um fungo descompositor de madeira (Amylostereum areolatum) no alburno de pinheiros; o crescimento do fungo fornece as condições nutricionais ideais para o desenvolvimento das larvas da vespa.[148] Sabe-se que também as térmitas da savana africana cultivam fungos,[149] e leveduras dos géneros Candida e Lachancea habitam no tracto gastrointestinal de uma grande variedade de insectos, incluindo Neuroptera, escaravelhos, e baratas; não se sabe se estes fungos obtêm algum benefício dos seus hospedeiros.[150]

Como patógenos e parasitas

A thin brown stick positioned horizontally with roughly two dozen clustered orange-red leaves originating from a single point in the middle of the stick. These orange leaves are three to four times larger than the few other green leaves growing out of the stick, and are covered on the lower leaf surface with hundreds of tiny bumps. The background shows the green leaves and branches of neighboring shrubs.
O patógeno vegetal Aecidium magellanicum causa uma ferrugem, vista aqui num arbusto de Berberis no Chile.

Muitos fungos são parasitas em plantas, animais (incluindo humanos), e noutros fungos. Entre os patógenos importantes de muitas plantas cultivadas que causam danos e prejuízos à agricultura e silvicultura incluem-se o fungo da brusone do arroz, Magnaporthe oryzae,[151] patógenos de árvores que causam a grafiose do ulmeiro, tais como Ophiostoma ulmi e Ophiostoma novo-ulmi,[152] e Cryphonectria parasitica responsável pelo cancro do castanheiro,[153] e patógenos vegetais dos géneros Fusarium, Ustilago, Alternaria, e Cochliobolus.[133] Alguns fungos carnívoros, como Paecilomyces lilacinus, são predadores de nemátodes, que capturam usando um conjunto de estruturas especializadas como anéis constrictores ou malhas adesivas.[154]

Alguns fungos podem causar doenças graves em humanos, várias delas fatais se não tratadas. Entre estas incluem-se aspergiloses, candidíases, coccidioidomicose, criptococose, histoplasmose, micetomas, e paracoccidioidomicose. Também as pessoas com imunodeficiências são particularmente susceptíveis a doenças causadas por géneros como Aspergillus, Candida, Cryptoccocus,[134][155][156] Histoplasma,[157] e Pneumocystis.[158] Outros fungos podem atacar os olhos, unhas, cabelo, e especialmente a pele, os chamados fungos dermatófitos e queratinófitos, causando infecções locais como dermatofitose e pé-de-atleta.[159] Os esporos dos fungos são também uma causa de alergias, e fungos de diferentes grupos taxonómicos podem provocar reacções alérgicas.[160]

Uso humano

Microscopic view of five spherical structures; one of the spheres is considerably smaller than the rest and attached to one of the larger spheres
Células de Saccharomyces cerevisiae vistas com microscopia de contraste de interferência diferencial.

O uso humano dos fungos na preparação e conservação de alimentos e com outros fins, é extenso e tem uma longa história. A apanha e o cultivo de cogumelos são grandes indústrias em muitos países. O estudo dos usos históricos e impacto sociológico dos fungos é conhecido como etnomicologia. Por causa da capacidade deste grupo para produzir uma enorme variedade de produtos naturais com actividades antimicrobianas ou outras, muitas espécies são há muito usadas, ou estão em estudo, para a produção de antibióticos, vitaminas, e drogas anticancerígenas e redutoras do colesterol. Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos de engenharia genética para fungos,[161] permitindo a engenharia metabólica de espécies de fungos. Por exemplo, modificações genéticas de espécies de leveduras[162]— que são fáceis de cultivar com taxas de crescimento elevadas em grandes vasos de fermentação—abriu novos caminhos à produção farmacêutica e são potencialmente mais eficientes do que a produção pelos organismos-fonte originais.[163]

Antibióticos

Ver artigo principal: Antibiótico

Muitas espécies produzem metabolitos que são fontes importantes de drogas farmacologicamente activas. Particularmente importantes são os antibióticos, incluindo as penicilinas, um grupo estruturalmente relacionado de antibióticos betalactâmicos sintetizados a partir de pequenos péptidos. Apesar de as penicilinas de ocorrência natural como a penicilina G (produzida por Penicillium chrysogenum) terem um espectro de actividade biológica relativamente estreito, uma grande variedade de outras penicilinas podem ser produzidas por modificação química das penicilinas naturais. As penicilinas modernas são compostos semi-sintéticos, obtidos inicialmente de culturas de fermentação, mas em seguida estruturalmente alterados para obtenção de propriedades desejáveis específicas.[164] Entre outros antibióticos produzidos por fungos incluem-se: griseofulvina de Penicillium griseofulvin usada no tratamento de infecções da pele, cabelo e unhas, causadas por dermatófitos;[165] ciclosporina, usada como imunossupressor em cirurgia de transplantação; e o ácido fusídico, usado para ajudar no controlo de infecção pela bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina.[166] O uso em larga escala destes antibióticos no tratamento de doenças bacterianas, como a tuberculose, sífilis, lepra, e muitas outras, começou no início do século XX e continUa a desempenhar um papel principal na quimioterapia antibacteriana. Na natureza, os antibióticos de origem fúngica ou bacteriana, parecem desempenhar um duplo papel: em concentrações elevadas agem como defesa química contra a competição de outros micro-organismos em ambientes ricos em espécies, como a rizosfera, e em baixas concentrações funcionam como moléculas de detecção de quórum para assinalamento intra ou interespecífico.[167]

Usos alimentares

A levedura de padeiro ou Saccharomyces cerevisiae, um fungo unicelular, é usads para fazer pão e outros produtos à base de trigo.[168] Espécies de leveduras do género Saccharomyces são também usadas na produção de bebidas alcoólicas por fermentação.[169] O bolor shoyu koji (Aspergillus oryzae) é um ingrediente essencial na preparação de shoyu (molho de soja), saqué, e miso,[170] enquanto espécies de Rhizopus são usadas para fazer tempeh.[171] Vários destes fungos são espécies domesticadas que foram seleccionadas segundo a sua capacidade de fermentar alimentos sem produzirem micotoxinas (ver abaixo) prejudiciais, as quais são produzidas pelos muito aparentados Aspergillus.[172] Quorn, um substituto de carne, é feito a partir de Fusarium venenatum.[173]

Uso medicinal

Ver artigo principal: Cogumelos medicinais

Predefinição:Dupla imagem

Certos cogumelos são utilizados com fins terapêuticos em medicinas tradicionais, como acontece na medicina tradicional chinesa. Entre os cogumelos medicinais notáveis, e com uma história de uso bem documentada, incluem-se Agaricus blazei,[174][175] Ganoderma lucidum,[176] e Cordyceps sinensis.[177] As pesquisas identificaram compostos produzidos por estes e outros fungos, os quais têm efeitos biológicos inibidores contra vírus[178][179] e células cancerosas.[174][180] Metabolitos específicos, como polissacarídeo-K, ergotamina e antibióticos beta-lactâmicos, são usados de modo rotineiro em medicina clínica. O cogumelo shiitake é uma fonte de lentinano, uma droga clínica aprovada para utilização em vários países, incluindo o Japão, em tratamentos oncológicos.[181][182] Na Europa e no Japão, o polissacarídeo-K, um químico obtido de Trametes versicolor, é um adjuvante aprovado em terapia oncológica.[183]

Espécies comestíveis e venenosas

Two light yellow-green mushrooms with stems and caps, one smaller and still in the ground, the larger one pulled out and laid beside the other to show its bulbous stem with a ring
Amanita phalloides é responsável pela maioria das mortes por envenenamentos por cogumelos que ocorrem em todo o mundo.

Os cogumelos comestíveis são exemplos bem conhecidos de fungos. Muitos são cultivados comercialmente, mas outros têm de ser colhidos no estado selvagem. Agaricus bisporus, vendidos como champignon enquanto pequenos e como cogumelos Portobello quando maiores, é uma espécie bastante consumida, usada em saladas, sopas e outros pratos. Muitos fungos asiáticos são cultivados comercialmente e são cada vez mais populares no Ocidente. Estão frequentemente disponíveis frescos em mercearias e mercados, incluindo o cogumelo-de-palha (Volvariella volvacea), cogumelo-ostra (Pleurotus ostreatus), shiitake (Lentinula edodes), e enokitake (Flammulina spp.).[184]

Há muitas outras espécies de cogumelos que são colhidas no estado silvestre, quer para consumo pessoal quer para venda comercial. Exemplos: sancha, Morchella, cantarelos, trufas, trombetas-negras, e cepe-de-bordéus (também conhecido como cogumelo porcini, boleto ou tortulho) têm um preço elevado no mercado. São muitas vezes usados em pratos gourmet.[185]

Certos tipos de queijos requerem a inoculação dos coalhos do leite com espécies de fungos que fornecem um sabor e textura únicos ao queijo. Entre eles contam-se os queijos azuis como o Roquefort ou o Stilton, inoculados com Penicillium roqueforti.[186] Os bolores usados na produção de queijo não são tóxicos e portanto são seguros para consumo humano; contudo, pode ocorrer acumulação de micotoxinas (aflatoxinas, roquefortina C, patulina, ou outras) devido ao crescimento de outros fungos durante o processo de maturação e armazenamento do queijo.[187]

A corner of cheese with greenish streaks through it
Queijo Stilton com veios de Penicillium roqueforti

Muitas espécies de cogumelos são venenosas para os humanos, com toxicidades que podem ir desde problemas digestivos ligeiros ou reacções alérgicas, e alucinações até a falha de órgãos e morte. Entre os géneros com cogumelos tóxicos incluem-se Conocybe, Galerina, Lepiota, e o mais infame, Amanita.[188] Este último género, inclui o anjo-destruidor (A. virosa) e o chapéu-da-morte (A. phalloides), a causa mais comum de envenenamento mortal por cogumelos.[189] Gyromitra esculenta é ocasionalmente considerado uma especialidade culinária quando cozinhado, porém, pode ser muito tóxico quando consumido cru.[190] O míscaro-amarelo era considerado comestível até ter sido implicado em envenamentos sérios causadores de rabdomiólise.[191] O mata-moscas (Amanita muscaria) pode também causar envenenamentos ocasionais não fatais, sobretudo como resultado da sua ingestão como droga recreativa, devido às suas propriedades alucinogénicas. Historicamente, este cogumelo foi usado por diferentes povos europeus e asiáticos e o seu uso presente com propósitos religiosos ou xamanísticos é relatado em alguns grupos étnicos como os coriacos do nordeste da Sibéria.[192]

Uma vez que é difícil identificar com exactidão um cogumelo seguro sem treino e conhecimento apropriados, é frequentemente indicado que se deve assumir que um cogumelo selvagem é venenoso e não consumi-lo.[193][194]

Controlo de pragas

Two dead grasshoppers with a whitish fuzz growing on them
Gafanhotos mortos por Beauveria bassiana

Em agricultura, os fungos podem ser úteis se competirem activamente com micro-organismos patogénicos como bactérias e outros fungos, pelos nutrientes e espaço, segundo o princípio da exclusão competitiva,[195] ou se forem parasitas desses patógenos. Por exemplo, certas espécies podem ser usadas para eliminar ou suprimir o crescimento de patógenos vegetais, como insectos, pulgões, ervas daninhas, nemátodos, e outros fungos causadores de doenças em colheitas importantes.[196] Isto gerou um forte interesse nas aplicações práticas que utilizam fungos como controlo biológico destas pragas agrícolas. Fungos entomopatogénicos podem ser usados como biopesticidas, pois matam activamente os insectos.[197] Exemplos de fungos usados como insecticidas biológicos são Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae, Hirsutella spp, Paecilomyces spp, e Verticillium lecanii.[198][199] Os fungos endofíticos de ervas do género Neotyphodium, como N. coenophialum, produzem alcalóides que são tóxicos para vários herbívoros invertebrados e vertebrados. Estes alcalóides protegem as ervas da herbivoria, mas vários alcalóides endofíticos podem envenenar animais de pasto, como gado bovino e ovelhas.[200] A infecção de cultivares de ervas de pastagem e forragens com endófitos de Neotyphodium é uma abordagem em uso em programas de criação de ervas; as estirpes fúngicas são seleccionadas por produzirem apenas alcalóides que aumentam a resistência a herbívoros como os insectos, mas que não são tóxicos para o gado.[201]

Biorremediação

Ver artigo principal: Micorremediação

Alguns fungos, em particular a podridão-branca, podem degradar insecticidas, herbicidas, pentaclorofenol, creosoto, alcatrão de hulha, e combustíveis pesados, transformando-os em dióxido de carbono, água, e elementos básicos.[202] Demonstrou-se que há fungos capazes de biomineralizar óxidos de urânio, sugerindo que podem ter aplicação na biorremediação de sítios poluídos radioactivamente.[203][204][205]

Organismos modelo

Algumas descobertas fulcrais da biologia foram feitas por investigadores que usavam fungos como organismos modelo, isto é, fungos que crescem e reproduzem-se sexuadamente de forma rápida em laboratório. Por exemplo, a hipótese um gene-uma enzima foi formulada por cientistas que usaram o bolor do pão Neurospora crassa para testar as suas teorias bioquímicas.[206] Outros fungos modelo importantes, Aspergillus nidulans e as leveduras, Saccaromyces cerevisiae e Schizosaccharomyces pombe, têm cada um uma longa história de uso na investigação de questões da genética e biologia celular dos eucariotas, como a regulação do ciclo celular, estrutura da cromatina, e regulação dos genes. Outros modelos fúngicos surgiram mais recentemente, direccionados para questões biológicas específicas relevantes para a medicina, fitopatologia e usos industriais; entre os exemplos incluem-se Candida albicans, um fungo dimórfico, e patógeno humano oportunista,[207] Magnaporthe grisea, um patógeno vegetal,[208] e Pichia pastoris, uma levedura amplamente usada na expressão de proteínas eucariotas.[209]

Outros

Os fungos são muito utilizados na produção industrial de produtos químicos como os ácidos cítrico, glucónico, láctico e málico,[210] antibióticos, e até de gangas deslavadas.[211] Os fungos são também fontes de enzimas industriais, como as lipases usadas em detergentes biológicos,[212] amilases,[213] celulases,[214] invertases, proteases e xilanases.[215] Algumas espécies, mais particularmente cogumelos do género Psilocybe (coloquialmente chamados cogumelos mágicos), são ingeridos pelas suas propriedades psicadélicas, tanto recreativamente como religiosamente.

Micotoxinas

(6aR,9R)-N-((2R,5S,10aS,10bS)-5-benzyl-10b-hydroxy-2-methyl-3,6-dioxooctahydro-2H-oxazolo[3,2-a] pyrrolo[2,1-c]pyrazin-2-yl)-7-methyl-4,6,6a,7,8,9-hexahydroindolo[4,3-fg] quinoline-9-carboxamide
Ergotamina, uma das principais micotoxinas, produzida por espécies de Claviceps, que ingerida, pode causar gangrena, convulsões, e alucinações

Muitos fungos produzem compostos biologicamente activos, vários dos quais são tóxicos para animais ou plantas, os quais são designados micotoxinas. Particularmente relevantes para os humanos são as micotoxinas produzidas pelos bolores que causam a deterioração de alimentos, e os cogumelos venenosos (ver acima). Particularmente dignas de nota sãos as amatoxinas de alguns cogumelos Amanita, e ergotaminas, as quais têm uma longa história de causarem sérias epidemias de ergotismo em pessoas que consomem centeio e cereais relacionados contaminados com esclerótios de Claviceps purpurea.[216] Outras micotoxinas notáveis são as aflatoxinas, as quais são toxinas hepáticas insidiosas e metabolitos altamente carcinogénicos produzidos por certas espécies de Aspergillus, que muitas vezes se desenvolvem em cereais ou em nozes consumidas por humanos, ocratoxinas, patulina, e tricotecenos (por exemplo, micotoxina T-2) e fumonisinas, as quais têm um impacto significativo sobre as reservas alimentares e no gado.[217]

As micotoxinas são metabolitos secundários, e as pesquisas demonstraram a existência nos fungos de vias bioquímicas com o único propósito de produzir micotoxinas e outros produtos naturais.[218] As micotoxinas podem fornecer benefícios de aptidão em termos de adaptação fisiológica, competição com outros micróbios e fungos, e protecção contra o consumo (fungivoria).[219][220]

Micologia

A micologia é um ramo da biologia que se ocupa do estudo sistemático dos fungos, incluindo as suas propriedades genéticas e bioquímicas, a sua taxonomia, e a sua utilidade para os humanos como fontes de medicamentos, alimento, substâncias psicotrópicas consumidas com propósitos religiosos, bem como os seus perigos, como o envenenamento e infecção. O campo da fitopatologia, o estudo das doenças das plantas, está estreitamente relacionado com a micologia, pois muitos dos patógenos vegetais são fungos.[221]

O uso dos fungos pelos humanos data da pré-história. Ötzi, o Homem do Gelo, uma múmia de um homem do Neolítico com 5 300 anos de idade encontrada nos Alpes austríacos, transportava consigo duas espécies de cogumelos poliporos que podem ter sido usados como mecha (Fomes fomentarius), ou para fins medicinais (Piptoporus betulinus).[222] Os povos antigos usaram os fungos como fontes de alimento – frequentemente sem o saberem – durante milénios, na preparação de pão levedado e sumos fermentados. Alguns dos mais antigos registos escritos contêm referências a destruições de colheitas provavelmente causadas por fungos patogénicos.[223]

História

A micologia é uma ciência relativamente recente que se tornou sistemática após o desenvolvimento do microscópio no século XVI. Embora os esporos de fungos tenham sido observados pela primeira vez por Giambattista della Porta em 1588, o trabalho seminal no desenvolvimento da micologia terá sido a publicação em 1729 da obra Nova plantarum genera de Pier Antonio Micheli.[224] Micheli não só observou esporos, como mostrou que sob as condições apropriadas, eles poderiam ser induzidos a desenvolverem-se na mesma espécie de fungo da qual haviam sido originados.[225] Estendendo o uso do sistema binomial de Carl Linnaeus no seu Species plantarum (1753), o neerlandês Christiaan Hendrik Persoon (1761–1836) estabeleceu a primeira classificação de cogumelos com tal perícia, que é considerado um dos fundadores da micologia moderna. Mais tarde, Elias Magnus Fries (1794–1878) melhorou a classificação dos fungos, usando a cor dos esporos e várias características microscópicas, métodos ainda hoje usados pelos taxonomistas. Entre outros contribuidores notáveis no desenvolvimento da micologia nos séculos XVII-XIX e início do século XX incluem-se Miles Joseph Berkeley, August Carl Joseph Corda, Anton de Bary, os irmãos Louis René e Charles Tulasne, Arthur H. R. Buller, Curtis G. Lloyd, e Pier Andrea Saccardo. O século XX assistiu à modernização da micologia, devido aos avanços na bioquímica, genética, biologia molecular e biotecnologia. O uso das tecnologias de sequenciação de ADN e da análise filogenética, forneceu novas pistas sobre as relações dos fungos e a biodiversidade, e desafiou as classificações tradicionais da taxonomia dos fungos baseadas na morfologia.[226]

Ver também

Notas de rodapé

  1. Moore RT. (1980). «Taxonomic proposals for the classification of marine yeasts and other yeast-like fungi including the smuts». Botanica Marine. 23: 361–73 
  2. O sistema de classificação apresentado aqui baseia-se no estudo filogenético de 2007 por Hibbett et al.
  3. Simpson DP. (1979). Cassell's Latin Dictionary 5 ed. London: Cassell Ltd. p. 883. ISBN 0-304-52257-0 
  4. Alexopoulos et al., p. 1.
  5. Ainsworth, p. 2.
  6. Bruns T. (2006). «Evolutionary biology: a kingdom revised». Nature. 443 (7113): 758–61. PMID 17051197. doi:10.1038/443758a 
  7. Baldauf; Palmer, JD (1993). «Animals and fungi are each other's closest relatives: congruent evidence from multiple proteins». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 90 (24): 11558–62. PMC 48023Acessível livremente. PMID 8265589. doi:10.1073/pnas.90.24.11558 
  8. Deacon, p. 4.
  9. a b Deacon, pp. 128–29.
  10. Alexopoulos et al., pp. 28–33.
  11. Alexopoulos et al., pp. 31–32.
  12. Shoji JY, Arioka M, Kitamoto K. (2006). «Possible involvement of pleiomorphic vacuolar networks in nutrient recycling in filamentous fungi». Autophagy. 2 (3): 226–27. PMID 16874107 
  13. Deacon, p. 58.
  14. Zabriskie TM, Jackson MD. (2000). «Lysine biosynthesis and metabolism in fungi». Natural Product Reports. 17 (1): 85–97. PMID 10714900. doi:10.1039/a801345d 
  15. Xu H, Andi B, Qian J, West AH, Cook PF. (2006). «The α-aminoadipate pathway for lysine biosynthesis in fungi». Cellular Biochemistry and Biophysics. 46 (1): 43–64. PMID 16943623. doi:10.1385/CBB:46:1:43 
  16. Alexopoulos et al., pp. 27–28.
  17. Alexopoulos et al., p. 685.
  18. Desjardin DE, Oliveira AG, Stevani CV. (2008). «Fungi bioluminescence revisited». Photochemical & Photobiological Sciences. 7 (2): 170–82. PMID 18264584. doi:10.1039/b713328f 
  19. a b Alexopoulos et al., p. 30.
  20. Alexopoulos et al., pp. 32–33.
  21. Bowman SM, Free SJ. (2006). «The structure and synthesis of the fungal cell wall». Bioessays. 28 (8): 799–808. PMID 16927300. doi:10.1002/bies.20441 
  22. Alexopoulos et al., p. 33.
  23. Mihail JD, Bruhn JN. (2005). «Foraging behaviour of Armillaria rhizomorph systems». Mycological Research. 109 (Pt 11): 1195–207. PMID 16279413. doi:10.1017/S0953756205003606 
  24. a b c Keller NP, Turner G, Bennett JW. (2005). «Fungal secondary metabolism—from biochemistry to genomics». Nature Reviews Microbiology. 3 (12): 937–47. PMID 16322742. doi:10.1038/nrmicro1286 
  25. Wu S, Schalk M, Clark A, Miles RB, Coates R, Chappell J. (2007). «Redirection of cytosolic or plastidic isoprenoid precursors elevates terpene production in plants». Nature Biotechnology. 24 (11): 1441–47. PMID 17057703. doi:10.1038/nbt1251 
  26. Tudzynski B. (2005). «Gibberellin biosynthesis in fungi: genes, enzymes, evolution, and impact on biotechnology». Applied Microbiology and Biotechnology. 66 (6): 597–611. PMID 15578178. doi:10.1007/s00253-004-1805-1 
  27. Vaupotic T, Veranic P, Jenoe P, Plemenitas A. (2008). «Mitochondrial mediation of environmental osmolytes discrimination during osmoadaptation in the extremely halotolerant black yeast Hortaea werneckii». Fungal Genetics and Biology. 45 (6): 994–1007. PMID 18343697. doi:10.1016/j.fgb.2008.01.006 
  28. a b Dadachova E, Bryan RA, Huang X, Moadel T, Schweitzer AD, Aisen P, Nosanchuk JD, Casadevall A. (2007). «Ionizing radiation changes the electronic properties of melanin and enhances the growth of melanized fungi». PLoS ONE. 2 (5): e457. PMC 1866175Acessível livremente. PMID 17520016. doi:10.1371/journal.pone.0000457 
  29. Raghukumar C, Raghukumar S. (1998). «Barotolerance of fungi isolated from deep-sea sediments of the Indian Ocean». Aquatic Microbial Ecology. 15: 153–63. doi:10.3354/ame015153 
  30. Sancho LG, de la Torre R, Horneck G, Ascaso C, de Los Rios A, Pintado A, Wierzchos J, Schuster M. (2007). «Lichens survive in space: results from the 2005 LICHENS experiment». Astrobiology. 7 (3): 443–54. PMID 17630840. doi:10.1089/ast.2006.0046 
  31. Brem FM, Lips KR. (2008). «Batrachochytrium dendrobatidis infection patterns among Panamanian amphibian species, habitats and elevations during epizootic and enzootic stages». Diseases of Aquatic Organisms. 81 (3): 189–202. PMID 18998584. doi:10.3354/dao01960 
  32. Le Calvez T, Burgaud G, Mahé S, Barbier G, Vandenkoornhuyse P. (2009). «Fungal diversity in deep sea hydrothermal ecosystems». Applied and Environmental Microbiology. 75 (20): 6415–21. PMC 2765129Acessível livremente. PMID 19633124. doi:10.1128/AEM.00653-09 
  33. Esta estimativa é obtida combinando a contagem de espécies em cada filo, baseada nos valores obtidos na 10ª edição de Dictionary of the Fungi (Kirk et al., 2008): Ascomycota, 64163 species (p. 55); Basidiomycota, 31515 (p. 78); Blastocladiomycota, 179 (p. 94); Chytridiomycota, 706 (p. 142); Glomeromycota, 169 (p. 287); Microsporidia, >1300 (p. 427); Neocallimastigomycota, 20 (p. 463).
  34. Mueller GM, Schmit JP. (2006). «Fungal biodiversity: what do we know? What can we predict?». Biodiversity and Conservation. 16: 1–5. doi:10.1007/s10531-006-9117-7 
  35. Hawksworth DL. (2006). «The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation». Mycological Research. 95: 641–55. doi:10.1016/S0953-7562(09)80810-1 
  36. a b Kirk et al., p. 489.
  37. a b c d e f g h i Hibbett DS; et al. (2007). «A higher level phylogenetic classification of the Fungi» (PDF). Mycological Research. 111 (5): 509–47. doi:10.1016/j.mycres.2007.03.004 
  38. Harris SD. (2008). «Branching of fungal hyphae: regulation, mechanisms and comparison with other branching systems». Mycologia. 50 (6): 823–32. PMID 19202837. doi:10.3852/08-177 
  39. Deacon, p. 51.
  40. Deacon, p. 57.
  41. Chang S-T, Miles PG. (2004). Mushrooms: Cultivation, Nutritional Value, Medicinal Effect and Environmental Impact. [S.l.]: CRC Press. ISBN 0849310431 
  42. Parniske M. (2008). «Arbuscular mycorrhiza: the mother of plant root endosymbioses». Nature Reviews. Microbiology. 6 (10): 763–75. PMID 18794914. doi:10.1038/nrmicro1987 
  43. Steenkamp ET, Wright J, Baldauf SL. (2006). «The protistan origins of animals and fungi». Molecular Biology and Evolution. 23 (1): 93–106. PMID 16151185. doi:10.1093/molbev/msj011 
  44. Stevens DA, Ichinomiya M, Koshi Y, Horiuchi H. (2006). «Escape of Candida from caspofungin inhibition at concentrations above the MIC (paradoxical effect) accomplished by increased cell wall chitin; evidence for β-1,6-glucan synthesis inhibition by caspofungin». Antimicrobial Agents and Chemotherapy. 50 (9): 3160–61. PMC 1563524Acessível livremente. PMID 16940118. doi:10.1128/AAC.00563-06 
  45. Hanson, pp. 127–41.
  46. Ferguson BA, Dreisbach TA, Parks CG, Filip GM, Schmitt CL. (2003). «Coarse-scale population structure of pathogenic Armillaria species in a mixed-conifer forest in the Blue Mountains of northeast Oregon». Canadian Journal of Forest Research. 33: 612–23. doi:10.1139/x03-065 
  47. Alexopoulos et al., pp. 204–205.
  48. Moss ST. (1986). The Biology of Marine Fungi. Cambridge, UK: Cambridge University Press. p. 76. ISBN 0-521-30899-2 
  49. Peñalva MA, Arst HN. (2002). «Regulation of gene expression by ambient pH in filamentous fungi and yeasts». Microbiology and Molecular Biology Reviews. 66 (3): 426–46. PMC 120796Acessível livremente. PMID 12208998. doi:10.1128/MMBR.66.3.426-446.2002 
  50. a b Howard RJ, Ferrari MA, Roach DH, Money NP. (1991). «Penetration of hard substrates by a fungus employing enormous turgor pressures». Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 88 (24): 11281–84. PMC 53118Acessível livremente. PMID 1837147. doi:10.1073/pnas.88.24.11281 
  51. Money NP. (1998). «Mechanics of invasive fungal growth and the significance of turgor in plant infection.». Molecular Genetics of Host-Specific Toxins in Plant Disease: Proceedings of the 3rd Tottori International Symposium on Host-Specific Toxins, Daisen, Tottori, Japan, August 24–29, 1997. Netherlands: Kluwer Academic Publishers. pp. 261–71. ISBN 0-7923-4981-4 
  52. Wang ZY, Jenkinson JM, Holcombe LJ, Soanes DM, Veneault-Fourrey C, Bhambra GK, Talbot NJ. (2005). «The molecular biology of appressorium turgor generation by the rice blast fungus Magnaporthe grisea». Biochemical Society Transactions. 33 (Pt 2): 384–88. PMID 15787612. doi:10.1042/BST0330384 
  53. Pereira JL, Noronha EF, Miller RN, Franco OL. (2007). «Novel insights in the use of hydrolytic enzymes secreted by fungi with biotechnological potential». Letters in Applied Microbiology. 44 (6): 573–81. PMID 17576216. doi:10.1111/j.1472-765X.2007.02151.x 
  54. Schaller M, Borelli C, Korting HC, Hube B. (2007). «Hydrolytic enzymes as virulence factors of Candida albicans». Mycoses. 48 (6): 365–77. PMID 16262871. doi:10.1111/j.1439-0507.2005.01165.x 
  55. Farrar JF. (1985). «Carbohydrate metabolism in biotrophic plant pathogens». Microbiological Sciences. 2 (10): 314–17. PMID 3939987 
  56. Fischer R, Zekert N, Takeshita N. (2008). «Polarized growth in fungi—interplay between the cytoskeleton, positional markers and membrane domains». Molecular Microbiology. 68 (4): 813–26. PMID 18399939. doi:10.1111/j.1365-2958.2008.06193.x 
  57. Christensen MJ, Bennett RJ, Ansari HA, Koga H, Johnson RD, Bryan GT, Simpson WR, Koolaard JP, Nickless EM, Voisey CR. (2008). «Epichloë endophytes grow by intercalary hyphal extension in elongating grass leaves». Fungal Genetics and Biology. 45 (2): 84–93. PMID 17919950. doi:10.1016/j.fgb.2007.07.013 
  58. Money NP. (2002). «Mushroom stem cells». Bioessays. 24 (10): 949–52. PMID 12325127. doi:10.1002/bies.10160 
  59. Willensdorfer M. (2009). «On the evolution of differentiated multicellularity». Evolution. 63 (2): 306–23. PMID 19154376. doi:10.1111/j.1558-5646.2008.00541.x 
  60. Daniels KJ, Srikantha T, Lockhart SR, Pujol C, Soll DR. (2006). «Opaque cells signal white cells to form biofilms in Candida albicans». EMBO Journal. 25 (10): 2240–52. PMC 1462973Acessível livremente. PMID 16628217. doi:10.1038/sj.emboj.7601099 
  61. Marzluf GA. (1981). «Regulation of nitrogen metabolism and gene expression in fungi». Microbiological Reviews. 45 (3): 437–61. PMC 281519Acessível livremente. PMID 6117784 
  62. Heynes MJ. (1994). «Regulatory circuits of the amdS gene of Aspergillus nidulans». Antonie Van Leeuwenhoek. 65 (3): 179–82. PMID 7847883. doi:10.1007/BF00871944 
  63. Dadachova E, Casadevall A. (2008). «Ionizing radiation: how fungi cope, adapt, and exploit with the help of melanin». Current opinion in Microbiology. 11 (6): 525–31. PMC 2677413Acessível livremente. PMID 18848901. doi:10.1016/j.mib.2008.09.013 
  64. Alexopoulos et al., pp. 48–56.
  65. Kirk et al., p. 633.
  66. Heitman J. (2005). «Sexual reproduction and the evolution of microbial pathogens». Current Biology. 16 (17): R711–25. PMID 16950098. doi:10.1016/j.cub.2006.07.064 
  67. Alcamo IE, Pommerville J. (2004). Alcamo's Fundamentals of Microbiology. Boston: Jones and Bartlett. p. 590. ISBN 0-7637-0067-3 
  68. a b Redecker D, Raab P. (2006). «Phylogeny of the Glomeromycota (arbuscular mycorrhizal fungi): recent developments and new gene markers». Mycologia. 98 (6): 885–95. PMID 17486965. doi:10.3852/mycologia.98.6.885 
  69. Guarro J, Gené J, Stchigel AM. (1999). «Developments in fungal taxonomy». Clinical Microbiology Reviews. 12 (3): 454–500. PMC 100249Acessível livremente. PMID 10398676 
  70. a b Taylor JW, Jacobson DJ, Kroken S, Kasuga T, Geiser DM, Hibbett DS, Fisher MC. (2000). «Phylogenetic species recognition and species concepts in fungi». Fungal Genetics and Biology. 31 (1): 21–32. PMID 11118132. doi:10.1006/fgbi.2000.1228 
  71. Metzenberg RL, Glass NL. (1990). «Mating type and mating strategies in Neurospora». Bioessays. 12 (2): 53–59. PMID 2140508. doi:10.1002/bies.950120202 
  72. Jennings and Lysek, pp. 107–114.
  73. Deacon, p. 31.
  74. Alexopoulos et al., pp. 492–93.
  75. Jennings and Lysek, p. 142.
  76. Deacon, pp. 21–24.
  77. Linder MB, Szilvay GR, Nakari-Setälä T, Penttilä ME. (2005). «Hydrophobins: the protein-amphiphiles of filamentous fungi». FEMS Microbiology Reviews. 29 (5): 877–96. PMID 16219510. doi:10.1016/j.femsre.2005.01.004 
  78. Trail F. (2007). «Fungal cannons: explosive spore discharge in the Ascomycota». FEMS Microbiology Letters. 276 (1): 12–18. PMID 17784861. doi:10.1111/j.1574-6968.2007.00900.x 
  79. Pringle A, Patek SN, Fischer M, Stolze J, Money NP. (2005). «The captured launch of a ballistospore». Mycologia. 97 (4): 866–71. PMID 16457355. doi:10.3852/mycologia.97.4.866 
  80. Kirk et al., p. 495.
  81. Brodie HJ. (1975). The Bird's Nest Fungi. Toronto: University of Toronto Press. ISBN 0-8020-5307-6  Texto "p.80" ignorado (ajuda)
  82. Alexopoulos et al., p. 545.
  83. Jennings and Lysek, pp. 114–15.
  84. Furlaneto MC, Pizzirani-Kleiner AA. (1992). «Intraspecific hybridisation of Trichoderma pseudokoningii by anastomosis and by protoplast fusion». FEMS Microbiology Letters. 69 (2): 191–95. PMID 1537549. doi:10.1111/j.1574-6968.1992.tb05150.x 
  85. Schardl CL, Craven KD. (2003). «Interspecific hybridization in plant-associated fungi and oomycetes: a review». Molecular Ecology. 12 (11): 2861–73. PMID 14629368. doi:10.1046/j.1365-294X.2003.01965.x 
  86. Donoghue MJ, Cracraft J. (2004). Assembling the tree of life. Oxford (Oxfordshire): Oxford University Press. p. 187. ISBN 0-19-517234-5 
  87. Taylor and Taylor, p. 19.
  88. Taylor and Taylor, pp. 7–12.
  89. Butterfield NJ. (2005). «Probable Proterozoic fungi». Paleobiology. 31 (1): 165–82. doi:10.1666/0094-8373(2005)031<0165:PPF>2.0.CO;2 
  90. Lucking R, Huhndorf S, Pfister D, Plata ER, Lumbsch H. (2009). «Fungi evolved right on track». Mycologia. 101 (6): 810–822. PMID 19927746. doi:10.3852/09-016 
  91. a b c d James TY; et al. (2006). «Reconstructing the early evolution of Fungi using a six-gene phylogeny». Nature. 443 (7113): 818–22. PMID 17051209. doi:10.1038/nature05110  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "James" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  92. Taylor and Taylor, pp. 84–94 and 106–107.
  93. Schoch CL, Sung G-H, López-Giráldez F; et al. (2009). «The Ascomycota tree of life: A phylum-wide phylogeny clarifies the origin and evolution of fundamental reproductive and ecological traits». Systematic Biology. 58 (2): 224–39. doi:10.1093/sysbio/syp020 
  94. a b Brundrett MC. (2002). «Coevolution of roots and mycorrhizas of land plants». New Phytologist. 154 (2): 275–304. doi:10.1046/j.1469-8137.2002.00397.x 
  95. Redecker D, Kodner R, Graham LE. (2000). «Glomalean fungi from the Ordovician». Science. 289 (5486): 1920–21. PMID 10988069. doi:10.1126/science.289.5486.1920 
  96. Taylor TN, Taylor EL. (1996). «The distribution and interactions of some Paleozoic fungi». Review of Palaeobotany and Palynology. 95 (1–4): 83–94. doi:10.1016/S0034-6667(96)00029-2 
  97. Dotzler N, Walker C, Krings M, Hass H, Kerp H, Taylor TN, Agerer R. (2009). «Acaulosporoid glomeromycotan spores with a germination shield from the 400-million-year-old Rhynie chert». Mycological Progress. 8 (1): 9–18. doi:10.1007/s11557-008-0573-1 
  98. Taylor JW, Berbee ML. (2006). «Dating divergences in the Fungal Tree of Life: review and new analyses». Mycologia. 98 (6): 838–49. PMID 17486961. doi:10.3852/mycologia.98.6.838 
  99. Blackwell M, Vilgalys R, James TY, Taylor JW. (2009). «Fungi. Eumycota: mushrooms, sac fungi, yeast, molds, rusts, smuts, etc.». Tree of Life Web Project. Consultado em 25 de abril de 2009 
  100. Yuan X, Xiao S, Taylor TN. (2005). «Lichen-like symbiosis 600 million years ago». Science (New York, N.Y.). 308 (5724): 1017–20. PMID 15890881. doi:10.1126/science.1111347 
  101. Karatygin IV, Snigirevskaya NS, Vikulin SV. (2009). «The most ancient terrestrial lichen Winfrenatia reticulata: A new find and new interpretation» (PDF). Paleontological Journal. 43 (1): 107–14. doi:10.1134/S0031030109010110 
  102. Taylor TN, Hass H, Kerp H, Krings M, Hanlin RT. (2005). «Perithecial Ascomycetes from the 400 million year old Rhynie chert: an example of ancestral polymorphism». Mycologia. 97 (1): 269–85. PMID 16389979. doi:10.3852/mycologia.97.1.269 
  103. Dennis RL. (1970). «A Middle Pennsylvanian basidiomycete mycelium with clamp connections». Mycologia. 62 (3): 578–84. doi:10.2307/3757529 
  104. Hibbett DS, Grimaldi D, Donoghue MJ. (1995). «Cretaceous mushrooms in amber». Nature. 487: 487 
  105. Hibbett DS, Grimaldi D, Donoghue MJ. (1997). «Fossil mushrooms from Miocene and Cretaceous ambers and the evolution of homobasidiomycetes». American Journal of Botany. 84 (7): 981–91. doi:10.2307/2446289 
  106. Eshet Y, Rampino MR, Visscher H. (1995). «Fungal event and palynological record of ecological crisis and recovery across the Permian-Triassic boundary». Geology. 23 (1): 967–70. doi:10.1130/0091-7613(1995)023<0967:FEAPRO>2.3.CO;2 
  107. Foster CB, Stephenson MH, Marshall C, Logan GA, Greenwood PF. (2002). «A revision of Reduviasporonites Wilson 1962: description, illustration, comparison and biological affinities». Palynology. 26 (1): 35–58. doi:10.2113/0260035 
  108. López-Gómez J, Taylor EL. (2005). «Permian-Triassic transition in Spain: a multidisciplinary approach». Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology. 229 (1–2): 1–2. doi:10.1016/j.palaeo.2005.06.028 
  109. Looy CV, Twitchett RJ, Dilcher DL, Van Konijnenburg-van Cittert JHA, Visscher H. (2005). «Life in the end-Permian dead zone». Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 162 (4): 653–59. PMC 35436Acessível livremente. PMID 11427710. doi:10.1073/pnas.131218098. See image 2 
  110. Ward PD, Botha J, Buick R, De Kock MO, Erwin DH, Garrison GH, Kirschvink JL, Smith R. (2005). «Abrupt and gradual extinction among late Permian land vertebrates in the Karoo Basin, South Africa». Science. 307 (5710): 709–14. PMID 15661973. doi:10.1126/science.1107068 
  111. Shalchian-Tabrizi K, Minge MA, Espelund M, Orr R, Ruden T, Jakobsen KS, Cavalier-Smith T. (2008). «Multigene phylogeny of choanozoa and the origin of animals». PLoS ONE. 3 (5): e2098. PMC 2346548Acessível livremente. PMID 18461162. doi:10.1371/journal.pone.0002098. Consultado em 25 de abril de 2009 
  112. Ver [{{link|en|http://www.palaeos.com/Fungi/default.htm%7C Palaeos: Fungi] para uma introdução à taxonomia dos fungos, incluindo controvérsias recentes.
  113. Celio GJ, Padamsee M, Dentinger BT, Bauer R, McLaughlin DJ. (2006). «Assembling the Fungal Tree of Life: constructing the structural and biochemical database». Mycologia. 98 (6): 850–59. PMID 17486962. doi:10.3852/mycologia.98.6.850 
  114. Gill EE, Fast NM. (2006). «Assessing the microsporidia-fungi relationship: Combined phylogenetic analysis of eight genes». Gene. 375: 103–9. PMID 16626896. doi:10.1016/j.gene.2006.02.023 
  115. Liu YJ, Hodson MC, Hall BD. (2006). «Loss of the flagellum happened only once in the fungal lineage: phylogenetic structure of kingdom Fungi inferred from RNA polymerase II subunit genes». BMC Evolutionary Biology. 6: 74. PMC 1599754Acessível livremente. PMID 17010206. doi:10.1186/1471-2148-6-74 
  116. a b Remy W, Taylor TN, Hass H, Kerp H. (1994). «4-hundred million year old vesicular-arbuscular mycorrhizae». Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 91 (25): 11841–43. PMC 45331Acessível livremente. PMID 11607500. doi:10.1073/pnas.91.25.11841 
  117. Schüssler A, Schwarzott D, Walker C. (2001). «A new fungal phylum, the Glomeromycota: phylogeny and evolution». Mycological Research. 105 (12): 1413–21. doi:10.1017/S0953756201005196 
  118. Alexopoulos et al., p. 145.
  119. For an example, see Samuels GJ. (2006). «Trichoderma: systematics, the sexual state, and ecology». Phytopathology. 96 (2): 195–206. PMID 18943925. doi:10.1094/PHYTO-96-0195 
  120. Radford A, Parish JH. (1997). «The genome and genes of Neurospora crassa». Fungal Genetics and Biology: FG & B. 21 (3): 258–66. PMID 9290240. doi:10.1006/fgbi.1997.0979 
  121. Valverde ME, Paredes-López O, Pataky JK, Guevara-Lara F. (1995). «Huitlacoche (Ustilago maydis) as a food source—biology, composition, and production». Critical Reviews in Food Science and Nutrition. 35 (3): 191–229. PMID 7632354. doi:10.1080/10408399509527699 
  122. Zisova LG. (2009). «Malassezia species and seborrheic dermatitis». Folia Medica. 51 (1): 23–33. PMID 19437895 
  123. Perfect JR. (2006). «Cryptococcus neoformans: the yeast that likes it hot». FEMS Yeast Research. 6 (4): 463–68. PMID 16696642. doi:10.1111/j.1567-1364.2006.00051.x 
  124. Blackwell M, Spatafora JW. (2004). «Fungi and their allies». In: Bills GF, Mueller GM, Foster MS. Biodiversity of Fungi: Inventory and Monitoring Methods. Amsterdam: Elsevier Academic Press. pp. 18–20. ISBN 0-12-509551-1 
  125. Shalchian-Tabrizi K, Minge MA, Espelund M, Orr R, Ruden T, Jakobsen KS, Cavalier-Smith T. (2008). «Multigene phylogeny of Choanozoa and the origin of animals». PLoS ONE. 3 (5): e2098. PMC 2346548Acessível livremente. PMID 18461162. doi:10.1371/journal.pone.0002098 
  126. Gadd GM. (2007). «Geomycology: biogeochemical transformations of rocks, minerals, metals and radionuclides by fungi, bioweathering and bioremediation». Mycological Research. 111 (Pt 1): 3–49. PMID 17307120. doi:10.1016/j.mycres.2006.12.001. Consultado em 15 de julho de 2009 
  127. a b Lindahl BD, Ihrmark K, Boberg J, Trumbore SE, Högberg P, Stenlid J, Finlay RD (2007). «Spatial separation of litter decomposition and mycorrhizal nitrogen uptake in a boreal forest». New Phytologist. 173 (3): 611–20. PMID 17244056. doi:10.1111/j.1469-8137.2006.01936.x 
  128. Barea JM, Pozo MJ, Azcón R, Azcón-Aguilar C. (2005). «Microbial co-operation in the rhizosphere». Journal of Experimental Botany. 56 (417): 1761–78. PMID 15911555. doi:10.1093/jxb/eri197 
  129. Aanen DK. (2006). «As you reap, so shall you sow: coupling of harvesting and inoculating stabilizes the mutualism between termites and fungi». Biology Letters. 2 (2): 209–12. PMC 1618886Acessível livremente. PMID 17148364. doi:10.1098/rsbl.2005.0424 
  130. Nikoh N, Fukatsu T. (2000). «Interkingdom host jumping underground: phylogenetic analysis of entomoparasitic fungi of the genus Cordyceps». Molecular Biology and Evolution. 17 (4): 2629–38. PMID 10742053 
  131. Perotto S, Bonfante P. (1997). «Bacterial associations with mycorrhizal fungi: close and distant friends in the rhizosphere». Trends in Microbiology. 5 (12): 496–501. PMID 9447662. doi:10.1016/S0966-842X(97)01154-2 
  132. Arnold AE, Mejía LC, Kyllo D, Rojas EI, Maynard Z, Robbins N, Herre EA. (2003). «Fungal endophytes limit pathogen damage in a tropical tree». Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 100 (26): 15649–54. PMC 307622Acessível livremente. PMID 14671327. doi:10.1073/pnas.2533483100 
  133. a b Paszkowski U. (2006). «Mutualism and parasitism: the yin and yang of plant symbioses». Current Opinion in Plant Biology. 9 (4): 364–70. PMID 16713732. doi:10.1016/j.pbi.2006.05.008 
  134. a b Hube B. (2004). «From commensal to pathogen: stage- and tissue-specific gene expression of Candida albicans». Current Opinion in Microbiology. 7 (4): 336–41. PMID 15288621. doi:10.1016/j.mib.2004.06.003 
  135. Bonfante P. (2003). «Plants, mycorrhizal fungi and endobacteria: a dialog among cells and genomes». The Biological Bulletin. 204 (2): 215–20. PMID 12700157. doi:10.2307/1543562. Consultado em 29 de julho de 2009 
  136. van der Heijden MG, Streitwolf-Engel R, Riedl R, Siegrist S, Neudecker A, Ineichen K, Boller T, Wiemken A, Sanders IR. (2006). «The mycorrhizal contribution to plant productivity, plant nutrition and soil structure in experimental grassland». New Phytologist. 172 (4): 739–52. PMID 17096799. doi:10.1111/j.1469-8137.2006.01862.x 
  137. Selosse MA, Richard F, He X, Simard SW. (2006). «Mycorrhizal networks: des liaisons dangereuses?». Trends in Ecology and Evolution. 21 (11): 621–28. PMID 16843567. doi:10.1016/j.tree.2006.07.003 
  138. Merckx V, Bidartondo MI, Hynson NA. (2009). «Myco-heterotrophy: when fungi host plants». Annals of Botany. in press. 1255 páginas. doi:10.1093/aob/mcp235 
  139. Schulz B, Boyle C. (2005). «The endophytic continuum». Mycological Research. 109 (Pt 6): 661–86. PMID 16080390. doi:10.1017/S095375620500273X 
  140. Clay K, Schardl C. (2002). «Evolutionary origins and ecological consequences of endophyte symbiosis with grasses». American Naturalist. 160 Suppl 4: S99–S127. PMID 18707456. doi:10.1086/342161 
  141. Brodo IM, Sharnoff SD. (2001). Lichens of North America. [S.l.]: Yale University Press. ISBN 0300082495 
  142. Raven PH, Evert RF, Eichhorn, SE. (2005). «14—Fungi». Biology of Plants 7 ed. [S.l.]: W. H. Freeman. p. 290. ISBN 978-0716710073 
  143. Deacon, p. 267.
  144. Purvis W. (2000). Lichens. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press in association with the Natural History Museum, London. pp. 49–75. ISBN 1-56098-879-7 
  145. Kirk et al., p. 378.
  146. Deacon, pp. 267–76.
  147. Douglas AE. (1989). «Mycetocyte symbiosis in insects». Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society. 64 (4): 409–34. PMID 2696562. doi:10.1111/j.1469-185X.1989.tb00682.x 
  148. Deacon, p. 277.
  149. Aanen DK. (2006). «As you reap, so shall you sow: coupling of harvesting and inoculating stabilizes the mutualism between termites and fungi». Biology Letters. 2 (2): 209–12. PMC 1618886Acessível livremente. PMID 17148364. doi:10.1098/rsbl.2005.0424. Consultado em 25 de abril de 2009 
  150. Nguyen NH, Suh SO, Blackwell M. (2007). «Five novel Candida species in insect-associated yeast clades isolated from Neuroptera and other insects». Mycologia. 99 (6): 842–58. PMID 18333508. doi:10.3852/mycologia.99.6.842 
  151. Talbot NJ. (2003). «On the trail of a cereal killer: Exploring the biology of Magnaporthe grisea». Annual Reviews in Microbiology. 57: 177–202. PMID 14527276. doi:10.1146/annurev.micro.57.030502.090957 
  152. Paoletti M, Buck KW, Brasier CM. (2006). «Selective acquisition of novel mating type and vegetative incompatibility genes via interspecies gene transfer in the globally invading eukaryote Ophiostoma novo-ulmi». Molecular Ecology. 15 (1): 249–62. PMID 16367844. doi:10.1111/j.1365-294X.2005.02728.x 
  153. Gryzenhout M, Wingfield BD, Wingfield MJ. (2006). «New taxonomic concepts for the important forest pathogen Cryphonectria parasitica and related fungi». FEMS Microbiology Letters. 258 (2): 161–72. PMID 16640568. doi:10.1111/j.1574-6968.2006.00170.x 
  154. Yang Y, Yang E, An Z, Liu X. (2007). «Evolution of nematode-trapping cells of predatory fungi of the Orbiliaceae based on evidence from rRNA-encoding DNA and multiprotein sequences». Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 104 (20): 8379–84. PMC 1895958Acessível livremente. PMID 17494736. doi:10.1073/pnas.0702770104. Consultado em 25 de abril de 2009 
  155. Nielsen K, Heitman J. (2007). «Sex and virulence of human pathogenic fungi». Advances in Genetics. 57: 143–73. PMID 17352904. doi:10.1016/S0065-2660(06)57004-X 
  156. Brakhage AA. (2005). «Systemic fungal infections caused by Aspergillus species: epidemiology, infection process and virulence determinants». Current Drug Targets. 6 (8): 875–86. PMID 16375671. doi:10.2174/138945005774912717 
  157. Kauffman CA. (2007). «Histoplasmosis: a clinical and laboratory update». Clinical Microbiology Reviews. 20 (1): 115–32. PMC 1797635Acessível livremente. PMID 17223625. doi:10.1128/CMR.00027-06 
  158. Cushion MT, Smulian AG, Slaven BE, Sesterhenn T, Arnold J, Staben C, Porollo A, Adamczak R, Meller J. (2007). «Transcriptome of Pneumocystis carinii during fulminate infection: carbohydrate metabolism and the concept of a compatible parasite». PLoS ONE. 2 (5): e423. PMC 1855432Acessível livremente. PMID 17487271. doi:10.1371/journal.pone.0000423 
  159. Cook GC, Zumla AI. (2008). Manson's Tropical Diseases: Expert Consult. [S.l.]: Saunders Ltd. p. 347. ISBN 1-4160-4470-1 
  160. Simon-Nobbe B, Denk U, Pöll V, Rid R, Breitenbach M. (2008). «The spectrum of fungal allergy». International Archives of Allergy and Immunology. 145 (1): 58–86. PMID 17709917. doi:10.1159/000107578 
  161. Fincham JRS. (1989). «Transformation in fungi». Microbiological Reviews. 53 (1): 148–70. PMC 372721Acessível livremente. PMID 2651864 
  162. Hawkins KM, Smolke CD. (2008). «Production of benzylisoquinoline alkaloids in Saccharomyces cerevisiae». Nature Chemical Biology. 4 (9): 564–73. PMID 18690217. doi:10.1038/nchembio.105 
  163. Huang B, Guo J, Yi B, Yu X, Sun L, Chen W. (2008). «Heterologous production of secondary metabolites as pharmaceuticals in Saccharomyces cerevisiae». Biotechnology Letters. 30 (7): 1121–37. PMID 18512022. doi:10.1007/s10529-008-9663-z 
  164. Brakhage AA, Spröte P, Al-Abdallah Q, Gehrke A, Plattner H, Tüncher A. (2004). «Regulation of penicillin biosynthesis in filamentous fungi». Advances in Biochemical Engineering/biotechnology. 88: 45–90. PMID 15719552 
  165. Loo DS. (2006). «Systemic antifungal agents: an update of established and new therapies». Advances in Dermatology. 22: 101–24. PMID 17249298. doi:10.1016/j.yadr.2006.07.001 
  166. Pan A, Lorenzotti S, Zoncada A. (2008). «Registered and investigational drugs for the treatment of methicillin-resistant Staphylococcus aureus infection». Recent Patents on Anti-infective Drug Discovery. 3 (1): 10–33. PMID 18221183. doi:10.2174/157489108783413173 
  167. Fajardo A, Martínez JL. (2008). «Antibiotics as signals that trigger specific bacterial responses». Current Opinion in Microbiology. 11 (2): 161–67. PMID 18373943. doi:10.1016/j.mib.2008.02.006 
  168. Kulp K. (2000). Handbook of Cereal Science and Technology. [S.l.]: CRC Press. ISBN 0824782941 
  169. Piskur J, Rozpedowska E, Polakova S, Merico A, Compagno C. (2006). «How did Saccharomyces evolve to become a good brewer?». Trends in Genetics. 22 (4): 183–86. PMID 16499989. doi:10.1016/j.tig.2006.02.002 
  170. Abe K, Gomi K, Hasegawa F, Machida M. (2006). «Impact of Aspergillus oryzae genomics on industrial production of metabolites». Mycopathologia. 162 (3): 143–53. PMID 16944282. doi:10.1007/s11046-006-0049-2 
  171. Hachmeister KA, Fung DY (1993). «Tempeh: a mold-modified indigenous fermented food made from soybeans and/or cereal grains». Critical Reviews in Microbiology. 19 (3): 137–88. PMID 8267862. doi:10.3109/10408419309113527 
  172. Jørgensen TR. (2007). «Identification and toxigenic potential of the industrially important fungi, Aspergillus oryzae and Aspergillus sojae». Journal of Food Protection. 70 (12): 2916–34. PMID 18095455 
  173. O'Donnell K, Cigelnik E, Casper HH. (1998). «Molecular phylogenetic, morphological, and mycotoxin data support reidentification of the Quorn mycoprotein fungus as Fusarium venenatum». Fungal Genetics and Biology. 23 (1): 57–67. PMID 9501477. doi:10.1006/fgbi.1997.1018 
  174. a b Hetland G, Johnson E, Lyberg T, Bernardshaw S, Tryggestad AM, Grinde B. (2008). «Effects of the medicinal mushroom Agaricus blazei Murill on immunity, infection and cancer». Scandinavian Journal of Immunology. 68 (4): 363–70. PMID 18782264. doi:10.1111/j.1365-3083.2008.02156.x 
  175. Firenzuoli F, Gori L, Lombardo G. (2008). «The medicinal mushroom Agaricus blazei Murrill: review of literature and pharmaco-toxicological problems». Evidence-based Complementary and Alternative Medicine: eCAM. 5 (1): 3–15. PMC 2249742Acessível livremente. PMID 18317543. doi:10.1093/ecam/nem007 
  176. Paterson RR. (2006). «Ganoderma – a therapeutic fungal biofactory». Phytochemistry. 67 (18): 1985–2001. PMID 16905165. doi:10.1002/chin.200650268 
  177. Paterson RR. (2008). «Cordyceps: a traditional Chinese medicine and another fungal therapeutic biofactory?». Phytochemistry. 69 (7): 1469–95. PMID 18343466. doi:10.1016/j.phytochem.2008.01.027 
  178. el-Mekkawy S, Meselhy MR, Nakamura N, Tezuka Y, Hattori M, Kakiuchi N, Shimotohno K, Kawahata T, Otake T. (1998). «Anti-HIV-1 and anti-HIV-1-protease substances from Ganoderma lucidum». Phytochemistry. 49 (6): 1651–57. PMID 9862140. doi:10.1016/S0031-9422(98)00254-4 
  179. El Dine RS, El Halawany AM, Ma CM, Hattori M. (2008). «Anti-HIV-1 protease activity of lanostane triterpenes from the vietnamese mushroom Ganoderma colossum». Journal of Natural Products. 71 (6): 1022–26. PMID 18547117. doi:10.1021/np8001139 
  180. Yuen JW, Gohel MD. (2005). «Anticancer effects of Ganoderma lucidum: a review of scientific evidence». Nutrition and Cancer. 53 (1): 11–17. PMID 16351502. doi:10.1207/s15327914nc5301_2 
  181. Sullivan R, Smith JE, Rowan NJ. (2006). «Medicinal mushrooms and cancer therapy: translating a traditional practice into Western medicine». Perspectives in Biology and Medicine. 49 (2): 159–70. PMID 16702701. doi:10.1353/pbm.2006.0034 
  182. Halpern GM, Miller A. (2002). Medicinal Mushrooms: Ancient Remedies for Modern Ailments. New York: M. Evans and Co. p. 116. ISBN 0-87131-981-0 
  183. Fisher M, Yang LX. (2002). «Anticancer effects and mechanisms of polysaccharide-K (PSK): implications of cancer immunotherapy». Anticancer Research. 22 (3): 1737–54. PMID 12168863 
  184. Stamets P. (2000). Growing Gourmet and Medicinal Mushrooms = [Shokuyō oyobi yakuyō kinoko no saibai]. Berkeley, Calif: Ten Speed Press. pp. 233–48. ISBN 1-58008-175-4 
  185. Hall, pp. 13–26.
  186. Kinsella JE, Hwang DH. (1976). «Enzymes of Penicillium roqueforti involved in the biosynthesis of cheese flavor». CRC Critical Reviews in Food Science and Nutrition. 8 (2): 191–228. PMID 21770. doi:10.1080/10408397609527222 
  187. Erdogan A, Gurses M, Sert S. (2004). «Isolation of moulds capable of producing mycotoxins from blue mouldy Tulum cheeses produced in Turkey». International Journal of Food Microbiology. 85 (1-2): 83–85. PMID 12810273. doi:10.1016/S0168-1605(02)00485-3 
  188. Orr DB, Orr RT. (1979). Mushrooms of Western North America. Berkeley: University of California Press. p. 17. ISBN 0-520-03656-5 
  189. Vetter J. (1998). «Toxins of Amanita phalloides». Toxicon. 36 (1): 13–24. PMID 9604278. doi:10.1016/S0041-0101(97)00074-3 
  190. Leathem AM, Dorran TJ. (2007). «Poisoning due to raw Gyromitra esculenta (false morels) west of the Rockies». Canadian Journal of Emergency Medicine. 9 (2): 127–30. PMID 17391587 
  191. Karlson-Stiber C, Persson H. (2003). «Cytotoxic fungi—an overview». Toxicon. 42 (4): 339–49. PMID 14505933. doi:10.1016/S0041-0101(03)00238-1 
  192. Michelot D, Melendez-Howell LM. (2003). «Amanita muscaria: chemistry, biology, toxicology, and ethnomycology». Mycological Research. 107 (Pt 2): 131–46. PMID 12747324. doi:10.1017/S0953756203007305 
  193. Hall, p. 7.
  194. Ammirati JF, McKenny M, Stuntz DE. (1987). The New Savory Wild Mushroom. Seattle: University of Washington Press. pp. xii – xiii. ISBN 0-295-96480-4 
  195. López-Gómez J, Molina-Meyer M. (2006). «The competitive exclusion principle versus biodiversity through competitive segregation and further adaptation to spatial heterogeneities». Theoretical Population Biology. 69 (1): 94–109. PMID 16223517. doi:10.1016/j.tpb.2005.08.004 
  196. Becker H. (1998). «Setting the Stage To Screen Biocontrol Fungi». United States Department of Agriculture, Agricultural Research Service. Consultado em 23 de fevereiro de 2009 
  197. Keiller TS. «Whey-based fungal microfactory technology for enhanced biological pest management using fungi» (PDF). UVM Innovations. Consultado em 23 de fevereiro de 2009 
  198. Deshpande MV. (1999). «Mycopesticide production by fermentation: potential and challenges». Critical Reviews in Microbiology. 25 (3): 229–43. PMID 10524330. doi:10.1080/10408419991299220 
  199. Thomas MB, Read AF. (2007). «Can fungal biopesticides control malaria?». Nature Reviews in Microbiology. 5 (5): 377–83. PMID 17426726. doi:10.1038/nrmicro1638 
  200. Bush LP, Wilkinson HH, Schardl CL. (1997). «Bioprotective alkaloids of grass-fungal endophyte symbioses». Plant Physiology. 114 (1): 1–7. PMC 158272Acessível livremente. PMID 12223685 
  201. Bouton JH, Latch GCM, Hill NS, Hoveland CS, McCannc MA, Watson RH, Parish JA, Hawkins LL, Thompson FN. (2002). «Use of nonergot alkaloid-producing endophytes for alleviating tall fescue toxicosis in sheep». Agronomy Journal. 94: 567–74. http://agron.scijournals.org/cgi/content/full/94/3/567 
  202. Christian V, Shrivastava R, Shukla D, Modi HA, Vyas BR. (2005). «Degradation of xenobiotic compounds by lignin-degrading white-rot fungi: enzymology and mechanisms involved». Indian Journal of Experimental Biology. 43 (4): 301–12. PMID 15875713 
  203. BBC (2008). Fungi to fight 'toxic war zones'|accessed 2009-07-29
  204. Fomina M, Charnock JM, Hillier S, Alvarez R, Livens F, Gadd GM. (2008). «Role of fungi in the biogeochemical fate of depleted uranium». Current Biology. 18 (9): R375–77. PMID 18460315. doi:10.1016/j.cub.2008.03.011 
  205. Fomina M, Charnock JM, Hillier S, Alvarez R, Gadd GM. (2007). «Fungal transformations of uranium oxides». Environmental Microbiology. 9 (7): 1696–710. PMID 17564604. doi:10.1111/j.1462-2920.2007.01288.x 
  206. Beadle GW, Tatum EL. (1941). «Genetic control of biochemical reactions in Neurospora». Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA. 27 (11): 499–506. PMC 1078370Acessível livremente. PMID 16588492. doi:10.1073/pnas.27.11.499 
  207. Datta A, Ganesan K, Natarajan K. (1989). «Current trends in Candida albicans research». Advances in Microbial Physiology. 30: 53–88. PMID 2700541. doi:10.1016/S0065-2911(08)60110-1 
  208. Dean RA, Talbot NJ, Ebbole DJ; et al. (2005). «The genome sequence of the rice blast fungus Magnaporthe grisea». Nature. 434 (7036): 980–86. PMID 15846337. doi:10.1038/nature03449 
  209. Daly R, Hearn MT. (2005). «Expression of heterologous proteins in Pichia pastoris: a useful experimental tool in protein engineering and production». Journal of Molecular Recognition: JMR. 18 (2): 119–38. PMID 15565717. doi:10.1002/jmr.687 
  210. Schlegel HG. (1993). General Microbiology. Cambridge, UK: Cambridge University Press. p. 360. ISBN 0-521-43980-9 
  211. «Trichoderma spp., including T. harzianum, T. viride, T. koningii, T. hamatum and other spp. Deuteromycetes, Moniliales (asexual classification system)». Biological Control: A Guide to Natural Enemies in North America. Consultado em 10 de julho de 2007 
  212. Joseph B, Ramteke PW, Thomas G. (2008). «Cold active microbial lipases: some hot issues and recent developments». Biotechnology Advances. 26 (5): 457–70. PMID 18571355. doi:10.1016/j.biotechadv.2008.05.003 
  213. Olempska-Beer ZS, Merker RI, Ditto MD, DiNovi MJ. (2006). «Food-processing enzymes from recombinant microorganisms—a review». Regulatory Toxicology and Pharmacology. 45 (2): 144–58. PMID 16769167. doi:10.1016/j.yrtph.2006.05.001 
  214. Kumar R, Singh S, Singh OV. (2008). «Bioconversion of lignocellulosic biomass: biochemical and molecular perspectives». Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology. 35 (5): 377–91. PMID 18338189. doi:10.1007/s10295-008-0327-8 
  215. Polizeli ML, Rizzatti AC, Monti R, Terenzi HF, Jorge JA, Amorim DS. (2005). «Xylanases from fungi: properties and industrial applications». Applied Microbiology and Biotechnology. 67 (5): 577–91. PMID 15944805. doi:10.1007/s00253-005-1904-7 
  216. Schardl CL, Panaccione DG, Tudzynski P. (2006). «Ergot alkaloids—biology and molecular biology». The Alkaloids. Chemistry and Biology. 63: 45–86. PMID 17133714. doi:10.1016/S1099-4831(06)63002-2 
  217. van Egmond HP, Schothorst RC, Jonker MA. (2007). «Regulations relating to mycotoxins in food: perspectives in a global and European context». Analytical and Bioanalytical Chemistry. 389 (1): 147–57. PMID 17508207. doi:10.1007/s00216-007-1317-9 
  218. Keller NP, Turner G, Bennett JW. (2005). «Fungal secondary metabolism – from biochemistry to genomics». Nature Reviews in Microbiology. 3 (12): 937–47. PMID 16322742. doi:10.1038/nrmicro1286 
  219. Demain AL, Fang A. (2000). «The natural functions of secondary metabolites». Advances in Biochemical Engineering/Biotechnology. 69: 1–39. PMID 11036689. doi:10.1007/3-540-44964-7_1 
  220. Rohlfs M, Albert M, Keller NP, Kempken F. (2007). «Secondary chemicals protect mould from fungivory». Biology Letters. 3 (5): 523–5. PMC 2391202Acessível livremente. PMID 17686752. doi:10.1098/rsbl.2007.0338 
  221. Segundo uma estimativa de 2001, conhecem-se cerca de 10 000 doenças causadas por fungos. Struck C. (2006). «Infection strategies of plant parasitic fungi». In: Cooke BM, Jones DG, Kaye B. The Epidemiology of Plant Diseases. Berlin: Springer. p. 117. ISBN 1-4020-4580-8 
  222. Peintner U, Pöder R, Pümpel T. (1998). «The Iceman's fungi». Mycological Research. 102 (10): 1153–62. doi:10.1017/S0953756298006546 
  223. Ainsworth, p. 1.
  224. Alexopoulos et al., pp. 1–2.
  225. Ainsworth, p. 18.
  226. Hawksworth DL. (2006). «Pandora's Mycological Box: Molecular sequences vs. morphology in understanding fungal relationships and biodiversity». Revista Iberoamericana de Micologia. 23 (3): 127–33. PMID 17196017. doi:10.1016/S1130-1406(06)70031-6 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Fungus», especificamente desta versão.

Bibliografia

  • Ainsworth GC. (1976). Introduction to the History of Mycology. Cambridge, UK: Cambridge University Press. ISBN 0-521-11295-8 
  • Alexopoulos CJ, Mims CW, Blackwell M. (1996). Introductory Mycology. [S.l.]: John Wiley and Sons. ISBN 0471522295 
  • Deacon J. (2005). Fungal Biology. Cambridge, MA: Blackwell Publishers. ISBN 1-4051-3066-0 
  • Hall IR. (2003). Edible and Poisonous Mushrooms of the World. Portland, Oregon: Timber Press. ISBN 0-88192-586-1 
  • Hanson JR. (2008). The Chemistry of Fungi. [S.l.]: Royal Society Of Chemistry. ISBN 0854041362 
  • Jennings DH, Lysek G. (1996). Fungal Biology: Understanding the Fungal Lifestyle. Guildford, UK: Bios Scientific Publishers Ltd. ISBN 978-1859961506 
  • Kirk PM, Cannon PF, Minter DW, Stalpers JA. (2008). Dictionary of the Fungi. 10th ed. Wallingford: CABI. ISBN 0-85199-826-7 
  • Taylor EL, Taylor TN. (1993). The Biology and Evolution of Fossil Plants. Englewood Cliffs, N.J: Prentice Hall. ISBN 0-13-651589-4 

Ligações externas

Saiba mais sobre Fungi
nos projetos irmãos da Wikipedia:

Search Wiktionary Definições no Wikcionario
Search Wikibooks Livros e manuais no Wikilivros
Search Wikiquote Citações no Wikiquote
Search Wikisource Documentos originais no Wikisource
Search Commons Imagens e media no Commons
Search Wikinews Notícias no Wikinotícias
Busca Wikcionario Recursos no Wikiversidade
Busca Wikispecies Fungi no Wikispecies

Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA