João Amazonas

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João Amazonas
Joaoamazonas.jpg
Deputado federal pelo Distrito Federal
Período 5 de fevereiro de 1946 - 10 de janeiro de 1948
Dados pessoais
Nascimento 1 de janeiro de 1912
Belém, Pará
Morte 27 de maio de 2002 (90 anos)
São Paulo
Nacionalidade brasileira
Partido PCB (1935-1962)
PCdoB (1962-2002)
Ocupação político, guerrilheiro

João Amazonas de Souza Pedroso (Belém, 1 de janeiro de 1912São Paulo, 27 de maio de 2002) foi um teórico marxista, político revolucionário, guerrilheiro e líder do Partido Comunista do Brasil.[1]

Filiação ao Partido Comunista[editar | editar código-fonte]

Em 1957.

O envolvimento de João Amazonas com o movimento comunista iniciou em 1935, aos 23 anos, quando tomou conhecimento de um comício da Aliança Nacional Libertadora (ANL) na praça do Largo da Pólvora e integrou-se à ANL.[2] Convidado a participar da Juventude Comunista, em seguida filiou-se também ao então Partido Comunista do Brasil (PCB).

Logo após o ingresso no Partido Comunista, João Amazonas organizou uma célula comunista na empresa em que trabalhava e organizou o sindicato de sua categoria.[2] No mesmo ano que iniciou sua participação política foi preso durante 15 dias por envolvimento com a União dos Proletários de Belém.[2]

No início de 1936, João Amazonas foi novamente preso por ser ex-integrante da ANL.[2] Durante a prisão, João Amazonas e Pedro Pomar realizam uma greve de fome contra as péssimas condições e ministram aulas de marxismo-leninismo aos outros detentos. Em junho de 1937, João Amazonas foi absolvido por falta de provas, após um ano e meio de prisão.[2]

Reorganização do Partido Comunista[editar | editar código-fonte]

Com o golpe de Estado de Getúlio Vargas, justificado pelo falso Plano Cohen e que implantou o regime do Estado Novo, a repressão aos comunistas aumentou. Em 10 de setembro de 1940, João Amazonas que atuava na produção de propaganda e que exercia cargo de direção no Partido Comunista do Brasil do Pará, foi novamente preso.

Após sua libertação, dedicou sua vida ao legado da luta comunista. Em 1943 foi eleito membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, passando a compor a comissão executiva e o secretariado e, em 1945, foi eleito deputado federal constituinte,[2][3] com a maior votação do Distrito Federal após receber 18.379 votos.[4] Teve o mandato extinto em 10 de janeiro de 1948, em virtude da Lei nº 211, de 7 de janeiro de 1948, em razão da cassação do registro do Partido Comunista do Brasil (PCB).[5]

João Amazonas foi contra as mudanças ocorridas no partido após o 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, razão pela qual, em 1957, foi destituído da comissão executiva e, no final de 1961, foi expulso do partido junto com outros militantes.[2][3] Os expulsos resolveram reorganizar o partido, rompendo com a linha reformista e adotaram a sigla PCdoB, tendo aprovado um manifesto-programa no qual reafirmaram as teses revolucionárias e os princípios marxista-leninistas.[2][3]

Participou por diversas vezes de congressos em faculdades e instituições de ensino. Foi secretário-geral do PCdoB por longo período e, entre 1968 e 1972, participou ativamente da Guerrilha do Araguaia, que tinha como propósito estabelecer uma ditadura do proletariado ao modelo soviético e chinês.[6]

Juntamente com nomes como José Dirceu, Olívio Dutra e José Paulo Bisol, conseguiu articular a Frente Brasil Popular (FBP) nas eleições presidenciais de 1989, que garantiu a candidatura a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.[7]

Morte[editar | editar código-fonte]

João Amazonas morreu aos noventa anos de idade, vítima de insuficiência respiratória, após ficar seis dias internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Nove de Julho em São Paulo.[8][9] Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) e foi cremado no crematório da Vila Alpina.[10][11]

O então presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou a morte de Amazonas, por meio de seu porta-voz, Alexandre Parola, considerando-o "um homem que lutou (...) por seus ideais e deixou uma marca nas lutas populares".[12] Membros do Partido dos Trabalhadores (PT), como Paul Singer e Antonio Palocci, também lamentaram a morte do líder comunista.[13]

Obras[editar | editar código-fonte]

Intelectual orgânico, João produziu as seguintes obras:

  • O revisionismo chinês de Mao Tsetung, Editora Anita Garibaldi, 1981.[14]
  • Pela liberdade e pela democracia popular, Editora Anita Garibaldi, 1982.[15]
  • Socialismo: ideal da classe operária, aspiração de todos os povos, Editora Anita Garibaldi, 1983.[16]
  • 30 anos de confronto ideológico: marxismo x revisionismo, Editora Anita Garibaldi, 1990.[17]
  • Epopéia pela liberdade : guerrilha do Araguaia, 30 anos (1972-2002), Editora Anita Garibaldi, 1992.[18]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «JOAO AMAZONAS DE SOUSA PEDROSO». Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 30 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 27 de setembro de 2016 
  2. a b c d e f g h Márcia Dias (27 de maio de 2015). «Conheça a história de João Amazonas na defesa do comunismo». Agência Brasil. Consultado em 17 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 16 de abril de 2016 
  3. a b c «João Amazonas - um pouco da sua história e os 13 anos da morte». Jackson Rubem. 27 de maio de 2015. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 17 de outubro de 2017 
  4. «João Amazonas, uma vida dedicada à luta pelo socialismo». Vermelho. 28 de março de 2002. Consultado em 29 de maio de 2023. Arquivado do original em 29 de julho de 2003 
  5. «Biografia do(a) Deputado(a) Federal JOÃO AMAZONAS». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  6. Nascimento, Durbens (2000). «A Guerrilha do Araguaia: Paulistas e militares na Amazônia» (PDF). Universidade Federal do Pará. Consultado em 30 de maio de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 29 de maio de 2020 
  7. Buonicore, Augusto (24 de julho de 2018). «João Amazonas e as origens da Frente Brasil Popular». Mauricio Grabois. Consultado em 30 de maio de 2023. Cópia arquivada em 31 de outubro de 2022 
  8. «Líder comunista João Amazonas morre aos 90 anos em São Paulo». Folha de S. Paulo. 27 de maio de 2002. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 29 de maio de 2023 
  9. «Morre o comunista João Amazonas». Estadão. 27 de maio de 2002. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 29 de maio de 2023 
  10. «Lideranças políticas prestam homenagem à memória de João Amazonas na Assembléia». Assembleia Legislativa de São Paulo. 28 de maio de 2002. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 29 de maio de 2023 
  11. «Corpo do presidente de honra do PCdoB será velado no Hall Monumental da Assembléia Legislativa». Assembleia Legislativa de São Paulo. 27 de maio de 2002. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 29 de maio de 2023 
  12. Mingone, Ricardo (27 de maio de 2002). «Fernando Henrique lamenta morte de João Amazonas». Folha de S. Paulo. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 29 de maio de 2023 
  13. «PT e FHC comentam morte de João Amazonas». Estadão. 27 de maio de 2002. Consultado em 29 de maio de 2023. Cópia arquivada em 29 de maio de 2023 
  14. Amazonas, João (1981). O revisionismo chinês de Mao Tsetung. São Paulo: Editora A. Garibaldi 
  15. Amazonas, João (1982). Pela liberdade e pela democracia popular. São Paulo, SP: Editora A. Garibaldi 
  16. «Socialismo: ideal da classe operária, aspiração de todos os povos». Library of Congress. Consultado em 31 de maio de 2023 
  17. «30 anos de confronto ideológico : marxismo x revisionismo». Library of Congress. Consultado em 31 de maio de 2023 
  18. «Uma epopéia pela liberdade : guerrilha do Araguaia, 30 anos (1972-2002)». Library of Congress. Consultado em 31 de maio de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]