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Pacto de Varsóvia: diferenças entre revisões

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|nome = Pacto de Varsóvia
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A [[Alemanha Oriental]] retirou-se do Pacto após a [[reunificação alemã]] em 1990. Em 25 de fevereiro de 1991, em uma reunião na Hungria, o Pacto foi declarado encerrado pelos ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos seis estados membros restantes. A própria URSS foi dissolvida em dezembro de 1991, embora a maioria das [[ex-repúblicas soviéticas]] tenham formado a [[Organização do Tratado de Segurança Coletiva]] pouco depois. Nos 20 anos seguintes, os países do Pacto de Varsóvia fora da URSS aderiram à OTAN (Alemanha Oriental por meio de sua reunificação com a Alemanha Ocidental; e a [[República Tcheca]] e a [[Eslováquia]] como países separados), assim como os [[Estados bálticos]] que faziam parte da União Soviética.
A [[Alemanha Oriental]] retirou-se do Pacto após a [[reunificação alemã]] em 1990. Em 25 de fevereiro de 1991, em uma reunião na Hungria, o Pacto foi declarado encerrado pelos ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos seis estados membros restantes. A própria URSS foi dissolvida em dezembro de 1991, embora a maioria das [[ex-repúblicas soviéticas]] tenham formado a [[Organização do Tratado de Segurança Coletiva]] pouco depois. Nos 20 anos seguintes, os países do Pacto de Varsóvia fora da URSS aderiram à OTAN (Alemanha Oriental por meio de sua reunificação com a Alemanha Ocidental; e a [[República Tcheca]] e a [[Eslováquia]] como países separados), assim como os [[Estados bálticos]] que faziam parte da União Soviética.


== Alcance ==
== História ==
[[Imagem:Iron Curtain map.svg|esquerda|thumb|250px|<small>'''A Guerra Fria (1945–90):'''</small> OTAN vs. Pacto de Varsóvia, a relação de forças em 1973.]]


=== Origens ===
O Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua ficou conhecido como ''Pacto de Varsóvia'', a cidade em que foi assinado o acordo de cooperação militar em [[1955]] pelos países do Leste. Concebido sob a liderança da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o seu objetivo declarado era combater a ameaça da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte]] ([[OTAN]]), em particular o rearmamento da [[Alemanha Ocidental]], no entanto, o principal objetivo do pacto, consistiu na criação de um envelope jurídico, que justificasse a presença de milhões de militares russos no território dos países que tinham sido ocupados pelas tropas do exército vermelho na sequência da II guerra mundial. O rearmamento alemão, resultado dos acordos de [[Paris]] levou a que a República Federal Alemã tivesse sido autorizada a reorganizar suas forças armadas e a ingressar na OTAN. Os soviéticos viram isso como violação do status de neutralidade das duas Alemanhas, convencionado nos acordos entre as duas [[superpotência]]s no pós-Segunda Guerra. Isso juntamente com o bloqueio soviético contra Berlim, consumou a divisão da Alemanha e serviu de argumento para que a U.R.S.S. prolongasse indefinidamente a presença das suas tropas nos países do leste europeu.
[[Ficheiro:Pałac_Prezydencki_w_Warszawie_korpus_główny_2019.jpg|direita|miniaturadaimagem| O [[Palácio Presidencial (Polónia)|Palácio Presidencial]] em [[Varsóvia]], Polônia, onde o Pacto de Varsóvia foi estabelecido e assinado em 14 de maio de 1955]]
Antes da criação do Pacto de Varsóvia, a liderança da [[Checoslováquia]], com medo de uma [[Alemanha]] rearmada, procurou criar um pacto de segurança com a Alemanha Oriental e a Polônia.<ref name="Laurien Crump Routledge page 21-22"/> Esses Estados protestaram fortemente contra a remilitarização da [[Alemanha Ocidental]].<ref>Europa Antoni Czubiński Wydawn. </ref> O Pacto de Varsóvia foi estabelecido como consequência do rearmamento da Alemanha Ocidental dentro da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]]. Os líderes soviéticos, como muitos países europeus de ambos os lados da [[Cortina de Ferro]], temiam que a Alemanha voltasse a ser uma potência militar e uma ameaça direta. As consequências do [[Militarismo|militarismo alemão]] permaneceram uma memória fresca entre os soviéticos e os europeus orientais.<ref name="History Channel 1"/><ref name="History Channel 2"/><ref>World Politics: The Menu for Choice page 87
Bruce Russett, Harvey Starr, David Kinsella – 2009 The Warsaw Pact was established in 1955 as a response to West Germany's entry into NATO; German militarism was still a recent memory among the Soviets and East Europeans.</ref><ref name="US Dept State Historian">"When the Federal Republic of Germany entered NATO in early May 1955, the Soviets feared the consequences of a strengthened NATO and a rearmed West Germany". </ref><ref>"1955: Depois de se opor à admissão da Alemanha na [[OTAN]], a [[União Soviética]] junta-se à [[Albânia]], [[Bulgária]], [[Tchecoslováquia]], Alemanha Oriental, Hungria, Polônia e Romênia na formação o Pacto de Varsóvia."</ref> Como a União Soviética já tinha presença armada e dominação política em todos os seus [[Estado satélite|Estados satélites]] do leste, o Pacto foi considerado "supérfluo"<ref>The Warsaw Pact Reconsidered: International Relations in Eastern Europe, 1955–1969
Laurien Crump Routledge, pp. 17, 11.02.2015</ref> e por causa da maneira apressada em que foi concebido, funcionários da OTAN o rotularam como um 'castelo de papelão'.<ref>The Warsaw Pact Reconsidered: International Relations in Eastern Europe, 1955–1969
Laurien Crump Routledge, p. 1, 11.02.2015</ref>
[[Ficheiro:Iron Curtain map.svg|thumb|A [[Cortina de Ferro]], em preto
{{legenda|#FF8282|Membros do [[Pacto de Varsóvia]]}}
{{legenda|#004990|Membros da [[OTAN]]}}
{{legenda|#C0C0C0|[[País neutro|Países militarmente neutros]]}}
{{legenda|#57D557|[[República Socialista Federativa da Iugoslávia|Ioguslávia]], membro do [[Movimento Não Alinhado]]}}<hr />
O ponto preto representa [[Berlim Ocidental]]. A [[República Socialista Popular da Albânia|Albânia]] reteve seu apoio ao Pacto de Varsóvia em 1961 devido à [[ruptura soviético-albanesa]] e se retirou formalmente em 1968.]]


A URSS, temendo a restauração do militarismo alemão na Alemanha Ocidental, sugeriu em 1954 que se juntasse à OTAN, mas isso foi rejeitado pelos [[Estados Unidos]] e [[Reino Unido]].<ref>"1954: Soviet Union suggests it should join NATO to preserve peace in Europe. </ref>
O âmbito de aplicação do Pacto de Varsóvia, que abrange todos os estados socialistas da [[Europa Oriental]] (com excepção da [[Iugoslávia]] que, apesar de tudo, teve uma grande influência), ou seja, [[República Popular Socialista da Albânia|Albânia]] (retirou-se em 1968), [[República Popular da Bulgária|Bulgária]], [[República Socialista da Tchecoslováquia|Checoslováquia]], [[República Popular da Hungria|Hungria]], [[República Popular da Polónia|Polónia]], [[República Democrática Alemã]] ou Alemanha Oriental, [[República Socialista da Romênia|Romênia]] e [[União Soviética]]. Até [[1961]], a RPC (República Popular da Coreia) foi associada como observador. O acordo foi assinado em Varsóvia em [[14 de maio]] de [[1955]], com [[Nikita Khrushchev]], primeiro-secretário do [[Partido Comunista da União Soviética]].


O pedido soviético de adesão à OTAN surgiu após a [[Conferência de Berlim (1954)|Conferência de Berlim]] de janeiro-fevereiro de 1954. O ministro das Relações Exteriores soviético [[Viatcheslav Molotov|Molotov]] fez propostas para a [[reunificação da Alemanha]] {{Sfn|Molotov|1954a|pp=197,201}} e eleições para um governo pan-germânico,{{Sfn|Molotov|1954a|p=202}} sob condições de retirada dos exércitos das [[Conselho de Controle Aliado|quatro potências]] e neutralidade alemã,{{Sfn|Molotov|1954a|pp=197–198, 203, 212}} mas todas foram recusadas pelos outros ministros de relações exteriores: [[John Foster Dulles|Dulles]] (EUA), [[Anthony Eden|Eden]] (Reino Unido) e [[Georges Bidault|Bidault]] (França).{{Sfn|Molotov|1954a|pp=211–212, 216}} As propostas para a reunificação da Alemanha não eram novidade: mais cedo, em 20 de março de 1952, as conversas sobre uma reunificação alemã, iniciadas pela chamada '[[Nota de Stalin]]', terminaram depois que o [[Reino Unido]], a [[França]] e os Estados Unidos insistiram que uma Alemanha unificada não deve ser neutra e deve ser livre para aderir à [[Comunidade Europeia de Defesa]] (EDC, sigla em inglês) e se rearmar. [[James Clement Dunn|James Dunn]] (EUA), que se reuniu em [[Paris]] com Eden, Adenauer e [[Robert Schuman]] (França), afirmaram que "o objetivo deve ser evitar discussões com os russos e pressionar a Comunidade Europeia de Defesa".<ref name="Steininger1">{{Citar livro|título=The German Question: The Stalin Note of 1952 and the Problem of Reunification|ultimo=Steininger|primeiro=Rolf|data=1991|editora=Columbia Univ Press}}</ref> De acordo com John Gaddis "havia pouca inclinação nas capitais ocidentais para explorar esta oferta" da URSS.<ref name="Gaddis">{{Citar livro|título=We Know Now: Rethinking Cold War History|ultimo=Gaddis|primeiro=John|data=1997|editora=Clarendon Press}}</ref> Enquanto o historiador Rolf Steininger afirma que a convicção de Adenauer de que "neutralização significa sovietização" foi o principal fator na rejeição das [[Nota de Stalin|propostas soviéticas]],<ref name="Steininger2">{{Citar livro|título=The German Question: The Stalin Note of 1952 and the Problem of Reunification|ultimo=Steininger|primeiro=Rolf|data=1991|editora=Columbia Univ Press}}</ref> Adenauer também temia que a unificação alemã pudesse ter resultado no fim da principal força política da [[União Democrata-Cristã|CDU]] no [[Bundestag]] alemão.<ref name="Steininger3">{{Citar livro|título=The German Question: The Stalin Note of 1952 and the Problem of Reunification|ultimo=Steininger|primeiro=Rolf|data=1991|editora=Columbia Univ Press}}</ref>
Os Estados do bloco do Leste mantinham antes da assinatura do tratado, uma estreita relação militar com a União Soviética, cujo Exército havia permitido sua libertação durante a [[Segunda Guerra Mundial]], assim como as forças britânicas e dos Estados Unidos tinham feito na Alemanha Ocidental, a oeste da [[Áustria]], [[Bélgica]], [[Itália]], [[França]] e [[Grécia]], no quadro acordado na Conferência de Yalta. A profunda influência exercida pela União Soviética no bloco tinha sido percebida como um desafio às outras potências aliadas, que consideram a expansão do comunismo como uma ameaça imediata para o domínio político e económico na Europa pelos Estados Unidos e governos capitalistas europeus. A polarização entre a órbita dos Estados Unidos, que com a criação da OTAN quebrou a longa tradição de isolamento e os militares soviéticos seria o carácter determinante dos 45 anos da Guerra Fria (o nome dado ao conflito militar travado pela União Soviética e Estados Unidos desde o final da II Guerra Mundial até à dissolução da primeira em [[1991]]).


Consequentemente, Molotov, temendo que a EDC fosse dirigida no futuro contra a URSS e "procurando impedir a formação de grupos de Estados europeus dirigidos contra os outros Estados europeus", fez uma proposta para um Tratado Geral Europeu de Segurança Coletiva na Europa "aberta a todos os Estados europeus sem levar em conta seus sistemas sociais" que incluiria a Alemanha unificada (tornando assim a EDC obsoleta). Mas Eden, Dulles e Bidault se opuseram à proposta.{{Sfn|Molotov|1954a|p=214}}
== Organização ==
Os membros do Pacto de Varsóvia concordaram, em termos muito semelhantes aos utilizados pelo [[Tratado do Atlântico Norte]], a cooperação na manutenção da paz, a organização imediata em caso de ataque previsível (art. 3), a defesa mútua se um membro for atacado (art. 4.º), e o estabelecimento de uma pauta conjunta para coordenar os esforços nacionais (art. 5). Composta por onze artigos no total, o Pacto não se referiu diretamente ao sistema de membros do governo, foi aberta a "todos os Estados", com a única exigência da humanidade dos outros signatários na sua admissão (art. 9) - e estabeleceu um prazo de vinte anos, renovável, e revogou a liberdade de cada Estado-Membro. Foi assinado em quatro exemplares, um em russo, outra em alemão, um tcheco e um polonês.


Um mês depois, a proposta de Tratado Europeu foi rejeitada não apenas pelos partidários da EDC, mas também pelos oponentes ocidentais da Comunidade de Defesa Europeia (como o líder [[Gaullismo|gaullista]] francês Gaston Palewski) que o consideraram "inaceitável em sua forma atual porque exclui os EUA da participação no sistema de segurança coletiva na Europa". Os soviéticos então decidiram fazer uma nova proposta aos governos dos EUA, Reino Unido e França para aceitar a participação dos EUA na proposta de Acordo Geral Europeu. Como outro argumento utilizado contra a proposta soviética era que ela era percebida pelas potências ocidentais como "dirigida contra o Pacto do Atlântico Norte e sua liquidação",{{Sfn|Molotov|1954a|p=216,}} os soviéticos decidiram declarar sua "disposição para examinar conjuntamente com outras partes interessadas a questão da participação da URSS no bloco do Atlântico Norte", especificando que "a admissão dos EUA no Acordo Geral Europeu não deve estar condicionada à concordância das três potências ocidentais com a adesão da URSS ao Pacto do Atlântico Norte".<ref name="molotov proposal nato">{{cite web|url=https://digitalarchive.wilsoncenter.org/document/113924|title=MOLOTOV'S PROPOSAL THAT THE USSR JOIN NATO, MARCH 1954|publisher=Wilson Center|access-date=1 de agosto de 2013|archive-url=https://web.archive.org/web/20140202113859/http://digitalarchive.wilsoncenter.org/document/113924|archive-date=2 de fevereiro de 2014|urlmorta=live}}</ref>
A comissão política, composto por chefes de governo dos países membros reuniam-se anualmente para estabelecer políticas e objetivos anuais. A maioria das negociações também contaram com a presença dos ministros da Defesa, os chefes das forças armadas e membros dos Estados-Maiores de cada um deles. Além da comissão política, o Pacto de Varsóvia tinham uma comissão militar consultiva, técnico e Pesquisa, do Conselho de Secretários de Defesa e Estado-Maior Conjunto. [[Ivan Stepanovich Koniev]] foi seu primeiro comandante-em-chefe.
[[Ficheiro:Soviet_big_7.jpg|direita|miniaturadaimagem|Um cartaz dos "Grandes Sete Soviéticos", exibindo o equipamento dos militares do Pacto de Varsóvia]]


Mais uma vez, todas as propostas, incluindo o pedido de adesão à OTAN, foram rejeitadas pelos governos do Reino Unido, Estados Unidos e França pouco depois. Emblemática foi a posição do general britânico [[Hastings Ismay, 1.º Barão Ismay|Hastings Ismay]], um feroz defensor da expansão da OTAN. Ele se opôs ao pedido de adesão à OTAN feito pela URSS em 1954 dizendo que "o pedido soviético de adesão à OTAN é como um ladrão impenitente solicitando ingressar na força policial".<ref>{{Citar web|ultimo=Ian Traynor|url=https://www.theguardian.com/world/2001/jun/17/russia.iantraynor|titulo=Soviets tried to join Nato in 1954|data=17 de junho de 2001|acessodata=18 de dezembro de 2016|website=the Guardian|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170216223602/https://www.theguardian.com/world/2001/jun/17/russia.iantraynor|arquivodata=16 de fevereiro de 2017|urlmorta=live}}</ref>
Embora o objetivo declarado da Aliança, para evitar a eclosão da guerra entre os Estados Membros e as potências ocidentais, foi cumprida, e a ação militar nunca teve que ocorrer, alguns membros participaram de guerras — como o Afeganistão, seus chefes detinham a suprema autoridade sobre o exército, marinhas e forças aéreas dos Estados-Membros, o poder militar que isso representou incluídos 6,2 milhões de soldados, 65 mil tanques, dois mil navios e 15 mil aviões de combate, mísseis nucleares instalados, além de vários Estados-Membros. Em tempos de paz, apenas as forças atuando fora de seu país estavam sob o seu comando direto.


Em abril de 1954, [[Konrad Adenauer|Adenauer]] fez sua primeira visita aos Estados Unidos, conhecendo [[Richard Nixon|Nixon]], [[Dwight D. Eisenhower|Eisenhower]] e [[John Foster Dulles|Dulles]]. A ratificação da EDC foi adiada, mas os representantes dos EUA deixaram claro a Adenauer que a EDC teria que se tornar parte da OTAN.{{Sfn|Adenauer|1966a|p=662}}
O Pacto de Varsóvia foi uma das muitas ferramentas desenvolvidas pelas superpotências em conflito como parte da distribuição de forças, desigual em favor dos norte-americanos, estabelecidos oficialmente no final da II Guerra Mundial. Seus limites acordados em termos gerais, as linhas de demarcação acordado nas cimeiras que [[Franklin Delano Roosevelt|Roosevelt]], [[Churchill]] e [[Stalin]] realizaram entre [[1943]] e [[1945]], com poucas dúvidas sobre o território alemão e o austríaco a ser resolvido no primeiro a divisão e à retirada de todas as forças do segundo.


As lembranças da ocupação nazista ainda eram fortes e o rearmamento da Alemanha também era temido pela França.<ref name="History Channel 2"/> Em 30 de agosto de 1954, o Parlamento francês rejeitou a EDC, garantindo assim seu fracasso e bloqueando um objetivo principal da política dos Estados Unidos para a Europa: associar militarmente a Alemanha Ocidental ao Ocidente. O [[Departamento de Estado dos Estados Unidos|Departamento de Estado dos EUA]] começou a elaborar alternativas: a Alemanha Ocidental seria convidada a aderir à OTAN ou, no caso do obstrucionismo francês, seriam implementadas estratégias para contornar um veto francês para obter o rearmamento alemão fora da OTAN.[29]
A questão do campo Asiático foi parcialmente resolvido com a proclamação da República Popular da [[China]] — embora a China iria participar somente como observadora até a sua ruptura com o governo soviético em [[1961]] — e EUA durante a ocupação do [[Japão]].
[[Ficheiro:ParkPatriot2015part4-12.jpg|esquerda|miniaturadaimagem| Um típico jipe militar soviético [[UAZ-469]], usado pela maioria dos países do Pacto de Varsóvia]]


Em 23 de outubro de 1954 foi finalmente decidida a admissão da [[Alemanha Ocidental|República Federal da Alemanha]] ao Pacto do Atlântico Norte. A incorporação da Alemanha Ocidental à organização em 9 de maio de 1955 foi descrita como "um ponto de virada decisivo na história do nosso continente" por Halvard Lange, então ministro das Relações Exteriores da Noruega.<ref>{{Citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/may/9/newsid_2519000/2519979.stm|titulo=West Germany accepted into Nato|data=9 de maio de 1955|acessodata=17 de janeiro de 2012|website=BBC News|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120106185539/http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/may/9/newsid_2519000/2519979.stm|arquivodata=6 de janeiro de 2012|urlmorta=live}}</ref> Em novembro de 1954, a URSS solicitou um novo Tratado de Segurança Europeu,<ref>"Indivisible Germany: Illusion or Reality?" </ref> a fim de fazer uma tentativa final de não ter uma Alemanha Ocidental remilitarizada potencialmente oposta à União Soviética, mas novamente não obteve sucesso.
[[Imagem:SER mod T72.jpg|thumb|250px|esquerda|T-72 com Blindagem reativa]]


Em 14 de maio de 1955, a URSS e outros sete países do Leste Europeu "reafirmando seu desejo de estabelecer um sistema de segurança coletiva europeia baseado na participação de todos os Estados europeus, independentemente de seus sistemas sociais e políticos" estabeleceram o Pacto de Varsóvia em resposta à integração da República Federal da Alemanha na OTAN,<ref name="History Channel 1"/><ref name="NATO short history"/> declarando que: "uma Alemanha Ocidental remilitarizada e a integração desta no bloco do Atlântico Norte [...] aumentam o perigo de outra guerra e constitui uma ameaça à segurança nacional dos Estados pacíficos; [...] nestas circunstâncias, os Estados pacíficos europeus devem tomar as medidas necessárias para salvaguardar a sua segurança".<ref name="warsaw treaty text">{{cite web|url=http://avalon.law.yale.edu/20th_century/warsaw.asp|title=Text of the Warsaw Security Pact (see preamble)|publisher=Avalon Project|access-date=31 de julho de 2013|archive-url=https://web.archive.org/web/20130515014559/http://avalon.law.yale.edu/20th_century/warsaw.asp|archive-date=15 de maio de 2013|urlmorta=live}}</ref>
A estratégia soviética, como a dos EUA foi principalmente visando a garantia de sua área de influência sem que isso levasse a um conflito nuclear aberto com o adversário e, portanto, resultou em um nível reduzido de atividade militar, mesmo dentro das fronteiras.


Um dos membros fundadores, a [[Alemanha Oriental]] foi autorizada a se rearmar pela União Soviética e o [[Exército Nacional Popular|Exército Nacional do Povo]] foi estabelecido como as forças armadas do país para combater o rearmamento da Alemanha Ocidental.<ref>{{Citar jornal|url=https://www.economist.com/europe/2012/10/13/no-shooting-please-were-german|titulo=No shooting please, we're German|data=13 de outubro de 2012|acessodata=23 de agosto de 2018|website=The Economist|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823210307/https://www.economist.com/europe/2012/10/13/no-shooting-please-were-german|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref>
Em [[1948]], a [[Iugoslávia]] do Marechal [[Josip Broz Tito|Tito]] tinha marcado suas divergências com Moscou, e do conflito diplomático entre a China e a União Soviética durante a [[Guerra da Coreia]] foram destacados. Na verdade, a política externa de ambos os poderes foi mais ocupado em tentar aproveitar a crise econômica que acreditavam iminente, a gravidade levou os E.U.A. para desenvolver o [[Plano Marshall]] e da [[OTAN]] como um meio de conter a revolução social comunista, que ameaçava tomar o poder em seus aliados europeus.


=== Membros ===
A força do governo stalinista de rever os limites fixados pelo acordo de Yalta foi baseada unicamente na relativa fraqueza militar da União Soviética, em comparação com as armas nucleares dos EUA, que permaneceu, mesmo com o fim da guerra fria, até hoje com muitas bases e prisões secretas estabelecidas na Europa e na [[Ásia Menor]].
[[Ficheiro:Bundesarchiv_Bild_183-1987-0529-029,_Berlin,_Tagung_Warschauer_Pakt,_Gruppenfoto.jpg|direita|miniaturadaimagem| Reunião dos sete representantes dos países do Pacto de Varsóvia em [[Berlim Leste|Berlim Oriental]] em maio de 1987. Da esquerda para a direita: [[Gustáv Husák]], [[Todor Jivkov|Todor Zhivkov]], [[Erich Honecker]], [[Mikhail Gorbatchov|Mikhail Gorbachev]], [[Nicolae Ceaușescu]], [[Wojciech Jaruzelski]] e [[János Kádár]]]]
Os signatários fundadores do Pacto consistiam nos seguintes governos comunistas:


* {{ÍconeBandeira|República Popular Socialista da Albânia|1946}} [[República Popular Socialista da Albânia]] (retirou-se formalmente em 13 de setembro de 1968)
Embora o clima político e liderança finlandesa, Tito não pôde incorporar a Iugoslávia, não pode aderir à Aliança, em outros países a situação interna era mais complexa. Na [[Hungria]], as dissensões internas do [[Partido Comunista da Hungria|partido comunista local]], cujos estudantes protestavam contra a ação militar soviética em incidentes de [[Poznań]], combinado com a insurreição ultranacionalista de [[József Dudás]] levar à revolta, que foi reprimida pelas forças da Aliança.
* {{ÍconeBandeira|República Popular da Bulgária}} [[República Popular da Bulgária]]<ref name="history.com">{{Citar web|url=https://www.history.com/this-day-in-history/the-warsaw-pact-is-formed|titulo=The Warsaw Pact is formed - May 14, 1955 - HISTORY.com|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180818203116/https://www.history.com/this-day-in-history/the-warsaw-pact-is-formed|arquivodata=18 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref>
* {{ÍconeBandeira|Tchecoslováquia}} [[República Socialista da Tchecoslováquia]]<ref name="history.com" />
* {{Flag|Alemanha Oriental}} (retirou-se oficialmente em 24 de setembro de 1990 em preparação para [[Reunificação da Alemanha|Reunificação Alemã]], com o consentimento soviético e uma cerimônia "notável, mas dificilmente notada", deixando de existir completamente à meia-noite de 3 de outubro)<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=LoqwCAAAQBAJ&pg=PA59|título=Adrian Webb, Routledge, 9 sept. 2014, ''Longman Companion to Germany Since 1945'', p. 59|ultimo=Webb|primeiro=Adrian|data=9 de setembro de 2014|isbn=9781317884248}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=JKrpCAAAQBAJ&pg=PA297|título=Frédéric Bozo, Berghahn Books, 2009, ''Mitterrand, the End of the Cold War, and German Unification'', p. 297|ultimo=Bozo|primeiro=Édéric|ano=2009|isbn=9781845457877}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=gXflC2Ipo_QC&pg=PA537|título=Heinrich August Winkler, Oxford University Press, 2006, ''Germany: 1933-1990'', p. 537|ultimo=Winkler|primeiro=Heinrich August|ano=2006|isbn=978-0-19-926598-5}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=IGjfBQAAQBAJ&pg=PA261|título=David Childs, Routledge, 17 dec. 2014, ''Germany in the Twentieth Century'', p. 261|ultimo=Childs|primeiro=David|data=17 de dezembro de 2014|isbn=9781317542285}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=4YIh-_UjxUQC&pg=PR54|título=Richard T. Gray, Sabine Wilke, University of Washington Press, 1996, ''German Unification and Its Discontents'', p. 54 (LIV)|ultimo=Gray|primeiro=Richard T.|ultimo2=Wilke|primeiro2=Sabine|ano=1996|isbn=9780295974910}}</ref>
* {{ÍconeBandeira|República Popular da Hungria}} [[República Popular da Hungria]] (retirou-se temporariamente de 1 a 4 de novembro de 1956 durante a [[Revolução Húngara de 1956|Hungarian Revolution]])<ref name="history.com" />
* {{ÍconeBandeira|República Popular da Polônia}} [[República Popular da Polônia]]<ref name="history.com" />
* {{ÍconeBandeira|República Socialista da Romênia}} [[República Socialista da Romênia]] (o único membro não-soviético permanente e independente do Pacto de Varsóvia, tendo se libertado de seu status de satélite soviético no início da década de 1960)
* {{Flag|União Soviética}}<ref name="history.com" />


=== Observadores ===
Tem sido argumentado que o Pacto de Varsóvia foi, na prática, um instrumento de controle da União Soviética sobre os países socialistas da Europa Oriental para impedir que a suas lideranças se afastassem de [[Moscou]] e do [[Comunismo]]. Nalguns casos, na verdade, as tentativas dos membros para deixar o Pacto foram esmagados militarmente, como a [[Revolução Húngara de 1956]]: em [[outubro]] daquele ano, o [[Exército Vermelho]], nos termos das disposições do Pacto de Varsóvia mobilizou suas tropas na [[Hungria]], e terminou com uma incipiente revolta anticomunista, apenas em duas semanas.
{{Flagcountry|MPR}}: em julho de 1963, a [[República Popular da Mongólia]] pediu para se juntar ao Pacto de Varsóvia sob Artigo 9 do tratado.<ref name="auto">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=Jm4L_b8CHycC&q=mongolia+warsaw+pact&pg=PA152|título=A Cardboard Castle?: An Inside History of the Warsaw Pact, 1955-1991|ultimo=Mastny|primeiro=Vojtech|ultimo2=Byrne|primeiro2=Malcolm|data=1 de janeiro de 2005|editora=Central European University Press|isbn=9789637326080|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823210411/https://books.google.com.au/books?id=Jm4L_b8CHycC&pg=PA152&lpg=PA152&dq=mongolia+warsaw+pact&source=bl&ots=01GUQAwggH&sig=XW12kzqHCS_-NbCX5al3ZOPGACE&hl=pl&sa=X&ved=2ahUKEwiDu729p4PdAhWMFIgKHdqwC4gQ6AEwBHoECAUQAQ#v=onepage&q=mongolia+warsaw+pact&f=false|arquivodata=23 de agosto de 2018|via=Google Books}}</ref> Por conta da [[ruptura sino-soviética]], no entanto, a Mongólia permaneceu com o estatuto de observador.<ref name="auto" /> No que foi a primeira instância de uma iniciativa soviética bloqueada por um membro não soviético do Pacto de Varsóvia, a Romênia bloqueou a adesão da Mongólia ao Pacto de Varsóvia.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=mLSgBgAAQBAJ&pg=PA77|título=Laurien Crump, Routledge, Feb 11, 2015, ''The Warsaw Pact Reconsidered: International Relations in Eastern Europe, 1955-1969'', p. 77|ultimo=Crump|primeiro=Laurien|data=11 de fevereiro de 2015|isbn=9781317555308}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=_lfPDwAAQBAJ&pg=PA398|título=Lorenz M. Lüthi, Cambridge University Press, Mar 19, 2020, ''Cold Wars: Asia, the Middle East, Europe'', p. 398|ultimo=Lüthi|primeiro=Lorenz M.|data=19 de março de 2020|isbn=9781108418331}}</ref> O governo soviético concordou em estacionar tropas na Mongólia em 1966.<ref>{{Citar web|url=http://articles.latimes.com/1990-03-03/news/mn-1543_1_soviet-union|titulo=Soviet Troops to Leave Mongolia in 2 Years|data=3 de março de 1990|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20181010153559/http://articles.latimes.com/1990-03-03/news/mn-1543_1_soviet-union|arquivodata=10 de outubro de 2018|urlmorta=live|via=LA Times}}</ref>


No início, [[China]], [[Coreia do Norte]] e [[Vietnã]] tinham estatutos de observadores, mas a China se retirou após a [[ruptura sino-soviética]] no início dos anos 1960.<ref>{{Citar web|ultimo=ABC-CLIO|url=http://freecontent.abc-clio.com/ContentPages/contentpage.aspx?entryid=2012183&currentSection=2012178&productid=2012177|titulo=Warsaw Treaty Organization|data=3 de março de 1990|acessodata=29 de agosto de 2020}}</ref>
As forças do Pacto de Varsóvia foram também usadas contra alguns dos seus membros, como em [[1968]], durante a [[Primavera de Praga]], quando elas invadiram a Checoslováquia para acabar com a flexibilização da reforma que estava enfrentando o governo, julgada pela U.R.S.S., como tendendo a destruir o socialismo tcheco. A chamada [[Doutrina Brejnev]], que marcou a política externa militar da União Soviética na época, declarou: "Quando as forças que são hostis ao socialismo tentar alterar o desenvolvimento de algum país socialista para o capitalismo, tornam-se não só um problema do país em causa, mas um problema comum que afeta todos os países socialistas. " A Albânia se retirou da aliança, em [[1961]], como resultado da separação do seu regime linha-dura pró chinês-soviético-stalinista, apoiada na RPC ([[Coreia do Norte]]).


=== Durante a Guerra Fria ===
== Armamento ==
[[Ficheiro:Praga_11.jpg|esquerda|miniaturadaimagem| Tanques soviéticos, marcados com cruzes brancas para distingui-los dos tanques da [[Checoslováquia|Tchecoslováquia]],<ref>{{Citar web|url=https://www.austria1989.org/1968|titulo=1968 - The Prague Spring|acessodata=8 de julho de 2019|website=Austria 1989 - Year of Miracles|lingua=en-US|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190708140736/https://www.austria1989.org/1968|arquivodata=8 de julho de 2019|urlmorta=live}}</ref> nas ruas de [[Praga]] durante a [[Invasão da Tchecoslováquia|invasão da Tchecoslováquia pelo Pacto de Varsóvia]], 1968]]
[[Imagem:Typhoon3.jpg|thumb|250px|Submarino classe Typhoon Akula.]]
Por 36 anos, a [[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]] e o Pacto de Varsóvia nunca travaram guerra diretamente um contra o outro na Europa; os Estados Unidos e a União Soviética e seus respectivos aliados implementaram políticas estratégicas destinadas à contenção um do outro na Europa, enquanto trabalhavam e lutavam por influência dentro da [[Guerra Fria]] no cenário internacional, como na [[Guerra da Coreia]], [[Guerra do Vietnã]], [[invasão da Baía dos Porcos]], [[Guerra Suja na Argentina|Guerra Suja]], [[Guerra cambojana-vietnamita|Guerra Cambojana-Vietnamita]] e outros.<ref>{{Citar web|url=https://militaryhistorynow.com/2013/10/02/the-international-vietnam-war-the-other-world-powers-that-fought-in-south-east-asia/|titulo=America Wasn't the Only Foreign Power in the Vietnam War|data=2 de outubro de 2013|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180612165646/https://militaryhistorynow.com/2013/10/02/the-international-vietnam-war-the-other-world-powers-that-fought-in-south-east-asia/|arquivodata=12 de junho de 2018|urlmorta=live}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://courses.lumenlearning.com/boundless-worldhistory/chapter/crisis-points-of-the-cold-war/|titulo=Crisis Points of the Cold War - Boundless World History|acessodata=23 de agosto de 2018|website=courses.lumenlearning.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823174414/https://courses.lumenlearning.com/boundless-worldhistory/chapter/crisis-points-of-the-cold-war/|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref>


Em 1956, após a declaração do governo de [[Imre Nagy]] sobre a retirada da [[Hungria]] do Pacto de Varsóvia, as [[Revolução Húngara de 1956|tropas soviéticas entraram no país e removeram o governo]].<ref>{{Citar web|url=https://www.historylearningsite.co.uk/modern-world-history-1918-to-1980/the-cold-war/the-hungarian-uprising-of-1956/|titulo=The Hungarian Uprising of 1956 - History Learning Site|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823174101/https://www.historylearningsite.co.uk/modern-world-history-1918-to-1980/the-cold-war/the-hungarian-uprising-of-1956/|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref> As forças soviéticas esmagaram a revolta nacional, levando à morte de cerca de 2,5 mil cidadãos húngaros.<ref>{{Citar web|ultimo=Percival|primeiro=Matthew|url=https://edition.cnn.com/2016/10/23/europe/hungarian-revolution-escape/index.html|titulo=Recalling the Hungarian revolution, 60 years on|acessodata=23 de agosto de 2018|publicado=CNN|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823181544/https://edition.cnn.com/2016/10/23/europe/hungarian-revolution-escape/index.html|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref>
A URSS repassou aos seus aliados do Pacto tecnologia e armamento que fossem capazes de competir com os EUA e seus aliados, em caso de uma [[Terceira Guerra Mundial]] na [[Europa]]. Possuía tanques [[T-72]] e [[T-80]] que rivalizavam com os [[M60 Patton]] e [[M1 Abrams]] respetivamente, helicópteros de ataque [[Mi-24]] Hind contra os [[AH-1 Cobra]] e [[AH-64 Apache]], aviões caça-tanques [[Sukhoi Su-25]] Frogfoot contra os [[A-10 Thunderbolt II]] Warthog, caças [[MiG-29]] e [[Sukhoi Su-27]] contra os [[F-15]] e [[F-16]], rifles de assalto da família [[Mikhail Kalashnikov|Kalashnikov]] contra os da família [[Colt's Manufacturing Company|Colt]], [[Lança-granadas-foguete|RPGs]] contra M72 LAW, mísseis nucleares [[Foguete SS-18]] Satan, [[SS-N-1]] e [[SS-25]], contra os [[LGM-30 Minuteman]], [[LGM-118 Peacekeeper]], [[Trident II]], os mísseis de cruzeiro [[Scud]] contra os [[BGM-109 Tomahawk]], sistema anti[[mísseis SA-15 Gauntlet]] contra o [[patriot (míssil)|patriot]], submarinos nucleares [[Classe Typhoon|Typhoon]] contra os da [[classe Ohio]]. O Pacto não tinha porta-aviões para competir com os EUA, sendo o [[Nikolai Kuznetsov|Almirante Kuznetsov]] terminado apenas depois do fim da URSS e do próprio Pacto de Varsóvia.


A única ação conjunta das forças armadas comunistas multinacionais foi a [[Invasão da Tchecoslováquia|invasão da Tchecoslováquia pelo Pacto de Varsóvia]] em agosto de 1968.<ref>{{Citar web|url=https://www.history.com/this-day-in-history/soviets-invade-czechoslovakia|titulo=Soviets Invade Czechoslovakia - Aug 20, 1968 - HISTORY.com|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823174329/https://www.history.com/this-day-in-history/soviets-invade-czechoslovakia|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref> Todos os países membros, com exceção da [[República Socialista da Romênia]] e da [[República Popular Socialista da Albânia|República Popular da Albânia]], participaram da invasão.<ref name="auto1">{{Citar web|ultimo=Nosowska|primeiro=Agnieszka|url=http://www.enrs.eu/pl/news/1083-warsaw-pact-invasion-of-czechoslovakia|titulo=Warsaw Pact invasion of Czechoslovakia|acessodata=23 de agosto de 2018|website=www.enrs.eu|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823174239/http://www.enrs.eu/pl/news/1083-warsaw-pact-invasion-of-czechoslovakia|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=dead}}</ref> A [[Alemanha Oriental|República Democrática Alemã]] forneceu apenas um apoio mínimo.<ref name="auto1" />
== Fim ==
Embora a OTAN e o Pacto de Varsóvia não se tenham enfrentado em qualquer conflito armado direto, a [[Guerra Fria]], permaneceu ativa durante mais de 35 anos. Em dezembro de [[1988]], [[Mikhail Gorbachev]], líder da União Soviética na época, anunciou a chamada [[Doutrina Sinatra]], declarando que a [[Doutrina Brejnev]] seria abandonada e que os países da Europa Oriental poderiam fazer o que entendessem adequado. Ou seja, poderiam fazer as reformas que bem entendessem e não teriam os países invadidos pelas tropas do Pacto caso quisessem escolher o sistema capitalista e aderir à [[OTAN]].


=== Fim da Guerra Fria ===
A validade da [[Doutrina Sinatra]] contribuiu para a aceleração das mudanças que varreram a Europa de Leste em [[1989]]. Os novos governos do leste eram menos propensos do que os anteriores para a manutenção do Pacto de Varsóvia, e em [[janeiro]] de [[1991]], a Tchecoslováquia, Hungria e Polónia anunciaram que iriam se retirar em [[1 de julho]] daquele ano. A Bulgária se retirou em [[fevereiro]], o Pacto foi dissolvido para todos os efeitos práticos. A solução oficial aceita pela União Soviética, foi formalizada na reunião de Praga, em [[1 de julho]] de [[1991]]. Durante os anos seguintes todos os soldados soviéticos estacionados em bases militares cedidas pelos governos da Alemanha Oriental, Polônia, Hungria e Tchecoslováquia tiveram que se retirar e voltar para a Rússia, e alguns deles acabaram desempregados. Os políticos russos conseguiram, entretanto, compensações financeiras pela perda das bases militares. Os tratados que deram esse fim na presença militar soviética fora de suas fronteiras foram realizados por Gorbachev, e pagos com o dinheiro da Alemanha Ocidental, entregue por [[Helmut Kohl]].
[[Ficheiro:00_Páneurópai_Piknik_emlékhely.jpg|miniaturadaimagem|230x230px| O [[Piquenique Pan-Europeu]] aconteceu na [[Fronteira Áustria-Hungria|fronteira húngara-austríaca]] em 1989.]]
Em 1989, o descontentamento popular civil e político [[Revoluções de 1989|derrubou os governos comunistas]] dos países do Tratado de Varsóvia. O início do fim do Pacto de Varsóvia, independentemente do poder militar, foi o [[Piquenique Pan-Europeu]] em agosto de 1989. O evento, que remonta a uma ideia de [[Oto, Príncipe Herdeiro da Áustria|Otto von Habsburg]], causou o êxodo em massa de cidadãos da [[Alemanha Oriental]] e a população informada pela mídia da [[Leste Europeu|Europa Oriental]] sentiu a perda de poder de seus governantes e a [[Cortina de Ferro]] se rompeu completamente. Embora o novo governo de Solidariedade da Polônia sob [[Lech Wałęsa]] inicialmente assegurasse aos soviéticos que permaneceria no Pacto,<ref>{{Citar jornal|ultimo=Trainor|primeiro=Bernard E.|url=https://www.nytimes.com/1989/08/22/world/polish-army-enigma-in-the-soviet-alliance.html?searchResultPosition=116|titulo=Polish Army: Enigma in the Soviet Alliance|data=22 de agosto de 1989|acessodata=29 de maio de 2021|website=The New York Times|arquivourl=https://web.archive.org/web/20171220112328/http://www.nytimes.com/1989/08/22/world/polish-army-enigma-in-the-soviet-alliance.html|arquivodata=20 de dezembro de 2017|urlmorta=live}}</ref> isso quebrou os suportes da Europa Oriental, que não podiam mais ser mantidos unidos militarmente pelo Pacto de Varsóvia.<ref>Miklós Németh in Interview with Peter Bognar, Grenzöffnung 1989: „Es gab keinen Protest aus Moskau“ (German - Border opening in 1989: There was no protest from Moscow), in: Die Presse 18 August 2014.</ref><ref>„Der 19. </ref><ref>Michael Frank: Paneuropäisches Picknick – Mit dem Picknickkorb in die Freiheit (German: Pan-European picnic - With the picnic basket to freedom), in: Süddeutsche Zeitung 17 May 2010.</ref>


Em 25 de fevereiro de 1991, o Pacto de Varsóvia foi declarado dissolvido em uma reunião de ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos países restantes do Pacto reunidos na Hungria.<ref name="csmonitor">{{cite web|url=http://www.csmonitor.com/1991/0226/odate.html|title=Warsaw Pact and Comecon To Dissolve This Week|publisher=Csmonitor.com|date=26 de fevereiro de 1991|access-date=4 de junho de 2012|archive-url=https://web.archive.org/web/20120804165046/http://www.csmonitor.com/1991/0226/odate.html|archive-date=4 de agosto de 2012|urlmorta=live}}</ref> Em 1 de julho de 1991, em [[Praga]], o presidente tchecoslovaco [[Václav Havel]]<ref name="auto2">{{Citar jornal|ultimo=Greenhouse|primeiro=Steven|url=https://www.nytimes.com/1991/07/02/world/death-knell-rings-for-warsaw-pact.html|titulo=DEATH KNELL RINGS FOR WARSAW PACT|data=2 de julho de 1991|acessodata=23 de agosto de 2018|website=The New York Times|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823174651/https://www.nytimes.com/1991/07/02/world/death-knell-rings-for-warsaw-pact.html|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref> encerrou formalmente a Organização de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua do Tratado de Varsóvia de 1955 e assim desmantelou o Tratado de Varsóvia após 36 anos de aliança militar com a URSS. <ref name="auto2" /> A [[Dissolução da União Soviética|dissolução da própria União Soviética]] ocorreu em dezembro de 1991.
Em [[12 de março]] de [[1999]], República Checa, Hungria e Polônia, ex-membros do Pacto de Varsóvia, aderiram à OTAN. Bulgária, Estónia, Letónia, Lituânia, Roménia, Eslováquia e Eslovénia fizeram-no em março de [[2004]], e em abril de [[2009]] a Croácia e a Albânia também aderiram à OTAN.

== Estrutura ==
A organização do Tratado de Varsóvia era dupla: o Comitê Consultivo Político tratava de assuntos políticos e o Comando Combinado das Forças Armadas do Pacto controlava as forças multinacionais designadas, com sede em [[Varsóvia]], Polônia. Embora uma aliança de segurança coletiva aparentemente semelhante, o Pacto de Varsóvia diferia substancialmente da OTAN. ''[[De jure]]'', os oito países membros do Pacto de Varsóvia prometeram a defesa mútua de qualquer membro que fosse atacado; as relações entre os signatários do tratado baseavam-se na [[Não-Intervencionismo|não intervenção]] mútua nos assuntos internos dos países membros, no respeito à [[Soberania de Vestfália|soberania nacional]] e na independência política.<ref>{{Citar web|url=https://www.thoughtco.com/the-warsaw-pact-3878466|titulo=How the Russians Used the Warsaw Pact|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180823174542/https://www.thoughtco.com/the-warsaw-pact-3878466|arquivodata=23 de agosto de 2018|urlmorta=live}}</ref>

No entanto, [[De facto|''de facto'']], o pacto era um reflexo direto do [[autoritarismo]] e do domínio indiscutível da URSS sobre o [[Bloco de Leste|Bloco Oriental]], no contexto do chamado [[Império Soviético]], que não era comparável ao dos Estados Unidos sobre o [[Bloco ocidental|Bloco Ocidental]].<ref name="NATO1"/> Todos os comandantes do Pacto de Varsóvia tinham que ser, e têm sido, oficiais superiores da [[União Soviética]] ao mesmo tempo e nomeados por um período de mandato não especificado: o Comandante Supremo das Forças Armadas Unificadas da Organização do Tratado de Varsóvia, que comandava e controlava todos os militares dos países membros, era também primeiro vice-[[Lista de ministros da Defesa da União Soviética|Ministro da Defesa da URSS]], e o Chefe do Estado-Maior Combinado das Forças Armadas Unificadas da Organização do Tratado de Varsóvia também era primeiro vice-Chefe do Estado-Maior Geral das [[Forças Armadas Soviéticas]].<ref name="The Soviet Army in the Cold War Years (1945–1991)">{{cite book|first1=V. I.|last1=Fes'kov|first2=K. A.|last2=Kalashnikov|first3=V. I.|last3=Golikov|title=Sovetskai͡a Armii͡a v gody "kholodnoĭ voĭny," 1945–1991|trans-title=The Soviet Army in the Cold War Years (1945–1991)|location=Tomsk|publisher=Tomsk University Publisher|year=2004|page=6|isbn=5-7511-1819-7 }}</ref>

Apesar da hegemonia estadunidense (principalmente militar e econômica) sobre a OTAN, todas as decisões da Aliança do Atlântico Norte exigiam consenso unânime no Conselho do Atlântico Norte e a entrada dos países na aliança não estava sujeita à dominação, mas sim a um processo democrático natural.<ref name="NATO1">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/45343492 |titulo=Differences Between Nato and the Warsaw Pact |acessodata=9 de janeiro de 2022 |número=57 |ano=1967 |paginas=1–16 |jstor=45343492 |journal=Atlantische Tijdingen}}</ref> No Pacto de Varsóvia, pelo contrário, as decisões eram tomadas apenas pela União Soviética; os países do Pacto de Varsóvia não eram igualmente capazes de negociar sua entrada no pacto e nem a tomada de decisões.<ref name="NATO1" />

=== Romênia e Albânia ===
[[Ficheiro:Eastern_bloc.png|miniaturadaimagem| O Pacto de Varsóvia antes de sua invasão da [[Checoslováquia|Tchecoslováquia]] em 1968, mostrando a União Soviética e seus satélites (vermelho) e os dois membros independentes não soviéticos: Romênia e Albânia (rosa)]]

A Romênia e até 1968, a Albânia, eram exceções. Junto com a Iugoslávia, que rompeu com a União Soviética antes da criação do Pacto de Varsóvia, esses três países rejeitaram completamente a doutrina soviética formulada para o pacto. A Albânia deixou oficialmente a organização em 1968, em protesto contra a invasão da Tchecoslováquia. A Romênia tinha suas próprias razões para permanecer um membro formal do Pacto de Varsóvia, como o interesse de [[Nicolae Ceaușescu]] de preservar a ameaça de uma invasão do pacto para que ele pudesse se vender como nacionalista, bem como acesso privilegiado aos homólogos da OTAN e um assento na vários fóruns europeus que de outra forma ele não teria (por exemplo, a Romênia e o restante do Pacto de Varsóvia liderado pelos soviéticos formaram dois grupos distintos na elaboração do [[Acordos de Helsínquia|Ato Final de Helsinque]]).<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=HFdtAAAAMAAJ&q=%22(with+other+Warsaw+Pact+members+except+Romania)%22|título=Gabriel Ben-Dor, David Brian Dewitt, Lexington Books, 1987, ''Conflict Management in the Middle East'', p. 242|ultimo=Ben-Dor|primeiro=Gabriel|ultimo2=Dewitt|primeiro2=David Brian|ano=1987|isbn=9780669141733}}</ref> Quando Andrei Grechko assumiu o comando do Pacto de Varsóvia, tanto a Romênia quanto a Albânia, para todos os efeitos práticos, desertaram do pacto. No início da década de 1960, Grechko iniciou programas destinados a impedir que as heresias doutrinárias romenas se espalhassem para outros membros do Pacto. A doutrina de defesa territorial da Romênia ameaçava a unidade e a coesão do Pacto. Nenhum outro país conseguiu escapar do Pacto de Varsóvia como a Romênia e a Albânia. Por exemplo, os esteios dos tanques da Romênia eram modelos desenvolvidos localmente. As tropas soviéticas foram enviadas para a Romênia pela última vez em 1963, como parte de um exercício do Pacto de Varsóvia. Depois de 1964, o Exército Vermelho foi impedido de retornar à Romênia, pois o país se recusou a participar de exercícios conjuntos do pacto.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=kH6TAWUst5EC&pg=140|título=Emily O. Goldman, Leslie C. Eliason, Stanford University Press, 2003, ''The Diffusion of Military Technology and Ideas'', pp. 140-143|ultimo=Goldman|primeiro=Emily O.|ultimo2=Eliason|primeiro2=Leslie C.|ano=2003|isbn=9780804745352}}</ref>
[[Ficheiro:TR-85tankRomanianRevolution1989.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Um tanque romeno TR-85 em dezembro de 1989 (os tanques TR-85 e TR-580 da Romênia eram os únicos tanques não soviéticos no Pacto de Varsóvia em que restrições foram colocadas sob o Tratado CFE de 1990<ref>{{Citar web|url=https://books.google.com/books?id=BWqbAAAAMAAJ&pg=RA2-PA13|titulo=Office of Public Communication, Bureau of Public Affairs, 1991, ''US Department of State Dispatch, Volume 2'', p. 13|ano=1991}}</ref>)]]

Mesmo antes do advento de [[Nicolae Ceaușescu]], a Romênia era, ''de facto'', um país independente, em oposição ao resto do Pacto de Varsóvia. Até certo ponto, era ainda mais independente do que [[Cuba]] (um Estado comunista que não era membro do Pacto de Varsóvia).<ref name=":0">{{cite book| url = https://books.google.com/books?id=E7pQDwAAQBAJ&pg=PA132| title = Vladimir Tismaneanu, Marius Stan, Cambridge University Press, 17 May, 2018, ''Romania Confronts Its Communist Past: Democracy, Memory, and Moral Justice'', p. 132| isbn = 9781107025929| last1 = Tismaneanu| first1 = Vladimir| last2 = Stan| first2 = Marius| date = 17 de maio de 2018}}</ref><ref name=":1">{{cite book| url = https://books.google.com/books?id=hafLHZgZtt4C&pg=PA1075,| title = Bernard A. Cook, Bernard Anthony Cook, Taylor & Francis, 2001, ''Europe Since 1945: An Encyclopedia, Volume 2'', p. 1075| isbn = 9780815340584| last1 = Cook| first1 = Bernard A.| last2 = Cook| first2 = Bernard Anthony| year = 2001}}</ref> O regime romeno era amplamente impermeável à influência política soviética e Ceaușescu foi o único oponente declarado da ''[[glasnost]]'' e da ''[[perestroika]]''. Por causa da relação contenciosa entre Bucareste e Moscou, o Ocidente não responsabilizou a União Soviética pelas políticas seguidas por Bucareste. Não foi o caso de outros países da região, como [[República Socialista da Tchecoslováquia|Tchecoslováquia]] e Polônia.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=btzuDwAAQBAJ&pg=PA192|título=Jacques Lévesque, University of California Press, May 28, 2021, ''The Enigma of 1989: The USSR and the Liberation of Eastern Europe'', p. 192-193|ultimo=Lévesque|primeiro=Jacques|data=28 de maio de 2021|isbn=9780520364981}}</ref> No início de 1990, o ministro das Relações Exteriores soviético, [[Eduard Shevardnadze]], confirmou implicitamente a falta de influência soviética sobre a Romênia de Ceaușescu. Quando perguntado se fazia sentido para ele visitar a Romênia menos de duas semanas após a [[Revolução Romena de 1989|Revolução Romena]], Shevardnadze insistiu que somente indo pessoalmente à Romênia ele poderia descobrir como "restaurar a influência soviética".<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=VrxtCQAAQBAJ&pg=PA429|título=Robert Service, Pan Macmillan, 8 October 2015, ''The End of the Cold War: 1985 - 1991'', p. 429|ultimo=Service|primeiro=Robert|data=8 de outubro de 2015|isbn=9781447287285}}</ref>

A Romênia solicitou e obteve a retirada completa do Exército Vermelho de seu território em 1958. A campanha romena pela independência culminou em 22 de abril de 1964, quando o Partido Comunista Romeno emitiu uma declaração proclamando que "todo partido marxista-leninista tem o direito soberano... de elaborar, escolher ou mudar as formas e métodos de construção socialista", que "não existe partido 'pai' e partido 'filho', nem partidos 'superiores' e 'subordinados', mas apenas a grande família de partidos comunistas e operários com direitos iguais" e também que "não há e não pode haver padrões e receitas únicas". Isso equivalia a uma declaração de independência política e ideológica de Moscou.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=SdldDwAAQBAJ&pg=PA195|título=Kevin McDermott, Matthew Stibbe, Springer, May 29, 2018, ''Eastern Europe in 1968: Responses to the Prague Spring and Warsaw Pact Invasion'', p. 195|ultimo=McDermott|primeiro=Kevin|ultimo2=Stibbe|primeiro2=Matthew|data=29 de maio de 2018|isbn=9783319770697}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=BlWwCwAAQBAJ&pg=PA68|título=Jonathan Eyal, Springer, Jun 18, 1989, ''Warsaw Pact and the Balkans: Moscow's Southern Flank'', p. 68|ultimo=Eyal|primeiro=Jonathan|data=18 de junho de 1989|isbn=9781349099412}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=vXS9iL543D8C&pg=PA51|título=Jonathan C. Valdez, Cambridge University Press, Apr 29, 1993, ''Internationalism and the Ideology of Soviet Influence in Eastern Europe'', p. 51|ultimo=Valdez|primeiro=Jonathan C.|data=29 de abril de 1993|isbn=9780521414388}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=HyzWCgAAQBAJ&pg=PR16|título=Richard Voyles Burks, Princeton University Press, Dec 8, 2015, ''Dynamics of Communism in Eastern Europe'', p. XVI|ultimo=Burks|primeiro=Richard Voyles|data=8 de dezembro de 2015|isbn=9781400877225}}</ref>
[[Ficheiro:IAR_93_Bucharest_2012_01.jpg|miniaturadaimagem|O romeno IAR-93 Vultur foi o único jato de combate projetado e construído por um membro não soviético do Pacto de Varsóvia<ref>{{Citar web|url=https://books.google.com/books?id=hxokAQAAIAAJ&q=IAR+93+%22non-soviet%22|titulo=Radio Free Europe/Radio Liberty, Incorporated, 1994, RFE/RL Research Report: Weekly Analyses from the RFE/RL Research Institute, Volume 3, p. 3|ano=1994}}</ref>]]

Após a retirada da Albânia do Pacto de Varsóvia, a Romênia permaneceu o único membro do Pacto com uma doutrina militar independente que negou o uso de suas forças armadas pela União Soviética e evitou a dependência absoluta de fontes soviéticas de equipamento militar.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=GCNrSJew0wEC&pg=PA102|título=Derek Leebaert, Timothy Dickinson, Cambridge University Press, 1992, ''Soviet Strategy and the New Military Thinking'', pp. 102, 110 and 113-114|ultimo=Leebaert|primeiro=Derek|ultimo2=Dickinson|primeiro2=Timothy|ano=1992|isbn=9780521407694}}</ref> A Romênia era o único membro não soviético do pacto que não era obrigado a defender militarmente a União Soviética em caso de ataque armado.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=BlWwCwAAQBAJ&pg=PA74|título=Jonathan Eyal, Springer, Jun 18, 1989, ''Warsaw Pact and the Balkans: Moscow's Southern Flank'', p. 74|ultimo=Eyal|primeiro=Jonathan|data=18 de junho de 1989|isbn=9781349099412}}</ref> A Bulgária e a Romênia eram os únicos membros do Pacto de Varsóvia que não tinham tropas soviéticas estacionadas em seu território.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=NwviIpm0JxsC&q=%22except+Romania%27s%22|título=M. O. Dickerson, Thomas Flanagan, Nelson Canada, 1990, ''An Introduction to Government and Politics: A Conceptual Approach'', p. 75|ultimo=Dickerson|primeiro=M. O.|ultimo2=Flanagan|primeiro2=Thomas|ano=1990|isbn=9780176034856}}</ref> Em dezembro de 1964, a Romênia tornou-se o único membro do pacto (exceto a Albânia, que deixaria a organização completamente dentro de quatro anos) do qual todos os conselheiros soviéticos foram retirados, incluindo os dos serviços de inteligência e segurança.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=0tEFBAAAQBAJ&pg=PA189|título=R. J. Crampton, Routledge, Jul 15, 2014, ''The Balkans Since the Second World War'', p. 189|ultimo=Crampton|primeiro=R. J.|data=15 de julho de 2014|isbn=9781317891178}}</ref> Não só a Romênia não participou de operações conjuntas com a KGB, mas também criou "departamentos especializados em contra-espionagem anti-KGB".<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=QjqxzR0xTvoC&pg=PA536|título=Henry F. Carey, Lexington Books, 2004, ''Romania Since 1989: Politics, Economics, and Society'', p. 536|ultimo=Carey|primeiro=Henry F.|ano=2004|isbn=9780739105924}}</ref>

A Romênia foi neutra durante a [[Ruptura sino-soviética|divisão sino-soviética]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=NWwRzLr-Y7MC&q=%22they+remained+neutral%22|título=Crane Brinton, John B. Christopher, Robert Lee Wolff, Prentice-Hall, 1973, ''Civilization in the West'', p. 683|ultimo=Brinton|primeiro=Crane|ultimo2=Christopher|primeiro2=John B.|ultimo3=Wolff|primeiro3=Robert Lee|ano=1973|isbn=9780131350120}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=lnBnN7tqFSoC&q=%22Soviet-led+efforts+at+condemning+China%22|título=William Ebenstein, Edwin Fogelman, Prentice-Hall, 1980, ''Today's Isms: Communism, Fascism, Capitalism, Socialism'', p. 68|ultimo=Ebenstein|primeiro=William|ultimo2=Fogelman|primeiro2=Edwin|ano=1980|isbn=9780139243998}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=8ExpAAAAMAAJ&q=%22strict+neutrality%22|título=Michael Shafir, Pinter, 1985, ''Romania: Politics, Economics and Society : Political Stagnation and Simulated Change'', p. 177|ultimo=Shafir|primeiro=Michael|ano=1985|isbn=9780861874385}}</ref> Sua neutralidade na disputa sino-soviética, além de ser o pequeno país comunista com maior influência nos assuntos globais, permitiu que a Romênia fosse reconhecida pelo mundo como a "terceira força" do mundo comunista. A independência da Romênia - conquistada no início dos anos 1960 por meio da liberação de seu status de satélite soviético - foi tolerada por Moscou porque a Romênia não fazia fronteira com a [[Cortina de Ferro]] - sendo cercada por Estados socialistas - e porque seu partido no poder não abandonaria o comunismo.<ref>{{Citar web|ultimo=Ascoli|primeiro=Max|url=https://books.google.com/books?id=j2KzAAAAIAAJ&q=%22third+force%22|titulo=Max Ascoli, Reporter Magazine, Company, 1965, ''The Reporter, Volume 33'', p. 32|ano=1965}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.google.at/searchq=Romanians+at+home+and+by+sympathetic+observers+abroad+as+respectable+members+of+the+international+community+,+as+a++third+force++in+the+international+communist+movement+,+as+the+most+influential+small+Communist+nation+in+world+affairs+.&source=lnms&tbm=bks&sa=X&ved=2ahUKEwj1hdug3obyAhXpoosKHYyLCdcQ_AUoAXoECAIQCw&biw=1536&bih=722|titulo=Yong Liu, Institutul Național pentru Studiul Totalitarismului, 2006, ''Sino-Romanian Relations: 1950's-1960's'', p. 199}}</ref>

Embora certos historiadores, como Robert King e Dennis Deletant, argumentem contra o uso do termo "independente" para descrever as relações da Romênia com a União Soviética, favorecendo o termo "autonomia" por conta da participação contínua do país no [[Conselho para Assistência Econômica Mútua|Comecon]] e no Pacto de Varsóvia ao longo com seu compromisso com o socialismo, esta abordagem não explica por que a Romênia bloqueou em julho de 1963 a adesão da [[República Popular da Mongólia|Mongólia]] ao Pacto de Varsóvia, por que a Romênia votou a favor de uma resolução da ONU para estabelecer uma zona livre de armas nucleares na América Latina em novembro de 1963 quando o outros países socialistas se abstiveram, ou por que em 1964 a Romênia se opôs à "forte resposta coletiva" proposta pelos soviéticos contra a China (e estes são exemplos apenas do período 1963-1964).<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=FfGmBgAAQBAJ&pg=PA14|título=Elena Dragomir, Cambridge Scholars Publishing, 12 January 2015, ''Cold War Perceptions: Romania's Policy Change towards the Soviet Union, 1960-1964'', p. 14|ultimo=Dragomir|primeiro=Elena|data=12 de janeiro de 2015|isbn=9781443873031}}</ref> A desinformação soviética tentou convencer o Ocidente de que o empoderamento de Ceaușescu era uma dissimulação em conivência com Moscou.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=BZ9sDQAAQBAJ&pg=PA61|título=Florin Abraham, Bloomsbury Publishing, Nov 17, 2016, ''Romania since the Second World War: A Political, Social and Economic History'', p. 61|ultimo=Abraham|primeiro=Florin|data=17 de novembro de 2016|isbn=9781472529923}}</ref> Até certo ponto isso funcionou, pois alguns historiadores passaram a ver a mão de Moscou por trás de cada iniciativa romena. Por exemplo, quando a Romênia se tornou o único país do Leste Europeu a manter relações diplomáticas com [[Israel]], alguns historiadores especularam que isso ocorreu por capricho de Moscou. No entanto, esta teoria falha após uma inspeção mais detalhada.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=kOT8DwAAQBAJ&pg=PA307|título=Emmanuel Navon, University of Nebraska Press, 2020, ''The Star and the Scepter: A Diplomatic History of Israel'', p. 307|ultimo=Navon|primeiro=Emmanuel|data=Novembro de 2020|isbn=9780827618602}}</ref> Mesmo durante a Guerra Fria, alguns pensavam que as ações romenas foram feitas a mando dos soviéticos, mas a raiva soviética por essas ações era "persuasivamente genuína". Na verdade, os soviéticos não deixaram de se alinhar publicamente com o Ocidente contra os romenos às vezes.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=w7Hst5Swj_4C&pg=PA85|título=Michael Alexander, Royal United Services Institute, 2005, ''Managing the Cold War: A View from the Front Line'', pp. 85-86|ultimo=Alexander|primeiro=Michael|ano=2005|isbn=9780855161910}}</ref>

== Estratégia ==
A estratégia por trás da formação do Pacto de Varsóvia era impulsionada pelo desejo da [[União Soviética]] de impedir que a Europa [[Europa Central|Central]] e [[Leste Europeu|Oriental]] fosse usada como base para seus inimigos. Sua política também foi impulsionada por razões ideológicas e geoestratégicas. Ideologicamente, a União Soviética se arrogou o direito de definir o [[socialismo]] e o [[comunismo]] no mundo e agir como líder do movimento socialista global. Um corolário disso era a necessidade de intervenção se um país parecesse estar violando as ideias socialistas centrais, explicitamente declaradas na [[Doutrina da Soberania Limitada|Doutrina Brezhnev]].<ref name="The Brezhnev Doctrine and Communist Ideology">' 'The Review of Politics Volume' ', 34, No. 2 (abril de 1972), p. 190–209</ref>

== Pós-Pacto de Varsóvia ==
[[Ficheiro:History_of_NATO_enlargement.svg|direita|miniaturadaimagem| Expansão da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]] antes e depois do colapso do comunismo em toda a Europa Central e Oriental]]
Em 12 de março de 1999, a República Tcheca, a Hungria e a Polônia aderiram à [[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]]; Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia e Eslováquia aderiram em março de 2004; a Albânia aderiu em 1 de abril de 2009.<ref>{{Citar web|url=https://www.nato.int/docu/comm/1999/9904-wsh/pres-eng/03acce.pdf|titulo=Archived copy|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190412055701/https://www.nato.int/docu/comm/1999/9904-wsh/pres-eng/03acce.pdf|arquivodata=12 de abril de 2019|urlmorta=live}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.nato.int/docu/update/2004/03-march/e0329a.htm|titulo=NATO Update: Seven new members join NATO - 29 March 2004|acessodata=23 de agosto de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180312062520/https://www.nato.int/docu/update/2004/03-march/e0329a.htm|arquivodata=12 de março de 2018|urlmorta=live}}</ref>

A Rússia e alguns outros estados pós-URSS aderiram à [[Organização do Tratado de Segurança Coletiva]] (CSTO) em 1992, ou os Cinco de Xangai em 1996, que foi renomeada para [[Organização para Cooperação de Xangai|Organização de Cooperação de Xangai]] (SCO) após a adição do [[Uzbequistão]] em 2001. 

Em novembro de 2005, o governo polonês abriu seus arquivos do Tratado de Varsóvia para o [[Instituto da Memória Nacional|Instituto de Memória Nacional]], que publicou cerca de 1,3 mil documentos desclassificados em janeiro de 2006, mas o governo polonês reservou a publicação de 100 documentos, aguardando sua desclassificação militar. Eventualmente, 30 dos 100 documentos reservados foram publicados; 70 permaneceram secretos e inéditos. Entre os documentos publicados estava o plano de guerra nuclear do Tratado de Varsóvia, ''Sete Dias para o Rio Reno'' – uma invasão e captura curta e rápida da Áustria, Dinamarca, Alemanha e Países Baixos a leste do [[rio Reno]], usando [[Bomba nuclear|armas nucleares]] após um suposto primeiro ataque da OTAN.<ref name="guardian2005">{{Citar jornal|ultimo=Watt|primeiro=Nicholas|url=https://www.theguardian.com/world/2005/nov/26/russia.poland#article_continue|titulo=Poland risks Russia's wrath with Soviet nuclear attack map|data=26 de novembro de 2005|acessodata=14 de junho de 2013|website=[[The Guardian]]}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://css.ethz.ch/content/specialinterest/gess/cis/center-for-securities-studies/en/services/digital-library/articles/article.html/107840|titulo=Poland reveals Warsaw Pact war plans|acessodata=23 de dezembro de 2014|website=International Relations And Security Network}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Organização do Tratado de Segurança Coletiva]]
* [[Organização do Tratado de Segurança Coletiva]] (CSTO) - aliança militar moderna entre seis ex-repúblicas soviéticas
* [[Organização para Cooperação de Xangai]] (SCO) - moderna organização política, econômica e militar da Eurásia
* [[Organização do Tratado do Atlântico Norte]] (OTAN)
* [[Tratado Finlandês-Soviético de 1948|Tratado Fino-Soviético de 1948]] - tratado que definiu o nível de neutralidade da Finlândia em relação à União Soviética
* [[Tratado Interamericano de Assistência Recíproca]] (TIAR)
* [[Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul]]


{{referências}}
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=== Bibliografia ===
=== Bibliografia ===
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* {{citar livro|último= Adenauer |primeiro= Konrad |título= Memorie 1945–1953 |publicado= Arnoldo Mondadori Editore |ano= 1966a |url= https://www.amazon.it/Memorie-1945-1953-Adenauer-Konrad/dp/B005SFPS36/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1375399817&sr=8-1&keywords=konrad+adenauer+memorie+1945-1953 |arquivourl= https://archive.today/20130801233525/http://www.amazon.it/Memorie-1945-1953-Adenauer-Konrad/dp/B005SFPS36/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1375399817&sr=8-1&keywords=konrad+adenauer+memorie+1945-1953 |urlmorta= dead |arquivodata= 2013-08-01 |língua=it}}
* {{citar livro|último= Adenauer |primeiro= Konrad |título= Memorie 1945–1953 |publicado= Arnoldo Mondadori Editore |ano= 1966a |url= https://www.amazon.it/Memorie-1945-1953-Adenauer-Konrad/dp/B005SFPS36/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1375399817&sr=8-1&keywords=konrad+adenauer+memorie+1945-1953 |arquivourl= https://archive.today/20130801233525/http://www.amazon.it/Memorie-1945-1953-Adenauer-Konrad/dp/B005SFPS36/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1375399817&sr=8-1&keywords=konrad+adenauer+memorie+1945-1953 |urlmorta= dead |arquivodata= 2013-08-01 |língua=it}}
* {{citar livro|último= Molotov |primeiro= Vyacheslav |título= La conferenza di Berlino |publicado= Ed. di cultura sociale |ano= 1954a |url= https://books.google.com/books?id=Cd8tcgAACAAJ |língua=it}}
* {{citar livro|último= Molotov |primeiro= Vyacheslav |título= La conferenza di Berlino |publicado= Ed. di cultura sociale |ano= 1954a |url= https://books.google.com/books?id=Cd8tcgAACAAJ |língua=it}}
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==== Leitura adicional ====
{{refbegin|2}}
* Faringdon, Hugh. Confrontation: the strategic geography of NATO and the Warsaw Pact. (London: Routledge & Kegan Paul, 1986.)
* {{cite journal|last=Heuser|first=Beatrice|title=Victory in a Nuclear War? A Comparison of NATO and WTO War Aims and Strategies|journal=Contemporary European History|year=1998|volume=7|issue=3|pages=311–327|doi=10.1017/S0960777300004264}}
* Mackintosh, Malcolm. ''The evolution of the Warsaw Pact'' (International Institute for Strategic Studies, 1969)
* Kramer, Mark N. "Civil-military relations in the Warsaw Pact, The East European component," ''International Affairs,'' Vol. 61, No. 1, Winter 1984–85.
* {{cite book|last=Lewis|first=William Julian|title=The Warsaw Pact: Arms, Doctrine, and Strategy|year=1982|publisher=Institute for Foreign Policy Analysis|location=Cambridge, Mass.|isbn=978-0-07-031746-8}}
* {{cite book|last=Mastny|first=Vojtech|title=A Cardboard Castle ?: An Inside History of the Warsaw Pact, 1955–1991|year=2005|publisher=Central European University Press|location=Budapest|isbn=978-963-7326-07-3|url=https://books.google.com/books?id=Jm4L_b8CHycC&pg=PP1|author2=Byrne, Malcolm }}
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{{refend}}



Revisão das 06h23min de 25 de julho de 2022

Pacto de Varsóvia
Pacto de Varsóvia
Emblema do Pacto de Varsóvia.
No círculo, lê-se: "União da Paz e do Socialismo."

Estados-membros do Pacto de Varsóvia.
Lema "Союз мира и социализма (russo) - "união de paz e socialismo""
Tipo Aliança militar
Fundação 14 de maio de 1955
Extinção 1 de julho de 1991
Sede Moscou,  União Soviética
Membros Bulgária Bulgária

Checoslováquia Checoslováquia
Alemanha Oriental Alemanha Oriental
Hungria Hungria
Polónia Polónia
Roménia Roménia
União Soviética União Soviética
Albânia Albânia (retirou-se em 1968)

A Organização do Tratado de Varsóvia[1] (OTV), oficialmente o Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua,[2] comumente conhecido como Pacto de Varsóvia (PV),[3] foi uma aliança militar assinada em Varsóvia, Polônia, entre a União Soviética e sete outras repúblicas socialistas do Bloco Oriental da Europa Central e Oriental em maio de 1955, durante a Guerra Fria. O Pacto de Varsóvia foi o complemento militar do Conselho para Assistência Econômica Mútua (CoMEcon), a organização econômica regional dos Estados socialistas europeus. O acordo foi criado em reação à integração da Alemanha Ocidental na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)[4][5][6][7] em 1955, conforme as Conferências de Londres e Paris de 1954.[8][9][10] [11][12][13]

Dominado pela União Soviética, o Pacto de Varsóvia foi estabelecido como um equilíbrio de poder ou contrapeso à OTAN.[14][15] Não houve confronto militar direto entre as duas organizações; em vez disso, o conflito foi travado numa base ideológica e em guerras por procuração. Tanto a OTAN como o Pacto de Varsóvia levaram à expansão das forças militares e à sua integração nos respectivos blocos.[15] Seu maior envolvimento militar foi a invasão da Tchecoslováquia pelo Pacto de Varsóvia em agosto de 1968 (com a participação de todas as nações do Pacto, exceto Albânia e Romênia),[14] que, em parte, resultou na retirada da Albânia do Pacto menos de um mês depois. O Pacto começou a se desfazer com a propagação das Revoluções de 1989 pelo Bloco Oriental, começando com o Movimento Solidariedade na Polônia,[16] seu sucesso eleitoral em junho de 1989 e o Piquenique Pan-Europeu em agosto de 1989.[17]

A Alemanha Oriental retirou-se do Pacto após a reunificação alemã em 1990. Em 25 de fevereiro de 1991, em uma reunião na Hungria, o Pacto foi declarado encerrado pelos ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos seis estados membros restantes. A própria URSS foi dissolvida em dezembro de 1991, embora a maioria das ex-repúblicas soviéticas tenham formado a Organização do Tratado de Segurança Coletiva pouco depois. Nos 20 anos seguintes, os países do Pacto de Varsóvia fora da URSS aderiram à OTAN (Alemanha Oriental por meio de sua reunificação com a Alemanha Ocidental; e a República Tcheca e a Eslováquia como países separados), assim como os Estados bálticos que faziam parte da União Soviética.

História

Origens

O Palácio Presidencial em Varsóvia, Polônia, onde o Pacto de Varsóvia foi estabelecido e assinado em 14 de maio de 1955

Antes da criação do Pacto de Varsóvia, a liderança da Checoslováquia, com medo de uma Alemanha rearmada, procurou criar um pacto de segurança com a Alemanha Oriental e a Polônia.[12] Esses Estados protestaram fortemente contra a remilitarização da Alemanha Ocidental.[18] O Pacto de Varsóvia foi estabelecido como consequência do rearmamento da Alemanha Ocidental dentro da OTAN. Os líderes soviéticos, como muitos países europeus de ambos os lados da Cortina de Ferro, temiam que a Alemanha voltasse a ser uma potência militar e uma ameaça direta. As consequências do militarismo alemão permaneceram uma memória fresca entre os soviéticos e os europeus orientais.[5][6][19][20][21] Como a União Soviética já tinha presença armada e dominação política em todos os seus Estados satélites do leste, o Pacto foi considerado "supérfluo"[22] e por causa da maneira apressada em que foi concebido, funcionários da OTAN o rotularam como um 'castelo de papelão'.[23]

A Cortina de Ferro, em preto
  Membros do Pacto de Varsóvia
  Membros da OTAN

O ponto preto representa Berlim Ocidental. A Albânia reteve seu apoio ao Pacto de Varsóvia em 1961 devido à ruptura soviético-albanesa e se retirou formalmente em 1968.

A URSS, temendo a restauração do militarismo alemão na Alemanha Ocidental, sugeriu em 1954 que se juntasse à OTAN, mas isso foi rejeitado pelos Estados Unidos e Reino Unido.[24]

O pedido soviético de adesão à OTAN surgiu após a Conferência de Berlim de janeiro-fevereiro de 1954. O ministro das Relações Exteriores soviético Molotov fez propostas para a reunificação da Alemanha [25] e eleições para um governo pan-germânico,[26] sob condições de retirada dos exércitos das quatro potências e neutralidade alemã,[27] mas todas foram recusadas pelos outros ministros de relações exteriores: Dulles (EUA), Eden (Reino Unido) e Bidault (França).[28] As propostas para a reunificação da Alemanha não eram novidade: mais cedo, em 20 de março de 1952, as conversas sobre uma reunificação alemã, iniciadas pela chamada 'Nota de Stalin', terminaram depois que o Reino Unido, a França e os Estados Unidos insistiram que uma Alemanha unificada não deve ser neutra e deve ser livre para aderir à Comunidade Europeia de Defesa (EDC, sigla em inglês) e se rearmar. James Dunn (EUA), que se reuniu em Paris com Eden, Adenauer e Robert Schuman (França), afirmaram que "o objetivo deve ser evitar discussões com os russos e pressionar a Comunidade Europeia de Defesa".[29] De acordo com John Gaddis "havia pouca inclinação nas capitais ocidentais para explorar esta oferta" da URSS.[30] Enquanto o historiador Rolf Steininger afirma que a convicção de Adenauer de que "neutralização significa sovietização" foi o principal fator na rejeição das propostas soviéticas,[31] Adenauer também temia que a unificação alemã pudesse ter resultado no fim da principal força política da CDU no Bundestag alemão.[32]

Consequentemente, Molotov, temendo que a EDC fosse dirigida no futuro contra a URSS e "procurando impedir a formação de grupos de Estados europeus dirigidos contra os outros Estados europeus", fez uma proposta para um Tratado Geral Europeu de Segurança Coletiva na Europa "aberta a todos os Estados europeus sem levar em conta seus sistemas sociais" que incluiria a Alemanha unificada (tornando assim a EDC obsoleta). Mas Eden, Dulles e Bidault se opuseram à proposta.[33]

Um mês depois, a proposta de Tratado Europeu foi rejeitada não apenas pelos partidários da EDC, mas também pelos oponentes ocidentais da Comunidade de Defesa Europeia (como o líder gaullista francês Gaston Palewski) que o consideraram "inaceitável em sua forma atual porque exclui os EUA da participação no sistema de segurança coletiva na Europa". Os soviéticos então decidiram fazer uma nova proposta aos governos dos EUA, Reino Unido e França para aceitar a participação dos EUA na proposta de Acordo Geral Europeu. Como outro argumento utilizado contra a proposta soviética era que ela era percebida pelas potências ocidentais como "dirigida contra o Pacto do Atlântico Norte e sua liquidação",[34] os soviéticos decidiram declarar sua "disposição para examinar conjuntamente com outras partes interessadas a questão da participação da URSS no bloco do Atlântico Norte", especificando que "a admissão dos EUA no Acordo Geral Europeu não deve estar condicionada à concordância das três potências ocidentais com a adesão da URSS ao Pacto do Atlântico Norte".[35]

Um cartaz dos "Grandes Sete Soviéticos", exibindo o equipamento dos militares do Pacto de Varsóvia

Mais uma vez, todas as propostas, incluindo o pedido de adesão à OTAN, foram rejeitadas pelos governos do Reino Unido, Estados Unidos e França pouco depois. Emblemática foi a posição do general britânico Hastings Ismay, um feroz defensor da expansão da OTAN. Ele se opôs ao pedido de adesão à OTAN feito pela URSS em 1954 dizendo que "o pedido soviético de adesão à OTAN é como um ladrão impenitente solicitando ingressar na força policial".[36]

Em abril de 1954, Adenauer fez sua primeira visita aos Estados Unidos, conhecendo Nixon, Eisenhower e Dulles. A ratificação da EDC foi adiada, mas os representantes dos EUA deixaram claro a Adenauer que a EDC teria que se tornar parte da OTAN.[37]

As lembranças da ocupação nazista ainda eram fortes e o rearmamento da Alemanha também era temido pela França.[6] Em 30 de agosto de 1954, o Parlamento francês rejeitou a EDC, garantindo assim seu fracasso e bloqueando um objetivo principal da política dos Estados Unidos para a Europa: associar militarmente a Alemanha Ocidental ao Ocidente. O Departamento de Estado dos EUA começou a elaborar alternativas: a Alemanha Ocidental seria convidada a aderir à OTAN ou, no caso do obstrucionismo francês, seriam implementadas estratégias para contornar um veto francês para obter o rearmamento alemão fora da OTAN.[29]

Um típico jipe militar soviético UAZ-469, usado pela maioria dos países do Pacto de Varsóvia

Em 23 de outubro de 1954 foi finalmente decidida a admissão da República Federal da Alemanha ao Pacto do Atlântico Norte. A incorporação da Alemanha Ocidental à organização em 9 de maio de 1955 foi descrita como "um ponto de virada decisivo na história do nosso continente" por Halvard Lange, então ministro das Relações Exteriores da Noruega.[38] Em novembro de 1954, a URSS solicitou um novo Tratado de Segurança Europeu,[39] a fim de fazer uma tentativa final de não ter uma Alemanha Ocidental remilitarizada potencialmente oposta à União Soviética, mas novamente não obteve sucesso.

Em 14 de maio de 1955, a URSS e outros sete países do Leste Europeu "reafirmando seu desejo de estabelecer um sistema de segurança coletiva europeia baseado na participação de todos os Estados europeus, independentemente de seus sistemas sociais e políticos" estabeleceram o Pacto de Varsóvia em resposta à integração da República Federal da Alemanha na OTAN,[5][7] declarando que: "uma Alemanha Ocidental remilitarizada e a integração desta no bloco do Atlântico Norte [...] aumentam o perigo de outra guerra e constitui uma ameaça à segurança nacional dos Estados pacíficos; [...] nestas circunstâncias, os Estados pacíficos europeus devem tomar as medidas necessárias para salvaguardar a sua segurança".[40]

Um dos membros fundadores, a Alemanha Oriental foi autorizada a se rearmar pela União Soviética e o Exército Nacional do Povo foi estabelecido como as forças armadas do país para combater o rearmamento da Alemanha Ocidental.[41]

Membros

Reunião dos sete representantes dos países do Pacto de Varsóvia em Berlim Oriental em maio de 1987. Da esquerda para a direita: Gustáv Husák, Todor Zhivkov, Erich Honecker, Mikhail Gorbachev, Nicolae Ceaușescu, Wojciech Jaruzelski e János Kádár

Os signatários fundadores do Pacto consistiam nos seguintes governos comunistas:

Observadores

 Mongólia: em julho de 1963, a República Popular da Mongólia pediu para se juntar ao Pacto de Varsóvia sob Artigo 9 do tratado.[48] Por conta da ruptura sino-soviética, no entanto, a Mongólia permaneceu com o estatuto de observador.[48] No que foi a primeira instância de uma iniciativa soviética bloqueada por um membro não soviético do Pacto de Varsóvia, a Romênia bloqueou a adesão da Mongólia ao Pacto de Varsóvia.[49][50] O governo soviético concordou em estacionar tropas na Mongólia em 1966.[51]

No início, China, Coreia do Norte e Vietnã tinham estatutos de observadores, mas a China se retirou após a ruptura sino-soviética no início dos anos 1960.[52]

Durante a Guerra Fria

Tanques soviéticos, marcados com cruzes brancas para distingui-los dos tanques da Tchecoslováquia,[53] nas ruas de Praga durante a invasão da Tchecoslováquia pelo Pacto de Varsóvia, 1968

Por 36 anos, a OTAN e o Pacto de Varsóvia nunca travaram guerra diretamente um contra o outro na Europa; os Estados Unidos e a União Soviética e seus respectivos aliados implementaram políticas estratégicas destinadas à contenção um do outro na Europa, enquanto trabalhavam e lutavam por influência dentro da Guerra Fria no cenário internacional, como na Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, invasão da Baía dos Porcos, Guerra Suja, Guerra Cambojana-Vietnamita e outros.[54][55]

Em 1956, após a declaração do governo de Imre Nagy sobre a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia, as tropas soviéticas entraram no país e removeram o governo.[56] As forças soviéticas esmagaram a revolta nacional, levando à morte de cerca de 2,5 mil cidadãos húngaros.[57]

A única ação conjunta das forças armadas comunistas multinacionais foi a invasão da Tchecoslováquia pelo Pacto de Varsóvia em agosto de 1968.[58] Todos os países membros, com exceção da República Socialista da Romênia e da República Popular da Albânia, participaram da invasão.[59] A República Democrática Alemã forneceu apenas um apoio mínimo.[59]

Fim da Guerra Fria

O Piquenique Pan-Europeu aconteceu na fronteira húngara-austríaca em 1989.

Em 1989, o descontentamento popular civil e político derrubou os governos comunistas dos países do Tratado de Varsóvia. O início do fim do Pacto de Varsóvia, independentemente do poder militar, foi o Piquenique Pan-Europeu em agosto de 1989. O evento, que remonta a uma ideia de Otto von Habsburg, causou o êxodo em massa de cidadãos da Alemanha Oriental e a população informada pela mídia da Europa Oriental sentiu a perda de poder de seus governantes e a Cortina de Ferro se rompeu completamente. Embora o novo governo de Solidariedade da Polônia sob Lech Wałęsa inicialmente assegurasse aos soviéticos que permaneceria no Pacto,[60] isso quebrou os suportes da Europa Oriental, que não podiam mais ser mantidos unidos militarmente pelo Pacto de Varsóvia.[61][62][63]

Em 25 de fevereiro de 1991, o Pacto de Varsóvia foi declarado dissolvido em uma reunião de ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos países restantes do Pacto reunidos na Hungria.[64] Em 1 de julho de 1991, em Praga, o presidente tchecoslovaco Václav Havel[65] encerrou formalmente a Organização de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua do Tratado de Varsóvia de 1955 e assim desmantelou o Tratado de Varsóvia após 36 anos de aliança militar com a URSS. [65] A dissolução da própria União Soviética ocorreu em dezembro de 1991.

Estrutura

A organização do Tratado de Varsóvia era dupla: o Comitê Consultivo Político tratava de assuntos políticos e o Comando Combinado das Forças Armadas do Pacto controlava as forças multinacionais designadas, com sede em Varsóvia, Polônia. Embora uma aliança de segurança coletiva aparentemente semelhante, o Pacto de Varsóvia diferia substancialmente da OTAN. De jure, os oito países membros do Pacto de Varsóvia prometeram a defesa mútua de qualquer membro que fosse atacado; as relações entre os signatários do tratado baseavam-se na não intervenção mútua nos assuntos internos dos países membros, no respeito à soberania nacional e na independência política.[66]

No entanto, de facto, o pacto era um reflexo direto do autoritarismo e do domínio indiscutível da URSS sobre o Bloco Oriental, no contexto do chamado Império Soviético, que não era comparável ao dos Estados Unidos sobre o Bloco Ocidental.[67] Todos os comandantes do Pacto de Varsóvia tinham que ser, e têm sido, oficiais superiores da União Soviética ao mesmo tempo e nomeados por um período de mandato não especificado: o Comandante Supremo das Forças Armadas Unificadas da Organização do Tratado de Varsóvia, que comandava e controlava todos os militares dos países membros, era também primeiro vice-Ministro da Defesa da URSS, e o Chefe do Estado-Maior Combinado das Forças Armadas Unificadas da Organização do Tratado de Varsóvia também era primeiro vice-Chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas Soviéticas.[68]

Apesar da hegemonia estadunidense (principalmente militar e econômica) sobre a OTAN, todas as decisões da Aliança do Atlântico Norte exigiam consenso unânime no Conselho do Atlântico Norte e a entrada dos países na aliança não estava sujeita à dominação, mas sim a um processo democrático natural.[67] No Pacto de Varsóvia, pelo contrário, as decisões eram tomadas apenas pela União Soviética; os países do Pacto de Varsóvia não eram igualmente capazes de negociar sua entrada no pacto e nem a tomada de decisões.[67]

Romênia e Albânia

O Pacto de Varsóvia antes de sua invasão da Tchecoslováquia em 1968, mostrando a União Soviética e seus satélites (vermelho) e os dois membros independentes não soviéticos: Romênia e Albânia (rosa)

A Romênia e até 1968, a Albânia, eram exceções. Junto com a Iugoslávia, que rompeu com a União Soviética antes da criação do Pacto de Varsóvia, esses três países rejeitaram completamente a doutrina soviética formulada para o pacto. A Albânia deixou oficialmente a organização em 1968, em protesto contra a invasão da Tchecoslováquia. A Romênia tinha suas próprias razões para permanecer um membro formal do Pacto de Varsóvia, como o interesse de Nicolae Ceaușescu de preservar a ameaça de uma invasão do pacto para que ele pudesse se vender como nacionalista, bem como acesso privilegiado aos homólogos da OTAN e um assento na vários fóruns europeus que de outra forma ele não teria (por exemplo, a Romênia e o restante do Pacto de Varsóvia liderado pelos soviéticos formaram dois grupos distintos na elaboração do Ato Final de Helsinque).[69] Quando Andrei Grechko assumiu o comando do Pacto de Varsóvia, tanto a Romênia quanto a Albânia, para todos os efeitos práticos, desertaram do pacto. No início da década de 1960, Grechko iniciou programas destinados a impedir que as heresias doutrinárias romenas se espalhassem para outros membros do Pacto. A doutrina de defesa territorial da Romênia ameaçava a unidade e a coesão do Pacto. Nenhum outro país conseguiu escapar do Pacto de Varsóvia como a Romênia e a Albânia. Por exemplo, os esteios dos tanques da Romênia eram modelos desenvolvidos localmente. As tropas soviéticas foram enviadas para a Romênia pela última vez em 1963, como parte de um exercício do Pacto de Varsóvia. Depois de 1964, o Exército Vermelho foi impedido de retornar à Romênia, pois o país se recusou a participar de exercícios conjuntos do pacto.[70]

Um tanque romeno TR-85 em dezembro de 1989 (os tanques TR-85 e TR-580 da Romênia eram os únicos tanques não soviéticos no Pacto de Varsóvia em que restrições foram colocadas sob o Tratado CFE de 1990[71])

Mesmo antes do advento de Nicolae Ceaușescu, a Romênia era, de facto, um país independente, em oposição ao resto do Pacto de Varsóvia. Até certo ponto, era ainda mais independente do que Cuba (um Estado comunista que não era membro do Pacto de Varsóvia).[72][73] O regime romeno era amplamente impermeável à influência política soviética e Ceaușescu foi o único oponente declarado da glasnost e da perestroika. Por causa da relação contenciosa entre Bucareste e Moscou, o Ocidente não responsabilizou a União Soviética pelas políticas seguidas por Bucareste. Não foi o caso de outros países da região, como Tchecoslováquia e Polônia.[74] No início de 1990, o ministro das Relações Exteriores soviético, Eduard Shevardnadze, confirmou implicitamente a falta de influência soviética sobre a Romênia de Ceaușescu. Quando perguntado se fazia sentido para ele visitar a Romênia menos de duas semanas após a Revolução Romena, Shevardnadze insistiu que somente indo pessoalmente à Romênia ele poderia descobrir como "restaurar a influência soviética".[75]

A Romênia solicitou e obteve a retirada completa do Exército Vermelho de seu território em 1958. A campanha romena pela independência culminou em 22 de abril de 1964, quando o Partido Comunista Romeno emitiu uma declaração proclamando que "todo partido marxista-leninista tem o direito soberano... de elaborar, escolher ou mudar as formas e métodos de construção socialista", que "não existe partido 'pai' e partido 'filho', nem partidos 'superiores' e 'subordinados', mas apenas a grande família de partidos comunistas e operários com direitos iguais" e também que "não há e não pode haver padrões e receitas únicas". Isso equivalia a uma declaração de independência política e ideológica de Moscou.[76][77][78][79]

O romeno IAR-93 Vultur foi o único jato de combate projetado e construído por um membro não soviético do Pacto de Varsóvia[80]

Após a retirada da Albânia do Pacto de Varsóvia, a Romênia permaneceu o único membro do Pacto com uma doutrina militar independente que negou o uso de suas forças armadas pela União Soviética e evitou a dependência absoluta de fontes soviéticas de equipamento militar.[81] A Romênia era o único membro não soviético do pacto que não era obrigado a defender militarmente a União Soviética em caso de ataque armado.[82] A Bulgária e a Romênia eram os únicos membros do Pacto de Varsóvia que não tinham tropas soviéticas estacionadas em seu território.[83] Em dezembro de 1964, a Romênia tornou-se o único membro do pacto (exceto a Albânia, que deixaria a organização completamente dentro de quatro anos) do qual todos os conselheiros soviéticos foram retirados, incluindo os dos serviços de inteligência e segurança.[84] Não só a Romênia não participou de operações conjuntas com a KGB, mas também criou "departamentos especializados em contra-espionagem anti-KGB".[85]

A Romênia foi neutra durante a divisão sino-soviética.[86][87][88] Sua neutralidade na disputa sino-soviética, além de ser o pequeno país comunista com maior influência nos assuntos globais, permitiu que a Romênia fosse reconhecida pelo mundo como a "terceira força" do mundo comunista. A independência da Romênia - conquistada no início dos anos 1960 por meio da liberação de seu status de satélite soviético - foi tolerada por Moscou porque a Romênia não fazia fronteira com a Cortina de Ferro - sendo cercada por Estados socialistas - e porque seu partido no poder não abandonaria o comunismo.[89][90]

Embora certos historiadores, como Robert King e Dennis Deletant, argumentem contra o uso do termo "independente" para descrever as relações da Romênia com a União Soviética, favorecendo o termo "autonomia" por conta da participação contínua do país no Comecon e no Pacto de Varsóvia ao longo com seu compromisso com o socialismo, esta abordagem não explica por que a Romênia bloqueou em julho de 1963 a adesão da Mongólia ao Pacto de Varsóvia, por que a Romênia votou a favor de uma resolução da ONU para estabelecer uma zona livre de armas nucleares na América Latina em novembro de 1963 quando o outros países socialistas se abstiveram, ou por que em 1964 a Romênia se opôs à "forte resposta coletiva" proposta pelos soviéticos contra a China (e estes são exemplos apenas do período 1963-1964).[91] A desinformação soviética tentou convencer o Ocidente de que o empoderamento de Ceaușescu era uma dissimulação em conivência com Moscou.[92] Até certo ponto isso funcionou, pois alguns historiadores passaram a ver a mão de Moscou por trás de cada iniciativa romena. Por exemplo, quando a Romênia se tornou o único país do Leste Europeu a manter relações diplomáticas com Israel, alguns historiadores especularam que isso ocorreu por capricho de Moscou. No entanto, esta teoria falha após uma inspeção mais detalhada.[93] Mesmo durante a Guerra Fria, alguns pensavam que as ações romenas foram feitas a mando dos soviéticos, mas a raiva soviética por essas ações era "persuasivamente genuína". Na verdade, os soviéticos não deixaram de se alinhar publicamente com o Ocidente contra os romenos às vezes.[94]

Estratégia

A estratégia por trás da formação do Pacto de Varsóvia era impulsionada pelo desejo da União Soviética de impedir que a Europa Central e Oriental fosse usada como base para seus inimigos. Sua política também foi impulsionada por razões ideológicas e geoestratégicas. Ideologicamente, a União Soviética se arrogou o direito de definir o socialismo e o comunismo no mundo e agir como líder do movimento socialista global. Um corolário disso era a necessidade de intervenção se um país parecesse estar violando as ideias socialistas centrais, explicitamente declaradas na Doutrina Brezhnev.[95]

Pós-Pacto de Varsóvia

Expansão da OTAN antes e depois do colapso do comunismo em toda a Europa Central e Oriental

Em 12 de março de 1999, a República Tcheca, a Hungria e a Polônia aderiram à OTAN; Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia e Eslováquia aderiram em março de 2004; a Albânia aderiu em 1 de abril de 2009.[96][97]

A Rússia e alguns outros estados pós-URSS aderiram à Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) em 1992, ou os Cinco de Xangai em 1996, que foi renomeada para Organização de Cooperação de Xangai (SCO) após a adição do Uzbequistão em 2001. 

Em novembro de 2005, o governo polonês abriu seus arquivos do Tratado de Varsóvia para o Instituto de Memória Nacional, que publicou cerca de 1,3 mil documentos desclassificados em janeiro de 2006, mas o governo polonês reservou a publicação de 100 documentos, aguardando sua desclassificação militar. Eventualmente, 30 dos 100 documentos reservados foram publicados; 70 permaneceram secretos e inéditos. Entre os documentos publicados estava o plano de guerra nuclear do Tratado de Varsóvia, Sete Dias para o Rio Reno – uma invasão e captura curta e rápida da Áustria, Dinamarca, Alemanha e Países Baixos a leste do rio Reno, usando armas nucleares após um suposto primeiro ataque da OTAN.[98][99]

Ver também

Referências

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Bibliografia

Leitura adicional

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