Conservadorismo no Brasil: diferenças entre revisões

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{{Conservadorismo}}
{{Conservadorismo}}
{{Política}}
{{Política}}
O '''conservadorismo brasileiro''' se origina da tradição cultural e histórica do Brasil, cujas raízes culturais são luso ibéricas.<ref>{{citar periódico|ultimo=Freyre|primeiro=Gilberto|data=1943|titulo=Em Torno Do Problema De Uma Cultura Brasileira|jornal=|volume=4|paginas=167-171|doi=10.2307/2103064|url=http://www.jstor.org/stable/2103064?seq=1#page_scan_tab_contents|acessadoem=15/01/2017}}</ref> A colonização portuguesa teve forte influência na formação do imaginário brasileiro. O catolicismo; as políticas públicas; arquitetura; literatura e outros aspectos culturais se fazem presentes no cenário cultural contemporâneo do Brasil.<ref>{{citar livro|titulo=História da Civilização Brasileira|ultimo=Ferreira|primeiro=Tito Lívio|ultimo2=Ferreira|primeiro2=Manoel Rodrigues|editora=Gráfica Biblos Editora|ano=1959|local=São Paulo|paginas=25 - 39|acessodata=}}</ref> Um das expressões mais antigas do conservadorismo brasileiro foi a [[Companhia de Jesus]] que inicia o processo de catequização indígena, introduzindo os povos ameríndios ao processo de integração ocidental.<ref name=":0">{{citar web|url=http://www.infoescola.com/educacao/companhia-de-jesus/|titulo=Companhia de Jesus|data=|acessodata=15/01/2017|publicado=Info Escola|ultimo=Araújo|primeiro=Ana Paula de}}</ref> Os jesuítas também posicionaram-se contra a escravidão dos nativos e foram um dos primeiros grupos a tomarem iniciativas de construção de escolas em território brasileiro.<ref name=":0" />
O '''conservadorismo brasileiro''' se origina da tradição cultural e histórica do [[Brasil]], cujas raízes culturais são luso ibéricas.<ref>{{citar periódico|ultimo=Freyre|primeiro=Gilberto|data=1943|titulo=Em Torno Do Problema De Uma Cultura Brasileira|jornal=|volume=4|paginas=167-171|doi=10.2307/2103064|url=http://www.jstor.org/stable/2103064?seq=1#page_scan_tab_contents|acessadoem=15/01/2017}}</ref> A [[Colonização do Brasil|colonização portuguesa]] teve forte influência na formação do imaginário brasileiro. O [[catolicismo]]; as políticas públicas; [[Arquitetura do Brasil|arquitetura]]; [[Literatura do Brasil|literatura]] e outros aspectos culturais se fazem presentes no cenário cultural contemporâneo do Brasil.<ref>{{citar livro|titulo=História da Civilização Brasileira|ultimo=Ferreira|primeiro=Tito Lívio|ultimo2=Ferreira|primeiro2=Manoel Rodrigues|editora=Gráfica Biblos Editora|ano=1959|local=São Paulo|paginas=25 - 39|acessodata=}}</ref> Um das expressões mais antigas do [[conservadorismo]] brasileiro foi a [[Companhia de Jesus]] que inicia o processo de [[catequização]] indígena, introduzindo os povos [[ameríndio]]s ao processo de integração ocidental.<ref name=":0">{{citar web|url=http://www.infoescola.com/educacao/companhia-de-jesus/|titulo=Companhia de Jesus|data=|acessodata=15/01/2017|publicado=Info Escola|ultimo=Araújo|primeiro=Ana Paula de}}</ref> Os jesuítas também posicionaram-se contra a escravidão dos nativos e foram um dos primeiros grupos a tomarem iniciativas de construção de escolas em território brasileiro.<ref name=":0" />


== História ==
== História ==

=== Império do Brasil ===
=== Império do Brasil ===
Após a [[Independência do Brasil|secessão]] brasileira do [[Reino de Portugal]] em [[1822]] surgem rapidamente no Brasil facções político-ideológicas distintas e em meados de [[1836]] foi criado o [[Partido Conservador (Brasil)|Partido Conservador]] brasileiro, que seria o maior expoente do conservadorismo brasileiro.<ref name=":1">{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/colunistas/bruno-garschagen/historia-e-tradicao-do-conservadorismo-brasileiro-8qlhl00pnfgvr3cb27qln44gp|titulo=História e Tradição do Conservadorismo Brasileiro|data=25/07/2016|data=15/02/2017|publicado=Gazeta do Povo|ultimo=Garschagen|primeiro=Bruno}}</ref> Os membros do partido passaram a receber a alcunha de [[Partido Conservador (Brasil)|saquaremas]], por seu costume de se reunirem no município de [[Saquarema]].<ref name=":1" /> Embora o Brasil já fosse uma nação independente, as raízes católicas e portuguesas ainda se manifestavam na esfera política,<ref name=":2">{{citar livro|titulo=Os Construtores do Império – Ideais e lutas do Partido Conservador Brasileiro|ultimo=Torres|primeiro=João Camilo de Oliveira|editora=Companhia Editorial Nacional|ano=1968|local=São Paulo|paginas=13 - 34|acessodata=}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo=Lynch|primeiro=Christian Edward Cyril|titulo=O discurso político monarquiano e a recepção do conceito de poder moderador no Brasil|jornal=|volume=48|paginas=611-654|editora=Revista de Ciências Sociais|doi=|url=http://www.scielo.br/pdf/dados/v48n3/a06v48n3.pdf|acessadoem=15/01/2017}}</ref> e mesmo quando ideias estrangeiras eram importadas para a política brasileira, os conservadores brasileiros as adequavam à tradição portuguesa.<ref name=":1" /><ref name=":2" />


Após a [[Independência do Brasil|secessão]] brasileira do [[Reino de Portugal]] em [[1822]] surgem rapidamente no Brasil facções político-ideológicas distintas e em meados de [[1836]] foi criado o [[Partido Conservador (Brasil)|Partido Conservador]] brasileiro, que seria o maior expoente do conservadorismo brasileiro.<ref name=":1">{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/colunistas/bruno-garschagen/historia-e-tradicao-do-conservadorismo-brasileiro-8qlhl00pnfgvr3cb27qln44gp|titulo=História e Tradição do Conservadorismo Brasileiro|data=25/07/2016|data=15/02/2017|publicado=Gazeta do Povo|ultimo=Garschagen|primeiro=Bruno}}</ref> Os membros do partido passaram a receber a alcunha de [[Partido Conservador (Brasil)|saquaremas]], por seu costume de se reunirem no município de [[Saquarema]].<ref name=":1" /> Embora o Brasil já fosse uma nação independente, as raízes católicas e portuguesas ainda se manifestavam na esfera política,<ref name=":2">{{citar livro|titulo=Os Construtores do Império – Ideais e lutas do Partido Conservador Brasileiro|ultimo=Torres|primeiro=João Camilo de Oliveira|editora=Companhia Editorial Nacional|ano=1968|local=São Paulo|paginas=13 - 34|acessodata=}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo=Lynch|primeiro=Christian Edward Cyril|titulo=O discurso político monarquiano e a recepção do conceito de poder moderador no Brasil|jornal=|volume=48|paginas=611-654|editora=Revista de Ciências Sociais|doi=|url=http://www.scielo.br/pdf/dados/v48n3/a06v48n3.pdf|acessadoem=15/01/2017}}</ref> e mesmo quando ideias estrangeiras eram importadas para a [[Política do Brasil|política brasileira]], os conservadores brasileiros as adequavam à tradição portuguesa.<ref name=":1" /><ref name=":2" />
Sob a regência do [[Marquês de Olinda]] o exército foi avigorado para garantir a integridade do estado brasileiro contra as recorrentes rebeliões regionais,<ref name=":Dicionário">{{citar livro|titulo=Dicionário do Brasil Imperial|ultimo=Vainfas|primeiro= Ronaldo|ano=2002|editora= Objetiva|acessodata=}}</ref> após um período de descaso por parte da administração do Partido Liberal. Os conservadores ocuparam o Conselho de Ministros pelos próximos 23 anos por figuras como [[Marquês do Paraná]] e o então [[Marquês de Caxias]], período em que o Brasil debelou a [[Revolta Praieira]] e conteve o expansionismo do caudilho argentino [[Juan Manuel de Rosas]] durante a [[Guerra do Prata]].<ref name=":Prata">{{citar livro|titulo=Guerra com as Províncias Unidas do Rio da Prata|ultimo=Lima e Silva|primeiro= Luiz Manoel de|ano=1956|editora= Biblioteca do Exército|acessodata=}}</ref>

Sob a regência do [[Marquês de Olinda]] o exército foi avigorado para garantir a integridade do estado brasileiro contra as [[Lutas e revoluções no Brasil|recorrentes rebeliões regionais]],<ref name=":Dicionário">{{citar livro|titulo=Dicionário do Brasil Imperial|ultimo=Vainfas|primeiro= Ronaldo|ano=2002|editora= Objetiva|acessodata=}}</ref> após um período de descaso por parte da administração do Partido Liberal. Os conservadores ocuparam o Conselho de Ministros pelos próximos 23 anos por figuras como [[Marquês do Paraná]] e o então [[Marquês de Caxias]], período em que o Brasil debelou a [[Revolta Praieira]] e conteve o expansionismo do [[caudilho]] argentino [[Juan Manuel de Rosas]] durante a [[Guerra do Prata]].<ref name=":Prata">{{citar livro|titulo=Guerra com as Províncias Unidas do Rio da Prata|ultimo=Lima e Silva|primeiro= Luiz Manoel de|ano=1956|editora= Biblioteca do Exército|acessodata=}}</ref>


Após a administração liberal do septênio [[1861]] - [[1868]] os conservadores retornaram ao governo por um decênio, o qual se iniciou ao final da [[Guerra do Paraguai]]. A [[Questão Religiosa]] ocorreu no ano de [[1870]] e foi solucionada pela ascensão do então [[Duque de Caxias]] à presidência do Conselho de Ministros cinco anos depois; o primeiro censo brasileiro foi [[Censo demográfico do Brasil de 1872|realizado]] em [[1872]] e revelava uma população crescente de 10 milhões de brasileiros.<ref>{{Citar web|título = Censo de 1872 é disponibilizado ao público|URL = http://www.brasil.gov.br/governo/2013/01/censo-de-1872-e-disponibilizado-ao-publico|obra = Portal Brasil|acessadoem = 2015-12-11|língua = pt-BR|primeiro = Portal|último = Brasil}}</ref> O Brasil estava entrando em uma época dourada marcada pelo desenvolvimento econômico-industrial e estabilidade política e o Império chegara a seu apogeu.<ref name=":Lira">{{citar livro|titulo=História de Dom Pedro II (1825–1891): Fastígio (1870–1880)|ultimo=Lira|primeiro=Heitor|ano=1977|editora=Itatiaia|local=Belo Horizonte|acessodata=}}</ref>
Após a administração liberal do septênio [[1861]] - [[1868]] os conservadores retornaram ao governo por um decênio, o qual se iniciou ao final da [[Guerra do Paraguai]]. A [[Questão Religiosa]] ocorreu no ano de [[1870]] e foi solucionada pela ascensão do então [[Duque de Caxias]] à presidência do Conselho de Ministros cinco anos depois; o primeiro censo brasileiro foi [[Censo demográfico do Brasil de 1872|realizado]] em [[1872]] e revelava uma população crescente de 10 milhões de [[brasileiros]].<ref>{{Citar web|título = Censo de 1872 é disponibilizado ao público|URL = http://www.brasil.gov.br/governo/2013/01/censo-de-1872-e-disponibilizado-ao-publico|obra = Portal Brasil|acessadoem = 2015-12-11|língua = pt-BR|primeiro = Portal|último = Brasil}}</ref> O Brasil estava entrando em uma época dourada marcada pelo desenvolvimento econômico-industrial e estabilidade política e o Império chegara a seu apogeu.<ref name=":Lira">{{citar livro|titulo=História de Dom Pedro II (1825–1891): Fastígio (1870–1880)|ultimo=Lira|primeiro=Heitor|ano=1977|editora=Itatiaia|local=Belo Horizonte|acessodata=}}</ref>


O [[Barão de Cotegipe]] passa a ocupar a presidência do Conselho de Ministros em agosto de 1885, após outro septênio liberal, determinado a frear o iminente processo de abolição da escravatura que se acelerara na década de 1870. Seu gabinete é dispensado em 1888 pela então regente [[Isabel do Brasil|Isabel]] na ocasião da [[Questão Militar]] e substituído por outro gabinete também conservador encabeçado por [[João Alfredo Correia de Oliveira]], favorável à abolição imediata, que é realizada no mesmo ano.<ref name=":Barman">{{citar livro|titulo= Princess Isabel of Brazil: Gender and Power in the Nineteenth Century|ultimo=Barman|primeiro=Roderick|ano=2002|editora=Scholarly Resources|local=Wilmington|isbn=978-0-8420-2846-2|acessodata=}}</ref>
O [[Barão de Cotegipe]] passa a ocupar a presidência do Conselho de Ministros em agosto de 1885, após outro septênio liberal, determinado a frear o iminente processo de abolição da escravatura que se acelerara na [[década de 1870]]. Seu gabinete é dispensado em 1888 pela então regente [[Isabel do Brasil|Isabel]] na ocasião da [[Questão Militar]] e substituído por outro gabinete também conservador encabeçado por [[João Alfredo Correia de Oliveira]], favorável à abolição imediata, que é realizada no mesmo ano.<ref name=":Barman">{{citar livro|titulo= Princess Isabel of Brazil: Gender and Power in the Nineteenth Century|ultimo=Barman|primeiro=Roderick|ano=2002|editora=Scholarly Resources|local=Wilmington|isbn=978-0-8420-2846-2|acessodata=}}</ref>


Durante a gestão conservadora inúmeros avanços sociais foram efetivados, sendo o processo do [[Abolicionismo no Brasil|abolicionismo]] o mais relevante e de maior legado. [[José Maria da Silva Paranhos|Visconde do Rio Branco]], conservador, em [[1871]] promulga a [[Lei do Ventre Livre]]; em 1887 a [[Lei dos Sexagenários]] por [[Ruy Barbosa|Rui Barbosa]] e por fim a [[Lei Áurea]] pelo primeiro-ministro João Alfredo junto à figura da Princesa Isabel.<ref>{{citar periódico|ultimo=Gomes|primeiro=Júlio de Souza|ultimo2=Zamarian|primeiro2=Lívia Pitelli|data=2012|titulo=As Constituições do Brasil - Análise histórica das constituições e de temas relevantes ao constitucionalismo pátrio|jornal=|doi=|url=http://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/40546961/LIVRO_COM_CORRECOES.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAJ56TQJRTWSMTNPEA&Expires=1484512850&Signature=euCyw%2FWFkMEyTrVpFZmQoKKrNWw%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DAS_CONSTITUICOES_DO_BRASIL_analise_histo.pdf#page=36|acessadoem=15/10/2016}}</ref> <ref name=":2" /><ref>{{citar livro|titulo=Democracia Coroada - Teoria Política do Império do Brasil|ultimo=Torres|primeiro=João Camilo de Oliveira|editora=Vozes Limitada|ano=1964|local=Petrópolis|paginas=211 - 220|acessodata=}}</ref> Assim como os [[Tory|conservadores anglo-saxônicos]], os saquaremas mantinham sua visão alinhada com a de [[Edmund Burke]], advogando que toda reforma institucional deveria ser estudada perante a realidade atual do país e não imposta abruptamente.<ref>{{citar livro|titulo=Saquaremas e luzias: a sociologia do desgosto com o Brasil|ultimo=Lynch|primeiro=Christian Edward Cyril|editora=Insight Inteligência|ano=2011|local=Rio de Janeiro|paginas=21-37|acessodata=15/01/2016}}</ref> Esse pensamento permitia aos saquaremas uma política prudente e autêntica, tornando-os agentes de mudança sociais importante para o país.<ref name=":3">{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/colunistas/bruno-garschagen/historia-e-tradicao-do-conservadorismo-brasileiro-2-6ts5zpllck9w1jcd8t2a3lurz|titulo=História e tradição do Conservadorismo brasileiro (2)|data=01/08/2016|acessodata=12/02/2017|publicado=Gazeta deo Povo|ultimo=Garschagen|primeiro=Bruno}}</ref>
Durante a gestão conservadora inúmeros avanços sociais foram efetivados, sendo o processo do [[Abolicionismo no Brasil|abolicionismo]] o mais relevante e de maior legado. [[José Maria da Silva Paranhos|Visconde do Rio Branco]], conservador, em [[1871]] promulga a [[Lei do Ventre Livre]]; em 1887 a [[Lei dos Sexagenários]] por [[Ruy Barbosa|Rui Barbosa]] e por fim a [[Lei Áurea]] pelo primeiro-ministro João Alfredo junto à figura da Princesa Isabel.<ref>{{citar periódico|ultimo=Gomes|primeiro=Júlio de Souza|ultimo2=Zamarian|primeiro2=Lívia Pitelli|data=2012|titulo=As Constituições do Brasil - Análise histórica das constituições e de temas relevantes ao constitucionalismo pátrio|jornal=|doi=|url=http://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/40546961/LIVRO_COM_CORRECOES.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAJ56TQJRTWSMTNPEA&Expires=1484512850&Signature=euCyw%2FWFkMEyTrVpFZmQoKKrNWw%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DAS_CONSTITUICOES_DO_BRASIL_analise_histo.pdf#page=36|acessadoem=15/10/2016}}</ref> <ref name=":2" /><ref>{{citar livro|titulo=Democracia Coroada - Teoria Política do Império do Brasil|ultimo=Torres|primeiro=João Camilo de Oliveira|editora=Vozes Limitada|ano=1964|local=Petrópolis|paginas=211 - 220|acessodata=}}</ref> Assim como os [[Tory|conservadores anglo-saxônicos]], os saquaremas mantinham sua visão alinhada com a de [[Edmund Burke]], advogando que toda reforma institucional deveria ser estudada perante a realidade atual do país e não imposta abruptamente.<ref>{{citar livro|titulo=Saquaremas e luzias: a sociologia do desgosto com o Brasil|ultimo=Lynch|primeiro=Christian Edward Cyril|editora=Insight Inteligência|ano=2011|local=Rio de Janeiro|paginas=21-37|acessodata=15/01/2016}}</ref> Esse pensamento permitia aos saquaremas uma política prudente e autêntica, tornando-os agentes de mudanças sociais importantes para o país.<ref name=":3">{{citar web|url=http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/colunistas/bruno-garschagen/historia-e-tradicao-do-conservadorismo-brasileiro-2-6ts5zpllck9w1jcd8t2a3lurz|titulo=História e tradição do Conservadorismo brasileiro (2)|data=01/08/2016|acessodata=12/02/2017|publicado=Gazeta deo Povo|ultimo=Garschagen|primeiro=Bruno}}</ref>


Sumariamente o [[Partido Conservador (Brasil)|Partido Conservador]] pode ser sintetizado como um partido cujo entendimento consistia na sociedade estar sujeita a mudanças, mas que estas deveriam ser justificadas e válidas para o bem comum e não hostis às tradições e ao engajamento da sociedade com seu passado.<ref name=":3" />
Sumariamente o [[Partido Conservador (Brasil)|Partido Conservador]] pode ser sintetizado como um partido cujo entendimento consistia na sociedade estar sujeita a mudanças, mas que estas deveriam ser justificadas e válidas para o bem comum e não hostis às tradições e ao engajamento da sociedade com seu passado.<ref name=":3" />


===Primeira República===
===Primeira República===
[[Imagem:Eduardoprado.jpg|thumb|Eduardo Prado foi aguerrido inimigo da nova república]]


[[Imagem:Eduardoprado.jpg|thumb|[[Eduardo Prado]] foi aguerrido inimigo da nova república]]
Após o [[Proclamação da República (Brasil)|golpe de Estado]] de 15 de Novembro de [[1889]] que modificou o regime político à república federativa o projeto imperial, inerentemente conservador, estava liquidado e o [[Pedro II|imperador]] e sua família foram exilados à força. As origens ideológicas do novo regime eram diversas e hostis, em diferentes graus, ao conservadorismo. Os militares convencionais acreditavam terem os sucessivos gabinetes civis menosprezado sua corporação destituindo seus integrantes de direitos que dispunham os homens livres do Império; outra pequena parcela de alunos da [[Escola Militar da Praia Vermelha]] tinha germinado sentimentos revolucionários alimentados por diversas ideologias cientificistas da [[Europa]] mas em especial o [[positivismo]] e havia um grupo de paulistas crescentemente influentes, muitos deles cafeicultores e bacharéis, que advogavam uma república federalista e liberal baseada na [[Estados Unidos da América|União Norte-americana]].<ref name=":Almas">{{citar livro|titulo= A Formação das Almas|ultimo=Carvalho|primeiro=José Murilo de|ano=1990|editora=Companhia das Letras|local=São Paulo|isbn=978-85-7164-128-0|acessodata=}}</ref><ref name=":Proclamação">{{citar livro|titulo=A Proclamação da República|ultimo=Castro|primeiro=Celso|ano=2000|editora=Zahar|local=Rio de Janeiro|isbn=85-7110-534-0|acessodata=}}</ref>

Após o [[Proclamação da República (Brasil)|golpe de Estado]] de 15 de Novembro de [[1889]] que modificou o regime político à república federativa o projeto imperial, inerentemente conservador, estava liquidado e o [[Pedro II|imperador]] e [[Família imperial brasileira|sua família]] foram exilados à força. As origens ideológicas do novo regime eram diversas e hostis, em diferentes graus, ao conservadorismo. Os militares convencionais acreditavam terem os sucessivos gabinetes civis menosprezado sua corporação destituindo seus integrantes de direitos que dispunham os homens livres do Império; outra pequena parcela de alunos da [[Escola Militar da Praia Vermelha]] tinha germinado sentimentos revolucionários alimentados por diversas ideologias [[Cientificismo|cientificistas]] da [[Europa]] mas em especial o [[positivismo]] e havia um grupo de paulistas crescentemente influentes, muitos deles [[cafeicultor]]es e bacharéis, que advogavam uma república federalista e liberal baseada na [[Estados Unidos da América|União Norte-americana]].<ref name=":Almas">{{citar livro|titulo= A Formação das Almas|ultimo=Carvalho|primeiro=José Murilo de|ano=1990|editora=Companhia das Letras|local=São Paulo|isbn=978-85-7164-128-0|acessodata=}}</ref><ref name=":Proclamação">{{citar livro|titulo=A Proclamação da República|ultimo=Castro|primeiro=Celso|ano=2000|editora=Zahar|local=Rio de Janeiro|isbn=85-7110-534-0|acessodata=}}</ref>


Os partidos Liberal e Conservador foram declarados extintos três dias após a proclamação da República.<ref name=":Rodrigues">{{citar livro|titulo=Rodrigues Alves|ultimo=Silva|primeiro=Hélio|ano=1983|editora=Três|local=São Paulo|acessodata=}}</ref> Houve em seguida tentativas de formar partidos e organizações monarquistas como o ''Diretório Monárquico'', respondendo diretamente ao ex-imperador e princesa Isabel.<ref name=":monarquia">{{citar web|url=https://sites.google.com/site/monarquiasempre/historia-do-brasil/movimentos-monarquistas-surgidos-apos-o-golpe-republicano-de-1889|titulo=Movimentos monarquistas surgidos após o golpe republicano de 1889|data=|acessodata=13/02/2017|publicado=Monarquia Sempre|ultimo=|primeiro=}}</ref> Políticos de convicção monarquista tornaram-se órfãos, abandonando a política, ou deram continuidade à sua carreira no novo regime, reunindo-se com seus semelhantes em entidades como o Partido Católico.<ref name=":Rodrigues">{{citar livro|titulo=Rodrigues Alves|ultimo=Silva|primeiro=Hélio|ano=1983|editora=Três|local=São Paulo|acessodata=}}</ref> A massa dos políticos, entretanto, aderiu à república de modo indiferente. Diz [[Paulino de Souza]], influente político conservador da província do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]].
Os partidos Liberal e Conservador foram declarados extintos três dias após a proclamação da República.<ref name=":Rodrigues">{{citar livro|titulo=Rodrigues Alves|ultimo=Silva|primeiro=Hélio|ano=1983|editora=Três|local=São Paulo|acessodata=}}</ref> Houve em seguida tentativas de formar partidos e organizações monarquistas como o ''Diretório Monárquico'', respondendo diretamente ao ex-imperador e princesa Isabel.<ref name=":monarquia">{{citar web|url=https://sites.google.com/site/monarquiasempre/historia-do-brasil/movimentos-monarquistas-surgidos-apos-o-golpe-republicano-de-1889|titulo=Movimentos monarquistas surgidos após o golpe republicano de 1889|data=|acessodata=13/02/2017|publicado=Monarquia Sempre|ultimo=|primeiro=}}</ref> Políticos de convicção monarquista tornaram-se órfãos, abandonando a política, ou deram continuidade à sua carreira no novo regime, reunindo-se com seus semelhantes em entidades como o Partido Católico.<ref name=":Rodrigues">{{citar livro|titulo=Rodrigues Alves|ultimo=Silva|primeiro=Hélio|ano=1983|editora=Três|local=São Paulo|acessodata=}}</ref> A massa dos políticos, entretanto, aderiu à república de modo indiferente. Diz [[Paulino de Souza]], influente político conservador da província do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]].
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Na pequena monta de monarquistas que rejeitaram a república, encontravam-se nomes como [[Silveira Martins]], [[Carlos Afonso de Assis Figueiredo|Carlos Afonso]], [[Ferreira Viana]], [[Domingos de Andrade Figueira|Andrade Figueira]], o ex-presidente do Conselho de Ministros [[Visconde de Ouro Preto]] e [[Carlos de Laet]]. Alguns desses seriam presos pelo governo provisório.<ref name=":Deodoro"></ref>
Na pequena monta de monarquistas que rejeitaram a república, encontravam-se nomes como [[Silveira Martins]], [[Carlos Afonso de Assis Figueiredo|Carlos Afonso]], [[Ferreira Viana]], [[Domingos de Andrade Figueira|Andrade Figueira]], o ex-presidente do Conselho de Ministros [[Visconde de Ouro Preto]] e [[Carlos de Laet]]. Alguns desses seriam presos pelo governo provisório.<ref name=":Deodoro"></ref>


A ditadura de [[Deodoro da Fonseca]] e [[Floriano Peixoto]] censurou os escassos protestos monarquistas e reprimiu elementos dissidentes simpáticos ao antigo regime. A [[Segunda Revolta da Armada]] contou com numerosos monarquistas integrantes da antiga [[Armada Imperial Brasileira|Armada]], dentre eles o contra-almirante [[Saldanha da Gama]], que também tentou sem êxito aderir à [[Revolução Federalista]] no sul do Brasil cujo caráter, entretanto, era republicano e liberal. O quase nonagenário [[Marquês de Tamandaré]] foi preso acusado de financiar supostos monarquistas na mesma revolução.<ref name=":Lourdes">{{citar livro|titulo=Os Subversivos da República|ultimo=Corrêa|primeiro=Maria de Lourdes Mônaco|ano=1986|editora=Brasiliense|local=São Paulo|acessodata=}}</ref><ref name=":Sul">{{citar livro|titulo=Militares e Civis num Governo sem Rumo|ultimo=Corrêa|primeiro=Carlos Humberto|ano=1990|editora=UFSC/Lonardelli|local=Florianópolis|acessodata=}}</ref>
A [[ditadura]] de [[Deodoro da Fonseca]] e [[Floriano Peixoto]] censurou os escassos protestos monarquistas e reprimiu elementos dissidentes simpáticos ao antigo regime. A [[Segunda Revolta da Armada]] contou com numerosos monarquistas integrantes da antiga [[Armada Imperial Brasileira|Armada]], dentre eles o contra-almirante [[Saldanha da Gama]], que também tentou sem êxito aderir à [[Revolução Federalista]] no sul do Brasil cujo caráter, entretanto, era republicano e liberal. O quase nonagenário [[Marquês de Tamandaré]] foi preso acusado de financiar supostos monarquistas na mesma revolução.<ref name=":Lourdes">{{citar livro|titulo=Os Subversivos da República|ultimo=Corrêa|primeiro=Maria de Lourdes Mônaco|ano=1986|editora=Brasiliense|local=São Paulo|acessodata=}}</ref><ref name=":Sul">{{citar livro|titulo=Militares e Civis num Governo sem Rumo|ultimo=Corrêa|primeiro=Carlos Humberto|ano=1990|editora=UFSC/Lonardelli|local=Florianópolis|acessodata=}}</ref>


Ainda no [[século XIX]] a única revolta de tendência monarquista, mesmo manifestada por um sentimento popular, foi a [[Guerra de Canudos]]. O místico [[Antônio Conselheiro]] horrorizava a nova república; considerava-a "obra do [[Anticristo]]" e questionava seus dispositivos de separação da Igreja com o Estado. Sua colônia no interior do [[Sertão]] resistira a incursões de jagunços e policiais locais, atraindo a atenção do governo federal, que prontamente tratou de liquidar a comunidade com duas expedições militares que resultaram no massacre de 20 mil camponeses e 5 mil militares, incluindo Antônio Conselheiro.<ref name=":Canudos">{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100006|titulo=Canudos como cidade iletrada: Euclides da Cunha na urbs monstruosa|data=01/08/2016|acessodata=12/02/2017|publicado=Revista de Antropologia|ultimo=Ventura|primeiro=Roberto}}</ref>
Ainda no [[século XIX]] a única revolta de tendência monarquista, mesmo manifestada por um sentimento popular, foi a [[Guerra de Canudos]]. O místico [[Antônio Conselheiro]] horrorizava a nova república; considerava-a "obra do [[Anticristo]]" e questionava seus dispositivos de [[Separação Igreja-Estado|separação da Igreja com o Estado]]. Sua colônia no interior do [[Sertão]] resistira a incursões de jagunços e policiais locais, atraindo a atenção do governo federal, que prontamente tratou de liquidar a comunidade com duas expedições militares que resultaram no massacre de 20 mil camponeses e 5 mil militares, incluindo Antônio Conselheiro.<ref name=":Canudos">{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100006|titulo=Canudos como cidade iletrada: Euclides da Cunha na urbs monstruosa|data=01/08/2016|acessodata=12/02/2017|publicado=Revista de Antropologia|ultimo=Ventura|primeiro=Roberto}}</ref>


A chegada do paulista [[Prudente de Morais]] à presidência da República em 1894 representou o fim do projeto militar e o inicio de uma república de caráter liberal, federalista e inspirada nos Estados Unidos da América,<ref name=":Almas">{{citar livro|titulo= A Formação das Almas|ultimo=Carvalho|primeiro=José Murilo de|ano=1990|editora=Companhia das Letras|local=São Paulo|isbn=978-85-7164-128-0|acessodata=}}</ref> cujo poder executivo federal seria ocupado pelas elites cafeicultoras e bacharéis do estado de [[São Paulo]] em coalização com as forças políticas do estado de [[Minas Gerais]] em um [[política do café com leite|esquema]] que Eduardo Kugelmas chamou de "difícil hegemonia".<ref name=":spaulo">{{citar web|url=http://pos.fflch.usp.br/node/41396|titulo=Difícil hegemonia: um estudo sobre São Paulo na Primeira República|data=01/08/2016|acessodata=12/02/2017|publicado=FFLCH|ultimo=Kugelmas|primeiro=Eduardo}}</ref>
A chegada do paulista [[Prudente de Morais]] à presidência da República em 1894 representou o fim do projeto militar e o inicio de uma república de caráter liberal, federalista e inspirada nos Estados Unidos da América,<ref name=":Almas">{{citar livro|titulo= A Formação das Almas|ultimo=Carvalho|primeiro=José Murilo de|ano=1990|editora=Companhia das Letras|local=São Paulo|isbn=978-85-7164-128-0|acessodata=}}</ref> cujo poder executivo federal seria ocupado pelas elites cafeicultoras e bacharéis do estado de [[São Paulo]] em coalização com as forças políticas do estado de [[Minas Gerais]] em um [[política do café com leite|esquema]] que Eduardo Kugelmas chamou de "difícil hegemonia".<ref name=":spaulo">{{citar web|url=http://pos.fflch.usp.br/node/41396|titulo=Difícil hegemonia: um estudo sobre São Paulo na Primeira República|data=01/08/2016|acessodata=12/02/2017|publicado=FFLCH|ultimo=Kugelmas|primeiro=Eduardo}}</ref>
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A superposição de instituições modernas à estrutura social brasileira do século XIX, arcaica e rural, deu origem a um regime desfuncional no qual o governo federal viu-se forçado a comprometer-se com as oligarquias regionais das províncias da federação e os grandes latifundiários (''coronéis'') que ordenavam a vida política em seus currais eleitorais.<ref name=silva>{{citar livro|autor=SILVA, Francisco de Assis. BASTOS, Pedro Ivo de Assis |título=História do Brasil: Colônia, Império e República 2ª|editora=Moderna |ano=1988 |id=}}</ref> A "''[[política dos Estados]]''" concebida por [[Campos Salles]] foi consequência do choque entre a ideologia da república liberal e a realidade social brasileira, onde a figura do coronel assumiu o papel de intermediário entre as elites federais e o povo.<ref name=":Federal">{{citar web|url=http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=60c4a88bac6125d4|titulo=Federalismo brasileiros na conjuntura política de 1870 a 1891||acessodata=14/02/2017||ultimo=Santos|primeiro=Ronaldo Alencar dos}}</ref>
A superposição de instituições modernas à estrutura social brasileira do século XIX, arcaica e rural, deu origem a um regime desfuncional no qual o governo federal viu-se forçado a comprometer-se com as oligarquias regionais das províncias da federação e os grandes latifundiários (''coronéis'') que ordenavam a vida política em seus currais eleitorais.<ref name=silva>{{citar livro|autor=SILVA, Francisco de Assis. BASTOS, Pedro Ivo de Assis |título=História do Brasil: Colônia, Império e República 2ª|editora=Moderna |ano=1988 |id=}}</ref> A "''[[política dos Estados]]''" concebida por [[Campos Salles]] foi consequência do choque entre a ideologia da república liberal e a realidade social brasileira, onde a figura do coronel assumiu o papel de intermediário entre as elites federais e o povo.<ref name=":Federal">{{citar web|url=http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=60c4a88bac6125d4|titulo=Federalismo brasileiros na conjuntura política de 1870 a 1891||acessodata=14/02/2017||ultimo=Santos|primeiro=Ronaldo Alencar dos}}</ref>


A monarquia detinha certo controle sobre a influência dos coronéis e das elites provincianas, em parte por meio das atribuições do [[Poder Moderador]] investido ao imperador. A ausência deste controle nas províncias e localidades resultante da república foi procedida pela sedimentação das forças políticas predominantes da Primeira República.<ref name=":Federal"></ref> Monarquistas, incluindo aqueles de convicção liberal, tomaram lugar no rol de críticos da estrutura do novo regime. Diz o [[Visconde de Sinimbu]]:
A monarquia detinha certo controle sobre a influência dos coronéis e das elites provincianas, em parte por meio das atribuições do [[Poder Moderador]] investido ao imperador. A ausência deste controle nas províncias e localidades resultante da república foi procedida pela sedimentação das forças políticas predominantes da [[República da Espada|Primeira República]].<ref name=":Federal"></ref> Monarquistas, incluindo aqueles de convicção liberal, tomaram lugar no rol de críticos da estrutura do novo regime. Diz o [[Visconde de Sinimbu]]:


{{Quote|Defender com sacrifício da própria vida, se preciso for, a integridade do território nacional. O desmembramento do Brasil, que a monarquia soube manter unido, seria a fraqueza, a anarquia, e por fim a intervenção estrangeira, talvez até a conquista. [...] Ser-me-ia inegável consolação deixar avida com a certeza de que nenhuma parcela do território sagrado da pátria se desligará<ref name=":Deodoro">{{citar livro|titulo=Deodoro - A Espada contra o Império vol. II|ultimo=Júnior|primeiro=Raimundo Magalhães|ano=1957|editora=Nacional|local=São Paulo|acessodata=}}</ref>}}
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O jovem conservador [[Eduardo Prado]] foi um dos mais ativos inimigos da nova república. Para ele, a mudança de regime havia degradado o Brasil à mesma condição que seus vizinhos [[América Hispânica|hispano-americanos]]. Prado denunciou extensivamente a repressão presente nos primeiros anos da república, cujo quadro de vítimas incluiu políticos, jornalistas, monarquistas, democratas e dissidentes em geral. Muitos foram ''desterrados'', o que equivalia a ser deportado para regiões longínquas como a [[Amazônia]] ou o arquipélago de [[Fernando de Noronha]]. Também abordou a convicção americanista dos republicanos liberais, evidenciada pela primeira bandeira nacional proposta e o nome de ''Estados Unidos do Brasil'', em seu livro ''A Ilusão Americana'', no qual denuncia as agressões à [[América Latina]] por parte dos [[Estados Unidos]], nação pela qual tinha desdém.<ref name=":Prado">{{citar web|url=http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=60c4a88bac6125d4|titulo=O conservadorismo do jovem Eduardo Prado: umexercício de história intelectual (1878-1879)||acessodata=14/02/2017||ultimo=Oliveira|primeiro=Rodrigo Perez}}</ref><ref name=":Prado2">{{citar web|url=https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/143972/000994590.pdf?sequence=1|titulo=Os fastos da ditadura militar, de Eduardo Prado - o brasil de um exilado|acessodata=14/02/2017||ultimo=Zilberman|primeiro=Regina}}</ref>
O jovem conservador [[Eduardo Prado]] foi um dos mais ativos inimigos da nova república. Para ele, a mudança de regime havia degradado o Brasil à mesma condição que seus vizinhos [[América Hispânica|hispano-americanos]]. Prado denunciou extensivamente a repressão presente nos primeiros anos da república, cujo quadro de vítimas incluiu políticos, jornalistas, monarquistas, democratas e dissidentes em geral. Muitos foram ''desterrados'', o que equivalia a ser deportado para regiões longínquas como a [[Amazônia]] ou o arquipélago de [[Fernando de Noronha]]. Também abordou a convicção americanista dos republicanos liberais, evidenciada pela primeira bandeira nacional proposta e o nome de ''Estados Unidos do Brasil'', em seu livro ''A Ilusão Americana'', no qual denuncia as agressões à [[América Latina]] por parte dos [[Estados Unidos]], nação pela qual tinha desdém.<ref name=":Prado">{{citar web|url=http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=60c4a88bac6125d4|titulo=O conservadorismo do jovem Eduardo Prado: umexercício de história intelectual (1878-1879)||acessodata=14/02/2017||ultimo=Oliveira|primeiro=Rodrigo Perez}}</ref><ref name=":Prado2">{{citar web|url=https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/143972/000994590.pdf?sequence=1|titulo=Os fastos da ditadura militar, de Eduardo Prado - o brasil de um exilado|acessodata=14/02/2017||ultimo=Zilberman|primeiro=Regina}}</ref>


A única rebelião organizada que adotou o monarquismo como bandeira oficial foi a Revolta de Ribeirãozinho, ocorrida em agosto de [[1902]].<ref name=":1902">{{citar web|url=http://livrozilla.com/doc/578603/a-intentona-monarquista-de-1902|titulo=A Intentona Monarquista de 1902|acessodata=21/02/2017||ultimo=Bogaciovas|primeiro=Marcelo Meira Amaral}}</ref> Insatisfeitos em relação à nova república, intelectuais e coronéis paulistas da cidade de Ribeirãozinho (atual [[Taquaritinga]]) conceberam um levante armado que tinha por objetivo a deposição de Campos Salles e o restabelecimento do antigo regime. No dia 23, tomaram de assalto a delegacia local, dando inicio à intentona. O movimento não tomou impulso e fracassou, sendo sufocado pelo governo. O único foco do levante além de Ribeirãozinho foi na cidade de [[Espírito Santo do Pinhal]].<ref name=":1902"></ref> Um manifesto partidário do movimento escrito por Edgar Carone expõe suas justificativas:
A única rebelião organizada que adotou o monarquismo como bandeira oficial foi a [[Revolta de Ribeirãozinho]], ocorrida em agosto de [[1902]].<ref name=":1902">{{citar web|url=http://livrozilla.com/doc/578603/a-intentona-monarquista-de-1902|titulo=A Intentona Monarquista de 1902|acessodata=21/02/2017||ultimo=Bogaciovas|primeiro=Marcelo Meira Amaral}}</ref> Insatisfeitos em relação à nova república, intelectuais e coronéis paulistas da cidade de Ribeirãozinho (atual [[Taquaritinga]]) conceberam um levante armado que tinha por objetivo a deposição de [[Campos Sales]] e o restabelecimento do antigo regime. No dia 23, tomaram de assalto a delegacia local, dando inicio à intentona. O movimento não tomou impulso e fracassou, sendo sufocado pelo governo. O único foco do levante além de Ribeirãozinho foi na cidade de [[Espírito Santo do Pinhal]].<ref name=":1902"></ref> Um manifesto partidário do movimento escrito por [[Edgard Carone]] expõe suas justificativas:


{{Quote|A terra gloriosa de nossos avós, a nossa amada Pátria, outrora invejada pelo estrangeiro como uma das mais felizes do mundo, está transformada em lodaçal, pau pestilento, onde só podem viver as oligarquias, cevadas no tesouro, tripudiando sobre a honra nacional.
{{Quote|A terra gloriosa de nossos avós, a nossa amada Pátria, outrora invejada pelo estrangeiro como uma das mais felizes do mundo, está transformada em lodaçal, pau pestilento, onde só podem viver as oligarquias, cevadas no tesouro, tripudiando sobre a honra nacional.
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== Conservadores brasileiros ==
== Conservadores brasileiros ==

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|[[José Bonifácio de Andrada e Silva]]
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|[[João Alfredo Correia de Oliveira]]
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|[[Reinaldo Azevedo]]
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|[[Ricardo da Costa]]
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|[[Rodrigo Constantino]]
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== Ver também ==
* [[Conservadorismo liberal]]
* [[Conservadorismo libertário]]
* [[Conservadorismo social]]
* [[Coxinha (alcunha)]]

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Revisão das 03h35min de 11 de março de 2017

O conservadorismo brasileiro se origina da tradição cultural e histórica do Brasil, cujas raízes culturais são luso ibéricas.[1] A colonização portuguesa teve forte influência na formação do imaginário brasileiro. O catolicismo; as políticas públicas; arquitetura; literatura e outros aspectos culturais se fazem presentes no cenário cultural contemporâneo do Brasil.[2] Um das expressões mais antigas do conservadorismo brasileiro foi a Companhia de Jesus que inicia o processo de catequização indígena, introduzindo os povos ameríndios ao processo de integração ocidental.[3] Os jesuítas também posicionaram-se contra a escravidão dos nativos e foram um dos primeiros grupos a tomarem iniciativas de construção de escolas em território brasileiro.[3]

História

Império do Brasil

Após a secessão brasileira do Reino de Portugal em 1822 surgem rapidamente no Brasil facções político-ideológicas distintas e em meados de 1836 foi criado o Partido Conservador brasileiro, que seria o maior expoente do conservadorismo brasileiro.[4] Os membros do partido passaram a receber a alcunha de saquaremas, por seu costume de se reunirem no município de Saquarema.[4] Embora o Brasil já fosse uma nação independente, as raízes católicas e portuguesas ainda se manifestavam na esfera política,[5][6] e mesmo quando ideias estrangeiras eram importadas para a política brasileira, os conservadores brasileiros as adequavam à tradição portuguesa.[4][5]

Sob a regência do Marquês de Olinda o exército foi avigorado para garantir a integridade do estado brasileiro contra as recorrentes rebeliões regionais,[7] após um período de descaso por parte da administração do Partido Liberal. Os conservadores ocuparam o Conselho de Ministros pelos próximos 23 anos por figuras como Marquês do Paraná e o então Marquês de Caxias, período em que o Brasil debelou a Revolta Praieira e conteve o expansionismo do caudilho argentino Juan Manuel de Rosas durante a Guerra do Prata.[8]

Após a administração liberal do septênio 1861 - 1868 os conservadores retornaram ao governo por um decênio, o qual se iniciou ao final da Guerra do Paraguai. A Questão Religiosa ocorreu no ano de 1870 e foi solucionada pela ascensão do então Duque de Caxias à presidência do Conselho de Ministros cinco anos depois; o primeiro censo brasileiro foi realizado em 1872 e revelava uma população crescente de 10 milhões de brasileiros.[9] O Brasil estava entrando em uma época dourada marcada pelo desenvolvimento econômico-industrial e estabilidade política e o Império chegara a seu apogeu.[10]

O Barão de Cotegipe passa a ocupar a presidência do Conselho de Ministros em agosto de 1885, após outro septênio liberal, determinado a frear o iminente processo de abolição da escravatura que se acelerara na década de 1870. Seu gabinete é dispensado em 1888 pela então regente Isabel na ocasião da Questão Militar e substituído por outro gabinete também conservador encabeçado por João Alfredo Correia de Oliveira, favorável à abolição imediata, que é realizada no mesmo ano.[11]

Durante a gestão conservadora inúmeros avanços sociais foram efetivados, sendo o processo do abolicionismo o mais relevante e de maior legado. Visconde do Rio Branco, conservador, em 1871 promulga a Lei do Ventre Livre; em 1887 a Lei dos Sexagenários por Rui Barbosa e por fim a Lei Áurea pelo primeiro-ministro João Alfredo junto à figura da Princesa Isabel.[12] [5][13] Assim como os conservadores anglo-saxônicos, os saquaremas mantinham sua visão alinhada com a de Edmund Burke, advogando que toda reforma institucional deveria ser estudada perante a realidade atual do país e não imposta abruptamente.[14] Esse pensamento permitia aos saquaremas uma política prudente e autêntica, tornando-os agentes de mudanças sociais importantes para o país.[15]

Sumariamente o Partido Conservador pode ser sintetizado como um partido cujo entendimento consistia na sociedade estar sujeita a mudanças, mas que estas deveriam ser justificadas e válidas para o bem comum e não hostis às tradições e ao engajamento da sociedade com seu passado.[15]

Primeira República

Eduardo Prado foi aguerrido inimigo da nova república

Após o golpe de Estado de 15 de Novembro de 1889 que modificou o regime político à república federativa o projeto imperial, inerentemente conservador, estava liquidado e o imperador e sua família foram exilados à força. As origens ideológicas do novo regime eram diversas e hostis, em diferentes graus, ao conservadorismo. Os militares convencionais acreditavam terem os sucessivos gabinetes civis menosprezado sua corporação destituindo seus integrantes de direitos que dispunham os homens livres do Império; outra pequena parcela de alunos da Escola Militar da Praia Vermelha tinha germinado sentimentos revolucionários alimentados por diversas ideologias cientificistas da Europa mas em especial o positivismo e havia um grupo de paulistas crescentemente influentes, muitos deles cafeicultores e bacharéis, que advogavam uma república federalista e liberal baseada na União Norte-americana.[16][17]

Os partidos Liberal e Conservador foram declarados extintos três dias após a proclamação da República.[18] Houve em seguida tentativas de formar partidos e organizações monarquistas como o Diretório Monárquico, respondendo diretamente ao ex-imperador e princesa Isabel.[19] Políticos de convicção monarquista tornaram-se órfãos, abandonando a política, ou deram continuidade à sua carreira no novo regime, reunindo-se com seus semelhantes em entidades como o Partido Católico.[18] A massa dos políticos, entretanto, aderiu à república de modo indiferente. Diz Paulino de Souza, influente político conservador da província do Rio de Janeiro.

Não há quem possa contestar que está firmada, no Brasil, a forma de governo republicana. A transformação fez-se sem regresso possível. E, pois, o que importa hoje é a reorganização política da nação, como esta aprouver, em sua soberania[20]

Na pequena monta de monarquistas que rejeitaram a república, encontravam-se nomes como Silveira Martins, Carlos Afonso, Ferreira Viana, Andrade Figueira, o ex-presidente do Conselho de Ministros Visconde de Ouro Preto e Carlos de Laet. Alguns desses seriam presos pelo governo provisório.[20]

A ditadura de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto censurou os escassos protestos monarquistas e reprimiu elementos dissidentes simpáticos ao antigo regime. A Segunda Revolta da Armada contou com numerosos monarquistas integrantes da antiga Armada, dentre eles o contra-almirante Saldanha da Gama, que também tentou sem êxito aderir à Revolução Federalista no sul do Brasil cujo caráter, entretanto, era republicano e liberal. O quase nonagenário Marquês de Tamandaré foi preso acusado de financiar supostos monarquistas na mesma revolução.[21][22]

Ainda no século XIX a única revolta de tendência monarquista, mesmo manifestada por um sentimento popular, foi a Guerra de Canudos. O místico Antônio Conselheiro horrorizava a nova república; considerava-a "obra do Anticristo" e questionava seus dispositivos de separação da Igreja com o Estado. Sua colônia no interior do Sertão resistira a incursões de jagunços e policiais locais, atraindo a atenção do governo federal, que prontamente tratou de liquidar a comunidade com duas expedições militares que resultaram no massacre de 20 mil camponeses e 5 mil militares, incluindo Antônio Conselheiro.[23]

A chegada do paulista Prudente de Morais à presidência da República em 1894 representou o fim do projeto militar e o inicio de uma república de caráter liberal, federalista e inspirada nos Estados Unidos da América,[16] cujo poder executivo federal seria ocupado pelas elites cafeicultoras e bacharéis do estado de São Paulo em coalização com as forças políticas do estado de Minas Gerais em um esquema que Eduardo Kugelmas chamou de "difícil hegemonia".[24]

A superposição de instituições modernas à estrutura social brasileira do século XIX, arcaica e rural, deu origem a um regime desfuncional no qual o governo federal viu-se forçado a comprometer-se com as oligarquias regionais das províncias da federação e os grandes latifundiários (coronéis) que ordenavam a vida política em seus currais eleitorais.[25] A "política dos Estados" concebida por Campos Salles foi consequência do choque entre a ideologia da república liberal e a realidade social brasileira, onde a figura do coronel assumiu o papel de intermediário entre as elites federais e o povo.[26]

A monarquia detinha certo controle sobre a influência dos coronéis e das elites provincianas, em parte por meio das atribuições do Poder Moderador investido ao imperador. A ausência deste controle nas províncias e localidades resultante da república foi procedida pela sedimentação das forças políticas predominantes da Primeira República.[26] Monarquistas, incluindo aqueles de convicção liberal, tomaram lugar no rol de críticos da estrutura do novo regime. Diz o Visconde de Sinimbu:

Defender com sacrifício da própria vida, se preciso for, a integridade do território nacional. O desmembramento do Brasil, que a monarquia soube manter unido, seria a fraqueza, a anarquia, e por fim a intervenção estrangeira, talvez até a conquista. [...] Ser-me-ia inegável consolação deixar avida com a certeza de que nenhuma parcela do território sagrado da pátria se desligará[20]

O jovem conservador Eduardo Prado foi um dos mais ativos inimigos da nova república. Para ele, a mudança de regime havia degradado o Brasil à mesma condição que seus vizinhos hispano-americanos. Prado denunciou extensivamente a repressão presente nos primeiros anos da república, cujo quadro de vítimas incluiu políticos, jornalistas, monarquistas, democratas e dissidentes em geral. Muitos foram desterrados, o que equivalia a ser deportado para regiões longínquas como a Amazônia ou o arquipélago de Fernando de Noronha. Também abordou a convicção americanista dos republicanos liberais, evidenciada pela primeira bandeira nacional proposta e o nome de Estados Unidos do Brasil, em seu livro A Ilusão Americana, no qual denuncia as agressões à América Latina por parte dos Estados Unidos, nação pela qual tinha desdém.[27][28]

A única rebelião organizada que adotou o monarquismo como bandeira oficial foi a Revolta de Ribeirãozinho, ocorrida em agosto de 1902.[29] Insatisfeitos em relação à nova república, intelectuais e coronéis paulistas da cidade de Ribeirãozinho (atual Taquaritinga) conceberam um levante armado que tinha por objetivo a deposição de Campos Sales e o restabelecimento do antigo regime. No dia 23, tomaram de assalto a delegacia local, dando inicio à intentona. O movimento não tomou impulso e fracassou, sendo sufocado pelo governo. O único foco do levante além de Ribeirãozinho foi na cidade de Espírito Santo do Pinhal.[29] Um manifesto partidário do movimento escrito por Edgard Carone expõe suas justificativas:

A terra gloriosa de nossos avós, a nossa amada Pátria, outrora invejada pelo estrangeiro como uma das mais felizes do mundo, está transformada em lodaçal, pau pestilento, onde só podem viver as oligarquias, cevadas no tesouro, tripudiando sobre a honra nacional.

[...]

A Marinha, nossa gloriosa Marinha, que outrora pôde escrever com sangue, mas com glória inexcedível a epopeia do Riachuelo, apodrece ingloriamente na baía do Rio de Janeiro ou dela só se afasta, por ordem do governo, como medida de segurança, não da Pátria, mas do próprio governo, que a tem em suspeição

[...]

Tudo corrompido, tudo em decomposição: uma vasta podridão de norte a sul do país: ruínas, ruínas por toda parte!

[...]

Brasileiros; isto não pode continuar. Às armas!

Salvemos a nossa Pátria; sejamos dignos de nossos antepassados!

[...]

Brasileiros! Cumpri o vosso dever! Às armas!

VIVA O BRASIL!

VIVA A LIBERDADE![29]

Conservadores brasileiros

Gravura de José Bonifácio

Século XIX [4]

José Bonifácio de Andrada e Silva
Dom Pedro II
José da Silva Lisboa (Visconde de Cairu)
Bernardo Pereira de Vasconcelos
Honório Hermeto Carneiro Leão (Marquês do Paraná)
Paulino José Soares de Sousa (Visconde do Uruguai)
Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias)
Joaquim José Rodrigues Torres (Visconde de Itaboraí)
José Antônio Pimenta Bueno (Marquês de São Vicente)
João Alfredo Correia de Oliveira

Século XXI

Denis Lerrer Rosenfield
Denise Abreu
Ives Gandra Martins
Joice Hasselmann
Luiz Felipe Pondé
Olavo de Carvalho
Patrícia Carlos de Andrade
Reinaldo Azevedo
Ricardo da Costa
Rodrigo Constantino

Ver também

Referências

  1. Freyre, Gilberto (1943). «Em Torno Do Problema De Uma Cultura Brasileira». 4: 167-171. doi:10.2307/2103064. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  2. Ferreira, Tito Lívio; Ferreira, Manoel Rodrigues (1959). História da Civilização Brasileira. São Paulo: Gráfica Biblos Editora. pp. 25 – 39 
  3. a b Araújo, Ana Paula de. «Companhia de Jesus». Info Escola. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  4. a b c d Garschagen, Bruno (15 de fevereiro de 2017). «História e Tradição do Conservadorismo Brasileiro». Gazeta do Povo 
  5. a b c Torres, João Camilo de Oliveira (1968). Os Construtores do Império – Ideais e lutas do Partido Conservador Brasileiro. São Paulo: Companhia Editorial Nacional. pp. 13 – 34 
  6. Lynch, Christian Edward Cyril. «O discurso político monarquiano e a recepção do conceito de poder moderador no Brasil» (PDF). Revista de Ciências Sociais. 48: 611-654. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  7. Vainfas, Ronaldo (2002). Dicionário do Brasil Imperial. [S.l.]: Objetiva 
  8. Lima e Silva, Luiz Manoel de (1956). Guerra com as Províncias Unidas do Rio da Prata. [S.l.]: Biblioteca do Exército 
  9. Brasil, Portal. «Censo de 1872 é disponibilizado ao público». Portal Brasil. Consultado em 11 de dezembro de 2015 
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