Palácio dos Bandeirantes

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Palácio dos Bandeirantes
Palácio dos Bandeirantes
Fachada do Palácio dos Bandeirantes.
Tipo Residência oficial
Arquiteto Francisco da Nova Monteiro
Início da construção 1955
Inauguração 22 de abril de 1965
Geografia
País Brasil
Coordenadas 23° 36' 05" S 46° 42' 44" O

O Palácio dos Bandeirantes é o edifício-sede do Governo do Estado de São Paulo e residência oficial do governador. Localizado no distrito do Morumbi, na cidade de São Paulo, o palácio também abriga as Casas Civil e Militar, algumas secretarias de estado e um amplo acervo histórico e artístico aberto à visitação pública.

O Palácio dos Bandeirantes foi projetado por Francisco da Nova Monteiro, em 1954, para abrigar a Universidade Conde Francisco Matarazzo, mas teve suas obras paralisadas em 1955, em virtude de problemas financeiros. Desapropriado durante a gestão de Adhemar de Barros, o edifício substituiu o Palácio dos Campos Elísios como sede do poder executivo paulista.

Além do Bandeirantes, o Governo de São Paulo possui outros dois palácios oficiais: o Palácio do Horto, residência de verão do governador, localizado no Horto Florestal de São Paulo, e o Palácio Boa Vista, residência de inverno, na cidade de Campos do Jordão.[1]

Histórico

Colunas (1975). Obra de Felícia Leirner no jardim do Palácio dos Bandeirantes.

Na década de 1950, o Conde Francisco Matarazzo Júnior, figura de destaque no cenário cultural paulistano e herdeiro das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM), idealizou a criação de uma instituição de ensino superior especializada em Economia e Administração de Empresas. Com esse desígnio, instituiu a Fundação Conde Francisco Matarazzo e dotou-a dos recursos financeiros necessários à construção e manutenção da futura universidade.

Em 1954, a fundação encomendou o projeto a um dos engenheiros das IRFM, Francisco da Nova Monteiro, deixando a seu cargo a responsabilidade pela execução em terreno de propriedade da família Matarazzo, no Morumbi. O alvará de "início de obra" foi expedido em janeiro de 1955. A construção iniciou-se no mesmo semestre, mas seria prolongada pelos anos seguintes, devido a problemas financeiros e, mesmo com a estrutura básica pronta, a universidade jamais seria instalada.[2]

Pavilhão dos governadores de São Paulo, hasteado no Palácio dos Bandeirantes quando presente o governador.

Entidades como a Fundação Getúlio Vargas e a Fundação São Paulo foram contatadas para finalizar a obra e assumir sua direção, mas sem sucesso. Iniciaram-se, então, as negociações com o Governo do Estado de São Paulo, que culminaram com a desapropriação do imóvel, em 22 de abril de 1964, durante a gestão Adhemar de Barros. O Estado nada pagou às IRFM, que ganharam, em troca, incentivos fiscais.[3]

No ano seguinte, um decreto do executivo paulista, emitido em 19 de abril, determinou a transferência da sede do governo, até então situada no Palácio dos Campos Elísios, para o novo prédio. Em 22 de abril, o palácio foi inaugurado como nova sede do Executivo estadual, em solenidade com a presença de alguns populares, que tiveram dificuldade para chegar ao local, devido à ausência de linhas regulares de ônibus atendendo a região.[3] Em seu discurso, Adhemar falou sobre a mudança: "[Ela deveu-se à necessidade] de se obter um pouco mais de conforto para quem necessita de calma para meditar e resolver os problemas de quinze milhões de brasileiros. Trata-se de nos colocarmos um pouco fora do bulício da cidade, para produzir mais. Aqui eu posso ficar em paz, posso caminhar sem que ninguém me peça dinheiro ou emprego."[3]

A princípio, o novo prédio foi utilizado esporadicamente, até porque, quando de sua inauguração, ainda não estava totalmente concluído: apenas os aposentos destinados aos despachos do governador tinham recebido acabamento final.[3] O auditório e o saguão principal, por exemplo, estavam claramente inacabados, assim como diversas outras partes do palácio, inclusive as dependências residenciais: o governador seguiria morando no Palácio dos Campos Elíseos até a conclusão das obras.[3] O sistema de telefonia também não estava plenamente operante, com o PABX ainda dependendo de instalação, prevista apenas para setembro.[3] Até lá, existiam somente as linhas telefônicas diretas. Foi em 1970, durante a gestão de Abreu Sodré e após várias reformas para adaptação arquitetônica, que o palácio se tornou sede definitiva do governo.

Atualmente, o Palácio dos Bandeirantes possui múltipla destinação: além de sede do poder executivo, é residência oficial do governador e abriga quatro secretarias de estado, a Casa Civil e a Casa Militar, além de abrigar parte do acervo artístico do governo e exposições temporárias.[1]

O palácio

Salão Nobre do Palácio dos Bandeirantes.

Já no memorial descritivo do projeto do edifício, a Fundação Conde Francisco Matarazzo determina que sejam utilizados na execução da obra "materiais de primeira qualidade" e que a "estrutura, iluminação e ventilação obedeçam a normas rígidas de construção". O pavilhão principal do edifício possui grande porte: 21 153 metros quadrados e três pavimentos, onde foram utilizados diferentes tipos de mármore, granito e outros materiais.[1]

Escultura de Bruno Giorgi no jardim do Palácio dos Bandeirantes.

Após sua desapropriação, o edifício passou por uma série de reformas de adaptação ao novo uso: criação de espaço destinado aos escritórios, ampliação da área externa e construção de edifícios anexos. A modificação mais drástica da planta original foi feita para abrigar a ala residencial, mas de maneira geral, a fachada não foi comprometida e os materiais originais foram mantidos.[2] A denominação “Bandeirantes” data da época de sua desapropriação. É uma homenagem aos sertanistas pioneiros que, nos séculos XVII e XVIII, partindo de São Paulo, expandiram pelo interior as fronteiras brasileiras para quase os limites atuais.

Jardim

Circundando o palácio, há um amplo jardim com quase 90 mil metros quadrados, onde se destacam os bolsões remanescentes de Mata Atlântica. O local abriga mais de duas mil espécies de plantas nativas e exóticas, como pau-brasil, ipê amarelo, cedro-do-líbano e cerejeiras, além de quarenta espécies de aves. Também abriga esculturas do acervo do Palácio dos Bandeirantes – obras de Bruno Giorgi e Felícia Leirner, entre outros.[4]

Acervo

São José de Botas. Escultura de Aleijadinho no acervo do Palácio dos Bandeirantes.

O Palácio dos Bandeirantes mantém sob sua guarda uma expressiva coleção de objetos de interesse artístico e histórico, com cerca de 1,7 mil itens.[5] A maioria das obras foi adquirida por Luís Arrobas Martins (então secretário da fazenda) na década de 1970, quando da mudança da sede do governo para o edifício, com o objetivo de decorar os amplos salões do novo palácio governamental. Outras foram transferidas do Palácio dos Campos Elísios ou doadas por particulares. Há ainda um conjunto de obras produzidas especificamente para o palácio - como as provenientes do concurso Painel Bandeirantes -, e a Galeria dos Governadores, com bustos e retratos oficiais de ex-governadores de São Paulo.

O acervo é formado por pinturas, esculturas, peças de arte sacra do período colonial e objetos de artes decorativas. Entre os artistas representados, destacam-se Aleijadinho, Pedro Américo, Almeida Júnior, Benedito Calixto, Oscar Pereira da Silva e Cândido Portinari, entre outros. Juntamente com os acervos dos palácios do Horto (São Paulo) e Boa Vista (Campos do Jordão), a coleção do Palácio dos Bandeirantes integra o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.[1]

Informações gerais

O Palácio dos Bandeirantes encontra-se aberto à visitação pública. As visitas ao acervo e ao jardim são gratuitas e podem ser realizadas de terça a domingo, das 10 às 17 horas (de hora em hora), sempre acompanhadas de um monitor. O agendamento de visitas é necessário para grupos a partir de dez pessoas e deve ser feito pelo site oficial do Palácio. O estacionamento é gratuito.

Veja também

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Outras imagens

Visita do Papa Bento XVI em 2007 Salão de Despachos preparado para receber o Papa Bento XVI em 2007 Galeria interna Vista aérea do Palácio

Referências

  1. a b c d Silva, 1994, pp. 233-235.
  2. a b Valladares, 1998, pp. 9-18.
  3. a b c d e f «Inaugurada nova sede do Executivo Estadual». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. O Estado de S. Paulo (27 609). 15 páginas. 23 de abril de 1965. ISSN 1516-2931 
  4. «Jardins do Palácio dos Bandeirantes serão abertos à visitação». O Globo Online. Consultado em 4 de maio de 2008 
  5. «Palácio dos Bandeirantes». Governo do Estado de São Paulo. Consultado em 4 de maio de 2008 

Bibliografia

  • Comissão de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo (2000). Guia de Museus Brasileiros. [S.l.]: Edusp  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda)
  • Silva, Heloísa Barbosa; et al. (1994). Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. [S.l.]: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);
  • Valladares, Clarival do Prado (1998). Acervo Palácio Bandeirantes. [S.l.]: Serasa  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);

Ligações externas