Império Romano: diferenças entre revisões

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Nos últimos anos, temas relativos às demografias de sociedades antigas têm recebido cada vez mais atenção acadêmica.<ref>Walter Scheidel: ''[http://www.princeton.edu/~pswpc/pdfs/scheidel/040604.pdf Population and demography]'', Princeton/Stanford Working Papers in Classics, Version 1.0, Abril de 2006, p. 2</ref> As estimativas do tamanho da população do Império Romano no seu auge demográfico agora variam entre 60 e 70 milhões ("baixa contagem") até mais de 100 milhões de habitantes ("alta contagem").<ref name="Population and demography">Walter Scheidel: ''[http://www.princeton.edu/~pswpc/pdfs/scheidel/040604.pdf Population and demography]'', Princeton/Stanford Working Papers in Classics, Version 1.0, Abril de 2006, p. 9</ref> Aderindo ao valor mais tradicional de 55 milhões de habitantes, o Império Romano constituiu o mais populosa da unidade política [[Mundo ocidental|ocidental]] até meados do [[século XIX]] e permaneceu insuperável em uma escala global por todo o primeiro milênio.<ref>[[Raymond W. Goldsmith|Goldsmith, Raymond W.]] (1984): "An Estimate of the Size and Structure of the National Product of the Early Roman Empire", ''Review of Income and Wealth'', Vol. 30, No. 3, pp. 263–288 (263)</ref>
Nos últimos anos, temas relativos às demografias de sociedades antigas têm recebido cada vez mais atenção acadêmica.<ref>Walter Scheidel: ''[http://www.princeton.edu/~pswpc/pdfs/scheidel/040604.pdf Population and demography]'', Princeton/Stanford Working Papers in Classics, Version 1.0, Abril de 2006, p. 2</ref> As estimativas do tamanho da população do Império Romano no seu auge demográfico agora variam entre 60 e 70 milhões ("baixa contagem") até mais de 100 milhões de habitantes ("alta contagem").<ref name="Population and demography">Walter Scheidel: ''[http://www.princeton.edu/~pswpc/pdfs/scheidel/040604.pdf Population and demography]'', Princeton/Stanford Working Papers in Classics, Version 1.0, Abril de 2006, p. 9</ref> Aderindo ao valor mais tradicional de 55 milhões de habitantes, o Império Romano constituiu o mais populosa da unidade política [[Mundo ocidental|ocidental]] até meados do [[século XIX]] e permaneceu insuperável em uma escala global por todo o primeiro milênio.<ref>[[Raymond W. Goldsmith|Goldsmith, Raymond W.]] (1984): "An Estimate of the Size and Structure of the National Product of the Early Roman Empire", ''Review of Income and Wealth'', Vol. 30, No. 3, pp. 263–288 (263)</ref>
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=== Idiomas ===
=== Idiomas ===
{{Artigo principal|Latim|Latim clássico|Latim vulgar|Língua grega|Koiné|Língua fenícia|Aramaico|Língua siríaca|Língua copta|Línguas celtas}}
{{Artigo principal|Latim|Latim clássico|Latim vulgar|Língua grega|Koiné|Língua fenícia|Aramaico|Língua siríaca|Língua copta|Línguas celtas}}

A língua de Roma antes de sua expansão foi o [[latim]] e essa se tornou a [[língua oficial]] do império. Até o momento do período imperial o latim tinha desenvolvido dois [[Registro (linguística)|registros]]: o "alto", escrito em [[latim clássico]], e o "baixo", o [[latim vulgar]]. Enquanto latim clássico permaneceu relativamente estável, mesmo durante a [[Idade Média]], o latim vulgar como em qualquer língua falada era fluido e em constante evolução. O latim vulgar se tornou a ''[[lingua franca]]'' nas províncias ocidentais, mais tarde evoluindo para as [[línguas românicas]] modernas: [[Língua italiana|italiano]], [[Língua francesa|francês]], [[Língua portuguesa|português]], [[Língua espanhola|espanhol]], [[Língua romena|romeno]], etc. O [[Língua grega|grego]] e o latim clássico eram as línguas da [[literatura latina|literatura]] e da [[educação]].


[[Imagem:Inscription Theatre Leptis Magna Libya.JPG|thumb|direita|Uma placa de [[mármore]] romana bilíngue na [[Leptis Magna]], [[África Proconsular]] (atual [[Líbia]]).]]
[[Imagem:Inscription Theatre Leptis Magna Libya.JPG|thumb|direita|Uma placa de [[mármore]] romana bilíngue na [[Leptis Magna]], [[África Proconsular]] (atual [[Líbia]]).]]


[[Imagem:Western and Eastern Romania.PNG|thumb|220px|direita|<center>Línguas românicas:</center>{{legenda|#008000|[[Línguas românicas ocidentais]]}}{{legenda|#00FF00|[[Línguas românicas orientais]]}}{{Legenda |#FF0000| [[Linha La Spezia-Rimini]]}}{{legenda|#000000|''[[Romania submersa]]''<ref>[http://www2.ub.edu/assessling/cgi/consultes/resposta.pl?consultes_id=1627 Sens Dubte] - Universitat de Barcelona. ''Romania submersa'' {{ca}}. Página acessada em 05/02/2013.</ref>}} Língua românica meridional/intermediária ([[Língua sarda|sardo]])]]
Embora o latim tenha continuado a ser a língua mais falada no [[Império Romano do Ocidente|Ocidente]] até a [[Queda do Império Romano|queda de Roma]] e por alguns séculos depois, no [[Império Bizantino|Oriente]] a [[língua grega]] era a língua literária e a língua franca.<ref>Fergus Millar, ''A Greek Roman Empire: Power and Belief under Theodosius&nbsp;II (408–450)''. Sather Classical Lectures, Vol. 64. Berkeley: University of California Press, 2006. Pp. 279. ISBN 0-520-24703-5; Warren Treadgold "A Concise History of Byzantium" (New York: St Martin's Press, 2001); Warren Treadgold "A History of the Byzantine State and Society" (Stanford: Stanford University Press, 1997)</ref> Os romanos geralmente não tentaram suplantar as línguas locais. Eles geralmente deixaram costumes estabelecidos intactos e só gradualmente introduziam elementos culturais tipicamente romanos, incluindo a [[língua latina]].<ref name="Freeman1">Freeman (1999), pp.389–433</ref> Juntamente com o grego, muitas outras línguas de tribos diferentes foram usadas, mas quase sem expressão na escrita.

A língua de Roma antes de sua expansão foi o [[latim]] e essa se tornou a [[língua oficial]] do império. Até o momento do período imperial o latim tinha desenvolvido dois [[Registro (linguística)|registros]]: o "alto", escrito em [[latim clássico]], e o "baixo", o [[latim vulgar]]. Enquanto latim clássico permaneceu relativamente estável, mesmo durante a [[Idade Média]], o latim vulgar como em qualquer língua falada era fluido e em constante evolução. O latim vulgar se tornou a ''[[lingua franca]]'' nas províncias ocidentais, mais tarde evoluindo para as [[línguas românicas]] modernas: [[Língua italiana|italiano]], [[Língua francesa|francês]], [[Língua portuguesa|português]], [[Língua espanhola|espanhol]], [[Língua romena|romeno]], etc. Regiões anteriormente pertencentes ao império onde as [[Línguas românicas extintas|línguas neolatinas extinguiram-se]] ([[África Proconsular]], [[Britânia (província romana)|Britânia]], [[Dalmácia (província romana)|Dalmácia]], etc.) são denominadas ''[[Romania submersa]].''<ref>[http://pt.scribd.com/doc/101656005/LAS-LENGUAS-ROMANICAS Scribd] - ''Las lenguas románicas'' {{es}}. Página acessada em 05/02/2013.</ref> O [[Língua grega|grego]] e o latim clássico eram as línguas da [[literatura latina|literatura]] e da [[educação]].

Embora o latim tenha continuado a ser a língua mais falada no [[Império Romano do Ocidente|Ocidente]] até a [[Queda do Império Romano|queda de Roma]] e por alguns séculos depois, no [[Império Bizantino|Oriente]] a [[língua grega]] era a língua literária e a língua franca.<ref>Fergus Millar, ''A Greek Roman Empire: Power and Belief under Theodosius&nbsp;II (408–450)''. Sather Classical Lectures, Vol. 64. Berkeley: University of California Press, 2006. Pp. 279. ISBN 0-520-24703-5; Warren Treadgold "A Concise History of Byzantium" (New York: St Martin's Press, 2001); Warren Treadgold "A History of the Byzantine State and Society" (Stanford: Stanford University Press, 1997)</ref> Os romanos geralmente não tentaram suplantar as línguas locais. Eles geralmente deixaram costumes estabelecidos intactos e só gradualmente introduziam elementos culturais tipicamente romanos, incluindo a [[língua latina]]<ref name="Freeman1">Freeman (1999), pp.389–433</ref> (''ver: [[Romanização]]''). Juntamente com o grego, muitas outras línguas de tribos diferentes foram usadas, mas quase sem expressão na escrita.


O [[Língua grega|grego]] já era falado em muitas cidades no Oriente, e, como tal, os romanos mantiveram-na como a língua administrativa oriental em vez de impedir a sua eficiência burocrática. Assim, dois secretários oficiais serviam no tribunal do Império Romano, um responsável pela correspondência em latim e outro pela correspondência em grego para o Oriente.<ref name="Lee">Lee I. Levine ''Jerusalem'' [http://books.google.com/books?id=gqL8C_JBEm0C&pg=PA270&dq=rome+catacombs+greek+latin+aramaic+inscription+%25&sig=ACfU3U1d84XhiN27AIqCOGI6jL2pSwhYXA#PPA154,M1 ''see page 154'']</ref> Assim, na Província Oriental, como aconteceu com todas as [[Província romana|províncias]], as línguas originais foram mantidas.<ref>{{cite web|url=http://www.unrv.com/provinces/judaea.php |title=Judaea - Palaestina - Province of the Roman Empire |publisher=Unrv.com |date= |accessdate=2010-04-27}}</ref><ref>''Social and Economic Conditions of the Roman Empire in the Fourth Century'' by Paul Vinogradoff, 1911, Cambridge Medieval History, Volume One, pp. 542–567</ref>
O [[Língua grega|grego]] já era falado em muitas cidades no Oriente, e, como tal, os romanos mantiveram-na como a língua administrativa oriental em vez de impedir a sua eficiência burocrática. Assim, dois secretários oficiais serviam no tribunal do Império Romano, um responsável pela correspondência em latim e outro pela correspondência em grego para o Oriente.<ref name="Lee">Lee I. Levine ''Jerusalem'' [http://books.google.com/books?id=gqL8C_JBEm0C&pg=PA270&dq=rome+catacombs+greek+latin+aramaic+inscription+%25&sig=ACfU3U1d84XhiN27AIqCOGI6jL2pSwhYXA#PPA154,M1 ''see page 154'']</ref> Assim, na Província Oriental, como aconteceu com todas as [[Província romana|províncias]], as línguas originais foram mantidas.<ref>{{cite web|url=http://www.unrv.com/provinces/judaea.php |title=Judaea - Palaestina - Province of the Roman Empire |publisher=Unrv.com |date= |accessdate=2010-04-27}}</ref><ref>''Social and Economic Conditions of the Roman Empire in the Fourth Century'' by Paul Vinogradoff, 1911, Cambridge Medieval History, Volume One, pp. 542–567</ref>


Além disso, o processo de [[helenização]] alargou o âmbito do idioma grego durante o período romano, sendo que os romanos perpetuaram a cultura [[Período helenístico|helênica]],<ref>Lee I. Levine ''Jerusalem'' [http://books.google.com/books?id=gqL8C_JBEm0C&pg=PA270&dq=rome+catacombs+greek+latin+aramaic+inscription+%25&sig=ACfU3U1d84XhiN27AIqCOGI6jL2pSwhYXA#PPA154,M1 ''p. 154'']</ref><ref>Andrew Sherratt (Ed.) "The Cambridge Encyclopedia of Archeology" (Cambridge: Cambridge University Press, 1980), pp. 242–243. ISBN 0-521-22989-8</ref>, mas com toda a pompa de [[Antiguidade clássica|melhorias romanas]].<ref>[http://www.religiousstudies.uncc.edu/jdtabor/overview-roman-world.html Religiousstudies.uncc.edu]</ref><ref>[http://www.jstor.org/pss/3155063 Jstor.org]</ref><ref>Andrew Sherratt (Ed.) "The Cambridge Encyclopedia of Archeology" (Cambridge: Cambridge University Press, 1980), pp. 240–244. ISBN 0-521-22989-8</ref> A propagação da cultura helênica (e, portanto, da linguagem) aconteceu em grande parte devido à extensa infraestrutura romana (na forma de entretenimento, saúde, educação e extensas redes de transporte) e pela tolerância dos romanos em incluir outras culturas, uma característica que os diferenciava da natureza [[Xenofobia|xenófoba]] dos [[Grécia antiga|gregos antigos]].<ref name="Freeman1"/>
Além disso, o processo de [[helenização]] alargou o âmbito do idioma grego durante o período romano, sendo que os romanos perpetuaram a cultura [[Período helenístico|helênica]],<ref>Lee I. Levine ''Jerusalem'' [http://books.google.com/books?id=gqL8C_JBEm0C&pg=PA270&dq=rome+catacombs+greek+latin+aramaic+inscription+%25&sig=ACfU3U1d84XhiN27AIqCOGI6jL2pSwhYXA#PPA154,M1 ''p. 154'']</ref><ref>Andrew Sherratt (Ed.) "The Cambridge Encyclopedia of Archeology" (Cambridge: Cambridge University Press, 1980), pp. 242–243. ISBN 0-521-22989-8</ref>, mas com toda a pompa de [[Antiguidade clássica|melhorias romanas]].<ref>[http://www.religiousstudies.uncc.edu/jdtabor/overview-roman-world.html Religiousstudies.uncc.edu]</ref><ref>[http://www.jstor.org/pss/3155063 Jstor.org]</ref><ref>Andrew Sherratt (Ed.) "The Cambridge Encyclopedia of Archeology" (Cambridge: Cambridge University Press, 1980), pp. 240–244. ISBN 0-521-22989-8</ref> A propagação da cultura helênica (e, portanto, da linguagem) aconteceu em grande parte devido à extensa infraestrutura romana (na forma de entretenimento, saúde, educação e extensas redes de transporte) e pela tolerância dos romanos em incluir outras culturas, uma característica que os diferenciava da natureza [[Xenofobia|xenófoba]] dos [[Grécia antiga|gregos antigos]].<ref name="Freeman1"/>
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=== Religião ===
=== Religião ===
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Como sua expansão, o império passou a incluir pessoas de uma variedade de [[cultura]]s e a adoração de um número cada vez maior de [[divindade]]s era tolerada e aceita. O governo imperial, e os romanos em geral, tendiam a ser tolerantes com a maioria das [[Religião|religiões]] e [[culto]]s, desde que eles não causassem problemas. A [[liturgia]] e cerimônias romanas foram frequentemente adaptadas para atender a cultura e a identidade local.
Como sua expansão, o império passou a incluir pessoas de uma variedade de [[cultura]]s e a adoração de um número cada vez maior de [[divindade]]s era tolerada e aceita. O governo imperial, e os romanos em geral, tendiam a ser tolerantes com a maioria das [[Religião|religiões]] e [[culto]]s, desde que eles não causassem problemas. A [[liturgia]] e cerimônias romanas foram frequentemente adaptadas para atender a cultura e a identidade local.


Um indivíduo podia atender a ambos os [[Mitologia romana|deuses romanos]], representando a sua identidade romana, e sua própria fé pessoal, que era considerada parte da sua identidade pessoal. Houve perseguições periódicas de várias religiões em várias épocas, principalmente em relação aos [[Cristianismo|cristãos]]. Como o historiador [[Edward Gibbon]] observou, no entanto, a maioria das histórias registradas de perseguições contra os cristãos vieram até hoje através da igreja cristã, que tinha um incentivo para exagerar o grau em que as perseguições ocorreram. As fontes não-cristãs contemporâneas apenas mencionam perseguições passageiras e sem atribuir grande importância para elas.
Um indivíduo podia atender a ambos os [[Mitologia romana|deuses romanos]], representando a sua identidade romana, e sua própria fé pessoal, que era considerada parte da sua identidade pessoal. Houve perseguições periódicas de várias religiões em várias épocas, principalmente em relação aos [[Cristianismo|cristãos]]. Como o historiador [[Edward Gibbon]] observou, no entanto, a maioria das histórias registradas de [[Perseguição aos cristãos|perseguições contra os cristãos]] vieram até hoje através da igreja cristã, que tinha um incentivo para exagerar o grau em que as perseguições ocorreram. As fontes não-cristãs contemporâneas apenas mencionam perseguições passageiras e sem atribuir grande importância para elas.


== Governo e política ==
== Governo e política ==
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== Subdivisões ==
== Subdivisões ==
{{Artigo principal|Província romana}}
{{Artigo principal|Província romana}}

[[Imagem:Roman Empire Map.png|thumb|350px|Mapa das [[províncias romanas]].]]


Nos velhos tempos da [[República Romana|república]], o governo das províncias era tradicionalmente um prêmio aos membros da [[Senado romano|classe senatorial]] <ref name=SUETONIO-AUGUSTO/>. As reformas de [[Augusto]] mudaram essa política.
Nos velhos tempos da [[República Romana|república]], o governo das províncias era tradicionalmente um prêmio aos membros da [[Senado romano|classe senatorial]] <ref name=SUETONIO-AUGUSTO/>. As reformas de [[Augusto]] mudaram essa política.
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O status de uma província podia mudar de senatorial a imperial e vice-versa. Aconteceu várias vezes durante o reinado de Augusto. Outra tendência era a criação de novas provícias, ou pela divisão das existentes ou pela expansão do império.<ref name=SUETONIO-AUGUSTO/>
O status de uma província podia mudar de senatorial a imperial e vice-versa. Aconteceu várias vezes durante o reinado de Augusto. Outra tendência era a criação de novas provícias, ou pela divisão das existentes ou pela expansão do império.<ref name=SUETONIO-AUGUSTO/>

[[Imagem:RomanEmpire 117.svg|thumb|460px|centro|Províncias do Império Romano na sua máxima extensão durante o reinado de [[Trajano]] ([[117]]). {{legenda|#ffc0cb|Província senatorial}}{{legenda|#90ee90| Província imperial}}{{Legenda |#808080|[[Estado satélite]]}}]]


== Economia ==
== Economia ==
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== Cultura e sociedade ==
== Cultura e sociedade ==
{{Artigos principais|Cultura da Roma Antiga|Sociedade Romana}}
{{Principal|Cultura da Roma Antiga|Romanização|Sociedade Romana}}
{{Vertambém|Gastronomia da Roma Antiga|Literatura latina|Arte da Roma Antiga|Música da Roma Antiga|Arquitetura da Roma Antiga}}
{{Vertambém|Gastronomia da Roma Antiga|Literatura latina|Arte da Roma Antiga|Música da Roma Antiga|Arquitetura da Roma Antiga}}



Revisão das 03h52min de 18 de fevereiro de 2013

Senatus Populusque Romanus
"O Senado e o Povo Romano" ou
Imperium Romanum[nota 1]

Império Romano

Império


27 a.C. – 476 d.C.
1453 d.C.
Ficheiro:Flag of Palaeologus Emperor.svg
 

Vexillum, com a águia e o acrônimo do Estado romano de Império Romano

Vexillum, com a águia e o acrônimo do Estado romano


Lema nacional
Senatus Populusque Romanus
(Senado e Povo de Roma)
Localização de Império Romano
Localização de Império Romano
Extensão máxima do Império Romano durante o reinado de Trajano, em 117 d.C.
Continente Europa, Bacia Mediterrânea da África e da Ásia
Capital Roma
(27 a.C. - 286 d.C.)
Constantinopla
(A partir de 330)
Língua oficial Latim, grego
Religião Politeísmo romano e depois cristianismo
Governo De jure: República
De facto: Oligarquia
Principado: 27 a.C.-295
Dominato: 235 - 395
Imperador
 • 27 a.C. - 14 d.C. Augusto
 • 379 - 395 Teodósio I
 • 475 - 476
1449 - 1453
Rômulo Augusto / Constantino XI
Legislatura Senado romano
Período histórico Antiguidade clássica
 • 31 a.C. Batalha de Áccio
 • 27 a.C. Otaviano é proclamado Augusto.
 • 285 Diocleciano divide o Império entre Ocidente e Oriente
 • 330 Constantino I declara Constantinopla como a nova capital do Império.
 • 395 Morte de Teodósio, o Grande, selando a divisão permanente entre Leste e Oeste.
 • 476 d.C.
1453 d.C.
Rômulo Augusto é deposto/ Queda de Constantinopla
Área
 • 25 a.C.[1][2] 2 750 000 km2
 • 50[1] 4 200 000 km2
 • 117[1] 6 500 000 km2
 • 390 [1] 4 400 000 km2
População
 • 25 a.C.[1][2] est. 56 800 000 
     Dens. pop. 20,7 hab./km²
 • 117[1] est. 88 000 000 
     Dens. pop. 13,5/km²
Moeda Denário, sestércio, soldo
Atualmente parte de

Império Romano (em latim: Imperium Romanum) foi um Estado que se desenvolveu a partir da península Itálica, durante o período pós-republicano da antiga civilização romana, caracterizado por uma forma autocrática de governo e por grandes propriedades territoriais na Europa e em torno do Mediterrâneo.[3]

Os 500 anos de idade da República Romana que o precedeu, foram enfraquecidos e subvertidos por várias guerras civis.[nota 2] Muitas datas são habitualmente propostas para marcar a transição da república ao império, incluindo a data da indicação de Júlio César como ditador perpétuo (44 a.C.), a vitória de seu herdeiro Otaviano na Batalha de Áccio (2 de setembro de 31 a.C.), ou a data em que o senado romano outorgou a Otaviano o título honorífico augusto (16 de janeiro de 27 a.C.).[nota 3] Assim, Império Romano tornou-se a designação utilizada, por convenção, para referir ao Estado romano nos séculos que se seguiram à reorganização política efectuada pelo primeiro imperador, Augusto. Embora Roma possuísse colónias e províncias antes desta data, o Estado pré-Augusto é conhecido como República Romana.

A expansão romana começou na época da república, mas o império alcançou sua maior extensão sob o imperador Trajano: durante o seu reinado o Império Romano controlava aproximadamente 6,5 milhões de km² da superfície terrestre.[4] Por causa da vasta extensão do império e sua longa duração, as instituições e a cultura de Roma tiveram uma profunda e duradoura influência sobre o desenvolvimento dos idiomas, religião, arquitetura, filosofia, direito e formas de governo nos território governados, particularmente a Europa e, por meio do expansionismo europeu, em todo o mundo moderno.

No final do século III, Diocleciano estabeleceu a prática de dividir a autoridade entre quatro co-imperadores, a fim de melhor proteger o vasto território, pondo fim à crise do terceiro século. Durante as décadas seguintes o império era frequentemente dividido ao longo de um eixo Ocidental/Oriente. Após a morte de Teodósio I em 395, o império foi dividido pela última vez.[5] O Império Romano do Ocidente caiu em 476 quando Rômulo Augusto foi forçado a se render ao chefe militar germânico Odoacro.[6] O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, em 1453 terminou com a morte de Constantino XI e da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos liderados por Mehmed II.[7]

História

Ver artigo principal: História do Império Romano
A Batalha de Áccio, por Lorenzo A. Castro, (1672).

A expansão de Roma começou com a anexação de províncias no século III a.C., quatro séculos antes de alcançar a sua maior extensão territorial e, nesse sentido, era um "império", mesmo enquanto ainda governado como uma república.[8] As províncias republicanas eram administradas por ex-cônsules e pretores, que eram eleitos para um mandato de um ano, mantendo o imperium, o "direito de comando".[9] A acumulação de riqueza e poder militar desproporcional por alguns homens através de seus comandos provinciais foi um fator importante na transição da república para a autocracia imperial.[10] Mais tarde, a posição de poder mantida pelo imperador foi expressa como imperium.[11] A palavra latina é a origem do termo em português império, um significado que ela começou a adquirir somente mais tarde na história de Roma.[12]

Como o primeiro imperador, Augusto assumiu a posição oficial de que ele havia salvo a república e cuidadosamente elevou seu poder dentro dos princípios constitucionais republicanos. Ele rejeitou os títulos que os romanos associavam com a monarquia e em vez disso passou a referir a si mesmo como princeps, "cidadão de liderança". Cônsules continuaram a ser eleitos, tribunos continuaram a legislar e os senadores ainda debatiam na cúria. Foi Augusto, no entanto, que estabeleceu o precedente de que o imperador controlava as decisões finais, apoiado pela força militar.

O reinado de Augusto, que durou mais de 40 anos, foi retratado na literatura e na arte augustina como uma nova "Era Dourada". Augusto consolidou uma duradoura fundação ideológica para os três séculos do império conhecido como o Principado (27 a.C.-284 d.C.), os primeiros 200 anos do que é tradicionalmente considerado como a Pax Romana. Mas, mesmo durante esse período, várias revoltas foram controladas e sufocadas, como na Grã-Bretanha (revolta de Boadiceia) e na Judeia (Guerras judaico-romanas).

Os tetrarcas, escultura porfírica saqueada de um palácio bizantino em 1204, tesouro de São Marcos, Veneza.

O sucesso de Augusto em estabelecer princípios de sucessão dinástica foi limitado por uma série de talentosos herdeiros potenciais: a dinastia Júlio-Claudiana durou por mais quatro imperadores: Tibério, Calígula, Cláudio e Nero; antes produziu, em 69 d.C., o conflituoso ano dos quatro imperadores, a partir do qual Vespasiano emergiu como vencedor.

Vespasiano tornou-se o fundador da breve dinastia flaviana, seguida pela dinastia Nerva-Antonina, que produziu os "cinco bons imperadores": Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio. Na visão do historiador grego Dião Cássio, um observador da época, a adesão do imperador Cómodo em 180 d.C. marcou a queda "de um reino de ouro para um de ferrugem e ferro",[13] um famoso comentário de que tem levado alguns historiadores, como Edward Gibbon, a considerar o reinado de Cómodo como o início da queda do Império Romano.

Em 212, durante o reinado de Caracala, a cidadania romana foi concedida a todos os habitantes nascidos livres no império. Mas, apesar deste gesto de universalidade, a dinastia Severa foi tumultuada, o reinado do imperador foi encerrado rotineiramente por seu assassinato ou execução e após a sua queda, o Império Romano foi engolido pela crise do século terceiro, um período de invasões, guerra civil, depressão econômica e pestes.[14] Na definição das épocas históricas, esta crise é por vezes vista como a marca da transição da Antiguidade Clássica para a Antiguidade Tardia.

A divisão do império após a morte de Teodósio I, ca. 395 d.C. sobreposta às fronteiras atuais.

A ilusão da antiga república foi sacrificada pela imposição da ordem: Diocleciano (reinou entre 284 e 305) trouxe o império de volta da crise, mas recusou o papel de princeps e se tornou o primeiro imperador a ser abordado regularmente como dominus, "mestre" ou "senhor".[15] O estado de absolutismo autocrático que resultou no Dominato, que durou até a queda do Império Romano do Ocidente em 476. O reinado de Diocleciano trouxe também um maior esforço concentrado do Império contra a ameaça do cristianismo, o que foi chamado de a "Grande" Perseguição.

Foi a partir desse ponto que a unidade do Império Romano se tornou uma ilusão, como ficou graficamente revelado pela divisão de poder implementada por Diocleciano entre quatro "co-imperadores", a chamada Tetrarquia.[16] A ordem foi novamente abalada logo depois, mas foi restaurada por Constantino, que se tornou o primeiro imperador a se converter ao cristianismo e que estabeleceu Constantinopla como a nova capital do Império Romano do Oriente. Durante as décadas das dinastias Constantina e Valentiniana, o império foi dividido ao longo de um eixo leste-oeste, com dois centros poder em Constantinopla e Roma. O reinado de Juliano, que tentou restaurar a religião helenística e romana clássica, apenas interrompeu brevemente a sucessão de imperadores cristãos. Teodósio I, o último imperador a governar Oriente e o Ocidente, morreu em 395 d.C., depois de tornar o cristianismo a religião oficial do Estado.[17]

No final do século IV, o império começou a se desintegrar com bárbaros do norte desafiando o controle da Roma cristã. A maioria das cronologias colocam o fim do Império Ocidental em 476, quando Rômulo Augusto foi forçado a se render ao chefe militar germânico Odoacro.[18] O Império do Oriente, hoje conhecido como o Império Bizantino, mas chamado no seu tempo como o "Império Romano" ou por vários outros nomes, terminou em 1453 com a morte de Constantino XI e com a queda de Constantinopla para os turcos otomanos.[19]

Geografia e território

O Império Romano foi um dos maiores da história e o único a ter alcançado territórios no norte da Europa, Oriente Médio e Norte da África.[20] A expressão latina imperium sine fine ("império sem fim"[21]) expressa a ideologia que nem tempo e nem espaço limitavam o império. No poema épico Eneida de Virgílio, a vastidão do império é tratada como uma concessão aos romanos de sua divindade suprema, Júpiter.[22] Esta reivindicação de domínio universal foi renovada e perpetuada quando o império caiu sob o domínio cristão no século IV.[23]

Na realidade, a expansão romana foi principalmente realizada durante a república, apesar de partes do norte da Europa terem sido conquistadas no século I, quando o domínio romano na Europa, África e Ásia foi reforçado. Durante o reinado de Augusto, um "mapa global do mundo conhecido" foi exibido pela primeira vez em público, em Roma, coincidindo com a composição do trabalho mais abrangente sobre a geografia política que sobrevive desde a antiguidade, Geografia do escritor grego Estrabão.[24] Quando Augusto morreu, a descrição comemorativa de suas realizações (Res Gestae) tomou lugar de destaque na catalogação geográfica dos povos e lugares sob o domínio romano.[25] A geografia, o censo e a manutenção meticulosa de registros escritos eram preocupações centrais da administração imperial romana.[26]

Um segmento das ruínas da Muralha de Adriano.

O império atingiu sua maior extensão sob o reinado de Trajano (98-117)[27] e compreendia uma área de cinco milhões de quilômetros quadrados, que em 2009 estava dividida entre 40 países modernos diferentes.[28] A estimativa populacional tradicional de 55-60 milhões de habitantes[29] representava entre um sexto e um quarto da população total do mundo na época[30] e fez de Roma a mais populosa entidade política unificada no Ocidente até meados do século XIX.[31] Estudos demográficos recentes têm defendido um pico populacional que varia entre 70 e 100 milhões de pessoas.[32] Cada uma das três maiores cidades do império (Roma, Alexandria e Antioquia) tinham quase duas vezes o tamanho de qualquer cidade europeia do início do século XVII.[33]

Como o historiador clássico Christopher Kelly descreveu:

Então o império se estendia desde a Muralha de Adriano, na garoa encharcada do norte da Inglaterra, até para as tórridas margens do Eufrates, na Síria; do grande sistema pluvial Reno-Danúbio, que serpenteia pelas férteis terras planas da Europa a partir dos Países Baixos ao mar Negro, até as ricas planícies do litoral norte Africano e do luxuriante corte do vale do Nilo, no Egito. O império circulava o Mediterrâneo por completo ... era referido por seus conquistadores como mare nostrum—'nosso mar'.[34]

O sucessor de Trajano, Adriano, adotou uma política de manutenção, em vez de expandir o império. Os limites (fines) foram definidos e as fronteiras (limes) patrulhadas.[35] As fronteiras mais fortificadas eram as mais instáveis.[36] A Muralha de Adriano, que separava o mundo romano daquilo que era visto como uma ameaça constante dos bárbaros, é o principal monumento sobrevivente deste esforço.[37]

Roma, as províncias e Constantinopla

Estima-se que um em cada dez habitantes do mundo romano vivia em áreas urbanas, o que facilitava a interação social e as atividades valorizadas pela cultura romana.[38]A vida política, econômica e social durante os primeiros séculos do império gravitava em torno da Urbe, termo latino para "cidade", como se referiam a Roma. Roma era a sede da autoridade imperial e da administração, principal lugar de trocas comerciais entre Ocidente e Oriente, além de ser de longe a cidade mais populosa do mundo antigo, com mais de um milhão de habitantes. Por isso, milhares de pessoas afluíam diariamente à cidade, por mar e terra, enriquecendo-a de artistas e escritores de todas as regiões do império.

Existia uma clara diferença entre viver em Roma ou nas províncias: os habitantes da capital gozavam de privilégios, enquanto o peso fiscal era reservado pesadamente às províncias. Também entre a cidade e o campo, a qualidade de vida era melhor e mais agitada para os citadinos, que usufruíam de serviços públicos como termas romanas, aquedutos, teatros e circos.

Com a crise do terceiro século, recursos foram deslocados da região do Mediterrâneo para as regiões de fronteiras, onde os imperadores precisavam passar mais tempo. Assim, no século III, cidades como Mediolanum (atual Milão) Augusta Treverorum (atual Trier), no vale do rio Mosela, e Sirmium (atualSremska Mitrovica, na Sérvia), Naissus (atual Niš) e' 'Serdica (atual Sófia) na região do Danúbio, Nicomedia (atual İzmit) na Ásia Menor serviram como capitais temporárias do império.[39]

No século V, como desejado antes por Constantino I, Constantinopla (atual Istambul) se impôs devido ao relacionamento de força entre um Oriente ainda próspero e um Ocidente às voltas com hordas bárbaras e sempre prostrado pela crise econômica, política e demográfica.

Depois da crise, que paralisou o império nos decênios centrais do século III, as fronteiras se tornaram mais seguras a partir do reinado de Diocleciano (284-305), o qual introduziu profundas mudanças na administração e no exército. O império pôde assim viver um período de relativa estabilidade ao menos até a batalha de Adrianópolis (378)[40] e, no Ocidente, até os primeiros anos do século V, quando iniciaram as perigosas incursões por parte dos visigodos de Alarico I (401-402) que continuaram até culminarem no célebre saque de Roma em 410,[40] referido pelo contemporâneo Agostinho de Hipona, como um acontecimento notável da época e, por alguns, como o fim do mundo. Os últimos dias do Império Romano do Ocidente (o do Oriente sobreviveu por mais um milênio) foram em um clima de morte e miséria pela população de muitas regiões do império, assoladas por guerra, carestia e epidemias. A consequência final foi a queda da própria estrutura imperial.

Demografia

Ficheiro:Circus Max 1978 2.jpg
Modelo da Roma imperial em seu auge, com destaque para o Circus Maximus e o Coliseu.

Nos últimos anos, temas relativos às demografias de sociedades antigas têm recebido cada vez mais atenção acadêmica.[41] As estimativas do tamanho da população do Império Romano no seu auge demográfico agora variam entre 60 e 70 milhões ("baixa contagem") até mais de 100 milhões de habitantes ("alta contagem").[32] Aderindo ao valor mais tradicional de 55 milhões de habitantes, o Império Romano constituiu o mais populosa da unidade política ocidental até meados do século XIX e permaneceu insuperável em uma escala global por todo o primeiro milênio.[42]

Idiomas

Uma placa de mármore romana bilíngue na Leptis Magna, África Proconsular (atual Líbia).
Línguas românicas:
Língua românica meridional/intermediária (sardo)

A língua de Roma antes de sua expansão foi o latim e essa se tornou a língua oficial do império. Até o momento do período imperial o latim tinha desenvolvido dois registros: o "alto", escrito em latim clássico, e o "baixo", o latim vulgar. Enquanto latim clássico permaneceu relativamente estável, mesmo durante a Idade Média, o latim vulgar como em qualquer língua falada era fluido e em constante evolução. O latim vulgar se tornou a lingua franca nas províncias ocidentais, mais tarde evoluindo para as línguas românicas modernas: italiano, francês, português, espanhol, romeno, etc. Regiões anteriormente pertencentes ao império onde as línguas neolatinas extinguiram-se (África Proconsular, Britânia, Dalmácia, etc.) são denominadas Romania submersa.[44] O grego e o latim clássico eram as línguas da literatura e da educação.

Embora o latim tenha continuado a ser a língua mais falada no Ocidente até a queda de Roma e por alguns séculos depois, no Oriente a língua grega era a língua literária e a língua franca.[45] Os romanos geralmente não tentaram suplantar as línguas locais. Eles geralmente deixaram costumes estabelecidos intactos e só gradualmente introduziam elementos culturais tipicamente romanos, incluindo a língua latina[46] (ver: Romanização). Juntamente com o grego, muitas outras línguas de tribos diferentes foram usadas, mas quase sem expressão na escrita.

O grego já era falado em muitas cidades no Oriente, e, como tal, os romanos mantiveram-na como a língua administrativa oriental em vez de impedir a sua eficiência burocrática. Assim, dois secretários oficiais serviam no tribunal do Império Romano, um responsável pela correspondência em latim e outro pela correspondência em grego para o Oriente.[47] Assim, na Província Oriental, como aconteceu com todas as províncias, as línguas originais foram mantidas.[48][49]

Além disso, o processo de helenização alargou o âmbito do idioma grego durante o período romano, sendo que os romanos perpetuaram a cultura helênica,[50][51], mas com toda a pompa de melhorias romanas.[52][53][54] A propagação da cultura helênica (e, portanto, da linguagem) aconteceu em grande parte devido à extensa infraestrutura romana (na forma de entretenimento, saúde, educação e extensas redes de transporte) e pela tolerância dos romanos em incluir outras culturas, uma característica que os diferenciava da natureza xenófoba dos gregos antigos.[46]

Religião

O Panteão, a atual estrutura construída durante o reinado de Adriano, foi dedicado à adoração de todas as divindades romanas.

Como sua expansão, o império passou a incluir pessoas de uma variedade de culturas e a adoração de um número cada vez maior de divindades era tolerada e aceita. O governo imperial, e os romanos em geral, tendiam a ser tolerantes com a maioria das religiões e cultos, desde que eles não causassem problemas. A liturgia e cerimônias romanas foram frequentemente adaptadas para atender a cultura e a identidade local.

Um indivíduo podia atender a ambos os deuses romanos, representando a sua identidade romana, e sua própria fé pessoal, que era considerada parte da sua identidade pessoal. Houve perseguições periódicas de várias religiões em várias épocas, principalmente em relação aos cristãos. Como o historiador Edward Gibbon observou, no entanto, a maioria das histórias registradas de perseguições contra os cristãos vieram até hoje através da igreja cristã, que tinha um incentivo para exagerar o grau em que as perseguições ocorreram. As fontes não-cristãs contemporâneas apenas mencionam perseguições passageiras e sem atribuir grande importância para elas.

Governo e política

Imperador

Ver artigo principal: Imperador romano
Augusto, o primeiro imperador, na estátua da Prima Porta.

Os poderes do imperador (seu imperium) existiam, ao menos em teoria, em virtude de seus "poderes tribunícios" (potestas tribunicia) e seus "poderes proconsulares" (imperium proconsulare). Em teoria, os "poderes tribunícios" (que eram similares àqueles do tribuno do povo na república tornavam a pessoa e ofício do imperador sacrossantos, e lhe davam autoridade sobre o governo civil romano, inclusive o poder de presidir e controlar o senado.

Os poderes proconsulares (similar àqueles dos governadores militares, ou procônsules, na república) davam-lhe autoridade sobre o exército romano. Ele também tinha poderes que, na república, eram reservados ao senado romano e às assembleias romanas, inclusive o direito de declarar guerra, ratificar tratados e negociar com líderes estrangeiros.

O imperador também tinha autoridade para conduzir um conjunto de deveres que tinham sido conduzidos pelos censores, incluindo o poder de controlar os membros do senado. Adicionalmente, o imperador controlava a religião, uma vez que, como imperador, ele era sempre pontifex maximus e membro de cada uma das quatro maiores congregações. Enquanto estas funções eram claramente distinguíveis no início do império, com o tempo foram perdidas e o poder do imperador tornou-se menos constitucional e mais monárquico.

Realmente, o maior apoio do poder do imperador era o exército. Pago pelo tesouro imperial, os legionários prestavam anualmente juramento de lealdade ao imperador, chamado sacramentum.

A morte de um imperador iniciava um período de incerteza e crise. Em teoria, o senado devia escolher o novo imperador, mas a maioria dos imperadores escolhia seu próprio sucessor, usualmente um membro de sua família. O novo imperador tinha que buscar um conhecimento de seu novo status e autoridade, de forma a estabilizar o cenário político. Nenhum imperador podia ter esperança de sobreviver, muito menos de reinar, sem a aliança e lealdade da guarda pretoriana e das legiões. Para assegurar sua lealdade, vários imperadores lhes pagavam o donativum, uma recompensa monetária.

Senado

Ver artigo principal: Senado romano
A Cúria Hostília no Fórum Romano, lugar de reunião do senado.

Embora as assembleias romanas da época da república continuassem a existir depois da fundação do império, seus poderes foram todos transferidos ao senado, e assim os decretos senatoriais (senatus consultum) adquiriram total força de lei.

Em teoria, o imperador e o senado eram dois ramos iguais do governo, mas a autoridade real do senado era pequena e mais um meio de o imperador disfarçar seus poderes autocráticos sob um manto de republicanismo. Ainda que prestigiado e respeitado, o senado era uma instituição glorificada que tinha sido subtraída da maioria de seus poderes e ficava à mercê do imperador.

Muitos imperadores mostraram certo grau de respeito com esta antiga instituição, enquanto outros foram notórios por ridicularizá-la. Durante as sessões do senado, o imperador sentava entre os dois cônsules e usualmente atuava presidindo as sessões. Senadores mais prestigiados falavam antes dos demais, embora o imperador pudesse falar a qualquer tempo. Por volta do século III, o senado tinha sido reduzido a um órgão municipal glorificado.

Ordem senatorial e ordem equestre

Ver artigos principais: Cursus honorum e Equites
Fragmento de um sarcófago representando Gordiano III e os senadores.

Nenhum imperador poderia governar sem a ordem senatorial e sem a ordem equestre. A maioria dos postos importantes do governo era reservada para os membros dessas duas ordens aristocráticas. Era entre elas que governadores provinciais, comandantes de legiões e oficiais similares eram escolhidos.

Estas duas classes eram hereditárias e majoritariamente fechadas a novos membros. Indivíduos de muito sucesso podiam entrar, mas esta era uma ocorrência rara. As carreiras dos jovens aristocratas eram influenciadas pelas suas conexões familiares e pelo favor dos patronos. Tão importante quanto habilidade, conhecimento ou competências, o patronato era considerado vital para uma carreira de sucesso e os postos mais altos requeriam o favor e a confiança do imperador.

Era esperado que os filhos de senadores seguissem o cursus honorum, um meio de ascensão, e as posições mais prestigiadas eram restritas somente a senadores. Também se esperava que um senador fosse rico; um dos requisitos básicos era a posse de doze mil áureos [55](cerca de 100 kg de ouro), uma quantia que seria aumentada nos séculos seguintes.

Abaixo da ordem senatorial estava a ordem equestre. Os requisitos e postos reservados a esta classe, embora não tão prestigiados, ainda eram muito importantes. Alguns postos vitais, como o governo do Egito, eram proibidos aos membros da ordem senatorial e permitidos somente a membros da ordem equestre.

Forças armadas

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Representação da guarda pretoriana de Augusto.

Durante e depois da Segunda Guerra Civil da República de Roma, Otaviano reduziu o enorme número de legiões (acima de 60)[56] a um tamanho muito mais gerenciável e acessível (28).[56] Várias legiões, particularmente aquelas de lealdade duvidosa, foram simplesmente dissolvidas. Outras legiões outros foram amalgamadas, um fato sugerido pelo título Gemina (gêmeo).[56]

Em 9 d.C., tribos germânicas eliminaram três legiões na Batalha da Floresta de Teutoburgo. Este evento desastroso reduziu o número das legiões a 25. O total de legiões voltaria a aumentar posteriormente e nos próximos trezentos anos manteve-se por volta de trinta.[57]

Augusto também criou a guarda pretoriana: nove coortes ostensivas para manter a paz pública, que foram guarnecidas na Itália. Melhor remunerados do que os legionários, a pretorianos também serviam menos tempo: em vez de servir o padrão de 25 anos dos legionários, eles se aposentavam após 16 anos de serviço.[58]

Mesmo as auxilia (em português: apoio) não sendo tão famosas quanto as legiões, foram de grande importância para o império. Ao contrário dos legionários, os auxilia foram recrutados entre os não-cidadãos. Organizados em unidades menores com a força bruta dos coortes, recebiam pagamentos piores do que os dos legionários e depois de 25 anos de serviço eram recompensados ​​com a cidadania romana, que também se estendia a seus filhos. De acordo com Tácito,[59] havia tantos auxilias quanto legionários. Enquanto que neste momento havia 25 legiões de cerca de 5.000 homens cada uma, os auxilia tinham cerca de 125.000 homens, o que implica cerca de 250 regimentos auxiliares.[60]

A marinha romana (em latim: classis, lit. "frota".), não só ajudava no fornecimento e no transporte das legiões, mas também ajudaram na proteção das fronteiras nos rios Reno e Danúbio. Outra das suas funções era a proteção das rotas marítimas de comércio mais importantes contra a ameaça dos piratas. Por isso, patrulhava todo o Mediterrâneo, partes do Atlântico Norte (costa da Hispânia, Gália e Britânia) e teve também uma presença naval no mar Negro. No entanto, o exército foi considerado o ramo mais antigo e mais prestigiado das forças militares romanas.[61]

Subdivisões

Ver artigo principal: Província romana

Nos velhos tempos da república, o governo das províncias era tradicionalmente um prêmio aos membros da classe senatorial [55]. As reformas de Augusto mudaram essa política.

Augusto criou as províncias imperiais.[55] A maioria, mas não todas, as províncias imperiais eram conquistas relativamente recentes localizadas nas fronteiras. Desta forma, a maioria esmagadora das legiões, que estavam estacionadas na fronteiras, estavam sob controle imperial direto. Muito importante era a província imperial do Egito (atual Egito), o "celeiro" do império, cujo suprimento de grãos era vital para alimentar o povo em Roma. Era considerado domínio pessoal do imperador e senadores eram proibidos até mesmo de visitar a província. O governador do Egito e os comandantes de qualquer legião lá estacionada não eram membros do senado, mas eram escolhidos pelo imperador entre os membros da ordem equestre.

A política tradicional continuou largamente utilizadas nas províncias senatoriais. Devido à sua localização, longe das fronteiras, e ao fato de que estavam há mais tempo sob soberania e controle romanos, estas províncias estavam há muito pacificadas e estáveis. Uma única legião estava baseada em uma província senatorial: Legio III Augusta, estacionada na província senatorial da África (atual norte da Argélia).

O status de uma província podia mudar de senatorial a imperial e vice-versa. Aconteceu várias vezes durante o reinado de Augusto. Outra tendência era a criação de novas provícias, ou pela divisão das existentes ou pela expansão do império.[55]

Províncias do Império Romano na sua máxima extensão durante o reinado de Trajano (117).
  Província senatorial
   Província imperial

Economia

Transação bancária em Roma.

Moses Finley foi o principal defensor da visão primitivista que a economia romana era "subdesenvolvida e subaproveitada", caracterizada pela agricultura de subsistência; centros urbanos que consumiam mais do que produziam em termos de comércio e indústria; artesão de baixo nível; lentidão no desenvolvimento tecnológico; e "falta de racionalidade econômica."[62] As análises atuais, no entanto, são mais complexas. As conquistas territoriais de Roma permitiram uma reorganização em grande escala do uso da terra, que resultou em especialização e superávit agrícola, particularmente no norte da África.[63] Algumas cidades eram conhecidas por determinadas atividades industriais ou comerciais e a escala de construção em áreas urbanas indica uma significativa indústria de construção.[64] Papiros preservaram métodos contábeis complexos que sugerem elementos do racionalismo econômico[65] e o Império era altamente rentabilizado.[66] Embora os meios de comunicação e transporte fossem limitados na antiguidade, nos séculos I e II ele desenvolveram-se muito e as rotas de comércio ligavam as economias regionais.[67] Os contratos de fornecimento para o exército, que permeava todas as partes do Império, baseavam-se em fornecedores locais perto da base (castrum), em toda a província e através das fronteiras provinciais.[68] O Império talvez seja melhor analisado como uma rede de economias regionais, com base em uma forma de "capitalismo político", onde o Estado monitora e regula o comércio, com o objetivo de assegurar os seus próprios rendimentos.[69] O crescimento econômico, embora não comparável ao das economias modernas, era maior do que a maioria das outras sociedades antes da Revolução Industrial.[70]

Mineração e metalurgia

Relevo resultante da técnica de mineração ruina montium, em Las Médulas, Hispania, uma das mais importantes minas de ouro do Império.

A invenção e aplicação generalizada de mineração hidráulica, auxiliada pela capacidade romana de planejar e executar operações de mineração em grande escala, permitiu a extração de vários metais preciosos de modo proto-industrial.[71]

Por ano, a produção total de ferro era estimada em 82.500 toneladas,[72] assumindo uma capacidade produtiva de c. 1,5 kg per capita.[73] O cobre foi produzido a uma taxa anual de 15.000 toneladas[74] e chumbo em 80.000 toneladas,[75] ambos os níveis de produção não seriam emparelhados até a Revolução Industrial;[76] a Hispânia sozinha tinha 40% de quota de produção de chumbo mundial.[77] A alta saída de chumbo foi um subproduto da extensa mineração de prata que atingiu um montante de duzentas toneladas por ano.[78] Em seu pico, por volta do século II a.C., o estoque romano de prata é estimado em 10.000 toneladas, de cinco a dez vezes maior do que a massa de prata combinado da Europa medieval e do Califado por volta do ano 800 d.C.[79] Qualquer uma das principais províncias mineradoras do império produzia tanta prata quanto o contemporâneo Império Han e mais ouro por toda uma ordem de magnitude.[80]

A elevada quantidade de moedas metálicas em circulação fez com que mais dinheiro cunhado estivesse disponível para negociação ou poupança na economia.[81]

Moeda

Ver artigo principal: Moeda da Roma Antiga
Ficheiro:Augustus Tiberius aureus.png
Áureo de Augusto.

O governo imperial era, como todos os governos, interessado na emissão e no controle da moeda em circulação. Cunhar moedas era um ato político: a imagem do imperador da época aparecia na maioria das emissões e moedas eram um meio de mostrar a sua imagem por todo o império. Caracterizados também foram antecessores, imperatrizes, outros membros da família e herdeiros aparentes do imperador. Mediante a emissão de moedas com a imagem de um herdeiro, a sua legitimidade e sucessão futura era proclamada e reforçada. Mensagens políticas e de propaganda imperial, como proclamações de vitória e reconhecimentos de lealdade também apareciam em algumas moedas.

Legalmente somente o imperador e o senado tinham autoridade para cunhar moedas no interior do império.[82] No entanto a autoridade do senado era principalmente e apenas no nome. Em geral, o governo imperial emitia moedas de ouro e prata, enquanto o senado emitia moedas de bronze marcadas pela legenda "SC", abreviação de senatus consultum ("por decreto do senado"). No entanto, moedas de bronze poderiam ser emitidas sem essa legenda. Algumas cidades gregas foram autorizados a emitir moedas de prata e bronze, que hoje são conhecidos como "imperiais gregas".[83] Casas da moeda imperiais estavam sob o controle de um ministro-chefe financeiro e as emissões provinciais estavam sob o controle dos procuradores imperiais provinciais. As casas da moeda senatoriais eram governadas por funcionários da tesouraria do senado.

Infraestrutura

"A extraordinária grandeza do Império Romano se manifesta sobretudo em três coisas: os aquedutos, as estradas pavimentadas, e a rede de esgotos."

Os romanos notabilizaram-se como pioneiros na engenharia e construção de sofisticadas infraestruturas como canalizações, aquedutos, estradas e pontes.[85] As obras estenderam-se por todo o império, cujo sucesso se deveu em grande parte à extensa rede viária. Além do saneamento básico, as infraestruturas incluíam equipamentos como termas, fóruns, teatros, anfiteatros e monumentos.[86]

Engenharia e construção

Uma das mais notáveis obras de engenharia clássica, o Coliseu de Roma, mandado erigir por Vespasiano, serviu para vários espectáculos, inclusive dramatizações de batalhas navais.
Termas romanas de Bath, no Reino Unido.

A invenção do concreto (betão) como material de construção foi uma importante evolução no Império Romano,[87] quando se descobriu as pozolanas, cinzas vulcânicas nas imediações do Vesúvio que finamente trituradas e misturadas com cal produziam uma argamassa resistente e duradoura. Descobertas as suas propriedades ligantes, os romanos fizeram uso alargado das pozolanas, utilizando-as na feitura do opus coementicium (o cementizio), uma argamassa criada pela mistura de pozolanas com cal (tipicamente na proporção de 2:1) imediatamente antes da adição de água. Esta argamassa constitui um ligante suficientemente poderoso para construir grandes estruturas, como pontes, cúpulas e vigas longas, com a particularidade de ganhar presa mesmo quando submersa. Exemplos da sua utilização são a cúpula do Panteão de Roma e os molhes do porto romano de Cosa. A utilização das argamassas pozolânicas perdeu-se com a desagregação do Império Romano, mas foi retomada a partir do Renascimento.[88]

As estradas romanas foram vitais para ligar Roma a todo o império.[89][90] A primeira via foi criada em 312 a.C. por Ápio Cláudio Cego, para ligar Roma à cidade de Cápua: a Via Ápia.[91] À medida que o império se expandiu, a administração adaptou o mesmo esquema nas províncias. No seu apogeu, a rede viária romana atingiu cerca de 400.000 km de estradas, 80.500 km das quais pavimentadas.[92][93] Enquanto outras civilizações mediterrânicas fundaram o seu desenvolvimento comercial nos portos, os romanos utilizaram a rede de estradas em paralelo com a frota comercial. Isto favoreceu os intercâmbios no interior continental, provocando uma expansão mercantil fulgurante. Regiões inteiras especializaram-se e comerciaram entre si (vinhos e azeite na Hispânia, cereais na Numídia, cerâmicas e carnes na Gália, por exemplo).

As estradas estavam balizadas por marcos miliários (miliarium) colocados em intervalos de cerca de mil passos (1480 metros). Na rede viária romana funcionava também um vasto sistema de correiro, o cursus publicos[94] regulamentado por lei, que garantia a transmissão de notícias, a viagem dos funcionários e o transporte de bens em nome do estado. O Estado mantinha as mutationes (postos de troca de animais) e as mansiones ou stationes (escalas com estalagens e instalações para viajantes). A extensão e funcionalidade da rede de estradas romanas perdurou muito além do fim do império, com muitas estradas actuais seguindo o seu traçado.

O aqueduto da Ponte do Gard, que cruza o rio Gardon no sul da França (antiga Gália), é um Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Aquedutos construídos por todo o império abasteciam as explorações agrícolas e as cidades com água potável[85]. O escoamento era geralmente com superfície livre, apresentando uma inclinação mínima para que a água pudesse correr, e eram edificados em alvenaria. O atravessamento de vales era feito sobre estruturas em arcaria. Contavam ainda com a ajuda de bombas hidráulicas.

As águas residuais eram recolhidas numa sofisticada rede de esgotos, de que é exemplo a cloaca Máxima, em Roma, uma das mais antigas redes de esgotos do mundo,[95] construída em Roma nos finais do século VI a.C., iniciada por Tarquínio Prisco,[96] que usufruía da experiência desenvolvida pela engenharia etrusca para drenar os esgotos para o rio Tibre. O funcionamento da cloaca Máxima e outras redes de esgotos romanas, como a de Eboracum (actual cidade inglesa York) prosseguiu durante bastante tempo após a queda do Império Romano.[97]

O desenvolvimento dos aquedutos facilitou construção generalizada de termas (as thermae) e balneários (balneae) no império.[98] Estes locais destinados aos banhos públicos asseguravam a higiene corporal e a hidroterapia.[99] As mais antigas termas romanas conhecidas datam do século V a.C. em Delos e Olímpia, embora as mais conhecidas sejam as termas de Caracala. Homens e mulheres tomavam banhos diariamente (à tarde depois do trabalho)[100], costume relacionado a assimilação do culto à deusa grega Hígia (equivalente romana: Salus) e Panaceia, filhas de Esculápio, deusas da saúde e limpeza, como a recomendações da medicina hipocrática continuada pelos romanos.

Cultura e sociedade

Uma família romana retrata durante um banquete em um afresco de Pompeia.
Mulheres com roupas típicas retratadas em um afresco encontrado em Pompeia.

A vida no Império Romano girava em torno da cidade de Roma e suas famosas sete colinas. A cidade também tinha vários teatros,[86] ginásios e muitas tabernas, termas e bordéis. Em todo o território sob o controle de Roma, a arquitetura residencial variou de casas muito modestas até vilas rurais e, na cidade capital, elegantes residências no monte Palatino, da qual a palavra "palácio" é derivada. A grande maioria da população vivia no centro da cidade, morando em blocos de apartamentos.

A maioria das cidades e vilas romanas tinham um fórum e templos, assim como a própria cidade de Roma. Aquedutos foram construídos para levar água para os centros urbanos [85] e serviram como uma via para importação de vinho e óleo a partir do estrangeiro. Senhorios geralmente residiam nas cidades e suas propriedades eram deixadas sob os cuidados de dirigentes agrícolas. Para estimular uma maior produtividade do trabalho, muitos proprietários libertaram um grande número de escravos. No reinado de Augusto, escravos domésticos gregos ensinaram os jovens romanos (às vezes até mesmo as meninas). Esculturas gregas adornaram o paisagismo helenístico no Palatino ou nas vilas.

Muitos aspectos da cultura romana foram retirados da cultura grega.[101] Na arquitetura e na escultura, a diferença entre os modelos gregos e romanos são aparentes. As principais contribuições para a arquitetura romana eram o arco e a cúpula.

Homem condenado sendo atacado por um leopardo em uma arena (mosaico do século III encontrado na Tunísia.

O centro da estrutura social inicial era a família,[102] que não foi apenas marcado por relações de sangue, mas também pela relação legalmente construída de patria potestas.[103] O pater familias era o chefe absoluto da família; ele era o mestre sobre sua esposa, seus filhos, as esposas de seus filhos, os sobrinhos, os escravos e os libertos, eliminando os seus bens à vontade ou, até mesmo, colocando-os à morte.[104] Inicialmente, apenas a aristocracia patrícia o privilégio de formação de clãs familiares, ou gens, como pessoas jurídicas; mais tarde, na esteira das lutas políticas e de guerra, os clientes também foram alistados. Assim, tais gentes plebeus foram os primeiros formados, imitando os seus homólogos patrícios.[105]

A escravidão e os escravos eram parte da ordem social. Havia mercados de escravos, onde eles podiam ser comprados e vendidos. Muitos escravos foram libertados pelos mestres por serviços prestados, alguns escravos podiam economizar dinheiro para comprar sua liberdade. Geralmente a mutilação e o assassinato de escravos eram proibidos pela legislação. Estima-se que mais de 25% da população romana era escravizado.[106][107] O professor Gerhard Rempel do Western New England College, Estados Unidos, afirma que apenas na cidade de Roma, durante o império, havia cerca de 400 mil escravos.[108]

A cidade de Roma tinha um lugar chamado Campo de Marte (Campus Martius), que era uma espécie de terra de perfuração para os soldados romanos. Mais tarde, o campo tornou-se uma área de entretenimento onde os jovens se reuniam para jogar e se exercitar, o que incluía salto, luta livre, boxe e corridas. A equitação e a natação também eram algumas das atividades físicas preferidas.[109] No campo, os passatempos incluíam também a pesca e a caça. Jogos de tabuleiro jogados em Roma incluíam o dado (tesserae ou tali), o xadrez romano (ludus latrunculorum), o jogo de damas romano (Calculi), jogo da velha (terni lapilli) e ludus duodecim scriptorum e tabula, antecessores do gamão.[109] Também havia várias outras atividades para manter as pessoas entretidas, como corridas de bigas, performances musicais e teatrais.

Legado

Ver artigo principal: Legado romano
Distribuição mundial do alfabeto latino.

A revista estadunidense National Geographic descreveu o legado do Império Romano em O Mundo Segundo Roma:

"A influência duradoura romana é refletida difusamente na linguagem, literatura, códigos legais, governos, arquitetura, engenharia, medicina, esportes, artes, entre muitos outros aspectos da vida contemporânea. Muito disso está tão intricado à nossa cultura que mal nos damos conta da nossa dívida com a Roma antiga. Considerando o idioma, por exemplo.[110]

Vários estados alegaram ser os sucessores do Império Romano, depois da queda do Império Romano do Ocidente. O Sacro Império Romano, uma tentativa de ressuscitar o império no Ocidente, foi criado em 800, quando o Papa Leão III coroou o rei franco Carlos Magno como imperador romano no dia de Natal, embora o império e o escritório imperial não se tornaram formalizados por algumas décadas. Após a queda de Constantinopla, o Principado de Moscou, como herdeiro da tradição ortodoxa cristã do Império Bizantino, proclamava a si mesmo como a Terceira Roma (Constantinopla teria sido a segunda). Estes conceitos são conhecidos como translatio imperii.

Quando os otomanos, que basearam seu Estado no modelo bizantino, tomaram Constantinopla em 1453, Mehmed II estabeleceu sua capital lá e alegou sentar-se no trono do Império Romano. Ele foi tão longe a ponto de lançar uma invasão à Itália com o propósito de "reunificar o império", embora os exércitos papal e napolitano tenham parado a sua marcha para Roma em Otranto em 1480. Constantinopla somente foi oficialmente renomeada para Istambul em 28 de março de 1930.

Excluindo esses estados que reivindicam a herança romana, se a data tradicional para a fundação de Roma for aceita como verdadeira, pode-se dizer que o Estado romano durou, em alguma forma, de 753 a.C. até a queda em 1461 do Império de Trebizonda (um Estado sucessor e fragmento do Império Bizantino, que escapou da conquista pelos otomanos em 1453), totalizando 2.214 anos de existência. O impacto romano sobre as civilizações ocidental e Oriental existe até os dias atuais. Com o tempo, a maioria das conquistas romanas foram duplicadas por civilizações posteriores. Por exemplo, a tecnologia do cimento foi redescoberta por John Smeaton (1755-1759).

O Capitólio Estadual da Virgínia, Estados Unidos (esquerda), construído no final dos anos 1700, foi inspirado na Maison Carrée, um templo galo-romano construído por volta de 16 a.C. sob o reinado de Augusto.

O império contribuiu com muitas coisas para o mundo, como um calendário com anos bissextos, as instituições do cristianismo e aspectos da moderna arquitetura do neoclassicismo e bizantina. O extenso sistema de estradas que foi construído pelo exército romano dura até hoje. Devido a esta rede de estradas, o tempo necessário para viagens entre os destinos na Europa não diminuiu desde a Antiguidade até o século XIX, quando a energia a vapor foi aplicada aos transportes. Mesmo a astrologia moderna veio a nós diretamente dos romanos.

O Império Romano também contribuiu com sua forma de governo, o que influencia constituições diferentes, incluindo as da maioria dos países europeus e muitas das ex-colônias europeias. Nos Estados Unidos, por exemplo, os autores da constituição observaram, na criação da presidência, que eles queriam inaugurar uma "Era Augusta". O mundo moderno também herdou o pensamento jurídico de direito romano, totalmente codificada na antiguidade tardia. Regendo um vasto território, os romanos desenvolveram a ciência da administração pública de um modo nunca antes concebido ou necessário, criando um amplo serviço civil e métodos formais de cobrança de impostos.

Enquanto no ocidente, o termo "romano" adquiriu um novo significado em conexão com a Igreja e o Papa de Roma. A forma grega romaioi permaneceu ligada à população cristã de língua grega do Império Romano do Oriente e ainda é usada pelos gregos, além de sua denominação comum.[111]

Ver também

Notas

  1. Outras possibilidades são Res publica e Romania. Res publica, como um termo denotando a comunidade romana em geral, pode referir-se tanto à era republicana como à era imperial, enquanto Império Romano é usado para denotar a extensão territorial da autoridade romana. O termo tardio Romania, que foi mais tarde usado para o Império Bizantino, aparece em fontes gregas e latinas do quarto século em diante. (Ver Wolff, R.L. Romania: The Latin Empire of Constantinople. In: Speculum, 23 (1948), pp. 1-34 (pp. 2-3).)
  2. Durante estas lutas, centenas de senadores morreram, e o senado foi renovado com legalistas do primeiro triunvirato e depois do segundo triunvirato.
  3. Augusto oficialmente proclamou ter salvo a República Romana e cuidadosamente disfarçou seu poder sob formas republicanas: cônsules continuaram a ser eleitos, tribunos dos plebeus continuaram a servir a justiça, e senadores ainda debatiam na cúria romana. Porém, era Otaviano, e cada um de seus sucessores após ele, quem influenciava tudo e controlava as decisões finais e, em última análise, tinha as legiões para garanti-lo, caso fosse necessário.

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Bibliografia

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