Linha de Cintura
A Linha de Cintura é uma curta mas importante ferrovia situada em Lisboa, Portugal. Foi criada no final do séc. XIX e tem cerca de doze quilómetros num traçado aproximadamente semi-circular, ligando todas as linhas radiais com términus em Lisboa: Cascais, Sul, Sintra/Oeste, Alentejo (prevista para 2013, via TTT), e Norte — para algumas das quais se encontra dotada de concordâncias (em Sete Rios e Xabregas). Cruza também todas as linhas do Metropolitano de Lisboa, tendo ligações de transbordo para quatro estações em três linhas desta rede (e mais uma prevista para a quarta[2]).
Caraterização
Esta linha é maioritariamente em via dupla, sendo quádrupla entre Sete Rios e Roma-Areeiro, e única de Campolide A a Alcântara-Terra. Encontra-se eletrificada em toda a sua extensão, com exceção do segmento terminal entre Alcântara-Terra e o Doca de Alcântara, onde se cruza a Linha de Cascais, que tem um regime de eletrificação diferente.
História
Antecedentes
O antecessor da Linha de Cintura foi o sistema Larmanjat, que ligava, na Década de 1870, várias localidades ao Lumiar, em Lisboa; em Janeiro de 1880, foi apresentado, no Parlamento, um plano para a construção de uma ligação ferroviária entre Lisboa e o Pombal, que saía da Estação de Santa Apolónia e passava pelo Vale de Chelas e por Torres Vedras.[3] Esta proposta foi abandonada com a queda do governo, mas, no dia 31 de Janeiro de 1882, foi apresentado num novo plano, que ligava Alcântara à Linha do Norte em Alfarelos, com ramais para Sintra e Merceana.[3]
Planeamento e construção
A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses adquiriu, em 1885, os direitos de construção e gestão deste caminho de ferro, e abriu à circulação o troço entre Alcântara-Terra e Sintra em 2 de Abril de 1887, e entre o Cacém e Torres Vedras em 21 de Maio do mesmo ano.[3] A via entre Campolide e o Cacém foi duplicada em 1895.[3]
Um alvará de 7 de Julho de 1886 concedeu à Companhia Real o direito de construção de uma linha, sem quaisquer apoios do estado, que ligasse a Linha do Leste, em Xabregas, à Linha do Oeste, em Benfica; um outro alvará, publicado em 23 de Julho do ano seguinte, autorizou que esta linha fosse feita em via dupla, e que tivesse dois ramais para ligação à programada Estação Central de Lisboa (futura Estação do Rossio), que seria edificada no Terreiro do Duque.[3] Deveriam ser, igualmente, construídas duas concordâncias, uma (de Xabregas) entre Chelas e o Poço do Bispo (Braço de Prata), para fechar a ligação à Linha do Leste, enquanto a outra (mais tarde renomeada de Sete Rios), para a Linha do Oeste, ligaria a Sete Rios a Campolide.[3] A linha entre Benfica e Santa Apolónia foi aberta à exploração em 20 de Maio de 1888, enquanto que ambas as concordâncias só entraram ao serviço em 5 de Setembro de 1891.[3]
O troço entre Campolide e Alcântara-Terra pertencia à Linha do Oeste antes da construção do túnel e estação do Rossio, em 1890; foi designado oficialmente Ramal de Alcântara até pelo menos 1988[4], antes de ser nominalmente integrado na Linha de Cintura.
Século XX
A Linha de Cintura foi beneficiada com a abertura à exploração da tracção eléctrica em 28 de Abril de 1957.
Século XXI
Em 5 de Setembro de 2003 foram abertas à exploração a terceira e quarta vias do troço entre Entrecampos e Chelas (terminal técnico).
Exploração comercial
CP-USGL + CP-Reg + Soflusa + Fertagus | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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(Serviços ferroviários suburbanos de passageiros na Grande Lisboa) Serviços: Cascais (CP) • Sintra (CP) • Azambuja (CP) Sado (CP+Soflusa) • Fertagus • CP Regional (R+IR) (***)
Linhas:
a L.ª Alentejo • c L.ª Cascais • s L.ª Sintra • ẍ C.ª X. (***) Na Linha do Norte (n): há diariamente dois comboios regionais nocturnos que param excepcionalmente em todas as estações e apeadeiros.
Fonte: Página oficial, 2020.06 |
Não havendo actualmente exploração comercial da Linha de Cintura enquanto tal (estando mesmo sem serviço de passageiros o troço Alcântara-Terra - Linha de Cascais e a Concordância de Xabregas contando apenas com uma circulação diária), esta é no entanto uma dais mais movimentadas artérias ferroviárias portuguesas, com circulações suburbanas (CP-USGL: famílias de Sintra e Azambuja, e Fertagus), regionais (linhas do Oeste, Norte, e Sul), Alfa Pendular, Intercidades, e de mercadorias.
O apeadeiro de Entrecampos-Poente é términus de algumas ciculações oriundas das linhas de Sintra e do Oeste (tal como o anterior apeadeiro da 5 de Outubro); a via que o liga a Entrecampos não faz serviço comercial, servindo porém a manobras frequentes.
Ligação ao Metro
Na Linha de Cintura, junto à estação de Sete Rios, situava-se a única ligação (em via algaliada) entre o sistema ferroviário português geral (bitola ibérica) e a rede do Metropolitano de Lisboa (bitola internacional). Com o encerramento do respectivo PMO I (actual terminal rodoviário de Sete Rios) em 2001[carece de fontes] esta ligação desapareceu, tendo sido a linha vedada e a agulha levantada.
Ligação de Alcântara
O troço entre Alcântara-Terra e a Doca de Alcântara, com entroncamentos com a Linha de Cascais (permitindo os trajectos Alcântara-Terra ⇄ Belém e Alcântara-Mar ⇄ Doca) não está eletrificado, sendo usado apenas por composições de mercadorias em manobras, puxadas por locomotivas a diesel.
Não há serviço de passageiros, tendo as estações de Alcântara-Terra e Alcântara-Mar estado ligadas por uma passagem elevada, a Passagem Superior de Alcântara, munida de escadas e passadeiras rolantes, construída em 1991 e demolida em 2008.
Ver também
Referências
- ↑ a b Alvaro SANTOS “Tourist” Planta de Lisboa : Folha Nº 2 1924
- ↑ a b Mário LOPES: “Localização da Estação Central de Lisboa : Reflexão sobre a comparação de diferentes alternativas” Transportes em Revista 2009.02.14
- ↑ a b c d e f g TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682): 61, 62
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988