Linha de Leixões
Linha de Leixões | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Comprimento: | 18,7 km | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
A Linha de Leixões, também conhecida como Linha de Cintura do Porto, Linha de Circunvalação do Porto, ou Linha de Circunvalação de Leixões, é uma ligação ferroviária entre as Estações de Contumil, na Linha do Minho, e Leixões, no concelho de Matosinhos, em Portugal.
Esta linha, com cerca de 18 quilómetros de extensão, é utilizada para tráfego de mercadorias, tendo havido serviço de passageiros até 1987 e entre maio de 2009 e janeiro de 2011. Entre as estações de Contumil e São Gemil, tem uma das pendentes mais acentuadas da rede portuguesa.
História
Antecendentes
Antes da construção do Porto de Leixões, o tráfego de mercadorias por via marítima para a cidade do Porto efectuava-se nas margens do Rio Douro; no entanto, a navegação na barra desta rio era bastante perigosa, tendo ocorrido inúmeros naufrágios, e apenas podia ser totalmente aberta cerca de dois meses por ano.[1]
Por outro lado, já desde meados do Século XIX que os espanhóis estavam a planear a construção de um caminho de ferro entre o Porto e a Galiza, de forma a potenciar o porto de Vigo como a grande interface portuária de todo o Noroeste da Península Ibérica, incluindo a região Norte de Portugal.[2]
Construção do Porto de Leixões
Assim, para combater a influência do porto de Vigo[2], e suprir a região de uma interface marítima adequada, começou-se a planear a instalação de uma nova zona portuária para servir aquela região, junto à foz do Rio Leça; em 1857, D. Pedro V defendeu a construção desta infra-estrutura, com uma ligação ferroviária, e, em 1877, o Sindicato Portuense apresentou uma proposta para a instalação de um canal entre a futura zona portuária e a rede ferroviária do Minho e Douro[3], cujo troço entre o Porto e Braga tinha já sido inaugurado em 1875.[4][5] Este empreendimento, que deveria ter sido projectado e realizado pelo engenheiro escocês James Abernethy, foi autorizado por um despacho ministerial de 22 de Outubro de 1887, mas nunca chegou a ser concretizado.[3]
As obras do porto começaram em 1883[6], tendo sido instalado, para transportar as pedras necessárias à construção dos molhes, um caminho de ferro de via estreita até à Pedreira de São Gens.[7] O Porto de Leixões entrou ao serviço em Outubro de 1892.[7]
Planeamento da Linha de Leixões
Entretanto, foi criada uma comissão para planear a construção do porto e realizar obras de melhoramento na barra do Rio Douro, que apresentou duas hipóteses para a futura ligação ferroviária; uma das propostas consistia na continuação do Ramal da Alfândega[3], inaugurado em 20 de Novembro de 1888[4], até Leixões, enquanto que a outra hipótese seria construir, de raiz, um ramal a partir da Estação de Ermesinde.[3] Em termos técnicos, a segunda opção era a melhor, porque não só permitiria uma ligação directa às Linhas do Douro e Linha do Minho, como evitaria a passagem de uma linha pela cidade do Porto.[3] No entanto, a Associação Comercial do Porto apoiou a continuação do Ramal da Alfândega, receando que a ligação a Ermesinde retirasse algum do protagonismo económico ao Porto.[3] Assim, chegou-se a projectar-se o troço entre a Estação Ferroviária de Porto-Alfândega e Leixões, mas este empreendimento foi cancelado devido aos enormes custos envolvidos na sua construção, especialmente em expropriações e na instalação dos túneis.[3]
Em 1889, a gestão comercial do Porto de Leixões passou para a recém-criada Companhia das Docas do Porto e dos Caminhos de Ferro Peninsulares; esta empresa, criada a partir da liquidação do Sindicato Portuense, seria responsável, entre outros projectos, pela construção da linha entre a Alfândega do Porto e Leixões.[8] Devido, no entanto, à instabilidade política e à crise financeira de 1891, não foi capaz de concretizar este empreendimento.[8] Em 1897, o engenheiro Justino Teixeira elaborou um novo projecto para esta ligação, que, embora tivesse sido aprovado pelo Conselho Superior de Obras Públicas, o considerou demasiado dispendioso.[8] Justino Teixeira submeteu, então, uma segunda proposta, com o nome de Linha de Circunvalação, que saía de um ponto da Linha do Minho entre as Estações de Campanhã e Rio Tinto, rodeava a cidade do Porto, e entroncava no Ramal de Matosinhos, seguindo o mesmo traçado ate Leixões; este projecto logrou satisfazer ambas as condições impostas anteriormente, uma vez que não retirava relevância económica ao Porto, e estabelecia uma ligação eficaz com as Linhas do Douro e Minho.[8] Um outro projecto, elaborado pela comissão técnica que tinha sido responsável pelo Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego, partia da Alfândega do Porto ou do quilómetro 2,5 da Linha do Minho, passava pela Senhora da Hora, e seguia até Leixões; o início na Linha do Minho foi recomendado pela mesma comissão, uma vez que se evitaria a passagem do tráfego de mercadorias pelo centro da cidade do Porto, e poder-se-ia construir, na zona de Contumil, uma grande estação de triagem.[8]
Segundo proposta apresentada pelo engenheiro Fernando Sousa e aprovada a 2 de Outubro de 1900, ficou decidido que se mandasse fazer um estudo para a futura Linha da Circunvalação de Leixões, criando-se simultaneamente naquela bifurcação uma estação de depósito, classificação e triagem de mercadorias, que muito desafogaria a Estação de Campanhã, já então insuficiente para este serviço, evitando-se também as complicações para o trânsito no centro da cidade. Esta proposta foi superiormente decidida em Julho de 1902, já que se apresentava como sendo a solução mais rentável, podendo servir o Porto de Leixões, para o transporte de passageiros, e promovendo ao mesmo tempo a expansão da grande cidade para a zona portuária.
Assim, o Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Estado ordenou que fosse elaborado um projecto para este caminho de ferro, denominado de Linha da Cintura do Porto ou Linha de Circunvalação do Porto, e a correspondente estação de entroncamento em Contumil.[8] A Associação Comercial continuou a defender a continuação do Ramal da Alfândega até Leixões, apontando que poderia ser criado um grande entreposto de mercadorias na zona do Ouro, e criticando a extensão e os enormes desníveis do traçado por Contumil; em resposta, o Conselho Superior argumentou que o excesso de traçado poderia ser compensado nas tarifas.[8] Em Abril de 1902, a Associação Comercial propôs assumir totalmente as despesas de construção da linha a partir da Alfândega, caso a Companhia das Docas não o pudesse fazer; no entanto, nesta altura, já se tinham levantado outros opositores a este projecto, devido, principalmente, ao facto daquela zona já ser eficazmente servida por eléctricos, e a receios que construção de uma linha prejudicasse a estética das praias junto à Foz do Douro.[9] Para resolver estes problemas, a Associação pediu um novo projecto, afastando o traçado da costa, mas continuando a deter um entreposto no Ouro; porém, este novo plano era tecnicamente absurdo e teria uma execução extremamente dispendiosa, pelo que foi rejeitado pelo Conselho Superior de Obras Públicas.[9]
Construção e inauguração da Linha
Desta forma, as atenções voltaram a centrar-se na Linha de Circunvalação do Porto, que era considerada mais útil e menos onerosa; esta ligação foi aprovada em 4 de Julho de 1905[2][10], mas a primeira empreitada apenas foi adjudicada em 25 de Setembro de 1915.[2] As obras começaram em 1921[10], mas foram várias vezes interrompidas até 1926.[11] A construção foi retomada em 1931[2], tendo o primeiro troço, entre entre Leixões-Serpa Pinto e Leixões sido inaugurado em 20 de Julho de 1938.[10] As obras terminaram em 15 de Setembro de 1938, tendo a Linha sido totalmente aberta à exploração em 18 de Setembro, incluindo a concordância entre São Gemil e Ermesinde.[10]
Foi construída em via única, embora com plataforma de via já preparada para duplicação, e foram instaladas as estações de São Gemil, São Mamede de Infesta, Leça do Balio, e Leixões.[2] Com a inauguração da Linha de Cintura do Porto, o Porto de Leixões pôde assumir-se em pleno como uma infra-estrutura portuária, sem as limitações do Ramal de Matosinhos, que tinha sido, até essa altura, a única ligação à rede ferroviária.[2]
Caracterização
Tráfego de mercadorias
Saem da Estação Ferroviária de Leixões comboios TECO (Transporte Expresso de Contentores) com destino a Espanha, cuja urgência é superior ao dos convencionais comboios de mercadorias. Do Porto de Leixões saem também comboios de estilha, cimento, cereais, contentores, etc. É vulgar observarem-se comboios da extensão máxima permitida nas ferroviárias portuguesas serpenteando junto ao Rio Leça. De Leixões a Campanhã só uma ou duas vezes se consegue avistar a cauda destes — o seu comprimento é de 500 metros ou em condições especiais poderá ir até aos 700 metros.
Tráfego de passageiros
No dia 22 de Maio de 2009, a CP (CP Porto - Urbanos do Porto), a Refer, a Administração do Porto de Leixões e a Câmara Municipal de Matosinhos assinaram os protocolos para o relançamento do serviço ferroviário de passageiros na Linha de Leixões a partir de Setembro, 43 anos depois da sua suspensão. Foi anunciado que numa primeira fase, os comboios circulariam na Concordância de São Gemil e na Linha de Leixões entre Ermesinde (Valongo) e Estação Ferroviária de Leça do Balio, em Leça do Balio (Matosinhos), com paragens intermédias em São Gemil, na (Maia) e São Mamede de Infesta, em (Matosinhos). Posteriormente os comboios urbanos seguiriam até Leixões, onde seria construída uma nova Estação Intermodal, ligando os caminhos-de-ferro, o transporte marítimo, o Metro do Porto, autocarros e o transporte individual. Nesta segunda fase, seriam também construídas novas estações e apeadeiros, para melhor servir a procura potencial deste novo serviço — em locais que existiam no passado, como Pedrouços, na Maia, Arroteia e Custió-Araújo, em Matosinhos, e novas estações, como São João, próximo do Hospital com o mesmo nome, entre Pedrouços, Maia e São Mamede de Infesta.[12][13][14][15][16] A 1 de Fevereiro de 2011, o serviço de passageiros foi porém novamente encerrado.[17] Era representada a roxo nos diagramas dos serviços USGP.
Ver também
Referências
- ↑ Martins et al, 1996:35
- ↑ a b c d e f g Martins et al, 1996:41
- ↑ a b c d e f g Martins et al, 1996:38
- ↑ a b TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684): 92, 93
- ↑ Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:12
- ↑ Martins et al, 1996:36
- ↑ a b Martins et al, 1996:37
- ↑ a b c d e f g Martins et al, 1996:39
- ↑ a b Martins et al, 1996:40
- ↑ a b c d TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 71 (1686). 139 páginas
- ↑ Martins et al, 1996:41, apud «A Linha de Cintura do Porto». Boletim da CP. 10 (113). 288 páginas. 1938
- ↑ «Linha de Leixões volta a ter passageiros no fim do Verão». Jornal de Notícias. 31 de Dezembro de 2004. Consultado em 19 de Julho de 2011
- ↑ «Quatro comboios por hora na "nova" linha de Leixões». Jornal de Notícias. 3 de Janeiro de 2005
- ↑ «Passageiros voltam à Linha de Leixões». Jornal de Notícias. 1 de Maio de 2007 Texto "acessodata" ignorado (ajuda)
- ↑ «Transportes: Linha ferroviária de Leixões recebe comboios de passageiros a partir de Setembro». 22 de Maio de 2005. Consultado em 19 de Julho de 2011 Parâmetro desconhecido
|Publicado=
ignorado (|publicado=
) sugerido (ajuda) - ↑ «Linha volta a ter passageiros em Setembro». Jornal de Notícias. 23 de Maio de 2009. Consultado em 19 de Julho de 2011
- ↑ SIMÕES, Pedro Olavo (31 de Dezembro de 2004). «Deixa de apitar o comboio fantasma». Jornal de Notícias. Consultado em 21 de Maio de 2011
- Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, e AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- SILVA, J.R. e RIBEIRO, M. (2008). Os comboios de Portugal. II. Lisboa: Terramar
Ligações externas