Nazismo: diferenças entre revisões

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'''Nazismo''', conhecido oficialmente na [[Alemanha]] como '''Nacional-Socialismo'''<ref>[http://www.britannica.com/eb/article-9055014/National-Socialism National Socialism] Encyclopædia Britannica.</ref><ref>[http://encarta.msn.com/encyclopedia_761560927/national_socialism.html National Socialism] Microsoft Encarta Online Encyclopedia 2007. [http://www.webcitation.org/5kx4yRUqH Archived] 2009-11-01.</ref><ref>[[Walter John Raymond]]. ''Dictionary of Politics''. (1992). ISBN 155618008X p. 327.</ref><ref>[http://www.bartleby.com/65/na/NatlSoci.html National Socialism] The [[Columbia Encyclopedia]], Sixth Edition. 2001-07.</ref> (em [[língua alemã|alemão]]: '''''Nationalsozialismus'''''), é a [[ideologia]] praticada pelo [[Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores|Partido Nazista da Alemanha]], formulada por [[Adolf Hitler]] e adotada pelo governo da Alemanha de 1933 a 1945. Esse período ficou conhecido como [[Alemanha Nazi]]sta ou Terceiro ''Reich''.<ref>Fritzsche, Peter. 1998. ''Germans into Nazis''. Cambridge, Mass.: Harvard University Press.</ref><ref>Kele, Max H. (1972). Nazis and Workers: National Socialist Appeals to German Labor, 1919–1933. Chapel Hill: The University of North Carolina Press.</ref><ref name="payne1995a">Payne, Stanley G. 1995. A History of Fascism, 1914–45. Madison, WI: University of Wisconsin Press.</ref><ref>Eatwell, Roger. 1996. “On Defining the ‘Fascist Minimum,’ the Centrality of Ideology”, ''Journal of Political Ideologies'' 1(3):303–19; and Eatwell, Roger. 1997. ''Fascism: A History''. New York: Allen Lane.</ref>
'''Nazismo''', conhecido oficialmente na [[Alemanha]] como '''Nacional-Socialismo'''<ref>[http://www.britannica.com/eb/article-9055014/National-Socialism National Socialism] Encyclopædia Britannica.</ref><ref>[http://encarta.msn.com/encyclopedia_761560927/national_socialism.html National Socialism] Microsoft Encarta Online Encyclopedia 2007. [http://www.webcitation.org/5kx4yRUqH Archived] 2009-11-01.</ref><ref>[[Walter John Raymond]]. ''Dictionary of Politics''. (1992). ISBN 155618008X p. 327.</ref><ref>[http://www.bartleby.com/65/na/NatlSoci.html National Socialism] The [[Columbia Encyclopedia]], Sixth Edition. 2001-07.</ref> (em [[língua alemã|alemão]]: '''''Nationalsozialismus'''''), é a [[ideologia]] praticada pelo [[Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores|Partido Nazista da Alemanha]], formulada por [[Adolf Hitler]] e adotada pelo governo da Alemanha de 1933 a 1945. Esse período ficou conhecido como [[Alemanha Nazi]]sta ou Terceiro ''Reich''.<ref>Fritzsche, Peter. 1998. ''Germans into Nazis''. Cambridge, Mass.: Harvard University Press.</ref><ref>Kele, Max H. (1972). Nazis and Workers: National Socialist Appeals to German Labor, 1919–1933. Chapel Hill: The University of North Carolina Press.</ref><ref name="payne1995a">Payne, Stanley G. 1995. A History of Fascism, 1914–45. Madison, WI: University of Wisconsin Press.</ref><ref>Eatwell, Roger. 1996. “On Defining the ‘Fascist Minimum,’ the Centrality of Ideology”, ''Journal of Political Ideologies'' 1(3):303–19; and Eatwell, Roger. 1997. ''Fascism: A History''. New York: Allen Lane.</ref>


O nazismo é frequentemente considerado por estudiosos como uma derivação do [[fascismo]]. Mesmo incorporando elementos comuns tanto da [[direita política]] quanto da [[esquerda política]], o nazismo é considerado de [[extrema direita]].<ref>Fritzsche, Peter. 1998. ''Germans into Nazis''. Cambridge, Mass.: Harvard University Press; Eatwell, Roger, ''Fascism, A History'', Viking/Penguin, 1996, pp.xvii-xxiv, 21, 26–31, 114–140, 352. [[Roger Griffin|Griffin, Roger]]. 2000. "Revolution from the Right: Fascism," chapter in David Parker (ed.) ''Revolutions and the Revolutionary Tradition in the West 1560-1991'', Routledge, London.</ref> Os nazistas foram um dos vários grupos históricos que utilizaram o termo nacional-socialismo para descrever a si mesmos e, na década de 1920, tornaram-se o maior grupo da Alemanha. Os ideais do [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]] (Partido Nazista) são expressos no seu "Programa de 25 Pontos", proclamado em [[1920]]. Entre os elementos-chave do nazismo, há o [[parlamentarismo|antiparlamentarismo]], o [[pangermanismo]], o [[racismo]], o [[coletivismo]]<ref>Davies, Peter; Dereck Lynch (2003). ''Routledge Companion to Fascism and the Far Right''. Routledge, p.103. ISBN 0415214955.</ref><ref name="Hayek">[[Friedrich Hayek|Hayek, Friedrich]] (1944). ''The Road to Serfdom''. Routledge. ISBN 0415253896.</ref>, a [[eugenia]], o [[antissemitismo|antissemitismo]], o [[anticomunismo]], o [[totalitarismo]] e a oposição ao [[Liberalismo económico|liberalismo econômico]] e [[liberalismo|político]].<ref name="Hayek"/><ref>Hoover, Calvin B. (March 1935). “The Paths of Economic Change: Contrasting Tendencies in the Modern World”, ''The American Economic Review'', Vol. 25, No. 1, Supplement, Papers and Proceedings of the Forty-seventh Annual Meeting of the American Economic Association, pp. 13–20.</ref><ref>Morgan, Philip (2003). ''Fascism in Europe, 1919–1945''. Routledge, p. 168. ISBN 0415169429.</ref>
O nazismo é frequentemente considerado por estudiosos como uma derivação do [[fascismo]]. Mesmo incorporando elementos comuns tanto da [[direita política]] quanto da [[esquerda política]], o nazismo é considerado de [[extrema direita]].<ref>Fritzsche, Peter. 1998. ''Germans into Nazis''. Cambridge, Mass.: Harvard University Press; Eatwell, Roger, ''Fascism, A History'', Viking/Penguin, 1996, pp.xvii-xxiv, 21, 26–31, 114–140, 352. [[Roger Griffin|Griffin, Roger]]. 2000. "Revolution from the Right: Fascism," chapter in David Parker (ed.) ''Revolutions and the Revolutionary Tradition in the West 1560-1991'', Routledge, London.</ref> Os nazistas foram um dos vários grupos históricos que utilizaram o termo nacional-socialismo para descrever a si mesmos e, na [[década de 1920]], tornaram-se o maior grupo da Alemanha. Os ideais do [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]] (Partido Nazista) são expressos no seu "Programa de 25 Pontos", proclamado em [[1920]]. Entre os elementos-chave do nazismo, há o [[parlamentarismo|antiparlamentarismo]], o [[pangermanismo]], o [[racismo]], o [[coletivismo]],<ref>Davies, Peter; Dereck Lynch (2003). ''Routledge Companion to Fascism and the Far Right''. Routledge, p.103. ISBN 0415214955.</ref><ref name="Hayek">[[Friedrich Hayek|Hayek, Friedrich]] (1944). ''The Road to Serfdom''. Routledge. ISBN 0415253896.</ref> a [[eugenia]], o [[antissemitismo]]/[[antijudaísmo]], o [[anticomunismo]], o [[totalitarismo]] e a oposição ao [[Liberalismo económico|liberalismo econômico]] e [[liberalismo|político]].<ref name="Hayek"/><ref>Hoover, Calvin B. (March 1935). “The Paths of Economic Change: Contrasting Tendencies in the Modern World”, ''The American Economic Review'', Vol. 25, No. 1, Supplement, Papers and Proceedings of the Forty-seventh Annual Meeting of the American Economic Association, pp. 13–20.</ref><ref>Morgan, Philip (2003). ''Fascism in Europe, 1919–1945''. Routledge, p. 168. ISBN 0415169429.</ref>


Na [[década de 1930]], o nazismo não era um movimento monolítico, mas sim uma combinação de várias [[ideologia]]s e filosofias centradas principalmente no [[nacionalismo]], no [[anticomunismo]] e no [[tradicionalismo]]. Alguns grupos, como o [[strasserismo]], faziam inicialmente parte do movimento nazista. Uma de suas motivações foi a insatisfação com o [[Tratado de Versalhes]], que era entendido como uma [[Conspiração (crime)|conspiração]] [[judaísmo|judaica]]-[[comunismo|comunista]] para humilhar a Alemanha no final da [[Primeira Guerra Mundial]]. Os males da Alemanha pós-guerra foram críticos para a formação da ideologia e suas críticas à [[República de Weimar]] pós-guerra. O Partido Nazista chegou ao poder na Alemanha em [[1933]].
Na [[década de 1930]], o nazismo não era um movimento monolítico, mas sim uma combinação de várias [[ideologia]]s e [[filosofia]]s centradas principalmente no [[nacionalismo]], no [[anticomunismo]] e no [[tradicionalismo]]. Alguns grupos, como o [[strasserismo]], faziam inicialmente parte do movimento nazista. Uma de suas motivações foi a insatisfação com o [[Tratado de Versalhes]], que era entendido como uma [[Conspiração (crime)|conspiração]] [[judaísmo|judaica]]-[[comunismo|comunista]] para humilhar a Alemanha no final da [[Primeira Guerra Mundial]]. Os males da Alemanha pós-guerra foram críticos para a formação da ideologia e suas críticas à [[República de Weimar]] pós-guerra. O Partido Nazista chegou ao poder na Alemanha em [[1933]].


Em resposta à instabilidade criada pela [[Grande Depressão]], os nazistas procuraram um terceiro modo de gerenciar a economia do seu país, sem que este tivesse ideais [[comunismo|comunistas]] ou [[capitalismo|capitalistas]].<ref name="overy">The Nazi Economic Recovery, 1932-1938 R. J. Overy, Economic History Society.</ref><ref name="Francis R. Nicosia p. 43">Francis R. Nicosia. Business and Industry in Nazi Germany, Berghan Books, p. 43.</ref> O governo nazista efetivamente acabou em [[7 de maio]] de [[1945]], no ''[[Dia da Vitória na Europa|Dia V-E]]'', quando os nazistas incondicionalmente renderam-se às [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|potências aliadas]], que tomaram a administração da Alemanha até que o país formasse o seu próprio governo democrático.
Em resposta à instabilidade criada pela [[Grande Depressão]], os nazistas procuraram um terceiro modo de gerenciar a economia do seu país, sem que este tivesse ideais [[comunismo|comunistas]] ou [[capitalismo|capitalistas]].<ref name="overy">The Nazi Economic Recovery, 1932-1938 R. J. Overy, Economic History Society.</ref><ref name="Francis R. Nicosia p. 43">Francis R. Nicosia. Business and Industry in Nazi Germany, Berghan Books, p. 43.</ref> O governo nazista efetivamente acabou em [[7 de maio]] de [[1945]], no ''[[Dia da Vitória na Europa|Dia V-E]]'', quando os nazistas incondicionalmente renderam-se às [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|potências aliadas]], que tomaram a administração da Alemanha até que o país formasse o seu próprio governo democrático.


== Conceito==
== Conceito==

{{controverso|esta seção|data=dezembro de 2013}}
{{controverso|esta seção|data=dezembro de 2013}}
O nome do Partido Nazista era ''"National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei"'' (''N.S.D.A.P.'') ou, em português, [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]]. Apesar de o nome socialista ser utilizado, o conceito socialista do nazismo é radicalmente oposto ao conceito do socialismo marxista como é compreendido hoje, na verdade era declaradamente antissocialista ou anticomunista.


{{Política}}
O termo ''National Sozialistische'', que em alemão dá origem a "nazismo", era utilizado como forma de se contrapor ao termo [[comunismo]], ou [[internacional Socialista|socialismo internacional]], no sentido utilizado pelo [[marxismo]]. O nazismo pode ser considerado uma forma extrema de fascismo, muitas vezes chamado de nazifascismo. Os vários tipos de fascismos se identificam como antissocialistas.<ref>CARVALHO, Pedro C. (2007) "O Fascismo e o Nazismo". CIARI – Centro de Investigação e Análise em Relações Internacionais. http://www.ciari.org/investigacao/O_Fascismo_e_o_Nazismo.pdf</ref>


O nome do Partido Nazista era ''"National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei"'' (''N.S.D.A.P.'') ou, em português, [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]]. Apesar de o nome socialista ser utilizado, o conceito socialista do nazismo é radicalmente oposto ao conceito do socialismo marxista como é compreendido hoje, na verdade era declaradamente antissocialista ou [[anticomunista]].
[[Hitler]] dizia que o termo "socialista" era uma palavra de origem alemã, correspondente a um modelo ideal de terras semicoletivas, semiprivadas, que existia entre os antigos povos germânicos do 1º Reich, e afirmava que [[Karl Marx]], um judeu, havia roubado essa palavra para sua teoria subversiva, o [[comunismo]]. Foi justamente para diferenciar a sua proposta de novo modelo de sociedade do socialismo primitivo, que Marx criou o termo comunismo (enquanto estágio pós-socialista). Hitler defendia o retorno ao socialismo [[germânico]] do [[primeiro Reich|1º Reich]]. Assim, na Alemanha, havia uma disputa retórica e linguístico-formal entre nazistas e comunistas, em torno do uso e do significado do termo "socialismo" na língua alemã.


O termo ''National Sozialistische'', que em alemão dá origem a "nazismo", era utilizado como forma de se contrapor ao termo [[comunismo]], ou [[internacional Socialista|socialismo internacional]], no sentido utilizado pelo [[marxismo]]. O nazismo pode ser considerado uma forma extrema de fascismo, muitas vezes chamado de [[nazifascismo]]. Os vários tipos de fascismos se identificam como antissocialistas.<ref>CARVALHO, Pedro C. (2007) "O Fascismo e o Nazismo". CIARI – Centro de Investigação e Análise em Relações Internacionais. http://www.ciari.org/investigacao/O_Fascismo_e_o_Nazismo.pdf</ref>
Quando questionado o porquê de usar a palavra "socialismo" como parte do nome de seu partido, Adolf Hitler disse: "Por que eu iria forçar essas criaturas a se submeterem a uma disciplina rígida, da qual não conseguem escapar? Eles podem ter tantas terras ou usinas quanto querem, o importante é que o estado, por intermédio do partido, decida quanto às ações e atitudes, pouco importando, assim, que sejam proprietários ou operários. Compreendem, agora, que tudo isso não significa mais nada? Nosso socialismo tem uma forma de agir mais profunda. Não modifica a ordem das coisas, não faz senão mudar as relações dos homens com o estado (...) Que significado têm a partir de agora as expressões 'propriedade' e 'renda'? Por que teremos a necessidade de socializar os bancos e as usinas? Nós socializamos os homens!".


[[Hitler]] dizia que o termo "socialista" era uma palavra de origem alemã, correspondente a um modelo ideal de terras semicoletivas, semiprivadas, que existia entre os antigos povos germânicos do [[I Reich]], e afirmava que [[Karl Marx]], um judeu, havia roubado essa palavra para sua [[Subversão|teoria subversiva]], o [[comunismo]]. Foi justamente para diferenciar a sua proposta de novo modelo de sociedade do socialismo primitivo, que Marx criou o termo comunismo (enquanto estágio pós-socialista). Hitler defendia o retorno ao socialismo [[germânico]] do I Reich. Assim, na Alemanha, havia uma disputa retórica e linguístico-formal entre nazistas e comunistas, em torno do uso e do significado do termo "socialismo" na língua alemã.
O sistema totalitário com um partido único e com um único líder foi definitivamente implantado no verão de 1934, quando Hitler, através de expurgos sangrentos dentro do partido e das organizações militares do partido, as SA, conseguiu o apoio total do exército e se nomeou, após a morte do presidente Hindenburg, chefe do Estado, [[chanceler]], líder do partido e da nação, ditador único da Alemanha.<ref name="bobbio">{{citar livro |autor = Norberto Bobbio |coautores= Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino |título="Il dizionario di politica" |página=810-811|ano=1998 |editora= UTET|ISBN==13-978-8802077130|lingua3=it }}</ref>


Quando questionado o porquê de usar a palavra "socialismo" como parte do nome de seu partido, Adolf Hitler disse:
O nazismo consistia assim em um movimento que defendia a superioridade da raça ariana e a doutrina do "espaço vital" nacional necessário aos alemães. O racismo, no nazismo, alcança um patamar nunca alcançado na história, torna-se uma política de Estado para eliminar outros povos, considerados biologicamente inferiores. Isso porque Hitler julgava que só a raça ariana é "depositária do progresso da civilização" e, portanto, como um povo de senhores, tem de conquistar e submeter as raças inferiores.<ref name="bobbio2">{{citar livro |autor = Norberto Bobbio |coautores= Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino |título="Il dizionario di politica" |página= 808 e 1061|ano=1998 |editora= UTET|ISBN==13-978-8802077130|lingua3=it }}</ref>

{{Cquote|''Por que eu iria forçar essas criaturas a se submeterem a uma disciplina rígida, da qual não conseguem escapar? Eles podem ter tantas terras ou usinas quanto querem, o importante é que o estado, por intermédio do partido, decida quanto às ações e atitudes, pouco importando, assim, que sejam proprietários ou operários. Compreendem, agora, que tudo isso não significa mais nada? Nosso socialismo tem uma forma de agir mais profunda. Não modifica a ordem das coisas, não faz senão mudar as relações dos homens com o estado (...) Que significado têm a partir de agora as expressões 'propriedade' e 'renda'? Por que teremos a necessidade de socializar os bancos e as usinas? Nós socializamos os homens!".''}}

O sistema totalitário com um partido único e com um único líder foi definitivamente implantado no verão de 1934, quando Hitler, através de [[expurgo]]s sangrentos (''ver: [[Noite dos Longos Punhais]]'') dentro do partido e de suas organizações [[paramilitar]]es, as SA (''[[Sturmabteilung]]''), conseguiu o apoio total do exército e se nomeou, após a morte do presidente Hindenburg, chefe de Estado, ''Reichskanzler'' ([[chanceler da Alemanha]]), líder do partido e da nação Alemã.<ref name="bobbio">{{citar livro |autor = Norberto Bobbio |coautores= Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino |título="Il dizionario di politica" |página=810-811|ano=1998 |editora= UTET|ISBN==13-978-8802077130|lingua3=it }}</ref>

O nazismo consistia assim em um movimento que defendia a superioridade da raça ariana e a doutrina do "espaço vital" nacional necessário aos alemães. O racismo, no nazismo, alcança um patamar nunca alcançado na história, torna-se uma política de Estado para eliminar outros povos, considerados biologicamente inferiores. Isso porque Hitler julgava que só a raça ariana é "depositária do progresso da civilização" e, portanto, como um povo de senhores, tem de conquistar e submeter as raças inferiores.<ref name="bobbio2">{{citar livro |autor = Norberto Bobbio |coautores= Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino |título="Il dizionario di politica" |página= 808 e 1061|ano=1998 |editora= UTET|ISBN==13-978-8802077130|lingua3=it }}</ref> (''ver: [[Nazismo e raça]]'').


== História ==
== História ==


[[Adolf Hitler]] chegou ao poder enquanto líder de um partido político, o [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]] (''Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei'' ou NSDAP). Os termos ''nazi'' ou ''nazista'' são [[acrônimo]]s do nome do partido (vem de '''''Na'''tional'' ''So'''zi'''ali'''st'''''). A Alemanha desse período é também conhecida como "[[Alemanha Nazista]]" ("Alemanha Nazi" <sup>[[Português europeu|PE]]</sup>) e os partidários do nazismo eram (e são) chamados nazistas (nazis <sup>[[Português europeu|PE]]</sup>). O nazismo foi proibido na Alemanha moderna, muito embora pequenos grupos de simpatizantes, chamados [[neonazismo|neonazistas]] (neonazis <sup>[[Português europeu|PE]]</sup>), continuem a existir na Alemanha e noutros países. Alguns [[revisionismo histórico|revisionistas históricos]] disseminam [[propaganda]] que nega ou minimiza o [[Holocausto]].
[[Adolf Hitler]] chegou ao poder enquanto líder de um partido político, o [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães]] (''Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei'' ou NSDAP). Os termos ''nazi'' ou ''nazista'' são [[acrônimo]]s do nome do partido (vem de '''''Na'''tional'' ''So'''zi'''ali'''st'''''). A Alemanha desse período é também conhecida como "[[Alemanha Nazista]]" ("Alemanha Nazi" <sup>[[Português europeu|PE]]</sup>) e os partidários do nazismo eram (e são) chamados nazistas (nazis <sup>[[Português europeu|PE]]</sup>). O nazismo foi proibido na Alemanha moderna, muito embora pequenos grupos de simpatizantes, chamados [[neonazismo|neonazistas]] (neonazis <sup>[[Português europeu|PE]]</sup>), continuem a existir na Alemanha e noutros países. Alguns [[revisionismo histórico|revisionistas históricos]] disseminam [[propaganda]] que nega ou minimiza o [[Holocausto]] (''ver: [[Negacionismo do Holocausto]]'').


=== Origens ===
=== Origens ===

==== Nacionalismo (Völkisch) ====
==== Nacionalismo (Völkisch) ====

[[Imagem:Johann Gottlieb Fichte.jpg|175px|thumb|[[Johann Gottlieb Fichte]], considerado um dos pais do nacionalismo alemão]]
[[Imagem:Johann Gottlieb Fichte.jpg|175px|thumb|[[Johann Gottlieb Fichte]], considerado um dos pais do nacionalismo alemão]]
Uma das influências ideológicas mais significativas sobre os nazistas foi o nacionalista alemão [[Johann Gottlieb Fichte]], cujas obras serviram de inspiração para Hitler e outros membros nazistas, incluindo [[Dietrich Eckart]] e Arnold Fanck.<ref name="timothy">Ryback, Timothy W. ''Hitler's Private Library: The Books That Shaped His Life'', New York; Toronto: Vintage Books, 2010. p. 129-130.</ref> Em sua obra ''Discursos à nação alemã'' (1808), escrita em meio à ocupação [[Guerras Napoleónicas|napoleônica]] de Berlim pela França, Fichte invocou uma revolução nacional alemã contra os ocupantes franceses, fazendo discursos públicos, armando seus alunos para a batalha contra os franceses, e salientando a necessidade da ação para expulsar os franceses.<ref name="timothy"/> O nacionalismo de Fichte era populista e em oposição às elites tradicionais, insistindo na necessidade de uma "Guerra do Povo" (Volkskrieg), conceito este semelhante ao adotado posteriormente pelos nazistas.<ref name="timothy"/> Fichte promoveu o [[excepcionalismo]] alemão e salientou a necessidade da nação alemã ser purificada, incluindo purgar a língua alemã de palavras francesas, uma política que os nazistas empreenderam ao assumir o poder.<ref name="timothy"/>


Uma das influências ideológicas mais significativas sobre os nazistas foi o nacionalista alemão [[Johann Gottlieb Fichte]], cujas obras serviram de inspiração para Hitler e outros membros nazistas, incluindo [[Dietrich Eckart]] e Arnold Fanck.<ref name="timothy">Ryback, Timothy W. ''Hitler's Private Library: The Books That Shaped His Life'', New York; Toronto: Vintage Books, 2010. p. 129-130.</ref> Em sua obra ''Discursos à nação alemã'' (1808), escrita em meio à ocupação [[Guerras Napoleónicas|napoleônica]] de [[Berlim]] pela [[França]], Fichte invocou uma revolução nacional alemã contra os ocupantes franceses, fazendo discursos públicos, armando seus alunos para a batalha contra os franceses, e salientando a necessidade da ação para expulsar os franceses.<ref name="timothy"/> O nacionalismo de Fichte era [[populista]] e em oposição às elites tradicionais, insistindo na necessidade de uma "Guerra do Povo" (Volkskrieg), conceito este semelhante ao adotado posteriormente pelos nazistas.<ref name="timothy"/> Fichte promoveu o [[excepcionalismo]] alemão e salientou a necessidade da nação alemã ser purificada, incluindo purgar a língua alemã de palavras francesas, uma política que os nazistas empreenderam ao assumir o poder.<ref name="timothy"/>
Ele denunciou o [[materialismo]], o [[individualismo]] e sociedade industrial urbana secularizada, ao defender uma sociedade "superior" com base na cultura "popular" alemã e no "sangue" alemão.<ref name="encyclopedia7">Cyprian Blamires. ''World Fascism: A Historical Encyclopedia, Volume 1''. Santa Barbara, California, USA: ABC-CLIO, Inc., 2006. p. 542.</ref> Denunciou os estrangeiros, as idéias estrangeiras e declarou que os judeus, as nacionais minorias, [[Catolicismo|católicos]] e [[Maçonaria| maçons]] eram "traidores da nação" e indigno da inclusão na nação alemã,<ref>Keith H. Pickus. ''Constructing Modern Identities: Jewish University Students in Germany, 1815-1914''. Detroit, Michigan, USA: Wayne State University Press, 1999. p. 86.</ref> ele descreveu o mundo em termos da [[Direito natural|lei natural]] e [[romantismo]], exaltando as virtudes da [[Zona rural|vida rural]], condenando a negligência da tradição e da decadência da moral, denunciou a destruição do meio ambiente, e condenou as culturas "cosmopolitas", como as dos judeus e ciganos.<ref name="Jonathan Olsen 1999. p. 62">Jonathan Olsen. ''Nature and Nationalism: Right-wing Ecology and the Politics of Identity in Contemporary Germany''. New York, New York, USA: Palgrave Macmillan, 1999. p. 62.</ref>

Ele denunciou o [[materialismo]], o [[individualismo]] e sociedade industrial urbana secularizada, ao defender uma sociedade "superior" com base na cultura "popular" alemã e no "sangue" alemão.<ref name="encyclopedia7">Cyprian Blamires. ''World Fascism: A Historical Encyclopedia, Volume 1''. Santa Barbara, California, USA: ABC-CLIO, Inc., 2006. p. 542.</ref> Denunciou os estrangeiros, as idéias estrangeiras e declarou que os judeus, as nacionais minorias, [[Catolicismo|católicos]] e [[Maçonaria| maçons]] eram "traidores da nação" e indigno da inclusão na nação alemã,<ref>Keith H. Pickus. ''Constructing Modern Identities: Jewish University Students in Germany, 1815-1914''. Detroit, Michigan, USA: Wayne State University Press, 1999. p. 86.</ref> ele descreveu o mundo em termos da [[Direito natural|lei natural]] e [[romantismo]], exaltando as virtudes da [[Zona rural|vida rural]], condenando a negligência da tradição e da decadência da moral, denunciou a destruição do meio ambiente, e condenou as culturas "[[cosmopolita]]s", como as dos judeus e [[cigano]]s.<ref name="Jonathan Olsen 1999. p. 62">Jonathan Olsen. ''Nature and Nationalism: Right-wing Ecology and the Politics of Identity in Contemporary Germany''. New York, New York, USA: Palgrave Macmillan, 1999. p. 62.</ref>

Durante a era da [[Alemanha Imperial]], o nacionalismo foi ofuscado tanto pelo [[patriotismo]] prussiano e pela tradição federalista dos vários estados que compunham o império.<ref name="Nina Witoszek 2002. pp. 89-90">Nina Witoszek, Lars Trägårdh. ''Culture and Crisis: The Case of Germany and Sweden''. Berghahn Books, 2002. pp. 89-90.</ref> O evento da [[Primeira Guerra Mundial]], incluindo o fim da monarquia prussiana na Alemanha, resultou em uma onda de nacionalismo revolucionário <ref name="witoszek">Witoszek, Nina and Lars Trägårdh, ''Culture and Crisis: The Case of Germany and Sweden'', Berghahn Books, 2002, p. 89 - 90.</ref> (''ver: [[Revoluções de 1917-23]]''). Os nazistas apoiaram tais políticas nacionalistas revolucionárias,<ref name="witoszek"/> e alegaram que a sua ideologia era influenciada pela liderança e políticas do [[Chanceler da Alemanha|chanceler alemão]], [[Otto von Bismarck]], o fundador do [[império alemão]].<ref name="autogenerated14">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', Oxford, England; New York, New York: Oxford University Press, p. 150.</ref> Os nazistas declararam que eles se dedicariam a continuar o processo da criação de um sistema unificado alemão, o [[Estado-nação]], que Bismarck tinha iniciado.<ref name="chancellor">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', p. 149.</ref> Apesar de Hitler ser favorável à criação do Império Alemão, ele era crítico da política interna moderada de Bismarck.<ref name="chancellor8">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', p. 54.</ref> Sobre a questão do apoio de Bismarck de aceitar uma "Alemanha Menor", excluindo a [[Áustria]], ao contrario da "Grande Alemanha" dos nazistas, Hitler declarou que a realização de Bismarck foi o "maior conquista" que ele poderia ter alcançado "dentro dos limites possíveis da época".<ref name="autogenerated12">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', p. 131.</ref> Em [[Mein Kampf]] (Minha Luta), Hitler apresentou-se como um "segundo Bismarck".<ref name=autogenerated12 />


Durante a era da Alemanha Imperial, o nacionalismo foi ofuscado tanto pelo patriotismo prussiano e pela tradição federalista dos vários estados que compunham o império.<ref name="Nina Witoszek 2002. pp. 89-90">Nina Witoszek, Lars Trägårdh. ''Culture and Crisis: The Case of Germany and Sweden''. Berghahn Books, 2002. pp. 89-90.</ref> O evento da Primeira Guerra Mundial, incluindo o fim da monarquia prussiana na Alemanha, resultou em uma onda de nacionalismo revolucionário.<ref name="witoszek">Witoszek, Nina and Lars Trägårdh, ''Culture and Crisis: The Case of Germany and Sweden'', Berghahn Books, 2002, p. 89 - 90.</ref> Os nazistas apoiaram tais políticas nacionalistas revolucionárias,<ref name="witoszek"/> e alegaram que a sua ideologia era influenciada pela liderança e políticas do [[Chanceler da Alemanha|chanceler alemão]], [[Otto von Bismarck]], o fundador do [[império alemão]].<ref name="autogenerated14">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', Oxford, England; New York, New York: Oxford University Press, p. 150.</ref> Os nazistas declararam que eles se dedicariam a continuar o processo da criação de um sistema unificado alemão, o [[Estado-nação]], que Bismarck tinha iniciado.<ref name="chancellor">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', p. 149.</ref> Apesar de Hitler ser favorável à criação do Império Alemão, ele era crítico da política interna moderada de Bismarck.<ref name="chancellor8">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', p. 54.</ref> Sobre a questão do apoio de Bismarck de aceitar uma "Alemanha Menor", excluindo a Áustria, ao contrario da "Grande Alemanha" dos nazistas, Hitler declarou que a realização de Bismarck foi o "maior conquista" que ele poderia ter alcançado "dentro dos limites possíveis da época".<ref name="autogenerated12">Gerwarth, Robert, ''The Bismarck Myth: Weimar Germany and the Legacy of the Iron Chancellor'', p. 131.</ref> Em Mein Kampf (Minha Luta), Hitler apresentou-se como um "segundo Bismarck".<ref name=autogenerated12 />
[[File:VonSchoenerer.jpg|170px|thumb|[[Georg Ritter von Schönerer]]]]
[[File:VonSchoenerer.jpg|170px|thumb|[[Georg Ritter von Schönerer]]]]


Durante sua juventude, na Áustria, Hitler foi politicamente influenciado pelo austríaco pan-germanismo de [[Georg Ritter von Schonerer]], que defendia o radical nacionalismo alemão, o anti-semitismo, o anti-catolicismo, o anti-eslavismo e visões anti-Habsburgo.<ref name="nicholls">David Nicholls. ''Adolf Hitler: A Biographical Companion''. Chapel Hill, North Carolina, USA: University of North Carolina Press, 2000. pp. 236-237.</ref> Copiando Schonerer e seus seguidores, Hitler adotou para o movimento nazista a saudação do Heil, o título de Führer, e o modelo de liderança absoluta do partido.<ref name="nicholls"/> Hitler também ficou impressionado com o anti-semitismo populista e agitação anti-liberal burguesa de [[Karl Lueger]], que como prefeito de Viena na época de Hitler, usou na cidade um estilo oratório demagógico, apelando para as massas populares.<ref name="nicholls159160">David Nicholls. ''Adolf Hitler: A Biographical Companion''. Chapel Hill, North Carolina, USA: University of North Carolina Press, 2000. pp. 159-160.</ref> Lueger, ao contrário de Schonerer, não era um nacionalista alemão mas um defensor pró-católico dos Habsburgos.<ref name="nicholls159160"/>
Durante sua juventude, na Áustria, Hitler foi politicamente influenciado pelo [[pangermanismo]] austríaco de [[Georg Ritter von Schonerer]], que defendia o radical nacionalismo alemão, o [[antissemitismo]], o [[anticatolicismo]], o anti-eslavismo e visões anti-[[Habsburgo]].<ref name="nicholls">David Nicholls. ''Adolf Hitler: A Biographical Companion''. Chapel Hill, North Carolina, USA: University of North Carolina Press, 2000. pp. 236-237.</ref> Copiando Schonerer e seus seguidores, Hitler adotou para o movimento nazista a saudação do Heil (''ver: [[Saudação nazista]] e [[Sieg Heil]]''), o título de [[Führer]], e o modelo de liderança absoluta do partido.<ref name="nicholls"/> Hitler também ficou impressionado com o anti-semitismo populista e agitação anti-liberal burguesa de [[Karl Lueger]], que como prefeito de Viena na época de Hitler, usou na cidade um estilo oratório demagógico, apelando para as massas populares.<ref name="nicholls159160">David Nicholls. ''Adolf Hitler: A Biographical Companion''. Chapel Hill, North Carolina, USA: University of North Carolina Press, 2000. pp. 159-160.</ref> Lueger, ao contrário de Schonerer, não era um nacionalista alemão mas um defensor pró-católico dos Habsburgos.<ref name="nicholls159160"/>


=== Derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e consequências===
=== Derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e consequências===


Nas palavras de [[Karl Dietrich Bracher]]:
Nas palavras de [[Karl Dietrich Bracher]]: "o nazismo, como Hitler, foi o produto da Primeira Guerra Mundial, porém, recebeu sua forma e sua força daqueles problemas básicos da história alemã moderna que caracterizaram a difícil caminhada do movimento democrático".<ref name="bobbio"/> Em [[1917]], a [[Alemanha]] havia derrotado a [[Rússia]], que se retirou da guerra em meio à [[Revolução Bolchevique]]. Entretanto, o povo alemão também estava insatisfeito com a guerra que já durava tempo demais e havia consumido vidas demais. Em [[1918]], tem início na Alemanha uma série de rebeliões populares, de trabalhadores e soldados, que, inspirados na [[Revolução Russa]] de [[1917]], pretendiam derrubar o governo e acabar com a guerra. Os movimentos mais fortes eram justamente os socialistas, organizados pelo grupo chamado de [[Spartakista]] ou [[Liga Spartacus]], liderados por [[Rosa Luxemburgo]], que havia convivido com [[Lenin]] quando este morou na Alemanha.


{{Cquote|''O nazismo, como Hitler, foi o produto da Primeira Guerra Mundial, porém, recebeu sua forma e sua força daqueles problemas básicos da história alemã moderna que caracterizaram a difícil caminhada do movimento democrático".<ref name="bobbio"/>}}
Quase simultaneamente, estouravam rebeliões de camponeses famintos no sul da Alemanha e na região da Bavária. Os comunistas quase tomaram o poder em janeiro de 1919. Entretanto, durante todo o período 1917-1919, a ameaça da insurreição era constante e a elite temia que uma revolução popular pudesse acontecer a qualquer momento. Apesar de a guerra no ''front'' ocidental estar tecnicamente empatada, a entrada dos Estados Unidos em favor da Inglaterra e da França, em 1917, começava a mudar a guerra contra a Alemanha. A elite alemã toma uma decisão desesperada: aceita um acordo de paz desfavorável para não correr o risco de ver uma revolução comunista na Alemanha.


Em [[1917]], a [[Alemanha]] havia derrotado a [[Rússia]], que se retirou da guerra em meio à [[Revolução Bolchevique]]. Entretanto, o povo alemão também estava insatisfeito com a guerra que já durava tempo demais e havia consumido vidas demais. Em [[1918]], tem início na Alemanha uma série de rebeliões populares, de trabalhadores e soldados, que, inspirados na [[Revolução Russa]] de [[1917]], pretendiam derrubar o governo e acabar com a guerra. Os movimentos mais fortes eram justamente os socialistas, organizados pelo grupo chamado de [[Liga Espartaquista]], liderados por [[Rosa Luxemburgo]], que havia convivido com [[Lenin]] quando este morou na Alemanha.
Na [[década de 1920]], os nazistas se levantam como novo bastião contra os socialistas e se utilizam do discurso anticomunista para conseguir doações dos banqueiros e industriais alemães para suas campanhas eleitorais. O Partido Nazista tinha assim dois grandes desafios político-ideológicos: explicar a derrota de um povo teoricamente superior e, ao mesmo tempo, conseguir encontrar um culpado que não fossem os banqueiros alemães, que agora financiavam as campanhas eleitorais do partido Nazista. Hitler construiu a solução na obra "[[Minha Luta]]", que refinou posteriormente em outros escritos do Partido Nazi. A solução era simples: Hitler argumentou que a Alemanha havia sido derrotada por uma grande [[conspiração (política)|conspiração]] internacional de judeus. Ele criou uma maléfica e terrível conspiração de judeus de diferentes países (banqueiros judeus na Inglaterra e na França, associados com judeus comunistas na Rússia), que se uniram para derrotar a Alemanha. Hitler conseguiu, com uma só teoria, explicar a derrota na Primeira Guerra Mundial.


Quase simultaneamente, estouravam rebeliões de camponeses famintos no sul da Alemanha e na região da [[Bavária]]. Os comunistas quase tomaram o poder em janeiro de 1919. Entretanto, durante todo o período 1917-1919, a ameaça da insurreição era constante e a elite temia que uma revolução popular pudesse acontecer a qualquer momento. Apesar de a guerra no ''front'' ocidental estar tecnicamente empatada, a entrada dos [[Estados Unidos]] em favor da [[Inglaterra]] e da [[França]], em 1917, começava a mudar a guerra contra a Alemanha. A elite alemã toma uma decisão desesperada: aceita um acordo de paz desfavorável para não correr o risco de ver uma [[revolução comunista]] na Alemanha.
A maior parte dos judeus que tinha condições econômicas suficientes deixou a Alemanha quando Hitler tomou o poder em 1933-1934. Logo são iniciadas as primeiras perseguições generalizadas de judeus, mas a maior parte deles se sentiam mais alemães do que judeus e acreditavam que podiam convencer o restante da Alemanha disso. E a perseguição começou aos poucos, em 1933-1934, com a caça aos "judeus comunistas", acusados de provocar o incêndio no [[Reichstag]]. Isso permitiu a Hitler eliminar o principal partido de oposição (o [[Partido Comunista Alemão]]), prender e mandar matar os líderes sindicais e impor sua ditadura. Na sequência, a "depuração" da sociedade alemã (como os nazistas denominavam esse processo de [[limpeza étnica]]), continuou com a prisão dos judeus nos campos de trabalho forçado.


Após a Guerra surgiu a "Lenda da punhalada pelas costas" (''[[Dolchstoßlegende]]''). Esta surgiu da crença que os [[pacifista]]s, comunistas e judeus eram [[Traição|traidores]] responsáveis pela derrota do [[Império alemão]]. Na [[década de 1920]], os nazistas se levantam como novo bastião contra os socialistas e se utilizam do discurso [[anticomunista]] para conseguir doações dos banqueiros e industriais alemães para suas campanhas eleitorais. O Partido Nazista tinha assim dois grandes desafios político-ideológicos: explicar a derrota de um povo teoricamente superior e, ao mesmo tempo, conseguir encontrar um culpado que não fossem os banqueiros alemães, que agora financiavam as campanhas eleitorais do partido Nazista. Hitler construiu a solução na obra "[[Minha Luta]]", que refinou posteriormente em outros escritos do Partido Nazi. A solução era simples: Hitler argumentou que a Alemanha havia sido derrotada por uma grande [[conspiração (política)|conspiração]] internacional de judeus (''ver: [[Conspiração judaico-maçônico-comunista internacional]]''). Ele criou uma maléfica e terrível conspiração de judeus de diferentes países (banqueiros judeus na Inglaterra e na França, associados com judeus comunistas na Rússia), que se uniram para derrotar a Alemanha. Hitler conseguiu, com uma só teoria, explicar a derrota na Primeira Guerra Mundial.
Somando-se os judeus residentes na Alemanha, os que residiam nos países que foram ocupados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (Polônia, Tchecoslováquia, Áustria), ciganos, homossexuais e um número incontável de presos políticos, comunistas, anarquistas e sindicalistas em geral, foram mortos entre 5 e 6 milhões de pessoas, apenas nos campos de concentração.

A maior parte dos judeus que tinha condições econômicas suficientes deixou a Alemanha quando Hitler tomou o poder em 1933-1934. Logo são iniciadas as primeiras perseguições generalizadas de judeus, mas a maior parte deles se sentiam mais alemães do que judeus e acreditavam que podiam convencer o restante da Alemanha disso. E a perseguição começou aos poucos, em 1933-1934, com a caça aos "judeus comunistas", acusados de provocar o [[incêndio do Reichstag]]. Isso permitiu a Hitler eliminar o principal partido de oposição (o [[Partido Comunista Alemão]]), prender e mandar matar os líderes sindicais e impor sua ditadura. Na sequência, a "depuração" da sociedade alemã (como os nazistas denominavam esse processo de [[limpeza étnica]]), continuou com a prisão dos judeus nos campos de trabalho forçado.

Somando-se os judeus residentes na Alemanha, os que residiam nos países que foram ocupados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial ([[Polônia]], [[Tchecoslováquia]], [[Áustria]]), [[cigano]]s, [[homossexuais]] (''ver: [[Homossexuais na Alemanha Nazista]]'') e um número incontável de [[presos políticos]], [[comunista]]s, [[anarquista]]s e [[sindicalista]]s em geral, foram mortos entre 5 e 6 milhões de pessoas, apenas nos [[campos de concentração]].


=== O Programa de 25 pontos do NSDAP ===
=== O Programa de 25 pontos do NSDAP ===
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#Pedimos uma luta sem tréguas contra todos os que, pelas suas atividades, prejudicam o interesse nacional. Criminosos de direito comum, traficantes, agiotas etc. devem ser punidos com a [[pena de morte]], sem consideração de [[credo]] religioso ou [[raça]].
#Pedimos uma luta sem tréguas contra todos os que, pelas suas atividades, prejudicam o interesse nacional. Criminosos de direito comum, traficantes, agiotas etc. devem ser punidos com a [[pena de morte]], sem consideração de [[credo]] religioso ou [[raça]].
#Pedimos que o [[direito romano]] seja substituído por um direito público alemão, pois o primeiro é servidor de uma concepção materialista do mundo.
#Pedimos que o [[direito romano]] seja substituído por um direito público alemão, pois o primeiro é servidor de uma concepção materialista do mundo.
#A extensão da nossa infraestrutura escolar deve permitir a todos os alemães bem dotados e trabalhadores o acesso a uma [[educação superior]] e, através dela, aos lugares de direção. Os programas de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às necessidades da vida prática. O espírito nacional deve ser incutido na [[escola]] a partir da idade da razão. Pedimos que o Estado suporte os encargos da instituição superior dos filhos excepcionalmente dotados de pais pobres, qualquer que seja a sua profissão ou classe social.
#A extensão da nossa infraestrutura escolar deve permitir a todos os alemães bem dotados e trabalhadores o acesso a uma [[educação superior]] e, através dela, aos lugares de direção (''ver: [[Educação na Alemanha Nazista]]''). Os programas de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às necessidades da vida prática. O espírito nacional deve ser incutido na [[escola]] a partir da idade da razão. Pedimos que o Estado suporte os encargos da instituição superior dos filhos excepcionalmente dotados de pais pobres, qualquer que seja a sua profissão ou classe social.
#O Estado deve preocupar-se em melhorar a saúde pública mediante a proteção da mãe e dos filhos, a introdução de meios idôneos para desenvolver as aptidões físicas, pela obrigação legal de praticar [[desporto]] e [[ginástica]], e um apoio poderoso a todas as associações que tenham por objetivo a educação física da juventude.
#O Estado deve preocupar-se em melhorar a saúde pública mediante a proteção da mãe e dos filhos, a introdução de meios idôneos para desenvolver as aptidões físicas, pela obrigação legal de praticar [[desporto]] e [[ginástica]], e um apoio poderoso a todas as associações que tenham por objetivo a educação física da juventude.
#Pedimos a supressão do exército de [[mercenários]] e a criação de um exército nacional.
#Pedimos a supressão do exército de [[mercenários]] e a criação de um exército nacional.
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[[Munique]], [[24 de Fevereiro]] de [[1920]]. </div>
[[Munique]], [[24 de Fevereiro]] de [[1920]]. </div>


===Motivos da ascensão do nacional-socialismo===
=== Motivos da ascensão do nacional-socialismo ===

{{AP|vt=s|Ascensão do nazismo}}
{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}
{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}


{{Principal|Ascensão de Hitler ao poder|Ascensão do nazismo}}
Uma questão importante sobre o nacional-socialismo tem a ver com os fatores que promoveram a sua ascensão, não só na Alemanha mas também noutros países europeus e do continente americano (podiam encontrar-se movimentos nacional-socialistas na [[Suécia]], [[Grã-Bretanha]], [[Itália]], [[Espanha]], [[Checoslováquia]], [[Estados Unidos]], [[Argentina]] e [[Chile]] nos [[Década de 1920|anos 1920]] e [[Década de 1930|30]]).
{{Mais informações|Período entreguerras}}

Uma questão importante sobre o nacional-socialismo tem a ver com os fatores que promoveram a sua ascensão, não só na Alemanha mas também noutros países europeus e do [[continente americano]] (podiam encontrar-se movimentos nacional-socialistas na [[Suécia]], [[Grã-Bretanha]], [[Itália]], [[Espanha]], [[Checoslováquia]], [[Estados Unidos]], [[Argentina]] e [[Chile]] nos [[Década de 1920|anos 1920]] e [[Década de 1930|30]]).


Esses fatores podem ter sido:
Esses fatores podem ter sido:
*a devastação [[economia|econômica]] em toda a [[Europa]], depois da [[Primeira Guerra Mundial]];
*a falta de orientação em muitas pessoas depois da queda da [[monarquia]] em muitos países europeus;
*a fama de envolvimento [[judeu|judaico]] em aproveitamentos ilegítimos com a [[Primeira Guerra Mundial]];
*a rejeição do [[comunismo]];
*a influência das comunidades de língua alemã;
*a dificuldades das classes trabalhadores e a crise econômica.


* a devastação [[economia|econômica]] em toda a [[Europa]], depois da [[Primeira Guerra Mundial]];
===Efeitos===
* a falta de orientação em muitas pessoas depois da queda da [[monarquia]] em muitos países europeus;
* a fama de envolvimento [[judeu|judaico]] em aproveitamentos ilegítimos com a [[Primeira Guerra Mundial]];
* a rejeição do [[comunismo]];
* a influência das comunidades de língua alemã;
* a dificuldades das classes trabalhadores e a crise econômica.
=== Efeitos ===

{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}
{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}


[[Imagem:Wobbelin Concentration Camp.jpg|thumb|Na condição de [[escravo]]s do nazismo, judeus e outros perseguidos políticos no [[campo de concentração]] de Wobbelin foram libertados pelos [[Aliados.]]]]
[[Imagem:Wobbelin Concentration Camp.jpg|thumb|Na condição de [[escravo]]s do nazismo, judeus e outros perseguidos políticos no [[campo de concentração]] de Wobbelin foram libertados pelos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]].]]


As teorias nazistas foram utilizadas para justificar uma agenda política [[totalitarismo|totalitária]] de ódio racial e de supressão da [[dissidência]] com o uso de todos os meios do Estado. Como outros regimes [[fascista]]s, o regime nazista punha ênfase no [[anticomunismo]] e no chamado princípio do líder (''Führerprinzip''). Esse é um princípio-chave na ideologia fascista, segundo o qual se considera o líder como a corporização do movimento e da nação. Ao contrário de outras ideologias fascistas, o nazismo era virulentamente [[racismo|racista]]. Algumas das manifestações do racismo nazista foram:
As teorias nazistas foram utilizadas para justificar uma agenda política [[totalitarismo|totalitária]] de [[ódio racial]] e de supressão da [[dissidência]] com o uso de todos os meios do Estado. Como outros regimes [[fascista]]s, o regime nazista punha ênfase no [[anticomunismo]] e no chamado princípio do líder (''Führerprinzip''). Esse é um princípio-chave na ideologia fascista, segundo o qual se considera o líder como a corporização do movimento e da nação. Ao contrário de outras ideologias fascistas, o nazismo era virulentamente [[racismo|racista]]. Algumas das manifestações do racismo nazista foram:

*[[anti-semitismo]], que culminou no [[Holocausto]];
* [[anti-semitismo]]/[[antijudaísmo]], que culminou no [[Holocausto]];
*[[nacionalismo étnico]], incluindo a noção dos alemães como o ''Herrenvolk'' ("raça-mestra") e o ''Übermensch'' ("super-homem");
* [[nacionalismo étnico]], incluindo a noção dos alemães como o ''Herrenvolk'' ("raça-mestra") e o ''[[Übermensch]]'' ("super-homem");
*Uma crença na necessidade de purificar a "raça alemã" através da [[eugenia]], que culminou na [[eutanásia]] não voluntária de pessoas deficientes.
* Uma crença na necessidade de purificar a "raça alemã" através da [[eugenia]], que culminou na [[eutanásia]] não voluntária de pessoas deficientes (principalmente por meio do programa [[Aktion T4]]).


O [[anticlericalismo]] faz parte da ideologia nazista, o que é mais um ponto de divergência com outros fascismos. Talvez o efeito intelectual mais importante do nazismo tenha sido o descrédito, durante pelo menos duas [[geração|gerações]], das tentativas de utilizar a [[sociobiologia]] para explicar ou influenciar assuntos sociais.{{sem fontes|pol|hist-eu}}
O [[anticlericalismo]] faz parte da ideologia nazista, o que é mais um ponto de divergência com outros fascismos. Talvez o efeito intelectual mais importante do nazismo tenha sido o descrédito, durante pelo menos duas [[geração|gerações]], das tentativas de utilizar a [[sociobiologia]] para explicar ou influenciar assuntos sociais.{{sem fontes|pol|hist-eu}}


===Líderes===
=== Líderes ===


O nazista mais importante foi [[Adolf Hitler]], que governou a [[Alemanha Nazi]] de [[30 de Janeiro]] de [[1933]] até o seu [[suicídio]] a [[30 de Abril]] de [[1945]]. Ele levou o [[Reich]] alemão à [[Segunda Guerra Mundial]]. Com Hitler, o nacionalismo étnico e o racismo juntaram-se numa ideologia [[militarismo|militarista]]. Depois da guerra, muitos nazis de primeiro plano foram condenados por crimes de guerra e contra a humanidade no [[Julgamento de Nuremberg]]. O símbolo nazista é a [[suástica]] orientada no sentido dos ponteiros do [[relógio]], sendo desenhada em um plano 5x5.
O nazista mais importante foi [[Adolf Hitler]], que governou a [[Alemanha Nazi]] de [[30 de Janeiro]] de [[1933]] até o seu [[suicídio]] a [[30 de Abril]] de [[1945]]. Ele levou o [[III Reich]] alemão à [[Segunda Guerra Mundial]]. Com Hitler, o [[nacionalismo étnico]] e o racismo juntaram-se numa ideologia [[militarismo|militarista]]. Depois da guerra, muitos nazis de primeiro plano foram condenados por [[crimes de guerra]] e contra a humanidade no [[Julgamento de Nuremberg]]. O símbolo nazista é a [[suástica]] orientada no sentido dos ponteiros do [[relógio]], sendo desenhada em um plano 5x5.


== A essência do nazismo: totalitarismo e racismo ==
== A essência do nazismo: totalitarismo e racismo ==


A essência do fascismo e do nazismo está no [[totalitarismo]],<ref name="ARENDT, Hannah 1990">ARENDT, Hannah (1990). '''Origens do Totalitarismo'''. São Paulo: Companhia das Letras.</ref> especificamente na noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o Estado e, em última instância, o chefe de Estado (no caso da Alemanha, o Führer), deveria controlar tudo e todos. Para isso, a homogeneização da sociedade é fundamental. As formas de controle social em regimes totalitários geralmente envolvem o uso e a exacerbação do [[medo]] a um grau extremo.<ref>CRUZ-NETO, Otávio and MINAYO, Maria Cecília de S.. Extermínio: violentação e banalização da vida. Cad. Saúde Pública [online]. 1994, vol.10, suppl.1, pp. S199-S212</ref> Todos passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e intimidados. Cada indivíduo passa a ser "os olhos e ouvidos" do [[Führer]] no processo de construção de uma sociedade totalitária.<ref name="ARENDT, Hannah 1990"/> Nesse processo de homogeneização totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, como as mobilização das massas nas ruas, foram determinantes <ref>PARADA, Maurício B. A. (2004). "Cultura e Poder em Estados Totalitários: considerações sobre uma história cultural do Fascismo". '''Mneme'''. Caicó, Rio Grande do Norte, v. 5, n. n 10, p. 100-117. http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/culturapoder.pdf</ref>
A essência do fascismo e do nazismo está no [[totalitarismo]],<ref name="ARENDT, Hannah 1990">ARENDT, Hannah (1990). '''Origens do Totalitarismo'''. São Paulo: Companhia das Letras.</ref> especificamente na noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o Estado e, em última instância, o chefe de Estado (no caso da Alemanha, o [[Führer]]), deveria controlar tudo e todos. Para isso, a homogeneização da sociedade é fundamental (''ver: [[Gleichschaltung]]''). As formas de controle social em regimes totalitários geralmente envolvem o uso e a exacerbação do [[medo]] a um grau extremo.<ref>CRUZ-NETO, Otávio and MINAYO, Maria Cecília de S.. Extermínio: violentação e banalização da vida. Cad. Saúde Pública [online]. 1994, vol.10, suppl.1, pp. S199-S212</ref> Todos passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e intimidados. Cada indivíduo passa a ser "os olhos e ouvidos" do Führer no processo de construção de uma sociedade totalitária.<ref name="ARENDT, Hannah 1990"/> Nesse processo de homogeneização totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, como as mobilização das massas nas ruas, foram determinantes.<ref>PARADA, Maurício B. A. (2004). "Cultura e Poder em Estados Totalitários: considerações sobre uma história cultural do Fascismo". '''Mneme'''. Caicó, Rio Grande do Norte, v. 5, n. n 10, p. 100-117. http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/culturapoder.pdf</ref>


Para controlar tudo e todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo o [[nacionalismo]], geralmente associado às rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A ideia de um inimigo externo extremamente poderoso é funcional para unir a sociedade contra o "inimigo comum". O medo<ref>BRITO, Daniel C. & BARP, Wilson J. (2008) "Ambivalência e Medo: faces dos riscos na Modernidade". '''Sociologias''', Porto Alegre, ano 10, nº 20, jul./dez. 2008, p. 20-47. http://www.scielo.br/pdf/soc/n20/a03n20.pdf</ref> de um inimigo externo é funcional para aglutinar socialmente povos que até há pouco tempo não se identificavam como uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no século XIX (Alemanha e Itália). Como Freud havia demonstrado, a necessidade da criação artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização forçada destes, e a existência de membros diferentes no grupo é desestabilizadora, o que leva o grupo a tentar eliminá-lo.<ref>OLIVEIRA, Lucas K. & MANIAKAS, Georgina C. O. F. (2005) Factores Político-Ideológicos en la construcción social de la paranoia. In: Anais do XII Jornadas de Investigación de la Facultad de Psicología, Uba - Primer Encuentro de Investigadores en Psicología del Mercosur, 2005, Buenos Aires. Vol. Tomo 2. p. 95-97. http://www.coband.org/difusion/jornadas/tomo2.pdf</ref> Tão relevante é essa explicação para entender o fenômeno do [[fascismo]] e do nazismo, que as obras de [[Freud]] estiveram entre as primeiras a serem queimadas nas famosas queimas de livros organizadas pelo Partido Nazista, em 1933 e 1934.
Para controlar tudo e todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo o [[nacionalismo]], geralmente associado às rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A ideia de um inimigo externo extremamente poderoso é funcional para unir a sociedade contra o "inimigo comum". O medo <ref>BRITO, Daniel C. & BARP, Wilson J. (2008) "Ambivalência e Medo: faces dos riscos na Modernidade". '''Sociologias''', Porto Alegre, ano 10, nº 20, jul./dez. 2008, p. 20-47. http://www.scielo.br/pdf/soc/n20/a03n20.pdf</ref> de um inimigo externo é funcional para aglutinar socialmente povos que até há pouco tempo não se identificavam como uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no [[século XIX]] (Alemanha e [[Itália]]). Como [[Sigmund Freud]] havia demonstrado, a necessidade da criação artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização forçada destes, e a existência de membros diferentes no grupo é desestabilizadora, o que leva o grupo a tentar eliminá-lo.<ref>OLIVEIRA, Lucas K. & MANIAKAS, Georgina C. O. F. (2005) Factores Político-Ideológicos en la construcción social de la paranoia. In: Anais do XII Jornadas de Investigación de la Facultad de Psicología, Uba - Primer Encuentro de Investigadores en Psicología del Mercosur, 2005, Buenos Aires. Vol. Tomo 2. p. 95-97. http://www.coband.org/difusion/jornadas/tomo2.pdf</ref> Tão relevante é essa explicação para entender o fenômeno do [[fascismo]] e do nazismo, que as obras de Freud estiveram entre as primeiras a serem queimadas nas famosas [[Queima de livros|queimas de livros]] organizadas pelo Partido Nazista, em 1933 e 1934.


Entretanto, era necessário algo mais, além do medo de um inimigo externo, para conseguir atingir o [[ultranacionalismo]] e o [[totalitarismo]]. Era funcional criar inimigos internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios. No [[fascismo]], o papel de 'inimigo sorrateiro' é destinado ao [[comunismo]] e aos [[comunistas]] como um todo. Já o nazismo acrescenta ao rol de inimigos - em que já estava incluído o comunismo - algumas minorias étnico-religiosas: os [[judeus]], em um primeiro momento, e depois os [[ciganos]] e os [[povos eslavos]] (já durante a [[Segunda Guerra Mundial]]). A partir disso é que se torna central o segundo pilar do nazismo - a [[ideologia]] da superioridade racial ariana.
Entretanto, era necessário algo mais, além do medo de um inimigo externo, para conseguir atingir o [[ultranacionalismo]] e o [[totalitarismo]]. Era funcional criar inimigos internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios. No [[fascismo]], o papel de 'inimigo sorrateiro' é destinado ao [[comunismo]] e aos [[comunistas]] como um todo. Já o nazismo acrescenta ao rol de inimigos - em que já estava incluído o comunismo - algumas minorias étnico-religiosas: os [[judeus]], em um primeiro momento, e depois os [[ciganos]] e os [[povos eslavos]] (já durante a [[Segunda Guerra Mundial]]). A partir disso é que se torna central o segundo pilar do nazismo - a [[ideologia]] da superioridade racial ariana.


===O papel da ideologia da superioridade racial no Nazismo===
=== O papel da ideologia da superioridade racial no Nazismo ===

[[Imagem:Stamp RAD.jpg|thumb|<center>Selo que engrandece o trabalhador nazista.</center>]]
[[Imagem:Stamp RAD.jpg|thumb|<center>Selo que engrandece o trabalhador nazista.</center>]]


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Nações incapazes de defender as suas [[fronteira]]s, diziam, seriam a criação de raças fracas ou [[Escravatura|escravas]]. Defendiam eles que as raças escravas eram menos dignas de existir do que as raças-mestras. Em particular, se uma raça-mestra necessitasse de um [[espaço vital]] (''Lebensraum'') para viver, teria ela o direito de tomar o território das raças fracas para si.
Nações incapazes de defender as suas [[fronteira]]s, diziam, seriam a criação de raças fracas ou [[Escravatura|escravas]]. Defendiam eles que as raças escravas eram menos dignas de existir do que as raças-mestras. Em particular, se uma raça-mestra necessitasse de um [[espaço vital]] (''Lebensraum'') para viver, teria ela o direito de tomar o território das raças fracas para si.


Trata-se de uma teoria originalmente concebida pelo geógrafo alemão [[Friedrich Ratzel]], que propôs uma '''antropogeografia''' como um ramo da geografia humana, como o espaço de vida dos grupamento humanos. Ao sistematizar os conhecimentos políticos aplicados pela geografia, Ratzel contribuiu decisivamente para o surgimento da geografia política, que, no início do século XX, foi acrescida do termo geopolítica (este cunhado por Rudolf Kjellèn).
Trata-se de uma teoria originalmente concebida pelo geógrafo alemão [[Friedrich Ratzel]], que propôs uma "[[antropogeografia]]" como um ramo da [[geografia humana]], como o espaço de vida dos grupamento humanos. Ao sistematizar os conhecimentos políticos aplicados pela geografia, Ratzel contribuiu decisivamente para o surgimento da [[geografia política]], que, no início do [[século XX]], foi acrescida do termo [[geopolítica]] (este cunhado por Rudolf Kjellèn).


[[Friedrich Ratzel]] visitou a [[América do Norte]] no início de 1873<ref>Mattelart, Armand. ''The Invention of Communication'', pp. 212–216. University of Minnesota Press, 1996. ISBN 0-8166-2697-9</ref> e se impressionou com a doutrina do [[Destino Manifesto]] nos EUA<ref name=Klinghoffer>Klinghoffer, Arthur Jay. ''The power of projections: how maps reflect global politics and history'' (O poder das projeções: como mapas refletem a política global e a história). Greenwood Publishing Group, 2006. ISBN 0-275-99135-0, p. 86.</ref>. Ratzel simpatizava com os resultados do Destino Manifesto, mas ele nunca usou o termo. Em vez disso, ele contou com a [[Tese da Fronteira]] de [[Frederick Jackson Turner]]<ref>''A''Atlantic Monthly, janeiro 1895, pp. 124-128. [Http://books.google.com/books?id=z5ERAAAAMAAJ&pg=PA124 "A German Appraisal of the United States" (Uma Avaliação Alemã dos Estados Unidos)], em inglês, Página visitada em 17 de outubro de 2009</ref>. Ratzel defendeu colônias ultramarinas para a Alemanha, na Ásia e África, mas não uma expansão em terras eslavas<ref>Woodruff D. Smith, "Friedrich Ratzel and the Origins of Lebensraum",''German Studies Review'', vol. 3, No. 1 (fevereiro de 1980), pp. 51-68 [http://www.jstor.org/stable/1429483 JSTOR]</ref>. Alguns alemães reinterpretaram Ratzel para defender o direito da raça alemã de se expandir na Europa e essa noção foi mais tarde incorporada na ideologia nazista<ref name=Klinghoffer/>. Harriet Wanklyn argumenta que os políticos distorceram a teoria de Ratzel para objetivos políticos<ref>Wanklyn Harriet'', Friedrich Ratzel: A Biographical Memoir and Bibliography''(1961), pp 36-40</ref>.
[[Friedrich Ratzel]] visitou a [[América do Norte]] no início de 1873 <ref>Mattelart, Armand. ''The Invention of Communication'', pp. 212–216. University of Minnesota Press, 1996. ISBN 0-8166-2697-9</ref> e se impressionou com a doutrina do [[Destino Manifesto]] nos EUA <ref name=Klinghoffer>Klinghoffer, Arthur Jay. ''The power of projections: how maps reflect global politics and history'' (O poder das projeções: como mapas refletem a política global e a história). Greenwood Publishing Group, 2006. ISBN 0-275-99135-0, p. 86.</ref>. Ratzel simpatizava com os resultados do Destino Manifesto, mas ele nunca usou o termo. Em vez disso, ele contou com a [[Tese da Fronteira]] de [[Frederick Jackson Turner]] <ref>''A''Atlantic Monthly, janeiro 1895, pp. 124-128. [Http://books.google.com/books?id=z5ERAAAAMAAJ&pg=PA124 "A German Appraisal of the United States" (Uma Avaliação Alemã dos Estados Unidos)], em inglês, Página visitada em 17 de outubro de 2009</ref>. Ratzel defendeu [[Império colonial alemão|colônias ultramarinas para a Alemanha]], na [[Ásia]] e [[África]], mas não uma expansão em terras eslavas <ref>Woodruff D. Smith, "Friedrich Ratzel and the Origins of Lebensraum",''German Studies Review'', vol. 3, No. 1 (fevereiro de 1980), pp. 51-68 [http://www.jstor.org/stable/1429483 JSTOR]</ref>. Alguns alemães reinterpretaram Ratzel para defender o direito da raça alemã de se expandir na Europa e essa noção foi mais tarde incorporada na ideologia nazista <ref name=Klinghoffer/>. Harriet Wanklyn argumenta que os políticos distorceram a teoria de Ratzel para objetivos políticos.<ref>Wanklyn Harriet'', Friedrich Ratzel: A Biographical Memoir and Bibliography''(1961), pp 36-40</ref>


Raças sem [[pátria]] eram, portanto, consideradas "raças [[parasita|parasíticas]]". Quanto mais ricos fossem os membros da "raça parasítica", mais [[vírus|virulento]] seria o parasitismo. Uma raça-mestra podia, portanto, de acordo com a doutrina nazista, endireitar-se facilmente pela eliminação das "raças parasíticas" da sua pátria. Foi essa a justificativa teórica para a opressão e eliminação dos [[judeu]]s, [[cigano]]s, [[eslavo]]s e homossexuais, um dever que muitos nazis consideravam repugnante, tendo eles como prioridade a consolidação do estado ariano.
Raças sem [[pátria]] eram, portanto, consideradas "raças [[parasita|parasíticas]]". Quanto mais ricos fossem os membros da "raça parasítica", mais [[vírus|virulento]] seria o parasitismo. Uma raça-mestra podia, portanto, de acordo com a doutrina nazista, endireitar-se facilmente pela eliminação das "raças parasíticas" da sua pátria. Foi essa a justificativa teórica para a opressão e eliminação dos [[judeu]]s, [[cigano]]s, [[eslavo]]s e homossexuais, um dever que muitos nazis consideravam repugnante, tendo eles como prioridade a consolidação do estado ariano.
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== Base filosófica ==
== Base filosófica ==


Se bem que a raça fosse um fator crucial na visão do mundo dos nazistas, as raízes [[ideologia|ideológicas]] do nazismo iam um pouco mais fundo. Os nazistas procuraram legitimação em obras anteriores, particularmente numa leitura, por muitos considerada discutível, da tradição romântica do [[século XIX]], em especial do pensamento de [[Friedrich Nietzsche]] sobre o desenvolvimento do homem em direção ao ''Übermensch''.
Se bem que a raça fosse um fator crucial na visão do mundo dos nazistas, as raízes [[ideologia|ideológicas]] do nazismo iam um pouco mais fundo. Os nazistas procuraram legitimação em obras anteriores, particularmente numa leitura, por muitos considerada discutível, da tradição romântica do [[século XIX]], em especial do pensamento de [[Friedrich Nietzsche]] sobre o desenvolvimento do homem em direção ao ''[[Übermensch]]''.


No seu livro de 1939, [[Alemanha: Jekyll & Hyde|Alemanha: Jekyll & Hyde]], o escritor [[Sebastian Haffner]] chama o nazismo de "uma primeira (autónoma e nova) forma de [[niilismo]] radical, que nega simultaneamente ''todos'' os valores, sejam eles valores capitalistas e burgueses, sejam eles proletários". É bem verdade que esse ponto de vista acaba por desconsiderar o projeto de crescimento industrial e de manutenção da ordem social estabelecida, como se percebe na Alemanha sob poder nazista, e um repúdio seletivo a elementos da "cultura burguesa tipicamente inglesa" e não apenas burguesa (visto o repúdio aos judeus, parte visível da burguesia na época).
No seu livro de 1939, [[Alemanha: Jekyll & Hyde|Alemanha: Jekyll & Hyde]], o escritor [[Sebastian Haffner]] chama o nazismo de "uma primeira (autónoma e nova) forma de [[niilismo]] radical, que nega simultaneamente ''todos'' os valores, sejam eles valores capitalistas e burgueses, sejam eles proletários". É bem verdade que esse ponto de vista acaba por desconsiderar o projeto de crescimento industrial e de manutenção da ordem social estabelecida, como se percebe na Alemanha sob poder nazista, e um repúdio seletivo a elementos da "cultura burguesa tipicamente inglesa" e não apenas burguesa (visto o repúdio aos [[judeu]]s, parte visível da [[burguesia]] na época).


== Teoria econômica ==
== Teoria econômica ==


O nazismo também defendia uma forte intervenção do Estado na economia para manter o capitalismo e evitar uma crise mais profunda que permitisse a ascensão dos comunistas como havia acontecido na Rússia em 1917 e quase aconteceu na Alemanha em 1918. Dessa forma, o nazismo pode ser considerado uma ideologia contrária ao [[livre mercado]] e ao [[liberalismo|liberalismo econômico]].<ref>[[Ludwig von Mises|VON MISES, Ludwig]] - ''[http://www.mises.org/etexts/mises/anticap.asp A mentalidade anticapitalista]''. Rio de Janeiro: J. Olympio Editor, 1988</ref> O próprio socialista [[George Orwell]] reconheceu que o nazismo era uma forma de capitalismo que utilizava o modelo econômico socialista. <ref>{{citar livro |autor= [[George Orwell]] | título="The Lion and the Unicorn: Socialism and the English Genius" |capitulo=Shopkeepers At War|url=http://www. http://gutenberg.net.au/ebooks03/0300011h.html |acessodata=5 de novembro de 2013|ano=1990 |editora=Penguin Book Ltd |ISBN=978-0140182378 |lingua3=en }} Socialism is usually defined as ‘common ownership of the means of production’. Crudely: the State, representing the whole nation, owns everything, and everyone is a State employee. … Fascism, at the German version, is a form of capitalism that borrows from Socialism just such features as will make it efficient for war purposes.</ref>
O nazismo também defendia uma forte intervenção do Estado na economia para manter o [[capitalismo]] e evitar uma crise mais profunda que permitisse a ascensão dos comunistas como havia acontecido na Rússia em 1917 e quase aconteceu na Alemanha em 1918 (''ver: [[Revoluções de 1917-23]]''). Dessa forma, o nazismo pode ser considerado uma ideologia contrária ao [[livre mercado]] e ao [[liberalismo|liberalismo econômico]].<ref>[[Ludwig von Mises|VON MISES, Ludwig]] - ''[http://www.mises.org/etexts/mises/anticap.asp A mentalidade anticapitalista]''. Rio de Janeiro: J. Olympio Editor, 1988</ref> O próprio socialista [[George Orwell]] reconheceu que o nazismo era uma forma de capitalismo que utilizava o modelo econômico socialista.<ref>{{citar livro |autor= [[George Orwell]] | título="The Lion and the Unicorn: Socialism and the English Genius" |capitulo=Shopkeepers At War|url=http://www. http://gutenberg.net.au/ebooks03/0300011h.html |acessodata=5 de novembro de 2013|ano=1990 |editora=Penguin Book Ltd |ISBN=978-0140182378 |lingua3=en }} Socialism is usually defined as ‘common ownership of the means of production’. Crudely: the State, representing the whole nation, owns everything, and everyone is a State employee. … Fascism, at the German version, is a form of capitalism that borrows from Socialism just such features as will make it efficient for war purposes.</ref>


É relevante ressaltar que, após a [[Primeira Guerra Mundial]], mas especialmente após a [[Crise de 1929]], a maior parte dos novos movimentos políticos assumiram um discurso antiliberal, tanto no plano político como no econômico, e isso inclui desde grupos conservadores, passando por grupos moderados e defensores da democracia e da intervenção do Estado na economia, como [[keynesianos]] e [[social-democratas]], até movimentos [[revolucionários]] anticapitalistas [[socialistas]] ou [[comunistas]].{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=dezembro de 2008}}
É relevante ressaltar que, após a [[Primeira Guerra Mundial]], mas especialmente após a [[Crise de 1929]], a maior parte dos novos movimentos políticos assumiram um discurso [[antiliberal]], tanto no plano político como no econômico, e isso inclui desde grupos [[conservador]]es, passando por grupos moderados e defensores da [[democracia]] e da intervenção do Estado na economia, como [[keynesianos]] e [[social-democratas]], até movimentos [[revolucionários]] [[anticapitalista]]s [[socialistas]] ou [[comunistas]].{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=dezembro de 2008}}


Alguns economistas reconhecem que tanto a Alemanha de Hitler como os Estados Unidos e a Inglaterra só se recuperaram economicamente da [[Crise de 1929]] quando implementaram políticas fortemente intervencionistas, associadas a uma acelerada militarização da sociedade e da economia. Essa militarização da economia se traduziu no direcionamento de vários setores da indústria para atender às enormes encomendas militares, além do fim do desemprego pelo recrutamento de soldados.
Alguns economistas reconhecem que tanto a Alemanha de Hitler como os [[Estados Unidos]] e a [[Inglaterra]] só se recuperaram economicamente da Crise de 1929 ([[Grande Depressão]]), quando implementaram políticas fortemente [[Intervencionismo|intervencionistas]], associadas a uma acelerada [[Militarismo|militarização]] da sociedade e da economia. Essa militarização da economia se traduziu no direcionamento de vários setores da indústria para atender às enormes encomendas militares, além do fim do [[desemprego]] pelo recrutamento de [[soldado]]s.


Por outro lado, um estudo no âmbito da [[Universidade de Barcelona]] mostra que maior parte das empresas que tinha sido colocada sob controle estatal durante nos últimos anos da República de Weimar, no contexto da crise econômica decorrente da [[Grande Depressão]] (Crise de 1929), foi reprivatizada por meio de várias vendas de ações ao público entre 1935 e 1937.<ref name=edu/>
Por outro lado, um estudo no âmbito da [[Universidade de Barcelona]] mostra que maior parte das empresas que tinha sido colocada sob controle estatal durante nos últimos anos da [[República de Weimar]], no contexto da crise econômica decorrente da Grande Depressão, foi reprivatizada por meio de várias vendas de [[Ação (finanças)|ações]] ao público entre 1935 e 1937.<ref name=edu/>


Além da transferência para o setor privado da propriedade pública nas empresas, o governo nazista também privatizou muitos [[serviços públicos]] transferindo estes para o partido nazista.<ref name=edu/> A privatização destes serviços tinham objetivos políticos. Várias organizações nazistas foram encarregadas do fornecimento desses serviços, que sem dúvida, promoveu o apoio ao partido nazista entre os beneficiários. Finalmente, as motivações financeiras desempenharam um papel central na reprivatização nazista, como forma de sanear as finanças públicas e angariar fundos para a militarização do país.<ref name=edu/> Estas privatizações contrariavam uma tendência da época nos países capitalistas ocidentais.<ref name=edu>[http://www.ub.edu/graap/nazi.pdf Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany], em inglês, acesso em 13 de julho de 2014.</ref>.
Além da transferência para o setor privado da propriedade pública nas empresas, o governo nazista também privatizou muitos [[serviços públicos]] transferindo estes para o partido nazista.<ref name=edu/> A privatização destes serviços tinham objetivos políticos. Várias organizações nazistas foram encarregadas do fornecimento desses serviços, que sem dúvida, promoveu o apoio ao partido nazista entre os beneficiários. Finalmente, as motivações financeiras desempenharam um papel central na reprivatização nazista, como forma de sanear as finanças públicas e angariar fundos para a militarização do país.<ref name=edu/> Estas [[Privatização|privatizações]] contrariavam uma tendência da época nos países capitalistas ocidentais.<ref name=edu>[http://www.ub.edu/graap/nazi.pdf Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany], em inglês, acesso em 13 de julho de 2014.</ref>.


===A política econômica===
=== A política econômica ===

{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=março de 2013}}
{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=março de 2013}}

{{Principal|Economia da Alemanha Nazista}}
A [[teoria econômica]] nazista preocupou-se com os assuntos domésticos imediatos e, em separado, com as concepções ideológicas da [[economia]] internacional. A política econômica doméstica concentrou-se em três objetivos principais:
A [[teoria econômica]] nazista preocupou-se com os assuntos domésticos imediatos e, em separado, com as concepções ideológicas da [[economia]] internacional. A política econômica doméstica concentrou-se em três objetivos principais:
*eliminação do desemprego;
*eliminação da hiperinflação;
*expansão da produção de [[bem de consumo|bens de consumo]] para melhorar o nível de vida das [[classe média|classes média]] e [[classe baixa|baixa]]


* eliminação do [[desemprego]];
Todos esses objetivos pretendiam contrariar aquilo que era visto como os defeitos da [[República de Weimar]] e solidificar o apoio doméstico ao partido. Nisso, os nazistas foram bastante bem sucedidos. Entre [[1933]] e [[1936]], o [[Produto Interno Bruto|PIB]] alemão cresceu a uma taxa média anual de 9,5% e a taxa de crescimento da indústria foi de 17,2%. Alguns economistas defendem que a expansão da economia alemã nesse período não foi resultado da ação do partido nazista, mas sim uma consequência das políticas econômicas dos últimos anos da República de Weimar, que começaram então a ter efeito. Tal ponto de vista é contestado visto que pouquíssimo se fez para a manutenção da economia, chegando Hugenberg a afirmar que a política ao seu alcance era uma política que não pretende lutar contra a miséria, mas aprender a conviver lado a lado com ela.
* eliminação da [[hiperinflação]];
* expansão da produção de [[bem de consumo|bens de consumo]] para melhorar o nível de vida das [[classe média|classes média]] e [[classe baixa|baixa]]


Todos esses objetivos pretendiam contrariar aquilo que era visto como os defeitos da [[República de Weimar]] e solidificar o apoio doméstico ao partido. Nisso, os nazistas foram bastante bem sucedidos. Entre [[1933]] e [[1936]], o [[Produto Interno Bruto|PIB]] alemão cresceu a uma taxa média anual de 9,5% e a taxa de crescimento da indústria foi de 17,2%. Alguns economistas defendem que a expansão da economia alemã nesse período não foi resultado da ação do partido nazista, mas sim uma consequência das políticas econômicas dos últimos anos da República de Weimar, que começaram então a ter efeito. Tal ponto de vista é contestado visto que pouquíssimo se fez para a manutenção da economia, chegando [[Alfred Hugenberg]] a afirmar que a política ao seu alcance era uma política que não pretende lutar contra a [[miséria]], mas aprender a conviver lado a lado com ela.
Cabe ainda ressaltar que não existem dúvidas sobre se a economia realmente cresceu ou se só se recuperou da [[Grande Depressão|depressão]], visto que apesar de os [[salário]]s na Alemanha nazista de 1939 serem um pouco menores do que os salários na Alemanha de 1929, a inflação controlada proporcionou um aumento incrível no valor da moeda, o que significa que um marco de 1929 valia muito menos do que um marco de 1939.


Cabe ainda ressaltar que não existem dúvidas sobre se a economia realmente cresceu ou se só se recuperou da [[Grande Depressão|depressão]], visto que apesar de os [[salário]]s na Alemanha nazista de 1939 serem um pouco menores do que os salários na Alemanha de 1929, a [[inflação]] controlada proporcionou um aumento incrível no valor da moeda, o que significa que um Marco (''[[Reichsmark]]'') de 1929 valia muito menos do que um marco de 1939.
Essa expansão empurrou a economia alemã para fora de uma profunda [[Depressão Económica|depressão]] e para o pleno emprego em menos de quatro anos. O [[consumo]] público durante o mesmo período aumentou 18,7%, enquanto que o consumo privado aumentou 3,6% anualmente. No entanto, e uma vez que a produção era mais consumidora do que produtora (a elaboração de projetos de trabalho, a expansão da máquina de guerra, a iniciação do recrutamento para tirar homens em idade produtiva do [[mercado de trabalho]]), as pressões inflacionárias reapareceram, se bem que não chegassem a um nível comparável ao da República de Weimar.


Essa expansão empurrou a economia alemã para fora de uma profunda [[Depressão Económica|depressão]] e para o [[pleno emprego]] em menos de quatro anos. O [[consumo]] público durante o mesmo período aumentou 18,7%, enquanto que o consumo privado aumentou 3,6% anualmente. No entanto, e uma vez que a produção era mais consumidora do que produtora (a elaboração de projetos de trabalho, a expansão da máquina de guerra, a iniciação do recrutamento para tirar homens em idade produtiva do [[mercado de trabalho]]), as pressões inflacionárias reapareceram, se bem que não chegassem a um nível comparável ao da República de Weimar.
Essas pressões econômicas, combinadas com a máquina de guerra azeitada durante a expansão (e as concomitantes pressões para o seu uso), levou alguns comentadores à conclusão de que bastavam essas razões para tornar uma guerra europeia inevitável. Dito de outra forma, sem uma nova guerra europeia, que suportasse essa política econômica consumista e inflacionária, o programa econômico doméstico nazista era insustentável. "Isto não significa que as considerações políticas não tivessem tido maior peso no desencadear da Segunda Guerra Mundial. Significa apenas que a economia foi e continua a ser um dos principais fatores de motivação para que qualquer [[sociedade]] vá para a guerra."


Essas pressões econômicas, combinadas com a máquina de guerra azeitada durante a expansão (e as concomitantes pressões para o seu uso), levou alguns comentadores à conclusão de que bastavam essas razões para tornar uma guerra europeia inevitável. Dito de outra forma, sem uma nova guerra europeia, que suportasse essa política econômica [[consumista]] e inflacionária, o programa econômico doméstico nazista era insustentável. "Isto não significa que as considerações políticas não tivessem tido maior peso no desencadear da Segunda Guerra Mundial. Significa apenas que a economia foi e continua a ser um dos principais fatores de motivação para que qualquer [[sociedade]] vá para a guerra."
O partido nazista acreditava que uma [[cabala]] da banca internacional tinha estado por trás da depressão global dos [[anos 1930]]. O controle dessa cabala foi identificado com os judeus, o que forneceu outra ligação à sua motivação ideológica para o Holocausto. De uma maneira geral, a existência de grandes organizações internacionais da [[banca]] e de banca mercantil era bem conhecida ao seu tempo. Muitas dessas instituições bancárias eram capazes de exercer pressões sobre os estados-nações através da extensão ou da retenção de [[crédito]]s.

O partido nazista acreditava que uma [[cabala]] da banca internacional tinha estado por trás da depressão global dos [[anos 1930]]. O controle dessa cabala foi identificado com os judeus, o que forneceu outra ligação à sua motivação ideológica para o [[Holocausto]]. De uma maneira geral, a existência de grandes organizações internacionais da [[banca]] e de banca mercantil era bem conhecida ao seu tempo. Muitas dessas instituições bancárias eram capazes de exercer pressões sobre os estados-nações através da extensão ou da retenção de [[crédito]]s.


Essa influência não se limita aos pequenos estados que precederam a criação do [[Império Alemão]] enquanto estado-nação na [[década de 1870]], mas surge nas histórias de todas as potências [[Europa|europeias]] desde [[1500]]. Na realidade, algumas corporações transnacionais do período entre 1500 e 1800 (a [[Companhia Holandesa das Índias Orientais]] é um bom exemplo) foram criadas especificamente para entrar em guerras no lugar dos governos e não o inverso.
Essa influência não se limita aos pequenos estados que precederam a criação do [[Império Alemão]] enquanto estado-nação na [[década de 1870]], mas surge nas histórias de todas as potências [[Europa|europeias]] desde [[1500]]. Na realidade, algumas corporações transnacionais do período entre 1500 e 1800 (a [[Companhia Holandesa das Índias Orientais]] é um bom exemplo) foram criadas especificamente para entrar em guerras no lugar dos governos e não o inverso.


Usando mais nomenclatura moderna, ainda que fazê-lo possa ser algo discutível, é possível dizer que o partido nazista estava contra o poder das corporações transnacionais, que considerava excessivo em relação ao dos estados-nação. Embora por motivos por vezes opostos, essa posição anticorporativa é partilhada por muitas forças políticas, desde a esquerda e centro-esquerda até a extrema-direita.
Usando mais nomenclatura moderna, ainda que fazê-lo possa ser algo discutível, é possível dizer que o partido nazista estava contra o poder das corporações transnacionais, que considerava excessivo em relação ao dos estados-nação. Embora por motivos por vezes opostos, essa posição anticorporativa é partilhada por muitas forças políticas, desde a esquerda e [[centro-esquerda]] até a [[extrema-direita]].


É importante fazer notar que a concepção nazista da economia internacional era muito limitada. A principal motivação do partido era incorporar no ''Reich'' recursos que anteriormente não faziam parte dele pela força e não através do [[comércio]]. Isso fez da teoria econômica internacional um fator de suporte da ideologia [[política]] em vez de uma trave mestra da plataforma política, como acontece na maioria dos [[partido político|partidos políticos]] modernos.
É importante fazer notar que a concepção nazista da economia internacional era muito limitada. A principal motivação do partido era incorporar no ''Reich'' recursos que anteriormente não faziam parte dele pela força e não através do [[comércio]]. Isso fez da teoria econômica internacional um fator de suporte da ideologia [[política]] em vez de uma trave mestra da plataforma política, como acontece na maioria dos [[partido político|partidos políticos]] modernos.


Do ponto de vista econômico, o nazismo e o [[fascismo]] estão relacionados. O nazismo pode ser encarado como um subconjunto do fascismo - todos os nazistas são fascistas, mas nem todos os fascistas são nazistas. O nazismo partilha muitas características econômicas com o fascismo, como o controle governamental da finança e do [[investimento]] (através da atribuição de créditos) da [[indústria]] e da [[agricultura]], ao mesmo tempo que o poder corporativo e os sistemas baseados no mercado para criar os preços se mantinham. Citando [[Benito Mussolini]]: "O fascismo devia ser chamado [[corporativismo]], porque é uma fusão do Estado e do poder corporativo."
Do ponto de vista econômico, o nazismo e o [[fascismo]] estão relacionados. O nazismo pode ser encarado como um subconjunto do fascismo - todos os nazistas são fascistas, mas nem todos os fascistas são nazistas. O nazismo partilha muitas características econômicas com o fascismo, como o controle governamental da finança e do [[investimento]] (através da atribuição de créditos) da [[indústria]] e da [[agricultura]], ao mesmo tempo que o poder corporativo e os sistemas baseados no mercado para criar os preços se mantinham. Citando [[Benito Mussolini]]:
{{Cquote|''O fascismo devia ser chamado ''[[corporativismo]],'' porque é uma fusão do Estado e do poder corporativo.''}}


Em vez de ser o estado a requerer bens das empresas industriais e a colocar nelas as matérias-primas necessárias à [[produção]] (como em sistemas socialistas/comunistas), o estado pagava por esses bens. Isso permitia que o preço desempenhasse um papel essencial no fornecimento de informação sobre a escassez dos materiais ou nas principais necessidades em [[tecnologia]] e mão de obra (incluindo a educação de mão de obra qualificada) para a produção de bens. Além disso, o papel que os [[sindicato]]s deviam desempenhar nas relações de trabalho nas empresas era outro ponto de contato entre fascismo e nazismo. Tanto o partido nazista alemão como o [[partido fascista italiano]] tiveram inícios ligados ao [[sindicalismo]] e encaravam o controle estatal como forma de eliminar o conflito nas relações laborais.
Em vez de ser o estado a requerer bens das empresas industriais e a colocar nelas as [[matérias-primas]] necessárias à [[produção]] (como em sistemas socialistas/comunistas), o estado pagava por esses bens. Isso permitia que o preço desempenhasse um papel essencial no fornecimento de informação sobre a escassez dos materiais ou nas principais necessidades em [[tecnologia]] e mão de obra (incluindo a educação de mão de obra qualificada) para a produção de bens. Além disso, o papel que os [[sindicato]]s deviam desempenhar nas relações de trabalho nas empresas era outro ponto de contato entre fascismo e nazismo. Tanto o partido nazista alemão como o [[partido fascista italiano]] tiveram inícios ligados ao [[sindicalismo]] e encaravam o controle estatal como forma de eliminar o conflito nas relações laborais.


== Nazismo e romantismo ==
== Nazismo e romantismo ==

{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}
{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}


De acordo com [[Bertrand Russell]], o nazismo provém de uma tradição diferente quer do [[capitalismo]] liberal quer do [[comunismo]]. E, por isso, para entender os valores do nazismo, é necessário explorar essa ligação sem trivializar o movimento tal como ele era no seu auge, nos [[anos 1930]], e o descartar como pouco mais que [[racismo]]. Muitos historiadores dizem que o elemento antissemítico, que também existe nos movimentos-irmãos do nazismo, os [[fascismo]]s de [[Itália]] e [[Espanha]] (mesmo que em formas e medidas diferentes), foi adaptado por Hitler para obter popularidade para o seu movimento.
De acordo com [[Bertrand Russell]], o nazismo provém de uma tradição diferente quer do [[capitalismo]] liberal quer do [[comunismo]]. E, por isso, para entender os valores do nazismo, é necessário explorar essa ligação sem trivializar o movimento tal como ele era no seu auge, nos [[anos 1930]], e o descartar como pouco mais que [[racismo]]. Muitos historiadores dizem que o elemento antissemítico, que também existe nos movimentos-irmãos do nazismo, os [[fascismo]]s de [[Itália]] e [[Espanha]] (mesmo que em formas e medidas diferentes), foi adaptado por Hitler para obter popularidade para o seu movimento.


O preconceito antissemita era muito comum no mundo ocidental. Por isso, diz-se que a aceitação das massas dependia do antissemitismo e da exaltação do orgulho alemão, ferido com a derrota na [[Primeira Guerra Mundial]]. Mas há quem diga (por exemplo o [[filologia|filólogo]] [[Victor Klemperer]]) que as origens e os valores do nazismo provêm da tradição irracionalista do [[romantismo|movimento romântico]] do início do [[século XIX]]. O historiador e escritor [[Joachim Fest]] vai além, mostrando que o antissemitismo é fruto não de doutrinas atuais, mas sim de tempos remotos. De fato, traços antissemíticos são observados desde o [[Império Romano]].
O preconceito antissemita era muito comum no mundo ocidental. Por isso, diz-se que a aceitação das massas dependia do [[antissemitismo]]/[[antijudaísmo]] e da exaltação do orgulho alemão, ferido com a derrota na [[Primeira Guerra Mundial]]. Mas há quem diga (por exemplo o [[filologia|filólogo]] [[Victor Klemperer]]) que as origens e os valores do nazismo provêm da tradição irracionalista do [[romantismo|movimento romântico]] do início do [[século XIX]]. O [[historiador]] e escritor [[Joachim Fest]] vai além, mostrando que o antissemitismo é fruto não de doutrinas atuais, mas sim de tempos remotos. De fato, traços antissemíticos são observados desde o [[Império Romano]].


== Nazismo e religião ==
== Nazismo e religião ==

{{parcial|esta seção|hist-eu|pol|data=dezembro de 2013}}
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{{Principal|Religião na Alemanha Nazista}}
[[Imagem:Slave laborers at Buchenwald.jpg|thumb|left|Estado deplorável de judeus e outros contrários ao nazismo, no final da guerra, [[campo de concentração]] de Buchenwald]]
{{AP|vt=s|Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial|Visão religiosa de Adolf Hitler}}


[[Imagem:Slave laborers at Buchenwald.jpg|thumb|left|Estado deplorável de judeus e outros contrários ao nazismo, no final da guerra, [[campo de concentração de Buchenwald]].]]
As relações iniciais entre o nazismo e o [[cristianismo]] podem ser descritas como complexas e controversas. Nas igrejas protestantes, a revolução nazista foi no início acolhida com "benévola simpatia".<ref>N. Micklem, ''O Nacional-Socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 4</ref> Tendo o nazismo procurado identificar-se com o patriotismo alemão, algumas personalidades protestantes, como o Dr. [[Martin Niemöller]], votaram inicialmente em favor dos nacionais-socialistas.<ref name="N. Micklem, 1940, p. 5">N. Micklem, ''O Nacional-Socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 5</ref> Em julho de [[1933]], os representantes das [[igrejas protestantes]] alemães escreveram uma constituição para a criação de uma ''[[Igreja do Reich]]'', que foi criada a partir da fusão das 28 [[Luteranismo|igrejas luteranas e reformistas]] alemães, que englobavam em torno de 48 milhões de adeptos,<ref name="Terceiro Reich">''Ascensão e queda do Terceiro Reich - Triunfo e Consolidação 1933-1939''. Volume I. William L. Shirer. Tradução de Pedro Pomar. Agir Editora Ldta., [[2008]]. ISBN 978-85-220-0913-8</ref> e que era considerada a "igreja oficial" do regime.<ref>''História das Religiões. Crenças e práticas religiosas do século XII aos nossos dias''. Grandes Livros da Religião. Editora Folio. [[2008]]. Pág.: 123. ISBN 978-84-413-2489-3</ref>


As relações iniciais entre o nazismo e o [[cristianismo]] podem ser descritas como complexas e controversas. Nas igrejas protestantes, a revolução nazista foi no início acolhida com "benévola simpatia".<ref>N. Micklem, ''O Nacional-Socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 4</ref> Tendo o nazismo procurado identificar-se com o patriotismo alemão, algumas personalidades protestantes, como o Dr. [[Martin Niemöller]], votaram inicialmente em favor dos nacionais-socialistas.<ref name="N. Micklem, 1940, p. 5">N. Micklem, ''O Nacional-Socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 5</ref> Em julho de [[1933]], os representantes das [[igrejas protestantes]] alemães escreveram uma constituição para a criação de uma ''Reichskirche'' ([[Igreja do Reich]]), que foi criada a partir da fusão das 28 [[Luteranismo|igrejas luteranas e reformistas]] alemães, que englobavam em torno de 48 milhões de adeptos,<ref name="Terceiro Reich">''Ascensão e queda do Terceiro Reich - Triunfo e Consolidação 1933-1939''. Volume I. William L. Shirer. Tradução de Pedro Pomar. Agir Editora Ldta., [[2008]]. ISBN 978-85-220-0913-8</ref> e que era considerada a "igreja oficial" do regime.<ref>''História das Religiões. Crenças e práticas religiosas do século XII aos nossos dias''. Grandes Livros da Religião. Editora Folio. [[2008]]. Pág.: 123. ISBN 978-84-413-2489-3</ref>
Desde o início, foi diferente a atitude dos católicos, alarmados pelo conteúdo racista dos livros "Minha Luta", de Adolf Hitler, e "O Mito do Século XX", de Alfred Rosenberg.<ref>N. Micklem, ''O Nacional-Socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 5; Paul Simon, ''Mythos oder Religion'', 4' Auflage, Druck und Verlag der Bonifacius-Druckerei, Paderborn, 1935</ref> Nesses livros, os arianos surgem como os elementos superiores da humanidade, defendendo-se a pureza racial ariana como a primeira necessidade dos alemães. Contrapunham os católicos que a destruição de barreiras entre judeus e gentílicos pertence à própria essência do Evangelho e que o racismo não tem cabimento na igreja cristã.


Desde o início, foi diferente a atitude dos católicos, alarmados pelo conteúdo racista dos livros "Minha Luta", de Adolf Hitler, e "O Mito do Século XX", de [[Alfred Rosenberg]].<ref>N. Micklem, ''O Nacional-Socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 5; Paul Simon, ''Mythos oder Religion'', 4' Auflage, Druck und Verlag der Bonifacius-Druckerei, Paderborn, 1935</ref> Nesses livros, a "[[raça ariana]]" surge como o elemento superior da humanidade, defendendo-se a pureza racial ariana como a primeira necessidade dos alemães. Contrapunham os católicos que a destruição de barreiras entre judeus e [[Gentio|gentílicos]] pertence à própria essência do [[Evangelho]] e que o [[racismo]] não tem cabimento na igreja cristã.
Quando Hitler aceitou uma [[Reichskonkordat|Concordata com o Vaticano]], houve alguns católicos que ainda hesitaram. Os três inimigos mortais da Alemanha, tal como os nazistas afirmavam na sua propaganda interna, eram, porém, claramente identificados: marxismo, judaísmo e cristianismo. A "incompatibilidade fundamental do nacional-socialismo com a religião cristã era manifesta",<ref name="N. Micklem, 1940, p. 5"/> passando todos os cristãos, tanto protestantes como católicos, ao ataque sistemático ao nazismo.<ref>N. Micklem, ''National Socialism and Christianity'', Oxford, 1939 ; idem, ''National Socialism and the Roman Catholic Church'', Oxford, 1938; A. S. Duncan-Jones, ''The Struggle for Religious Freedom in Germany'', Londres, 1938; Michael Powers, ''Religion in the Third Reich'', Nova Iorque, 1939; Hugh Martin et al, ''Christian Counter-Attack'', Nova Iorque, 1944; Johan M. Snoek, ''The Grey Book - a Collection of Protests against anti-Semitism and the Persecution of the Jews issued by non-Roman Catholic Churches and Church Leaders during Hitler's Rule'', Assen, van Gorcum, 1969</ref>


Quando Hitler aceitou uma [[Concordata]] com o [[Vaticano]] (''[[Reichskonkordat]]''), houve alguns católicos que ainda hesitaram. Os três inimigos mortais da Alemanha, tal como os nazistas afirmavam na sua propaganda interna, eram, porém, claramente identificados: [[marxismo]], [[judaísmo]] e [[cristianismo]]. A "incompatibilidade fundamental do nacional-socialismo com a religião cristã era manifesta",<ref name="N. Micklem, 1940, p. 5"/> passando todos os [[cristão]]s, tanto protestantes como católicos, ao ataque sistemático ao nazismo.<ref>N. Micklem, ''National Socialism and Christianity'', Oxford, 1939 ; idem, ''National Socialism and the Roman Catholic Church'', Oxford, 1938; A. S. Duncan-Jones, ''The Struggle for Religious Freedom in Germany'', Londres, 1938; Michael Powers, ''Religion in the Third Reich'', Nova Iorque, 1939; Hugh Martin et al, ''Christian Counter-Attack'', Nova Iorque, 1944; Johan M. Snoek, ''The Grey Book - a Collection of Protests against anti-Semitism and the Persecution of the Jews issued by non-Roman Catholic Churches and Church Leaders during Hitler's Rule'', Assen, van Gorcum, 1969</ref>
Apesar disso, as relações do Partido Nazista com a [[Igreja Católica Romana|Igreja Católica]] têm sido apresentadas por alguns autores{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}} como controversa. Argumentam não saber se Hitler se considerava, ou não, cristão, e que a hierarquia da Igreja, representada pelo [[Papa Pio XI]], se teria mantido basicamente silenciosa. A existência de um Ministério de Assuntos da Igreja, instituído em 1935 e liderado por [[Hanns Kerrl]], teria sido quase ignorada por ideólogos como [[Alfred Rosenberg]] e por outros decisores políticos.


Apesar disso, as relações do Partido Nazista com a [[Igreja Católica Romana|Igreja Católica]] têm sido apresentadas por alguns autores {{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}} como controversa. Argumentam não saber se Hitler se considerava, ou não, cristão, e que a hierarquia da Igreja, representada pelo [[Papa Pio XI]], se teria mantido basicamente silenciosa. A existência de um Ministério de Assuntos da Igreja, instituído em 1935 e liderado por [[Hanns Kerrl]], teria sido quase ignorada por ideólogos como [[Alfred Rosenberg]] e por outros decisores políticos.
Hitler e os outros líderes nazistas procuraram utilizar o [[simbolismo]] e a emoção cristã para propaganda junto ao público alemão, esmagadoramente cristão. Enquanto que autores não cristãos{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}} puseram ênfase na utilização externa da [[doutrina]] cristã, sem dar importância ao que poderia ter sido a [[mitologia]] interna do partido, os cristãos, baseando-se nos livros dos chefes nazis e nos folhetos de propaganda que estes lançavam contra o cristianismo, tipificaram Hitler como [[ateísmo|ateu]] ou [[ocultismo|ocultista]] — ou mesmo um [[Satanismo|satanista]].


Hitler e os outros líderes nazistas procuraram utilizar o [[simbolismo]] e a emoção cristã para propaganda junto ao público alemão, esmagadoramente cristão. Enquanto que autores não cristãos {{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}} puseram ênfase na utilização externa da [[doutrina]] cristã, sem dar importância ao que poderia ter sido a [[mitologia]] interna do partido, os cristãos, baseando-se nos livros dos chefes nazis e nos folhetos de propaganda que estes lançavam contra o cristianismo, tipificaram Hitler como [[ateísmo|ateu]] ou [[ocultismo|ocultista]] — ou mesmo um [[Satanismo|satanista]].
Declarações públicas e oficiais produzidas por autoridades católicas sobre o nazismo existem pelo menos desde o ano de 1930, bem antes da chegada de Hitler ao poder, quando o Ordinário de Mogúncia, em nome do seu bispo, declarou: "O que acabamos de dizer (sobre o nazismo), responde às três perguntas que nos foram postas: a) pode um católico ser membro do partido hitleriano?; b) está um sacerdote católico autorizado a consentir que os adeptos desse partido tomem parte em cerimônias eclesiásticas, incluindo funerais?; c) pode um católico fiel aos princípios do partido ser abrangido pelos sacramentos? Devemos responder 'não' a tais perguntas". <ref>N. Micklem, ''O Nacional socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 12</ref>


[[Dinesh D'Souza]] afirma que membros da cúpula do partido nazista e conselheiros de Hitler como [[Goebbels]], [[Himmler]], [[Heydrich]] e [[Martin Bormann|Bormann]] eram ateus e fortemente [[Antirreligião|antirreligiosos]].<ref>''A verdade sobre o cristianismo''. Dinesh D'Souza, Thomas Nelson Brasil, cáp. 19. ISBN 9788560303793 Adicionado em 26/07/2014.</ref> Segundo registros de conversas com o Führer, feitos por Martin Bormann e que posteriormente serviram de base para o livro ''[[Hitler's Table Talk, 1941-1944: His Private Conversations]]'', em sua intimidade Hitler revelava ser um crítico feroz das [[Religião organizada|religiões organizadas]].<ref>''[[Hitler's Table Talk, 1941-1944: His Private Conversations]].'' Adolf Hitler, Enigma Books, 2000. ISBN 9781929631056 Adicionado em 26/07/2014.</ref>
O Papa Pio XI sabia do que se passava na Alemanha e escreveu vários documentos condenando o nazismo, com destaque para a encíclica de condenação do Nazismo - ''Mit brennender sorge'' ("Com viva preocupação").<ref>[http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_14031937_mit-brennender-sorge_sp.html ''Mit brennender Sorge'', 1937]</ref> Muitos [[padre]]s e líderes católicos opuseram-se com todo o vigor ao nazismo, dizendo que ele era incompatível com a moral e a fé cristã. Tal como aconteceu com muitos opositores políticos, muitos desses padres foram condenados aos [[campo de concentração|campos de concentração]] pela sua [[oposição]]. O próprio Dr. [[Martin Niemöller]], que a princípio lhes dera apoio, foi enviado para ''[[Dachau]]''.<ref>John C. Meyer, "The Forgotten Victims of the Holocaust", ''Journal of Religion, Disability & Health'', Volume 3, nº1, 22 de Janeiro de 1999; ''Catholic Church - the Persecution of the Catholic Church in the Third Reich - Facts and Documents'', Burnes Oates, Londres, 1940.</ref>

Declarações públicas e oficiais produzidas por autoridades católicas sobre o nazismo existem pelo menos desde o ano de 1930, bem antes da chegada de Hitler ao poder, quando o Ordinário de [[Mogúncia]], em nome do seu bispo, declarou:

{{Cquote|''O que acabamos de dizer ''(sobre o nazismo),'' responde às três perguntas que nos foram postas: <br /> a) pode um católico ser membro do partido hitleriano?; <br /> b) está um sacerdote católico autorizado a consentir que os adeptos desse partido tomem parte em cerimônias eclesiásticas, incluindo funerais?; <br /> c) pode um católico fiel aos princípios do partido ser abrangido pelos sacramentos? Devemos responder ''"não"'' a tais perguntas.''<ref>N. Micklem, ''O Nacional socialismo e a Cristandade'', Lisboa, 1940, p. 12</ref>}}

O [[Papa Pio XI]] sabia do que se passava na Alemanha e escreveu vários documentos condenando o nazismo, com destaque para a [[encíclica]] de condenação do Nazismo - ''Mit brennender sorge'' ("Com viva preocupação").<ref>[http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_14031937_mit-brennender-sorge_sp.html ''Mit brennender Sorge'', 1937]</ref> Muitos [[padre]]s e líderes católicos opuseram-se com todo o vigor ao nazismo, dizendo que ele era incompatível com a moral e a fé cristã. Tal como aconteceu com muitos opositores políticos, muitos desses padres foram condenados aos [[campo de concentração|campos de concentração]] pela sua [[oposição]]. O próprio Dr. [[Martin Niemöller]], que a princípio lhes dera apoio, foi enviado para ''[[Dachau]]''.<ref>John C. Meyer, "The Forgotten Victims of the Holocaust", ''Journal of Religion, Disability & Health'', Volume 3, nº1, 22 de Janeiro de 1999; ''Catholic Church - the Persecution of the Catholic Church in the Third Reich - Facts and Documents'', Burnes Oates, Londres, 1940.</ref>
O ano de 1938 ficou assinalado pela anexação da Áustria, imediatamente seguida pelo assalto aos bens e à influência da Igreja; os cardeais [[Innitzer]] e [[Faulhaber]], bem como o arcebispo Grober e o bispo Sproll, foram vítimas de violências organizadas pelas ''[[kochende Volksseele]]''. No mesmo ano de 1938, o [[neopaganismo]] romântico gerado pela ação dos responsáveis e órgãos nazis vai entrar abertamente em ruptura com as igrejas cristãs, protestantes e católica.
O ano de 1938 ficou assinalado pela [[anexação]] da [[Áustria]] (''[[Anschluss]]''), imediatamente seguida pelo assalto aos bens e à influência da Igreja; os cardeais [[Theodor Innitzer]] e [[Michael von Faulhaber]], bem como o [[arcebispo]] [[Conrad Gröber]] e o [[bispo]] [[Johannes Baptista Sproll]], foram vítimas de violências organizadas pelas ''[[kochende Volksseele]]''. No mesmo ano de 1938, o [[neopaganismo]] romântico gerado pela ação dos responsáveis e órgãos nazis vai entrar abertamente em ruptura com as igrejas cristãs, protestantes e católica.


==== Nazismo e paganismo ====
==== Nazismo e paganismo ====


{{Principal|Misticismo nazi}}
Foi por intermédio do nazismo que se deu no século XX a mais importante manifestação do paganismo.<ref>N. Micklem, ''O [[Nacional socialismo]] e a [[Cristianismo|Cristandade]]'', [[Lisboa]], [[1940]], p. 28-29</ref> Uma denuncia da componente pagã do nazismo surgiu nos [[Estados Unidos]], em 1934, logo após a vitória eleitoral e a subida ao poder de Adolf Hitler, como o livro "Nazismo: um assalto à civilização".<ref>Alfred E. Smith et al. , ''Nazism: An Assault on Civilization'', ed. Paassen, Pierre Van and James Waterman Wise, Nova Iorque, Harrison Smith and Robert Haas, 1934, pp. 141, 150, 207, 210.</ref> Nesse livro, chamava-se a atenção para algo que se considerava inquietante: no dia 30 de julho de 1933, mais de cem mil nazistas tinham-se reunido em Eisenach para declarar querer tornar "a origem germânica a realidade divina", restaurando [[Odin]], [[Baldur]], [[Freia]] e os outros deuses teutônicos nos altares da Alemanha - [[Wotan]] deveria estar no lugar de Deus, Siegfried no lugar de [[Cristo]].<ref>Alfred E. Smith et al. , ''Nazism: An Assault on Civilization'', ed. Paassen, Pierre Van and James Waterman Wise, Nova Iorque, Harrison Smith and Robert Haas, 1934, p. 141</ref>

Foi por intermédio do nazismo que se deu no [[século XX]] a mais importante manifestação do [[paganismo]].<ref>N. Micklem, ''O [[Nacional socialismo]] e a [[Cristianismo|Cristandade]]'', [[Lisboa]], [[1940]], p. 28-29</ref> Uma denuncia da componente pagã do nazismo surgiu nos [[Estados Unidos]], em 1934, logo após a vitória eleitoral e a subida ao poder de Adolf Hitler, como o livro "Nazismo: um assalto à civilização".<ref>Alfred E. Smith et al. , ''Nazism: An Assault on Civilization'', ed. Paassen, Pierre Van and James Waterman Wise, Nova Iorque, Harrison Smith and Robert Haas, 1934, pp. 141, 150, 207, 210.</ref> Nesse livro, chamava-se a atenção para algo que se considerava inquietante: no dia 30 de julho de 1933, mais de cem mil nazistas tinham-se reunido em Eisenach para declarar querer tornar "a origem germânica a realidade divina", restaurando [[Odin]], [[Baldur]], [[Freia]] e os outros deuses teutônicos nos altares da Alemanha - [[Wotan]] deveria estar no lugar de [[Deus]], [[Siegfried]] no lugar de [[Cristo]].<ref>Alfred E. Smith et al. , ''Nazism: An Assault on Civilization'', ed. Paassen, Pierre Van and James Waterman Wise, Nova Iorque, Harrison Smith and Robert Haas, 1934, p. 141</ref>

Durante o ano de 1936, os líderes nazis começam a abandonar a "cristandade alemã" ou o que também se designava por "[[cristianismo positivo]]". É então que [[Goebbels]] apresenta o nazismo como se fosse uma [[religião]] a ser respeitada - havia uma nova [[fé]] alemã a defender.

{{Quote2|''O povo alemão não está marcado pelo ''[[pecado original]],'' mas pela nobreza original. O lugar do amor cristão foi tomado pelo amor nacional-socialista, a ideia alemã de camaradagem... que já está sendo expressa simbolicamente, através da substituição do ''[[rosário]]'' pelo trabalho.''<ref>''Os Grandes Líderes: Hitler.'' De [[Dennis Wepman]], [[Editora Nova Cultural]], [[1987]], pág. 42. Adicionado em 26/07/2014.</ref>|Alfred Rosenberg, ideólogo do nazismo}}

Enquanto von Schirach tentava imbuir na ''Hitlerjugend'' ([[Juventude Hitleriana]]) a admiração pelas antigas tribos pagãs, o Movimento da Fé Germânica (''Deutsche Glaubensbewegung'', DGB) fazia o grosso da propaganda. O DGB tinha como [[profeta]] [[Jakob Wilhelm Hauer]] (1881-1962),<ref>Poewe, Karla Poewe; Irving Hexham, "Jakob Wilhelm Hauer's New Religion and National Socialism", ''Journal of Contemporary Religion'', Vol. 20, Nº 2, Maio de 2005, pp. 195-215. http://www.ingentaconnect.com/content/routledg/cjcr/2005/00000020/00000002/art00004</ref> professor de [[Teologia]] em Tübingen, que pregava a ideia de uma fé ariana dos alemães. No livro ''Deutsche Gottschau'', Hauer defendia que a história da Alemanha era mais do que mera sequência de fatos, havendo na sua base uma divindade que encarnava o espírito da [[raça ariana]].<ref>Stephen H. Roberts, ''The House That Hitler Built'', Nova Iorque, Harper & Brothers, 1938, p. 276.</ref>

A [[Páscoa]] de 1936 já foi preparada na Alemanha como se um grande festival pagão fosse. As livrarias encheram-se de literatura pagã e a bandeira azul com o [[disco solar]] dourado do "Movimento da Fé Germânica" (DGB) chegou às mais recônditas zonas rurais. Uma grande manifestação foi organizada em Burg Hunxe, na [[Renânia]].<ref>Stephen H. Roberts, The House That Hitler Built, Nova Iorque, Harper & Brothers, 1938, p. 275-276.</ref> Em 1937, o [[Papa Pio XI]] publica uma Carta Encíclica de condenação do Nazismo - ''Mit brennender sorge'' ("Com viva preocupação"),<ref>[http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_14031937_mit-brennender-sorge_sp.html ''Mit brennender sorge'']</ref> onde diz:


{{Cquote|''Damos graças, veneráveis irmãos, a vós, aos vossos sacerdotes e a todos os fieis que, defendendo os direitos da Divina Majestade contra um provocador neopaganismo, apoiado, desgraçadamente com frequência, por personalidades influentes, haveis cumprido e cumpris o vosso dever de cristãos.''}}
Durante o ano de 1936, os líderes nazis começam a abandonar a "cristandade alemã" ou o que também se designava por "[[cristianismo positivo]]". É então que [[Goebbels]] apresenta o nazismo como se fosse uma religião a ser respeitada - havia uma nova fé alemã a defender. Enquanto von Schirach tentava imbuir na Juventude Hitleriana a admiração pelas antigas tribos pagãs, o Movimento da Fé Germânica (''Deutsche Glaubensbewegung'', DGB) fazia o grosso da propaganda. O DGB tinha como profeta [[Jakob Wilhelm Hauer]] (1881-1962),<ref>Poewe, Karla Poewe; Irving Hexham, "Jakob Wilhelm Hauer's New Religion and National Socialism", ''Journal of Contemporary Religion'', Vol. 20, Nº 2, Maio de 2005, pp. 195-215. http://www.ingentaconnect.com/content/routledg/cjcr/2005/00000020/00000002/art00004</ref> professor de Teologia em Tübingen, que pregava a ideia de uma fé ariana dos alemães. No livro ''Deutsche Gottschau'', Hauer defendia que a história da Alemanha era mais do que mera sequência de fatos, havendo na sua base uma divindade que encarnava o espírito da raça ariana.<ref>Stephen H. Roberts, ''The House That Hitler Built'', Nova Iorque, Harper & Brothers, 1938, p. 276.</ref>


No [[Reuniões de Nuremberg|Comício de Nuremberg]], em 1937, revivia entre os nazistas o paganismo ancestral do povo ariano, surgindo um místico [[laicismo]] como um dos tópicos centrais em discussão: para que a Alemanha voltasse à sua antiga fé, não bastava a [[separação Igreja-Estado]]; as Igrejas cristãs teriam que ser destruídas e o Estado transformado numa nova Igreja; impunha-se uma nova religião nacional.<ref>Edmond Vermeil, ''Germany in the Twentieth Century: A Political and Cultural History of the Weimar Republic and the Third Reich'', Nova Iorque, 1956, pp. 194-195.</ref>
A Páscoa de 1936 já foi preparada na Alemanha como se um grande festival pagão fosse. As livrarias encheram-se de literatura pagã e a bandeira azul com o disco solar dourado do "Movimento da Fé Germânica" (DGB) chegou às mais recônditas zonas rurais. Uma grande manifestação foi organizada em Burg Hunxe, na Renânia.<ref>Stephen H. Roberts, The House That Hitler Built, Nova Iorque, Harper & Brothers, 1938, p. 275-276.</ref> Em 1937, o [[Papa Pio XI]] publica uma Carta Encíclica de condenação do Nazismo - ''Mit brennender sorge'' ("Com viva preocupação"),<ref>[http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_14031937_mit-brennender-sorge_sp.html ''Mit brennender sorge'']</ref> onde diz: ""Damos graças, veneráveis irmãos, a vós, aos vossos sacerdotes e a todos os fieis que, defendendo os direitos da Divina Majestade contra um provocador neopaganismo, apoiado, desgraçadamente com frequência, por personalidades influentes, haveis cumprido e cumpris o vosso dever de cristãos".


O ano de [[1938]] veio a revelar-se como um dos pontos altos de manifestação dessa nova religião pagã. No festival [[mitologia nórdica|nórdico]], do [[Solstício]] de [[Verão]], [[Julius Streicher]], diretor do ''Strümer'' e amigo pessoal de [[Hitler]], perante uma enorme multidão de [[Alemanha|alemães]] reunidos em [[Hesselberg]] (montanha a qual o Fuhrer declarou sagrada), ao lado de uma grande fogueira simbólica, disse:
No Congresso de Nuremberg, em 1937, revivia entre os nazistas o paganismo ancestral do povo ariano, surgindo um místico laicismo como um dos tópicos centrais em discussão: para que a Alemanha voltasse à sua antiga fé, não bastava a separação da Igreja e do Estado; as Igrejas cristãs teriam que ser destruídas e o Estado transformado numa nova Igreja; impunha-se uma nova religião nacional <ref>Edmond Vermeil, ''Germany in the Twentieth Century: A Political and Cultural History of the Weimar Republic and the Third Reich'', Nova Iorque, 1956, pp. 194-195.</ref>


O ano de [[1938]] veio a revelar-se como um dos pontos altos de manifestação dessa nova religião pagã. No festival [[mitologia nórdica|nórdico]], do [[Solestício]] de [[Verão]], [[Julius Streicher]], diretor do ''Strümer'' e amigo pessoal de [[Hitler]], perante uma enorme multidão de [[Alemanha|alemães]] reunidos em [[Hesselberg]] (montanha a qual o Fuhrer declarou sagrada), ao lado de uma grande fogueira simbólica, disse: "Se olharmos para as chamas deste [[fogo]] sagrado e nelas lançarmos os nossos [[pecados]], poderemos baixar desta [[montanha]] com as nossas [[alma]]s limpas. Não precisamos nem de [[padre]]s nem de [[pastor]]es".<ref>N. Micklem, ''O [[Nacional socialismo]] e a [[Cristianismo|Cristandade]]'', [[Lisboa]], [[1940]], p. 29</ref>
{{Cquote|''Se olharmos para as chamas deste ''[[fogo]]'' sagrado e nelas lançarmos os nossos ''[[pecados]],'' poderemos baixar desta ''[[montanha]]'' com as nossas ''[[alma]]s'' limpas. Não precisamos nem de ''[[padre]]s'' nem de'' [[pastor]]es.<ref>N. Micklem, ''O [[Nacional socialismo]] e a [[Cristianismo|Cristandade]]'', [[Lisboa]], [[1940]], p. 29</ref>}}


Esse neopaganismo [[romantismo|romântico]], gerado pela ação dos responsáveis e [[Órgão político|órgãos]] nazistas, com destaque para, além de Goebbels, [[Heinrich Himmler]] e [[Reinhard Heydrich]],<ref>Vincent Carroll e David Shiflett, ''Christianity on Trial'', São Francisco, CA, Encounter Books, 2002, p. 116</ref> entrava então já em clara ruptura com as [[igrejas]] [[Cristianismo|cristãs]], [[Protestantismo|protestantes]] e [[Igreja Católica|católica]]. Em 1938, depois das perseguições aos judeus que vinham desde a subida ao poder de Hitler, a perseguição aos cristãos passava então também a ser sistemática.
Esse neopaganismo [[romantismo|romântico]], gerado pela ação dos responsáveis e [[Órgão político|órgãos]] nazistas, com destaque para, além de Goebbels, [[Heinrich Himmler]] e [[Reinhard Heydrich]],<ref>Vincent Carroll e David Shiflett, ''Christianity on Trial'', São Francisco, CA, Encounter Books, 2002, p. 116</ref> entrava então já em clara ruptura com as [[igrejas]] [[Cristianismo|cristãs]], [[Protestantismo|protestantes]] e [[Igreja Católica|católica]]. Em 1938, depois das perseguições aos judeus que vinham desde a subida ao poder de Hitler, a perseguição aos cristãos passava então também a ser sistemática.


{{quote2|''Nunca mais deve ser permitido às igrejas influírem no comando do povo. Isto deve acabar totalmente e para sempre. Somente assim a existência do ''[[Reich]]'' estará assegurada.''<ref>''Os Grandes Líderes: Hitler.'' De [[Dennis Wepman]], [[Editora Nova Cultural]], [[1987]], pág. 73. Adicionado em 26/07/2014.</ref>|[[Martin Bormann]], [[ajudante de ordens]] de Adolf Hitler.}}
Mais tarde, ao estudar o fenômeno totalitário, o filósofo [[Herbert Marcuse]] identifica na ideologia do nazismo várias camadas sobrepostas, considerando precisamente o paganismo, a par do [[misticismo]], [[racismo]] e [[biologismo]], uma das componentes essenciais da sua "camada mitológica".<ref>Herbert Marcuse, ''Technology, War, and Fascism'', ed. Kellner Douglas, vol. 1, Londres, Routledge, 1998, p. 143-146</ref> A perspectiva de Marcuse foi partilhada pela "[[Escola de Frankfurt]]", especialmente por [[Max Horkheimer]] e [[Erich Fromm]]. Segundo [[Paul Tillich]], no paganismo do nazismo estava o elemento essencial que explicava o seu antissemitismo, no enfoque colocado nos "laços de sangue arianos".<ref>Paul Tillich, ''Against the Third Reich: Paul Tillich's Wartime Addresses to Nazi Germany'', ed. Stone, Ronald H. and Matthew Lon Weaver, trad. de Matthew Lon Weaver, 1ª ed., Louisville, KY, Westminster John Knox Press, 1998, p. 6.</ref> Para [[Emmanuel Levinas]], o nazismo apresentava uma forma de religiosidade pagã que se opunha a toda uma civilização monoteísta. <ref>Howard Caygill, ''Levinas and the Political'', Londres, Routledge, 2002, p. 32.</ref>

Mais tarde, ao estudar o fenômeno totalitário, o filósofo [[Herbert Marcuse]] identifica na ideologia do nazismo várias camadas sobrepostas, considerando precisamente o paganismo, a par do [[misticismo]], [[racismo]] e [[biologismo]], uma das componentes essenciais da sua "camada mitológica".<ref>Herbert Marcuse, ''Technology, War, and Fascism'', ed. Kellner Douglas, vol. 1, Londres, Routledge, 1998, p. 143-146</ref> A perspectiva de Marcuse foi partilhada pela "[[Escola de Frankfurt]]", especialmente por [[Max Horkheimer]] e [[Erich Fromm]]. Segundo [[Paul Tillich]], no paganismo do nazismo estava o elemento essencial que explicava o seu [[antissemitismo]], no enfoque colocado nos "laços de sangue arianos".<ref>Paul Tillich, ''Against the Third Reich: Paul Tillich's Wartime Addresses to Nazi Germany'', ed. Stone, Ronald H. and Matthew Lon Weaver, trad. de Matthew Lon Weaver, 1ª ed., Louisville, KY, Westminster John Knox Press, 1998, p. 6.</ref> Para [[Emmanuel Levinas]], o nazismo apresentava uma forma de religiosidade pagã que se opunha a toda uma civilização [[monoteísta]].<ref>Howard Caygill, ''Levinas and the Political'', Londres, Routledge, 2002, p. 32.</ref>


==== Vítimas religiosas ====
==== Vítimas religiosas ====

{{AP|vt=s|Anticatolicismo}}


[[Imagem:Buchenwald corpse trailer ww2-181.jpg|thumb|Corpos de prisioneiros dos nazistas encontrados pelas tropas americanas em [[Weimar]], [[Alemanha]]]]
[[Imagem:Buchenwald corpse trailer ww2-181.jpg|thumb|Corpos de prisioneiros dos nazistas encontrados pelas tropas americanas em [[Weimar]], [[Alemanha]]]]


Chama-se a atenção também para o fato de as [[Testemunhas de Jeová]] terem sido vítimas por opção. "A guerra nazista contra os judeus visava à sua aniquilação e os deixou com poucas opções para escapar", explicou o Dr. Abraham J. Peck, Diretor Executivo do Museu do Holocausto de [[Houston]], [[Texas]], EUA. "A perseguição nazista contra as Testemunhas de Jeová visava à erradicação da [[religião]]. Por conseguinte, as Testemunhas de Jeová recebiam dos nazistas a oferta de [[liberdade]], caso renunciassem à sua [[fé]]. A maioria das Testemunhas preferiu sofrer e enfrentar a morte junto com as outras vítimas do nazismo a apoiar a [[ideologia]] nazista de ódio e violência."{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}}
Chama-se a atenção também para o fato de as [[Testemunhas de Jeová]] terem sido vítimas por opção (''ver: [[Testemunhas de Jeová e o Holocausto]]''). "A guerra nazista contra os judeus visava à sua aniquilação e os deixou com poucas opções para escapar", explicou o Dr. Abraham J. Peck, Diretor Executivo do Museu do Holocausto de [[Houston]], [[Texas]], EUA. "A perseguição nazista contra as Testemunhas de Jeová visava à erradicação da [[religião]]. Por conseguinte, as Testemunhas de Jeová recebiam dos nazistas a oferta de [[liberdade]], caso renunciassem à sua [[fé]]. A maioria das Testemunhas preferiu sofrer e enfrentar a morte junto com as outras vítimas do nazismo a apoiar a [[ideologia]] nazista de ódio e violência."{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}}


Como judeu polonês, o Dr. [[Ben Abraham]], agora Vice-presidente da [[Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo]], passou cinco anos e meio em campos de concentração, onde conheceu pessoalmente várias Testemunhas de Jeová. Ele disse: "A diferença entre as Testemunhas e todos os outros prisioneiros é que, se renunciassem à sua fé e se comprometessem a denunciar os outros que praticavam a mesma crença, seriam soltas na hora. Mas preferiam permanecer presas a renunciar à fé".{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}}
Como judeu polonês, o Dr. [[Ben Abraham]], agora Vice-presidente da [[Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo]], passou cinco anos e meio em campos de concentração, onde conheceu pessoalmente várias Testemunhas de Jeová. Ele disse: "A diferença entre as Testemunhas e todos os outros prisioneiros é que, se renunciassem à sua fé e se comprometessem a denunciar os outros que praticavam a mesma crença, seriam soltas na hora. Mas preferiam permanecer presas a renunciar à fé".{{Carece de fontes|pol|hist-eu|data=Dezembro de 2008}}

O regime também fez vitimas entre os protestantes. Para controlar os evangélicos foi criado o [[Movimento Cristão Alemão]]. Tal movimento baseava-se no chamado "[[cristianismo positivo]]" que buscava conciliar a ideologia nazista com a doutrina cristã. Em Setembro de 1933, um grupo de cristãos [[evangélico]]s dissidentes criaram a [[Igreja Confessante]] liderada por [[Martin Niemöller]]. Em Maio de 1934 a igreja confessante elaborou a [[Declaração Teológica de Barmen]] reafirmando que a igreja não é servidora do Estado. O governo nazista tomou várias medidas para encerrar as atividades deste grupo e deteve seus membros. [[Dietrich Bonhoeffer]], um dos autores da declaração, foi preso em 1943, por auxiliar judeus, sendo executado no campo de concentração de [[Flossenbürg]] a menos de um mês do final da segunda guerra mundial.


== Nazismo e fascismo ==
== Nazismo e fascismo ==

{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}
{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}


{{Principal|Nazifascismo}}
O termo "nazismo" é frequentemente - mas incorretamente - usado como sinônimo de "[[fascismo]]". Ao passo que o nazismo incorporou elementos estilísticos do fascismo, as semelhanças principais entre os dois foram a ditadura, o [[irredentismo]] territorial e a teoria econômica básica. Por exemplo, [[Benito Mussolini]], o fundador do fascismo, não adaptou o antissemitismo até se ter aliado a Hitler, enquanto que o nazismo foi explicitamente racista desde o início. O ditador espanhol [[Francisco Franco]], frequentemente chamado fascista, poderá talvez ser descrito como um monárquico católico reacionário que adotou pouco do fascismo para além do estilo.

O termo "nazismo" é frequentemente - mas incorretamente - usado como sinônimo de "[[fascismo]]". Ao passo que o nazismo incorporou elementos estilísticos do fascismo, as semelhanças principais entre os dois foram a [[ditadura]], o [[irredentismo]] territorial e a teoria econômica básica. Por exemplo, [[Benito Mussolini]], o fundador do fascismo, não adaptou o antissemitismo até se ter aliado a Hitler, enquanto que o nazismo foi explicitamente racista desde o início. O ditador espanhol [[Francisco Franco]], frequentemente chamado fascista, poderá talvez ser descrito como um monárquico católico [[reacionário]] que adotou pouco do fascismo para além do estilo.


Para o fim do [[século XX]], surgiram movimentos [[neonazismo|neonazistas]] em vários países, incluindo os [[Estados Unidos]] e várias nações europeias. O neonazismo inclui qualquer grupo ou organização que exibe uma ligação ideológica com o nazismo. É frequentemente associado à subcultura juvenil ''[[skinhead]]'', apesar de nem todos membros desta cultura estarem ligados à ideologia nazista. Alguns partidos políticos da orla do espectro como, nos EUA, o [[Partido Verde Nacional Socialista Libertário]] (LNSGP, ou ''Libertarian National Socialist Green Party''), adotaram ideias nazistas.
Para o fim do [[século XX]], surgiram movimentos [[neonazismo|neonazistas]] em vários países, incluindo os [[Estados Unidos]] e várias nações europeias. O neonazismo inclui qualquer grupo ou organização que exibe uma ligação ideológica com o nazismo. É frequentemente associado à subcultura juvenil ''[[skinhead]]'', apesar de nem todos membros desta cultura estarem ligados à ideologia nazista. Alguns partidos políticos da orla do espectro como, nos EUA, o [[Partido Verde Nacional Socialista Libertário]] (LNSGP, ou ''Libertarian National Socialist Green Party''), adotaram ideias nazistas.


== Nazismo e socialismo==
== Nazismo e socialismo==

{{artigo principal|Comparação entre nazismo e stalinismo}}
{{artigo principal|Comparação entre nazismo e stalinismo}}


O socialismo moderno se originou, a partir do [[século XVIII]], de um movimento intelectual e político da classe trabalhadora que criticou os efeitos da [[industrialização]] e da [[propriedade privada]] na sociedade.<ref>{{citar web| titulo=Utopian Socialism |url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/551569/socialism/276337/Utopian-socialism |editor=Encyclopedia Britannica |acessodata=18 fevereiro 2014}}.</ref> O renascimento do [[republicanismo]] na [[Revolução Americana]] de 1776 e os [[Igualitarismo|valores igualitários]] introduzidos pela [[Revolução Francesa]] de 1789 deram origem ao socialismo como um movimento político distinto.<ref>{{citar web| titulo=Socialism |url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/551569/socialism |editor=Encyclopedia Britannica |acessodata=18 fevereiro 2014}}.</ref>
O [[socialismo]] moderno se originou, a partir do [[século XVIII]], de um movimento intelectual e político da classe trabalhadora que criticou os efeitos da [[industrialização]] e da [[propriedade privada]] na sociedade.<ref>{{citar web| titulo=Utopian Socialism |url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/551569/socialism/276337/Utopian-socialism |editor=Encyclopedia Britannica |acessodata=18 fevereiro 2014}}.</ref> O renascimento do [[republicanismo]] na [[Revolução Americana]] de 1776 e os [[Igualitarismo|valores igualitários]] introduzidos pela [[Revolução Francesa]] de 1789 deram origem ao socialismo como um movimento político distinto.<ref>{{citar web| titulo=Socialism |url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/551569/socialism |editor=Encyclopedia Britannica |acessodata=18 fevereiro 2014}}.</ref>


No início do século XIX, o termo socialismo se referia a qualquer preocupação com os problemas sociais do capitalismo, independentemente das soluções para esses problemas. No entanto, no final do século XIX, o socialismo tinha chegado a significar oposição ao capitalismo e defesa de uma alternativa pós-capitalista ao sistema com base em alguma forma de propriedade social.<ref>{{cite book |last= Gasper|first= Phillip |title= The Communist Manifesto: a road map to history's most important political document|publisher=Haymarket Books|date=October 2005|isbn= 1-931859-25-6|page = 24|quote=As the nineteenth century progressed, "socialist" came to signify not only concern with the social question, but opposition to capitalism and support for some form of social ownership.}}</ref>
No início do século XIX, o termo socialismo se referia a qualquer preocupação com os problemas sociais do [[capitalismo]], independentemente das soluções para esses problemas. No entanto, no final do século XIX, o socialismo tinha chegado a significar oposição ao capitalismo e defesa de uma alternativa pós-capitalista ao sistema com base em alguma forma de propriedade social.<ref>{{cite book |last= Gasper|first= Phillip |title= The Communist Manifesto: a road map to history's most important political document|publisher=Haymarket Books|date=October 2005|isbn= 1-931859-25-6|page = 24|quote=As the nineteenth century progressed, "socialist" came to signify not only concern with the social question, but opposition to capitalism and support for some form of social ownership.}}</ref>


Há muitas variedades do socialismo e não há uma única definição abrangendo todos elas.<ref>Peter Lamb, J. C. Docherty. ''Historical dictionary of socialism''. Lanham, Maryland, UK; Oxford, England, UK: Scarecrow Press, Inc, 2006. p. 1.</ref> Os modos socialistas diferem no tipo de propriedade social que defendem, no grau em que eles dependem de [[Socialismo de mercado|mercados]] e no planejamento (como a gestão deve ser organizada dentro das instituições produtivas), bem como no papel do Estado na construção do sistema.<ref>Nove, Alec. ''Socialism''. New Palgrave Dictionary of Economics, Second Edition (2008): http://www.dictionaryofeconomics.com/article?id=pde2008_S000173</ref>
Há muitas variedades do socialismo e não há uma única definição abrangendo todos elas.<ref>Peter Lamb, J. C. Docherty. ''Historical dictionary of socialism''. Lanham, Maryland, UK; Oxford, England, UK: Scarecrow Press, Inc, 2006. p. 1.</ref> Os modos socialistas diferem no tipo de propriedade social que defendem, no grau em que eles dependem de [[Socialismo de mercado|mercados]] e no planejamento (como a gestão deve ser organizada dentro das instituições produtivas), bem como no papel do Estado na construção do sistema.<ref>Nove, Alec. ''Socialism''. New Palgrave Dictionary of Economics, Second Edition (2008): http://www.dictionaryofeconomics.com/article?id=pde2008_S000173</ref>


O socialismo<ref>[http://books.google.com.br/books?id=idClCpbCITsC&pg=PA159&dq=socialismo+nazismo+diferen%C3%A7a&hl=pt-BR&sa=X&ei=7vb_UqK-Hefs0QGIv4HoDA&ved=0CEkQ6AEwBjge#v=onepage&q=socialismo%20nazismo%20diferen%C3%A7a&f=false ''Google Books'', páginas 159 e 170]. Codato, Adriano; Leite, Fernando; Medeiro, Pedro Leonardo. ''Ciências Políticas I''. Editora IESDE Brasil, Curitiba, 2012.</ref> marxista, portanto, não é a única forma de socialismo a ter existido na história, mas é sem dúvida a principal. Embora haja discussões sobre socialismos não marxistas, a doutrina de Karl Marx tem sido a imagem que o socialismo adquiriu desde o fim do século dezenove. Ela é chamada de socialismo científico porque parte de uma análise sociológica e econômica do funcionamento das sociedades.
O socialismo <ref>[http://books.google.com.br/books?id=idClCpbCITsC&pg=PA159&dq=socialismo+nazismo+diferen%C3%A7a&hl=pt-BR&sa=X&ei=7vb_UqK-Hefs0QGIv4HoDA&ved=0CEkQ6AEwBjge#v=onepage&q=socialismo%20nazismo%20diferen%C3%A7a&f=false ''Google Books'', páginas 159 e 170]. Codato, Adriano; Leite, Fernando; Medeiro, Pedro Leonardo. ''Ciências Políticas I''. Editora IESDE Brasil, Curitiba, 2012.</ref> marxista, portanto, não é a única forma de socialismo a ter existido na história, mas é sem dúvida a principal. Embora haja discussões sobre socialismos não marxistas, a doutrina de [[Karl Marx]] tem sido a imagem que o socialismo adquiriu desde o fim do século dezenove. Ela é chamada de [[socialismo científico]] porque parte de uma análise sociológica e econômica do funcionamento das sociedades.

A [[luta de classes]] é o centro da história e determina as leis das ciências sociais. Ela explica por que as sociedades mudam, concebendo esse processo de evolução como um [[materialismo histórico]] e [[Materialismo dialético|dialético]]. É [[materialista]] porque as condições materiais, ou o modo de produção, são a base das transformações; é dialético porque, dentro de uma ordem ou [[tese]], surge uma outra ordem ou [[antítese]], produzindo-se uma crise social profunda, que gera uma nova ordem ou síntese, contrária à anterior.


A semelhança clássica <ref>[http://books.google.com.br/books?id=zwaNOigUDOwC&pg=PA217&dq=socialismo+nazismo+totalitarismo&hl=pt-BR&sa=X&ei=5vf_UrX5I6yO1AHQwICoAg&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q=socialismo%20nazismo%20totalitarismo&f=false ''Google Books'', página 217]. Gonçalves Carvalho, Guildare. ''Direito Constitucional''. Editora Del Rey, 14ª edição, Belo Horizonte, 2008.</ref> entre o socialismo marxista e o nazismo é que ambos são sistemas totalitários. O [[totalitarismo]] é um termo que designa o controle total do [[homem]] pelo [[Estado]]. No lugar do processo democrático de discussão sob a égide da lei, o Estado lança mão de todos os meios possíveis para alcançar seus objetivos. Os regimes totalitários são o socialismo, o nazismo e o fascismo.
A luta de classes é o centro da história e determina as leis das ciências sociais. Ela explica por que as sociedades mudam, concebendo esse processo de evolução como um materialismo histórico e dialético. É materialista porque as condições materiais, ou o modo de produção, são a base das transformações; é dialético porque, dentro de uma ordem ou tese, surge uma outra ordem ou antítese, produzindo-se uma crise social profunda, que gera uma nova ordem ou síntese, contrária à anterior.


Porém, a relação exata entre os dois sistemas é controversa. Alguns autores, como os [[Liberalismo|liberais]] [[Friedrich Hayek]] <ref>{{citar livro |primeiro=Friedrich |último=Hayek | título="O caminho da servidão" |página=185 (livro 154) a 197 (livro168) |capítulo=AS RAÍZES SOCIALISTAS DO NAZISMO |tradução= Anna Maria Capovilla |url=http://www.endireitar.org/site/artigos/socialismo-comunismo/220-as-raizes-socialistas-do-nazismo|acessodata=2 de novembro de 2013|ano=1990|editora=Instituto Liberal (Rio de Janeiro) |ISBN=85-85054-16-6 |lingua3=pt }}</ref> e [[George Reisman]]<ref>{{citar livro |autor=[[George Reisman]] | título="Capitalism: A Treatise on Economics"|capitulo=Universal price control and their consequences – item 4 –SOCIALISM AND THE NAZI PATERN |página=263 |ano=1998 |editora=Jameson Books, Ottawa, Illinois. |ISBN=0-915463-73-3|lingua3=en }} There is only one appropriate name to describe this state of affairs of full government control over production and distribution. And this is socialism. In seizing control over production and distribution, the government fully socializes the economic system. The reason the system must be called socialism is because, in fact, the government exercise all of the powers of ownership.</ref> e os [[conservador]]es [[Leonard Peikoff]], no seu livro ''The Ominous Parallels'',<ref>{{citar livro |primeiro=Leonard |último=Peikoff | título="The Ominous Parallels"|página=18|url=http://www.amazon.com/The-Ominous-Parallels-Freedom-America/dp/0452011175|acessodata=5 de novembro de 2013|ano=1993 |editora=Plume|ISBN=978-0452011175 |lingua3=en }} Private property represent the right of individual to manage and to especulate .. as he pleased, without regard for the general interests. ‘’’German socialism’’’ had to overcome this ‘’private’’, that is, unrestrained and irresponsible view of property. The owner is bound by the people and the [[Reich]] to the responsible management of this good. </ref> e [[Jonah Goldberg]], no seu [[best-seller]] ''[[Liberal Fascism]]'',<ref>{{citar livro |autor=[[Jonah Goldberg]] | título="[[Liberal Fascism]]: The Secret History of the Left from Mussolini to the Politics of Meaning" |url=http://www.amazon.co.uk/Liberal-Fascism-History-Mussolini-Politics/dp/0141039507/ref=tmm_pap_title_0?ie=UTF8&qid=1383617034&sr=8-5|acessodata=5 de novembro de 2013|ano=2009 |editora=Penguin |ISBN=978-0141039503|lingua3=en}} Goldberg demonstra porque Hitler era da esquerda citando que as acusações de que os Nacionais Socialistas serem da direita foram provocadas pelas acusações do movimento comunista-socialista internacionalista soviético.</ref> referiram-se ao nazismo como uma forma de socialismo, apontando para a designação do partido, para a [[retórica]] nazista e para a [[estatização]] da sociedade. Segundo eles, o governo intervinha na economia de modo típico de uma sociedade socialista, controlando totalmente a atividade produtiva.<ref>{{citar livro |primeiro=Friedrich |último=Hayek | título="O caminho da servidão" |página=185 (livro 154) a 197 (livro168) |capítulo=AS RAÍZES SOCIALISTAS DO NAZISMO |tradução= Anna Maria Capovilla |url=http://www.endireitar.org/site/artigos/socialismo-comunismo/220-as-raizes-socialistas-do-nazismo|acessodata=2 de novembro de 2013|ano=1990|editora=Instituto Liberal (Rio de Janeiro) |ISBN=85-85054-16-6 |lingua3=pt }}</ref><ref>{{citar livro |autor=[[George Reisman]] | título="Capitalism: A Treatise on Economics"|capitulo=Universal price control and their consequences – item 4 –SOCIALISM AND THE NAZI PATERN |página=263 |ano=1998 |editora=Jameson Books, Ottawa, Illinois. |ISBN=0-915463-73-3|lingua3=en }} There is only one appropriate name to describe this state of affairs of full government control over production and distribution. And this is socialism. In seizing control over production and distribution, the government fully socializes the economic system. The reason the system must be called socialism is because, in fact, the government exercise all of the powers of ownership.</ref><ref>{{citar livro |primeiro=Leonard |último=Peikoff | título="The Ominous Parallels" |página=18 |url=http://www.amazon.com/The-Ominous-Parallels-Freedom-America/dp/0452011175 |acessodata=5 de novembro de 2013 |ano=1993 |editora=Plume|ISBN=978-0452011175 |lingua3=en }} Private property represent the right of individual to manage and to especulate .. as he pleased, without regard for the general interests. ''German socialism'' had to overcome this ''private'', that is, unrestrained and irresponsible view of property. The owner is bound by the people and the [[Reich]] to the responsible management of this good.</ref><ref>{{citar livro |autor=[[Jonah Goldberg]] | título="[[Liberal Fascism]]: The Secret History of the Left from Mussolini to the Politics of Meaning" |url=http://www.amazon.co.uk/Liberal-Fascism-History-Mussolini-Politics/dp/0141039507/ref=tmm_pap_title_0?ie=UTF8&qid=1383617034&sr=8-5 |acessodata=5 de novembro de 2013 |ano=2009 |editora=Penguin |ISBN=978-0141039503|lingua3=en}}</ref>
A semelhança clássica<ref>[http://books.google.com.br/books?id=zwaNOigUDOwC&pg=PA217&dq=socialismo+nazismo+totalitarismo&hl=pt-BR&sa=X&ei=5vf_UrX5I6yO1AHQwICoAg&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q=socialismo%20nazismo%20totalitarismo&f=false ''Google Books'', página 217]. Gonçalves Carvalho, Guildare. ''Direito Constitucional''. Editora Del Rey, 14ª edição, Belo Horizonte, 2008.</ref> entre o socialismo marxista e o nazismo é que ambos são sistemas totalitários. O totalitarismo é um termo que designa o controle total do homem pelo Estado. No lugar do processo democrático de discussão sob a égide da lei, o Estado lança mão de todos os meios possíveis para alcançar seus objetivos. Os regimes totalitários são o socialismo, o nazismo e o fascismo.


Ludwig von Mises cita:
Porém, a relação exata entre os dois sistemas é controversa. Alguns autores, como os [[Liberalismo|liberais]] [[Friedrich Hayek]]<ref>{{citar livro |primeiro=Friedrich |último=Hayek | título="O caminho da servidão" |página=185 (livro 154) a 197 (livro168) |capítulo=AS RAÍZES SOCIALISTAS DO NAZISMO |tradução= Anna Maria Capovilla |url=http://www.endireitar.org/site/artigos/socialismo-comunismo/220-as-raizes-socialistas-do-nazismo|acessodata=2 de novembro de 2013|ano=1990|editora=Instituto Liberal (Rio de Janeiro) |ISBN=85-85054-16-6 |lingua3=pt }}</ref> e [[George Reisman]]<ref>{{citar livro |autor=[[George Reisman]] | título="Capitalism: A Treatise on Economics"|capitulo=Universal price control and their consequences – item 4 –SOCIALISM AND THE NAZI PATERN |página=263 |ano=1998 |editora=Jameson Books, Ottawa, Illinois. |ISBN=0-915463-73-3|lingua3=en }} There is only one appropriate name to describe this state of affairs of full government control over production and distribution. And this is socialism. In seizing control over production and distribution, the government fully socializes the economic system. The reason the system must be called socialism is because, in fact, the government exercise all of the powers of ownership.</ref> e os conservadores [[Leonard Peikoff]], no seu livro ''The Ominous Parallels'',<ref>{{citar livro |primeiro=Leonard |último=Peikoff | título="The Ominous Parallels"|página=18|url=http://www.amazon.com/The-Ominous-Parallels-Freedom-America/dp/0452011175|acessodata=5 de novembro de 2013|ano=1993 |editora=Plume|ISBN=978-0452011175 |lingua3=en }} Private property represent the right of individual to manage and to especulate .. as he pleased, without regard for the general interests. ‘’’German socialism’’’ had to overcome this ‘’private’’, that is, unrestrained and irresponsible view of property. The owner is bound by the people and the [[Reich]] to the responsible management of this good. </ref> e [[Jonah Goldberg]], no seu [[best-seller]] ''[[Liberal Fascism]]'',<ref>{{citar livro |autor=[[Jonah Goldberg]] | título="[[Liberal Fascism]]: The Secret History of the Left from Mussolini to the Politics of Meaning" |url=http://www.amazon.co.uk/Liberal-Fascism-History-Mussolini-Politics/dp/0141039507/ref=tmm_pap_title_0?ie=UTF8&qid=1383617034&sr=8-5|acessodata=5 de novembro de 2013|ano=2009 |editora=Penguin |ISBN=978-0141039503|lingua3=en}} Goldberg demonstra porque Hitler era da esquerda citando que as acusações de que os Nacionais Socialistas serem da direita foram provocadas pelas acusações do movimento comunista-socialista internacionalista soviético.</ref> referiram-se ao nazismo como uma forma de socialismo, apontando para a designação do partido, para a retórica nazista e para a estatização da sociedade. Segundo eles, o governo intervinha na economia de modo típico de uma sociedade socialista, controlando totalmente a atividade produtiva.<ref>{{citar livro |primeiro=Friedrich |último=Hayek | título="O caminho da servidão" |página=185 (livro 154) a 197 (livro168) |capítulo=AS RAÍZES SOCIALISTAS DO NAZISMO |tradução= Anna Maria Capovilla |url=http://www.endireitar.org/site/artigos/socialismo-comunismo/220-as-raizes-socialistas-do-nazismo|acessodata=2 de novembro de 2013|ano=1990|editora=Instituto Liberal (Rio de Janeiro) |ISBN=85-85054-16-6 |lingua3=pt }}</ref><ref>{{citar livro |autor=[[George Reisman]] | título="Capitalism: A Treatise on Economics"|capitulo=Universal price control and their consequences – item 4 –SOCIALISM AND THE NAZI PATERN |página=263 |ano=1998 |editora=Jameson Books, Ottawa, Illinois. |ISBN=0-915463-73-3|lingua3=en }} There is only one appropriate name to describe this state of affairs of full government control over production and distribution. And this is socialism. In seizing control over production and distribution, the government fully socializes the economic system. The reason the system must be called socialism is because, in fact, the government exercise all of the powers of ownership.</ref><ref>{{citar livro |primeiro=Leonard |último=Peikoff | título="The Ominous Parallels" |página=18 |url=http://www.amazon.com/The-Ominous-Parallels-Freedom-America/dp/0452011175 |acessodata=5 de novembro de 2013 |ano=1993 |editora=Plume|ISBN=978-0452011175 |lingua3=en }} Private property represent the right of individual to manage and to especulate .. as he pleased, without regard for the general interests. ''German socialism'' had to overcome this ''private'', that is, unrestrained and irresponsible view of property. The owner is bound by the people and the [[Reich]] to the responsible management of this good.</ref><ref>{{citar livro |autor=[[Jonah Goldberg]] | título="[[Liberal Fascism]]: The Secret History of the Left from Mussolini to the Politics of Meaning" |url=http://www.amazon.co.uk/Liberal-Fascism-History-Mussolini-Politics/dp/0141039507/ref=tmm_pap_title_0?ie=UTF8&qid=1383617034&sr=8-5 |acessodata=5 de novembro de 2013 |ano=2009 |editora=Penguin |ISBN=978-0141039503|lingua3=en}}</ref>


Ludwig von Mises cita: "O governo diz a estes supostos empreendedores o que e como produzir, a quais preços e de quem comprar, a quais preços e a quem vender... A autoridade, não os consumidores, direciona a produção, todos os cidadãos não são nada mais que funcionários públicos. Isto é socialismo com a aparência externa de capitalismo".<ref>{{citar web |url= http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=98/ |publicado=Mises.org |título=''Por que o Nazismo era Socialismo e por que o Socialismo é Totalitário.'' |data=19 de maio de 2008 |acessodata=1 de novembro de 2013}}}</ref>
{{Cquote|''O governo diz a estes supostos empreendedores o que e como produzir, a quais preços e de quem comprar, a quais preços e a quem vender... A autoridade, não os consumidores, direciona a produção, todos os cidadãos não são nada mais que funcionários públicos. Isto é socialismo com a aparência externa de capitalismo.''<ref>{{citar web |url= http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=98/ |publicado=Mises.org |título=''Por que o Nazismo era Socialismo e por que o Socialismo é Totalitário.'' |data=19 de maio de 2008 |acessodata=1 de novembro de 2013}}}</ref>}}


O próprio Hitler e [[Joseph Goebbels]] chegaram a afirmar, em alguns de seus discursos, que o nacional-socialismo era uma vertente do socialismo, não na forma tradicional do socialismo marxista, mas sim interpretando o socialismo como "exaltação do social".<ref>[[Joseph Goebbels]]. Why Are We Socialists? (em en). Internet achive. Página visitada em 1 de novembro 2013. We are ''socialists'' because we see in socialism, that is the union of all citizens, the only chance to maintain our racial inheritance and to regain our political freedom and renew our German state''.]</ref> Já o socialismo histórico e marxista sempre defendeu o fim da [[propriedade privada]] dos [[meios de produção]] através da [[luta de classes]] como forma para se chegar ao [[socialismo científico]] [[marxismo-leninismo]].<ref>http://www.pcb.org.br/portal/docs/classessociais.pdf</ref>
O próprio Hitler e [[Joseph Goebbels]] chegaram a afirmar, em alguns de seus discursos, que o nacional-socialismo era uma vertente do socialismo, não na forma tradicional do socialismo marxista, mas sim interpretando o socialismo como "exaltação do social".<ref>[[Joseph Goebbels]]. Why Are We Socialists? (em en). Internet achive. Página visitada em 1 de novembro 2013. We are ''socialists'' because we see in socialism, that is the union of all citizens, the only chance to maintain our racial inheritance and to regain our political freedom and renew our German state''.]</ref> Já o socialismo histórico e marxista sempre defendeu o fim da [[propriedade privada]] dos [[meios de produção]] através da [[luta de classes]] como forma para se chegar ao [[socialismo científico]] [[marxismo-leninismo]].<ref>http://www.pcb.org.br/portal/docs/classessociais.pdf</ref>
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=== O anticapitalismo nazista ===
=== O anticapitalismo nazista ===


Os nazistas acreditavam que o capitalismo causava danos às nações pelo controle das finanças internacionais, pelo domínio econômico das grandes empresas e pela influência dos judeus.<ref name=autogenerated20>{{en}} Bendersky, Joseph W. ''A History of Nazi Germany: 1919-1945''. 2nd ed. Burnham Publishers, 2000. p. 72.</ref> Cartazes de propaganda nazista, nos bairros de classe populares, exaltavam o [[anticapitalismo]]. Em um deles, estava escrito: "Manter um sistema industrial podre não tem nada a ver com nacionalismo. Eu posso amar a Alemanha e odiar o capitalismo".<ref>{{en}} Bendersky, Joseph W. ''A History of Nazi Germany: 1919-1945''. 2nd ed. Burnham Publishers, 2000. pp. 58-59</ref>
Os nazistas acreditavam que o [[capitalismo]] causava danos às nações pelo controle das finanças internacionais, pelo domínio econômico das grandes empresas e pela influência dos [[judeu]]s.<ref name=autogenerated20>{{en}} Bendersky, Joseph W. ''A History of Nazi Germany: 1919-1945''. 2nd ed. Burnham Publishers, 2000. p. 72.</ref> Cartazes de [[propaganda nazista]], nos bairros de classe populares, exaltavam o [[anticapitalismo]]. Em um deles, estava escrito: "Manter um sistema industrial podre não tem nada a ver com nacionalismo. Eu posso amar a Alemanha e odiar o capitalismo".<ref>{{en}} Bendersky, Joseph W. ''A History of Nazi Germany: 1919-1945''. 2nd ed. Burnham Publishers, 2000. pp. 58-59</ref>


Hitler expressava, tanto em público como em privado, um profundo desprezo pelo capitalismo, acusando-o de tomar como reféns as nações para beneficiar os interesses de uma classe rentista de "parasitas cosmopolitas".<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399"/> Ele era contra a [[economia de mercado]] e a busca desenfreada do lucro e queria uma economia que respeitasse o interesse público.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 403">{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 403.</ref> Não confiava no capitalismo por causa de sua natureza egoísta e preferiu uma [[economia planificada]], sujeita aos interesses do povo.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399">{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 399</ref> Hitler declarou em 1934, em um quadro do partido, que "o sistema econômico contemporâneo fora criação dos judeus".<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399" />
Hitler expressava, tanto em público como em privado, um profundo desprezo pelo capitalismo, acusando-o de tomar como reféns as nações para beneficiar os interesses de uma classe rentista de "parasitas cosmopolitas".<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399"/> Ele era contra a [[economia de mercado]] e a busca desenfreada do [[lucro]] e queria uma economia que respeitasse o interesse público.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 403">{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 403.</ref> Não confiava no capitalismo por causa de sua natureza egoísta e preferiu uma [[economia planificada]], sujeita aos interesses do povo.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399">{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 399</ref> Hitler declarou em 1934, em um quadro do partido, que "o sistema econômico contemporâneo fora criação dos judeus".<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399" />


Hitler confidenciou um dia para Benito Mussolini que "o capitalismo tinha passado o seu tempo".<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399" /> Hitler também acreditava que a classe empresarial "não queria outra coisa que não fossem lucros e a Pátria não significava nada para eles".<ref>{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 230.</ref> Hitler considerava Napoleão como um modelo para o seu comportamento anticonservador, anticapitalista e antiburguês.<ref>{{en}} ''Hitler's Piano Player: The Rise and Fall of Ernst Hanfstaengl: Confidant of Hitler'', Ally of FDR, New York, New York: Carroll and Graf Publishers, 2004. p. 284.</ref>.
Hitler confidenciou um dia para [[Benito Mussolini]] que "o capitalismo tinha passado o seu tempo".<ref name="R.J. Overy 2004. p. 399" /> Hitler também acreditava que a classe empresarial "não queria outra coisa que não fossem lucros e a Pátria não significava nada para eles".<ref>{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 230.</ref> Hitler considerava [[Napoleão]] como um modelo para o seu comportamento anticonservador, anticapitalista e antiburguês.<ref>{{en}} ''Hitler's Piano Player: The Rise and Fall of Ernst Hanfstaengl: Confidant of Hitler'', Ally of FDR, New York, New York: Carroll and Graf Publishers, 2004. p. 284.</ref>.


Em seu ''[[Mein Kampf]]'', Hitler mostrou o seu compromisso com o [[mercantilismo]]. Ele acreditava que os recursos econômicos ligados a um território tinham que ser requisitados pela força. Ele acreditava na aplicação do conceito de [[espaço vital]] para trazer esses territórios valioso para a economia alemã.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 402">{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 402.</ref>. Ele pensava que a única maneira de manter a segurança econômica era ter controle direto sobre recursos, em vez de depender de comércio internacional.<ref>{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 402</ref> Ele afirmou que a guerra era a única maneira para ganhar esses recursos e o única modo de derrotar o sistema econômico capitalista em declínio.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 402"/>.
Em seu ''[[Mein Kampf]]'', Hitler mostrou o seu compromisso com o [[mercantilismo]]. Ele acreditava que os recursos econômicos ligados a um território tinham que ser requisitados pela força. Ele acreditava na aplicação do conceito de [[espaço vital]] para trazer esses territórios valioso para a economia alemã.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 402">{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 402.</ref>. Ele pensava que a única maneira de manter a segurança econômica era ter controle direto sobre recursos, em vez de depender de comércio internacional.<ref>{{en}} Overy, R.J., ''The Dictators: Hitler's Germany and Stalin's Russia'', W. W. Norton & Company, Inc., 2004. p. 402</ref> Ele afirmou que a [[guerra]] era a única maneira para ganhar esses recursos e o única modo de derrotar o sistema econômico capitalista em declínio.<ref name="R.J. Overy 2004. p. 402"/>.


Um número de nazistas tinha profundas convicções socialistas e anticapitalistas, em particular, [[Ernst Röhm]], o líder da [[Sturmabteilung]] (SA)<ref>{{en}} Nyomarkay, Joseph, ''Charisma and Factionalism in the Nazi Party'', Minnesota University Press, 1967. p. 132</ref>. Röhm alegou que os nazistas chegaram ao poder constituindo uma revolução nacional, mas ele declarou enfaticamente que uma "segunda revolução [[socialista]]" era necessária para que a ideologia nazista fosse completada.<ref name="Nyomarkay, Joseph 1967 p. 130">{{en}} Nyomarkay, Joseph, ''Charisma and Factionalism in the Nazi Party'', Minnesota University Press, 1967. p. 130</ref> Outro nazista de alta patente, o ministro da Propaganda [[Joseph Goebbels]], afirmou categoricamente o caráter socialista do nazismo ao escrever em seu diário que, se ele tivesse que escolher entre o [[Bolchevique|bolchevismo]] e o capitalismo, "seria melhor para nós ir para baixo com o bolchevismo do que viver na escravidão eterna do capitalismo".<ref>{{en}} Read, Anthony, ''The Devil's Disciples: Hitler's Inner Circle'', 1st American ed. New York, New York: W. W. Norton & Company, 2004. p. 142</ref>
Um número de nazistas tinha profundas convicções socialistas e anticapitalistas, em particular, [[Ernst Röhm]], o líder da [[Sturmabteilung]] (SA)<ref>{{en}} Nyomarkay, Joseph, ''Charisma and Factionalism in the Nazi Party'', Minnesota University Press, 1967. p. 132</ref>. Röhm alegou que os nazistas chegaram ao poder constituindo uma revolução nacional, mas ele declarou enfaticamente que uma "segunda revolução [[socialista]]" era necessária para que a ideologia nazista fosse completada.<ref name="Nyomarkay, Joseph 1967 p. 130">{{en}} Nyomarkay, Joseph, ''Charisma and Factionalism in the Nazi Party'', Minnesota University Press, 1967. p. 130</ref> Outro nazista de alta patente, o ministro da Propaganda [[Joseph Goebbels]], afirmou categoricamente o caráter socialista do nazismo ao escrever em seu diário que, se ele tivesse que escolher entre o [[Bolchevique|bolchevismo]] e o capitalismo, "seria melhor para nós ir para baixo com o bolchevismo do que viver na escravidão eterna do capitalismo".<ref>{{en}} Read, Anthony, ''The Devil's Disciples: Hitler's Inner Circle'', 1st American ed. New York, New York: W. W. Norton & Company, 2004. p. 142</ref>


== O termo "nazista" na cultura popular ==
== O termo "nazista" na cultura popular ==

{{Sem-fontes|esta seção|pol|hist-eu|data=dezembro de 2013}}
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As atrocidades cometidas pelo regime nazista e a sua ideologia [[extremismo|extremista]] tornaram o nazismo importante de nota na linguagem popular como na história. O termo "nazista" (no português do Brasil), ou "nazi" (no português europeu), é frequentemente utilizado para descrever grupos de pessoas que tentam impor soluções impopulares ou extremistas à população em geral, ou que cometem [[crime]]s e outros tipos de violações sobre terceiros sem mostrar remorso.
As [[atrocidade]]s cometidas pelo regime nazista e a sua ideologia [[extremismo|extremista]] tornaram o nazismo importante de nota na linguagem popular como na história. O termo "nazista" (no [[português do Brasil]]), ou "nazi" (no [[português europeu]]), é frequentemente utilizado para descrever grupos de pessoas que tentam impor soluções impopulares ou extremistas à população em geral, ou que cometem [[crime]]s e outros tipos de violações sobre terceiros sem mostrar remorso.


Alguns dos usos do termo que se veem na cultura popular são extremamente ofensivos. Frases como "nazista do [[software livre]]" ou "[[feminazi]]" são dois exemplos de usos particularmente objetáveis. Mesmo muitos dos que mais fortemente se opõem ao movimento do software livre não gostam do que encaram como a trivialização dos nazistas. O termo é usado tão frequentemente que inspirou a "[[lei de Godwin]]", segundo a qual "com o prolongamento de uma discussão ''online'', a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo os nazistas ou Hitler aproxima-se de um". Talvez esteja a acontecer o mesmo que com outras palavras ofensivas e a comunidade esteja a reclamar o termo.
Alguns dos usos do termo que se veem na cultura popular são extremamente ofensivos. Expressões como "nazista do [[software livre]]" ou "[[feminazi]]" são exemplos de usos particularmente objetáveis. Mesmo muitos dos que mais fortemente se opõem ao movimento do software livre não gostam do que encaram como a trivialização dos nazistas. O termo é usado tão frequentemente que inspirou a "[[lei de Godwin]]", segundo a qual "com o prolongamento de uma discussão ''online'', a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo os nazistas ou Hitler aproxima-se de um". Talvez esteja a acontecer o mesmo que com outras palavras ofensivas e a comunidade esteja a reclamar o termo.


== Ver também ==
== Ver também ==

*[[Misticismo nazi]]
*[[Nazismo no Brasil]]
* [[Apologia do nazismo]]
*[[Orgulho branco]]
* [[Misticismo nazi]]
* [[Nazismo no Brasil]]
*[[Paul de Lagarde]] — um ideólogo precursor do nazismo
* [[Orgulho branco]]
* [[Paul de Lagarde]] — um ideólogo precursor do nazismo
* [[Resistência alemã]]


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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==

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*1925 - Adolf Hitler -''Mein Kampf - Minha Luta'' (Editora Centauro, 2001).
*1925 - Adolf Hitler -''Mein Kampf - Minha Luta'' (Editora Centauro, 2001).
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==Ligações externas==
== Ligações externas ==

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|commonscat =National Socialism
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Revisão das 16h00min de 26 de julho de 2014

[controverso]

Nazismo, conhecido oficialmente na Alemanha como Nacional-Socialismo[1][2][3][4] (em alemão: Nationalsozialismus), é a ideologia praticada pelo Partido Nazista da Alemanha, formulada por Adolf Hitler e adotada pelo governo da Alemanha de 1933 a 1945. Esse período ficou conhecido como Alemanha Nazista ou Terceiro Reich.[5][6][7][8]

O nazismo é frequentemente considerado por estudiosos como uma derivação do fascismo. Mesmo incorporando elementos comuns tanto da direita política quanto da esquerda política, o nazismo é considerado de extrema direita.[9] Os nazistas foram um dos vários grupos históricos que utilizaram o termo nacional-socialismo para descrever a si mesmos e, na década de 1920, tornaram-se o maior grupo da Alemanha. Os ideais do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) são expressos no seu "Programa de 25 Pontos", proclamado em 1920. Entre os elementos-chave do nazismo, há o antiparlamentarismo, o pangermanismo, o racismo, o coletivismo,[10][11] a eugenia, o antissemitismo/antijudaísmo, o anticomunismo, o totalitarismo e a oposição ao liberalismo econômico e político.[11][12][13]

Na década de 1930, o nazismo não era um movimento monolítico, mas sim uma combinação de várias ideologias e filosofias centradas principalmente no nacionalismo, no anticomunismo e no tradicionalismo. Alguns grupos, como o strasserismo, faziam inicialmente parte do movimento nazista. Uma de suas motivações foi a insatisfação com o Tratado de Versalhes, que era entendido como uma conspiração judaica-comunista para humilhar a Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial. Os males da Alemanha pós-guerra foram críticos para a formação da ideologia e suas críticas à República de Weimar pós-guerra. O Partido Nazista chegou ao poder na Alemanha em 1933.

Em resposta à instabilidade criada pela Grande Depressão, os nazistas procuraram um terceiro modo de gerenciar a economia do seu país, sem que este tivesse ideais comunistas ou capitalistas.[14][15] O governo nazista efetivamente acabou em 7 de maio de 1945, no Dia V-E, quando os nazistas incondicionalmente renderam-se às potências aliadas, que tomaram a administração da Alemanha até que o país formasse o seu próprio governo democrático.

Conceito

[controverso]

O nome do Partido Nazista era "National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei" (N.S.D.A.P.) ou, em português, Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Apesar de o nome socialista ser utilizado, o conceito socialista do nazismo é radicalmente oposto ao conceito do socialismo marxista como é compreendido hoje, na verdade era declaradamente antissocialista ou anticomunista.

O termo National Sozialistische, que em alemão dá origem a "nazismo", era utilizado como forma de se contrapor ao termo comunismo, ou socialismo internacional, no sentido utilizado pelo marxismo. O nazismo pode ser considerado uma forma extrema de fascismo, muitas vezes chamado de nazifascismo. Os vários tipos de fascismos se identificam como antissocialistas.[16]

Hitler dizia que o termo "socialista" era uma palavra de origem alemã, correspondente a um modelo ideal de terras semicoletivas, semiprivadas, que existia entre os antigos povos germânicos do I Reich, e afirmava que Karl Marx, um judeu, havia roubado essa palavra para sua teoria subversiva, o comunismo. Foi justamente para diferenciar a sua proposta de novo modelo de sociedade do socialismo primitivo, que Marx criou o termo comunismo (enquanto estágio pós-socialista). Hitler defendia o retorno ao socialismo germânico do I Reich. Assim, na Alemanha, havia uma disputa retórica e linguístico-formal entre nazistas e comunistas, em torno do uso e do significado do termo "socialismo" na língua alemã.

Quando questionado o porquê de usar a palavra "socialismo" como parte do nome de seu partido, Adolf Hitler disse:

O sistema totalitário com um partido único e com um único líder foi definitivamente implantado no verão de 1934, quando Hitler, através de expurgos sangrentos (ver: Noite dos Longos Punhais) dentro do partido e de suas organizações paramilitares, as SA (Sturmabteilung), conseguiu o apoio total do exército e se nomeou, após a morte do presidente Hindenburg, chefe de Estado, Reichskanzler (chanceler da Alemanha), líder do partido e da nação Alemã.[17]

O nazismo consistia assim em um movimento que defendia a superioridade da raça ariana e a doutrina do "espaço vital" nacional necessário aos alemães. O racismo, no nazismo, alcança um patamar nunca alcançado na história, torna-se uma política de Estado para eliminar outros povos, considerados biologicamente inferiores. Isso porque Hitler julgava que só a raça ariana é "depositária do progresso da civilização" e, portanto, como um povo de senhores, tem de conquistar e submeter as raças inferiores.[18] (ver: Nazismo e raça).

História

Adolf Hitler chegou ao poder enquanto líder de um partido político, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei ou NSDAP). Os termos nazi ou nazista são acrônimos do nome do partido (vem de National Sozialist). A Alemanha desse período é também conhecida como "Alemanha Nazista" ("Alemanha Nazi" PE) e os partidários do nazismo eram (e são) chamados nazistas (nazis PE). O nazismo foi proibido na Alemanha moderna, muito embora pequenos grupos de simpatizantes, chamados neonazistas (neonazis PE), continuem a existir na Alemanha e noutros países. Alguns revisionistas históricos disseminam propaganda que nega ou minimiza o Holocausto (ver: Negacionismo do Holocausto).

Origens

Nacionalismo (Völkisch)

Johann Gottlieb Fichte, considerado um dos pais do nacionalismo alemão

Uma das influências ideológicas mais significativas sobre os nazistas foi o nacionalista alemão Johann Gottlieb Fichte, cujas obras serviram de inspiração para Hitler e outros membros nazistas, incluindo Dietrich Eckart e Arnold Fanck.[19] Em sua obra Discursos à nação alemã (1808), escrita em meio à ocupação napoleônica de Berlim pela França, Fichte invocou uma revolução nacional alemã contra os ocupantes franceses, fazendo discursos públicos, armando seus alunos para a batalha contra os franceses, e salientando a necessidade da ação para expulsar os franceses.[19] O nacionalismo de Fichte era populista e em oposição às elites tradicionais, insistindo na necessidade de uma "Guerra do Povo" (Volkskrieg), conceito este semelhante ao adotado posteriormente pelos nazistas.[19] Fichte promoveu o excepcionalismo alemão e salientou a necessidade da nação alemã ser purificada, incluindo purgar a língua alemã de palavras francesas, uma política que os nazistas empreenderam ao assumir o poder.[19]

Ele denunciou o materialismo, o individualismo e sociedade industrial urbana secularizada, ao defender uma sociedade "superior" com base na cultura "popular" alemã e no "sangue" alemão.[20] Denunciou os estrangeiros, as idéias estrangeiras e declarou que os judeus, as nacionais minorias, católicos e maçons eram "traidores da nação" e indigno da inclusão na nação alemã,[21] ele descreveu o mundo em termos da lei natural e romantismo, exaltando as virtudes da vida rural, condenando a negligência da tradição e da decadência da moral, denunciou a destruição do meio ambiente, e condenou as culturas "cosmopolitas", como as dos judeus e ciganos.[22]

Durante a era da Alemanha Imperial, o nacionalismo foi ofuscado tanto pelo patriotismo prussiano e pela tradição federalista dos vários estados que compunham o império.[23] O evento da Primeira Guerra Mundial, incluindo o fim da monarquia prussiana na Alemanha, resultou em uma onda de nacionalismo revolucionário [24] (ver: Revoluções de 1917-23). Os nazistas apoiaram tais políticas nacionalistas revolucionárias,[24] e alegaram que a sua ideologia era influenciada pela liderança e políticas do chanceler alemão, Otto von Bismarck, o fundador do império alemão.[25] Os nazistas declararam que eles se dedicariam a continuar o processo da criação de um sistema unificado alemão, o Estado-nação, que Bismarck tinha iniciado.[26] Apesar de Hitler ser favorável à criação do Império Alemão, ele era crítico da política interna moderada de Bismarck.[27] Sobre a questão do apoio de Bismarck de aceitar uma "Alemanha Menor", excluindo a Áustria, ao contrario da "Grande Alemanha" dos nazistas, Hitler declarou que a realização de Bismarck foi o "maior conquista" que ele poderia ter alcançado "dentro dos limites possíveis da época".[28] Em Mein Kampf (Minha Luta), Hitler apresentou-se como um "segundo Bismarck".[28]

Georg Ritter von Schönerer

Durante sua juventude, na Áustria, Hitler foi politicamente influenciado pelo pangermanismo austríaco de Georg Ritter von Schonerer, que defendia o radical nacionalismo alemão, o antissemitismo, o anticatolicismo, o anti-eslavismo e visões anti-Habsburgo.[29] Copiando Schonerer e seus seguidores, Hitler adotou para o movimento nazista a saudação do Heil (ver: Saudação nazista e Sieg Heil), o título de Führer, e o modelo de liderança absoluta do partido.[29] Hitler também ficou impressionado com o anti-semitismo populista e agitação anti-liberal burguesa de Karl Lueger, que como prefeito de Viena na época de Hitler, usou na cidade um estilo oratório demagógico, apelando para as massas populares.[30] Lueger, ao contrário de Schonerer, não era um nacionalista alemão mas um defensor pró-católico dos Habsburgos.[30]

Derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e consequências

Nas palavras de Karl Dietrich Bracher:

Em 1917, a Alemanha havia derrotado a Rússia, que se retirou da guerra em meio à Revolução Bolchevique. Entretanto, o povo alemão também estava insatisfeito com a guerra que já durava tempo demais e havia consumido vidas demais. Em 1918, tem início na Alemanha uma série de rebeliões populares, de trabalhadores e soldados, que, inspirados na Revolução Russa de 1917, pretendiam derrubar o governo e acabar com a guerra. Os movimentos mais fortes eram justamente os socialistas, organizados pelo grupo chamado de Liga Espartaquista, liderados por Rosa Luxemburgo, que havia convivido com Lenin quando este morou na Alemanha.

Quase simultaneamente, estouravam rebeliões de camponeses famintos no sul da Alemanha e na região da Bavária. Os comunistas quase tomaram o poder em janeiro de 1919. Entretanto, durante todo o período 1917-1919, a ameaça da insurreição era constante e a elite temia que uma revolução popular pudesse acontecer a qualquer momento. Apesar de a guerra no front ocidental estar tecnicamente empatada, a entrada dos Estados Unidos em favor da Inglaterra e da França, em 1917, começava a mudar a guerra contra a Alemanha. A elite alemã toma uma decisão desesperada: aceita um acordo de paz desfavorável para não correr o risco de ver uma revolução comunista na Alemanha.

Após a Guerra surgiu a "Lenda da punhalada pelas costas" (Dolchstoßlegende). Esta surgiu da crença que os pacifistas, comunistas e judeus eram traidores responsáveis pela derrota do Império alemão. Na década de 1920, os nazistas se levantam como novo bastião contra os socialistas e se utilizam do discurso anticomunista para conseguir doações dos banqueiros e industriais alemães para suas campanhas eleitorais. O Partido Nazista tinha assim dois grandes desafios político-ideológicos: explicar a derrota de um povo teoricamente superior e, ao mesmo tempo, conseguir encontrar um culpado que não fossem os banqueiros alemães, que agora financiavam as campanhas eleitorais do partido Nazista. Hitler construiu a solução na obra "Minha Luta", que refinou posteriormente em outros escritos do Partido Nazi. A solução era simples: Hitler argumentou que a Alemanha havia sido derrotada por uma grande conspiração internacional de judeus (ver: Conspiração judaico-maçônico-comunista internacional). Ele criou uma maléfica e terrível conspiração de judeus de diferentes países (banqueiros judeus na Inglaterra e na França, associados com judeus comunistas na Rússia), que se uniram para derrotar a Alemanha. Hitler conseguiu, com uma só teoria, explicar a derrota na Primeira Guerra Mundial.

A maior parte dos judeus que tinha condições econômicas suficientes deixou a Alemanha quando Hitler tomou o poder em 1933-1934. Logo são iniciadas as primeiras perseguições generalizadas de judeus, mas a maior parte deles se sentiam mais alemães do que judeus e acreditavam que podiam convencer o restante da Alemanha disso. E a perseguição começou aos poucos, em 1933-1934, com a caça aos "judeus comunistas", acusados de provocar o incêndio do Reichstag. Isso permitiu a Hitler eliminar o principal partido de oposição (o Partido Comunista Alemão), prender e mandar matar os líderes sindicais e impor sua ditadura. Na sequência, a "depuração" da sociedade alemã (como os nazistas denominavam esse processo de limpeza étnica), continuou com a prisão dos judeus nos campos de trabalho forçado.

Somando-se os judeus residentes na Alemanha, os que residiam nos países que foram ocupados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (Polônia, Tchecoslováquia, Áustria), ciganos, homossexuais (ver: Homossexuais na Alemanha Nazista) e um número incontável de presos políticos, comunistas, anarquistas e sindicalistas em geral, foram mortos entre 5 e 6 milhões de pessoas, apenas nos campos de concentração.

O Programa de 25 pontos do NSDAP

O "Programa de 25 Pontos", oficialmente "Programa de 25 Pontos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães" (em alemão: Das 25-Punkte-Programm der Nationalsozialistischen Deutschen Arbeiterpartei) é o nome dado ao programa político do Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), tal como foi proclamado em 24 de fevereiro de 1920, em Munique, por Adolf Hitler. O programa foi aprovado por uma audiência de duas mil pessoas (segundo a descrição de Hitler em Mein Kampf), na Hofbräuhaus, uma das maiores cervejarias da cidade.

Em 8 de agosto do mesmo ano, o DAP passou a se chamar Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mantendo o mesmo programa, cujo conteúdo é o seguinte.[31]

  1. Nós pedimos a constituição de uma Grande Alemanha, que reúna todos os alemães, baseados no direito à autodeterminação dos povos.
  2. Pedimos igualdade de direitos para o povo alemão em relação às outras nações e a revogação do Tratado de Versalhes e do Tratado de Saint Germain.
  3. Pedimos terras e colônias para nutrir o nosso povo e reabsorver a nossa população.
  4. Só os cidadãos gozam de direitos cívicos. Para ser cidadão, é necessário ser de sangue alemão. A confissão religiosa pouco importa. Nenhum judeu, porém, pode ser cidadão.
  5. Os não cidadãos só podem viver na Alemanha como hóspedes, e terão de submeter-se à legislação sobre os estrangeiros.
  6. O direito de fixar a orientação e as leis do Estado é reservado unicamente aos cidadãos. Por isso, pedimos que todas as funções públicas, seja qual for a sua natureza, não possam ser exercidas senão por cidadãos. Nós combatemos a prática parlamentar, origem da corrupção, de atribuição de lugares por relações de partido, sem importar o caráter ou a capacidade.
  7. Pedimos que o Estado se comprometa a proporcionar meios de vida a todos os cidadãos. Se o país não puder alimentar toda a população, os não cidadãos devem ser expulsos do Reich.
  8. É necessário impedir novas imigrações de não alemães. Pedimos que todos os não alemães estabelecidos no Reich, depois de 2 de agosto de 1914, sejam imediatamente obrigados a deixar o Reich.
  9. Todos os cidadãos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres.
  10. O primeiro dever do cidadão é trabalhar, física ou intelectualmente. A atividade do indivíduo não deve prejudicar os interesses do coletivo, mas integrar-se dentro desta e para o bem de todos. É por isso que pedimos:
  11. A supressão do rendimento dos ociosos e dos que levam uma vida fácil, a supressão da escravidão do juro.
  12. Considerando os enormes sacrifícios de vidas e de dinheiro que qualquer guerra exige do povo, o enriquecimento pessoal com a guerra deve ser estigmatizado como um crime contra o povo. Pedimos por isso o confisco de todos os lucros de guerra, sem exceção.
  13. Pedimos a nacionalização de todas as empresas que atualmente pertencem a trusts.
  14. Pedimos uma participação nos lucros das grandes empresas.
  15. Pedimos um aumento substancial das pensões de reforma.
  16. Pedimos a criação e proteção de uma classe média sã, a entrega imediata das grandes lojas à administração comunal e o seu aluguel aos pequenos comerciantes, a baixo preço. Deve ser dado prioridade aos pequenos comerciantes e industriais nos fornecimentos ao Estado, aos Länder ou aos municípios.
  17. Pedimos uma reforma agrária adaptada às nossas necessidades nacionais, a promulgação de uma lei que permite a expropriação, sem indenização, de terrenos para fins de utilidade pública, a supressão de impostos sobre os terrenos e a extinção da especulação fundiária.
  18. Pedimos uma luta sem tréguas contra todos os que, pelas suas atividades, prejudicam o interesse nacional. Criminosos de direito comum, traficantes, agiotas etc. devem ser punidos com a pena de morte, sem consideração de credo religioso ou raça.
  19. Pedimos que o direito romano seja substituído por um direito público alemão, pois o primeiro é servidor de uma concepção materialista do mundo.
  20. A extensão da nossa infraestrutura escolar deve permitir a todos os alemães bem dotados e trabalhadores o acesso a uma educação superior e, através dela, aos lugares de direção (ver: Educação na Alemanha Nazista). Os programas de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às necessidades da vida prática. O espírito nacional deve ser incutido na escola a partir da idade da razão. Pedimos que o Estado suporte os encargos da instituição superior dos filhos excepcionalmente dotados de pais pobres, qualquer que seja a sua profissão ou classe social.
  21. O Estado deve preocupar-se em melhorar a saúde pública mediante a proteção da mãe e dos filhos, a introdução de meios idôneos para desenvolver as aptidões físicas, pela obrigação legal de praticar desporto e ginástica, e um apoio poderoso a todas as associações que tenham por objetivo a educação física da juventude.
  22. Pedimos a supressão do exército de mercenários e a criação de um exército nacional.
  23. Pedimos a luta pela lei contra a mentira política consciente e a sua propagação por meio da imprensa. Para que se torne possível a criação de uma imprensa alemã, pedimos que:
    1. todos os diretores e colaboradores de jornais em língua alemã sejam cidadãos alemães;
    2. a difusão dos jornais não alemães seja submetida a autorização expressa. Estes jornais não podem ser impressos em língua alemã;
    3. seja proibida por lei qualquer participação financeira ou de qualquer influência de não alemães em jornais alemães. Pedimos que qualquer infração dessas medidas seja sancionada com o encerramento das empresas de impressão culpadas, bem como pela expulsão imediata, para fora do Reich, dos não alemães responsáveis. Os jornais que forem contra o interesse público devem ser proibidos. Pedimos que se combata pela lei um ensino literário e artístico gerador da desagregação da nossa vida nacional; e o encerramento das organizações que contrariem as medidas anteriores.
  24. Pedimos a liberdade no seio do Estado para todas as confissões religiosas, na medida em que não ponham em perigo a existência do Estado ou não ofendam o sentimento moral da raça germânica. O partido, como tal, defende o ponto de vista de um cristianismo positivo, sem todavia se ligar a uma confissão precisa. Combate o espírito judaico-materialista no interior e no exterior e está convencido de que a restauração duradoura do nosso povo não se pode conseguir senão partindo do interior e com base no princípio: o interesse geral sobrepõe-se ao interesse particular.
  25. Para levar tudo isso a bom termo, pedimos a criação de um poder central forte, a autoridade absoluta do gabinete político sobre a totalidade do Reich e as suas organizações, a criação de câmaras profissionais e de organismos municipais encarregados da realização dos diferentes Länder, de leis e bases promulgadas pelo Reich.

Os dirigentes do partido prometem envidar todos os seus esforços para a realização dos pontos antes enumerados, sacrificando, se for preciso, a sua própria vida.

Munique, 24 de Fevereiro de 1920.

Motivos da ascensão do nacional-socialismo

Uma questão importante sobre o nacional-socialismo tem a ver com os fatores que promoveram a sua ascensão, não só na Alemanha mas também noutros países europeus e do continente americano (podiam encontrar-se movimentos nacional-socialistas na Suécia, Grã-Bretanha, Itália, Espanha, Checoslováquia, Estados Unidos, Argentina e Chile nos anos 1920 e 30).

Esses fatores podem ter sido:

Efeitos

Na condição de escravos do nazismo, judeus e outros perseguidos políticos no campo de concentração de Wobbelin foram libertados pelos Aliados.

As teorias nazistas foram utilizadas para justificar uma agenda política totalitária de ódio racial e de supressão da dissidência com o uso de todos os meios do Estado. Como outros regimes fascistas, o regime nazista punha ênfase no anticomunismo e no chamado princípio do líder (Führerprinzip). Esse é um princípio-chave na ideologia fascista, segundo o qual se considera o líder como a corporização do movimento e da nação. Ao contrário de outras ideologias fascistas, o nazismo era virulentamente racista. Algumas das manifestações do racismo nazista foram:

O anticlericalismo faz parte da ideologia nazista, o que é mais um ponto de divergência com outros fascismos. Talvez o efeito intelectual mais importante do nazismo tenha sido o descrédito, durante pelo menos duas gerações, das tentativas de utilizar a sociobiologia para explicar ou influenciar assuntos sociais.

Líderes

O nazista mais importante foi Adolf Hitler, que governou a Alemanha Nazi de 30 de Janeiro de 1933 até o seu suicídio a 30 de Abril de 1945. Ele levou o III Reich alemão à Segunda Guerra Mundial. Com Hitler, o nacionalismo étnico e o racismo juntaram-se numa ideologia militarista. Depois da guerra, muitos nazis de primeiro plano foram condenados por crimes de guerra e contra a humanidade no Julgamento de Nuremberg. O símbolo nazista é a suástica orientada no sentido dos ponteiros do relógio, sendo desenhada em um plano 5x5.

A essência do nazismo: totalitarismo e racismo

A essência do fascismo e do nazismo está no totalitarismo,[32] especificamente na noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o Estado e, em última instância, o chefe de Estado (no caso da Alemanha, o Führer), deveria controlar tudo e todos. Para isso, a homogeneização da sociedade é fundamental (ver: Gleichschaltung). As formas de controle social em regimes totalitários geralmente envolvem o uso e a exacerbação do medo a um grau extremo.[33] Todos passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e intimidados. Cada indivíduo passa a ser "os olhos e ouvidos" do Führer no processo de construção de uma sociedade totalitária.[32] Nesse processo de homogeneização totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, como as mobilização das massas nas ruas, foram determinantes.[34]

Para controlar tudo e todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo o nacionalismo, geralmente associado às rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A ideia de um inimigo externo extremamente poderoso é funcional para unir a sociedade contra o "inimigo comum". O medo [35] de um inimigo externo é funcional para aglutinar socialmente povos que até há pouco tempo não se identificavam como uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no século XIX (Alemanha e Itália). Como Sigmund Freud havia demonstrado, a necessidade da criação artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização forçada destes, e a existência de membros diferentes no grupo é desestabilizadora, o que leva o grupo a tentar eliminá-lo.[36] Tão relevante é essa explicação para entender o fenômeno do fascismo e do nazismo, que as obras de Freud estiveram entre as primeiras a serem queimadas nas famosas queimas de livros organizadas pelo Partido Nazista, em 1933 e 1934.

Entretanto, era necessário algo mais, além do medo de um inimigo externo, para conseguir atingir o ultranacionalismo e o totalitarismo. Era funcional criar inimigos internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios. No fascismo, o papel de 'inimigo sorrateiro' é destinado ao comunismo e aos comunistas como um todo. Já o nazismo acrescenta ao rol de inimigos - em que já estava incluído o comunismo - algumas minorias étnico-religiosas: os judeus, em um primeiro momento, e depois os ciganos e os povos eslavos (já durante a Segunda Guerra Mundial). A partir disso é que se torna central o segundo pilar do nazismo - a ideologia da superioridade racial ariana.

O papel da ideologia da superioridade racial no Nazismo

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Selo que engrandece o trabalhador nazista.
Hitler e a obra Mein Kampf

De acordo com o livro Mein Kampf ("Minha Luta"), Hitler desenvolveu as suas teorias políticas pela observação cuidadosa das políticas do Império Austro-Húngaro. Ele nasceu como cidadão do Império e acreditava que a sua diversidade étnica e linguística o enfraquecera. Também via a democracia como uma força desestabilizadora, porque colocava o poder nas mãos das minorias étnicas, que tinham incentivo para enfraquecer e desestabilizar mais o Império, diferentemente da ditadura, que colocava o poder nas mãos de indivíduos restritos e intelectualmente favoráveis.

O nazismo defende que uma nação é a máxima criação de uma raça. Consequentemente, as grandes nações (literalmente, nações grandes) seriam a criação de grandes raças. A teoria diz que as grandes nações alcançam tal nível devido aos seus poderios militar e intelectual e que estes, por sua vez, se originam em culturas racionais e civilizadas, que, por sua vez ainda, são criadas por raças com boa saúde natural e traços agressivos, inteligentes e corajosos.

As nações mais fracas seriam então aquelas criadas por raças impuras, isto é, que não apresentam a totalidade de indivíduos de origem única. De acordo com os nazistas, um erro óbvio desse tipo é permitir ou encorajar múltiplas línguas dentro de uma nação. Essa crença é o motivo pelo qual os nazistas alemães estavam tão preocupados com a unificação dos territórios dos povos de língua alemã.

Nações incapazes de defender as suas fronteiras, diziam, seriam a criação de raças fracas ou escravas. Defendiam eles que as raças escravas eram menos dignas de existir do que as raças-mestras. Em particular, se uma raça-mestra necessitasse de um espaço vital (Lebensraum) para viver, teria ela o direito de tomar o território das raças fracas para si.

Trata-se de uma teoria originalmente concebida pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel, que propôs uma "antropogeografia" como um ramo da geografia humana, como o espaço de vida dos grupamento humanos. Ao sistematizar os conhecimentos políticos aplicados pela geografia, Ratzel contribuiu decisivamente para o surgimento da geografia política, que, no início do século XX, foi acrescida do termo geopolítica (este cunhado por Rudolf Kjellèn).

Friedrich Ratzel visitou a América do Norte no início de 1873 [37] e se impressionou com a doutrina do Destino Manifesto nos EUA [38]. Ratzel simpatizava com os resultados do Destino Manifesto, mas ele nunca usou o termo. Em vez disso, ele contou com a Tese da Fronteira de Frederick Jackson Turner [39]. Ratzel defendeu colônias ultramarinas para a Alemanha, na Ásia e África, mas não uma expansão em terras eslavas [40]. Alguns alemães reinterpretaram Ratzel para defender o direito da raça alemã de se expandir na Europa e essa noção foi mais tarde incorporada na ideologia nazista [38]. Harriet Wanklyn argumenta que os políticos distorceram a teoria de Ratzel para objetivos políticos.[41]

Raças sem pátria eram, portanto, consideradas "raças parasíticas". Quanto mais ricos fossem os membros da "raça parasítica", mais virulento seria o parasitismo. Uma raça-mestra podia, portanto, de acordo com a doutrina nazista, endireitar-se facilmente pela eliminação das "raças parasíticas" da sua pátria. Foi essa a justificativa teórica para a opressão e eliminação dos judeus, ciganos, eslavos e homossexuais, um dever que muitos nazis consideravam repugnante, tendo eles como prioridade a consolidação do estado ariano.

As religiões que reconhecessem e ensinassem essas verdades eram as religiões "verdadeiras" ou "mestras" porque criavam liderança ao evitarem as "mentiras reconfortantes". As que pregassem o amor e a tolerância, "em contradição com os fatos", eram chamadas religiões "escravas" ou "falsas". Os homens que aceitassem essas "verdades" eram chamados "líderes naturais"; os que as rejeitassem eram chamados "escravos naturais". Dizia-se dos escravos, especialmente dos inteligentes, que embaraçavam os mestres pela promoção de falsas doutrinas religiosas e políticas.

Base filosófica

Se bem que a raça fosse um fator crucial na visão do mundo dos nazistas, as raízes ideológicas do nazismo iam um pouco mais fundo. Os nazistas procuraram legitimação em obras anteriores, particularmente numa leitura, por muitos considerada discutível, da tradição romântica do século XIX, em especial do pensamento de Friedrich Nietzsche sobre o desenvolvimento do homem em direção ao Übermensch.

No seu livro de 1939, Alemanha: Jekyll & Hyde, o escritor Sebastian Haffner chama o nazismo de "uma primeira (autónoma e nova) forma de niilismo radical, que nega simultaneamente todos os valores, sejam eles valores capitalistas e burgueses, sejam eles proletários". É bem verdade que esse ponto de vista acaba por desconsiderar o projeto de crescimento industrial e de manutenção da ordem social estabelecida, como se percebe na Alemanha sob poder nazista, e um repúdio seletivo a elementos da "cultura burguesa tipicamente inglesa" e não apenas burguesa (visto o repúdio aos judeus, parte visível da burguesia na época).

Teoria econômica

O nazismo também defendia uma forte intervenção do Estado na economia para manter o capitalismo e evitar uma crise mais profunda que permitisse a ascensão dos comunistas como havia acontecido na Rússia em 1917 e quase aconteceu na Alemanha em 1918 (ver: Revoluções de 1917-23). Dessa forma, o nazismo pode ser considerado uma ideologia contrária ao livre mercado e ao liberalismo econômico.[42] O próprio socialista George Orwell reconheceu que o nazismo era uma forma de capitalismo que utilizava o modelo econômico socialista.[43]

É relevante ressaltar que, após a Primeira Guerra Mundial, mas especialmente após a Crise de 1929, a maior parte dos novos movimentos políticos assumiram um discurso antiliberal, tanto no plano político como no econômico, e isso inclui desde grupos conservadores, passando por grupos moderados e defensores da democracia e da intervenção do Estado na economia, como keynesianos e social-democratas, até movimentos revolucionários anticapitalistas socialistas ou comunistas.[carece de fontes?]

Alguns economistas reconhecem que tanto a Alemanha de Hitler como os Estados Unidos e a Inglaterra só se recuperaram economicamente da Crise de 1929 (Grande Depressão), quando implementaram políticas fortemente intervencionistas, associadas a uma acelerada militarização da sociedade e da economia. Essa militarização da economia se traduziu no direcionamento de vários setores da indústria para atender às enormes encomendas militares, além do fim do desemprego pelo recrutamento de soldados.

Por outro lado, um estudo no âmbito da Universidade de Barcelona mostra que maior parte das empresas que tinha sido colocada sob controle estatal durante nos últimos anos da República de Weimar, no contexto da crise econômica decorrente da Grande Depressão, foi reprivatizada por meio de várias vendas de ações ao público entre 1935 e 1937.[44]

Além da transferência para o setor privado da propriedade pública nas empresas, o governo nazista também privatizou muitos serviços públicos transferindo estes para o partido nazista.[44] A privatização destes serviços tinham objetivos políticos. Várias organizações nazistas foram encarregadas do fornecimento desses serviços, que sem dúvida, promoveu o apoio ao partido nazista entre os beneficiários. Finalmente, as motivações financeiras desempenharam um papel central na reprivatização nazista, como forma de sanear as finanças públicas e angariar fundos para a militarização do país.[44] Estas privatizações contrariavam uma tendência da época nos países capitalistas ocidentais.[44].

A política econômica

Ver artigo principal: Economia da Alemanha Nazista

A teoria econômica nazista preocupou-se com os assuntos domésticos imediatos e, em separado, com as concepções ideológicas da economia internacional. A política econômica doméstica concentrou-se em três objetivos principais:

Todos esses objetivos pretendiam contrariar aquilo que era visto como os defeitos da República de Weimar e solidificar o apoio doméstico ao partido. Nisso, os nazistas foram bastante bem sucedidos. Entre 1933 e 1936, o PIB alemão cresceu a uma taxa média anual de 9,5% e a taxa de crescimento da indústria foi de 17,2%. Alguns economistas defendem que a expansão da economia alemã nesse período não foi resultado da ação do partido nazista, mas sim uma consequência das políticas econômicas dos últimos anos da República de Weimar, que começaram então a ter efeito. Tal ponto de vista é contestado visto que pouquíssimo se fez para a manutenção da economia, chegando Alfred Hugenberg a afirmar que a política ao seu alcance era uma política que não pretende lutar contra a miséria, mas aprender a conviver lado a lado com ela.

Cabe ainda ressaltar que não existem dúvidas sobre se a economia realmente cresceu ou se só se recuperou da depressão, visto que apesar de os salários na Alemanha nazista de 1939 serem um pouco menores do que os salários na Alemanha de 1929, a inflação controlada proporcionou um aumento incrível no valor da moeda, o que significa que um Marco (Reichsmark) de 1929 valia muito menos do que um marco de 1939.

Essa expansão empurrou a economia alemã para fora de uma profunda depressão e para o pleno emprego em menos de quatro anos. O consumo público durante o mesmo período aumentou 18,7%, enquanto que o consumo privado aumentou 3,6% anualmente. No entanto, e uma vez que a produção era mais consumidora do que produtora (a elaboração de projetos de trabalho, a expansão da máquina de guerra, a iniciação do recrutamento para tirar homens em idade produtiva do mercado de trabalho), as pressões inflacionárias reapareceram, se bem que não chegassem a um nível comparável ao da República de Weimar.

Essas pressões econômicas, combinadas com a máquina de guerra azeitada durante a expansão (e as concomitantes pressões para o seu uso), levou alguns comentadores à conclusão de que bastavam essas razões para tornar uma guerra europeia inevitável. Dito de outra forma, sem uma nova guerra europeia, que suportasse essa política econômica consumista e inflacionária, o programa econômico doméstico nazista era insustentável. "Isto não significa que as considerações políticas não tivessem tido maior peso no desencadear da Segunda Guerra Mundial. Significa apenas que a economia foi e continua a ser um dos principais fatores de motivação para que qualquer sociedade vá para a guerra."

O partido nazista acreditava que uma cabala da banca internacional tinha estado por trás da depressão global dos anos 1930. O controle dessa cabala foi identificado com os judeus, o que forneceu outra ligação à sua motivação ideológica para o Holocausto. De uma maneira geral, a existência de grandes organizações internacionais da banca e de banca mercantil era bem conhecida ao seu tempo. Muitas dessas instituições bancárias eram capazes de exercer pressões sobre os estados-nações através da extensão ou da retenção de créditos.

Essa influência não se limita aos pequenos estados que precederam a criação do Império Alemão enquanto estado-nação na década de 1870, mas surge nas histórias de todas as potências europeias desde 1500. Na realidade, algumas corporações transnacionais do período entre 1500 e 1800 (a Companhia Holandesa das Índias Orientais é um bom exemplo) foram criadas especificamente para entrar em guerras no lugar dos governos e não o inverso.

Usando mais nomenclatura moderna, ainda que fazê-lo possa ser algo discutível, é possível dizer que o partido nazista estava contra o poder das corporações transnacionais, que considerava excessivo em relação ao dos estados-nação. Embora por motivos por vezes opostos, essa posição anticorporativa é partilhada por muitas forças políticas, desde a esquerda e centro-esquerda até a extrema-direita.

É importante fazer notar que a concepção nazista da economia internacional era muito limitada. A principal motivação do partido era incorporar no Reich recursos que anteriormente não faziam parte dele pela força e não através do comércio. Isso fez da teoria econômica internacional um fator de suporte da ideologia política em vez de uma trave mestra da plataforma política, como acontece na maioria dos partidos políticos modernos.

Do ponto de vista econômico, o nazismo e o fascismo estão relacionados. O nazismo pode ser encarado como um subconjunto do fascismo - todos os nazistas são fascistas, mas nem todos os fascistas são nazistas. O nazismo partilha muitas características econômicas com o fascismo, como o controle governamental da finança e do investimento (através da atribuição de créditos) da indústria e da agricultura, ao mesmo tempo que o poder corporativo e os sistemas baseados no mercado para criar os preços se mantinham. Citando Benito Mussolini:

Em vez de ser o estado a requerer bens das empresas industriais e a colocar nelas as matérias-primas necessárias à produção (como em sistemas socialistas/comunistas), o estado pagava por esses bens. Isso permitia que o preço desempenhasse um papel essencial no fornecimento de informação sobre a escassez dos materiais ou nas principais necessidades em tecnologia e mão de obra (incluindo a educação de mão de obra qualificada) para a produção de bens. Além disso, o papel que os sindicatos deviam desempenhar nas relações de trabalho nas empresas era outro ponto de contato entre fascismo e nazismo. Tanto o partido nazista alemão como o partido fascista italiano tiveram inícios ligados ao sindicalismo e encaravam o controle estatal como forma de eliminar o conflito nas relações laborais.

Nazismo e romantismo

De acordo com Bertrand Russell, o nazismo provém de uma tradição diferente quer do capitalismo liberal quer do comunismo. E, por isso, para entender os valores do nazismo, é necessário explorar essa ligação sem trivializar o movimento tal como ele era no seu auge, nos anos 1930, e o descartar como pouco mais que racismo. Muitos historiadores dizem que o elemento antissemítico, que também existe nos movimentos-irmãos do nazismo, os fascismos de Itália e Espanha (mesmo que em formas e medidas diferentes), foi adaptado por Hitler para obter popularidade para o seu movimento.

O preconceito antissemita era muito comum no mundo ocidental. Por isso, diz-se que a aceitação das massas dependia do antissemitismo/antijudaísmo e da exaltação do orgulho alemão, ferido com a derrota na Primeira Guerra Mundial. Mas há quem diga (por exemplo o filólogo Victor Klemperer) que as origens e os valores do nazismo provêm da tradição irracionalista do movimento romântico do início do século XIX. O historiador e escritor Joachim Fest vai além, mostrando que o antissemitismo é fruto não de doutrinas atuais, mas sim de tempos remotos. De fato, traços antissemíticos são observados desde o Império Romano.

Nazismo e religião

Ver artigo principal: Religião na Alemanha Nazista
Estado deplorável de judeus e outros contrários ao nazismo, no final da guerra, campo de concentração de Buchenwald.

As relações iniciais entre o nazismo e o cristianismo podem ser descritas como complexas e controversas. Nas igrejas protestantes, a revolução nazista foi no início acolhida com "benévola simpatia".[45] Tendo o nazismo procurado identificar-se com o patriotismo alemão, algumas personalidades protestantes, como o Dr. Martin Niemöller, votaram inicialmente em favor dos nacionais-socialistas.[46] Em julho de 1933, os representantes das igrejas protestantes alemães escreveram uma constituição para a criação de uma Reichskirche (Igreja do Reich), que foi criada a partir da fusão das 28 igrejas luteranas e reformistas alemães, que englobavam em torno de 48 milhões de adeptos,[47] e que era considerada a "igreja oficial" do regime.[48]

Desde o início, foi diferente a atitude dos católicos, alarmados pelo conteúdo racista dos livros "Minha Luta", de Adolf Hitler, e "O Mito do Século XX", de Alfred Rosenberg.[49] Nesses livros, a "raça ariana" surge como o elemento superior da humanidade, defendendo-se a pureza racial ariana como a primeira necessidade dos alemães. Contrapunham os católicos que a destruição de barreiras entre judeus e gentílicos pertence à própria essência do Evangelho e que o racismo não tem cabimento na igreja cristã.

Quando Hitler aceitou uma Concordata com o Vaticano (Reichskonkordat), houve alguns católicos que ainda hesitaram. Os três inimigos mortais da Alemanha, tal como os nazistas afirmavam na sua propaganda interna, eram, porém, claramente identificados: marxismo, judaísmo e cristianismo. A "incompatibilidade fundamental do nacional-socialismo com a religião cristã era manifesta",[46] passando todos os cristãos, tanto protestantes como católicos, ao ataque sistemático ao nazismo.[50]

Apesar disso, as relações do Partido Nazista com a Igreja Católica têm sido apresentadas por alguns autores [carece de fontes?] como controversa. Argumentam não saber se Hitler se considerava, ou não, cristão, e que a hierarquia da Igreja, representada pelo Papa Pio XI, se teria mantido basicamente silenciosa. A existência de um Ministério de Assuntos da Igreja, instituído em 1935 e liderado por Hanns Kerrl, teria sido quase ignorada por ideólogos como Alfred Rosenberg e por outros decisores políticos.

Hitler e os outros líderes nazistas procuraram utilizar o simbolismo e a emoção cristã para propaganda junto ao público alemão, esmagadoramente cristão. Enquanto que autores não cristãos [carece de fontes?] puseram ênfase na utilização externa da doutrina cristã, sem dar importância ao que poderia ter sido a mitologia interna do partido, os cristãos, baseando-se nos livros dos chefes nazis e nos folhetos de propaganda que estes lançavam contra o cristianismo, tipificaram Hitler como ateu ou ocultista — ou mesmo um satanista.

Dinesh D'Souza afirma que membros da cúpula do partido nazista e conselheiros de Hitler como Goebbels, Himmler, Heydrich e Bormann eram ateus e fortemente antirreligiosos.[51] Segundo registros de conversas com o Führer, feitos por Martin Bormann e que posteriormente serviram de base para o livro Hitler's Table Talk, 1941-1944: His Private Conversations, em sua intimidade Hitler revelava ser um crítico feroz das religiões organizadas.[52]

Declarações públicas e oficiais produzidas por autoridades católicas sobre o nazismo existem pelo menos desde o ano de 1930, bem antes da chegada de Hitler ao poder, quando o Ordinário de Mogúncia, em nome do seu bispo, declarou:

O Papa Pio XI sabia do que se passava na Alemanha e escreveu vários documentos condenando o nazismo, com destaque para a encíclica de condenação do Nazismo - Mit brennender sorge ("Com viva preocupação").[54] Muitos padres e líderes católicos opuseram-se com todo o vigor ao nazismo, dizendo que ele era incompatível com a moral e a fé cristã. Tal como aconteceu com muitos opositores políticos, muitos desses padres foram condenados aos campos de concentração pela sua oposição. O próprio Dr. Martin Niemöller, que a princípio lhes dera apoio, foi enviado para Dachau.[55]

O ano de 1938 ficou assinalado pela anexação da Áustria (Anschluss), imediatamente seguida pelo assalto aos bens e à influência da Igreja; os cardeais Theodor Innitzer e Michael von Faulhaber, bem como o arcebispo Conrad Gröber e o bispo Johannes Baptista Sproll, foram vítimas de violências organizadas pelas kochende Volksseele. No mesmo ano de 1938, o neopaganismo romântico gerado pela ação dos responsáveis e órgãos nazis vai entrar abertamente em ruptura com as igrejas cristãs, protestantes e católica.

Nazismo e paganismo

Ver artigo principal: Misticismo nazi

Foi por intermédio do nazismo que se deu no século XX a mais importante manifestação do paganismo.[56] Uma denuncia da componente pagã do nazismo surgiu nos Estados Unidos, em 1934, logo após a vitória eleitoral e a subida ao poder de Adolf Hitler, como o livro "Nazismo: um assalto à civilização".[57] Nesse livro, chamava-se a atenção para algo que se considerava inquietante: no dia 30 de julho de 1933, mais de cem mil nazistas tinham-se reunido em Eisenach para declarar querer tornar "a origem germânica a realidade divina", restaurando Odin, Baldur, Freia e os outros deuses teutônicos nos altares da Alemanha - Wotan deveria estar no lugar de Deus, Siegfried no lugar de Cristo.[58]

Durante o ano de 1936, os líderes nazis começam a abandonar a "cristandade alemã" ou o que também se designava por "cristianismo positivo". É então que Goebbels apresenta o nazismo como se fosse uma religião a ser respeitada - havia uma nova alemã a defender.

Enquanto von Schirach tentava imbuir na Hitlerjugend (Juventude Hitleriana) a admiração pelas antigas tribos pagãs, o Movimento da Fé Germânica (Deutsche Glaubensbewegung, DGB) fazia o grosso da propaganda. O DGB tinha como profeta Jakob Wilhelm Hauer (1881-1962),[60] professor de Teologia em Tübingen, que pregava a ideia de uma fé ariana dos alemães. No livro Deutsche Gottschau, Hauer defendia que a história da Alemanha era mais do que mera sequência de fatos, havendo na sua base uma divindade que encarnava o espírito da raça ariana.[61]

A Páscoa de 1936 já foi preparada na Alemanha como se um grande festival pagão fosse. As livrarias encheram-se de literatura pagã e a bandeira azul com o disco solar dourado do "Movimento da Fé Germânica" (DGB) chegou às mais recônditas zonas rurais. Uma grande manifestação foi organizada em Burg Hunxe, na Renânia.[62] Em 1937, o Papa Pio XI publica uma Carta Encíclica de condenação do Nazismo - Mit brennender sorge ("Com viva preocupação"),[63] onde diz:

No Comício de Nuremberg, em 1937, revivia entre os nazistas o paganismo ancestral do povo ariano, surgindo um místico laicismo como um dos tópicos centrais em discussão: para que a Alemanha voltasse à sua antiga fé, não bastava a separação Igreja-Estado; as Igrejas cristãs teriam que ser destruídas e o Estado transformado numa nova Igreja; impunha-se uma nova religião nacional.[64]

O ano de 1938 veio a revelar-se como um dos pontos altos de manifestação dessa nova religião pagã. No festival nórdico, do Solstício de Verão, Julius Streicher, diretor do Strümer e amigo pessoal de Hitler, perante uma enorme multidão de alemães reunidos em Hesselberg (montanha a qual o Fuhrer declarou sagrada), ao lado de uma grande fogueira simbólica, disse:

Esse neopaganismo romântico, gerado pela ação dos responsáveis e órgãos nazistas, com destaque para, além de Goebbels, Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich,[66] entrava então já em clara ruptura com as igrejas cristãs, protestantes e católica. Em 1938, depois das perseguições aos judeus que vinham desde a subida ao poder de Hitler, a perseguição aos cristãos passava então também a ser sistemática.

Mais tarde, ao estudar o fenômeno totalitário, o filósofo Herbert Marcuse identifica na ideologia do nazismo várias camadas sobrepostas, considerando precisamente o paganismo, a par do misticismo, racismo e biologismo, uma das componentes essenciais da sua "camada mitológica".[68] A perspectiva de Marcuse foi partilhada pela "Escola de Frankfurt", especialmente por Max Horkheimer e Erich Fromm. Segundo Paul Tillich, no paganismo do nazismo estava o elemento essencial que explicava o seu antissemitismo, no enfoque colocado nos "laços de sangue arianos".[69] Para Emmanuel Levinas, o nazismo apresentava uma forma de religiosidade pagã que se opunha a toda uma civilização monoteísta.[70]

Vítimas religiosas

Ver também : Anticatolicismo
Corpos de prisioneiros dos nazistas encontrados pelas tropas americanas em Weimar, Alemanha

Chama-se a atenção também para o fato de as Testemunhas de Jeová terem sido vítimas por opção (ver: Testemunhas de Jeová e o Holocausto). "A guerra nazista contra os judeus visava à sua aniquilação e os deixou com poucas opções para escapar", explicou o Dr. Abraham J. Peck, Diretor Executivo do Museu do Holocausto de Houston, Texas, EUA. "A perseguição nazista contra as Testemunhas de Jeová visava à erradicação da religião. Por conseguinte, as Testemunhas de Jeová recebiam dos nazistas a oferta de liberdade, caso renunciassem à sua . A maioria das Testemunhas preferiu sofrer e enfrentar a morte junto com as outras vítimas do nazismo a apoiar a ideologia nazista de ódio e violência."[carece de fontes?]

Como judeu polonês, o Dr. Ben Abraham, agora Vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo, passou cinco anos e meio em campos de concentração, onde conheceu pessoalmente várias Testemunhas de Jeová. Ele disse: "A diferença entre as Testemunhas e todos os outros prisioneiros é que, se renunciassem à sua fé e se comprometessem a denunciar os outros que praticavam a mesma crença, seriam soltas na hora. Mas preferiam permanecer presas a renunciar à fé".[carece de fontes?]

O regime também fez vitimas entre os protestantes. Para controlar os evangélicos foi criado o Movimento Cristão Alemão. Tal movimento baseava-se no chamado "cristianismo positivo" que buscava conciliar a ideologia nazista com a doutrina cristã. Em Setembro de 1933, um grupo de cristãos evangélicos dissidentes criaram a Igreja Confessante liderada por Martin Niemöller. Em Maio de 1934 a igreja confessante elaborou a Declaração Teológica de Barmen reafirmando que a igreja não é servidora do Estado. O governo nazista tomou várias medidas para encerrar as atividades deste grupo e deteve seus membros. Dietrich Bonhoeffer, um dos autores da declaração, foi preso em 1943, por auxiliar judeus, sendo executado no campo de concentração de Flossenbürg a menos de um mês do final da segunda guerra mundial.

Nazismo e fascismo

Ver artigo principal: Nazifascismo

O termo "nazismo" é frequentemente - mas incorretamente - usado como sinônimo de "fascismo". Ao passo que o nazismo incorporou elementos estilísticos do fascismo, as semelhanças principais entre os dois foram a ditadura, o irredentismo territorial e a teoria econômica básica. Por exemplo, Benito Mussolini, o fundador do fascismo, não adaptou o antissemitismo até se ter aliado a Hitler, enquanto que o nazismo foi explicitamente racista desde o início. O ditador espanhol Francisco Franco, frequentemente chamado fascista, poderá talvez ser descrito como um monárquico católico reacionário que adotou pouco do fascismo para além do estilo.

Para o fim do século XX, surgiram movimentos neonazistas em vários países, incluindo os Estados Unidos e várias nações europeias. O neonazismo inclui qualquer grupo ou organização que exibe uma ligação ideológica com o nazismo. É frequentemente associado à subcultura juvenil skinhead, apesar de nem todos membros desta cultura estarem ligados à ideologia nazista. Alguns partidos políticos da orla do espectro como, nos EUA, o Partido Verde Nacional Socialista Libertário (LNSGP, ou Libertarian National Socialist Green Party), adotaram ideias nazistas.

Nazismo e socialismo

O socialismo moderno se originou, a partir do século XVIII, de um movimento intelectual e político da classe trabalhadora que criticou os efeitos da industrialização e da propriedade privada na sociedade.[71] O renascimento do republicanismo na Revolução Americana de 1776 e os valores igualitários introduzidos pela Revolução Francesa de 1789 deram origem ao socialismo como um movimento político distinto.[72]

No início do século XIX, o termo socialismo se referia a qualquer preocupação com os problemas sociais do capitalismo, independentemente das soluções para esses problemas. No entanto, no final do século XIX, o socialismo tinha chegado a significar oposição ao capitalismo e defesa de uma alternativa pós-capitalista ao sistema com base em alguma forma de propriedade social.[73]

Há muitas variedades do socialismo e não há uma única definição abrangendo todos elas.[74] Os modos socialistas diferem no tipo de propriedade social que defendem, no grau em que eles dependem de mercados e no planejamento (como a gestão deve ser organizada dentro das instituições produtivas), bem como no papel do Estado na construção do sistema.[75]

O socialismo [76] marxista, portanto, não é a única forma de socialismo a ter existido na história, mas é sem dúvida a principal. Embora haja discussões sobre socialismos não marxistas, a doutrina de Karl Marx tem sido a imagem que o socialismo adquiriu desde o fim do século dezenove. Ela é chamada de socialismo científico porque parte de uma análise sociológica e econômica do funcionamento das sociedades.

A luta de classes é o centro da história e determina as leis das ciências sociais. Ela explica por que as sociedades mudam, concebendo esse processo de evolução como um materialismo histórico e dialético. É materialista porque as condições materiais, ou o modo de produção, são a base das transformações; é dialético porque, dentro de uma ordem ou tese, surge uma outra ordem ou antítese, produzindo-se uma crise social profunda, que gera uma nova ordem ou síntese, contrária à anterior.

A semelhança clássica [77] entre o socialismo marxista e o nazismo é que ambos são sistemas totalitários. O totalitarismo é um termo que designa o controle total do homem pelo Estado. No lugar do processo democrático de discussão sob a égide da lei, o Estado lança mão de todos os meios possíveis para alcançar seus objetivos. Os regimes totalitários são o socialismo, o nazismo e o fascismo.

Porém, a relação exata entre os dois sistemas é controversa. Alguns autores, como os liberais Friedrich Hayek [78] e George Reisman[79] e os conservadores Leonard Peikoff, no seu livro The Ominous Parallels,[80] e Jonah Goldberg, no seu best-seller Liberal Fascism,[81] referiram-se ao nazismo como uma forma de socialismo, apontando para a designação do partido, para a retórica nazista e para a estatização da sociedade. Segundo eles, o governo intervinha na economia de modo típico de uma sociedade socialista, controlando totalmente a atividade produtiva.[82][83][84][85]

Ludwig von Mises cita:

O próprio Hitler e Joseph Goebbels chegaram a afirmar, em alguns de seus discursos, que o nacional-socialismo era uma vertente do socialismo, não na forma tradicional do socialismo marxista, mas sim interpretando o socialismo como "exaltação do social".[87] Já o socialismo histórico e marxista sempre defendeu o fim da propriedade privada dos meios de produção através da luta de classes como forma para se chegar ao socialismo científico marxismo-leninismo.[88]

O anticapitalismo nazista

Os nazistas acreditavam que o capitalismo causava danos às nações pelo controle das finanças internacionais, pelo domínio econômico das grandes empresas e pela influência dos judeus.[89] Cartazes de propaganda nazista, nos bairros de classe populares, exaltavam o anticapitalismo. Em um deles, estava escrito: "Manter um sistema industrial podre não tem nada a ver com nacionalismo. Eu posso amar a Alemanha e odiar o capitalismo".[90]

Hitler expressava, tanto em público como em privado, um profundo desprezo pelo capitalismo, acusando-o de tomar como reféns as nações para beneficiar os interesses de uma classe rentista de "parasitas cosmopolitas".[91] Ele era contra a economia de mercado e a busca desenfreada do lucro e queria uma economia que respeitasse o interesse público.[92] Não confiava no capitalismo por causa de sua natureza egoísta e preferiu uma economia planificada, sujeita aos interesses do povo.[91] Hitler declarou em 1934, em um quadro do partido, que "o sistema econômico contemporâneo fora criação dos judeus".[91]

Hitler confidenciou um dia para Benito Mussolini que "o capitalismo tinha passado o seu tempo".[91] Hitler também acreditava que a classe empresarial "não queria outra coisa que não fossem lucros e a Pátria não significava nada para eles".[93] Hitler considerava Napoleão como um modelo para o seu comportamento anticonservador, anticapitalista e antiburguês.[94].

Em seu Mein Kampf, Hitler mostrou o seu compromisso com o mercantilismo. Ele acreditava que os recursos econômicos ligados a um território tinham que ser requisitados pela força. Ele acreditava na aplicação do conceito de espaço vital para trazer esses territórios valioso para a economia alemã.[95]. Ele pensava que a única maneira de manter a segurança econômica era ter controle direto sobre recursos, em vez de depender de comércio internacional.[96] Ele afirmou que a guerra era a única maneira para ganhar esses recursos e o única modo de derrotar o sistema econômico capitalista em declínio.[95].

Um número de nazistas tinha profundas convicções socialistas e anticapitalistas, em particular, Ernst Röhm, o líder da Sturmabteilung (SA)[97]. Röhm alegou que os nazistas chegaram ao poder constituindo uma revolução nacional, mas ele declarou enfaticamente que uma "segunda revolução socialista" era necessária para que a ideologia nazista fosse completada.[98] Outro nazista de alta patente, o ministro da Propaganda Joseph Goebbels, afirmou categoricamente o caráter socialista do nazismo ao escrever em seu diário que, se ele tivesse que escolher entre o bolchevismo e o capitalismo, "seria melhor para nós ir para baixo com o bolchevismo do que viver na escravidão eterna do capitalismo".[99]

O termo "nazista" na cultura popular

As atrocidades cometidas pelo regime nazista e a sua ideologia extremista tornaram o nazismo importante de nota na linguagem popular como na história. O termo "nazista" (no português do Brasil), ou "nazi" (no português europeu), é frequentemente utilizado para descrever grupos de pessoas que tentam impor soluções impopulares ou extremistas à população em geral, ou que cometem crimes e outros tipos de violações sobre terceiros sem mostrar remorso.

Alguns dos usos do termo que se veem na cultura popular são extremamente ofensivos. Expressões como "nazista do software livre" ou "feminazi" são exemplos de usos particularmente objetáveis. Mesmo muitos dos que mais fortemente se opõem ao movimento do software livre não gostam do que encaram como a trivialização dos nazistas. O termo é usado tão frequentemente que inspirou a "lei de Godwin", segundo a qual "com o prolongamento de uma discussão online, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo os nazistas ou Hitler aproxima-se de um". Talvez esteja a acontecer o mesmo que com outras palavras ofensivas e a comunidade esteja a reclamar o termo.

Ver também

Notas e referências

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Bibliografia

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