Linha de Guimarães
A Linha de Guimarães é uma linha férrea portuguesa de serviço maioritariamente urbano, que se compreendeu, na sua extensão máxima, entre a Estação Ferroviária de Porto-Trindade e a localidade de Fafe; foi inaugurado, na sua totalidade, em 30 de Outubro de 1938.[1]
Caracterização e serviços
A linha designada como "Linha de Guimarães" corresponde, actualmente, ao troço ferroviário entre Lousado e Guimarães, sendo que o restante serviço ferroviário é feito através da Linha do Minho durante o percurso entre Porto S. Bento e Lousado. A Linha de Guimarães é, assim, constituída por linha simples electrificada, com bitola ibérica, permitindo a circulação de automotoras e locomotivas eléctricas a velocidades até aos 100 km/h.
O serviço ferroviário de passageiros é composto por dois tipos de serviços. O serviço urbano é prestado pelos suburbanos do Porto, que fazem a ligação entre Guimarães e o Porto em 1h15, em automotoras eléctricas da Série 3400, que entraram ao serviço em 2002. O outro serviço é o InterCidades, prestado pela CP Longo Curso que possibilitam a ligação directa entre Guimarães e Lisboa, durando a viagem cerca de 4h15, através de locomotivas eléctricas da Série 5600, com as carruagens de passageiros do serviço InterCidades.
Material circulante
Em 1982, encontravam-se a circular, em toda a extensão desta linha, composições rebocadas por locomotivas da Série 9020.[2]
História
Planeamento, construção e inauguração
Em 11 de Julho de 1871, o empresário Simão Gattai recebeu a concessão para construir um caminho de ferro de carros americanos, utilizando carris por cima de estrada, com 1 metro de bitola, entre o Porto e Braga, passando por Santo Tirso e Guimarães; o concurso foi alterado em 28 de Dezembro do ano seguinte, tendo sido incluído um ramal que, passando por Vizela e Fafe, ligasse com a Linha do Minho.[1] Em 17 de Outubro de 1874, a concessão foi trespassada para uma companhia de nacionalidade inglesa, e um despacho de 18 de Fevereiro de 1875 retirou a obrigação de construir o ramal; no entanto, a construção revelou-se muito morosa, tendo apenas sido construídos cerca de 6 quilómetros de via quando a empresa entrou em falência, em 1879.[1] O contrato foi revogado em 16 de Abril de 1879, e, no mesmo dia, foi autorizado o projecto de António de Moura Soares Velloso e do Visconde da Ermida, que representavam uma nova empresa, para a construção de uma ligação ferroviária, em via larga, entre Guimarães e Bougado, sem apoios do Estado; em 5 de Agosto de 1880, foi aceite o pedido para que a linha fosse construída em via métrica.[1]
O primeiro troço, entre a Trofa e Vizela, entrou ao serviço em 31 de Dezembro de 1883[1][3]; o troço a partir da Trofa, e a travessia do Rio Ave, pela Ponte do Ave, foi construído em via algaliada, em conjunto com a Linha do Minho.[1] A linha chegou a Guimarães em 14 de Abril de 1884.[1]
Expansão até Fafe
Em 22 de Novembro de 1901, Carlos I de Portugal autorizou a Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães a construir e explorar o troço entre Guimarães e Fafe. Tal como o resto da linha, este novo troço deveria ser construído em bitola métrica[4]; como não teve quaisquer apoios do estado neste projecto, a companhia publicou vários títulos de dívida para financiar as obras, e adquirir o material circulante, tendo esta linha sido aberta ao serviço em 21 de Julho de 1907.[1][5]
Formação da Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal
Desde os inícios do Século XX que as Companhias do Caminho de Ferro de Guimarães e do Porto à Póvoa e Famalicão pretenderam fundir-se numa só empresa; este processo foi regulado por uma Lei de 20 de Junho de 1912.[6] A fusão foi atrasada por vários factores, especialmente os problemas decorrentes da Primeira Guerra Mundial, tendo sido, finalmente, efectuada em 14 de Janeiro de 1927, formando a Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal.[1]
Construção da Linha da Trofa e continuação da Linha da Póvoa até à Trindade
Uma das condições para a fusão entre as duas companhias, conforme ordenado pela lei de 20 de Junho de 1912, era a construção de um ramal, entre Mindelo, na Linha da Póvoa, e Lousado, na Linha de Guimarães, de forma a ligar as duas redes ferroviárias[6], e dispensar a utilização de via algaliada entre a Trofa e Lousado[1]; o decreto 12568, de 26 de Outubro de 1926, deferiu o pedido das companhias para alterar o traçado, por forma a se iniciar no troço entre as Estações de Senhora da Hora e Pedras Rubras da Linha da Póvoa, e a terminar na Trofa, passando por São Pedro de Avioso[7] Esta linha entrou ao serviço em 14 de Março de 1932.[1]
A continuação da Linha até à Trindade, na cidade do Porto, foi autorizada à Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão em 20 de Janeiro de 1913, com uma garantia de juro de 9 %[1], que foi, posteriormente, reduzida para 7,5%, pelo Decreto n.º 12988; este documento também autorizou a Companhia a construir ligações até Braga, Esposende e Barcelos.[8]
Encerramento do troço entre Guimarães e Fafe
Em 1986, o troço entre Guimarães e Fafe foi totalmente encerrado ao tráfego ferroviário.[5]
Século XXI
CP Urbanos do Porto | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Linhas:
d L.ª Douro •
g L.ª Guimarães |
A Linha foi remodelada em 2004, devido ao facto da cidade de Guimarães ter sido uma das sedes do Campeonato Europeu de Futebol.[9]
Em Janeiro de 2011, um agrupamento de utentes da Linha de Guimarães organizou uma petição, para propor à operadora Comboios de Portugal a criação de um serviço de comboios expresso, que efectuasse a ligação à cidade do Porto em cerca de 30 minutos.[9]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 71 (1686): 136, 137
- ↑ «FEVE 1600». Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. Carril (em espanhol) (1): 16, 20. 1982
- ↑ Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:12
- ↑ VARGAS, Manuel Francisco de (1 de Janeiro de 1902). «Repartição Geral». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (337). pp. 3, 5
- ↑ a b Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:34
- ↑ a b PORTUGAL. Lei sem número, de 20 de Junho de 1912. Ministério do Fomento - Secretaria Geral. Paços do Governo da República. Publicado no Diário da República n.º 149, Série I, de 27 de Junho de 1912
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 12:568, de 26 de Outubro de 1926. Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos. Paços do Governo da República. Publicado no Diário da República n.º 242, Série I, de 29 de Outubro de 1926
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 12:988, de 23 de Dezembro de 1926. Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos. Paços do Governo da República. Publicado no Diário da República n.º 4, Série I, de 6 de Janeiro de 1927
- ↑ a b ABREU, Carlos Rei (9 de Janeiro de 2011). «Comboios mais rápidos para o Porto». Controlinveste Media SGPS, S. A. Jornal de Notícias. 123 (222). 20 páginas. ISSN 0874-1352
Bibliografia
- Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X