CEAGESP

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Ceagesp
CEAGESP
Torre do relógio da CEAGESP
Razão social Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
Empresa Pública Federal
Fundação 31 de maio de 1969 (54 anos)
Sede São Paulo,  São Paulo
 Brasil
Proprietário(s) Governo Federal do Brasil
Presidente Jamil Yatim
Empregados 572 (em 2023)
Produtos Serviços de Armazenagem e Entrepostagem
Significado da sigla Companhia de Entrepostos e Armazéns GErais de São Paulo.
Antecessora(s) Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CAGESP) e Centro Estadual de Abastecimento S/A (CEASA)
Website oficial ceagesp.gov.br

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), ou simplesmente CEAGESP, é uma empresa pública federal brasileira,[1] vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar[2]. É uma das principais empresas estatais de abastecimento, o terceiro maior centro atacadista de alimentos do mundo e o primeiro do Brasil e da América Latina.[3]

Com sede em São Paulo, localizada na Avenida Doutor Gastão Vidigal, nº 1.946, opera atualmente em 21 municípios do Estado de São Paulo, conta com duas unidades de negócios distintas e que são complementares: a armazenagem e a entrepostagem. Foi instituída em 31 de maio de 1969, em decorrência da fusão de duas empresas do setor de abastecimento agroalimentar pertencentes ao governo do Estado de São Paulo, a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo - CAGESP e o Centro Estadual de Abastecimento S/A - CEASA.[4]

A empresa opera como agente do sistema de abastecimento agroalimentar na área de agronegócios, atua diretamente nas atividades de armazenagem e entrepostagem, promovendo a guarda e conservação de mercadorias de terceiros em armazéns, silos (grandes depósitos, em forma de cilindro, para guardar produtos agrícolas) e frigoríficos e na instalação de entrepostos para, sob sua administração, permitir o uso remunerado de seus espaços para a comercialização de produtos agrícolas por terceiros.[5]

Mantém a maior rede pública de armazéns, silos e graneleiros (locais que recebem ou abrigam mercadorias a granel) do Estado de São Paulo, ao mesmo tempo em que contribui para escoar as safras, que movimentam o comércio atacadista e varejista e barateiam os custos para o consumidor, e tem como compromisso executar a política do abastecimento alimentar no âmbito do sistema nacional.

História[editar | editar código-fonte]

A CEAGESP surgiu em 31 de maio de 1969, resultado da fusão de duas empresas mantidas pelo governo de São Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento (CEASA) e a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CAGESP); e o novo nome foi escolhido pelo então governador do Estado, Abreu Sodré.[6]

Desde o início, a empresa centraliza o abastecimento agroalimentar de boa parte do país e rapidamente consolidou sua atuação nas áreas de comercialização de hortícolas e armazenagem de grãos. Em 1977, quando a companhia ampliou o Mercado Livre do Produtor no entreposto da capital paulista, a comercialização atingiu o recorde de 6,2 mil toneladas de produtos vendidos num só dia, superando o maior mercado do mundo, o Paris-Rungis, na França.[7] Ainda hoje, o Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) é considerado o terceiro centro de comercialização atacadista de perecíveis do mundo – depois de Paris e Nova York – e o maior da América Latina, com a movimentação de 250 mil toneladas de frutas, legumes, verduras, pescados e flores a cada mês.[8]

A rede de armazenagem também acompanhou o crescimento da companhia. Em 1970, a Ceagesp construiu os primeiros silos horizontais do país, acoplados a graneleiros. Na época, a rede recebia os estoques reguladores do governo federal, comprados em vários estados e armazenados em cidades do interior de São Paulo. No final dos anos 1970, a empresa iniciou o processo de descentralização, inaugurando em São José do Rio Preto a primeira unidade de comercialização fora da capital. Atualmente, a companhia mantém 11 unidades no interior, próximas a polos de produção e consumo.[9]

Nos anos 1980, a empresa também investiu no atendimento ao consumidor. Criou o primeiro varejão com produtos frescos a preços controlados. Em 1983, vieram os sacolões para vender legumes e verduras por quilo a preço único. Em 1984, surgiram os comboios, que funcionavam como mini-varejões. A partir de 1986, os armazéns da CEAGESP passaram a abrigar açúcar ensacado, por conta da expansão da cultura de cana-de-açúcar que, ao lado da laranja, assumiu a liderança da agricultura paulista.

Na década de 1990, a CEAGESP estava com dívidas de cerca de R$ 180 milhões com o Banespa, e o governo de São Paulo anunciou que leiloaria a companhia na Bolsa de Valores, em 1996. Foi estipulado o valor de venda de 98,9% das ações por cerca de R$ 250 milhões. Foram realizadas duas tentativas de leilão. A primeira tentativa foi cancelada por falta de comprador e a segunda porque o único consórcio interessado na compra informou que não tinha condições de fechar negócio.[10]

Em 1997, a CEAGESP foi federalizada e o patrimônio da Companhia entrou como parte do pagamento da dívida do estado de São Paulo com a União. A companhia foi vinculada ao Ministério da Agricultura, entre 2019 foi transferida e permaneceu vinculada ao Ministério da Economia[10][11] até o final de 2022, e desde a publicação do Decreto nº 11.338, de 1º de janeiro de 2023, passou a compor a estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.[12]

A CEAGESP foi incluída no Programa Nacional de Desestatização em outubro de 2019, por meio do Decreto nº 10.045/2019.[13]

Armazéns[editar | editar código-fonte]

Detalhe mercadores preço e logo.

A CEAGESP mantém a maior rede pública de armazéns do Estado de São Paulo, são 17 unidades ativas situadas próximas aos polos produtivos presentes na capital e no interior de São Paulo.[14]

Os serviços prestados na rede armazenadora são: armazenagem; limpeza; secagem; expurgo; classificação vegetal; recepção; ad-valorem; embarque; e serviços complementares.[14]

Os principais itens armazenados são: produtos à granel, como grãos, açúcar e pellets; produtos agrícolas em sacos e/ou bags; e produtos industrializados de acordo com a estrutura disponível em cada unidade.[14]

Os principais clientes são: pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, usinas de açúcar, moinhos, cooperativas agrícolas, importadores, exportadores e órgãos do Governo.[14]

Unidades Armazenadoras

Entrepostos[editar | editar código-fonte]

Bancas do mercado - ETSP.
Mercadão de flores - ETSP.
Mercadão de frutas - ETSP.

Outra atividade de grande importância desenvolvida pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (CEAGESP) é a entrepostagem (depósito ou venda de mercadorias), são 13 unidades de entrepostos atacadistas que funcionam como ponto de encontro de produtores e comerciantes presentes na capital e no interior de São Paulo.[7]

As unidades de entrepostagem, também conhecidas popularmente como CEASA, operam como canais de distribuição da produção regional para feiras-livres, supermercados, sacolões, restaurantes e distribuidoras de hortifrutícolas. Ao mesmo tempo em que contribuem para escoar as safras, movimentam o comércio atacadista e varejista e barateiam os custos para o consumidor.[15]

As principais atividades desenvolvidas nos entrepostos são: atacado, varejão, feira de flores e pescado. O Entreposto Terminal São Paulo (ETSP), que é a maior central de abastecimento de frutas, legumes, verduras, flores, pescados e diversos (alho, batata, cebola, coco seco e ovos) da América Latina, chegam os mais variados produtos, vindos de 1.495 municípios brasileiros e de 18 países.[16]

Os principais clientes são: pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, cooperativas agrícolas, importadores, exportadores e órgãos do Governo. Ainda, atendem às pessoas que desejam trabalhar por conta própria como ambulante e carregadores autônomos.[15]

Unidades de entrepostagem

Banco de Alimentos[editar | editar código-fonte]

Criado em 2003, Banco CEAGESP de Alimentos (BCA) tem como principal objetivo receber, selecionar e distribuir diariamente excedentes da comercialização atacadista, em geral oriundos de produtores e comerciantes locais. Esses produtos, por razões variadas, estão fora do padrão para a comercialização, mas em excelente condição para o consumo humano.[17]

Os alimentos coletados junto aos comerciantes e distribuídos diretamente aos beneficiários são produtos que mantêm bom estado de conservação e condições de consumo, como a durabilidade e o valor nutritivo, mas que não são comercializados por conta de algum defeito, como um amassado ou mancha na casca, o que torna o seu valor e atração de comercialização menor.[18]

O esforço do Banco Ceagesp de Alimentos foi reconhecido com duas premiações muito importantes: o troféu Bronze na competição realizada pela WUWM 2016[19] (sigla em inglês para União Mundial dos Mercados Atacadistas), na Polônia, que teve como tema “Eficiência na redução da perda e desperdício de alimentos no mercado”.[17]

Eventos[editar | editar código-fonte]

Ao longo do ano, a CEAGESP promove diversos eventos gastronômicos, sendo o principal deles o Festival de Sopas da CEAGESP, que ocorre há mais de cinco décadas consolidando-se como um dos mais tradicionais festivais de inverno na capital paulista.[20]

O festival atrai milhares de pessoas todos os anos e oferece diversas opções de caldos e cremes, como: Sopa de Cebola, Sopa de Rabada com Agrião, Sopa de Bobó de Camarão, Creme de Couve-flor com Roquefort, Sopa de Legumes com Shitaki e Capeletti in Brodo. O cardápio muda ao longo do período do festival, incluindo sempre novos sabores de cremes e caldos.[20]

Referências

  1. «STJ - CC 174250 / SP 2020/0208285-0». Portal Justiça. Consultado em 4 de maio de 2022 
  2. «DECRETO Nº 11.338, DE 1 DE JANEIRO DE 2023». Subchefia para Assuntos Jurídicos da Presidência da República. 2 de janeiro de 2023. Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  3. «CEAGESP». Newsletter do Guia da Semana!. Consultado em 27 de março de 2018 
  4. Estado de São Paulo, Diário Oficial do (1 de outubro de 2015). «Diário Oficial 1969» (PDF). Consultado em 4 de maio de 2022 
  5. CEAGESP (20 de março de 2020). «Relatório de Gestão 2019» (PDF). Consultado em 4 de maio de 2022 
  6. NOTAS ECONOMICAS - EMPRESAS & NEGOCIOS, 1o. caderno, página 9 da Folha de S. Paulo, 17 de maio de 1969
  7. a b «Ceagesp completa 40 anos com histórias que misturam ditadura e avanço econômico». noticias.uol.com.br. Consultado em 11 de julho de 2022 
  8. Formigoni, Ivan (30 de janeiro de 2017). «Ceagesp: veja história e números da "cidade da comida"». Farmnews. Consultado em 11 de julho de 2022 
  9. CEAGESP, CEAGESP. «Institucional Histórico». ceagesp.gov.br. Consultado em 11 de julho de 2022 
  10. a b «Sobre Ceagesp SP: Festival, Sopas, Flores, Preço, Horário». CEAGESP | CEASA. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  11. Dionisio, Larissa Oliveira [UNESP (3 de dezembro de 2018). «O papel da CEAGESP na comercialização de produtos hortifrutigranjeiros na região de Presidente Prudente - SP». Alma: 98 f. Consultado em 11 de julho de 2022 
  12. Scardoelli, Anderson (2 de janeiro de 2023). «Como ficam as estruturas da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário?». Canal Rural. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  13. «D10045». www.planalto.gov.br. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  14. a b c d CEAGESP, CEAGESP. «Institucional Armazéns». ceagesp.gov.br. Consultado em 17 de maio de 2022 
  15. a b CEAGESP, CEAGESP. «Institucional Entrepostos». ceagesp.gov.br. Consultado em 17 de maio de 2022 
  16. «AgroEx mostra mecanismos para ampliação da base de produtos exportados». Avicultura Industrial (em portuguese). Consultado em 11 de julho de 2022 
  17. a b «CEAGESP: BANCO DE ALIMENTOS PARA COMBATE AO DESPERDÍCIO». CASE STUDIES. 28 de setembro de 2017. Consultado em 11 de julho de 2022 
  18. Tecnologia,http://www.cdztecnologia.com.br, C. D. Z. «- CEAGESP -». ceagesp.gov.br. Consultado em 17 de maio de 2022 
  19. Markets, World Union of Wholesale (25 de maio de 2016). «Winners Announced In The 2016 WUWM Market Awards». Perishable News (em inglês). Consultado em 11 de julho de 2022 
  20. a b «Festival de Sopas agita restaurantes da Ceagesp a partir de quarta-feira (4)». Folha de Alphaville. Consultado em 17 de maio de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]