Hilário Jovino Ferreira: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
recolocando a fonte
Etiqueta: Revertida
Linha 11: Linha 11:
|ocupação = [[compositor]], [[letrista]] e [[Cultura|agitador cultural]]
|ocupação = [[compositor]], [[letrista]] e [[Cultura|agitador cultural]]
}}
}}
'''Hilário Jovino Ferreira''', o '''Lalau de Ouro''' (local de nascimento incerto{{nota de rodapé|Embora algumas fontes digam, como o [[Dicionário Cravo Albin de MPB]] (com vários erros e incoerências, como no verbete do próprio artista que o coloca como nascendo em 1873<ref name=hilarionaotemgraça/>, mas que se desmente ao informar noutro artigo que ele teria nascido no ano de 1855<ref name=datacoerente>{{citar web|URL=https://dicionariompb.com.br/samba/dados-artisticos|título=Samba - dados artísticos |autor=|data=|publicado=Dicionário Cravo Albin |acessodata=10/12/2020 |arquivodata=26/9/2020 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20200926210357/https://dicionariompb.com.br/samba/dados-artisticos}}</ref>) que tenha nascido no estado de [[Pernambuco]] sobretudo em estudos da segunda década do século XXI, outras fontes dão-no como natural da [[Bahia]], a exemplo do site da [[Biblioteca Nacional (Brasil)|Biblioteca Nacional]],<ref>{{citar web|URL=http://bndigital.bn.gov.br/carnaval/|título=Carnaval |autor=Institucional |data=|publicado=Biblioteca Nacional |acessodata=10/12/2020 |arquivodata=10/12/2020 |arquivourl=https://archive.vn/C9gAv }}</ref> estudos acadêmicos<ref>{{citar web|URL=http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/viewFile/1244/11000|título=Orfeu Negro em Cores: mito e realismo no filme de Cacá Diegues |autor=Lúcia Nagib |ano=2001 |publicado=A LetrA |acessodata=10/12/2020 |arquivodata=10/12/2020 |arquivourl=https://archive.vn/WamU9 }}</ref> e livros.<ref name=lisboa>{{citar livro|autor=Luiz Américo Lisboa Júnior |título=Compositores e Intérpretes Baianos: de Xisto Bahia a Dorival Caymmi |editora=Via Litterarum/Editus |ano=2006 |páginas=371|isbn=859849324-4}}</ref>}}, [[21 de outubro]] de [[1855]]<ref name=":0" /><ref name=datacoerente/>{{Nota de rodapé|A data de 1873, informada no verbete do Dicionário Cravo Albin, é irreal, pois o mesmo dicionário, além de dizer que ele "Chegou ao Rio de Janeiro já adulto, em 1872", informa noutra parte seu nascimento em 1855, como referenciado.}} — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[1 de março]] de [[1933]]), foi um [[compositor]], [[letrista]] e [[Cultura|agitador cultural]] [[brasil]]eiro, pioneiro do [[samba]] e primeiro [[carnavalesco]].<ref name=hilarionaotemgraça>{{citar web|url=http://dicionariompb.com.br/hilario-jovino-ferreira|título=Hilário Jovino Ferreira|publicado=Dicionário Cravo Albin|acessodata=23-11-2017}}</ref><ref>{{citar web|url=http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossi-%20Matrizes%20do%20Samba.pdf|título=Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro|publicado=IPHAN|acessodata=23-11-2017}}</ref><ref name="Folha">{{citar web|url=http://temas.folha.uol.com.br/100-anos-de-samba/a-historia-que-a-rua-escreveu/como-um-valentao-criou-uma-nova-forma-de-pular-o-carnaval.shtml|título=Como um valentão criou uma nova forma de pular o Carnaval|publicado=Folha de S.Paulo|acessodata=23-11-2017}}</ref><ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/pesquisa-e-texto-legitimam-historia-do-samba-contada-em-livro-essencial.html|título=Pesquisa e texto legitimam história do samba contada em livro essencial|publicado=G1|acessodata=23-11-2017}}</ref>
'''Hilário Jovino Ferreira''', o '''Lalau de Ouro''' (local de nascimento incerto{{nota de rodapé|Embora algumas fontes digam, como o [[Dicionário Cravo Albin de MPB]] (com vários erros e incoerências, como no verbete do próprio artista que o coloca como nascendo em 1873<ref name=hilarionaotemgraça/>, mas que se desmente ao informar noutro artigo que ele teria nascido no ano de 1855<ref name=datacoerente>{{citar web|URL=https://dicionariompb.com.br/samba/dados-artisticos|título=Samba - dados artísticos |autor=|data=|publicado=Dicionário Cravo Albin |acessodata=10/12/2020 |arquivodata=26/9/2020 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20200926210357/https://dicionariompb.com.br/samba/dados-artisticos}}</ref>) que tenha nascido no estado de [[Pernambuco]] sobretudo em estudos da segunda década do século XXI, outras fontes dão-no como natural da [[Bahia]], a exemplo do site da [[Biblioteca Nacional (Brasil)|Biblioteca Nacional]],<ref name="BN">{{citar web|URL=http://bndigital.bn.gov.br/carnaval/|título=Carnaval |autor=Institucional |data=|publicado=Biblioteca Nacional |acessodata=10/12/2020 |arquivodata=10/12/2020 |arquivourl=https://archive.vn/C9gAv }}</ref> estudos acadêmicos<ref>{{citar web|URL=http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/viewFile/1244/11000|título=Orfeu Negro em Cores: mito e realismo no filme de Cacá Diegues |autor=Lúcia Nagib |ano=2001 |publicado=A LetrA |acessodata=10/12/2020 |arquivodata=10/12/2020 |arquivourl=https://archive.vn/WamU9 }}</ref> e livros.<ref name=lisboa>{{citar livro|autor=Luiz Américo Lisboa Júnior |título=Compositores e Intérpretes Baianos: de Xisto Bahia a Dorival Caymmi |editora=Via Litterarum/Editus |ano=2006 |páginas=371|isbn=859849324-4}}</ref>}}, [[21 de outubro]] de [[1855]]<ref name=":0" /><ref name=datacoerente/>{{Nota de rodapé|A data de 1873, informada no verbete do Dicionário Cravo Albin, é irreal, pois o mesmo dicionário, além de dizer que ele "Chegou ao Rio de Janeiro já adulto, em 1872", informa noutra parte seu nascimento em 1855, como referenciado.}} — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[1 de março]] de [[1933]]), foi um [[compositor]], [[letrista]] e [[Cultura|agitador cultural]] [[brasil]]eiro, pioneiro do [[samba]] e primeiro [[carnavalesco]].<ref name=hilarionaotemgraça>{{citar web|url=http://dicionariompb.com.br/hilario-jovino-ferreira|título=Hilário Jovino Ferreira|publicado=Dicionário Cravo Albin|acessodata=23-11-2017}}</ref><ref name="Iphan">{{citar web|url=http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossi-%20Matrizes%20do%20Samba.pdf|título=Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro|publicado=IPHAN|acessodata=23-11-2017}}</ref><ref name="Folha">{{citar web|url=http://temas.folha.uol.com.br/100-anos-de-samba/a-historia-que-a-rua-escreveu/como-um-valentao-criou-uma-nova-forma-de-pular-o-carnaval.shtml|título=Como um valentão criou uma nova forma de pular o Carnaval|publicado=Folha de S.Paulo|acessodata=23-11-2017}}</ref><ref name="G1">{{citar web|url=http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/pesquisa-e-texto-legitimam-historia-do-samba-contada-em-livro-essencial.html|título=Pesquisa e texto legitimam história do samba contada em livro essencial|publicado=G1|acessodata=23-11-2017}}</ref>


Presente em várias manifestações de cultura popular da cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], Hilário Jovino Ferreira foi o criador do primeiro [[rancho carnavalesco|rancho de carnaval]], o "Rei de Ouros", responsável por apresentar novidades como o [[enredo]], o uso de instrumentos de cordas e de sopro e personagens como o casal de [[mestre-sala e porta-bandeira]].<ref name="Folha"/>
Presente em várias manifestações de cultura popular da cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], Hilário Jovino Ferreira foi o criador do primeiro [[rancho carnavalesco|rancho de carnaval]], o "Rei de Ouros", responsável por apresentar novidades como o [[enredo]], o uso de instrumentos de cordas e de sopro e personagens como o casal de [[mestre-sala e porta-bandeira]].<ref name="Folha"/>
Linha 17: Linha 17:
==Biografia==
==Biografia==
{{Quote frame|"Falsos filhos da Bahia<br>Que nunca pisaram lá<br>Que não comeram pimenta<br>Na moqueca e vatapá"|Hilário Jovino|in: "Entregue o Samba a seus Donos"<ref name=lisboa/>|}}
{{Quote frame|"Falsos filhos da Bahia<br>Que nunca pisaram lá<br>Que não comeram pimenta<br>Na moqueca e vatapá"|Hilário Jovino|in: "Entregue o Samba a seus Donos"<ref name=lisboa/>|}}
Filho de escravos libertos, Hilário Jovino Ferreira nasceu na [[Bahia]] ou em [[Pernambuco]], no ano de 1855. Fato inconteste foi que cresceu na Bahia, onde aprendeu música e a cultura afro-descendente e viria a tornar-se aprendiz de estaleiro, sendo transferido para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] em 17 de junho de 1872, e ali se identificava como sendo baiano e um dos migrantes responsáveis por levar o samba à então capital do país.<ref name=lisboa/><ref>{{citar web|URL=https://medium.com/revista-bravo/a-dor-e-a-del%C3%ADcia-do-samba-242161729720|título=A dor e a delícia do samba |autor=Almir de Freitas |data=23/2/2017|publicado=Bravo |acessodata=10/12/2020 }}</ref> Foi então morar no [[Morro da Conceição (Rio de Janeiro)|Morro da Conceição]], onde encontrou um [[rancho]] chamado "Dois de Ouros" que saía no [[Dia de Reis]]. Hilário passou a integrar este rancho, mas logo fundou o seu, o "Rei de Ouros", que foi o primeiro a sair no [[Carnaval]]. Este fato mudou o [[Carnaval do Rio de Janeiro|carnaval carioca]], dando origem a uma "febre" de ranchos carnavalescos.<ref name="Folha"/>
Filho de escravos libertos, Hilário Jovino Ferreira nasceu em [[Pernambuco]]<ref name="Iphan"/><ref name=hilarionaotemgraça/><ref name="Folha"/><ref name="G1"/> ou na [[Bahia]]<ref name="BN"/>, no ano de 1855. Fato inconteste foi que cresceu na Bahia, onde aprendeu música e a cultura afro-descendente e viria a tornar-se aprendiz de estaleiro, sendo transferido para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] em 17 de junho de 1872, e ali se identificava como sendo baiano e um dos migrantes responsáveis por levar o samba à então capital do país.<ref name=lisboa/><ref>{{citar web|URL=https://medium.com/revista-bravo/a-dor-e-a-del%C3%ADcia-do-samba-242161729720|título=A dor e a delícia do samba |autor=Almir de Freitas |data=23/2/2017|publicado=Bravo |acessodata=10/12/2020 }}</ref> Foi então morar no [[Morro da Conceição (Rio de Janeiro)|Morro da Conceição]], onde encontrou um [[rancho]] chamado "Dois de Ouros" que saía no [[Dia de Reis]]. Hilário passou a integrar este rancho, mas logo fundou o seu, o "Rei de Ouros", que foi o primeiro a sair no [[Carnaval]]. Este fato mudou o [[Carnaval do Rio de Janeiro|carnaval carioca]], dando origem a uma "febre" de ranchos carnavalescos.<ref name="Folha"/>


Hilário foi fundador de outros ranchos, como "Rosa Branca", "Botão de Rosa", "As Jardineiras", "Filhas da Jardineira", "[[Ameno Resedá]]", "Reino das Magnólias", "Riso Leal", e também [[Bloco carnavalesco|blocos]], como "Paredes têm ouvidos" e "Macaco é outro". Hilário era, contudo, adepto da malandragem, e chegou a passar um dia na cadeia por ameaça — ao senhorio que lhe cobrara o aluguel atrasado — e lesão corporal — pelos golpes de capoeira desferidos contra o policial que o perseguiu.<ref name="Folha"/><ref name=":0">{{citar periódico |periódico=Diário Carioca |número=1289 |volume=V |página=6 |título=Hilário, o “Fundador do Carnaval dos Ranchos”, faz anos hoje |data=21/10/1932 |lugar=Rio de Janeiro |publicado=Biblioteca Nacional (acervo online) |acessodata= |ultimo= |primeiro= |url=http://memoria.bn.br/pdf/093092/per093092_1932_01289.pdf}}</ref>
Hilário foi fundador de outros ranchos, como "Rosa Branca", "Botão de Rosa", "As Jardineiras", "Filhas da Jardineira", "[[Ameno Resedá]]", "Reino das Magnólias", "Riso Leal", e também [[Bloco carnavalesco|blocos]], como "Paredes têm ouvidos" e "Macaco é outro". Hilário era, contudo, adepto da malandragem, e chegou a passar um dia na cadeia por ameaça — ao senhorio que lhe cobrara o aluguel atrasado — e lesão corporal — pelos golpes de capoeira desferidos contra o policial que o perseguiu.<ref name="Folha"/><ref name=":0">{{citar periódico |periódico=Diário Carioca |número=1289 |volume=V |página=6 |título=Hilário, o “Fundador do Carnaval dos Ranchos”, faz anos hoje |data=21/10/1932 |lugar=Rio de Janeiro |publicado=Biblioteca Nacional (acervo online) |acessodata= |ultimo= |primeiro= |url=http://memoria.bn.br/pdf/093092/per093092_1932_01289.pdf}}</ref>

Revisão das 16h47min de 28 de fevereiro de 2021

Hilário Jovino Ferreira
Hilário Jovino Ferreira
Nascimento 21 de outubro de 1855
local incerto
Morte 1 de março de 1933 (77 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Ocupação compositor, letrista e agitador cultural

Hilário Jovino Ferreira, o Lalau de Ouro (local de nascimento incerto[nota 1], 21 de outubro de 1855[6][2][nota 2]Rio de Janeiro, 1 de março de 1933), foi um compositor, letrista e agitador cultural brasileiro, pioneiro do samba e primeiro carnavalesco.[1][7][8][9]

Presente em várias manifestações de cultura popular da cidade do Rio de Janeiro, Hilário Jovino Ferreira foi o criador do primeiro rancho de carnaval, o "Rei de Ouros", responsável por apresentar novidades como o enredo, o uso de instrumentos de cordas e de sopro e personagens como o casal de mestre-sala e porta-bandeira.[8]

Biografia

"Falsos filhos da Bahia
Que nunca pisaram lá
Que não comeram pimenta
Na moqueca e vatapá"

Hilário Jovino, in: "Entregue o Samba a seus Donos"[5]

Filho de escravos libertos, Hilário Jovino Ferreira nasceu em Pernambuco[7][1][8][9] ou na Bahia[3], no ano de 1855. Fato inconteste foi que cresceu na Bahia, onde aprendeu música e a cultura afro-descendente e viria a tornar-se aprendiz de estaleiro, sendo transferido para o Rio de Janeiro em 17 de junho de 1872, e ali se identificava como sendo baiano e um dos migrantes responsáveis por levar o samba à então capital do país.[5][10] Foi então morar no Morro da Conceição, onde encontrou um rancho chamado "Dois de Ouros" que saía no Dia de Reis. Hilário passou a integrar este rancho, mas logo fundou o seu, o "Rei de Ouros", que foi o primeiro a sair no Carnaval. Este fato mudou o carnaval carioca, dando origem a uma "febre" de ranchos carnavalescos.[8]

Hilário foi fundador de outros ranchos, como "Rosa Branca", "Botão de Rosa", "As Jardineiras", "Filhas da Jardineira", "Ameno Resedá", "Reino das Magnólias", "Riso Leal", e também blocos, como "Paredes têm ouvidos" e "Macaco é outro". Hilário era, contudo, adepto da malandragem, e chegou a passar um dia na cadeia por ameaça — ao senhorio que lhe cobrara o aluguel atrasado — e lesão corporal — pelos golpes de capoeira desferidos contra o policial que o perseguiu.[8][6]

Frequentador da casa de Tia Ciata, envolveu-se na polêmica da autoria do samba Pelo Telefone. A música não seria de Donga, mas uma criação feita de forma coletiva na casa da célebre mãe de santo e quituteira. Hilário seria um dos autores da canção.[8]

Foi pai de Saturnino, um famoso malandro que atuava na Praça Onze.[8] Era tio de Heitor dos Prazeres.

Depoimento sobre a criação dos "ranchos"

Numa entrevista de 1930 (domínio público), o então Tenente Hilário narrou o surgimento dos ranchos no carnaval do Rio de Janeiro: “Em 6 de janeiro de 1893, estava eu no botequim do ‘Paraíso’, na rua Larga de São Joaquim (hoje Marechal Floriano Peixoto), entre as ruas da Imperatriz e Regente, em companhia de vários baianos que costumeiramente ali se reuniam, quando lembrei-me da festa dos Três Reis Magos que na Bahia se comemorava naquele dia. Estavam presentes o Luiz de França, o Avelino Pedro de Alcântara, o João Câncio Vieira da Silva, e eu propus então a fundação de um rancho. Passando a ideia em julgado, ali mesmo eu dei o nome de “Rei de Ouro”! Na mesma hora, no armarinho de um turco fronteiro ao botequim, comprei meio metro de pano verde e meio metro de pano amarelo e fiz um estandarte no estilo da Bahia, para os ensaios. Ninguém mais descansou. O pessoal saiu avisando que à noite havia ‘um chá... dançante’ em minha casa” (...) “à hora aprazada, entre outros, lá estavam: Cleto Ribeiro, a Gracinda, que ainda hoje vende doces na Gruta Baiana, ao lado do frontão, e a Noelia, que eram duas baianas influentes. Às tantas da noite reuni o pessoal e disse qual o fim daquela brincadeira e então ficou definitivamente fundado o rancho, o primeiro rancho carioca, se bem que já existisse o ‘Dois de Ouros’, mas sem organização própria.” (...) “...o Rei de Ouro – Vagalume, quando se apresentou com perfeita organização de rancho, foi um sucesso! Nunca se tinha visto aquilo, aqui no Rio: porta-bandeira, porta-machado, batedores, etc.” (...) “Estas coisas eu costumo plantar e desde que pega de galho, eu solto nas mãos dos outros e vou fundar qualquer novidade (...) Assim é que, no terceiro ano, fundei a ‘Rosa Branca’ (...) Logo no ano seguinte fundei o ‘Botão de Rosa’...”[11]

Doença e morte

Em janeiro de 1933 Hilário deixou de participar dos bailes carnavalescos, inclusive da entidade que presidia, por “se achar enfermo”. [12] O jornal “Diário Carioca” voltou a publicar notícia sobre sua doença, no dia 28 de janeiro: “A nota triste da temporada que antecede aos dias da loucura, foi a da enfermidade que desde alguns dias prende ao leito a figura veneranda do velho carnavalesco Hilário Jovino Ferreira...”[13]

Finalmente, no dia 2 de março o Diário Carioca publicou: “Faleceu, à primeira hora de ontem, quinze minutos após a despedida de Momo, este monarca sem pretensões nobilíssimas a quem ele serviu desde os dias da sua mocidade, o querido e veterano carnavalesco Hilário Jovino Ferreira” e, ainda: “Baiano, filho daquele pedaço do Brasil onde a nossa festa popular teve início com os ‘cordões’, os ‘ternos’, os ‘ranchos’, vindo para o Rio trouxe consigo o estilo do carnaval característico da sua terra natal”, completando: “seu enterramento realizou-se às 17 horas da tarde, tendo a acompanhá-lo um grande número de amigos e carnavalescos”.[14] Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier. [15]

Ver também

Notas

  1. Embora algumas fontes digam, como o Dicionário Cravo Albin de MPB (com vários erros e incoerências, como no verbete do próprio artista que o coloca como nascendo em 1873[1], mas que se desmente ao informar noutro artigo que ele teria nascido no ano de 1855[2]) que tenha nascido no estado de Pernambuco sobretudo em estudos da segunda década do século XXI, outras fontes dão-no como natural da Bahia, a exemplo do site da Biblioteca Nacional,[3] estudos acadêmicos[4] e livros.[5]
  2. A data de 1873, informada no verbete do Dicionário Cravo Albin, é irreal, pois o mesmo dicionário, além de dizer que ele "Chegou ao Rio de Janeiro já adulto, em 1872", informa noutra parte seu nascimento em 1855, como referenciado.

Referências

  1. a b c «Hilário Jovino Ferreira». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 23 de novembro de 2017 
  2. a b «Samba - dados artísticos». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 10 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2020 
  3. a b Institucional. «Carnaval». Biblioteca Nacional. Consultado em 10 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2020 
  4. Lúcia Nagib (2001). «Orfeu Negro em Cores: mito e realismo no filme de Cacá Diegues». A LetrA. Consultado em 10 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2020 
  5. a b c Luiz Américo Lisboa Júnior (2006). Compositores e Intérpretes Baianos: de Xisto Bahia a Dorival Caymmi. [S.l.]: Via Litterarum/Editus. 371 páginas. ISBN 859849324-4 
  6. a b «Hilário, o "Fundador do Carnaval dos Ranchos", faz anos hoje» (PDF). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (acervo online). Diário Carioca. V (1289): 6. 21 de outubro de 1932 
  7. a b «Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro» (PDF). IPHAN. Consultado em 23 de novembro de 2017 
  8. a b c d e f g «Como um valentão criou uma nova forma de pular o Carnaval». Folha de S.Paulo. Consultado em 23 de novembro de 2017 
  9. a b «Pesquisa e texto legitimam história do samba contada em livro essencial». G1. Consultado em 23 de novembro de 2017 
  10. Almir de Freitas (23 de fevereiro de 2017). «A dor e a delícia do samba». Bravo. Consultado em 10 de dezembro de 2020 
  11. «A Origem dos Ranchos». Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional. Diário Carioca. III (491): 5. 27 de fevereiro de 1930 
  12. «Nos Arraiaes da Folia - Riso Club». Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (acervo online). Diário Carioca. V (1363): 5. 17 de janeiro de 1933 
  13. «Está enfermo o decano dos carnavalescos da cidade». Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (acervo online). Diário Carioca. V (1373): 5. 28 de janeiro de 1933 
  14. «Um nome tradicional do carnaval que desaparece». Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (acervo online). Diário Carioca. V (1400): 11. 2 de março de 1933 
  15. «Obituário da cidade». Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (acervo online). Diário da Noite. V (869): 10. 1 de março de 1933 

Bibliografia

  • ALMIRANTE. No Tempo de Noel Rosa. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1963.
  • CABRAL, Sérgio. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.
  • EFEGÊ, Jota. Ameno Resedá - o rancho que foi escola. Rio de Janeiro: Editora Letras e Artes Ltda, 1965.
  • EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: MEC/FUNARTE, 1978.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
  • MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coleção Biblioteca Carioca, 1995.
  • SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: 34, 1997.
  • VAGALUME. Na Roda de Samba. Rio de Janeiro: Tip. São Benedito, 1933.
  • VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasiuleira na Belle Époque. Rio de Janeiro: Livraria Sant'Anna, 1977.

Ligações externas