Linha do Oeste
A Linha do Oeste é um troço ferroviário que liga a estação de Agualva-Cacém, na Linha de Sintra, à estação de Figueira da Foz, em Portugal.
Caracterização
Apresenta uma distância total de 197,9 km. Actualmente encontra-se em funcionamento, tanto para tráfego de passageiros, quanto de mercadorias.
Serviços
InterRegional
- Lisboa (Entrecampos) - Caldas da Rainha - Lisboa (Entrecampos)
- Lisboa (Entrecampos) - Coimbra
- Caldas da Rainha - Figueira da Foz
- Coimbra - Caldas da Rainha
- Figueira da Foz - Lisboa (Entrecampos)
Regional
- Mira Sintra Meleças - Caldas da Rainha - Mira Sintra Meleças
- Mira Sintra Meleças - Figueira da Foz - Mira Sintra Meleças
- Caldas da Rainha - Figueira da Foz - Caldas da Rainha
Alguns destes comboios são prolongados a Lisboa (Santa Apolónia) e aos fins-de-semana o terminal de Mira Sintra Meleças passa para Monte Abraão.
Urbano
CP-USGL + CP-Reg + Soflusa + Fertagus | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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(Serviços ferroviários suburbanos de passageiros na Grande Lisboa) Serviços: Cascais (CP) • Sintra (CP) • Azambuja (CP) Sado (CP+Soflusa) • Fertagus • CP Regional (R+IR) (***)
Linhas:
a L.ª Alentejo • c L.ª Cascais • s L.ª Sintra • ẍ C.ª X. (***) Na Linha do Norte (n): há diariamente dois comboios regionais nocturnos que param excepcionalmente em todas as estações e apeadeiros.
Fonte: Página oficial, 2020.06 |
- Mira Sintra Meleças - Roma Areeiro - Mira Sintra Meleças
- Mira Sintra Meleças - Oriente - Mira Sintra Meleças
- Mira Sintra Meleças - Alverca - Mira Sintra Meleças
- Coimbra - Figueira da Foz
História
Antecedentes
A primeira ligação ferroviária a servir a Região do Oeste foi o sistema Larmanjat, com duas linhas principais, unindo Lisboa a Sintra e a Torres Vedras; este caminho de ferro terminou em 1873.[1]
Planeamento, construção e inauguração
Em Janeiro de 1880, foi apresentado, no Parlamento, um contrato, que tinha sido celebrado naquele mês, com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a instalação de uma linha entre a Estação de Lisboa-Santa Apolónia e Pombal, transitando pelas localidades de Caldas da Rainha, São Martinho do Porto, e Marinha Grande; a exploração desta linha beneficiaria de uma garantia de juro de 6%.[1] Este plano foi, no entanto, anulado devido à queda do governo, tendo uma nova proposta sido submetida no Parlamento em 31 de Janeiro de 1882; este documento sugeria a construção de duas linhas, uma delas de Alcântara a Torres Vedras, com um ramal para Sintra e outro para Merceana.[1] A segunda linha continuaria a primeira, a partir de Torres Vedras, até à Figueira da Foz, passando pelas Caldas da Rainha, São Martinho do Porto e Leiria, com um ramal para Alfarelos, aonde se ligaria à Linha do Norte.[1] A primeira parte foi contratada à casa Henry Burnay & C.ª, e a segunda parte foi adjudicada à Companhia Real, sendo o primeiro concorrente forçado a construir ambas as linhas caso a Companhia desistisse deste empreendimento.[1]
A Companhia Real, no entanto, conseguiu que a casa Henry Burnay & C.ª abdicasse do seu contrato, em 9 de Maio de 1883, tendo o trespasse sido oficialmente requerido em 15 de Maio de 1885, e autorizado por um despacho ministerial de 28 de Julho.[1] As obras prosseguiram enquanto decorria este processo, tendo o primeiro troço, entre Alcântara-Terra e Sintra sido aberto em 2 de Abril de 1887; a linha de Cacém a Torres Vedras entrou ao serviço em 21 de Maio, tendo sido continuada até Leiria em 1 de Agosto, e à Figueira da Foz em 17 de Julho do ano seguinte.[1] A ligação entre Amieira e Alfarelos foi aberta à exploração em 8 de Junho de 1889, tendo a Concordância de Alfarelos entrado ao serviço em 25 de Maio de 1891.[1] Considerava-se que a estação inicial desta linha era Alcântara-Terra.[2] Em 1895, foi estabelecida a segunda via entre as estações de Campolide e Cacém.[1]
Século XXI
No início do século XXI, o troço entre Malveira e Torres Vedras foi renovado, tendo este projecto sido entregue à empresa SOMAFEL.[3]
Articulação com a Linha de Alta Velocidade Lisboa-Porto
Em 2009, foi aprovado o projecto para uma nova estação em Leiria, que servirá tanto a Linha do Oeste, à qual será ligada por uma variante, como a Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e o Porto; o antigo traçado será aproveitado, durante alguns anos, para composições de mercadorias, prevendo-se que será completamente desactivado aquando da construção de um novo terminal de mercadorias por parte da Rede Ferroviária Nacional.[4][5]
Modernização
Em 2009, foi lançado um projecto de modernização da Linha do Oeste, integrado no Plano de Acção para o Oeste e Lezíria do Tejo; este plano previa a renovação e electrificação da via, a implementação de sinalização electrónica e de telecomunicações e controlo de velocidade por rádio solo-comboio, e a supressão e reclassificação de passagens de nível. Este plano contemplava, igualmente, a construção de uma ligação ferroviária ligando Caldas da Rainha (Linha do Oeste), Rio Maior, e Santarém (Linha do Norte, amarrando em Setil), orçamentada em 37 M€.[6]
Nesse ano, esta linha concentrava 13% do tráfego de mercadorias e 10% das receitas totais da operadora Comboios de Portugal. Estações como as do Ramalhal, Outeiro, Pataias e Martingança tornaram-se em entrepostos, de onde partem e chegam composições que transportam mercadorias tão diversas como cereais, rações, farinhas, produtos de cerâmica, cimentos, pasta de papel e madeiras.[7]
No entanto, apesar da sua importância, esta ligação nunca foi modernizada, o que gerou vários constrangimentos ao tráfego de passageiros e mercadorias, como congestionamentos e problemas de parqueamento, e dificuldades de gestão e manobras do material circulante.[7] Por outro lado, verificou-se, igualmente, uma degradação nos serviços de passageiros, com redução na oferta de comboios, motivada pela falta de procura.[8]
Em Setembro desse ano, a Coligação Democrática Unitária e o Bloco de Esquerda organizaram acções de protesto independentes pela modernização desta ligação ferroviária e das estações, e pela implementação de horários mais coerentes com as necessidades dos passageiros.[9]
Assim, em Janeiro de 2010, foi apresentada uma petição por parte de vários empresários, autarcas e membros de partidos, que procurou alertar para esta situação, exigir uma melhoria na oferta e qualidade dos serviços de passageiros, e recomendar uma série de investimentos, como duplicação e electrificação da via, e correcções no traçado.[8] A petição foi entregue à Assembleia da República em Outubro do mesmo ano.[2]
Em Maio, realizou-se, nesta Linha, uma viagem cultural, promovida pela Escola Secundária Henriques Nogueira, de Torres Vedras, no âmbito das comemorações das Linhas de Torres; nesta iniciativa, também lugar a conferência "Comboio e o Ambiente", que pretendeu chamar a atenção para o facto da Linha do Oeste ter desempenhado um papel de dinamização e de união entre as povoações desta região, e promover as potencialidades que poderiam advir da sua modernização.[10] No mês seguinte, decorreu, entre as estações de Vila Meã e Caldas da Rainha, uma visita de estudo por transporte ferroviário, organizado pelo Externato de Vila Meã.[11]
Em Julho, o governo português suspendeu o projecto de modernização para a Linha do Oeste, devido às restrições orçamentais impostas pelo Plano de Estabilidade e Crescimento; o plano de investimentos previa uma verba de 127,7 milhões de euros para utilizar até 2016, dos quais 8,5 milhões seriam investidos ainda em 2010, 40 milhões no ano seguinte, e 48,5 milhões em 2012. Também foi suspensa, na mesma data, a construção da ligação ferroviária entre Caldas da Rainha e Santarém, devido a um estudo da Rede Ferroviária Nacional avaliar que este troço não teria viabilidade económica.[12]
Em Setembro, a Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo organizou uma viagem de comboio até à Figueira da Foz para a população sénior da freguesia; este meio de transporte de transporte foi escolhido de forma a alertar para o Estado para a necessidade de modernização da Linha do Oeste.[13]
Interrupções na circulação
A 9 de Março de 2008, a meio da tarde, na passagem de nível de Monte Real, próximo a Leiria, uma ambulância galgou as cancelas de protecção, tendo sido colhida ao máximo por uma automotora da Série 0450, que fazia um serviço Interregional entre Caldas da Rainha e Coimbra. O comboio apenas sofreu ligeiras amolgadelas e, dois faróis partidos e, nem nenhum passageiro, nem nenhum tripulante ficou fisicamente lesado. Os passageiros do comboio seguiram viagem em autocarro. A ambulância ficou completamente esmagada. Embora, segundo o inquérito, não transportasse ninguém em serviço de urgência, os três ocupantes da ambulância, condutora e dois passageiros, tiveram morte imediata. A circulação ferroviária esteve interrompida durante dois dias na zona, para limpeza da via e, efeitos de inquérito. Este incidente veio realçar, a importância da supressão de passagens de nível e, a sua substituição por passagens desniveladas.
Em 2010, a circulação nesta Linha foi interrompida, devido ao deflagrar de um incêndio em Mafra[14], e, de novo em Agosto, por causa de um incêndio junto a Belas.[15]
Em Outubro, o tráfego foi de novo suspenso, após uma colisão entre um veículo automóvel e uma automotora da Série 0350, na Carrasqueira, junto a Malveira; este acidente provocou 2 mortos.[16]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682): 61, 62
- ↑ a b «Linha do Oeste (PSD/DISTRITAL LEIRIA)». Gazeta das Caldas. 15 de Outubro de 2010. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ CONCEIÇÃO, Marcos A. (2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Madrid: Revistas Profesionales. Maquetren (em espanhol). 10 (100). 75 páginas
- ↑ OLIVEIRA, Raquel (11 de Outubro de 2009). «Leiria vai ter nova estação». Correio da Manhã. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ CIPRIANO, Carlos (15 de Outubro de 2009). «Aprovado projecto de articulação da linha do Oeste com a linha de alta velocidade em Leiria». Expresso. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ "(Análise) TGV : Quem arrisca perder o comboio?" Guia do Empresário ’09 2009.11.20 (supl. de i 170 e de Região de Leiria 3792); caixa "Linha do Oeste modernizada": p.22
- ↑ a b CIPRIANO, Carlos (28 de Agosto de 2009). «Linha do Oeste representa quase 13% das mercadorias transportadas pela CP Carga». Gazeta das Caldas
- ↑ a b «Petição reclama requalificação da linha ferroviária do Oeste». Destak. 26 de Janeiro de 2010. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ «CDU faz protesto de comboio». Jornal das Caldas. 23 de Setembro de 2009. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ NARCISO, Natacha (25 de Fevereiro de 2010). «Uma viagem cultural de comboio entre Torres». Expresso. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ CIPRIANO, Carlos; NARCISO, Natacha (11 de Junho de 2010). «Visita de estudo em comboio trouxe mil alunos e professores de Vila Meã às Caldas da Rainha». Gazeta das Caldas. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ CIPRIANO, Carlos; FERREIRA, Fátima (9 de Julho de 2010). «Governo suspende modernização da linha do Oeste por causa da crise». Expresso. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ SOUSA, Marlene (2 de Setembro de 2010). «Junta levou 300 idosos de comboio como forma de alertar Governo para a necessidade da modernização da Linha do Oeste». Jornal das Caldas. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ «Incêndio em Mafra corta linha ferroviária». A Bola. 15 de Julho de 2010. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ «Incêndio de Belas cortou linha do Oeste». Rádio Televisão Portuguesa. 25 de Agosto de 2010. Consultado em 16 de Novembro de 2010
- ↑ SAMBADO, Cristina (10 de Outubro de 2010). «Dois mortos em acidente com Automotora». Rádio Televisão Portuguesa. Consultado em 16 de Novembro de 2010
Ligações externas