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Gonçalves de Magalhães

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Gonçalves de Magalhães Academia Brasileira de Letras
Gonçalves de Magalhães
Nascimento Domingos José Gonçalves de Magalhães
13 de agosto de 1811
Rio de Janeiro
Morte 10 de julho de 1882 (70 anos)
Roma
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Ocupação Filósofo, Médico, professor, diplomata, político, poeta e ensaísta
Distinções
Obras destacadas Suspiros Poéticos e Saudades
Escola/tradição Romantismo
Movimento estético romantismo

Domingos José Gonçalves de Magalhães, o visconde do Araguaia, (Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1811Roma, 10 de julho de 1882) foi um médico, professor, diplomata, político, poeta e ensaísta brasileiro, que participou de missões diplomáticas na França, Itália, Vaticano, Argentina, Uruguai e Paraguai, além de ter representado a província do Rio Grande do Sul na sexta Assembleia Geral. É considerado por historiadores como o primeiro filósofo brasileiro a construir uma obra original.[1][2]

Nascido em agosto de 1811 na cidade brasileira do Rio de Janeiro, filho de Pedro Gonçalves de Magalhães Chaves.

Em 1828, ingressou no curso de medicina, diplomando-se em 1832. No mesmo ano estreou com "Poesias" e, no ano seguinte, parte para a Europa, com a intenção de se aperfeiçoar em medicina.

Ao retornar ao Brasil, em 1838 é nomeado professor de Filosofia do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, tendo lecionado por pouco tempo.

De 1838 a 1841 foi secretário de Caxias no Maranhão e de 1842 a 1846 no Rio Grande do Sul. Em 1847 entrou para a carreira diplomática brasileira. Foi Encarregado de Negócios nas Duas Sicílias, no Piemonte, na Rússia e na Espanha; ministro residente na Áustria; ministro dos Estados Unidos, Argentina e na Santa Sé, onde faleceu no ano de 1882.

Três renomados escritores brasileiros do século XIX. Da esquerda para direita: Gonçalves Dias, Manuel de Araújo Porto-Alegre e Gonçalves de Magalhães (1858).

Recém-formado em Medicina, viaja para a Europa, onde entra em contato com as ideias românticas, fator essencial para a introdução do movimento no Brasil.

Sua importância está no fato de ter sido o introdutor do romantismo no Brasil, não obstante suas obras serem consideradas fracas pela crítica literária. Embora fosse voltado para a poesia religiosa, como fica claro em Suspiros poéticos e saudades, também cultivou a poesia indianista de caráter nacionalista, como no poema épico A Confederação dos Tamoios (esta obra lhe valeu agitada polêmica com José de Alencar, relativa à visão de cada autor sobre o índio), ambas bastante fantasiosas.

Em contato com o romantismo francês, publicou em 1836 seu livro "Suspiros poéticos e saudades", cujo prefácio valeu como manifesto para o romantismo brasileiro, sendo por isso considerado o iniciador dessa escola literária no país. Em parceria com Araújo Porto-Alegre e Torres Homem, lançou a revista "Niterói", no mesmo ano. Introduziu ali seus principais temas poéticos: as impressões dos lugares que passou, cidades tradicionais, monumentos históricos, sugestões do passado, impressões da natureza associada ao sentimento de Deus, reflexões sobre o destino de sua Pátria, sobre as paixões humanas e o efêmero da vida. Ele reafirma, dentro de um ideal religioso, que a poesia tem finalidade moralizante, capaz de ser instrumento de elevação e dignificação do ser humano, condenando o estilo mitológico.

Ao retornar ao Brasil, em 1837, é aclamado chefe da "nova escola" e volta-se para a produção teatral, que então era renovada com a produção de Martins Pena e os desempenhos de João Caetano. Escreve duas tragédias: "Antônio José" ou "O poeta e a Inquisição" (1838) e "Olgiato" (1839).

Apesar de suas ideias, várias vezes as traiu por conta de sua formação neoclássica. O poema épico "Confederação dos Tamoios" foi escrito nos moldes de O Uraguai, retornando assim ao arcadismo. Esse fato gerou grande polêmica, tendo sido atacado por José de Alencar e defendido por Monte Alverne e pelo imperador Dom Pedro II.

Foi pai de Antônio José Gonçalves de Magalhães de Araguaia, nascido cerca de 1858, que recebeu o título de "Conde de Araguaia", concedido pela Santa Sé.[3]

Psychologia e Physiologia

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Segundo Marina Massimi,[4] Magalhães foi um dos precursores do ensino da psicologia no Brasil, quando essa ciência ainda se iniciava, transitando entre os estudos parapsicológicos e psicopatológicos. Professor do curso “Lições de Philosophie” (1837) do Colégio Imperial Pedro II com dois livros publicados sobre o tema (Os fatos do espírito humano, de 1865, e A alma e o cérebro, estudos de Psychologia e Physiologia, de 1876), típicos exemplares da influência francesa de filosofia espiritualista, segundo a autora.

Em 1875, uma tese sobre o mesmo tema foi examinada pela banca e sumariamente recusada. Tratava-se da tese de conclusão de curso intitulada Funcções do cérebro de Domingos Guedes Cabral. Tal rejeição não foi aceita pelos alunos pois que, no ano seguinte, imprimiu-se em livro a referida tese vinculada às teorias darwinistas. Apesar de não se ter localizado uma manifestação específica de sua posição quanto a esse acontecimento, como se tem das questões indigenistas e especificamente sobre a “Confederação dos tamoyos”, é evidente que se posicionava pela impossibilidade de redução das faculdades intelectuais e morais do homem frente ao conhecimento prévio da natureza e dos animais.

Apesar do seu erro de imaginar que mesmo nas teorias sobre os múltiplos centros de decisão e pensamento de Franz Joseph Gall (1758—1828) e outros frenologistas se anularia “ser único que em nós pensa, e que repele a anarquia de tantas forças primitivas” e que ao se tomar o estudo dos animais para melhor compreensão dos processos fisiológicos humanos no que concerne ao estudo do cérebro, estaríamos negando a especificidade da consciência tida como identidade do “eu”, e ação da vontade e força motriz vital, Magalhães primava pelo estudo da moral e da sociedade. A psicologia, entendida como o estudo filosófico do conhecimento do homem, e a fisiologia, o seu estudo orgânico hierarquicamente subordinados, a seu ver, à frenologia, endossava as teorias fatalistas (contra o livre-arbítrio), segundo as quais o homem estaria submetido “ao império do destino”, “que ora o fixa ao escolho como uma ostra inerte, ora o eleva em turbilhão como a poeira”.[5]

Massimi,[6] analisando o processo de substituição do conceito de "Alma" pelo estudo do "Eu", proposta pelos espiritualistas em refutação à impossibilidade de conhecer a subjetividade identificada por teóricos organicistas, destaca a posição de Gonçalves de Magalhães de deixar de lado as causas ocultas dos fenômenos internos da mesma forma que se pode estudar os fenômenos físicos sem entrar na indagação sobre a natureza íntima da matéria.

  • Poesias (1832)
  • Suspiros poéticos e saudades, poesia (1836) — Considerada a obra inaugural do romantismo brasileiro
  • Discurso sobre a história da literatura do Brasil, manifesto publicado na revista Nictheroy (1836)
  • Antônio José ou O poeta e a Inquisição, peça de teatro (1838)
  • A confederação dos Tamoios, poema épico (1856)
  • Os mistérios, poesias (1857)
  • Os fatos do espírito humano, tratado filosófico (1858)[7] — Considerada obra pioneira da filosofia no Brasil[8]
  • Os indígenas do Brasil perante a História (1860)
  • Urânia, poesias (1862)
  • Cânticos fúnebres, poesias (1864)
  • A alma e o cérebro, ensaios (1876)
  • Comentários e pensamentos (1880)
  • Poesias avulsas (1864)

Títulos e honrarias

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  • 17 de julho de 1872 – 12 de agosto de 1874: Barão do Araguaia - Título conferido por decreto imperial em 17 de julho de 1872. Faz referência ao rio Araguaia, que em tupi significa rio do vale dos papagaios.
  • 12 de agosto de 1874 – 10 de julho de 1882: Visconde do Araguaia - Título conferido por decreto imperial em 12 de agosto de 1874.

Referências

  1. COSTESKI, Evanildo. Ideias para uma epistemologia da Filosofia Brasileira1. Filosofia do Brasil, p. 148.
  2. MARGUTTI, Paulo. História da filosofia do Brasil. A ruptura iluminista (1808-1843). São Paulo: Loyola, 2020, 712 p."
  3. Almeida Barata, Carlos Eduardo de (setembro de 2012). «Subsídios para um Catálogo dos Títulos de Nobreza concedidos pela Santa Sé aos Brasileiros» (PDF). Colégio Brasileiro de Genealogia. Consultado em 1 de maio de 2020 
  4. Massimi, Marina (1990). História da psicologia brasileira da época colônia até 1934. São Paulo: EPU 
  5. Gonçalves de Magalhães, Domingos José (1876). A alma e o cérebro: estudos de psicologia e fisiologia. Roma: Fratelli Pallotta. p. 15 , apud: Kodama, Kaori (julho de 2005). «Um discurso sobre ciência, religião e liberdade no Segundo Reinado: A Alma e o Cérebro, de Gonçalves de Magalhães» (PDF). Revista da SBHC. 3 (2): 146-155 
  6. MASSIMI, oc. p.47
  7. Magalhães, D. J. G. de (1858). Factos do espirito humano: philosofia. Paris: Auguste Fontaine 
  8. Em texto de 1869, Tobias Barreto afirma sobre Os fatos do espírito humano que "(t)odos sabem que esta obra, escrita por um homem afeito ao movimento da política e das letras europeias, constitui, ela só — tal é o nosso atraso —, toda a biblioteca filosófica do Brasil". BARRETO, Tobias. Estudos de filosofia. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Record/INL, 1990, pp. 83-93.

Ligações externas

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Precedido por
ABL - patrono da cadeira 9
Sucedido por
Carlos Magalhães de Azeredo
(fundador)