Saltar para o conteúdo

Linha de Torres Novas a Alcanena

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Linha de Torres Novas a Alcanena
Info/Ferrovia
Predefinição:Info/Ferrovia
Estação de Riachos-Torres Novas-Golegã, em 2009
Informações principais
Área de operação Concelhos de Torres Novas e Alcanena, em Portugal
Tempo de operação 18891893
Interconexão Ferroviária Linha do Norte, em Riachos-Torres Novas-Golegã
Especificações da ferrovia
Extensão 21,5 quilómetros
L.ª de Torres Novas a Alcanena
Unknown route-map component "exKBHFa"
21,5 Alcanena
Unknown route-map component "exHST"
19,8 Ponte do Peral
Unknown route-map component "exHST"
Videla
Unknown route-map component "exHST"
Zibreira
Unknown route-map component "exHST"
Barreira Alva
Unknown route-map component "exHST"
Alto da Ribeira
Unknown route-map component "exHST"
Ribeira Branca
Unknown route-map component "exHST"
Bela Vista
Unknown route-map component "exHST"
Samão
Unknown route-map component "exBHF"
Torres Novas
Unknown route-map component "exWBRÜCKE"
Ponte do Almonda× Rio Almonda
Unknown route-map component "exHST"
Alto de Riachos
Unknown route-map component "exSTR" Continuation backward
Lª NorteCampanhã
Unknown route-map component "exCPICle" Left side of cross-platform interchange
00,0 Riachos-Torres Novas-Golegã
Continuation forward
Lª NorteSta. Apolónia

A Linha de Torres Novas a Alcanena, popularmente conhecida como Rata Cega ou Comboio Menino, foi uma ligação ferroviária entre a Estação de Riachos-Torres Novas-Golegã, na Linha do Norte, e a localidade de Alcanena, em Portugal. O primeiro troço, entre Riachos e Alcanena, abriu em 16 de Maio de 1889, tendo a linha sido totalmente inaugurada em 1 de Fevereiro de 1893.[1] O tráfego foi suspenso em 30 de Junho do mesmo ano.[1]

Caracterização

Via e traçado

A via, de bitola estreita[2], era quase totalmente assente sobre estrada, apenas possuindo alguns desvios em plataforma própria, principalmente para evitar os declives e outras dificuldades nas estradas[3]; a linha totalizava 21,500 quilómetros.[2] Na instalação dos carris, foram, principalmente, aproveitadas a Estrada Distrital 70, e a Estrada Municipal de Torres Novas.[3]

Iniciava-se junto à Estação de Riachos-Torres Novas-Golegã, passava por Riachos, aonde tinha um apeadeiro, atravessava o Rio Almonda numa ponte, e entrava na cidade de Torres Novas.[2] Percorria esta localidade até chegar à Rua das Freiras, aonde tinha a estação, e continuava pela Rua do Teatro até à Travessa do Vasconcellos, descendo, em seguida, pelas Ruas da Portela e de São Pedro.[2] Na zona de Samão, tinha um apeadeiro, que dava acesso a uma importante fábrica de tecidos, e seguia pela estrada até ao sítio de Senhora da Vitória, aonde se fez um desvio em leito próprio para facilitar o acesso ao Alto de Bela Vista, aonde foi instalado outro apeadeiro.[2] Em seguida, passava junto à localidade de Lapas, e tinha um apeadeiro em Ribeira Branca, que também servia a localidade de Ribeira Ruiva, e depois outro no Alto da Ribeira.[2] A partir deste ponto, a linha entrava num leito próprio, para evitar as acentuadas curvas e rampas naquele troço de estrada, voltando à estrada no sítio da Corrente de Ferro.[2] Mais à frente, detinha um apeadeiro para servir a povoação de Barreira Alva, e seguia até ao centro de Zibreira, aonde existia um outro apeadeiro, que também servia as fábricas de tecidos junto à nascente do Rio Almonda.[2] Passava por Videla, aonde detinha uma paragem, que também servia as localidades de Minde e de Porto de Mós, e depois por Gouxaria, aonde tinha outra paragem.[2] Após vencer uma acentuada rampa, a via passava por Ponte do Peral, e continuava a subir até chegar a Alcanena, aonde circulava em leito próprio até à estação terminal, junto à avenida.[2]

Material circulante

O material motor tinha tracção a vapor[1], e eram utilizadas, entre outro material circulante, carruagens de primeira classe.[2]

Serviços

Eram realizados serviços de passageiros e mercadorias, no sistema de tranvia.[2][3]

História

Antecedentes

A modalidade ferroviária da circulação em vias assentes sobre a estrada, foi, ao longo do Século XIX, objecto de desconfiança por parte das altas autoridades das obras públicas em Portugal, não obstante as suas potencialidades e reduzidos custos de exploração; com efeito, além de terem sido colocados vários obstáculos burocráticos, também não eram emitidos os despachos relativos aos inúmeros requerimentos para a instalação de caminhos de ferro deste tipo.[3] Esta situação só começou a mudar nos finais do Século, principalmente com a entrada do Visconde de Chanceleiros e de Tomás Ribeiro para a pasta das obras públicas.[3]

Planeamento, construção e inauguração

Em 17 de Março de 1887, um alvará autorizou o Barão de Matosinhos a construir esta linha; este empresário formou, assim, a Companhia de Caminhos de Ferro de Torres Novas a Alcanena, para a qual trespassou a concessão.[4] Para a construção da linha, foi contratada a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses; o fornecimento do material circulante e as obras metálicas ficaram a cargo da Fabrique Métalurgique Belge, enquanto que a montagem dos equipamentos telefónicos foi realizada pelo industrial Herman.[4]

Em Julho de 1888, as obras já se tinham iniciado, tendo sido instalados, naquela altura, cerca de 7 quilómetros de via.[4] Durante a construção do troço junto ao Apeadeiro de Alto da Ribeira, ocorreu um acidente, que vitimou 9 trabalhadores.[2]

O primeiro troço, ligando Riachos a Torres Novas, foi inaugurado em 16 de Maio de 1889.[1] Em 16 de Novembro de 1892, previa-se que as obras iriam terminar em cerca de uma semana.[5] Em finais de 1892, foram dadas ordens para acelerar as obras, de forma a estarem concluídas em Janeiro do ano seguinte, como estava previsto.[6] A linha foi totalmente inaugurada em 1 de Fevereiro de 1893.[1]

Para a cerimónia de inauguração da linha, em Fevereiro de 1893, foi organizado um serviço especial, para o transporte de convidados, que percorreu toda a linha; à passagem do comboio, foi sendo recebido pelos habitantes nas estações e apeadeiros.[2] A cerimónia terminou em Alcanena, tendo sido acompanhada por música de uma filarmónica.[2]

Esta foi a primeira linha de tranvias a vapor sobre vias assentes em estrada, em Portugal.[3]

Extinção

Em 30 de Junho de 1893, todos os serviços nesta linha foram suspensos[1], prevendo-se, em Julho, que o director da Companhia, o Barão de Matosinhos, iria colocar, no próximo mês, a linha em praça.[7] Uma das razões apontadas para o fracasso deste caminho de ferro foi a crise financeira de 1890, que teve vários efeitos nefastos no transporte ferroviário em Portugal, durante a década seguinte.[8]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f «Cronologia das Linhas de "Americanos" que existiram em Portugal». Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro. Consultado em 14 de Março de 2012 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o «Há Quarenta anos: A Inauguração da linha da Torres Novas a Alcanena». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1084): 116, 117. 16 de Fevereiro de 1933 
  3. a b c d e f «Há 50 anos: Inauguração da linha de Alcanena». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 54 (1323). 132 páginas. 1 de Fevereiro de 1943 
  4. a b c ESTÁCIO, Emílio Barbosa (16 de Julho de 1966). «Subsídios para a história dos Caminhos de Ferro em Portugal». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 79 (1886). 193 páginas 
  5. «Há 50 anos». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 54 (1318). 497 páginas. 16 de Novembro de 1942 
  6. «Há 50 anos». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 53 (1297). 44 páginas. 1 de Janeiro de 1942 
  7. «Há 50 anos». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 54 (1334). 375 páginas. 16 de Julho de 1943 
  8. «Balanço Ferro-viario». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361). 2 páginas. 1 de Janeiro de 1903 

Ligações externas