Eugênio Aragão
Eugênio Aragão | |
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Aragão em março de 2016 | |
102º Ministro da Justiça do Brasil | |
Período | 14 de março de 2016 até 12 de maio de 2016 |
Presidente | Dilma Rousseff |
Antecessor(a) | Wellington César Lima e Silva |
Sucessor(a) | Alexandre de Moraes |
Vice-Procurador-Geral Eleitoral do Brasil | |
Período | 17 de setembro de 2013 até 13 de março de 2016 |
Procurador-Geral | Rodrigo Janot |
Antecessor(a) | Sandra Cureau |
Sucessor(a) | Nicolao Dino |
Dados pessoais | |
Nascimento | 7 de maio de 1959 (64 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Universidade de Brasília |
Profissão | advogado, professor |
Eugênio José Guilherme de Aragão (Rio de Janeiro, 7 de maio de 1959)[1] é um jurista e advogado brasileiro. Foi membro do Ministério Público Federal de 1987 até 2017 e ministro da Justiça em 2016, no governo Dilma Rousseff.[2]
É professor titular de direito internacional da Universidade de Brasília (UnB), pela qual é graduado em direito. É mestre em direito internacional pela Universidade de Essex (Inglaterra) e doutor em direito pela Ruhr-Universität Bochum (Alemanha).
Notabilizou-se também por suas críticas à Operação Lava Jato,[3] tendo afirmado que a operação estaria destruindo a economia brasileira,[4] bem como por atuar como advogado da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República nas eleições de 2018[5] e de 2022.[6]
É colunista do Jornal GGN.[7]
Carreira[editar | editar código-fonte]
Formação e docência[editar | editar código-fonte]
Eugênio Aragão formou-se em direito pela Universidade de Brasília (UnB) em 1982. Tornou-se mestre em direito internacional dos direitos humanos pela Universidade de Essex (Inglaterra) em 1994, e doutor em direito pela Ruhr-Universität Bochum (Alemanha) em 2007, com menção summa cum laude.[8]
É professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília desde 1997.[8]
Carreira inicial no serviço público e advocacia[editar | editar código-fonte]
Ingressou no serviço público federal em 1980, como agente administrativo no Conselho Federal de Educação do Ministério da Educação e Cultura. Ali, trabalhou sob as ordens de Yesis Ílcia y Amoedo Passarinho, que lhe ensinou os primeiros passos na função pública. Em 1982, ao se tornar bacharel em Direito, foi nomeado pela então ministra Esther de Figueiredo Ferraz para exercer o cargo de Coordenador de Assuntos Jurídicos do Conselho Federal de Educação. Ao mesmo tempo, iniciou-se na advocacia na Sociedade de Advogados Nunes Leal, escritório de Victor Nunes Leal, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, e José Paulo Sepúlveda Pertence, que também viria a se tornar, mais tarde, ministro do STF.
Em 1985, ao limiar da nova república, Aragão foi chamado a trabalhar no Ministério da Justiça a convite de Luiz Carlos Sigmaringa Seixas. Foi seu substituto como Diretor-Geral do Departamento Federal de Justiça e, com seu afastamento para concorrer à eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, assumiu a titularidade da direção-geral, sendo ministro de Estado Paulo Brossard. Em final de 1986, foi convidado pelo professor Cristovam Buarque, então reitor da Universidade de Brasília, para o cargo de Chefe da Assessoria Jurídica da Reitoria, ali se desempenhando até outubro de 1987, quando tomou posse no cargo de Procurador da República.
Ministério Público Federal[editar | editar código-fonte]
Aragão ingressou no Ministério Público Federal como procurador da República em 1987. Atuou perante o Supremo Tribunal Federal em matéria criminal, assistindo o procurador-geral da República, entre 1987 e 1989. Entre 1991 e 1993, foi diretor da Associação Nacional dos Procuradores da República. Na extinta Secretaria de Coordenação da Defesa dos Interesses Difusos e Direitos Coletivos da Procuradoria Geral da República, Aragão atuou na defesa dos direitos dos povos indígenas entre 1989 e 1991. Nessa qualidade, foi responsável, junto com a procuradora Deborah Duprat, pela propositura da primeira ação coletiva para demarcação de terra indígena, o Parque Indígena Yanomami, na fronteira da Venezuela. A partir de abril de 1991, foi Procurador-Geral da FUNAI, na gestão do sertanista Sydney Possuelo naquele órgão. Depois, de volta ao Ministério Público Federal, foi coordenador da defesa do patrimônio público entre 1992 e 1993.[9]
Em 1995, foi promovido a procurador regional da República, atuando principalmente em matéria criminal e em causas de desapropriação para reforma agrária, foi cedido, em 1999-2000, pelo MPF e pela Universidade de Brasília, à Organização das Nações Unidas, para servir no Timor Leste, como chefe interino do Departamento de Assuntos Judiciais, da Administração Transitória da ONU naquele território (UNTAET), sob a direção de Sérgio Vieira de Mello.[carece de fontes]
Em 2004, recebeu promoção a subprocurador-geral da República. Nessa qualidade, foi membro da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, em Matéria de defesa dos povos indígenas. Teve atuação na defesa dos povos Guaranis, propondo o tratamento transnacional de políticas públicas em seu apoio no Mercosul. Foi membro, também, do Centro De Cooperação Jurídica Internacional e participou, dentre outras, da delegação que negociou o Acordo de Auxílio Mútuo em Matéria Penal com a Alemanha, bem como se empenhou, junto aos governos suíço e da ilha de Jersey, pela recuperação de ativos desviados do Município de São Paulo pelo ex-prefeito Paulo Maluf. Foi responsável pela criação, juntamente com Juan Emilio Oviedo Cabañas, pelo lado paraguaio, pela criação da Reunião especializada de Ministérios públicos do Mercosul.[carece de fontes]
A partir do mesmo ano, foi Diretor-Geral Adjunto da Escola Superior do Ministério Público da União por dois mandatos (2004-2008). Foi Coordenador da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (2008-2011), em matéria de defesa do patrimônio público. Estabeleceu linha de atuação sobre desenvolvimento territorial do arquipélago do Marajó e intensa cooperação com o Ministério da Agricultura para reestruturação da defesa agropecuária. Foi seguidamente componente da banca de concurso público para o provimento do cargo de procurador da república (2008-2014), conselheiro do Conselho Superior do MPF (2009-2011) e Procurador-Geral da República Interino (2001).[9]
De 2011 a 2013, foi Corregedor-Geral do MPF, promovendo a descentralização regional, para maior eficiência de atuação.[9]
Foi vice-procurador geral eleitoral de 2013 a 2015.[10]
Foi cotado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.[11][12]
Ministério da Justiça[editar | editar código-fonte]
Em março de 2016, Aragão foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff para o cargo de Ministro da Justiça, em substituição ao procurador Wellington César Lima e Silva, que decidiu deixar o governo após decisão do STF determinando que seria inconstitucional um membro do Ministério Público assumir cargo político sem se desligar do parquet. Esse impedimento, porém, não se aplicaria a Aragão, por ele haver ingressado no MP antes da vigência da Constituição brasileira de 1988.[13]
Em 12 de abril de 2016, uma decisão proferida pela juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura da 7ª Vara Federal, todavia, suspendeu a nomeação do ministro.[14] A decisão atendeu ao pedido de uma ação popular, argumentando que ele não poderia ser ministro por integrar o Ministério Público.[15][16] Em 13 de abril, a Advocacia Geral da União (AGU) recorreu e derrubou a decisão da juíza de suspender a nomeação.[17]
Em 12 de maio de 2016, o Senado afastou a presidente Dilma Rousseff do cargo, sendo exonerados quase todos os ministros, entre os quais Aragão.[18]
Retorno à advocacia[editar | editar código-fonte]
Em 2 de junho de 2017, aposentou-se do Ministério Público Federal e regressou à advocacia, passando a prestar consultoria em direito empresarial e direito internacional junto ao escritório ECEA Advogados e Consultores, em Brasília.[19] Em outubro de 2017, após a desfazimento do ECEA, fundou escritório próprio.[20]
Foi advogado do Partido dos Trabalhadores e coordenador jurídico da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República nas eleições de 2018.[5] Atuou também como advogado da campanha de Lula nas eleições de 2022.[6]
Referências
- ↑ «Biografia de Eugênio José G. de Aragão». Ministério Público Federal. Consultado em 14 de março de 2016
- ↑ «Subprocurador-geral da República é escolhido como ministro da Justiça». 14 de março de 2016. Consultado em 14 de março de 2016
- ↑ «Métodos da operação "lava jato" desmoralizam o Direito». Conjur. Consultado em 24 de fevereiro de 2018
- ↑ «"Essa garotada do MPF não tem a mínima noção de economia"». Carta Capital. Consultado em 24 de fevereiro de 2018
- ↑ a b «'Foi realmente um problema técnico', diz advogado de Lula sobre propagandas». Poder 360. Consultado em 5 de setembro de 2018
- ↑ a b «Advogado de Lula: acionar Justiça contra fake news é "enxugar gelo"». Metrópoles. 29 de março de 2022. Consultado em 26 de julho de 2022
- ↑ «Eugênio Aragão». Jornal GGN. Consultado em 10 de setembro de 2018
- ↑ a b «Eugênio José Guilherme de Aragão». Ministério Público Federal. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ a b c «Eugênio José G. de Aragão». Biografias dos subprocuradores gerais. Ministério Público Federal. Consultado em 14 de março de 2016
- ↑ «Procurador-Geral e Vice-Procurador-Geral». Eleitoral. Ministério Público Federal. Consultado em 22 de março de 2016.
Vice-Procurador-Geral Eleitoral Nome: Eugênio José Guilherme de Aragão Mandato: 17/09/2013 a 17/09/2015
- ↑ «Cotados para o STF são recebidos no Planalto». O Povo. 22 de fevereiro de 2013. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ Talita Abrantes (30 de março de 2015). «Quem são os cotados para substituir Joaquim Barbosa no STF». Exame. Abril. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ «Governo anuncia Eugênio Aragão como novo ministro da Justiça». G1. Globo. 14 de março de 2016. Consultado em 14 de março de 2016
- ↑ «SUSPENSA A NOMEAÇÃO DE ARAGÃO». O Antagonista. Consultado em 12 de abril de 2016
- ↑ «Procurador não pode ser ministro». O Antagonista. 12 de abril de 2016. Consultado em 12 de abril de 2016
- ↑ Renan Ramalho (12 de abril de 2016). «Justiça federal suspende nomeação do ministro Eugênio Aragão». G1. Consultado em 12 de abril de 2016
- ↑ «AGU recorre da decisão que suspendeu posse de Eugênio Aragão». G1. 13 de abril de 2016. Consultado em 13 de abril de 2016
- ↑ «Lula e mais 27 ministros são exonerados». O Povo Online. 12 de maio de 2016. Consultado em 12 de maio de 2016
- ↑ «Ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão se aposenta do MPF e retorna à advocacia». Consultor Jurídico. 2 de junho de 2017. Consultado em 3 de junho de 2017
- ↑ «Eugênio Aragão funda banca própria e firma parceria com Willer Tomaz». Consultor Jurídico. 17 de outubro de 2017. Consultado em 17 de outubro de 2017
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