Teoria da conspiração: diferenças entre revisões

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'''Teoria da conspiração''', também chamada de '''teoria conspiratória''' ou '''conspiracionismo''', é uma [[hipótese]] explicativa ou especulativa que sugere que há duas ou mais pessoas ou até mesmo uma organização que têm “tramado” para causar ou acobertar, por meio de planejamento secreto e de ação deliberada, uma situação ou evento tipicamente considerado ilegal ou prejudicial.
'''Teoria da conspiração''', também chamada de '''teoria conspiratória''' ou '''conspiracionismo''', é uma [[hipótese]] explicativa ou especulativa que sugere que há duas ou mais pessoas ou até mesmo uma organização que têm “tramado” para causar ou acobertar, por meio de planejamento secreto e de ação deliberada, uma situação ou evento tipicamente considerado ilegal ou prejudicial.


Desde meados dos anos 1960, o termo se refere a explicações que mencionam [[Conspiração|conspirações]] sem fundamento, muitas vezes produzindo suposições que contrariam a compreensão predominante dos eventos históricos ou de simples fatos.<ref name="Ayto1999p15">Ayto, John (1999).''20th Century Words''. Oxford University Press.</ref><ref>Pigden, Charles R (2007). "Conspiracy Theories and the Conventional Wisdom," ''Episteme: A Journal of Social Epistemology'' Volume 4, Issue 2, p. 222. DOI: 10.1353/epi.2007.0017.</ref><ref>Coady, David. ''Conspiracy theories: the philosophical debate'', Ashgate Publishing, pp. 2, 140.</ref><ref>Balaban, Oded (2005). ''Interpreting conflict: Israeli-Palestinian Negotiations at Camp David II and Beyond'', Peter Lang, p. 66.</ref>
Desde meados dos anos 1960, o termo se refere a explicações que mencionam [[Conspiração|conspirações]] sem fundamento, muitas vezes produzindo suposições que contrariam a compreensão predominante dos eventos históricos ou de simples fatos.<ref name="Twentieth century words">{{citar livro|autor=Ayto, John|título=Twentieth century words|editora=[[Oxford University Press]]|ano=1999|páginas=626|id=}} {{en}} Adicionado em 4 de Agosto de 2019.</ref> <ref>Pigden, Charles R (2007). "Conspiracy Theories and the Conventional Wisdom," ''Episteme: A Journal of Social Epistemology'' Volume 4, Issue 2, p. 222. DOI: 10.1353/epi.2007.0017.</ref><ref>Coady, David. ''Conspiracy theories: the philosophical debate'', Ashgate Publishing, pp. 2, 140.</ref><ref>Balaban, Oded (2005). ''Interpreting conflict: Israeli-Palestinian Negotiations at Camp David II and Beyond'', Peter Lang, p. 66.</ref>


Uma característica comum das teorias conspiratórias é que elas evoluem para incluir provas contra si próprias, de modo que se tornem [[Falseabilidade|infalseáveis]] e, como afirma [[Michael Barkun]], ''"uma questão de fé em vez de prova"''.<ref name=Barkun2003p7>[[Michael Barkun|Barkun, Michael]] (2003). ''[[A Culture of Conspiracy: Apocalyptic Visions in Contemporary America]]''. University of California Press, p. 7.</ref><ref name=Barkun2011p10>[[Michael Barkun|Barkun, Michael]] (2011). ''Chasing Pantoms: Reality, Imagination, and Homeland Security Since 9/11''. University of North Carolina Press, p. 10.</ref> O termo "teoria da conspiração" adquiriu, portanto, um significado depreciativo e é muitas vezes usado para rejeitar ou ridicularizar crenças impopulares.<ref name=Ayto1999p15/>
Uma característica comum das teorias conspiratórias é que elas evoluem para incluir provas contra si próprias, de modo que se tornem [[Falseabilidade|infalseáveis]] e, como afirma [[Michael Barkun]], ''"uma questão de [[]] em vez de prova"''.<ref name=Barkun2003p7>[[Michael Barkun|Barkun, Michael]] (2003). ''[[A Culture of Conspiracy: Apocalyptic Visions in Contemporary America]]''. University of California Press, p. 7.</ref><ref name=Barkun2011p10>[[Michael Barkun|Barkun, Michael]] (2011). ''Chasing Pantoms: Reality, Imagination, and Homeland Security Since 9/11''. University of North Carolina Press, p. 10.</ref> O termo "teoria da conspiração" adquiriu, portanto, um significado depreciativo e é muitas vezes usado para rejeitar ou ridicularizar crenças impopulares.<ref name="Twentieth century words"/>


== Uso do termo ==
== Uso do termo ==

Os indivíduos formulam teorias conspiratórias para explicar, por exemplo, as relações de poder em grupos sociais e a existência percebida de forças malignas.<ref name=Barkun2003p3>Barkun 2003, p. 3: "uma ''crença conspiratória'' é a crença de que uma organização composta de indivíduos ou grupos estava ou está agindo secretamente para atingir um fim malévolo." </ref><ref name="New Internationalist 1 2004">{{citar periódico|autor = [[Chip Berlet|Berlet, Chip]] |título= Interview: Michael Barkun |data= setembro de 2004 |url= http://www.publiceye.org/antisemitism/nw_barkun.html |citação= A questão do conspiracionismo versus crítica racional é complicada, e algumas pessoas (como Jodi Dean, por exemplo) argumentam que o primeiro é simplesmente uma variedade do segundo. Não aceito isso, embora eu certamente reconheça que já tenha havido conspirações. Elas simplesmente não possuem os atributos de quase um poder sobre-humano e astúcia que os conspiradores lhes atribuem. |acessodata=1 de outubro de 2009}}</ref><ref name="Turkay Nefes">[http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1467-954X.12016/abstract Link text], Türkay Salim Nefes (2013) ''The Sociological Review'' Volume 61, Issue 2, pages 247–264.</ref><ref name="Nefes">[http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1467-6443.2012.01434.x/abstract Link text], Türkay Salim Nefes (2012), ''Journal of Historical Sociology'', Volume 25, Issue 3, pages 413–439, setembro de 2012.</ref> Teorias da conspiração têm origens principalmente psicológicas ou sócio-políticas.{{carece de fontes|data=fevereiro de 2016}} As origens psicológicas propostas incluem projeção; a necessidade pessoal de tentar explicar "um evento significante [com] uma causa significante"; e o resultado de vários tipos e estágios de transtornos de pensamento (disposição paranoica, por exemplo), que vão desde as doenças mentais graves até as diagnosticáveis. Algumas pessoas preferem explicações sócio-políticas para não se sentirem inseguras ao se depararem com situações [[Aleatoriedade|aleatórias]], imprevisíveis ou, de outra forma, inexplicáveis.<ref name="business.time.com">Justin Fox: [http://business.time.com/2009/10/01/wall-streeters-like-conspiracy-theories-always-have/ "Wall Streeters like conspiracy theories. Always have"], ''Time'', 1 de outubro de 2009.</ref><ref name="Goertzel 1994 733–744">{{citar periódico|autor = Goertzel |ano= 1994 |título= Belief in Conspiracy Theories | doi = 10.2307/3791630 |url=http://www.crab.rutgers.edu/~goertzel/conspire.doc <!--|páginas= 733–744-->|páginas=1, 12, 13 |acessodata=7 de agosto de 2006 |jstor=3791630 |periódico= Political Psychology |volume=15 |issue =4}}</ref><ref name="Douglas 2008 210–222">{{citar periódico|primeiro =Karen |último =Douglas |primeiro2 =Robbie |último2 =Sutton |ano=2008 |título=The hidden impact of conspiracy theories: Perceived and actual influence of theories surrounding the death of Princess Diana |periódico=Journal of Social Psychology |volume=148 |issue=2 |páginas=210–222 |doi=10.3200/SOCP.148.2.210-222 }}</ref><ref name="harpers=1964"/><ref name="Hodapp 2008">{{citar livro|título=Conspiracy Theories & Secret Societies For Dummies |primeiro =Christopher |último =Hodapp |autor2 =Alice Von Kannon |publicadopor=[[John Wiley & Sons]] |ano=2008 |isbn=9780470184080}}</ref><ref name="Cohen">{{citar jornal|último =Cohen |primeiro =Roger |autorlink =Roger Cohen |título=The Captive Arab Mind |jornal=The New York Times |data=20 de dezembro de 2010 |url=http://www.nytimes.com/2010/12/21/opinion/21iht-edcohen21.html }}</ref> A crença em teorias da conspiração pode ser racional, de acordo com alguns filósofos.<ref>{{citar livro|último =Coady |primeiro1 =David |título=What to believe now : applying epistemology to contemporary issues |capítulo=Chapter 5: Conspiracy Theories and Conspiracy Theorists |local=Chichester, West Sussex |publicadopor=Wiley-Blackwell |ano=2012 |acessodata=13 de abril de 2015 }}</ref><ref>{{citar livro|último =Basham |primeiro1 =Lee |título=Beyond Rationality |capítulo=Conspiracy Theory and Rationality |editor-last=Jensen |editor-first=Carl |editor2-last=Harré |editor2-first=Rome |local=Newcastle on Tyne |publicadopor=Cambridge Scholars Publishing |ano=2011 |acessodata=13 de abril de 2015 }}</ref>{{Verificar fontes|date=dezembro de 2015}}
Os indivíduos formulam teorias conspiratórias para explicar, por exemplo, as [[relações de poder]] em [[grupos sociais]] e a existência percebida de forças malignas.<ref name=Barkun2003p3>Barkun 2003, p. 3: "uma ''crença conspiratória'' é a crença de que uma organização composta de indivíduos ou grupos estava ou está agindo secretamente para atingir um fim malévolo." </ref><ref name="New Internationalist 1 2004">{{citar periódico|autor = [[Chip Berlet|Berlet, Chip]] |título= Interview: Michael Barkun |data= setembro de 2004 |url= http://www.publiceye.org/antisemitism/nw_barkun.html |citação= A questão do conspiracionismo versus crítica racional é complicada, e algumas pessoas (como Jodi Dean, por exemplo) argumentam que o primeiro é simplesmente uma variedade do segundo. Não aceito isso, embora eu certamente reconheça que já tenha havido conspirações. Elas simplesmente não possuem os atributos de quase um poder sobre-humano e astúcia que os conspiradores lhes atribuem. |acessodata=1 de outubro de 2009}}</ref><ref name="Turkay Nefes">[http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1467-954X.12016/abstract Link text], Türkay Salim Nefes (2013) ''The Sociological Review'' Volume 61, Issue 2, pages 247–264.</ref><ref name="Nefes">[http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1467-6443.2012.01434.x/abstract Link text], Türkay Salim Nefes (2012), ''Journal of Historical Sociology'', Volume 25, Issue 3, pages 413–439, setembro de 2012.</ref> Teorias da conspiração têm origens principalmente psicológicas ou sócio-políticas.{{carece de fontes|data=fevereiro de 2016}} As origens psicológicas propostas incluem [[projeção (psicologia)|projeção]]; a necessidade pessoal de tentar explicar "um evento significante [com] uma causa significante"; e o resultado de vários tipos e estágios de transtornos de pensamento (disposição [[Paranoia|paranoica]], por exemplo), que vão desde as [[doenças mentais]] graves até as diagnosticáveis. Algumas pessoas preferem explicações sócio-políticas para não se sentirem inseguras ao se depararem com situações [[Aleatoriedade|aleatórias]], imprevisíveis ou, de outra forma, inexplicáveis.<ref name="business.time.com">Justin Fox: [http://business.time.com/2009/10/01/wall-streeters-like-conspiracy-theories-always-have/ "Wall Streeters like conspiracy theories. Always have"], ''Time'', 1 de outubro de 2009.</ref><ref name="Goertzel 1994 733–744">{{citar periódico|autor = Goertzel |ano= 1994 |título= Belief in Conspiracy Theories | doi = 10.2307/3791630 |url=http://www.crab.rutgers.edu/~goertzel/conspire.doc <!--|páginas= 733–744-->|páginas=1, 12, 13 |acessodata=7 de agosto de 2006 |jstor=3791630 |periódico= Political Psychology |volume=15 |issue =4}}</ref><ref name="Douglas 2008 210–222">{{citar periódico|primeiro =Karen |último =Douglas |primeiro2 =Robbie |último2 =Sutton |ano=2008 |título=The hidden impact of conspiracy theories: Perceived and actual influence of theories surrounding the death of Princess Diana |periódico=Journal of Social Psychology |volume=148 |issue=2 |páginas=210–222 |doi=10.3200/SOCP.148.2.210-222 }}</ref><ref name="harpers=1964"/><ref name="Hodapp 2008">{{citar livro|título=Conspiracy Theories & Secret Societies For Dummies |primeiro =Christopher |último =Hodapp |autor2 =Alice Von Kannon |publicadopor=[[John Wiley & Sons]] |ano=2008 |isbn=9780470184080}}</ref><ref name="Cohen">{{citar jornal|último =Cohen |primeiro =Roger |autorlink =Roger Cohen |título=The Captive Arab Mind |jornal=The New York Times |data=20 de dezembro de 2010 |url=http://www.nytimes.com/2010/12/21/opinion/21iht-edcohen21.html }}</ref> A crença em teorias da conspiração pode ser racional, de acordo com alguns filósofos.<ref>{{citar livro|último =Coady |primeiro1 =David |título=What to believe now : applying epistemology to contemporary issues |capítulo=Chapter 5: Conspiracy Theories and Conspiracy Theorists |local=Chichester, West Sussex |publicadopor=Wiley-Blackwell |ano=2012 |acessodata=13 de abril de 2015 }}</ref><ref>{{citar livro|último =Basham |primeiro1 =Lee |título=Beyond Rationality |capítulo=Conspiracy Theory and Rationality |editor-last=Jensen |editor-first=Carl |editor2-last=Harré |editor2-first=Rome |local=Newcastle on Tyne |publicadopor=Cambridge Scholars Publishing |ano=2011 |acessodata=13 de abril de 2015 }}</ref>{{Verificar fontes|date=dezembro de 2015}}


=== História ===
=== História ===

O ''[[Oxford English Dictionary|Dicionário de Inglês Oxford]]'' define ''teoria da conspiração'' como "a teoria de que um evento ou fenômeno ocorre como resultado de uma conspiração entre as partes interessadas; ''spec.'' uma crença de que alguma agência secreta, porém influente — tipicamente motivada por questões políticas e opressiva em seus propósitos —, é responsável por um evento inexplicável", e cita um artigo de 1909 publicado na revista ''[[The American Historical Review|A Revisão Histórica da América]]'' como o exemplo de uso mais antigo.<ref>''Oxford English Dictionary Second Edition on CD-ROM'' (v. 4.0), Oxford University Press, 2009, s.v. '''conspiracy''' '''4.'''</ref><ref>{{citar periódico|último = Johnson |primeiro = Allen |título= Reviewed Work: ''The Repeal of the Missouri Compromise: Its Origin and Authorship'' by P. Orman Ray |periódico= [[The American Historical Review]] | volume = 14 | issue = 4 |página= 836 |publicadopor= [[Oxford University Press|Oxford Journals]] for the [[American Historical Association]] via [[JSTOR]] | doi = 10.2307/1837085 | jstor = 1837085 |data= julho de 1909 | url = http://dx.doi.org/10.2307/1837085 |citação= ''The claim that [David R.] Atchison was the originator of the [Missouri Compromise] repeal may be termed a recrudescence of the conspiracy theory first asserted by Colonel John A. Parker of Virginia in 1880'' | ref = harv | postscript = .}} [https://archive.org/stream/repealofmissouri01rayp/repealofmissouri01rayp_djvu.txt Full text.]</ref> Atualmente, as teorias conspiratórias estão amplamente presentes na [[Web]] na forma de [[blogs]] e vídeos de [[YouTube]].
O ''[[Oxford English Dictionary|Dicionário de Inglês Oxford]]'' define ''teoria da conspiração'' como "a teoria de que um evento ou fenômeno ocorre como resultado de uma conspiração entre as partes interessadas; ''spec.'' uma crença de que alguma agência secreta, porém influente — tipicamente motivada por questões políticas e opressiva em seus propósitos —, é responsável por um evento inexplicável", e cita um artigo de 1909 publicado na revista ''[[The American Historical Review|A Revisão Histórica da América]]'' como o exemplo de uso mais antigo.<ref>''Oxford English Dictionary Second Edition on CD-ROM'' (v. 4.0), Oxford University Press, 2009, s.v. '''conspiracy''' '''4.'''</ref><ref>{{citar periódico|último = Johnson |primeiro = Allen |título= Reviewed Work: ''The Repeal of the Missouri Compromise: Its Origin and Authorship'' by P. Orman Ray |periódico= [[The American Historical Review]] | volume = 14 | issue = 4 |página= 836 |publicadopor= [[Oxford University Press|Oxford Journals]] for the [[American Historical Association]] via [[JSTOR]] | doi = 10.2307/1837085 | jstor = 1837085 |data= julho de 1909 | url = http://dx.doi.org/10.2307/1837085 |citação= ''The claim that [David R.] Atchison was the originator of the [Missouri Compromise] repeal may be termed a recrudescence of the conspiracy theory first asserted by Colonel John A. Parker of Virginia in 1880'' | ref = harv | postscript = .}} [https://archive.org/stream/repealofmissouri01rayp/repealofmissouri01rayp_djvu.txt Full text.]</ref> Atualmente, as teorias conspiratórias estão amplamente presentes na [[Web]] na forma de [[blogs]] e vídeos de [[YouTube]].


=== Significado pejorativo ===
=== Significado pejorativo ===

De acordo com a obra ''Palavras do Século 20'', de John Ayto, o termo "teoria da conspiração" era originalmente neutro e somente adquiriu uma conotação pejorativa em meados dos anos 1960, insinuando que o defensor da teoria possuísse uma tendência [[Paranoia|paranoica]] de achar que os eventos são influenciados por alguma agência secreta, maliciosa e poderosa.<ref name="Ayto2002">{{citar livro|autor =John Ayto|título=20th century words|url=https://books.google.com/books?id=p0h5AAAAIAAJ|ano=2002|publicadopor=OUP|isbn=978-7-5600-2874-3}}</ref> Em seu livro ''Teoria da Conspiração na América'', publicado em 2013, o professor da [[Universidade do Estado da Flórida]], Lance DeHaven-Smith, afirma que a expressão foi inventada na década de 1960 pela [[CIA]] para desacreditar teorias conspiratórias sobre o [[Teorias conspiratórias sobre o assassinato de John F. Kennedy|assassinato]] do ex-presidente norte-americano [[John F. Kennedy]]<ref>[http://www.maryferrell.org/showDoc.html?docId=53510#relPageId=2 COUNTERING CRITICISM OF THE WARREN REPORT]</ref><ref>[http://www.jfklancer.com/CIA.html CIA Document 1035-960 Concerning Criticism of the Warren Report]</ref>. No entanto, segundo Robert Blaskiewicz, professor assistente de pensamento crítico da [[Universidade de Stockton]] e [[Ceticismo científico|ativista cético]], tais informações já existiam "desde pelo menos 1997", mas por terem sido recentemente promovidas por DeHaven Smith, "os teóricos conspiracionistas passaram a citar seu trabalho como uma autoridade." Blaskiewicz pesquisou o uso do termo "teoria da conspiração" e descobriu que ele sempre teve um significado depreciativo, que era usado para descrever "hipóteses extremas" e especulações implausíveis, já desde os anos 1870. <ref name=CSICOP>{{citar web|autor =Robert Blaskiewicz |título=Nope, It Was Always Already Wrong |url=http://www.csicop.org/specialarticles/show/nope_it_was_always_already_wrong
De acordo com a obra ''Twentieth century words'' ("Palavras do Século 20"), de John Ayto,<ref name="Twentieth century words"/> o termo "teoria da conspiração" era originalmente neutro e somente adquiriu uma conotação pejorativa em meados dos anos 1960, insinuando que o defensor da teoria possuísse uma tendência [[Paranoia|paranoica]] de achar que os eventos são influenciados por alguma [[agência]] secreta, maliciosa e poderosa.<ref name="Ayto2002">{{citar livro|autor =John Ayto|título=20th century words|url=https://books.google.com/books?id=p0h5AAAAIAAJ|ano=2002|publicadopor=OUP|isbn=978-7-5600-2874-3}}</ref> Em seu livro ''Teoria da Conspiração na América'', publicado em 2013, o professor da [[Universidade do Estado da Flórida]], Lance DeHaven-Smith, afirma que a expressão foi inventada na década de 1960 pela [[CIA]] para desacreditar as [[Teorias conspiratórias sobre o assassinato de John F. Kennedy|teorias conspiratórias sobre o assassinato]] do ex-presidente norte-americano [[John F. Kennedy]].<ref>[http://www.maryferrell.org/showDoc.html?docId=53510#relPageId=2 COUNTERING CRITICISM OF THE WARREN REPORT]</ref><ref>[http://www.jfklancer.com/CIA.html CIA Document 1035-960 Concerning Criticism of the Warren Report]</ref> No entanto, segundo Robert Blaskiewicz, professor assistente de pensamento crítico da [[Universidade de Stockton]] e [[Ceticismo científico|ativista cético]], tais informações já existiam "desde pelo menos 1997", mas por terem sido recentemente promovidas por DeHaven Smith, "os teóricos conspiracionistas passaram a citar seu trabalho como uma autoridade." Blaskiewicz pesquisou o uso do termo "teoria da conspiração" e descobriu que ele sempre teve um significado depreciativo, que era usado para descrever "hipóteses extremas" e especulações implausíveis, já desde os anos 1870. <ref name=CSICOP>{{citar web|autor =Robert Blaskiewicz |título=Nope, It Was Always Already Wrong |url=http://www.csicop.org/specialarticles/show/nope_it_was_always_already_wrong
|publicadopor=The Skeptical Inquirer / Committee for Skeptical Inquiry |acessodata=11 de dezembro de 2015}}</ref>
|publicadopor=The Skeptical Inquirer / Committee for Skeptical Inquiry |acessodata=11 de dezembro de 2015}}</ref>


Em resposta à reação acalorada sobre seu uso da expressão "teorias da conspiração" ao descrever especulações extremas a respeito do [[massacre de Jonestown]] — como as alegações de que a CIA estaria conduzindo "experimentos de controle mental" —, a professora da [[Universidade Estadual de San Diego]], Rebecca Moore, disse: "Eles estavam com raiva porque eu havia chamado sua versão da verdade de teoria conspiratória ... Em muitos aspectos, eles têm o direito de estar com raiva. O termo "teoria da conspiração" não é neutro. Ele é carregado de valores e leva consigo a condenação, a ridicularização e a rejeição. É bastante parecido com a palavra "culto" que utilizamos para descrever as religiões das quais não gostamos."<ref name=SDU /> Alternativamente, Moore descreve teorias da conspiração como "conhecimento estigmatizado" ou "conhecimento suprimido", que é baseado em uma "forte crença de que indivíduos poderosos estão limitando ou controlando o livre fluxo de informações para fins terríveis." <ref name=SDU>{{citar web|autor =Rebecca Moore
Em resposta à reação acalorada sobre seu uso da expressão "teorias da conspiração" ao descrever especulações extremas a respeito do [[massacre de Jonestown]] — como as alegações de que a CIA estaria conduzindo "experimentos de [[controle mental]]" —, a professora da [[Universidade Estadual de San Diego]], Rebecca Moore, disse: "Eles estavam com raiva porque eu havia chamado sua versão da verdade de teoria conspiratória ... Em muitos aspectos, eles têm o direito de estar com raiva. O termo "teoria da conspiração" não é neutro. Ele é carregado de [[Valor (pessoal e cultural)|valores]] e leva consigo a condenação, a ridicularização e a rejeição. É bastante parecido com a palavra "[[culto]]" que utilizamos para descrever as religiões das quais não gostamos."<ref name=SDU /> Alternativamente, Moore descreve teorias da conspiração como "conhecimento [[Estigma social|estigmatizado]]" ou "conhecimento suprimido", que é baseado em uma "forte crença de que indivíduos poderosos estão limitando ou controlando o livre fluxo de informações para fins terríveis." <ref name=SDU>{{citar web|autor =Rebecca Moore
|título=Contested Knowledge: What Conspiracy Theories Tell Us|url=http://jonestown.sdsu.edu/?page_id=40220 |publicadopor=Alternative Considerations of Jonestown & Peoples Temple|acessodata=11 de dezembro de 2015}}</ref> <ref>{{citar periódico|último =Moore|primeiro =Rebecca |ano=2002 |título=Reconstructing Reality: Conspiracy Theories About Jonestown, Conspiracy Theories section, paragraph 2 |publicadopor=Journal of Popular Culture 36, no. 2 (Fall 2002): 200–20 |url= http://jonestown.sdsu.edu/?page_id=16582}}</ref>
|título=Contested Knowledge: What Conspiracy Theories Tell Us|url=http://jonestown.sdsu.edu/?page_id=40220 |publicadopor=Alternative Considerations of Jonestown & Peoples Temple|acessodata=11 de dezembro de 2015}}</ref> <ref>{{citar periódico|último =Moore|primeiro =Rebecca |ano=2002 |título=Reconstructing Reality: Conspiracy Theories About Jonestown, Conspiracy Theories section, paragraph 2 |publicadopor=Journal of Popular Culture 36, no. 2 (Fall 2002): 200–20 |url= http://jonestown.sdsu.edu/?page_id=16582}}</ref>


=== Como cultura popular ===
=== Como cultura popular ===
[[Clare Birchall]], do [[King's College de Londres]], descreve teoria da conspiração como sendo uma "forma de interpretação ou conhecimento popular." <ref>{{citar livro|último = Birchall |primeiro = Clare |contribuição= Cultural studies on/as conspiracy theory |editor-sobrenome = Birchall |editor-nome = Clare |título= Knowledge goes pop from conspiracy theory to gossip |página= 66 |publicadopor= Berg |local= Oxford New York |ano= 2006 | isbn = 9781845201432 |citação= ...podemos compreender a teoria da conspiração como sendo uma única forma de interpretação ou conhecimento popular e responder o que isso pode significar para qualquer conhecimento que produzimos sobre ela ou como a interpretamos | ref = harv | postscript = .}} </ref> Ao adquirir o título de "conhecimento", ela passa a ficar junto de outros meios "legítimos" de conhecimento. <ref>{{citar livro|último = Birchall |primeiro = Clare |contribuição= Cultural studies on/as conspiracy theory |editor-sobrenome = Birchall |editor-nome = Clare |título= Knowledge goes pop from conspiracy theory to gossip |página= 72 |publicadopor= Berg |local= Oxford New York |ano= 2006 | isbn = 9781845201432 |citação= O que nós rapidamente descobrimos ... é que se torna impossível delinear teoria da conspiração e discurso acadêmico em uma divisão legítima/ilegítima clara | ref = harv | postscript = .}} [https://books.google.com/books?id=0PkGWnUKew0C&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false Preview.]</ref> A relação entre conhecimento legítimo e ilegítimo, afirma Birchall, está muito mais próxima do que as rejeições comuns das teorias conspiratórias querem nos fazer acreditar.<ref>{{citar periódico |último= Birchall |primeiro= Clare |título= Just because you're paranoid, doesn't mean they're not out to get you |periódico= [[Culture Machine]], Deconstruction is/in Cultural Studies |volume= 6 |publicadopor= [[Open Humanities Press]] |ano= 2004 |url= http://www.culturemachine.net/index.php/cm/article/view/12/11 |ref= harv |postscript= . |acessodata= 2016-04-03 |arquivourl= https://web.archive.org/web/20150923211857/http://www.culturemachine.net/index.php/cm/article/view/12/11 |arquivodata= 2015-09-23 |urlmorta= yes }}</ref> Outros conhecimentos populares incluem contos de abdução alienígena, fofocas, algumas filosofias da nova era, crenças religiosas e astrologia.


[[Imagem:Elvis mugshot.jpg|miniatura|Existem aqueles que argumentam que [[Elvis Presley]] forjou sua própria morte e que ele foi visto após o dia de sua morte, ocorrida em [[16 de Agosto]] 1977, em vários lugares (''ver: [[Teorias de conspiração sobre Elvis Presley]]'').]]
Escreveu Harry G. West: "Na Internet, os teóricos de conspirações são frequentemente desprezados como um grupo 'marginal', apesar de existirem indícios de que uma grande parcela dos norte-americanos atualmente — que costumam discutir sobre etnia, gênero, educação, ocupação e outras diferenças — dão credibilidade a certas teorias conspiratórias." West analisa essas teorias como uma parte da cultura popular americana, comparando-as com o ultranacionalismo e o fundamentalismo religioso.<ref>{{citar livro|título= Transparency and Conspiracy: Ethnographies of Suspicion in the New World Order |autor = Harry G. West|publicadopor=Duke University Press Books|página=4,207–8|acessodata=|display-authors=etal}}</ref>

[[Clare Birchall]], do [[King's College de Londres]], descreve teoria da conspiração como sendo uma "forma de interpretação ou conhecimento popular." <ref>{{citar livro|último = Birchall |primeiro = Clare |contribuição= Cultural studies on/as conspiracy theory |editor-sobrenome = Birchall |editor-nome = Clare |título= Knowledge goes pop from conspiracy theory to gossip |página= 66 |publicadopor= Berg |local= Oxford New York |ano= 2006 | isbn = 9781845201432 |citação= ...podemos compreender a teoria da conspiração como sendo uma única forma de interpretação ou conhecimento popular e responder o que isso pode significar para qualquer conhecimento que produzimos sobre ela ou como a interpretamos | ref = harv | postscript = .}} </ref> Ao adquirir o título de "[[conhecimento]]", ela passa a ficar junto de outros meios "legítimos" de conhecimento. <ref>{{citar livro|último = Birchall |primeiro = Clare |contribuição= Cultural studies on/as conspiracy theory |editor-sobrenome = Birchall |editor-nome = Clare |título= Knowledge goes pop from conspiracy theory to gossip |página= 72 |publicadopor= Berg |local= Oxford New York |ano= 2006 | isbn = 9781845201432 |citação= O que nós rapidamente descobrimos ... é que se torna impossível delinear teoria da conspiração e discurso acadêmico em uma divisão legítima/ilegítima clara | ref = harv | postscript = .}} [https://books.google.com/books?id=0PkGWnUKew0C&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false Preview.]</ref> A relação entre conhecimento legítimo e ilegítimo, afirma Birchall, está muito mais próxima do que as rejeições comuns das teorias conspiratórias querem nos fazer acreditar.<ref>{{citar periódico |último= Birchall |primeiro= Clare |título= Just because you're paranoid, doesn't mean they're not out to get you |periódico= [[Culture Machine]], Deconstruction is/in Cultural Studies |volume= 6 |publicadopor= [[Open Humanities Press]] |ano= 2004 |url= http://www.culturemachine.net/index.php/cm/article/view/12/11 |ref= harv |postscript= . |acessodata= 2016-04-03 |arquivourl= https://web.archive.org/web/20150923211857/http://www.culturemachine.net/index.php/cm/article/view/12/11 |arquivodata= 2015-09-23 |urlmorta= yes }}</ref> Outros conhecimentos populares incluem contos de [[abdução alienígena]], [[fofoca]]s, algumas filosofias da [[nova era]], crenças religiosas e [[astrologia]].

Escreveu Harry G. West: "Na [[Internet]], os teóricos de conspirações são frequentemente desprezados como um grupo '[[marginal]]', apesar de existirem indícios de que uma grande parcela dos norte-americanos atualmente — que costumam discutir sobre [[etnia]], [[gênero (ciências sociais)|gênero]], [[educação]], ocupação e outras diferenças — dão credibilidade a certas teorias conspiratórias." West analisa essas teorias como uma parte da cultura popular americana, comparando-as com o [[ultranacionalismo]] e o [[fundamentalismo religioso]].<ref>{{citar livro|título= Transparency and Conspiracy: Ethnographies of Suspicion in the New World Order |autor = Harry G. West|publicadopor=Duke University Press Books|página=4,207–8|acessodata=|display-authors=etal}}</ref>


== Exemplos ==
== Exemplos ==
{{Main|Lista de teorias de conspiração}}
Existem várias teorias conspiratórias não comprovadas de diferentes graus de popularidade que estão frequentemente relacionadas a, mas não se limitando a, planos governamentais clandestinos, elaborados tramas de assassinato, supressão de tecnologia e de conhecimentos secretos e outros supostos esquemas por trás de certos acontecimentos políticos, culturais ou históricos. Algumas têm sido tratadas com [[censura]] e com severas críticas por parte da lei, tal como a [[Negacionismo do Holocausto|negação do Holocausto]]. Elas costumam ir contra um consenso, ou não podem ser comprovadas pelo [[método histórico]] e, tipicamente, não são consideradas semelhantes às conspirações autênticas, como a [[Incidente de Gleiwitz|pretensão da Alemanha]] de invadir a Polônia na Segunda Guerra Mundial.


{{Principal|Lista de teorias de conspiração}}
Atualmente, as teorias da conspiração estão bastante presentes na [[World Wide Web|Web]] sob a forma de [[blog]]s e vídeos de [[YouTube]], bem como nas [[Mídia social|mídias sociais]]. Se a Web aumentou ou não a prevalência dessas teorias, esta é uma questão que ainda precisa ser pesquisada.<ref>{{citar periódico|autor = Wood, M. |título= Has the Internet been good for conspiracy theorising? |periódico=Psychology Postgraduate Affairs Group (PsyPAG) Quarterly |ano= 2015 | number=88|páginas= 31–33|URL=http://www.psypag.co.uk/wp-content/uploads/2013/09/Issue-88.pdf}}</ref> Estudou-se a presença e representação de teorias conspiratórias nos resultados de [[Motor de busca da web|sistemas de busca]], mostrando uma variação significativa em diferentes tópicos e uma ausência geral de links bem conceituados e de alta qualidade nos resultados.<ref>{{citar periódico|autor = Ballatore, A. |título= Google chemtrails: A methodology to analyze topic representation in search engine results |periódico=[[First Monday (journal)|First Monday]] |ano= 2015 | volume=20 | number=7 | URL=http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/article/view/5597}}</ref>

Existem várias teorias conspiratórias não comprovadas de diferentes graus de popularidade que estão frequentemente relacionadas a, mas não se limitando a, planos governamentais clandestinos, elaborados tramas de assassinato, supressão de [[tecnologia]] e de conhecimentos secretos e outros supostos esquemas por trás de certos acontecimentos políticos, culturais ou históricos. Algumas têm sido tratadas com [[censura]] e com severas críticas por parte da lei, tal como a [[Negacionismo do Holocausto|negação do Holocausto]] (''ver: [[Críticas ao negacionismo do Holocausto]]''). Elas costumam ir contra um consenso, ou não podem ser comprovadas pelo [[método histórico]] e, tipicamente, não são consideradas semelhantes às conspirações autênticas, como a [[Incidente de Gleiwitz|pretensão da Alemanha]] de [[Invasão da Polônia|invadir a Polônia]] na [[Segunda Guerra Mundial]].

Atualmente, as teorias da conspiração estão bastante presentes na [[World Wide Web|Web]] sob a forma de [[blog]]s e vídeos de [[YouTube]], bem como nas [[Mídia social|mídias sociais]]. Se a Web aumentou ou não a prevalência dessas teorias, esta é uma questão que ainda precisa ser pesquisada.<ref>{{citar periódico|autor = Wood, M. |título= Has the Internet been good for conspiracy theorising? |periódico=Psychology Postgraduate Affairs Group (PsyPAG) Quarterly |ano= 2015 | number=88|páginas= 31–33|URL=http://www.psypag.co.uk/wp-content/uploads/2013/09/Issue-88.pdf}}</ref> Estudou-se a presença e representação de teorias conspiratórias nos resultados de [[Motor de busca|sistemas de busca]], mostrando uma variação significativa em diferentes tópicos e uma ausência geral de links bem conceituados e de alta qualidade nos resultados.<ref>{{citar periódico|autor = Ballatore, A. |título= Google chemtrails: A methodology to analyze topic representation in search engine results |periódico=[[First Monday (journal)|First Monday]] |ano= 2015 | volume=20 | number=7 | URL=http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/article/view/5597}}</ref>


=== Marxismo cultural ===
=== Marxismo cultural ===
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=== Nova Ordem Mundial ===
=== Nova Ordem Mundial ===

{{Principal| Nova Ordem Mundial (teoria conspiratória)}}A [[Nova Ordem Mundial (teoria conspiratória)|Nova Ordem Mundial]] é uma teoria da conspiração que afirma a existência de um suposto plano projetado para impor um governo único - [[coletivista]], [[Burocracia|burocrático]] e controlado por setores [[Elitismo|elitistas]] e [[Plutocracia|plutocráticos]], etc - em nível mundial. A teoria defende que tanto os eventos que são percebidos como significativos como os grupos que os provocam estariam sob controle de um grupo poderoso, - um grupo pequeno, sigiloso e com grande poder - com objetivos maléficos para a maioria da população.
{{Principal| Nova Ordem Mundial (teoria conspiratória)}}
{{AP|vt=s|Clube de Bilderberg}}

A [[Nova Ordem Mundial (teoria conspiratória)|Nova Ordem Mundial]] é uma teoria da conspiração que afirma a existência de um suposto plano projetado para impor um governo único - [[coletivista]], [[Burocracia|burocrático]] e controlado por setores [[Elitismo|elitistas]] e [[Plutocracia|plutocráticos]], etc - em nível mundial. A teoria defende que tanto os eventos que são percebidos como significativos como os grupos que os provocam estariam sob controle de um grupo poderoso, - um grupo pequeno, sigiloso e com grande poder - com objetivos maléficos para a maioria da população (''ver: [[Pedras Guias da Geórgia]]'').


Essa teoria conspiratória afirma que um pequeno grupo internacional de elites controla e manipula os governos, a indústria e os meios de comunicação em todo o mundo. A principal ferramenta que eles usam para dominar as nações são as [[sociedades secretas]] e o sistema de [[banco central]].
Essa teoria conspiratória afirma que um pequeno grupo internacional de elites controla e manipula os governos, a indústria e os meios de comunicação em todo o mundo. A principal ferramenta que eles usam para dominar as nações são as [[sociedades secretas]] e o sistema de [[banco central]].


== Conspiração x teoria da conspiração ==
== Conspiração x teoria da conspiração ==

[[Katherine K. Young]] escreve que "toda conspiração verdadeira teve pelo menos quatro elementos característicos: grupos — não indivíduos isolados; objetivos ilegais ou sinistros — não aqueles que poderiam beneficiar a sociedade como um todo; atos orquestrados — não uma série de ações espontâneas e casuais; e planejamento secreto — não uma discussão pública".<ref name="YoungNathanson2010">{{citation|autor1 =Katherine K. Young|autor2 =Paul Nathanson|título=Sanctifying Misandry: Goddess Ideology and the Fall of Man|url=https://books.google.com/books?id=-kqiqToVngAC&pg=PA275|ano=2010|publicadopor=McGill-Queen's Press - MQUP|isbn=978-0-7735-3615-9|páginas=275–}}</ref>
[[Katherine K. Young]] escreve que "toda conspiração verdadeira teve pelo menos quatro elementos característicos: grupos — não indivíduos isolados; objetivos ilegais ou sinistros — não aqueles que poderiam beneficiar a sociedade como um todo; atos orquestrados — não uma série de ações espontâneas e casuais; e planejamento secreto — não uma discussão pública".<ref name="YoungNathanson2010">{{citation|autor1 =Katherine K. Young|autor2 =Paul Nathanson|título=Sanctifying Misandry: Goddess Ideology and the Fall of Man|url=https://books.google.com/books?id=-kqiqToVngAC&pg=PA275|ano=2010|publicadopor=McGill-Queen's Press - MQUP|isbn=978-0-7735-3615-9|páginas=275–}}</ref>


As teorias envolvendo vários conspiradores que se comprovaram verdadeiras, como aquela que envolveu o ex-presidente dos Estados Unidos [[Richard Nixon]] e seus assessores, a qual visava acobertar o escândalo de [[Watergate]],<ref name="knight-2003">{{citar livro|autor =Peter Knight|título=Conspiracy Theories in American History: An Encyclopedia|url=https://books.google.com/books?id=qMIDrggs8TsC&pg=PA730|data=1 de janeiro de 2003|publicadopor=ABC-CLIO|isbn=978-1-57607-812-9|páginas=730–}}</ref> são geralmente referidas como "jornalismo investigativo" ou "análise histórica" em vez de teoria conspiratória.{{carece de fontes|data=janeiro de 2016}}
As teorias envolvendo vários conspiradores que se comprovaram verdadeiras, como aquela que envolveu o ex-presidente dos Estados Unidos [[Richard Nixon]] e seus assessores, a qual visava acobertar o escândalo de [[Watergate]],<ref name="knight-2003">{{citar livro|autor =Peter Knight|título=Conspiracy Theories in American History: An Encyclopedia|url=https://books.google.com/books?id=qMIDrggs8TsC&pg=PA730|data=1 de janeiro de 2003|publicadopor=ABC-CLIO|isbn=978-1-57607-812-9|páginas=730–}}</ref> são geralmente referidas como "[[jornalismo investigativo]]" ou "análise histórica" em vez de teoria conspiratória.{{carece de fontes|data=janeiro de 2016}}


=== Contraste com conspiração criminosa ===
=== Contraste com conspiração criminosa ===

Em [[direito penal]], uma [[Conspiração (crime)|conspiração]] é um acordo entre duas ou mais pessoas que visa cometer um crime em algum momento no futuro.<ref>{{citar periódico|título=What is the Crime of Conspiracy? |url=http://crime.about.com/od/Crime_101/f/What-Is-A-Conspiracy.htm}}</ref> Conforme define um texto básico da academia de polícia dos Estados Unidos, "Quando um crime requer um grande número de pessoas, está formada uma conspiração."<ref>Flax, Mike. (2005) ''Conspiracy Investigations'', Law Tech Publishing, p. 24, ISBN 1-889315-57-5.</ref> O professor de ciência política e sociologia, John George, da [[Universidade Central de Oklahoma]], observa que, ao contrário das teorias conspiratórias propagadas por extremistas, as conspirações executadas dentro do sistema jurídico criminal exigem um alto nível de evidência, são geralmente de pequena escala e envolvem "um único evento ou questão".<ref>George, John; Laird M. Wilcox (1996) ''American Extremists: Militias, Supremacists, Klansmen, Communists & Others,'' Prometheus Books p. 267.</ref>
Em [[direito penal]], uma [[Conspiração (crime)|conspiração]] é um acordo entre duas ou mais pessoas que visa cometer um [[crime]] em algum momento no futuro.<ref>{{citar periódico|título=What is the Crime of Conspiracy? |url=http://crime.about.com/od/Crime_101/f/What-Is-A-Conspiracy.htm}}</ref> Conforme define um texto básico da academia de polícia dos Estados Unidos, "Quando um crime requer um grande número de pessoas, está formada uma conspiração."<ref>Flax, Mike. (2005) ''Conspiracy Investigations'', Law Tech Publishing, p. 24, ISBN 1-889315-57-5.</ref> O professor de [[ciência política]] e [[sociologia]], John George, da [[Universidade Central de Oklahoma]], observa que, ao contrário das teorias conspiratórias propagadas por [[extremista]]s, as conspirações executadas dentro do sistema jurídico criminal exigem um alto nível de evidência, são geralmente de pequena escala e envolvem "um único evento ou questão".<ref>George, John; Laird M. Wilcox (1996) ''American Extremists: Militias, Supremacists, Klansmen, Communists & Others,'' Prometheus Books p. 267.</ref>


=== Distinção da análise institucional ===
=== Distinção da análise institucional ===

[[Noam Chomsky]] trata a teoria da conspiração como sendo mais ou menos o oposto da [[análise institucional]], a qual se concentra principalmente no público, no comportamento de longo prazo das instituições de conhecimento público, como registrado, por exemplo, em documentos acadêmicos ou relatórios da [[grande mídia]]. A teoria conspiratória examina as ações de alianças secretas envolvendo indivíduos.<ref>{{citar livro|título= Conspiracy Panics: Political Rationality and Popular Culture |autor = Jack Z. Bratich |publicadopor=State University of New York Press, Albany|páginas=98–100|acessodata=16 de junho de 2015}}</ref><ref>{{citar livro|título= Conspiracy Theories: A Critical Introduction |autor = Jovan Byford |publicadopor=Palgrave MacMillan|páginas=25–27|acessodata=16 de junho de 2015}}</ref>
[[Noam Chomsky]] trata a teoria da conspiração como sendo mais ou menos o oposto da [[análise institucional]], a qual se concentra principalmente no público, no comportamento de longo prazo das instituições de conhecimento público, como registrado, por exemplo, em documentos acadêmicos ou relatórios da [[grande mídia]]. A teoria conspiratória examina as ações de alianças secretas envolvendo indivíduos.<ref>{{citar livro|título= Conspiracy Panics: Political Rationality and Popular Culture |autor = Jack Z. Bratich |publicadopor=State University of New York Press, Albany|páginas=98–100|acessodata=16 de junho de 2015}}</ref><ref>{{citar livro|título= Conspiracy Theories: A Critical Introduction |autor = Jovan Byford |publicadopor=Palgrave MacMillan|páginas=25–27|acessodata=16 de junho de 2015}}</ref>


== Psicologia ==
== Psicologia ==

A crença generalizada em teorias da conspiração se tornou um tema de interesse para sociólogos, psicólogos e especialistas em folclore desde pelo menos a década de 1960, quando uma [[Teorias conspiratórias sobre o assassinato de John F. Kennedy|série de teorias conspiratórias]] surgiram em torno do [[Assassinato de John F. Kennedy|assassinato]] do presidente dos EUA, [[John F. Kennedy]]. O [[Sociologia|sociólogo]] Türkay Salim Nefes destaca a natureza política dessas teorias. Ele sugere que uma das características mais importantes destas explicações é sua tentativa de desvendar as relações de poder "reais, porém ocultas," em grupos sociais.<ref name="Turkay Nefes"/><ref name="Nefes"/>
A crença generalizada em teorias da conspiração se tornou um tema de interesse para [[sociólogo]]s, [[psicólogo]]s e especialistas em [[folclore]] desde pelo menos a década de 1960, quando uma [[Teorias conspiratórias sobre o assassinato de John F. Kennedy|série de teorias conspiratórias]] surgiram em torno do [[Assassinato de John F. Kennedy|assassinato]] do presidente dos EUA, [[John F. Kennedy]]. O sociólogo Türkay Salim Nefes destaca a natureza política dessas teorias. Ele sugere que uma das características mais importantes destas explicações é sua tentativa de desvendar as relações de poder "reais, porém ocultas," em [[grupos sociais]].<ref name="Turkay Nefes"/><ref name="Nefes"/>


=== Para explicar forças malignas ===
=== Para explicar forças malignas ===

O cientista político [[Michael Barkun]], ao discutir o uso de "teoria da conspiração" na cultura norte-americana contemporânea, sustenta que este termo é usado para uma crença que explica um evento como sendo o resultado de um plano secreto de conspiradores excepcionalmente poderosos e astutos que visam atingir um fim malévolo.<ref name=Barkun2003p3/><ref name="New Internationalist 1 2004"/> De acordo com Barkun, o apelo do conspiracionismo se dá em três formas:
O [[cientista político]] [[Michael Barkun]], ao discutir o uso de "teoria da conspiração" na cultura norte-americana contemporânea, sustenta que este termo é usado para uma crença que explica um evento como sendo o resultado de um plano secreto de conspiradores excepcionalmente poderosos e astutos que visam atingir um fim malévolo.<ref name=Barkun2003p3/><ref name="New Internationalist 1 2004"/> De acordo com Barkun, o apelo do conspiracionismo se dá em três formas:


*"Em primeiro lugar, as teorias da conspiração alegam explicar o que a [[análise institucional]] não pode. Elas parecem fazer sentido fora de um mundo que é, de outra maneira, confuso.
*"Em primeiro lugar, as teorias da conspiração alegam explicar o que a [[análise institucional]] não pode. Elas parecem fazer sentido fora de um mundo que é, de outra maneira, confuso.
*Segundo, elas fazem isso de uma forma atrativamente simples, dividindo categoricamente o mundo entre [[Maniqueísmo|as forças do bem e as forças do mal]]. Elas descobrem a origem de todo o mal através de uma única fonte, os conspiradores e seus agentes.
*Segundo, elas fazem isso de uma forma atrativamente simples, dividindo categoricamente o mundo entre [[Maniqueísmo|as forças do bem e as forças do mal]]. Elas descobrem a origem de todo o mal através de uma única fonte, os conspiradores e seus agentes.
*Terceiro, as teorias conspiratórias são frequentemente apresentadas como especiais, de [[Esoterismo|conhecimento secreto]] desconhecido ou não apreciado por outras pessoas. Para seus teóricos, as massas não passam de [[Sheeple|rebanho]] que sofreu lavagem cerebral, enquanto que eles, possuidores do saber, podem se parabenizar por terem descoberto as enganações dos conspiradores."<ref name="New Internationalist 1 2004"/>
*Terceiro, as teorias conspiratórias são frequentemente apresentadas como especiais, de [[Esoterismo|conhecimento secreto]] desconhecido ou não apreciado por outras pessoas. Para seus teóricos, as massas não passam de [[Sheeple|rebanho]] que sofreu [[lavagem cerebral]], enquanto que eles, possuidores do saber, podem se parabenizar por terem descoberto as enganações dos conspiradores."<ref name="New Internationalist 1 2004"/>


== Tipos ==
== Tipos ==

=== As cinco formas de Walker ===
=== As cinco formas de Walker ===

Em 2013, o editor da revista [[Reason (revista)|''Reason'']], [[Jesse Walker]], desenvolveu uma tipologia histórica de cinco tipos básicos de teorias conspiratórias:
Em 2013, o editor da revista [[Reason (revista)|''Reason'']], [[Jesse Walker]], desenvolveu uma [[tipologia]] histórica de cinco tipos básicos de teorias conspiratórias:

*O "Inimigo Externo" baseia-se em figuras diabólicas e se mobiliza fora da comunidade tramando contra ela.
*O "Inimigo Externo" baseia-se em figuras diabólicas e se mobiliza fora da comunidade tramando contra ela.
*O "Inimigo Interno" compreende os conspiradores escondidos dentro do país, indistinguíveis dos cidadãos comuns.
*O "Inimigo Interno" compreende os conspiradores escondidos dentro do país, indistinguíveis dos cidadãos comuns.
*O "Inimigo de Cima" envolve pessoas poderosas que manipulam o sistema para seus próprios benefícios.
*O "Inimigo de Cima" envolve pessoas poderosas que manipulam o sistema para seus próprios benefícios.
*O "Inimigo de Baixo" apresenta as classes mais baixas preparadas para romperem as suas limitações e subverter a ordem social.
*O "Inimigo de Baixo" apresenta as classes mais baixas preparadas para romperem as suas limitações e [[Subversão|subverter]] a ordem social.
*As "Conspirações Benevolentes" são forças angelicais que trabalham nos bastidores para melhorar o mundo e ajudar as pessoas.<ref>[[Jesse Walker]], ''The United States of Paranoia: A Conspiracy Theory'' (2013) [http://www.amazon.com/United-States-Paranoia-Conspiracy-Theory/dp/0062135554/ excerpt and text search]</ref>
*As "Conspirações Benevolentes" são forças angelicais que trabalham nos bastidores para melhorar o mundo e ajudar as pessoas.<ref>[[Jesse Walker]], ''The United States of Paranoia: A Conspiracy Theory'' (2013) [http://www.amazon.com/United-States-Paranoia-Conspiracy-Theory/dp/0062135554/ excerpt and text search]</ref>


=== Os três tipos de Barkun ===
=== Os três tipos de Barkun ===

[[Imagem:Achille Lemot-1902-5.jpg|thumb|derecha|250px|Desenho [[Teorias conspiratórias judaicas|conspiracionista antissemita]] e [[Antimaçonaria|antimaçom]], representando a [[França]] católica sendo conduzida por [[judeu]]s e [[maçon]]s.<ref>[[Achille Lemot]] para ''[[Le Pèlerin]]'', n° del 31 de agosto de 1902.</ref>]]

Barkun (discutido acima) classificou, em ordem crescente de largura, os tipos de teorias da conspiração, como se segue:
Barkun (discutido acima) classificou, em ordem crescente de largura, os tipos de teorias da conspiração, como se segue:


*''Teorias conspiratórias de eventos''. A conspiração é considerada responsável por um ou um conjunto de eventos limitados discretos. Alega-se que as forças conspiratórias têm focado suas energias em um objetivo limitado e bem definido. O exemplo mais conhecido no passado recente são as teorias sobre uma conspiração que supostamente causou o assassinato de Kennedy, como refletidas em sua literatura. Materiais semelhantes têm sido desenvolvidos discutindo as conspirações como sendo a causa para os [[Teorias conspiratórias sobre os ataques de 11 de setembro de 2001|ataques de 11 de setembro]], a [[Teorias conspiratórias sobre a queda do voo 800 da TWA|queda do voo 800 da TWA]] e a [[Teorias conspiratórias sobre as origens do HIV/AIDS|disseminação de Aids na comunidade negra]].<ref name=Barkun2003p3/>
*''Teorias conspiratórias de eventos''. A conspiração é considerada responsável por um ou um conjunto de eventos limitados discretos. Alega-se que as forças conspiratórias têm focado suas energias em um objetivo limitado e bem definido. O exemplo mais conhecido no passado recente são as teorias sobre uma conspiração que supostamente causou o assassinato de Kennedy, como refletidas em sua literatura. Materiais semelhantes têm sido desenvolvidos discutindo as conspirações como sendo a causa para os [[Teorias conspiratórias sobre os ataques de 11 de setembro de 2001|ataques de 11 de setembro]], a [[Teorias conspiratórias sobre a queda do voo 800 da TWA|queda do voo 800 da TWA]] e a [[Teorias conspiratórias sobre as origens do HIV/AIDS|disseminação de Aids na comunidade negra]] <ref name=Barkun2003p3/> (''ver: [[Operação INFEKTION]]'')
*''Teorias conspiratórias sistemáticas''. Acredita-se que a conspiração possua grandes objetivos, normalmente concebidos para garantir o controle de um país, uma região ou até mesmo do mundo. Enquanto os objetivos se movem, a máquina conspiratória é geralmente simples: uma única organização do mal implementa um plano para se infiltrar e subverter as instituições existentes. Este é um cenário comum em teorias da conspiração que se focam nos supostos tramas envolvendo [[Teoria conspiratória judaico-maçônica|judeus]], [[Teorias conspiratórias maçônicas|maçons]] ou a [[Teorias da conspiração envolvendo o Vaticano|Igreja Católica]], assim como as teorias centradas no [[perigo vermelho|Comunismo]] ou no [[Classe dominante|capitalismo internacional]].<ref name=Barkun2003p3/>
*''Teorias conspiratórias sistemáticas''. Acredita-se que a conspiração possua grandes objetivos, normalmente concebidos para garantir o controle de um país, uma região ou até mesmo do mundo. Enquanto os objetivos se movem, a máquina conspiratória é geralmente simples: uma única organização do mal implementa um plano para se infiltrar e subverter as instituições existentes. Este é um cenário comum em teorias da conspiração que se focam nos supostos tramas envolvendo [[Teorias conspiratórias maçônicas|maçons]], a [[Teorias da conspiração envolvendo o Vaticano|Igreja Católica]], ou [[Conspiração judaico-maçônico-comunista internacional|judeus-maçons-comunistas]] assim como as teorias centradas no [[comunismo]] ([[perigo vermelho]]) ou no [[Classe dominante|capitalismo internacional]].<ref name=Barkun2003p3/>
*''Super teorias conspiratórias''. São as construções conspiratórias nas quais se acredita que múltiplas conspirações estejam interligadas de forma hierárquica. As sistemáticas e as de eventos estão unidas de maneiras complexas, de modo que as conspirações estejam encaixadas uma na outra. No topo da hierarquia situa-se uma força distante, porém poderosa, que manipula fatores conspiratórios menores. As super teorias da conspiração tiveram um particular crescimento desde os anos 1980, o que se reflete no trabalho de autores como [[David Icke]] e [[Milton William Cooper]].<ref name=Barkun2003p3/>
*''Super teorias conspiratórias''. São as construções conspiratórias nas quais se acredita que múltiplas conspirações estejam interligadas de forma hierárquica. As sistemáticas e as de eventos estão unidas de maneiras complexas, de modo que as conspirações estejam encaixadas uma na outra. No topo da hierarquia situa-se uma força distante, porém poderosa, que manipula fatores conspiratórios menores. As super teorias da conspiração tiveram um particular crescimento desde os anos 1980, o que se reflete no trabalho de autores como [[David Icke]] e [[Milton William Cooper]].<ref name=Barkun2003p3/>


=== Rothbard: superficial vs profundo ===
=== Rothbard: superficial vs profundo ===

Caracterizado por [[Robert W. Welch, Jr.]] como "um dos poucos grandes estudiosos que endossa abertamente a teoria da conspiração", o economista [[Murray Rothbard]] fez uma defesa das teorias conspiratórias "profundas" versus as "superficiais". Segundo Rothbard, um teórico "superficial" observa um evento questionável ou potencialmente obscuro e pergunta ''[[cui bono?]]'' ("Quem se beneficia?"), chegando à conclusão de que um evidente beneficiário é de fato responsável por eventos secretamente influenciáveis. Por outro lado, o teórico conspiracionista "profundo" começa com um palpite suspeito, mas vai mais longe em busca de evidências respeitáveis e verificáveis. Rothbard descreveu a sabedoria de um teórico profundo como se estivesse "essencialmente confirmando sua paranoia precoce através de uma análise factual mais profunda".<ref>As quoted by B.K. Marcus in "[https://mises.org/journals/jls/20_2/20_2_2.pdf Radio Free Rothbard]," ''Journal of Libertarian Studies'', Vol 20, No 2. (SPRING 2006): pp 17–51. Acessado em 16 de maio de 2013.</ref><ref>{{citar livro|título=American Opinion|url=https://books.google.com/books?id=rzUEAAAAYAAJ&q=murray+rothbard+%22openly+endorses+conspiracy%22&dq=murray+rothbard+%22openly+endorses+conspiracy%22&hl=en&sa=X&ei=6dgkU-T6D8L0oATFmYDIBA&ved=0CCoQ6AEwAA|ano=1983|publicadopor=Robert Welch, Incorporated}}</ref>
Caracterizado por [[Robert W. Welch, Jr.]] como "um dos poucos grandes estudiosos que endossa abertamente a teoria da conspiração", o economista [[Murray Rothbard]] fez uma defesa das teorias conspiratórias "profundas" versus as "superficiais". Segundo Rothbard, um teórico "superficial" observa um evento questionável ou potencialmente obscuro e pergunta ''[[cui bono?]]'' ("Quem se beneficia?"), chegando à conclusão de que um evidente beneficiário é de fato responsável por eventos secretamente influenciáveis. Por outro lado, o teórico conspiracionista "profundo" começa com um palpite suspeito, mas vai mais longe em busca de evidências respeitáveis e verificáveis. Rothbard descreveu a sabedoria de um teórico profundo como se estivesse "essencialmente confirmando sua paranoia precoce através de uma análise factual mais profunda".<ref>As quoted by B.K. Marcus in "[https://mises.org/journals/jls/20_2/20_2_2.pdf Radio Free Rothbard]," ''Journal of Libertarian Studies'', Vol 20, No 2. (SPRING 2006): pp 17–51. Acessado em 16 de maio de 2013.</ref><ref>{{citar livro|título=American Opinion|url=https://books.google.com/books?id=rzUEAAAAYAAJ&q=murray+rothbard+%22openly+endorses+conspiracy%22&dq=murray+rothbard+%22openly+endorses+conspiracy%22&hl=en&sa=X&ei=6dgkU-T6D8L0oATFmYDIBA&ved=0CCoQ6AEwAA|ano=1983|publicadopor=Robert Welch, Incorporated}}</ref>


== Conspiracionismo como visão de mundo ==
== Conspiracionismo como visão de mundo ==

O trabalho acadêmico sobre teorias da conspiração e conspiracionismo (a visão de mundo que coloca as teorias conspiratórias no centro do desenrolar da história) apresenta uma série de hipóteses como base para o estudo do gênero. De acordo com Berlet e Lyons, "Conspiracionismo é uma forma de narrativa particular de culpabilização que enquadra inimigos demonizados como sendo parte de uma vasta conspiração traiçoeira contra o bem comum, ao mesmo tempo que valoriza o bode expiatório como um herói por ter soado o alarme."<ref>{{citar livro|último = Berlet |primeiro = Chip |autorlink = Chip Berlet |autor2 =Lyons, Matthew N. |título= Right-Wing Populism in America: Too Close for Comfort |publicadopor= Guilford Press |local= New York |ano= 2000 | isbn = 1-57230-562-2 |página= | nopp=yes}}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref>
O trabalho acadêmico sobre teorias da conspiração e conspiracionismo (a visão de mundo que coloca as teorias conspiratórias no centro do desenrolar da [[história]]) apresenta uma série de hipóteses como base para o estudo do gênero. De acordo com Berlet e Lyons, "Conspiracionismo é uma forma de narrativa particular de culpabilização que enquadra inimigos demonizados como sendo parte de uma vasta conspiração traiçoeira contra o bem comum, ao mesmo tempo que valoriza o [[bode expiatório]] como um herói por ter soado o alarme."<ref>{{citar livro|último = Berlet |primeiro = Chip |autorlink = Chip Berlet |autor2 =Lyons, Matthew N. |título= Right-Wing Populism in America: Too Close for Comfort |publicadopor= Guilford Press |local= New York |ano= 2000 | isbn = 1-57230-562-2 |página= | nopp=yes}}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref>


O historiador [[Richard Hofstadter]] abordou o papel da [[paranoia]] e do conspiracionismo ao longo da [[História dos Estados Unidos|história americana]] em seu ensaio ''[[O Estilo Paranoico na Política Americana]]'', publicado em 1964. O clássico ''[[As Origens Ideológicas da Revolução Americana]]'' (1967), de [[Bernard Bailyn]], observa que um fenômeno semelhante pode ser encontrado nos EUA, durante o tempo que antecede a [[Revolução Americana]]. O conspiracionismo classifica as atitudes das pessoas, bem como o tipo de teorias conspiratórias que são mais gerais e históricas em proporção.<ref>{{citar livro|último = Bailyn |primeiro = Bernard |título= 'The Ideological Origins of the American Revolution |publicadopor= [[Harvard University Press]] |local= Cambridge | id = ASIN: B000NUF6FQ | isbn = 978-0-674-44302-0 |ano= 1992 |anooriginal= 1967 |página= | nopp=yes }}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref>
O historiador [[Richard Hofstadter]] abordou o papel da [[paranoia]] e do conspiracionismo ao longo da [[História dos Estados Unidos|história americana]] em seu ensaio ''[[O Estilo Paranoico na Política Americana]]'', publicado em 1964. O clássico ''[[As Origens Ideológicas da Revolução Americana]]'' (1967), de [[Bernard Bailyn]], observa que um fenômeno semelhante pode ser encontrado nos EUA, durante o tempo que antecede a [[Revolução Americana]]. O conspiracionismo classifica as atitudes das pessoas, bem como o tipo de teorias conspiratórias que são mais gerais e históricas em proporção.<ref>{{citar livro|último = Bailyn |primeiro = Bernard |título= 'The Ideological Origins of the American Revolution |publicadopor= [[Harvard University Press]] |local= Cambridge | id = ASIN: B000NUF6FQ | isbn = 978-0-674-44302-0 |ano= 1992 |anooriginal= 1967 |página= | nopp=yes }}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref>
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O termo "conspiracionismo" foi ainda mais popularizado pelo acadêmico Frank P. Mintz na década de 1980. Segundo Mintz, o conspiracionismo designa "a crença na primazia de conspirações no decorrer da história":<ref>{{citar livro|último = Mintz |primeiro = Frank P. |título= The Liberty Lobby and the American Right: Race, Conspiracy, and Culture |publicadopor= Greenwood |local= Westport, CT | isbn = 0-313-24393-X |página= 4 |ano= 1985 }}</ref>
O termo "conspiracionismo" foi ainda mais popularizado pelo acadêmico Frank P. Mintz na década de 1980. Segundo Mintz, o conspiracionismo designa "a crença na primazia de conspirações no decorrer da história":<ref>{{citar livro|último = Mintz |primeiro = Frank P. |título= The Liberty Lobby and the American Right: Race, Conspiracy, and Culture |publicadopor= Greenwood |local= Westport, CT | isbn = 0-313-24393-X |página= 4 |ano= 1985 }}</ref>


<blockquote>"O conspiracionismo atende às necessidades de diversos grupos políticos e sociais nos Estados Unidos e em outros lugares. Ele identifica elites, culpa-as por catástrofes econômicas e sociais, e assume que as coisas serão melhores depois que uma ação popular puder removê-las das posições de poder. Como tal, teorias da conspiração não tipificam uma época ou ideologia particular".<ref>{{citar livro|último = Mintz |primeiro = Frank P. |título= The Liberty Lobby and the American Right: Race, Conspiracy, and Culture |publicadopor= Greenwood |local= Westport, CT | isbn = 0-313-24393-X |página= 199 |ano= 1985 |anooriginal= 1985 }}</ref></blockquote>
{{Citação3|''O conspiracionismo atende às necessidades de diversos grupos políticos e sociais nos Estados Unidos e em outros lugares. Ele identifica elites, culpa-as por catástrofes econômicas e sociais, e assume que as coisas serão melhores depois que uma ação popular puder removê-las das posições de poder. Como tal, teorias da conspiração não tipificam uma época ou ideologia particular''.<ref>{{citar livro|último = Mintz |primeiro = Frank P. |título= The Liberty Lobby and the American Right: Race, Conspiracy, and Culture |publicadopor= Greenwood |local= Westport, CT | isbn = 0-313-24393-X |página= 199 |ano= 1985 |anooriginal= 1985 }}</ref>}}


Ao longo da história humana, líderes políticos e econômicos ''têm'' sido verdadeiramente a causa de enormes quantidades de morte e miséria e, algumas vezes, se envolviam em conspirações, ao mesmo tempo em que promoviam teorias conspiratórias sobre seus alvos. [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[Joseph Stalin|Stalin]] são os exemplos mais proeminentes do século XX ao alegarem que suas vítimas conspiravam contra o Estado; existiram inúmeros outros.<ref>
Ao longo da [[história humana]], líderes políticos e econômicos ''têm'' sido verdadeiramente a causa de enormes quantidades de morte e miséria e, algumas vezes, se envolviam em conspirações, ao mesmo tempo em que promoviam teorias conspiratórias sobre seus alvos. [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[Joseph Stalin|Stalin]] são os exemplos mais proeminentes do século XX ao alegarem que suas vítimas conspiravam contra o Estado; existiram inúmeros outros.<ref>
{{citar livro|último = Arendt |primeiro = Hannah |autorlink = Hannah Arendt |título= The Origins of Totalitarianism |anooriginal= 1953 |ano= 1973 |publicadopor= Harcourt Brace Jovanovich |local= New York | isbn = 0-15-607810-4 |página= | nopp=yes}}{{page needed|date=setembro de 2011}}
{{citar livro|último = Arendt |primeiro = Hannah |autorlink = Hannah Arendt |título= The Origins of Totalitarianism |anooriginal= 1953 |ano= 1973 |publicadopor= Harcourt Brace Jovanovich |local= New York | isbn = 0-15-607810-4 |página= | nopp=yes}}{{page needed|date=setembro de 2011}}
</ref> Em alguns casos, houve alegações descartadas como se fossem teorias da conspiração e que, mais tarde, se provaram ser verdadeiras.<ref name="Fenster 1999">{{citar livro|último = Fenster |primeiro = Mark |título= Conspiracy Theories: Secrecy and Power in American Culture |publicadopor= [[University of Minnesota Press]] |local= Minneapolis |ano= 1999 | isbn = 0-8166-3243-X |página= | nopp=yes }}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref><ref>{{citar livro
</ref> Em alguns casos, houve alegações descartadas como se fossem teorias da conspiração e que, mais tarde, se provaram ser verdadeiras.<ref name="Fenster 1999">{{citar livro|último = Fenster |primeiro = Mark |título= Conspiracy Theories: Secrecy and Power in American Culture |publicadopor= [[University of Minnesota Press]] |local= Minneapolis |ano= 1999 | isbn = 0-8166-3243-X |página= | nopp=yes }}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref><ref>{{citar livro
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|local= Ithaca, NY |ano= 1998 | isbn = 0-8014-8468-5 |página= | nopp=yes}}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref> A ideia de que a própria história seja controlada por grandes conspirações de longa data é rejeitada pelo historiador [[Bruce Cumings]]:
|local= Ithaca, NY |ano= 1998 | isbn = 0-8014-8468-5 |página= | nopp=yes}}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref> A ideia de que a própria história seja controlada por grandes conspirações de longa data é rejeitada pelo historiador [[Bruce Cumings]]:


<blockquote>"Contudo, se existirem conspirações, elas raramente movimentam a história; elas fazem uma diferença nas margens, de tempos em tempos, mas com as consequências imprevisíveis de uma lógica que está fora do controle de seus autores: e é isso que está errado com 'teoria da conspiração'. A História é movida pelas amplas forças e grandes estruturas de coletividades humanas."<ref>{{citar livro|último = Cumings |primeiro = Bruce |título= The Origins of the Korean War, Vol. II, The Roaring of the Cataract, 1947–1950 |publicadopor= [[Princeton University Press]] |local= Princeton, NJ |ano= 1999 |página= | nopp=yes }}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref></blockquote>
{{Citação3|''Contudo, se existirem conspirações, elas raramente movimentam a história; elas fazem uma diferença nas margens, de tempos em tempos, mas com as consequências imprevisíveis de uma lógica que está fora do controle de seus autores: e é isso que está errado com 'teoria da conspiração'. A História é movida pelas amplas forças e grandes estruturas de coletividades humanas.''<ref>{{citar livro|último = Cumings |primeiro = Bruce |título= The Origins of the Korean War, Vol. II, The Roaring of the Cataract, 1947–1950 |publicadopor= [[Princeton University Press]] |local= Princeton, NJ |ano= 1999 |página= | nopp=yes }}{{page needed|date=setembro de 2011}}</ref>}}


Justin Fox, da [[Time (revista)|Revista Time]], dá uma justificativa pragmática de conspiracionismo. Ele diz que os comerciantes de Wall Street estão entre o grupo de pessoas que mais possui espírito conspiracionista e atribui isso à realidade de algumas conspirações do mercado financeiro e à capacidade que as teorias da conspiração possuem de fornecer a orientação necessária nos movimentos do dia-a-dia do mercado. A maioria dos bons [[Jornalismo investigativo|repórteres investigativos]] são também teóricos da conspiração, segundo Fox; e algumas das teorias deles se provaram ser ao menos parcialmente verdadeiras.<ref name="business.time.com"/>
Justin Fox, da [[Time (revista)|Revista Time]], dá uma justificativa pragmática de conspiracionismo. Ele diz que os comerciantes de [[Wall Street]] estão entre o grupo de pessoas que mais possui espírito conspiracionista e atribui isso à realidade de algumas conspirações do mercado financeiro e à capacidade que as teorias da conspiração possuem de fornecer a orientação necessária nos movimentos do dia-a-dia do [[mercado]]. A maioria dos bons [[Jornalismo investigativo|repórteres investigativos]] são também teóricos da conspiração, segundo Fox; e algumas das teorias deles se provaram ser ao menos parcialmente verdadeiras.<ref name="business.time.com"/>


=== Estados Unidos ===
=== Estados Unidos ===

[[Imagem:National Park Service 9-11 Statue of Liberty and WTC fire.jpg|thumb|310px|Uma das teorias da conspiração mais divulgadas afirma que os [[ataques de 11 de setembro de 2001]] foram facilitados pela administração de [[George W. Bush]], com a finalidade de dar aos Estados Unidos um pretexto para iniciar as guerras contra [[Afeganistão]] e [[Iraque]], promover restrições aos direitos civis no país (''[[USA PATRIOT Act|Ato Patriota]]'') e, iniciar [[Revelações da vigilância global (2013–presente)|ações de espionagem em larga escala]] (''ver: [[Teorias conspiratórias sobre os ataques de 11 de setembro de 2001]] e [[9/11 Truth Movement]]'').]]

"Alguns historiadores lançaram a ideia de que, mais recentemente, os Estados Unidos se tornou o lar das teorias conspiratórias, porque muitas conspirações proeminentes de alto nível têm sido empreendidas e descobertas desde a década de 1960."<ref name="knight-2003" /> A existência de tais conspirações verdadeiras ajuda a alimentar a crença em teorias da conspiração.<ref>Jewett, Robert; John Shelton Lawrence (2004) ''Captain America and the crusade against evil: the dilemma of zealous nationalism'' Wm. B. Eerdmans Publishing p. 206.</ref><ref>Olmsted, Kathryn S. (2011) ''Real Enemies: Conspiracy Theories and American Democracy, World War I to 9/11'' Oxford University Press p. 8.</ref><ref>Whitfield, Stephen J. (2004) ''A companion to 20th-century America'' Wiley-Blackwell ISBN 978-0-631-21100-6 p. 136.</ref>
"Alguns historiadores lançaram a ideia de que, mais recentemente, os Estados Unidos se tornou o lar das teorias conspiratórias, porque muitas conspirações proeminentes de alto nível têm sido empreendidas e descobertas desde a década de 1960."<ref name="knight-2003" /> A existência de tais conspirações verdadeiras ajuda a alimentar a crença em teorias da conspiração.<ref>Jewett, Robert; John Shelton Lawrence (2004) ''Captain America and the crusade against evil: the dilemma of zealous nationalism'' Wm. B. Eerdmans Publishing p. 206.</ref><ref>Olmsted, Kathryn S. (2011) ''Real Enemies: Conspiracy Theories and American Democracy, World War I to 9/11'' Oxford University Press p. 8.</ref><ref>Whitfield, Stephen J. (2004) ''A companion to 20th-century America'' Wiley-Blackwell ISBN 978-0-631-21100-6 p. 136.</ref>


=== Oriente Médio ===
=== Oriente Médio ===
{{Main|Teorias da conspiração no mundo árabe}}
As teorias da conspiração são uma característica marcante da cultura e política [[Árabes|árabe]]. Prof. Matthew Gray escreve que elas "são um fenômeno comum e popular." "O conspiracionismo é um fenômeno importante para a compreensão da política do [[Oriente Médio]] árabe ..."<ref name=Gray>{{citar livro|título=Conspiracy Theories in the Arab World|autor =Matthew Gray|isbn=978-0415575188|ano=2010}}</ref> Variantes incluem conspirações que envolvem colonialismo, [[sionismo]], superpotências, petróleo e a [[guerra ao terrorismo]], a qual pode ser referida como uma [[guerra contra o Islã]].<ref name=Gray/> [[Roger Cohen]] teoriza que a popularidade das teorias conspiratórias no mundo árabe é "o último refúgio dos mais fracos",<ref name=Cohen/> e Al-Mumin Disse observou o perigo que tais teorias "não apenas nos impede de chegar à verdade, como também de confrontar nossos erros e problemas ... "<ref>{{citar jornal|url=http://old.nationalreview.com/comment/stalinsky200405060835.asp|título=A Vast Conspiracy|data=6 de maio de 2004|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131004220251/http://old.nationalreview.com/comment/stalinsky200405060835.asp|arquivodata=4 de outubro de 2013|obra=National Review|autor =Steven Stalinsky}}</ref>


{{Principal|Teorias da conspiração no mundo árabe}}
== Prevalência==

Alguns estudiosos argumentam que as teorias da conspiração, que eram limitadas a públicos marginais, se tornaram comuns nos [[meios de comunicação de massa]], contribuindo para que o conspiracionismo emergisse como um [[Efeito bandwagon|fenômeno cultural]] nos Estados Unidos, entre o final do século XX e início do 21.<ref name=Barkun2003p3/><ref name="Camp 1997">{{citar livro|autor = Camp, Gregory S. |título= Selling Fear: Conspiracy Theories and End-Times Paranoia |publicadopor= Commish Walsh |ano= 1997 |asin = B000J0N8NC}}</ref><ref name="Goldberg 2001">{{citar livro|autor = Goldberg, Robert Alan |título= Enemies Within: The Culture of Conspiracy in Modern America |publicadopor= Yale University Press |ano= 2001 |isbn= 0-300-09000-5}}</ref><ref name="Fenster 2008">{{citar livro|autor = Fenster, Mark |título= Conspiracy Theories: Secrecy and Power in American Culture |publicadopor= University of Minnesota Press; 2nd edition |ano= 2008 | isbn = 0-8166-5494-8}}</ref> Segundo os antropólogos Todd Sanders e Harry G. West, evidências sugerem que um amplo setor{{vago}} dos estadunidenses hoje dá credibilidade a algumas teorias conspiratórias.<ref>West, Harry G.; Sanders, Todd (2003).[https://books.google.com/books?hl=en&lr=&id=HeMdeV_LvAMC&oi=fnd&pg=PP9&dq=%22Transparency+and+conspiracy%22&ots=XMzTBwz22s&sig=qhknNptShaLbORX12dfheFpP6f8#v=onepage&q=&f=false ''Transparency and conspiracy: ethnographies of suspicion in the new world order.''] Duke University Press. p. 4.</ref> A crença nessas teorias tornou-se, assim, um tema de interesse para sociólogos, psicólogos e especialistas em [[folclore]].
As teorias da conspiração são uma característica marcante da cultura e política [[Árabes|árabe]]. Prof. Matthew Gray escreve que elas "são um fenômeno comum e popular." "O conspiracionismo é um fenômeno importante para a compreensão da política do [[Oriente Médio]] árabe ..."<ref name=Gray>{{citar livro|título=Conspiracy Theories in the Arab World|autor =Matthew Gray|isbn=978-0415575188|ano=2010}}</ref> Variantes incluem conspirações que envolvem [[colonialismo]], [[sionismo]], [[superpotência]]s, [[petróleo]] e a [[Guerra ao Terrorismo]], a qual pode ser referida como uma [[guerra contra o Islã]].<ref name=Gray/> [[Roger Cohen]] teoriza que a popularidade das teorias conspiratórias no mundo árabe é "o último refúgio dos mais fracos",<ref name=Cohen/> e Al-Mumin Disse observou o perigo que tais teorias "não apenas nos impede de chegar à verdade, como também de confrontar nossos erros e problemas ... "<ref>{{citar jornal|url=http://old.nationalreview.com/comment/stalinsky200405060835.asp|título=A Vast Conspiracy|data=6 de maio de 2004|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131004220251/http://old.nationalreview.com/comment/stalinsky200405060835.asp|arquivodata=4 de outubro de 2013|obra=National Review|autor =Steven Stalinsky}}</ref>

== Prevalência ==

Alguns estudiosos argumentam que as teorias da conspiração, que eram limitadas a públicos marginais, se tornaram comuns nos [[meios de comunicação de massa]], contribuindo para que o conspiracionismo emergisse como um [[Efeito bandwagon|fenômeno cultural]] nos Estados Unidos, entre o final do século XX e início do 21.<ref name=Barkun2003p3/><ref name="Camp 1997">{{citar livro|autor = Camp, Gregory S. |título= Selling Fear: Conspiracy Theories and End-Times Paranoia |publicadopor= Commish Walsh |ano= 1997 |asin = B000J0N8NC}}</ref><ref name="Goldberg 2001">{{citar livro|autor = Goldberg, Robert Alan |título= Enemies Within: The Culture of Conspiracy in Modern America |publicadopor= Yale University Press |ano= 2001 |isbn= 0-300-09000-5}}</ref><ref name="Fenster 2008">{{citar livro|autor = Fenster, Mark |título= Conspiracy Theories: Secrecy and Power in American Culture |publicadopor= University of Minnesota Press; 2nd edition |ano= 2008 | isbn = 0-8166-5494-8}}</ref> Segundo os [[antropólogo]]s Todd Sanders e Harry G. West, evidências sugerem que um amplo setor {{vago}} dos estadunidenses hoje dá credibilidade a algumas teorias conspiratórias.<ref>West, Harry G.; Sanders, Todd (2003).[https://books.google.com/books?hl=en&lr=&id=HeMdeV_LvAMC&oi=fnd&pg=PP9&dq=%22Transparency+and+conspiracy%22&ots=XMzTBwz22s&sig=qhknNptShaLbORX12dfheFpP6f8#v=onepage&q=&f=false ''Transparency and conspiracy: ethnographies of suspicion in the new world order.''] Duke University Press. p. 4.</ref> A crença nessas teorias tornou-se, assim, um tema de interesse para sociólogos, psicólogos e especialistas em [[folclore]].


== Origens psicológicas ==
== Origens psicológicas ==
De acordo com alguns psicólogos, uma pessoa que crê em uma teoria da conspiração tende a acreditar em outras.<ref name="Goertzel 1994 733–744"/>


De acordo com alguns [[psicólogo]]s, uma pessoa que crê em uma teoria da conspiração tende a acreditar em outras.<ref name="Goertzel 1994 733–744"/>
Outros psicólogos acreditam que a busca pelo [[Sentido da vida|sentido]] é comum no conspiracionismo e para o desenvolvimento de teorias conspiratórias e pode ser, por si só, poderoso o suficiente para levar à primeira formulação da ideia. Uma vez conhecidos, o [[viés de confirmação]] e a fuga de [[dissonância cognitiva]] podem reforçar a crença. Em um contexto onde uma teoria da conspiração se tornou popular dentro de um grupo social, o [[reforço comunal]] pode igualmente desempenhar um papel. Algumas investigações feitas na [[Universidade de Kent]] (Reino Unido) sugerem que as pessoas podem ser influenciadas por teorias da conspiração sem estarem cientes de que suas atitudes mudaram. Após lerem teorias conspiratórias populares a respeito da morte de [[Morte de Diana, Princesa de Gales|Diana, Princesa de Gales]], os participantes deste estudo estimaram corretamente o quanto as atitudes de seus pares se alteraram, porém, subestimaram significativamente o quanto suas próprias atitudes haviam mudado para ficarem mais a favor das teorias. Os autores concluem que as teorias conspiratórias podem, assim, possuir um "poder oculto" para influenciar as crenças das pessoas.<ref name="Douglas 2008 210–222"/>


Outros psicólogos acreditam que a busca pelo [[sentido da vida]] é comum no conspiracionismo e para o desenvolvimento de teorias conspiratórias e pode ser, por si só, poderoso o suficiente para levar à primeira formulação da ideia. Uma vez conhecidos, o [[viés de confirmação]] e a fuga de [[dissonância cognitiva]] podem reforçar a crença. Em um contexto onde uma teoria da conspiração se tornou popular dentro de um [[grupo social]], o [[reforço comunal]] pode igualmente desempenhar um papel. Algumas investigações feitas na [[Universidade de Kent]] ([[Reino Unido]]) sugerem que as pessoas podem ser influenciadas por teorias da conspiração sem estarem cientes de que suas atitudes mudaram. Após lerem teorias conspiratórias populares a respeito da morte de [[Morte de Diana, Princesa de Gales|Diana, Princesa de Gales]], os participantes deste estudo estimaram corretamente o quanto as atitudes de seus pares se alteraram, porém, subestimaram significativamente o quanto suas próprias atitudes haviam mudado para ficarem mais a favor das teorias. Os autores concluem que as teorias conspiratórias podem, assim, possuir um "poder oculto" para influenciar as crenças das pessoas.<ref name="Douglas 2008 210–222"/>
Um estudo publicado em 2012 também constatou que teóricos de conspiração acreditam frequentemente em múltiplas conspirações, mesmo quando uma contradiz a outra.<ref name='Contradictory CT'>{{citar periódico|título= Dead and Alive: Beliefs in Contradictory Conspiracy Theories |periódico= Social Psychological and Personality Science |data= 25 de janeiro de 2012 |primeiro = Michael J. |último = Wood |autor2 =Karen M. Douglas |autor3 =Robbie M. Sutton | url = http://spp.sagepub.com/content/early/2012/01/18/1948550611434786.full.pdf+html |formato=PDF |acessodata=8 de fevereiro de 2012}}</ref> Por exemplo, pessoas que acreditam que [[Osama Bin Laden]] foi capturado vivo pelos americanos também estão propensas a acreditar que, na realidade, Bin Laden havia sido morto antes da invasão de 2011 a sua casa em Abbottabad, Paquistão, apontou o estudo.


Um estudo publicado em 2012 também constatou que teóricos de conspiração acreditam frequentemente em múltiplas conspirações, mesmo quando uma contradiz a outra.<ref name='Contradictory CT'>{{citar periódico|título= Dead and Alive: Beliefs in Contradictory Conspiracy Theories |periódico= Social Psychological and Personality Science |data= 25 de janeiro de 2012 |primeiro = Michael J. |último = Wood |autor2 =Karen M. Douglas |autor3 =Robbie M. Sutton | url = http://spp.sagepub.com/content/early/2012/01/18/1948550611434786.full.pdf+html |formato=PDF |acessodata=8 de fevereiro de 2012}}</ref> Por exemplo, pessoas que acreditam que [[Osama Bin Laden]] foi capturado vivo pelos americanos também estão propensas a acreditar que, na realidade, [[Morte de Osama bin Laden|Bin Laden havia sido morto]] antes da invasão de 2011 a sua casa em [[Abbottabad]], [[Paquistão]], apontou o estudo.
Em um artigo de 2013 publicado na revista [[Scientific American Mind]], o psicólogo Sander van der Linden argumenta que existem evidências científicas convergentes de que (1) as pessoas que acreditam numa conspiração são susceptíveis a aderirem a outras (mesmo quando contraditórias entre si); (2) em alguns casos, a ideação conspiratória tem sido associada com a [[paranoia]] e [[esquizotipia]]; (3) as visões de mundo conspiracionistas tendem a provocar a desconfiança de princípios científicos bem estabelecidos, como a associação entre tabagismo e câncer ou entre o [[aquecimento global]] e as emissões de [[CO2]]; e (4) a ideação conspiratória geralmente leva as pessoas a verem padrões onde não existem.<ref>{{citar periódico|autor =van der Linden, S.|título= What a Hoax|periódico=Scientific American Mind|ano=2013|volume=24 | issue = 4|páginas=41–43|doi=10.1038/scientificamericanmind0913-40}}</ref> Van der Linden também cunhou o termo ''O Efeito Conspiratório'' ({{lang-en|''The Conspiracy-Effect''}}).

Em um [[artigo científico]] de 2013 publicado na revista [[Scientific American Mind]], o psicólogo Sander van der Linden argumenta que existem evidências científicas convergentes de que (1) as pessoas que acreditam numa conspiração são susceptíveis a aderirem a outras (mesmo quando contraditórias entre si); (2) em alguns casos, a ideação conspiratória tem sido associada com a [[paranoia]] e [[esquizotipia]]; (3) as visões de mundo conspiracionistas tendem a provocar a desconfiança de princípios científicos bem estabelecidos, como a associação entre [[tabagismo]] e [[câncer]] ou entre o [[aquecimento global]] e as emissões de [[CO2]]; e (4) a ideação conspiratória geralmente leva as pessoas a verem padrões onde não existem.<ref>{{citar periódico|autor =van der Linden, S.|título= What a Hoax|periódico=Scientific American Mind|ano=2013|volume=24 | issue = 4|páginas=41–43|doi=10.1038/scientificamericanmind0913-40}}</ref> Van der Linden também cunhou o termo ''O Efeito Conspiratório'' ({{lang-en|''The Conspiracy-Effect''}}).


[[Psicologia humanista|Psicólogos humanistas]] sustentam que, apesar do conluio por trás da conspiração ser quase sempre percebido como hostil, frequentemente a ideia da teoria conspiratória apresenta um elemento de tranquilidade aos seus crentes. Isso se deve, em parte, ao fato de que é mais consolador pensar que as complicações e transtornos em assuntos humanos são criados pelos próprios seres humanos, em vez de por fatores que fogem do controle humano. A crença em uma conspiração é um dispositivo mental que seu crente utiliza para se assegurar de que certos feitos e circunstâncias não são resultado do acaso, mas originados por uma inteligência humana. Isso torna tais ocorrências compreensíveis e potencialmente controláveis. Se uma associação secreta está envolvida numa sequência de acontecimentos, sempre existe a esperança, ainda que fraca, de ser capaz de interferir nas ações do grupo conspirador, ou para se juntar a ele e exercer um pouco desse mesmo poder. Por último, a crença no poder de uma conspiração é uma afirmação implícita da [[Dignidade|dignidade humana]] — uma confirmação, muitas vezes inconsciente, porém necessária, de que o homem não é um ser totalmente indefeso e sim responsável, ao menos em certa medida, pelo seu próprio destino.<ref name="Baigent, Leigh & Lincoln 1987">{{citar livro|autor = Baigent, Michael; Leigh, Richard; Lincoln, Henry |título= The Messianic Legacy |publicadopor= Henry Holt & Co |ano= 1987 | isbn = 0-8050-0568-4}}</ref>
[[Psicologia humanista|Psicólogos humanistas]] sustentam que, apesar do conluio por trás da conspiração ser quase sempre percebido como hostil, frequentemente a ideia da teoria conspiratória apresenta um elemento de tranquilidade aos seus crentes. Isso se deve, em parte, ao fato de que é mais consolador pensar que as complicações e transtornos em assuntos humanos são criados pelos próprios seres humanos, em vez de por fatores que fogem do controle humano. A crença em uma conspiração é um dispositivo mental que seu crente utiliza para se assegurar de que certos feitos e circunstâncias não são resultado do acaso, mas originados por uma inteligência humana. Isso torna tais ocorrências compreensíveis e potencialmente controláveis. Se uma associação secreta está envolvida numa sequência de acontecimentos, sempre existe a esperança, ainda que fraca, de ser capaz de interferir nas ações do grupo conspirador, ou para se juntar a ele e exercer um pouco desse mesmo poder. Por último, a crença no poder de uma conspiração é uma afirmação implícita da [[Dignidade|dignidade humana]] — uma confirmação, muitas vezes inconsciente, porém necessária, de que o homem não é um ser totalmente indefeso e sim responsável, ao menos em certa medida, pelo seu próprio destino.<ref name="Baigent, Leigh & Lincoln 1987">{{citar livro|autor = Baigent, Michael; Leigh, Richard; Lincoln, Henry |título= The Messianic Legacy |publicadopor= Henry Holt & Co |ano= 1987 | isbn = 0-8050-0568-4}}</ref>


=== Projeção ===
=== Projeção ===

Alguns historiadores defendem que existe um elemento de [[Projeção (psicologia)|projeção psicológica]] no conspiracionismo. Esta projeção, de acordo com o argumento, se manifesta sob a forma de atribuição de características indesejáveis do ser aos conspiradores. O historiador Richard Hofstadter, em seu ensaio "O Estilo Paranoico na Política Americana", afirma que:
Alguns historiadores defendem que existe um elemento de [[Projeção (psicologia)|projeção psicológica]] no conspiracionismo. Esta projeção, de acordo com o argumento, se manifesta sob a forma de atribuição de características indesejáveis do ser aos conspiradores. O historiador Richard Hofstadter, em seu ensaio "O Estilo Paranoico na Política Americana", afirma que:
<blockquote>...é difícil resistir à conclusão de que este inimigo seja, em muitos aspectos, a projeção do ser; tanto o ideal quanto os aspectos inaceitáveis do ser são atribuídos a ele. O inimigo pode ser o intelectual cosmopolita, mas a paranoia o excederá no aparato do conhecimento... a Ku Klux Klan imitou o catolicismo a ponto de vestir trajes sacerdotais, desenvolvendo um elaborado ritual e uma hierarquia igualmente elaborada. A [[John Birch Society]] simula células comunistas e operação quase secreta através de grupos "de frente" e realiza uma perseguição sem piedade de guerra ideológica seguindo linhas muito parecidas com as que encontra no inimigo comunista. Porta-vozes de várias cruzadas anticomunistas fundamentalistas expressam abertamente sua admiração pela dedicação e disciplina que a causa comunista suscita.<ref name="harpers=1964"/></blockquote>


{{Citação3|''...é difícil resistir à conclusão de que este inimigo seja, em muitos aspectos, a projeção do ser; tanto o ideal quanto os aspectos inaceitáveis do ser são atribuídos a ele. O inimigo pode ser o intelectual ''[[cosmopolita]]'', mas a paranoia o excederá no aparato do conhecimento... a ''[[Ku Klux Klan]]'' imitou o ''[[catolicismo]]'' a ponto de vestir trajes sacerdotais, desenvolvendo um elaborado ritual e uma hierarquia igualmente elaborada. A ''[[John Birch Society]]'' simula células comunistas e operação quase secreta através de ''[[Organização de fachada|grupos "de frente"]]'' e realiza uma perseguição sem piedade de guerra ideológica seguindo linhas muito parecidas com as que encontra no inimigo ''[[comunista]].'' Porta-vozes de várias cruzadas ''[[anticomunista]]s'' fundamentalistas expressam abertamente sua admiração pela dedicação e disciplina que a causa comunista suscita.''<ref name="harpers=1964"/>}}
Hofstadter também notou que a "liberdade sexual" é um vício frequentemente atribuído ao grupo alvo do conspiracionista, observando que "muitas vezes as fantasias de verdadeiros crentes revelam fortes fugas sadomasoquistas, vivamente expressadas, por exemplo, no prazer que os antimaçônicos sentem com a crueldade de castigos maçônicos."<ref name="harpers=1964">{{citar jornal|último =Hofstadter |primeiro =Richard |título=The Paranoid Style in American Politics |jornal=Harper's Magazine |data=novembro de 1964 |páginas=77–86 |url=http://harpers.org/archive/1964/11/the-paranoid-style-in-american-politics/ |deadurl=no |acessodata=4 de dezembro de 2013}}</ref>

Hofstadter também notou que a "[[Amor livre|liberdade sexual]]" é um vício frequentemente atribuído ao grupo alvo do conspiracionista, observando que "muitas vezes as fantasias de verdadeiros crentes revelam fortes fugas [[sadomasoquista]]s, vivamente expressadas, por exemplo, no prazer que os [[Antimaçonaria|antimaçônicos]] sentem com a crueldade de castigos maçônicos."<ref name="harpers=1964">{{citar jornal|último =Hofstadter |primeiro =Richard |título=The Paranoid Style in American Politics |jornal=Harper's Magazine |data=novembro de 1964 |páginas=77–86 |url=http://harpers.org/archive/1964/11/the-paranoid-style-in-american-politics/ |deadurl=no |acessodata=4 de dezembro de 2013}}</ref>


Um estudo de 2011 descobriu que pessoas altamente [[Maquiavelismo|maquiavélicas]] são mais propensas a acreditar em teorias da conspiração, uma vez que elas próprias estariam mais dispostas a se envolverem numa conspiração quando colocadas na mesma situação que os supostos conspiradores.<ref>{{citar periódico|primeiro =Karen |último =Douglas |primeiro2 =Robbie |último2 =Sutton |ano=2011 |título=Does it take one to know one? Endorsement of conspiracy theories is influenced by personal willingness to conspire |periódico=British Journal of Social Psychology |volume=50 |issue=3 |páginas=544–552 |doi=10.1111/j.2044-8309.2010.02018.x}}</ref>
Um estudo de 2011 descobriu que pessoas altamente [[Maquiavelismo|maquiavélicas]] são mais propensas a acreditar em teorias da conspiração, uma vez que elas próprias estariam mais dispostas a se envolverem numa conspiração quando colocadas na mesma situação que os supostos conspiradores.<ref>{{citar periódico|primeiro =Karen |último =Douglas |primeiro2 =Robbie |último2 =Sutton |ano=2011 |título=Does it take one to know one? Endorsement of conspiracy theories is influenced by personal willingness to conspire |periódico=British Journal of Social Psychology |volume=50 |issue=3 |páginas=544–552 |doi=10.1111/j.2044-8309.2010.02018.x}}</ref>


=== Viés epistêmico ===
=== Viés epistêmico ===
De acordo com a ''Sociedade Britânica de Psicologia'', é possível que certos [[Viés epistêmico|vieses epistêmicos]] humanos básicos se projetem no material em análise. Um estudo citado pelo grupo descobriu que as pessoas aplicam uma regra geral por meio da qual esperam que um acontecimento significante tenha uma causa significante.<ref>"[http://www.bps.org.uk/media-centre/press-releases/releases$/annual-conferences-1999-2004/who-shot-the-president$.cfm Who shot the president?] {{Wayback|url=http://www.bps.org.uk/media-centre/press-releases/releases$/annual-conferences-1999-2004/who-shot-the-president$.cfm |date=20060614060845 }}," The British Psychological Society, 18 de março de 2003. Acessador em 7 de junho de 2005.</ref> O estudo ofereceu aos sujeitos quatro versões de acontecimentos nos quais um presidente estrangeiro (a) foi assassinado com sucesso, (b) foi ferido, mas sobreviveu, (c) sobreviveu com ferimentos, mas morreu de um ataque cardíaco em uma data posterior, e (d) saiu ileso. Os sujeitos tenderam em maior medida a suspeitar de conspiração nos casos dos "acontecimentos importantes" (aqueles em que o presidente morre) do que nos outros casos, apesar de que todas as outras evidências disponíveis a eles fossem as mesmas. Ligado à [[apofenia]], tendência genética que os seres humanos têm de encontrar padrões de coincidência, isso permite a descoberta de conspiração em qualquer evento significativo.


De acordo com a ''[[Sociedade Britânica de Psicologia]]'', é possível que certos [[Viés epistêmico|vieses epistêmicos]] humanos básicos se projetem no material em análise. Um estudo citado pelo grupo descobriu que as pessoas aplicam uma regra geral por meio da qual esperam que um acontecimento significante tenha uma causa significante.<ref>"[http://www.bps.org.uk/media-centre/press-releases/releases$/annual-conferences-1999-2004/who-shot-the-president$.cfm Who shot the president?] {{Wayback|url=http://www.bps.org.uk/media-centre/press-releases/releases$/annual-conferences-1999-2004/who-shot-the-president$.cfm |date=20060614060845 }}," The British Psychological Society, 18 de março de 2003. Acessador em 7 de junho de 2005.</ref> O estudo ofereceu aos sujeitos quatro versões de acontecimentos nos quais um presidente estrangeiro (a) foi assassinado com sucesso, (b) foi ferido, mas sobreviveu, (c) sobreviveu com ferimentos, mas morreu de um [[ataque cardíaco]] em uma data posterior, e (d) saiu ileso. Os sujeitos tenderam em maior medida a suspeitar de conspiração nos casos dos "acontecimentos importantes" (aqueles em que o presidente morre) do que nos outros casos, apesar de que todas as outras evidências disponíveis a eles fossem as mesmas. Ligado à [[apofenia]], tendência [[genética]] que os seres humanos têm de encontrar padrões de coincidência, isso permite a descoberta de conspiração em qualquer evento significativo.
Outra regra epistêmica geral que pode ser aplicada a um mistério envolvendo outras pessoas é a ''cui bono?'' (''quem se beneficia?''). Esta sensibilidade a motivos ocultos de outras pessoas pode ser uma característica evolutiva e universal da consciência humana.{{carece de fontes|data=setembro de 2011}}

Outra regra [[Epistemologia|epistêmica]] geral que pode ser aplicada a um mistério envolvendo outras pessoas é a ''cui bono?'' (''quem se beneficia?''). Esta sensibilidade a motivos ocultos de outras pessoas pode ser uma característica evolutiva e universal da [[consciência]] humana.{{carece de fontes|data=setembro de 2011}}


=== Psicologia clínica ===
=== Psicologia clínica ===

Para alguns indivíduos, uma compulsão obsessiva em acreditar, provar ou repetir uma teoria conspiratória pode indicar uma ou uma combinação de condições psicológicas bem compreendidas e outras hipotéticas, como: paranoia, [[Negação (psicologia)|negação]], [[esquizofrenia]], [[síndrome do mundo vil]].<ref>{{Citar web |url=http://www.columbia.edu/~kw96/TopFive.html |titulo=Top 5 New Diseases: Media Induced Post-traumatic Stress Disorder (MIPTSD) |acessodata=2016-04-03 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20050426081645/http://www.columbia.edu/~kw96/TopFive.html |arquivodata=2005-04-26 |urlmorta= }}, ''The New Disease: A Journal of Narrative Pathology'' 2 (2004). Acessado em 7 de junho de 2005. Citação: "para os indivíduos relativamente raros, uma compulsão obsessiva de acreditar, provar ou recontar uma teoria conspiratória pode indicar uma ou mais das várias condições psicológicas bem compreendidas e outras hipotéticas, como: paranoia, negação, esquizofrenia e síndrome do mundo vil." apud Lance Boyle [http://westminsterjournal.com/oldwjarchive/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=54 Truthers: the Mental Health Headache]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}, The Westminster Journal, 27 de dezembro de 2007.</ref>
Para alguns indivíduos, uma compulsão obsessiva em acreditar, provar ou repetir uma teoria conspiratória pode indicar uma ou uma combinação de condições psicológicas bem compreendidas e outras hipotéticas, como: paranoia, [[Negação (psicologia)|negação]], [[esquizofrenia]], [[síndrome do mundo vil]].<ref>{{Citar web |url=http://www.columbia.edu/~kw96/TopFive.html |titulo=Top 5 New Diseases: Media Induced Post-traumatic Stress Disorder (MIPTSD) |acessodata=2016-04-03 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20050426081645/http://www.columbia.edu/~kw96/TopFive.html |arquivodata=2005-04-26 |urlmorta= }}, ''The New Disease: A Journal of Narrative Pathology'' 2 (2004). Acessado em 7 de junho de 2005. Citação: "para os indivíduos relativamente raros, uma compulsão obsessiva de acreditar, provar ou recontar uma teoria conspiratória pode indicar uma ou mais das várias condições psicológicas bem compreendidas e outras hipotéticas, como: paranoia, negação, esquizofrenia e síndrome do mundo vil." apud Lance Boyle [http://westminsterjournal.com/oldwjarchive/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=54 Truthers: the Mental Health Headache]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}, The Westminster Journal, 27 de dezembro de 2007.</ref>


== Origens sócio-políticas ==
== Origens sócio-políticas ==

[[Christopher Hitchens]] representa as teorias da conspiração como "fumos exaustos da democracia",<ref name="Hodapp 2008"/> o resultado inevitável de uma grande quantidade de informacões que circulam entre um alto número de pessoas.
[[Christopher Hitchens]] representa as teorias da conspiração como "fumos exaustos da [[democracia]]",<ref name="Hodapp 2008"/> o resultado inevitável de uma grande quantidade de informacões que circulam entre um alto número de pessoas.


Descrições conspiracionistas podem ser emocionalmente satisfatórias quando elas colocam eventos em um contexto moral facilmente compreensível. O adepto da teoria é capaz de atribuir responsabilidade moral por um acontecimento ou situação emocionalmente perturbadora a um grupo de indivíduos claramente concebido. Crucialmente, tal grupo ''não inclui'' o crente. O crente pode então se sentir desculpado de qualquer responsabilidade moral ou política, já que corrigir qualquer falha institucional ou social poderia ser a fonte efetiva da dissonância.<ref>{{citar jornal|primeiro =Shankar
Descrições conspiracionistas podem ser emocionalmente satisfatórias quando elas colocam eventos em um contexto moral facilmente compreensível. O adepto da teoria é capaz de atribuir responsabilidade moral por um acontecimento ou situação emocionalmente perturbadora a um grupo de indivíduos claramente concebido. Crucialmente, tal grupo ''não inclui'' o crente. O crente pode então se sentir desculpado de qualquer responsabilidade moral ou política, já que corrigir qualquer falha institucional ou social poderia ser a fonte efetiva da dissonância.<ref>{{citar jornal|primeiro =Shankar
|último =Vedantam |url=http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/06/04/AR2006060400618.html |título=Born With the Desire to Know the Unknown |obra=The Washington Post |página=A02 |data=5 de junho de 2006 |acessodata=7 de junho de 2006}} Citação: "Teorias conspiratórias explicam os acontecimentos ou fenômenos sociais perturbadores em matéria de ações de indivíduos específicos poderosos", disse o sociólogo Theodore Sasson no Middlebury College, em Vermont. Ao fornecer explicações simples de eventos inquietantes — a teoria da conspiração no mundo árabe, por exemplo, em que os [[ataques de 11 de setembro]] foram planejados pelo serviço secreto israelense [[Mossad]] — elas transferem a responsabilidade ou previnem que as pessoas reconheçam que eventos trágicos às vezes ocorrem inexplicavelmente."</ref> Da mesma forma, [[Roger Cohen]], em um [[op-ed]] para o [[New York Times]], propôs que "mentes cativas ... recorrem à teoria da conspiração, porque é o último refúgio do fracassado. Se você não pode mudar sua própria vida, deve ser porque alguma força maior controla o mundo."<ref name="Cohen"/>
|último =Vedantam |url=http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/06/04/AR2006060400618.html |título=Born With the Desire to Know the Unknown |obra=The Washington Post |página=A02 |data=5 de junho de 2006 |acessodata=7 de junho de 2006}} Citação: "Teorias conspiratórias explicam os acontecimentos ou fenômenos sociais perturbadores em matéria de ações de indivíduos específicos poderosos", disse o sociólogo Theodore Sasson no Middlebury College, em Vermont. Ao fornecer explicações simples de eventos inquietantes — a teoria da conspiração no mundo árabe, por exemplo, em que os [[ataques de 11 de setembro]] foram planejados pelo serviço secreto israelense [[Mossad]] — elas transferem a responsabilidade ou previnem que as pessoas reconheçam que eventos trágicos às vezes ocorrem inexplicavelmente."</ref> Da mesma forma, [[Roger Cohen]], em um [[op-ed]] para o [[New York Times]], propôs que "mentes cativas ... recorrem à teoria da conspiração, porque é o último refúgio do fracassado. Se você não pode mudar sua própria vida, deve ser porque alguma força maior controla o mundo."<ref name="Cohen"/>


Onde o comportamento responsável é impedido pelas condições sociais ou está simplesmente além das capacidades de um indivíduo, a teoria da conspiração facilita a descarga emocional ou a [[Clausura (psicologia)|clausura]] que tais desafios emocionais requerem (segundo [[Erving Goffman]]){{carece de fontes|data=junho de 2007}}. Assim como os [[Pânico moral|pânicos morais]], as teorias conspiratórias ocorrem com mais frequência dentro de comunidades que estão enfrentando o [[Alienação social|isolamento social]] ou a perda de poder político.
Onde o comportamento responsável é impedido pelas condições sociais ou está simplesmente além das capacidades de um indivíduo, a teoria da conspiração facilita a descarga emocional ou a [[Clausura (psicologia)|clausura]] que tais desafios emocionais requerem (segundo [[Erving Goffman]]){{carece de fontes|data=junho de 2007}}. Assim como os [[Pânico moral|pânicos morais]], as teorias conspiratórias ocorrem com mais frequência dentro de comunidades que estão enfrentando o [[Alienação social|isolamento social]] ou a perda de [[poder]] político.


Ao estudar explicações alemães para as origens da [[Primeira Guerra Mundial]], o historiador sociológico Holger Herwig descobriu que "Esses eventos considerados mais importantes são mais difíceis de compreender, pois eles atraem maior atenção por parte dos criadores de mitos e charlatães."{{carece de fontes|data=abril de 2010}}
Ao estudar explicações alemães para as origens da [[Primeira Guerra Mundial]], o historiador sociológico Holger Herwig descobriu que "Esses eventos considerados mais importantes são mais difíceis de compreender, pois eles atraem maior atenção por parte dos criadores de [[mito]]s e [[Charlatanismo|charlatães]]."{{carece de fontes|data=abril de 2010}}


Esse processo normal pode ser desviado por um certo número de influências. A nível individual, forçar necessidades psicológicas pode influenciar o processo, e algumas de nossas ferramentas mentais universais podem impor "pontos cegos" [[Epistemologia|epistêmicos]]. A nível sociológico ou de grupo, fatores históricos podem tornar o processo de atribuir significados satisfatórios mais ou menos problemático.
Esse processo normal pode ser desviado por um certo número de influências. A nível individual, forçar necessidades psicológicas pode influenciar o processo, e algumas de nossas ferramentas mentais universais podem impor "pontos cegos" [[Epistemologia|epistêmicos]]. A nível sociológico ou de grupo, fatores históricos podem tornar o processo de atribuir significados satisfatórios mais ou menos problemático.
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=== Influência da teoria crítica ===
=== Influência da teoria crítica ===
O sociólogo francês [[Bruno Latour]] sugere que a grande popularidade de teorias da conspiração na cultura de massa pode ser devido, em parte, à presença da [[Teoria crítica da sociedade|teoria crítica]] de inspiração marxista e de ideias semelhantes na academia, desde os anos 1970.<ref name="critiquesteam">{{Citation |último = Latour |primeiro = Bruno |autorlink = Bruno Latour |título= Why Has Critique Run out of Steam? From Matters of Fact to Matters of Concern. |periódico= Critical Inquiry | volume = 30 | issue = 2 |páginas= 225–248 |data=inverno de 2004 | url = http://www.bruno-latour.fr/sites/default/files/89-CRITICAL-INQUIRY-GB.pdf |acessodata= 9 de setembro de 2015}}</ref>


O sociólogo francês [[Bruno Latour]] sugere que a grande popularidade de teorias da conspiração na [[cultura de massa]] pode ser devido, em parte, à presença da [[Teoria crítica da sociedade|teoria crítica]] de inspiração [[marxista]] e de ideias semelhantes na [[academia]], desde os anos 1970.<ref name="critiquesteam">{{Citation |último = Latour |primeiro = Bruno |autorlink = Bruno Latour |título= Why Has Critique Run out of Steam? From Matters of Fact to Matters of Concern. |periódico= Critical Inquiry | volume = 30 | issue = 2 |páginas= 225–248 |data=inverno de 2004 | url = http://www.bruno-latour.fr/sites/default/files/89-CRITICAL-INQUIRY-GB.pdf |acessodata= 9 de setembro de 2015}}</ref>
Latour observa que cerca de 90% da crítica social contemporânea na academia exibe uma de duas abordagens que ele chama de "a posição de fato e a posição de contos."{{RefMulti|critiquesteam|page1=237}} A posição de fato é antifetichista e sustenta que "objetos de crença" (por exemplo, religião, artes) são apenas conceitos sobre os quais o poder é projetado; Latour afirma que aqueles que usam esta abordagem exibem tendências no sentido de confirmar as suas próprias dúvidas dogmáticas como sendo em sua maioria "apoiadas cientificamente". Embora os fatos completos da situação e metodologia correta sejam ostensivamente importantes para eles, Latour propõe que o processo científico é, em vez disso, oferecido como uma patina às teorias preferidas de alguém, a fim de dar um ar de reputação elevada. A "posição de contos" defende que os indivíduos são dominados, muitas vezes secretamente e sem o seu conhecimento, por forças externas (por exemplo, economia, gênero).{{RefMulti|critiquesteam|page2=238}} Latour conclui que cada uma dessas abordagens na Academia conduziu a um ambiente polarizado e ineficiente, destacado (em ambas) pela sua mordacidade. "Você vê agora por que é tão bom ter uma mente crítica?", pergunta Latour: não importa que posição você escolha, "Você está sempre certo!"{{RefMulti|critiquesteam|page3=238-239}}


Latour observa que cerca de 90% da [[crítica social]] contemporânea na academia exibe uma de duas abordagens que ele chama de "a posição de fato e a posição de contos."{{RefMulti|critiquesteam|page1=237}} A posição de fato é antifetichista e sustenta que "objetos de crença" (por exemplo, [[religião]], [[artes]]) são apenas [[conceito]]s sobre os quais o poder é projetado; Latour afirma que aqueles que usam esta abordagem exibem tendências no sentido de confirmar as suas próprias dúvidas dogmáticas como sendo em sua maioria "apoiadas cientificamente". Embora os fatos completos da situação e [[metodologia]] correta sejam ostensivamente importantes para eles, Latour propõe que o [[Método científico|processo científico]] é, em vez disso, oferecido como uma patina às teorias preferidas de alguém, a fim de dar um ar de reputação elevada. A "posição de contos" defende que os indivíduos são dominados, muitas vezes secretamente e sem o seu conhecimento, por forças externas (por exemplo, [[economia]], [[gênero (ciências sociais)|gênero]]).{{RefMulti|critiquesteam|page2=238}} Latour conclui que cada uma dessas abordagens na Academia conduziu a um ambiente polarizado e ineficiente, destacado (em ambas) pela sua mordacidade. "Você vê agora por que é tão bom ter uma mente crítica?", pergunta Latour: não importa que posição você escolha, "Você está sempre certo!"{{RefMulti|critiquesteam|page3=238-239}}
Latour assinala que este tipo de crítica social tem sido apropriada por aqueles que ele descreve como sendo teóricos de conspiração, incluindo os [[Negacionismo climático|negacionistas das mudanças climáticas]] e o [[9/11 Truth Movement|Movimento pela Verdade sobre 11 de setembro]]: "Talvez eu esteja levando as teorias da conspiração a sério demais, mas é que estou preocupado em detectar, nessas misturas loucas de descrença sem reflexão séria, exigências meticulosas por provas e o uso livre de explicações poderosas tiradas da "Terra do Nunca", muitas das armas de crítica social".{{RefMulti|critiquesteam|page4=230}}

Latour assinala que este tipo de crítica social tem sido apropriada por aqueles que ele descreve como sendo teóricos de conspiração, incluindo os [[Negacionismo climático|negacionistas das mudanças climáticas]] e o [[9/11 Truth Movement|Movimento pela Verdade sobre 11 de setembro]]: "Talvez eu esteja levando as teorias da conspiração a sério demais, mas é que estou preocupado em detectar, nessas misturas loucas de descrença sem reflexão séria, exigências meticulosas por provas e o uso livre de explicações poderosas tiradas da "[[Terra do Nunca]]", muitas das armas de crítica social".{{RefMulti|critiquesteam|page4=230}}


=== Tropos dos meios de comunicação ===
=== Tropos dos meios de comunicação ===

{{Pesquisa inédita |Esta seção |date=julho de 2012}}
{{Pesquisa inédita |Esta seção |date=julho de 2012}}

[[Imagem:Alex Jones and Paul Joseph Watson.jpg|thumb|200px|[[Paul Joseph Watson]] e [[Alex Jones]], dois conhecidos teóricos da conspiração.]]
[[Imagem:Alex Jones and Paul Joseph Watson.jpg|thumb|200px|[[Paul Joseph Watson]] e [[Alex Jones]], dois conhecidos teóricos da conspiração.]]
Comentaristas dos meios de comunicação notam regularmente uma tendência nas mídias de notícias e de cultura popular para compreender acontecimentos através do prisma de agentes individuais, em oposição a notícias estruturais ou institucionais mais complexas.<ref>{{citar periódico|primeiro =Ivan |último =Emke |url=http://www.cjc-online.ca/viewarticle.php?id=585&layout=html |título=Agents and Structures: Journalists and the Constraints on AIDS Coverage |periódico=Canadian Journal of Communication |volume=25 |issue=3 |ano=2000 |acessodata=7 de junho de 2005}}</ref> Caso se trate de uma observação correta, pode-se esperar que a audiência que demanda e consome esta ênfase seja mais receptiva a informações personalizadas e dramáticas de fenômenos sociais.


Comentaristas dos [[meios de comunicação]] notam regularmente uma tendência nas mídias de notícias e de [[cultura popular]] para compreender acontecimentos através do prisma de agentes individuais, em oposição a notícias estruturais ou institucionais mais complexas.<ref>{{citar periódico|primeiro =Ivan |último =Emke |url=http://www.cjc-online.ca/viewarticle.php?id=585&layout=html |título=Agents and Structures: Journalists and the Constraints on AIDS Coverage |periódico=Canadian Journal of Communication |volume=25 |issue=3 |ano=2000 |acessodata=7 de junho de 2005}}</ref> Caso se trate de uma observação correta, pode-se esperar que a audiência que demanda e consome esta ênfase seja mais receptiva a informações personalizadas e dramáticas de fenômenos sociais.
Um segundo tropo da mídia, talvez relacionado, é o esforço em atribuir responsabilidades individuais a acontecimentos negativos. Os meios de comunicação têm a tendência de iniciar a busca por culpados, caso ocorra um acontecimento que seja de tamanha importância, e acabam não tirando o assunto da agenda de notícias por vários dias. Seguindo a mesma linha, tem-se dito que o conceito de puro acidente já não é mais permitido em um artigo de notícias.<ref>{{citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/magazine/4217024.stm |título=The Blame Game |data=6 de setembro de 2005 |acessodata=23 de agosto de 2007 |publicadopor=BBC News}}</ref>

Um segundo [[tropo]] da [[mídia]], talvez relacionado, é o esforço em atribuir responsabilidades individuais a acontecimentos negativos. Os meios de comunicação têm a tendência de iniciar a busca por culpados, caso ocorra um acontecimento que seja de tamanha importância, e acabam não tirando o assunto da agenda de notícias por vários dias. Seguindo a mesma linha, tem-se dito que o conceito de puro acidente já não é mais permitido em um [[Artigo (jornalismo)|artigo de notícias]].<ref>{{citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/magazine/4217024.stm |título=The Blame Game |data=6 de setembro de 2005 |acessodata=23 de agosto de 2007 |publicadopor=BBC News}}</ref>


=== Paranoia da fusão ===
=== Paranoia da fusão ===

[[Michael Kelly (editor)|Michael Kelly]], um jornalista do ''[[Washington Post]]'' e crítico dos movimentos [[Movimento antiguerra|antiguerra]], tanto de esquerda quanto de direita, cunhou a expressão "paranoia da fusão" para se referir a uma convergência política entre ativistas de esquerda e direita em torno das questões antiguerra e [[liberdades civis]] que, segundo ele, eram motivadas por uma crença compartilhada no conspiracionismo ou em visões [[Antiestatismo|antigovernamentais]].{{carece de fontes|data=outubro de 2013}}
[[Michael Kelly (editor)|Michael Kelly]], um jornalista do ''[[Washington Post]]'' e crítico dos movimentos [[Movimento antiguerra|antiguerra]], tanto de esquerda quanto de direita, cunhou a expressão "paranoia da fusão" para se referir a uma convergência política entre ativistas de esquerda e direita em torno das questões antiguerra e [[liberdades civis]] que, segundo ele, eram motivadas por uma crença compartilhada no conspiracionismo ou em visões [[Antiestatismo|antigovernamentais]].{{carece de fontes|data=outubro de 2013}}


Barkun adotou esse termo para fazer referência ao modo como a síntese de teorias conspiratórias paranoicas, que um dia já foram limitadas apenas ao público marginal norte-americano, forneceu atração para as massas, possibilitando que as teorias se tornassem comuns nos [[Mídia de massa|meios de comunicação]] de massa,<ref>Barkun 2003, p. 230.</ref> inaugurando assim um período inigualável de pessoas se preparando ativamente para cenários [[Apocaliticismo|apocalípticos]] ou [[Milenarismo|milenaristas]] nos Estados Unidos, do fim do século XX e princípios do 21.<ref>Barkun 2003, pp. 207, 210, 211.</ref> Barkun observa a ocorrência de conflitos que envolvem lobos-solitários com a aplicação da lei, que agem como intermediários para ameaçar os poderes políticos estabelecidos.<ref>Barkun 2003, pp. 193, 197.</ref>
Barkun adotou esse termo para fazer referência ao modo como a síntese de teorias conspiratórias paranoicas, que um dia já foram limitadas apenas ao público marginal norte-americano, forneceu atração para as massas, possibilitando que as teorias se tornassem comuns nos [[Mídia de massa|meios de comunicação]] de massa,<ref>Barkun 2003, p. 230.</ref> inaugurando assim um período inigualável de pessoas se preparando ativamente para cenários [[Apocaliticismo|apocalípticos]] ou [[Milenarismo|milenaristas]] nos Estados Unidos, do fim do século XX e princípios do 21.<ref>Barkun 2003, pp. 207, 210, 211.</ref> Barkun observa a ocorrência de conflitos que envolvem lobos-solitários com a aplicação da lei, que agem como intermediários para ameaçar os poderes políticos estabelecidos.<ref>Barkun 2003, pp. 193, 197.</ref>

== Viabilidade das conspirações ==

O [[físico]] [[David Robert Grimes]] estimou o tempo necessário para uma conspiração ser exposta com base no número de pessoas envolvidadas.<ref>{{citar web|url=https://www.pbs.org/newshour/science/math-formula-charts-the-lifespan-of-hoaxes|titulo=How many people does it take to keep a conspiracy alive?|data=15 de fevereiro de 2016|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=[[Public Broadcasting Service|PBS]] {{en}}|ultimo= Barajas|primeiro=Joshua }}</ref> <ref>{{citar web|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4728076/|titulo=On the Viability of Conspiratorial Beliefs|data=26 de janeiro de 2016|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=[[National Center for Biotechnology Information]] {{en}}|ultimo=Robert Grimes|primeiro=David}}</ref> Seus cálculos usaram dados do [[PRISM (programa de vigilância)|programa de vigilância PRISM]], do [[estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee]] e do escândalo forense do [[FBI]]. Grimes estimou que:

* As [[acusações de falsificação nas alunissagens do Programa Apollo]] exigiriam o envolvimento de 411.000 pessoas e seria exposto em 3,68 anos;

* A [[teoria conspiratória sobre o aquecimento global]] exigiria 405.000 pessoas e ficaria exposta dentro de 3,70 anos;
* Uma [[Controvérsias sobre a vacinação|conspiração sobre vacinação]] exigiria um mínimo de 22 mil pessoas (sem empresas [[farmacêutica]]s) e seria exposta em pelo menos 3,15 anos e no máximo 34,78 anos, dependendo do número envolvido;
* Uma conspiração para [[Teoria da conspiração da Big Pharma|suprimir a cura do câncer]] exigiria 714.000 pessoas e seria exposta dentro de 3,17 anos.


== Uso político ==
== Uso político ==
{{quote_box|width=22em|align=right|Teorias da conspiração existem no reino dos mitos, onde as imaginações correm à solta, teme-se fatos de superação e onde as evidências são ignoradas. Como uma superpotência, os Estados Unidos é muitas vezes traçado como um vilão nestes dramas.|America.gov<ref>{{citar web |url=http://www.america.gov/conspiracy_theories.html |título=Conspiracy Theories and Misinformation - America.gov |publicadopor=U.S. Department of State's Bureau of International Information Programs |acessodata=5 de junho de 2010 |deadurl=yes |arquivourl=https://web.archive.org/web/20100604093513/http://www.america.gov/conspiracy_theories.html |arquivodata=2010-06-04 |urlmorta=yes }}</ref>}}
Em seu livro ''[[A Sociedade Aberta e Seus Inimigos]]'', [[Karl Popper]] utiliza o termo "teoria da conspiração" para criticar ideologias que conduzem ao [[historicismo]].<ref>{{citar livro|último =Popper|primeiro =Karl|título=Open Society and Its Enemies, Book II|ano=1945|publicadopor=Routledge and Kegan Paul|local=London|capítulo=14}}</ref> Popper argumenta que o [[totalitarismo]] foi fundado em cima de teorias conspiratórias que recorriam a complôs imaginários conduzidos por cenários paranoicos baseados no tribalismo, chauvinismo ou racismo. Popper não argumenta contra a existência de conspirações cotidianas (como se sugeria incorretamente em muita da literatura posterior). Popper usa até mesmo o termo "conspiração" para descrever atividades políticas ordinárias na [[História de Atenas|Atenas clássica]] de [[Platão]] (que era o alvo principal de seu ataque na obra).


{{Rquote|right|''Teorias da conspiração existem no reino dos mitos, onde as imaginações correm à solta, teme-se fatos de superação e onde as evidências são ignoradas. Como uma ''[[superpotência]],'' os Estados Unidos é muitas vezes traçado como um vilão nestes dramas.''|America.gov <ref>{{citar web |url=http://www.america.gov/conspiracy_theories.html |título=Conspiracy Theories and Misinformation - America.gov |publicadopor=U.S. Department of State's Bureau of International Information Programs |acessodata=5 de junho de 2010 |deadurl=yes |arquivourl=https://web.archive.org/web/20100604093513/http://www.america.gov/conspiracy_theories.html |arquivodata=2010-06-04 |urlmorta=yes}}</ref>}}
Em sua crítica aos totalitários do século XX, Popper escreve: "Não quero dar a entender que as conspirações nunca ocorrem. Ao contrário, são fenômenos sociais típicos."<ref name="dohloo">{{citar web|url=http://lachlan.bluehaze.com.au/books/popper_open_society.html |título=Extracts from "The Open Society and Its Enemies Volume 2: The High Tide of Prophecy: Hegel, Marx and the Aftermath" by Karl Raimund Popper (Originally published 1945) |publicadopor=Lachlan Cranswick, quoting Karl Raimund Popper}}</ref> Reiterou seu ponto: "Conspirações ocorrem, é preciso admitir. Mas, apesar de suas ocorrências, o fato marcante que refutou a teoria da conspiração é que foram poucas as conspirações que tiveram êxito. Os conspiradores raramente consomem sua conspiração."<ref name = "dohloo"/>


Em seu livro ''[[A Sociedade Aberta e Seus Inimigos]]'', [[Karl Popper]] utiliza o termo "teoria da conspiração" para criticar [[ideologia]]s que conduzem ao [[historicismo]].<ref>{{citar livro|último =Popper|primeiro =Karl|título=Open Society and Its Enemies, Book II|ano=1945|publicadopor=Routledge and Kegan Paul|local=London|capítulo=14}}</ref> Popper argumenta que o [[totalitarismo]] foi fundado em cima de teorias conspiratórias que recorriam a complôs imaginários conduzidos por cenários paranoicos baseados no [[tribalismo]], [[chauvinismo]] ou [[racismo]]. Popper não argumenta contra a existência de conspirações cotidianas (como se sugeria incorretamente em muita da literatura posterior). Popper usa até mesmo o termo "conspiração" para descrever atividades políticas ordinárias na [[História de Atenas|Atenas clássica]] de [[Platão]] (que era o alvo principal de seu ataque na obra).
Em um artigo de 2009, os acadêmicos de direito [[Cass Sunstein]] e [[Adrian Vermeule]] consideraram apropriadas as respostas governamentais às teorias conspiratórias:


Em sua crítica aos [[totalitarismo]]s do [[século XX]], Popper escreve: "Não quero dar a entender que as conspirações nunca ocorrem. Ao contrário, são fenômenos sociais típicos."<ref name="dohloo">{{citar web|url=http://lachlan.bluehaze.com.au/books/popper_open_society.html |título=Extracts from "The Open Society and Its Enemies Volume 2: The High Tide of Prophecy: Hegel, Marx and the Aftermath" by Karl Raimund Popper (Originally published 1945) |publicadopor=Lachlan Cranswick, quoting Karl Raimund Popper}}</ref> Reiterou seu ponto: "Conspirações ocorrem, é preciso admitir. Mas, apesar de suas ocorrências, o fato marcante que refutou a teoria da conspiração é que foram poucas as conspirações que tiveram êxito. Os conspiradores raramente consomem sua conspiração."<ref name = "dohloo"/>
{{quote|O que o governo pode fazer em relação às teorias da conspiração? Entre as coisas que podem ser feitas, o que ele deveria fazer? Podemos rapidamente imaginar uma série de possíveis respostas. (1) O governo pode proibir a teorização de conspiração. (2) O governo pode impor algum tipo de imposto, financeiro ou de alguma outra forma, sobre aqueles que disseminam tais teorias. (3) O próprio governo pode se envolver em ''counterspeech'' (se posicionar publicamente contra tais teorias), juntando argumentos para desacreditar as teorias da conspiração. (4) O governo pode formalmente contratar entidades privadas confiáveis para exercerem ''counterspeech''. (5) O governo pode envolver-se em uma comunicação informal com essas entidades, encorajando-as a ajudar. Cada instrumento tem um conjunto distinto de efeitos potenciais ou custos e benefícios, e cada um terá um lugar sob condições imagináveis. No entanto, a nossa principal ideia de política é que o governo deveria se envolver em infiltração cognitiva dos grupos que produzem teorias conspiratórias, que envolve uma mistura de (3), (4) e (5).<ref>{{citar periódico| doi = 10.1111/j.1467-9760.2008.00325.x|título= Conspiracy Theories: Causes and Cures|ano= 2009|último1 = Sunstein |primeiro1 = C. R. |último2 = Vermeule |primeiro2 = A. |periódico= Journal of Political Philosophy| volume = 17| issue = 2|páginas= 202}}</ref>}}

Durante a [[Guerra Fria]], a [[União Soviética]] disseminou teorias conspiratórias para confundir e induzir governos ocidentais ao erro.<ref name="Paula Lepinski">{{citar web|url=https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/medidas-ativas-mentiras-criadas-pela-kgb.phtml|titulo=Kennedy foi morto pela CIA? A Apollo 11 foi uma farsa? Os EUA criaram a AIDS? Conheça as fake news criadas pela KGB|data=5 de abril de 2019|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=[[UOL]]|ultimo=Lepinski|primeiro=Paula}}</ref> Por meio de [[medidas ativas]] (estratégias de [[guerra política]]), a [[KGB]] criou teorias para desacreditar e difamar os [[Estados Unidos]] <ref name="Paula Lepinski"/> e, dentre as quais, destacam-se: a [[operação INFEKTION]] (que lançou sobre os EUA a "culpa" pela "criação" do [[Vírus da imunodeficiência humana|vírus da AIDS]]),<ref>{{citar livro|autor=P. W. Singer & Emerson T. Brooking|título=LikeWar: The Weaponization of Social Media|editora=Houghton Mifflin Harcourt, pág. 104, {{en}}|ano=2018|páginas=|id=ISBN 9781328695758}} Adicionado em 9 de junho de 2019.</ref> a acusação de que o [[Acusações de falsificação nas alunissagens do Programa Apollo|pouso da NASA na Lua em 1969 foi uma farsa]] <ref name="Paula Lepinski"/> e, a teoria de que o [[assassinato de John F. Kennedy]] fora um complô da CIA acusando o [[espião]] [[E. Howard Hunt]] de cumplicidade.<ref>{{citar livro|autor=Christopher Andrew|título=The Sword and the Shield: The Mitrokhin Archive and the Secret History of the KGB|editora=Basic Books|ano=2000|páginas=225-230 {{en}}|id=ISBN 9780465010035}} Adicionado em 4 de agosto de 2019</ref> <ref>{{citar livro|autor=R. C. S. Trahair & Robert L. Miller|título=Encyclopedia of Cold War Espionage, Spies, and Secret Operations|editora=Enigma Books|ano=2013|páginas=188-190 {{en}}|id=ISBN 9781936274253}} Adicionado em 4 de agosto de 2019</ref> Teorias conspiratórias disseminadas pela KGB, foram concebidas de forma tão convincente que, no [[século XXI]], algumas ainda recebem crédito.<ref name="Paula Lepinski"/>

Em um artigo de 2009, os acadêmicos de [[direito]] [[Cass Sunstein]] e [[Adrian Vermeule]] consideraram apropriadas as respostas governamentais às teorias conspiratórias:

{{Citação3|''O que o governo pode fazer em relação às teorias da conspiração? Entre as coisas que podem ser feitas, o que ele deveria fazer? Podemos rapidamente imaginar uma série de possíveis respostas. <br />''(1):'' O governo pode proibir a teorização de conspiração. <br />''(2):'' O governo pode impor algum tipo de imposto, financeiro ou de alguma outra forma, sobre aqueles que disseminam tais teorias. <br />''(3):'' O próprio governo pode se envolver em ''counterspeech'' (se posicionar publicamente contra tais teorias), juntando argumentos para desacreditar as teorias da conspiração. <br />''(4):'' O governo pode formalmente contratar entidades privadas confiáveis para exercerem ''counterspeech''. <br />''(5):'' O governo pode envolver-se em uma comunicação informal com essas entidades, encorajando-as a ajudar. <br />Cada instrumento tem um conjunto distinto de efeitos potenciais ou custos e benefícios, e cada um terá um lugar sob condições imagináveis. No entanto, a nossa principal ideia de política é que o governo deveria se envolver em infiltração cognitiva dos grupos que produzem teorias conspiratórias, que envolve uma mistura de'' (3), (4) ''e'' (5).<ref>{{citar periódico| doi = 10.1111/j.1467-9760.2008.00325.x|título= Conspiracy Theories: Causes and Cures|ano= 2009|último1 = Sunstein |primeiro1 = C. R. |último2 = Vermeule |primeiro2 = A. |periódico= Journal of Political Philosophy| volume = 17| issue = 2|páginas= 202}}</ref>}}

== Conspirações comprovadas ==

{{Principal|Conspiração (política)}}

[[Imagem:ProjectMKULTRA Senate Report.pdf|thumb|240px|direita|Informe do [[Senado dos Estados Unidos]], de 1977, sobre a existência do [[Projeto MKULTRA]] (''ver: <span class="plainlinks">[https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/01/ProjectMKULTRA_Senate_Report.pdf (informe completo)].''</span>]]

* A [[Okhrana]] ([[polícia secreta]] do [[Império Russo]]) promoveu o [[antissemitismo]] apresentando ''[[Os Protocolos dos Sábios de Sião]]'' como textos autênticos.<ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20060613200335/http://www.hoover.org/hila/judaica3.htm|título=Jews and Politics in the Twentieth Century: From the Bund to the Rise of the Nazis |autor=|data=|publicado=[[Web Archive]] {{en}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref>

* O assassinato de [[Leon Trotski]] no [[México]] por [[Ramón Mercader]], um agente espanhol da [[NKVD]] soviética.<ref>{{citar web|url=https://www.revistadelibros.com/articulo_imprimible.php?art=4649&t=articulos|titulo=La revolución permanente: Trotski y el trotskismo|data=maio de 2010|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=[[Revista de Libros]] {{es}}|ultimo=G. Payne|primeiro=Stanley}}</ref>

* [[ODESSA]] (do [[Língua alemã|alemão]]): ''Organisation der ehemaligen SS-Angehörigen'' - "Organização de antigos membros da SS") foi uma suposta rede de colaboração secreta desenvolvida por grupos [[nazista]]s para ajudar os membros da [[SS]] a escapar da [[Alemanha]] para outros países onde eles estavam seguros, particularmente para a [[América Latina]] (''ver: [[Ratlines]]''). A organização foi usada pelo [[romancista]] [[Frederick Forsyth]] em seu trabalho de [[1972]], ''[[The Odessa File]]'', baseado em eventos reais, que lhe deram um grande impacto na [[mídia]]. Por outro lado, o maior investigador, perseguidor e responsável por informar sobre a existência e missão dessa organização foi [[Simon Wiesenthal]], um judeu austríaco [[Lista de judeus sobreviventes do Holocausto|sobrevivente do Holocausto]], que se dedicou a localizar ex-nazistas para levá-los a julgamento. A historiadora [[Gitta Sereny]] escreveu em seu livro ''Into That Darkness'' (1974), baseado em entrevistas com o ex-comandante do [[campo de extermínio]] de [[Treblinka]], [[Franz Stangl]], que a ODESSA nunca existiu. Ela escreveu: “Promotores da Autoridade Central de Ludwigsburg para a investigação de crimes nazistas, que sabiam exatamente como as vidas de certos indivíduos atualmente na América do Sul foram financiados no período do [[pós-guerra]], procuraram milhares de documentos do começo ao fim, mas eles afirmam que são totalmente incapazes de autenticar a existência de 'Odessa'. Não é que isso importe: certamente havia vários tipos de organizações apoiando os nazistas depois da guerra - teria sido surpreendente se não houvesse ocorrido.<ref>{{citar livro|último1 = Sereny|primeiro1 = Gitta|authorlink1 = |último2 = |primeiro2 = |título= Into that darkness: from mercy killing to mass murder|url = https://books.google.com.br/books?id=VexmAAAAMAAJ&dq=Gitta%20Sereny%2C%20Into%20That%20Darkness%20(Pimlico%201974)%2C&hl=pt-BR&source=gbs_book_other_versions|data=1974|publicado= Deutsch {{en}}|local= |isbn = |oclc = }} Adicionado em 4 de agosto de 2019.</ref>

* [[Projeto MKULTRA]] - às vezes também conhecido como programa de [[controle mental]] da [[CIA]] - foi o [[codinome]] dado a um programa secreto e ilegal projetado e executado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) para experiêcias em seres humanos. Esses ensaios em humanos tinham a intenção de identificar e desenvolver novas substâncias e procedimentos para uso em interrogatórios e [[tortura]], a fim de enfraquecer o indivíduo e forçá-lo a confessar a partir de técnicas de controle mental. Foi organizado pela Divisão de Inteligência Científica da CIA em coordenação com o Corpo Químico da Diretoria de Operações Especiais do [[Exército dos Estados Unidos]].<ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20151011213925/http://nsarchive.gwu.edu/radiation/dir/mstreet/commeet/meet4/trnsct04.txt|título=Advisory on Human Radiation Experiments|autor=[[Agência de Segurança Nacional|Nsa]]|data=5 de julho de 1954|publicado=Web Archive {{en}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref>

* A CIA esteve [[Tráfico de drogas pela CIA|envolvida em várias operações de tráfico]] de [[droga]]s. Alguns desses relatórios afirmam que as evidências do Congresso indicam que a CIA trabalhou com grupos que eram conhecidos por estarem envolvidos no [[tráfico de drogas]], de modo que esses grupos receberam informações de apoio úteis e materiais, em troca de permissão para suas atividades criminosas continuarem,<ref>{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=jAzNQGZ0AV4C&pg=RA2-PA206&dq=cia+drug+trafficking&ei=14GFS8jwFZ6KlQS-29XZBA&cd=9&redir_esc=y#v=onepage&q=cia%20drug%20trafficking&f=false|titulo=Drugs and Democracy in Latin America: The Impact of U.S. Policy|data=2005|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=[[Google Livros]] {{en}}|ultimo=Coletta Youngers & Eileen Rosin|primeiro=}}</ref> e de dificultar ou impedir prisões, acusações e aprisionamentos por parte das agências policiais dos EUA.<ref>{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=tftW9A5cUNsC&pg=PA433&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|titulo=Drugging America: A Trojan Horse, 2nd Ed.|data=2005|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=[[Google Livros]] {{en}}|ultimo=Stich|primeiro=Rodney}}</ref>

* Na [[década de 1980]], o governo dos EUA estava envolvido em uma [[conspiração (política)|conspiração]] para derrubar o governo legitimamente constituído da [[Nicarágua]], através do financiamento, através da venda de armas para o [[Irã]] e drogas nas ruas dos [[Estados Unidos]], de uma [[guerrilha]] [[contrarrevolucionária]]. Esses fatos, conhecidos como "[[caso Irã-Contras]]" ou "Irangate", "envolveu vários membros do governo [[Ronald Reagan]], incluindo o próprio presidente, e foram até mesmo levados a julgamento, comprovando sua veracidade.

* A rede [[ECHELON]].

== Controvérsias ==

Além das [[controvérsia]]s sobre os [[mérito]]s de determinadas afirmações conspiratórias e das várias opiniões acadêmicas divergentes, a categoria geral da teoria da conspiração é em si um assunto controverso.

O termo "teoria da conspiração" é considerado por diferentes observadores como uma descrição neutra de uma afirmação de conspiração, um termo pejorativo usado para descartar tal afirmação sem um exame mais aprofundado,<ref name="Stephen Gowans">{{citar web|url=http://www3.sympatico.ca/sr.gowans/selective.html|titulo=What's Left. When's a conspiracy theory not a conspiracy theory? When it's your own|data=|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=Simpatico.ca {{en}}|ultimo=Gowans|primeiro=Stephen}}</ref> e um termo que pode ser aceito positivamente pelos proponentes de tal afirmação.

Alguns usam o termo para argumentos que podem não acreditar completamente, mas que consideram radicais e empolgantes. O significado do termo mais amplamente aceito é o que é compartilhado no uso na cultura popular e acadêmica, o que, na verdade, tem implicações negativas para o provável valor de verdade de um relato.

Dado esse entendimento popular do termo, é concebível que ele possa ser usado ilegitima e inadequadamente como um meio de descartar o que de fato são acusações substanciais e bem evidenciadas. A legitimidade de cada uso será, portanto, controversa. Observadores altruístas irão comparar as características de uma alegação com as da categoria mencionada acima, a fim de determinar se um determinado uso é legítimo ou prejudicial. A esse respeito, [[Michael Parenti]] usou o termo [[conspirafobia]] (''conspiracy phobia'').<ref>{{citar web|URL=http://www.michaelparenti.org/DirtyTruths.html|título=Dirty Truths|autor=Parenti, Michael|data=|publicado=Michaelparenti.org {{en}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref> Esse autor, também, num de seus artigos, chama a [[CIA]] de "uma conspiração institucionalizada".<ref>«At the same time, the CIA is an institution, a structural part of the national security state. In sum the agency is an institutionalized conspiracy». <br />Parenti, Michael (1996): <span class="plainlinks">[https://books.google.es/books?id=XGBrLo4WbJ8C&pg=PA172&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false Dirty Truths. «The JFK Assassination II: Conspiracy Phobia on the Left»]</span>, pág. 186, {{en}}. Consultado em 4 de agosto de 2019.</ref>

Certos proponentes de alegações de conspiração e seus defensores argumentam que o termo é completamente ilegítimo e que deve ser considerado de forma precisa como politicamente manipulador como a [[Abuso político da psiquiatria na União Soviética|prática soviética de tratar os dissidentes políticos como doentes mentais]].<ref>{{citar web|url=https://memresearch.janus-book.com/econ/pathologizing.htm|titulo=Pathologizing Protest. An Exploration of "Conspiracy Phobia"|data=|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=Memresearch {{en}}|ultimo=Baker|primeiro=Carolyn}}</ref> Os críticos dessa visão afirmam que o argumento tem pouco peso e que a declaração em si serve para expor a [[paranoia]] comum entre os teóricos da conspiração. Por outro lado, [[Daniel Pipes]], um dos que usa o termo com frequência,<ref>{{citar web|URL=http://es.danielpipes.org/art/cat/4|título= Teorías Conspiratorias|autor=Pipes, Daniel|data=|publicado=danielpipes.org {{es}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref> até reconhece que alguns relatos foram feitos a pedido da CIA.<ref>{{citar web|URL=http://es.danielpipes.org/3417/las-vinetas-danesas-y-yo|título=Las viñetas danesas y yo|autor=Pipes, Daniel|data=21 de fevereiro de 2006|publicado=danielpipes.org {{es}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref> Além disso, os críticos da conspiração frequentemente mencionam apenas as mais ridículas teorias conspiratórias sem mencionar conspirações que são historicamente comprovadas.

Alguns teóricos, como <span class="plainlinks">[https://web.archive.org/web/20081201020454/http://www.otago.ac.nz/philosophy/Staff/charles_pigden.html Charles Pigden]</span>, argumentam que a realidade de tais conspirações historicamente comprovadas deveria nos impedir contra qualquer rejeição apressada das teorias da conspiração. Pigden, em seu artigo ''Conspiracy Theories and the Conventional Wisdom'' <ref>{{citar web|URL=http://muse.jhu.edu/article/228150|título= Conspiracy Theories and the Conventional Wisdom|autor=R. Pigden, Charles|data=2007|publicado=Project MUSE {{en}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref> ("Teorias da Conspiração e Sabedoria Convencional") argumenta que não apenas conspirações ocorrem, mas qualquer membro educado da sociedade acredita em pelo menos uma delas; Portanto, somos todos, na verdade, teóricos da conspiração, reconheçamos ou não.

Em qualquer caso, vale a pena considerar que o mesmo termo "conspiração" é bem antes do termo "teoria da conspiração", e é muito bem caracterizado em [[História]], [[Direito Penal]], leis penais e [[sentença|sentença]]s dos tribunais. Isso ilustra o fato de que a conspiração é e tem sido um comportamento humano muito real e muito frequente, enquanto a legitimidade do conceito muito recente de "teoria da conspiração" permanece aberta ao debate.

O conceito de "conspiração" é bem caracterizado em Direito Penal, além do fato de que muitas pessoas foram [[Sanção penal|punidas]] pelos tribunais por esse motivo. O atual [[Código Penal da Espanha]], de [[1995]], em seu artigo 17.1 diz: "A [[conspiração (crime)]] existe quando duas ou mais pessoas são reunidas para a execução de um [[crime]] e resolvem executá-lo."<ref>{{citar web|URL=https://www.boe.es/buscar/pdf/1995/BOE-A-1995-25444-consolidado.pdf|título=Ley Orgánica 10/1995, de 23 de noviembre, del Código Penal|autor=|data=23 de novembro de 1995|publicado=Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado {{es}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref> Os códigos penais espanhóis anteriores também definiam e puniam o crime de conspiração.<ref>{{citar web|URL=https://www.boe.es/buscar/doc.php?id=BOE-A-1963-7722|título=Decreto 691/1963, de 28 de marzo, por el que se aprueba el «Texto revisado de 1963» del Código Penal|autor=|data=8 de abril de 1963|publicado=Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado {{es}}|acessodata=4 de agosto de 2019}}</ref> A conspiração também é punida na legislação criminal de outros países.

O termo "teoria da conspiração" é em si o objeto de um tipo de teoria conspiratória que argumenta que aqueles que usam o termo estão manipulando o público para dispensar o assunto em discussão, seja em uma tentativa deliberada de esconder a verdade ou como um embuste para conspiradores mais vagarosos. [carece de fontes?]

Quando as teorias conspiratórias são oferecidas como afirmações oficiais (por exemplo, vindas de uma autoridade governamental, como uma agência de inteligência), elas geralmente não são consideradas teorias da conspiração. Por exemplo, certas atividades do [[Comitê de Atividades Antiamericanas]] da [[Câmara dos Representantes dos Estados Unidos]] podem ser consideradas como uma tentativa oficial de promover uma teoria conspiratória, embora suas afirmações raramente sejam referidas como tal. Foi dito: "Quando uma teoria da conspiração não é uma teoria da conspiração? Quando é sua própria teoria."<ref name="Stephen Gowans"/> Tem sido apontado que muitas vezes as versões oficiais também são teorias conspiratórias <ref>{{citar web|url=https://www.voltairenet.org/article157049.html|titulo=Diferencias entre «Teorías Conspirativas» compulsivas y científicas en el 11-9|data=15 de maio de 2008|acessodata=4 de agosto de 2019|publicado=VoltaireNet {{en}}|ultimo=Fetzer|primeiro=James}}</ref> embora não sejam reconhecidas como tal. Para este fim, foi cunhada a expressão "teoria da conspiração oficial".

Mais dificuldades surgem da ambiguidade do termo teoria. No uso popular, este termo é frequentemente usado para se referir a especulações infundadas ou fracamente baseadas, o que leva à ideia de que "não é uma teoria da conspiração se é de fato verdadeira".

Por outro lado, o uso do conceito de "teoria da conspiração" é uma preocupação exclusiva ou preponderante para "falsos positivos" (acreditando em uma conspiração que não existe) sem prestar atenção à possibilidade de um "falso negativo" (negar uma conspiração real). Aqueles que lidam com o fenômeno da conspiração não se preocupam se essas teorias são corretas às vezes ou não.

== Ver também ==


==Ver também ==
* ''[[Conspiracy Theory with Jesse Ventura]]'', telessérie
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* [[Lista de teorias de conspiração]]
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* [[Pseudo-história]]
* [[Pseudo-história]]


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== Leitura complementar ==
== Leitura complementar ==

* {{citar livro|autor =Barkun, Michael|ano=2003|título=A Culture of Conspiracy: Apocalyptic Visions in Contemporary America|local=Berkeley|publicadopor=University of California Press|isbn=0-520-23805-2}}
* {{citar livro|autor =Barkun, Michael|ano=2003|título=A Culture of Conspiracy: Apocalyptic Visions in Contemporary America|local=Berkeley|publicadopor=University of California Press|isbn=0-520-23805-2}}
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== Ligações externas ==
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Revisão das 17h15min de 4 de agosto de 2019

 Nota: Para o filme de 1997, veja Teoria da Conspiração (filme). Para a série de televisão de 2019, veja Teorias da Conspiração (série de televisão).
O Olho da Providência, ou o olho que tudo vê de Deus, exibido na nota de um dólar americano, tem sido usado por algumas pessoas como evidência de uma conspiração envolvendo os fundadores dos Estados Unidos.

Teoria da conspiração, também chamada de teoria conspiratória ou conspiracionismo, é uma hipótese explicativa ou especulativa que sugere que há duas ou mais pessoas ou até mesmo uma organização que têm “tramado” para causar ou acobertar, por meio de planejamento secreto e de ação deliberada, uma situação ou evento tipicamente considerado ilegal ou prejudicial.

Desde meados dos anos 1960, o termo se refere a explicações que mencionam conspirações sem fundamento, muitas vezes produzindo suposições que contrariam a compreensão predominante dos eventos históricos ou de simples fatos.[1] [2][3][4]

Uma característica comum das teorias conspiratórias é que elas evoluem para incluir provas contra si próprias, de modo que se tornem infalseáveis e, como afirma Michael Barkun, "uma questão de em vez de prova".[5][6] O termo "teoria da conspiração" adquiriu, portanto, um significado depreciativo e é muitas vezes usado para rejeitar ou ridicularizar crenças impopulares.[1]

Uso do termo

Os indivíduos formulam teorias conspiratórias para explicar, por exemplo, as relações de poder em grupos sociais e a existência percebida de forças malignas.[7][8][9][10] Teorias da conspiração têm origens principalmente psicológicas ou sócio-políticas.[carece de fontes?] As origens psicológicas propostas incluem projeção; a necessidade pessoal de tentar explicar "um evento significante [com] uma causa significante"; e o resultado de vários tipos e estágios de transtornos de pensamento (disposição paranoica, por exemplo), que vão desde as doenças mentais graves até as diagnosticáveis. Algumas pessoas preferem explicações sócio-políticas para não se sentirem inseguras ao se depararem com situações aleatórias, imprevisíveis ou, de outra forma, inexplicáveis.[11][12][13][14][15][16] A crença em teorias da conspiração pode ser racional, de acordo com alguns filósofos.[17][18][necessário verificar]

História

O Dicionário de Inglês Oxford define teoria da conspiração como "a teoria de que um evento ou fenômeno ocorre como resultado de uma conspiração entre as partes interessadas; spec. uma crença de que alguma agência secreta, porém influente — tipicamente motivada por questões políticas e opressiva em seus propósitos —, é responsável por um evento inexplicável", e cita um artigo de 1909 publicado na revista A Revisão Histórica da América como o exemplo de uso mais antigo.[19][20] Atualmente, as teorias conspiratórias estão amplamente presentes na Web na forma de blogs e vídeos de YouTube.

Significado pejorativo

De acordo com a obra Twentieth century words ("Palavras do Século 20"), de John Ayto,[1] o termo "teoria da conspiração" era originalmente neutro e somente adquiriu uma conotação pejorativa em meados dos anos 1960, insinuando que o defensor da teoria possuísse uma tendência paranoica de achar que os eventos são influenciados por alguma agência secreta, maliciosa e poderosa.[21] Em seu livro Teoria da Conspiração na América, publicado em 2013, o professor da Universidade do Estado da Flórida, Lance DeHaven-Smith, afirma que a expressão foi inventada na década de 1960 pela CIA para desacreditar as teorias conspiratórias sobre o assassinato do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy.[22][23] No entanto, segundo Robert Blaskiewicz, professor assistente de pensamento crítico da Universidade de Stockton e ativista cético, tais informações já existiam "desde pelo menos 1997", mas por terem sido recentemente promovidas por DeHaven Smith, "os teóricos conspiracionistas passaram a citar seu trabalho como uma autoridade." Blaskiewicz pesquisou o uso do termo "teoria da conspiração" e descobriu que ele sempre teve um significado depreciativo, que era usado para descrever "hipóteses extremas" e especulações implausíveis, já desde os anos 1870. [24]

Em resposta à reação acalorada sobre seu uso da expressão "teorias da conspiração" ao descrever especulações extremas a respeito do massacre de Jonestown — como as alegações de que a CIA estaria conduzindo "experimentos de controle mental" —, a professora da Universidade Estadual de San Diego, Rebecca Moore, disse: "Eles estavam com raiva porque eu havia chamado sua versão da verdade de teoria conspiratória ... Em muitos aspectos, eles têm o direito de estar com raiva. O termo "teoria da conspiração" não é neutro. Ele é carregado de valores e leva consigo a condenação, a ridicularização e a rejeição. É bastante parecido com a palavra "culto" que utilizamos para descrever as religiões das quais não gostamos."[25] Alternativamente, Moore descreve teorias da conspiração como "conhecimento estigmatizado" ou "conhecimento suprimido", que é baseado em uma "forte crença de que indivíduos poderosos estão limitando ou controlando o livre fluxo de informações para fins terríveis." [25] [26]

Como cultura popular

Existem aqueles que argumentam que Elvis Presley forjou sua própria morte e que ele foi visto após o dia de sua morte, ocorrida em 16 de Agosto 1977, em vários lugares (ver: Teorias de conspiração sobre Elvis Presley).

Clare Birchall, do King's College de Londres, descreve teoria da conspiração como sendo uma "forma de interpretação ou conhecimento popular." [27] Ao adquirir o título de "conhecimento", ela passa a ficar junto de outros meios "legítimos" de conhecimento. [28] A relação entre conhecimento legítimo e ilegítimo, afirma Birchall, está muito mais próxima do que as rejeições comuns das teorias conspiratórias querem nos fazer acreditar.[29] Outros conhecimentos populares incluem contos de abdução alienígena, fofocas, algumas filosofias da nova era, crenças religiosas e astrologia.

Escreveu Harry G. West: "Na Internet, os teóricos de conspirações são frequentemente desprezados como um grupo 'marginal', apesar de existirem indícios de que uma grande parcela dos norte-americanos atualmente — que costumam discutir sobre etnia, gênero, educação, ocupação e outras diferenças — dão credibilidade a certas teorias conspiratórias." West analisa essas teorias como uma parte da cultura popular americana, comparando-as com o ultranacionalismo e o fundamentalismo religioso.[30]

Exemplos

Ver artigo principal: Lista de teorias de conspiração

Existem várias teorias conspiratórias não comprovadas de diferentes graus de popularidade que estão frequentemente relacionadas a, mas não se limitando a, planos governamentais clandestinos, elaborados tramas de assassinato, supressão de tecnologia e de conhecimentos secretos e outros supostos esquemas por trás de certos acontecimentos políticos, culturais ou históricos. Algumas têm sido tratadas com censura e com severas críticas por parte da lei, tal como a negação do Holocausto (ver: Críticas ao negacionismo do Holocausto). Elas costumam ir contra um consenso, ou não podem ser comprovadas pelo método histórico e, tipicamente, não são consideradas semelhantes às conspirações autênticas, como a pretensão da Alemanha de invadir a Polônia na Segunda Guerra Mundial.

Atualmente, as teorias da conspiração estão bastante presentes na Web sob a forma de blogs e vídeos de YouTube, bem como nas mídias sociais. Se a Web aumentou ou não a prevalência dessas teorias, esta é uma questão que ainda precisa ser pesquisada.[31] Estudou-se a presença e representação de teorias conspiratórias nos resultados de sistemas de busca, mostrando uma variação significativa em diferentes tópicos e uma ausência geral de links bem conceituados e de alta qualidade nos resultados.[32]

Marxismo cultural

Ver artigo principal: Marxismo cultural

O marxismo cultural, que teria sido difundido pela Escola de Frankfurt,[33] seria uma estratégia usada pela esquerda mundial para destruir o cristianismo [34] e a civilização ocidental.[35] O pensamento do húngaro György Lukács e do italiano Antonio Gramsci é apontado como estando na origem do marxismo cultural.[36]

Nova Ordem Mundial

Ver também : Clube de Bilderberg

A Nova Ordem Mundial é uma teoria da conspiração que afirma a existência de um suposto plano projetado para impor um governo único - coletivista, burocrático e controlado por setores elitistas e plutocráticos, etc - em nível mundial. A teoria defende que tanto os eventos que são percebidos como significativos como os grupos que os provocam estariam sob controle de um grupo poderoso, - um grupo pequeno, sigiloso e com grande poder - com objetivos maléficos para a maioria da população (ver: Pedras Guias da Geórgia).

Essa teoria conspiratória afirma que um pequeno grupo internacional de elites controla e manipula os governos, a indústria e os meios de comunicação em todo o mundo. A principal ferramenta que eles usam para dominar as nações são as sociedades secretas e o sistema de banco central.

Conspiração x teoria da conspiração

Katherine K. Young escreve que "toda conspiração verdadeira teve pelo menos quatro elementos característicos: grupos — não indivíduos isolados; objetivos ilegais ou sinistros — não aqueles que poderiam beneficiar a sociedade como um todo; atos orquestrados — não uma série de ações espontâneas e casuais; e planejamento secreto — não uma discussão pública".[37]

As teorias envolvendo vários conspiradores que se comprovaram verdadeiras, como aquela que envolveu o ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon e seus assessores, a qual visava acobertar o escândalo de Watergate,[38] são geralmente referidas como "jornalismo investigativo" ou "análise histórica" em vez de teoria conspiratória.[carece de fontes?]

Contraste com conspiração criminosa

Em direito penal, uma conspiração é um acordo entre duas ou mais pessoas que visa cometer um crime em algum momento no futuro.[39] Conforme define um texto básico da academia de polícia dos Estados Unidos, "Quando um crime requer um grande número de pessoas, está formada uma conspiração."[40] O professor de ciência política e sociologia, John George, da Universidade Central de Oklahoma, observa que, ao contrário das teorias conspiratórias propagadas por extremistas, as conspirações executadas dentro do sistema jurídico criminal exigem um alto nível de evidência, são geralmente de pequena escala e envolvem "um único evento ou questão".[41]

Distinção da análise institucional

Noam Chomsky trata a teoria da conspiração como sendo mais ou menos o oposto da análise institucional, a qual se concentra principalmente no público, no comportamento de longo prazo das instituições de conhecimento público, como registrado, por exemplo, em documentos acadêmicos ou relatórios da grande mídia. A teoria conspiratória examina as ações de alianças secretas envolvendo indivíduos.[42][43]

Psicologia

A crença generalizada em teorias da conspiração se tornou um tema de interesse para sociólogos, psicólogos e especialistas em folclore desde pelo menos a década de 1960, quando uma série de teorias conspiratórias surgiram em torno do assassinato do presidente dos EUA, John F. Kennedy. O sociólogo Türkay Salim Nefes destaca a natureza política dessas teorias. Ele sugere que uma das características mais importantes destas explicações é sua tentativa de desvendar as relações de poder "reais, porém ocultas," em grupos sociais.[9][10]

Para explicar forças malignas

O cientista político Michael Barkun, ao discutir o uso de "teoria da conspiração" na cultura norte-americana contemporânea, sustenta que este termo é usado para uma crença que explica um evento como sendo o resultado de um plano secreto de conspiradores excepcionalmente poderosos e astutos que visam atingir um fim malévolo.[7][8] De acordo com Barkun, o apelo do conspiracionismo se dá em três formas:

  • "Em primeiro lugar, as teorias da conspiração alegam explicar o que a análise institucional não pode. Elas parecem fazer sentido fora de um mundo que é, de outra maneira, confuso.
  • Segundo, elas fazem isso de uma forma atrativamente simples, dividindo categoricamente o mundo entre as forças do bem e as forças do mal. Elas descobrem a origem de todo o mal através de uma única fonte, os conspiradores e seus agentes.
  • Terceiro, as teorias conspiratórias são frequentemente apresentadas como especiais, de conhecimento secreto desconhecido ou não apreciado por outras pessoas. Para seus teóricos, as massas não passam de rebanho que sofreu lavagem cerebral, enquanto que eles, possuidores do saber, podem se parabenizar por terem descoberto as enganações dos conspiradores."[8]

Tipos

As cinco formas de Walker

Em 2013, o editor da revista Reason, Jesse Walker, desenvolveu uma tipologia histórica de cinco tipos básicos de teorias conspiratórias:

  • O "Inimigo Externo" baseia-se em figuras diabólicas e se mobiliza fora da comunidade tramando contra ela.
  • O "Inimigo Interno" compreende os conspiradores escondidos dentro do país, indistinguíveis dos cidadãos comuns.
  • O "Inimigo de Cima" envolve pessoas poderosas que manipulam o sistema para seus próprios benefícios.
  • O "Inimigo de Baixo" apresenta as classes mais baixas preparadas para romperem as suas limitações e subverter a ordem social.
  • As "Conspirações Benevolentes" são forças angelicais que trabalham nos bastidores para melhorar o mundo e ajudar as pessoas.[44]

Os três tipos de Barkun

Desenho conspiracionista antissemita e antimaçom, representando a França católica sendo conduzida por judeus e maçons.[45]

Barkun (discutido acima) classificou, em ordem crescente de largura, os tipos de teorias da conspiração, como se segue:

  • Teorias conspiratórias de eventos. A conspiração é considerada responsável por um ou um conjunto de eventos limitados discretos. Alega-se que as forças conspiratórias têm focado suas energias em um objetivo limitado e bem definido. O exemplo mais conhecido no passado recente são as teorias sobre uma conspiração que supostamente causou o assassinato de Kennedy, como refletidas em sua literatura. Materiais semelhantes têm sido desenvolvidos discutindo as conspirações como sendo a causa para os ataques de 11 de setembro, a queda do voo 800 da TWA e a disseminação de Aids na comunidade negra [7] (ver: Operação INFEKTION)
  • Teorias conspiratórias sistemáticas. Acredita-se que a conspiração possua grandes objetivos, normalmente concebidos para garantir o controle de um país, uma região ou até mesmo do mundo. Enquanto os objetivos se movem, a máquina conspiratória é geralmente simples: uma única organização do mal implementa um plano para se infiltrar e subverter as instituições existentes. Este é um cenário comum em teorias da conspiração que se focam nos supostos tramas envolvendo maçons, a Igreja Católica, ou judeus-maçons-comunistas assim como as teorias centradas no comunismo (perigo vermelho) ou no capitalismo internacional.[7]
  • Super teorias conspiratórias. São as construções conspiratórias nas quais se acredita que múltiplas conspirações estejam interligadas de forma hierárquica. As sistemáticas e as de eventos estão unidas de maneiras complexas, de modo que as conspirações estejam encaixadas uma na outra. No topo da hierarquia situa-se uma força distante, porém poderosa, que manipula fatores conspiratórios menores. As super teorias da conspiração tiveram um particular crescimento desde os anos 1980, o que se reflete no trabalho de autores como David Icke e Milton William Cooper.[7]

Rothbard: superficial vs profundo

Caracterizado por Robert W. Welch, Jr. como "um dos poucos grandes estudiosos que endossa abertamente a teoria da conspiração", o economista Murray Rothbard fez uma defesa das teorias conspiratórias "profundas" versus as "superficiais". Segundo Rothbard, um teórico "superficial" observa um evento questionável ou potencialmente obscuro e pergunta cui bono? ("Quem se beneficia?"), chegando à conclusão de que um evidente beneficiário é de fato responsável por eventos secretamente influenciáveis. Por outro lado, o teórico conspiracionista "profundo" começa com um palpite suspeito, mas vai mais longe em busca de evidências respeitáveis e verificáveis. Rothbard descreveu a sabedoria de um teórico profundo como se estivesse "essencialmente confirmando sua paranoia precoce através de uma análise factual mais profunda".[46][47]

Conspiracionismo como visão de mundo

O trabalho acadêmico sobre teorias da conspiração e conspiracionismo (a visão de mundo que coloca as teorias conspiratórias no centro do desenrolar da história) apresenta uma série de hipóteses como base para o estudo do gênero. De acordo com Berlet e Lyons, "Conspiracionismo é uma forma de narrativa particular de culpabilização que enquadra inimigos demonizados como sendo parte de uma vasta conspiração traiçoeira contra o bem comum, ao mesmo tempo que valoriza o bode expiatório como um herói por ter soado o alarme."[48]

O historiador Richard Hofstadter abordou o papel da paranoia e do conspiracionismo ao longo da história americana em seu ensaio O Estilo Paranoico na Política Americana, publicado em 1964. O clássico As Origens Ideológicas da Revolução Americana (1967), de Bernard Bailyn, observa que um fenômeno semelhante pode ser encontrado nos EUA, durante o tempo que antecede a Revolução Americana. O conspiracionismo classifica as atitudes das pessoas, bem como o tipo de teorias conspiratórias que são mais gerais e históricas em proporção.[49]

O termo "conspiracionismo" foi ainda mais popularizado pelo acadêmico Frank P. Mintz na década de 1980. Segundo Mintz, o conspiracionismo designa "a crença na primazia de conspirações no decorrer da história":[50]

Ao longo da história humana, líderes políticos e econômicos têm sido verdadeiramente a causa de enormes quantidades de morte e miséria e, algumas vezes, se envolviam em conspirações, ao mesmo tempo em que promoviam teorias conspiratórias sobre seus alvos. Hitler e Stalin são os exemplos mais proeminentes do século XX ao alegarem que suas vítimas conspiravam contra o Estado; existiram inúmeros outros.[52] Em alguns casos, houve alegações descartadas como se fossem teorias da conspiração e que, mais tarde, se provaram ser verdadeiras.[53][54] A ideia de que a própria história seja controlada por grandes conspirações de longa data é rejeitada pelo historiador Bruce Cumings:

Justin Fox, da Revista Time, dá uma justificativa pragmática de conspiracionismo. Ele diz que os comerciantes de Wall Street estão entre o grupo de pessoas que mais possui espírito conspiracionista e atribui isso à realidade de algumas conspirações do mercado financeiro e à capacidade que as teorias da conspiração possuem de fornecer a orientação necessária nos movimentos do dia-a-dia do mercado. A maioria dos bons repórteres investigativos são também teóricos da conspiração, segundo Fox; e algumas das teorias deles se provaram ser ao menos parcialmente verdadeiras.[11]

Estados Unidos

Uma das teorias da conspiração mais divulgadas afirma que os ataques de 11 de setembro de 2001 foram facilitados pela administração de George W. Bush, com a finalidade de dar aos Estados Unidos um pretexto para iniciar as guerras contra Afeganistão e Iraque, promover restrições aos direitos civis no país (Ato Patriota) e, iniciar ações de espionagem em larga escala (ver: Teorias conspiratórias sobre os ataques de 11 de setembro de 2001 e 9/11 Truth Movement).

"Alguns historiadores lançaram a ideia de que, mais recentemente, os Estados Unidos se tornou o lar das teorias conspiratórias, porque muitas conspirações proeminentes de alto nível têm sido empreendidas e descobertas desde a década de 1960."[38] A existência de tais conspirações verdadeiras ajuda a alimentar a crença em teorias da conspiração.[56][57][58]

Oriente Médio

As teorias da conspiração são uma característica marcante da cultura e política árabe. Prof. Matthew Gray escreve que elas "são um fenômeno comum e popular." "O conspiracionismo é um fenômeno importante para a compreensão da política do Oriente Médio árabe ..."[59] Variantes incluem conspirações que envolvem colonialismo, sionismo, superpotências, petróleo e a Guerra ao Terrorismo, a qual pode ser referida como uma guerra contra o Islã.[59] Roger Cohen teoriza que a popularidade das teorias conspiratórias no mundo árabe é "o último refúgio dos mais fracos",[16] e Al-Mumin Disse observou o perigo que tais teorias "não apenas nos impede de chegar à verdade, como também de confrontar nossos erros e problemas ... "[60]

Prevalência

Alguns estudiosos argumentam que as teorias da conspiração, que eram limitadas a públicos marginais, se tornaram comuns nos meios de comunicação de massa, contribuindo para que o conspiracionismo emergisse como um fenômeno cultural nos Estados Unidos, entre o final do século XX e início do 21.[7][61][62][63] Segundo os antropólogos Todd Sanders e Harry G. West, evidências sugerem que um amplo setor [vago] dos estadunidenses hoje dá credibilidade a algumas teorias conspiratórias.[64] A crença nessas teorias tornou-se, assim, um tema de interesse para sociólogos, psicólogos e especialistas em folclore.

Origens psicológicas

De acordo com alguns psicólogos, uma pessoa que crê em uma teoria da conspiração tende a acreditar em outras.[12]

Outros psicólogos acreditam que a busca pelo sentido da vida é comum no conspiracionismo e para o desenvolvimento de teorias conspiratórias e pode ser, por si só, poderoso o suficiente para levar à primeira formulação da ideia. Uma vez conhecidos, o viés de confirmação e a fuga de dissonância cognitiva podem reforçar a crença. Em um contexto onde uma teoria da conspiração se tornou popular dentro de um grupo social, o reforço comunal pode igualmente desempenhar um papel. Algumas investigações feitas na Universidade de Kent (Reino Unido) sugerem que as pessoas podem ser influenciadas por teorias da conspiração sem estarem cientes de que suas atitudes mudaram. Após lerem teorias conspiratórias populares a respeito da morte de Diana, Princesa de Gales, os participantes deste estudo estimaram corretamente o quanto as atitudes de seus pares se alteraram, porém, subestimaram significativamente o quanto suas próprias atitudes haviam mudado para ficarem mais a favor das teorias. Os autores concluem que as teorias conspiratórias podem, assim, possuir um "poder oculto" para influenciar as crenças das pessoas.[13]

Um estudo publicado em 2012 também constatou que teóricos de conspiração acreditam frequentemente em múltiplas conspirações, mesmo quando uma contradiz a outra.[65] Por exemplo, pessoas que acreditam que Osama Bin Laden foi capturado vivo pelos americanos também estão propensas a acreditar que, na realidade, Bin Laden havia sido morto antes da invasão de 2011 a sua casa em Abbottabad, Paquistão, apontou o estudo.

Em um artigo científico de 2013 publicado na revista Scientific American Mind, o psicólogo Sander van der Linden argumenta que existem evidências científicas convergentes de que (1) as pessoas que acreditam numa conspiração são susceptíveis a aderirem a outras (mesmo quando contraditórias entre si); (2) em alguns casos, a ideação conspiratória tem sido associada com a paranoia e esquizotipia; (3) as visões de mundo conspiracionistas tendem a provocar a desconfiança de princípios científicos bem estabelecidos, como a associação entre tabagismo e câncer ou entre o aquecimento global e as emissões de CO2; e (4) a ideação conspiratória geralmente leva as pessoas a verem padrões onde não existem.[66] Van der Linden também cunhou o termo O Efeito Conspiratório (em inglês: The Conspiracy-Effect).

Psicólogos humanistas sustentam que, apesar do conluio por trás da conspiração ser quase sempre percebido como hostil, frequentemente a ideia da teoria conspiratória apresenta um elemento de tranquilidade aos seus crentes. Isso se deve, em parte, ao fato de que é mais consolador pensar que as complicações e transtornos em assuntos humanos são criados pelos próprios seres humanos, em vez de por fatores que fogem do controle humano. A crença em uma conspiração é um dispositivo mental que seu crente utiliza para se assegurar de que certos feitos e circunstâncias não são resultado do acaso, mas originados por uma inteligência humana. Isso torna tais ocorrências compreensíveis e potencialmente controláveis. Se uma associação secreta está envolvida numa sequência de acontecimentos, sempre existe a esperança, ainda que fraca, de ser capaz de interferir nas ações do grupo conspirador, ou para se juntar a ele e exercer um pouco desse mesmo poder. Por último, a crença no poder de uma conspiração é uma afirmação implícita da dignidade humana — uma confirmação, muitas vezes inconsciente, porém necessária, de que o homem não é um ser totalmente indefeso e sim responsável, ao menos em certa medida, pelo seu próprio destino.[67]

Projeção

Alguns historiadores defendem que existe um elemento de projeção psicológica no conspiracionismo. Esta projeção, de acordo com o argumento, se manifesta sob a forma de atribuição de características indesejáveis do ser aos conspiradores. O historiador Richard Hofstadter, em seu ensaio "O Estilo Paranoico na Política Americana", afirma que:

Hofstadter também notou que a "liberdade sexual" é um vício frequentemente atribuído ao grupo alvo do conspiracionista, observando que "muitas vezes as fantasias de verdadeiros crentes revelam fortes fugas sadomasoquistas, vivamente expressadas, por exemplo, no prazer que os antimaçônicos sentem com a crueldade de castigos maçônicos."[14]

Um estudo de 2011 descobriu que pessoas altamente maquiavélicas são mais propensas a acreditar em teorias da conspiração, uma vez que elas próprias estariam mais dispostas a se envolverem numa conspiração quando colocadas na mesma situação que os supostos conspiradores.[68]

Viés epistêmico

De acordo com a Sociedade Britânica de Psicologia, é possível que certos vieses epistêmicos humanos básicos se projetem no material em análise. Um estudo citado pelo grupo descobriu que as pessoas aplicam uma regra geral por meio da qual esperam que um acontecimento significante tenha uma causa significante.[69] O estudo ofereceu aos sujeitos quatro versões de acontecimentos nos quais um presidente estrangeiro (a) foi assassinado com sucesso, (b) foi ferido, mas sobreviveu, (c) sobreviveu com ferimentos, mas morreu de um ataque cardíaco em uma data posterior, e (d) saiu ileso. Os sujeitos tenderam em maior medida a suspeitar de conspiração nos casos dos "acontecimentos importantes" (aqueles em que o presidente morre) do que nos outros casos, apesar de que todas as outras evidências disponíveis a eles fossem as mesmas. Ligado à apofenia, tendência genética que os seres humanos têm de encontrar padrões de coincidência, isso permite a descoberta de conspiração em qualquer evento significativo.

Outra regra epistêmica geral que pode ser aplicada a um mistério envolvendo outras pessoas é a cui bono? (quem se beneficia?). Esta sensibilidade a motivos ocultos de outras pessoas pode ser uma característica evolutiva e universal da consciência humana.[carece de fontes?]

Psicologia clínica

Para alguns indivíduos, uma compulsão obsessiva em acreditar, provar ou repetir uma teoria conspiratória pode indicar uma ou uma combinação de condições psicológicas bem compreendidas e outras hipotéticas, como: paranoia, negação, esquizofrenia, síndrome do mundo vil.[70]

Origens sócio-políticas

Christopher Hitchens representa as teorias da conspiração como "fumos exaustos da democracia",[15] o resultado inevitável de uma grande quantidade de informacões que circulam entre um alto número de pessoas.

Descrições conspiracionistas podem ser emocionalmente satisfatórias quando elas colocam eventos em um contexto moral facilmente compreensível. O adepto da teoria é capaz de atribuir responsabilidade moral por um acontecimento ou situação emocionalmente perturbadora a um grupo de indivíduos claramente concebido. Crucialmente, tal grupo não inclui o crente. O crente pode então se sentir desculpado de qualquer responsabilidade moral ou política, já que corrigir qualquer falha institucional ou social poderia ser a fonte efetiva da dissonância.[71] Da mesma forma, Roger Cohen, em um op-ed para o New York Times, propôs que "mentes cativas ... recorrem à teoria da conspiração, porque é o último refúgio do fracassado. Se você não pode mudar sua própria vida, deve ser porque alguma força maior controla o mundo."[16]

Onde o comportamento responsável é impedido pelas condições sociais ou está simplesmente além das capacidades de um indivíduo, a teoria da conspiração facilita a descarga emocional ou a clausura que tais desafios emocionais requerem (segundo Erving Goffman)[carece de fontes?]. Assim como os pânicos morais, as teorias conspiratórias ocorrem com mais frequência dentro de comunidades que estão enfrentando o isolamento social ou a perda de poder político.

Ao estudar explicações alemães para as origens da Primeira Guerra Mundial, o historiador sociológico Holger Herwig descobriu que "Esses eventos considerados mais importantes são mais difíceis de compreender, pois eles atraem maior atenção por parte dos criadores de mitos e charlatães."[carece de fontes?]

Esse processo normal pode ser desviado por um certo número de influências. A nível individual, forçar necessidades psicológicas pode influenciar o processo, e algumas de nossas ferramentas mentais universais podem impor "pontos cegos" epistêmicos. A nível sociológico ou de grupo, fatores históricos podem tornar o processo de atribuir significados satisfatórios mais ou menos problemático.

Alternativamente, as teorias da conspiração podem surgir quando as evidências disponíveis no registro público não correspondem com a versão comum ou oficial de eventos. Neste sentido, as teorias conspiratórias podem, às vezes, servirem para destacar os "pontos cegos" nas interpretações comuns ou oficiais dos eventos.[53]

Influência da teoria crítica

O sociólogo francês Bruno Latour sugere que a grande popularidade de teorias da conspiração na cultura de massa pode ser devido, em parte, à presença da teoria crítica de inspiração marxista e de ideias semelhantes na academia, desde os anos 1970.[72]

Latour observa que cerca de 90% da crítica social contemporânea na academia exibe uma de duas abordagens que ele chama de "a posição de fato e a posição de contos."[72]:237 A posição de fato é antifetichista e sustenta que "objetos de crença" (por exemplo, religião, artes) são apenas conceitos sobre os quais o poder é projetado; Latour afirma que aqueles que usam esta abordagem exibem tendências no sentido de confirmar as suas próprias dúvidas dogmáticas como sendo em sua maioria "apoiadas cientificamente". Embora os fatos completos da situação e metodologia correta sejam ostensivamente importantes para eles, Latour propõe que o processo científico é, em vez disso, oferecido como uma patina às teorias preferidas de alguém, a fim de dar um ar de reputação elevada. A "posição de contos" defende que os indivíduos são dominados, muitas vezes secretamente e sem o seu conhecimento, por forças externas (por exemplo, economia, gênero).[72] Latour conclui que cada uma dessas abordagens na Academia conduziu a um ambiente polarizado e ineficiente, destacado (em ambas) pela sua mordacidade. "Você vê agora por que é tão bom ter uma mente crítica?", pergunta Latour: não importa que posição você escolha, "Você está sempre certo!"[72]

Latour assinala que este tipo de crítica social tem sido apropriada por aqueles que ele descreve como sendo teóricos de conspiração, incluindo os negacionistas das mudanças climáticas e o Movimento pela Verdade sobre 11 de setembro: "Talvez eu esteja levando as teorias da conspiração a sério demais, mas é que estou preocupado em detectar, nessas misturas loucas de descrença sem reflexão séria, exigências meticulosas por provas e o uso livre de explicações poderosas tiradas da "Terra do Nunca", muitas das armas de crítica social".[72]

Tropos dos meios de comunicação

Paul Joseph Watson e Alex Jones, dois conhecidos teóricos da conspiração.

Comentaristas dos meios de comunicação notam regularmente uma tendência nas mídias de notícias e de cultura popular para compreender acontecimentos através do prisma de agentes individuais, em oposição a notícias estruturais ou institucionais mais complexas.[73] Caso se trate de uma observação correta, pode-se esperar que a audiência que demanda e consome esta ênfase seja mais receptiva a informações personalizadas e dramáticas de fenômenos sociais.

Um segundo tropo da mídia, talvez relacionado, é o esforço em atribuir responsabilidades individuais a acontecimentos negativos. Os meios de comunicação têm a tendência de iniciar a busca por culpados, caso ocorra um acontecimento que seja de tamanha importância, e acabam não tirando o assunto da agenda de notícias por vários dias. Seguindo a mesma linha, tem-se dito que o conceito de puro acidente já não é mais permitido em um artigo de notícias.[74]

Paranoia da fusão

Michael Kelly, um jornalista do Washington Post e crítico dos movimentos antiguerra, tanto de esquerda quanto de direita, cunhou a expressão "paranoia da fusão" para se referir a uma convergência política entre ativistas de esquerda e direita em torno das questões antiguerra e liberdades civis que, segundo ele, eram motivadas por uma crença compartilhada no conspiracionismo ou em visões antigovernamentais.[carece de fontes?]

Barkun adotou esse termo para fazer referência ao modo como a síntese de teorias conspiratórias paranoicas, que um dia já foram limitadas apenas ao público marginal norte-americano, forneceu atração para as massas, possibilitando que as teorias se tornassem comuns nos meios de comunicação de massa,[75] inaugurando assim um período inigualável de pessoas se preparando ativamente para cenários apocalípticos ou milenaristas nos Estados Unidos, do fim do século XX e princípios do 21.[76] Barkun observa a ocorrência de conflitos que envolvem lobos-solitários com a aplicação da lei, que agem como intermediários para ameaçar os poderes políticos estabelecidos.[77]

Viabilidade das conspirações

O físico David Robert Grimes estimou o tempo necessário para uma conspiração ser exposta com base no número de pessoas envolvidadas.[78] [79] Seus cálculos usaram dados do programa de vigilância PRISM, do estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee e do escândalo forense do FBI. Grimes estimou que:

Uso político

Teoria da conspiração Teorias da conspiração existem no reino dos mitos, onde as imaginações correm à solta, teme-se fatos de superação e onde as evidências são ignoradas. Como uma superpotência, os Estados Unidos é muitas vezes traçado como um vilão nestes dramas. Teoria da conspiração

— America.gov [80]

Em seu livro A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, Karl Popper utiliza o termo "teoria da conspiração" para criticar ideologias que conduzem ao historicismo.[81] Popper argumenta que o totalitarismo foi fundado em cima de teorias conspiratórias que recorriam a complôs imaginários conduzidos por cenários paranoicos baseados no tribalismo, chauvinismo ou racismo. Popper não argumenta contra a existência de conspirações cotidianas (como se sugeria incorretamente em muita da literatura posterior). Popper usa até mesmo o termo "conspiração" para descrever atividades políticas ordinárias na Atenas clássica de Platão (que era o alvo principal de seu ataque na obra).

Em sua crítica aos totalitarismos do século XX, Popper escreve: "Não quero dar a entender que as conspirações nunca ocorrem. Ao contrário, são fenômenos sociais típicos."[82] Reiterou seu ponto: "Conspirações ocorrem, é preciso admitir. Mas, apesar de suas ocorrências, o fato marcante que refutou a teoria da conspiração é que foram poucas as conspirações que tiveram êxito. Os conspiradores raramente consomem sua conspiração."[82]

Durante a Guerra Fria, a União Soviética disseminou teorias conspiratórias para confundir e induzir governos ocidentais ao erro.[83] Por meio de medidas ativas (estratégias de guerra política), a KGB criou teorias para desacreditar e difamar os Estados Unidos [83] e, dentre as quais, destacam-se: a operação INFEKTION (que lançou sobre os EUA a "culpa" pela "criação" do vírus da AIDS),[84] a acusação de que o pouso da NASA na Lua em 1969 foi uma farsa [83] e, a teoria de que o assassinato de John F. Kennedy fora um complô da CIA acusando o espião E. Howard Hunt de cumplicidade.[85] [86] Teorias conspiratórias disseminadas pela KGB, foram concebidas de forma tão convincente que, no século XXI, algumas ainda recebem crédito.[83]

Em um artigo de 2009, os acadêmicos de direito Cass Sunstein e Adrian Vermeule consideraram apropriadas as respostas governamentais às teorias conspiratórias:

Conspirações comprovadas

Ver artigo principal: Conspiração (política)
Informe do Senado dos Estados Unidos, de 1977, sobre a existência do Projeto MKULTRA (ver: (informe completo).
  • ODESSA (do alemão): Organisation der ehemaligen SS-Angehörigen - "Organização de antigos membros da SS") foi uma suposta rede de colaboração secreta desenvolvida por grupos nazistas para ajudar os membros da SS a escapar da Alemanha para outros países onde eles estavam seguros, particularmente para a América Latina (ver: Ratlines). A organização foi usada pelo romancista Frederick Forsyth em seu trabalho de 1972, The Odessa File, baseado em eventos reais, que lhe deram um grande impacto na mídia. Por outro lado, o maior investigador, perseguidor e responsável por informar sobre a existência e missão dessa organização foi Simon Wiesenthal, um judeu austríaco sobrevivente do Holocausto, que se dedicou a localizar ex-nazistas para levá-los a julgamento. A historiadora Gitta Sereny escreveu em seu livro Into That Darkness (1974), baseado em entrevistas com o ex-comandante do campo de extermínio de Treblinka, Franz Stangl, que a ODESSA nunca existiu. Ela escreveu: “Promotores da Autoridade Central de Ludwigsburg para a investigação de crimes nazistas, que sabiam exatamente como as vidas de certos indivíduos atualmente na América do Sul foram financiados no período do pós-guerra, procuraram milhares de documentos do começo ao fim, mas eles afirmam que são totalmente incapazes de autenticar a existência de 'Odessa'. Não é que isso importe: certamente havia vários tipos de organizações apoiando os nazistas depois da guerra - teria sido surpreendente se não houvesse ocorrido.[90]
  • Projeto MKULTRA - às vezes também conhecido como programa de controle mental da CIA - foi o codinome dado a um programa secreto e ilegal projetado e executado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) para experiêcias em seres humanos. Esses ensaios em humanos tinham a intenção de identificar e desenvolver novas substâncias e procedimentos para uso em interrogatórios e tortura, a fim de enfraquecer o indivíduo e forçá-lo a confessar a partir de técnicas de controle mental. Foi organizado pela Divisão de Inteligência Científica da CIA em coordenação com o Corpo Químico da Diretoria de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos.[91]
  • A CIA esteve envolvida em várias operações de tráfico de drogas. Alguns desses relatórios afirmam que as evidências do Congresso indicam que a CIA trabalhou com grupos que eram conhecidos por estarem envolvidos no tráfico de drogas, de modo que esses grupos receberam informações de apoio úteis e materiais, em troca de permissão para suas atividades criminosas continuarem,[92] e de dificultar ou impedir prisões, acusações e aprisionamentos por parte das agências policiais dos EUA.[93]

Controvérsias

Além das controvérsias sobre os méritos de determinadas afirmações conspiratórias e das várias opiniões acadêmicas divergentes, a categoria geral da teoria da conspiração é em si um assunto controverso.

O termo "teoria da conspiração" é considerado por diferentes observadores como uma descrição neutra de uma afirmação de conspiração, um termo pejorativo usado para descartar tal afirmação sem um exame mais aprofundado,[94] e um termo que pode ser aceito positivamente pelos proponentes de tal afirmação.

Alguns usam o termo para argumentos que podem não acreditar completamente, mas que consideram radicais e empolgantes. O significado do termo mais amplamente aceito é o que é compartilhado no uso na cultura popular e acadêmica, o que, na verdade, tem implicações negativas para o provável valor de verdade de um relato.

Dado esse entendimento popular do termo, é concebível que ele possa ser usado ilegitima e inadequadamente como um meio de descartar o que de fato são acusações substanciais e bem evidenciadas. A legitimidade de cada uso será, portanto, controversa. Observadores altruístas irão comparar as características de uma alegação com as da categoria mencionada acima, a fim de determinar se um determinado uso é legítimo ou prejudicial. A esse respeito, Michael Parenti usou o termo conspirafobia (conspiracy phobia).[95] Esse autor, também, num de seus artigos, chama a CIA de "uma conspiração institucionalizada".[96]

Certos proponentes de alegações de conspiração e seus defensores argumentam que o termo é completamente ilegítimo e que deve ser considerado de forma precisa como politicamente manipulador como a prática soviética de tratar os dissidentes políticos como doentes mentais.[97] Os críticos dessa visão afirmam que o argumento tem pouco peso e que a declaração em si serve para expor a paranoia comum entre os teóricos da conspiração. Por outro lado, Daniel Pipes, um dos que usa o termo com frequência,[98] até reconhece que alguns relatos foram feitos a pedido da CIA.[99] Além disso, os críticos da conspiração frequentemente mencionam apenas as mais ridículas teorias conspiratórias sem mencionar conspirações que são historicamente comprovadas.

Alguns teóricos, como Charles Pigden, argumentam que a realidade de tais conspirações historicamente comprovadas deveria nos impedir contra qualquer rejeição apressada das teorias da conspiração. Pigden, em seu artigo Conspiracy Theories and the Conventional Wisdom [100] ("Teorias da Conspiração e Sabedoria Convencional") argumenta que não apenas conspirações ocorrem, mas qualquer membro educado da sociedade acredita em pelo menos uma delas; Portanto, somos todos, na verdade, teóricos da conspiração, reconheçamos ou não.

Em qualquer caso, vale a pena considerar que o mesmo termo "conspiração" é bem antes do termo "teoria da conspiração", e é muito bem caracterizado em História, Direito Penal, leis penais e sentenças dos tribunais. Isso ilustra o fato de que a conspiração é e tem sido um comportamento humano muito real e muito frequente, enquanto a legitimidade do conceito muito recente de "teoria da conspiração" permanece aberta ao debate.

O conceito de "conspiração" é bem caracterizado em Direito Penal, além do fato de que muitas pessoas foram punidas pelos tribunais por esse motivo. O atual Código Penal da Espanha, de 1995, em seu artigo 17.1 diz: "A conspiração (crime) existe quando duas ou mais pessoas são reunidas para a execução de um crime e resolvem executá-lo."[101] Os códigos penais espanhóis anteriores também definiam e puniam o crime de conspiração.[102] A conspiração também é punida na legislação criminal de outros países.

O termo "teoria da conspiração" é em si o objeto de um tipo de teoria conspiratória que argumenta que aqueles que usam o termo estão manipulando o público para dispensar o assunto em discussão, seja em uma tentativa deliberada de esconder a verdade ou como um embuste para conspiradores mais vagarosos. [carece de fontes?]

Quando as teorias conspiratórias são oferecidas como afirmações oficiais (por exemplo, vindas de uma autoridade governamental, como uma agência de inteligência), elas geralmente não são consideradas teorias da conspiração. Por exemplo, certas atividades do Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos podem ser consideradas como uma tentativa oficial de promover uma teoria conspiratória, embora suas afirmações raramente sejam referidas como tal. Foi dito: "Quando uma teoria da conspiração não é uma teoria da conspiração? Quando é sua própria teoria."[94] Tem sido apontado que muitas vezes as versões oficiais também são teorias conspiratórias [103] embora não sejam reconhecidas como tal. Para este fim, foi cunhada a expressão "teoria da conspiração oficial".

Mais dificuldades surgem da ambiguidade do termo teoria. No uso popular, este termo é frequentemente usado para se referir a especulações infundadas ou fracamente baseadas, o que leva à ideia de que "não é uma teoria da conspiração se é de fato verdadeira".

Por outro lado, o uso do conceito de "teoria da conspiração" é uma preocupação exclusiva ou preponderante para "falsos positivos" (acreditando em uma conspiração que não existe) sem prestar atenção à possibilidade de um "falso negativo" (negar uma conspiração real). Aqueles que lidam com o fenômeno da conspiração não se preocupam se essas teorias são corretas às vezes ou não.

Ver também

Referências

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Leitura complementar

Ligações externas

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