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Usuário(a):Arthurbeltrame/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Arthurbeltrame/Testes
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Inauguração 1580
Subprefeitura(s) Subprefeitura da Freguesia do Ó/Brasilândia
Bairro(s) Freguesia do Ó

O Núcleo Original da Freguesia do Ó é um conjunto de endereços na cidade brasileira de São Paulo. Eles fazem parte do entorno dos largos do bairro da Freguesia do Ó: Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó e Largo da Matriz Velha. Tais lugares são patrimônios históricos, culturais e ambientais da cidade de São Paulo devido ao valor histórico da paisagem urbana paulistana desde o século XIX e o "valor arquitetônico e ambiental de diversas edificações localizadas em torno dos dois largos".[1] Além disso, foi o primeiro núcleo de povoamento à margem direita do rio Tietê, no século XVI, frente ao contexto bandeirantista.[2]

Estes, pontos turísticos da Freguesia do Ó, foram reconhecidos pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo - CONPRESP, em dezembro de 1992, que definiu os endereços como bens culturais: Largo da Matriz Velha; Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó; Avenida Itaberaba, entre o Largo da Matriz Velha e a Rua Chico de Paulo; Rua Piqueri; Rua João Alves, entre o Largo da Matriz Velha e a Ladeira Velha; Ladeira Velha; Rua da Bica, entre a Rua Anastácio de Souza Pinto e a Avenida Itaberaba; Rua Coronel Tristão, entre a Rua da Bica e o Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó; Rua José de Siqueira, entre a Rua da Bica e o Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó; Rua Anástacio de Souza Pinto, entre a Rua da Bica e a Rua Jesuíno de Brito; Rua Antônio de Sousa Ferreira; Rua Jesuíno de Brito, entre a Rua Antonieta Leitão e o Largo da Matriz Velha; Avenida Paula Ferreira, entre a Rua Jesuíno de Brito e o Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, além da Igreja de Nossa Senhora do Ó.[1]

Largo da Igreja de Nossa Senhora do Ó.

O núcleo da Freguesia do Ó ("freguesia era o título dado às povoações quando se tornavam cabeças de paróquias".[3]) foi povoado durante o século XVI quando, em 1580, o bandeirante Manoel Preto, com sua esposa, Águeda Rodrigues, utilizou o local para abrigar-se durante as expedições que percorriam o sertão brasileiro. Por conta da localização estratégica (margem direita do rio Tietê e relativamente próxima ao Rio Tamanduateí), o bandeirante se fixou com casa, escravos indígenas e lavoura no local.[4][1]

Em 1610, no atual Largo da Matriz Velha, o fundador Manoel, religioso, construiu a primeira capela do entorno: Capela de Nossa Senhora da Esperança, posteriormente chamada de Capela de Nossa Senhora do Ó.[5][1] A inauguração da igreja foi incentivada para evitar o deslocamento dos habitantes da Freguesia até a "Vila", centro da cidade, já que os meios de transporte não favoreciam a população. O jeito mais utilizado para locomoção era a navegação feita pelo Rio Tietê - usava-se balsa para a travessia. Sem avenidas, marginais ou pontes, o rio Tietê alagava constantemente, representando uma literal barreira.[6][2][1] Devido a dificuldade de mobilização, a população da Freguesia do Ó foi se expandindo no próprio núcleo. Assim, moradias passaram a surgir no entorno do Largo da Matriz Velha. "Nossa Senhora do Ó é o mais antigo arraial do Estado de São Paulo depois da cidade, São Paulo. Desde aquele antigo povoado, uma linha de bairros sucessivos os acompanha hoje, integrado na cidade com o nome de Freguesia do Ó."[7]

No ano de 1897, a primeira matriz do bairro foi completamente destruída por um incêndio acidental. Na época, um enxame se instalou na igreja e se tornou perigoso para os fiéis. Por isso, solicitou-se um apicultor para por fim às pestes. Pensando na população, o profissional colocou fogo no pequeno archote no período noturno, pois não havia pessoas no local. Infelizmente, esse fogo acabou por destruir toda a igreja (após o acidente, nos escombros, havia a cabeça de imagem da padroeira, intacta, que pode ser vista no arco-mór da Igreja Nossa Senhora do Ó).[1] No dia 9 de janeiro de 1898, o processo de construção de uma nova capela foi iniciado em um novo local, próximo ao antigo: a pedra fundamental da nova e atual igreja, Nossa Senhora do Ó, foi lançada no Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó e concluída em 1901.[2]

Interior da Igreja Nossa Senhora do Ó.

A Freguesia do Ó era uma zona rural no meio da cidade, já que o bairro era composto por inúmeros sítios e fazendas.[1] As características rurais do núcleo e do bairro em geral permaneceram até o início do século XX. Depois, com a construção das pontes de concreto, o bairro foi aproximado à cidade e, assim, urbanizou o entorno até então representado pelo rio Tietê. A instalação da Igreja em um largo mais moderno e amplo colaborou para a sociabilidade do Núcleo da Freguesia do Ó, que também se expandiu com o passar do tempo, principalmente após a segunda metade do século XX, com a fixação de estabelecimentos comerciais na região.[1][6]

Nos tempos primórdios, a iluminação do Núcleo Original da Freguesia do Ó se dava graças aos lampiões acesos com querosene e presos em postes distantes, mais ou menos, 40 metros um do outro. As 7 horas da noite eram acesos e às 10 horas, apagados. Abrindo exceção no período da lua cheia, quando sequer eram acesos.[1] O Núcleo Original da Freguesia do Ó esteve na condição "rural" por muito tempo. Por isso, a urbanização paulistana não chegou por completo ao local. As vias férreas, por exemplo, não cortaram o bairro e, por isso, a Freguesia do Ó perdeu um pouco de sua importância enquanto rota, apesar de sua boa localização geográfica. Sendo assim, o caráter específico do local se perpetuou até as décadas de 1950 e 1970.[2][5] Esta consequência faz com que a Freguesia do Ó mantenha seu valor histório, reconhecido pelos devidos órgãos, até os dias atuais.[1][2]

Fatos Cronológicos

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Largo da Matriz Velha.

• 1836, houve a destruição da ponte sobre o Rio Tietê pela correnteza das águas do mesmo. [1]

• 1842, terminou-se a reconstrução da ponte sobre o Rio Tietê[1]

• 1865, as tropas brasileiras que partiram para a Guerra do Paraguai acamparam no Largo da Matriz Velha, ao lado da Igreja.[1]

• 1918, chegou a luz elétrica ao bairro e, consequentemente, ao núcleo[1]

• 1920, uma linha de ônibus que ligava o bairro ao centro da cidade foi instalada. Esse veículo trouxe o primeiro desenvolvimento do bairro.[1]

• 1941, o asfaltamento chega a algumas ruas que, mais tarde, seriam tombadas[1]

Características Arquitetônicas

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Interior da Igreja Nossa Senhora do Ó.

"Um dos mais antigos bairros da cidade, a Freguesia do Ó mantém a denominação eclesiástica que lhe foi atribuída em 1796"[8]. Desde então, guarda resquícios de antigos moldes urbanos - fazendas e chácaras - velhas construções e algumas de fins do século XX.[1] Há diversos exemplos e tipos de imóveis na região. A arquitetura de alguns imóveis localizados no Núcleo Original da Freguesia do Ó não apresentam nada extraordinário ou importante, que justifique o tombamento em si.[9] Todavia, outros se justificam. Por exemplo, nos imóveis reconhecidos pela CONPRESP, localizados no Largo da Matriz Velha, de número 127 e 129, há as persistentes paredes de pau a pique. Mesmo com as novas construções, o valor e beleza dos dois exemplos não se ofuscou. Por fim, as características vão além da documentação histórica e seguem firmes na urbanização da Freguesia do Ó.[9][1] A situação topográfica dos largos (da Matriz Velha e da Igreja de Nossa Senhora do Ó) é peculiar da região pois "compartilha a extremidade de um espigão"[1]. Segundo análise do processo de tombamento do local, "a comunicação entre ambos se dá através de um dos vértices dos quase retângulos, observando-se um suave declive do largo mais antigo para o mais novo. Essa declividade se torna abrupta a partir de cada uma das praças, não permitindo senão a umas poucas casas o desenvolvimento da construção em um único plano: geralmente, os desníveis são compensados por porões, alguns habitáveis."[1][10] Porém, com a chegada tardia da urbanização, na abertura das ruas que chegam a praça da matriz nova, a topografia não foi levada em conta. Como consequência, ladeiras de grande declividade se instalaram, "ortogonais em relação as curvas de nível do terreno".[1]

Ladeira Velha, exemplo de declividade.


De uma maneira geral, o Núcleo Original da Freguesia do Ó abriga residencias. Alguns comércios, com o passar do tempo, surgiram para atender a demanda local. Por esse motivo, as praças mantiveram suas configurações iniciais. Mantendo a essência do núcleo, os imóveis mais antigos, também tombados pela Conpresp, "têm sua manutenção dificultada pelas diferentes condições de vida, sendo então igualmente subdivididas em duas ou três outras moradias, independentes entre si".[1][10]

Sobre a igreja antiga: uma reconstituição da capela foi elaborada pelo pintor Salvador Ligabue. De acordo com o quadro, "a Capela teria 2,5m de frente por 3m de fundo, apresentando ao lado direito um sino suspenso por dois caibros. Uma cruz rude encimava a construção feita de pau a pique e barro em estilo de oratória".[1]

Sobre a igreja nova: de acordo com as pinturas em seu interior, de autoria de Salvador Ligabue, "testemunha o papel de artesãos locais na configuração final dos exemplares de arquitetura religiosa existente na cidade".[10]

Significado Cultural

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Vista lateral do Largo da Matriz Nova

O Largo Nossa Senhora do Ó apresentou uma função de residência em todo o Núcleo Original da Freguesia do Ó.[2] "Esse processo manifestava-se concomitantemente a ruralidade das vilas arredores".[2] O Núcleo justifica seu tombamento público "pelo assentamento em dois de seus momentos básicos, denotando concepções diferenciadas de ocupação do espaço; o primeiro deles, identificado ao Largo da Matriz Velha, apresentando traçado das ruas irregular e mais obediente à topografia acidentada; o segundo, identificado ao Largo da Matriz atual, apresentando traçado reticulado, definido, ao que tudo indica, a partir da construção da Matriz".[4].

As edificações tombadas possuem o assentamento cuja caracterização se mantém no traçado viário e nas "edificações remanescentes do início do século (inclusive a própria igreja) e que colaboram para a conformação da ambiência tão característica daquela época".[4] Acrescenta-se até os dias atuais características rurais, com pequenos sítios ou abastadas fazendas às proximidades e as matrizes e capelas, que servem como "elemento integrador e aglutinador”.[4]

O sentimento comunitário esteve fortificado na região desde a década de 30. Isto é, os habitantes mantiveram uma relação interpessoal à base de solidariedade.[1] Já na redondeza dos Largos, "é grande a incidência de edificações antigas, no entanto, considera o conjunto bastante desigual, pois guarda edificações já existentes em 1930 e muitas construídas nos anos 50, marcando bem duas fases de expansão ocorridas neste século; os conjuntos do século passado desapareceram restando apenas alguns exemplares pontualmente distribuídos, como o Largo da Matriz Velha, nº 15 e da Avenida Itaberaba, nº 133, que merecem atenção especial".[1]

O núcleo também sedia e participa de festas religiosas desde o início de sua civilização. "Natal, festas juninas, as dedicadas a Santa padroeira, e as festas do Divino Espírito Santo”[1] são algumas das comemorações religiosas que a igreja, junto à comunidade, realiza. Todas essas manifestações ocorrem em datas específicas nos Largos (atual e da Matriz Velha).[1][5] No mesmo local, ocorre a Festa do Divino, celebrada 50 dias após a Páscoa[11] (desde 1821), a Festa da Santa Padroeira (data de início não é precisa), a Feira das Nações (desde 1975), a Festa de Aniversário da Freguesia do Ó, os encontros de romeiros.[2][1] Estes principais eventos são promovidos por grupos ligados à Paróquia Nossa Senhora do Ó.[11]

Diante desses argumentos, a publicação da Resolução nº 46 / 92 efetivou o tombamento da área como patrimônio histórico de São Paulo, "considerando a relação indissociável entre a conformação espacial desse núcleo e as relações de solidariedade e sociabilidade que caracterizam a identidade própria dos moradores desse antigo assentamento, e que até hoje se mantém, mesmo com as intensas modificações urbanas ocorridas em sua vizinhança".[2][12]

Alguns bens do Núcleo já não existem mais. A Casa de Festas, que ficava no Largo da Matriz Velha, desapareceu, e deu lugar a vários edifícios já construídos.[9] Por outro lado, inúmeras características ambientais foram conservadas. Por isso, recordações antigas permanecem na região. A calmaria, pacacidade e paz fazem com que o bairro ainda possua um aspecto interiorano. Porém, desde a ultima década, a cercania tornou-se alvo de buscas imobiliárias, alterando (não por completo) a essência da localidade. O Largo da Igreja de Nossa Senhora do Ó passou a ser o mais famoso do bairro, pois é cercado por renomados e premiados bares e restaurantes, além de ser o cerne de todas as festividades. Outro pólo de comércio é a extensa Avenida Itaberaba, também patrimônio histórico,que abriga inúmeras lojas populares.[11]

Desde 1947 carros podem circular próximos do Largo da Matriz Nova graças a uma reforma urbanizadora.[3] Em 2014, o Largo que abriga a Igreja Matriz da Freguesia do Ó recebeu outra reforma, principalmente na grande parte dos seus muros. A Prefeitura da cidade de São Paulo abriu um concurso para grafiteiros. Na época, três muros receberam a arte, que contrastou com a arquitetura clássica do século XX. No evento, os grafiteiros receberam uma quantia de R$2.000,00, além de participar da história do Núcleo Original da Freguesia do Ó. [13] Mesmo com a reforma, alguns pontos carecem de maior atenção. Por exemplo, faltam vagas de carro exclusivas para deficientes físicos. Além disso, os muros que não foram grafitados estão desbotados e não há rampa de acesso para o cadeirante acessar a calçada.[14]

"Atualmente, principalmente à noite e aos finais de semana, também adolescentes, especialmente de outros bairros como BrasilândiaVila Nova Cachoeirinha e Pirituba se concentram no local, convivendo com outros grupos sociais. Assim, o Largo da Matriz tornou-se um local de sociabilidade para moradores de bairros mais afastados".[3]

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Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab Freguesia do Ó, Processo (1992). Processo de tombamento do patrimônio histórico: Núcleo Original da Freguesia do Ó n 16-003.096-91*77. [S.l.]: CONPRESP  Verifique data em: |acessodata= (ajuda);
  2. a b c d e f g h i dos Santos, Alberto (2014). «DIMENSÕES DO PATRIMÔNIO CULTURAL: TOMBAMENTOS E TERRITORIALIDADES NO BAIRRO DA FREGUESIA DO Ó – SÃO PAULO (SP)» (PDF). UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS. Consultado em 1 de novembro de 2016 
  3. a b c «Freguesia do Ó (bairro de São Paulo)». Wikipédia, a enciclopédia livre. 2 de novembro de 2016 
  4. a b c d SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. SÃO PAULO (Cidade). Prefeitura. Processo 10-031.253-79*11 (1979–0.010.013–0 atual). Tombamento histórico no Largo da Matriz; tombamento do núcleo original de ocupação do bairro da Freguesia do Ó.
  5. a b c BARRO, Máximo. Nossa Senhora do Ó. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1977.
  6. a b dos Santos, Alberto. «Núcleo Original da Freguesia do Ó – São Paulo (SP): o valor dos bens culturais e as territorialidades cotidianas»  Verifique data em: |acessodata= (ajuda);
  7. PRADO JUNIOR, Caio. A cidade de São Paulo: geografia e história. São Paulo: Brasiliense. 3 ed.1998.
  8. «Programa Patrimônio e Referências Culturais nas Subprefeituras» (PDF). SUBPREFEITURA FREGUESIA / BRASILÂNDIA. Prefeitura de São Paulo 
  9. a b c Parecer Técnico: Freguesia do Ó - Processo de tombamento do núcleo original. 1992, DPH.
  10. a b c Parecer da Seção Técnica de Levantamentos e Pesquisas (Divisão de Preservação) - Freguesia do Ó: núcleo original do povoamento. 1992. RODRIGUES, Janice
  11. a b c «25 motivos para amar a Freguesia do Ó | VEJA São Paulo». VEJA São Paulo 
  12. CONSELHO MUNICIPAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E AMBIENTAL DA CIDADE DE SÃO PAULO. Resolução nº 46 / 92.
  13. «Concurso de grafite vai colorir largo centenário na Freguesia do Ó». São Paulo. 17 de novembro de 2014 
  14. Paulo, Desenvolvido por Diário de S. «Reforma no Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó». Diário de S. Paulo