Ruy Barbosa

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Ruy Barbosa
Ruy Barbosa
Ruy Barbosa, o Águia de Haia, c. 1923
Nome completo Ruy Barbosa de Oliveira
Nascimento 5 de novembro de 1849
Salvador, Bahia, Brasil
Morte 1 de março de 1923 (73 anos)
Petrópolis, Rio de Janeiro,  Brasil
Nacionalidade  Brasileiro
Ocupação Jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador

Ruy Barbosa de Oliveira (ver nota)[1] (Salvador, 5 de novembro de 1849Petrópolis, 1 de março de 1923) foi um polímata brasileiro, tendo se destacado principalmente como jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador. Um dos intelectuais mais brilhantes do seu tempo, foi um dos organizadores da República e coautor da constituição da Primeira República juntamente com Prudente de Morais. Ruy Barbosa atuou na defesa do federalismo, do abolicionismo e na promoção dos direitos e garantias individuais. Primeiro ministro da Fazenda do regime instaurado em novembro de 1889, sua breve e discutida gestão foi marcada pela crise do encilhamento sob a proposição de reformas modernizadoras da economia. Destacou-se, também, como jornalista e advogado.

Foi deputado, senador e ministro. Notável orador e estudioso da língua portuguesa, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e seu presidente entre 1908 e 1919.

Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (Holanda, 1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos estados. Sua atuação nessa conferência lhe rendeu o apelido de "O Águia de Haia". Teve papel decisivo na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz da Corte Internacional de Haia, um cargo de enorme prestígio, que recusou.

Foi candidato à presidência da República, na chamada "campanha civilista", contra o militar Hermes da Fonseca. Apesar de ser considerado um ícone do republicanismo brasileiro, Ruy Barbosa se desencantou com o sistema político que ajudou a implementar, realizando vários comentários antirrepublicanos em seus últimos anos de vida. Pouco famosas, suas críticas foram novamente trazidas à tona por movimentos monarquistas brasileiros no início do século XXI (embora Ruy Barbosa não tenha se tornado monarquista em vida).[2]

Biografia

Ruy Barbosa.

Ruy Barbosa de Oliveira, filho de João José Barbosa de Oliveira e de Maria Adélia Barbosa de Oliveira[4], nasceu em 1849, na rua dos Capitães, hoje rua Rui Barbosa, freguesia da Sé, na cidade do Salvador, na então província da Bahia. Era sobrinho do barão de Mucuri e de Luís Antônio Barbosa de Almeida, que foi presidente da província da Bahia de 3 de novembro de 1864 a 2 de maio de 1865. Aos cinco anos, fez seu professor Antônio Gentil Ibirapitanga exclamar: "Este menino de cinco anos de idade é o maior talento que eu já vi. (…) Em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares."

Em 1861, aos onze anos, quando estudava no Ginásio Baiano de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, fez o mestre declarar a seu pai, João Barbosa: "Seu filho nada mais tem a aprender comigo." Ali, como disse mais tarde, viveu a maior emoção de toda a sua vida, quando recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia.

Em 1864, concluído o curso ginasial, mas sem idade para entrar na Universidade, passou o ano estudando alemão. No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito de Olinda.

Em 1867, adoeceu de "incômodo cerebral". Em 1868 abrigou em sua casa por alguns dias, Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Baiano, em razão do rompimento dele com Eugênia Câmara. Proferiu o famoso discurso saudando José Bonifácio, o Moço.

Em 1870, graduou-se como bacharel pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e retornou à Bahia, acometido, novamente, de incômodo cerebral. Em 1871 começou a advogar e estreou no júri, tendo registrado: "Minha estreia na tribuna forense foi, aqui, na Bahia, a desafronta na honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão."

Em 1872, iniciou-se no jornalismo, no Diário da Bahia, e viveu a sua primeira crise amorosa. Brasília era o nome da senhorinha e morava no bairro de Itapagipe. Em 1873 assumiu a direção do Diário da Bahia e fez conferência no Teatro São João sobre "eleição direta". O pai confessa, numa carta, que "poucos o igualam", que ele "foi aplaudido de um modo que me comoveu", e ainda "dizem-me que é superior a José Bonifácio e sustentam que certamente hoje não se fala melhor do que ele."

Em 1876, casou-se com a baiana Maria Augusta Viana Bandeira. Em 1877, foi eleito deputado à Assembleia da Bahia. No ano seguinte foi eleito deputado à Assembleia da Corte. Em 1881, promoveu a Reforma Geral do Ensino.

Em 1885, no auge da campanha abolicionista, José do Patrocínio escreveu: "Deus acendeu um vulcão na cabeça de Ruy Barbosa." Duas semanas antes da abolição, em 30 de abril de 1888, Barbosa vaticinou: "A grande transformação aproxima-se de seu termo." A 7 de março de 1889 Joaquim Nabuco afirma: "Evaristo, na imprensa, fez a Regência e Ruy fará a República".

O novo ministério: Aristides Lobo, Ministro do Interior; Eduardo Wandenkolk, Ministro da Marinha; Tenente Coronel Benjamin Constant, Ministro da Guerra; Marechal Deodoro da Fonseca, Presidente da República; Quintino Bocaiúva, Ministro dos Negócios Estrangeiros; Demétrio Ribeiro, Ministro da Agricultura; e Rui Barbosa, Ministro da Fazenda.

Em 9 de junho de 1889 recusou o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto. "Não posso ser membro de um ministério que não tome por primeira reforma a Federação." Em novembro daquele mesmo ano Benjamin Constant escreveu a Ruy: "Seu artigo de hoje, Plano contra a Pátria, fez a República e me convenceu da necessidade imediata da revolução." Dias depois, em 15 de novembro de 1889, Barbosa redigiu o primeiro decreto do governo provisório e foi nomeado ministro da Fazenda, no governo de Deodoro da Fonseca.

Em 1890, D. Pedro II diz: "Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa." Ainda neste ano, lança os decretos de reforma bancária, no qual foi criticado por Ramiro Barcelos, que, anos depois, se penitenciou: "A desgraça da República foi nós, os históricos, não termos compreendido logo a grandeza de Ruy". Elabora-se o projeto de constituição em sua casa.

Em 14 de dezembro do mesmo ano, Ruy Barbosa, então ministro da Fazenda, mandou queimar os livros de matrícula de escravos existentes nos cartórios das comarcas e registros de posse e movimentação patrimonial envolvendo todos os escravos, o que foi feito ao longo de sua gestão e de seu sucessor. A razão alegada para o gesto teria sido apagar "a mancha" da escravidão do passado nacional. Todavia, especialistas afirmam que Ruy Barbosa quis, com a medida, inviabilizar o cálculo de eventuais indenizações que vinham sendo pleiteadas pelos antigos proprietários de escravos. Apenas onze dias depois da Abolição da Escravatura, um projeto de lei foi encaminhado à Câmara, propondo ressarcir senhores dos prejuízos gerados com a medida.[5]

Como Ministro da Fazenda, entre 1889 e 1891, foi o principal responsável pela crise do encilhamento, estopim para grave crise econômica na Primeira República. O principal motivo desta foi a emissão descontrolada de moeda pelo governo e ações sem lastro pelas empresas criadas nesse período, que provocou alta inflação e especulação financeira.

Ele é nomeado primeiro vice-chefe do Governo Provisório. Em uma viagem a Paris, ele se encontra com D. Pedro, e fala: "Majestade, me perdoe, eu não sabia que a República era isso."; tamanha era a decepção com o estado do país após a proclamação da República. Em 1892 abandona a bancada do Senado, depois de feita a justificativa em discurso. Dias mais tarde lança um manifesto à nação no qual diz a famosa frase: "Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República". Em 23 de abril do mesmo ano sobe as escadarias do Supremo Tribunal Federal, sob ameaça de morte, para defender, como patrono voluntário, o habeas corpus dos desterrados de Cucui.

Em 7 de fevereiro de 1893 volta à Bahia para um encontro consagrador com Manuel Vitorino, ocasião em que fala de sua terra: "Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia". Em setembro do mesmo ano, a Revolta. Refugia-se na Legação do Chile. Sob ameaça de morte, exila-se em Buenos Aires.

Em 1 de março de 1894, é candidato a presidente, obtendo o quarto lugar.[6]

Folheto da campanha de 1919:
Ruy é o salvador da pátria.

Ainda em exílio, no ano seguinte Ruy viaja a Londres, de onde escreve as Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio a partir de 7 de janeiro de 1895. No ano seguinte produz textos a serviço dos insurrectos de 1893. Escreve na imprensa: "E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre…"

Em 1897, recusa convite para ser ministro plenipotenciário do Brasil na Questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, então vice-presidente do governo de Prudente de Morais. Critica a intervenção militar em Canudos. Torna-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e recebe de Joaquim Nabuco a seguinte citação, no livro Minha Formação: "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país".

Em 3 de abril de 1902 publica parecer crítico ao projeto do Código Civil. Ao final do ano, em 31 de dezembro, lança réplica às observações feitas pelo filólogo Ernesto Carneiro Ribeiro, seu antigo mestre na Bahia. A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa.

Três anos depois, em 1905, chegou a se candidatar a presidente, porém retirou sua candidatura para apoiar a de Afonso Pena.[7]

Plenário do Senado durante sessão em 1915. O senador Ruy Barbosa, de pé, discursa de frente para a mesa diretora. (Fotografia publicada pelo Correio da Manhã em 1915)

Em junho de 1907, Ruy vai à Conferência da Haia, sendo sua consagração mundial. Sobre isso, escreveu o jornalista William Thomas Stead: "As duas maiores forças pessoais da Conferência foram o Barão Marschall da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil… Todavia ao acabar da conferência, Dr. Barbosa pesava mais do que o Barão de Marschall".[8]

Ainda relativamente ao ano de 1907, encontra-se texto da sua autoria na revista ilustrada Argus [9]. Em 21 de outubro de 1908 discursa, em francês, na Academia Brasileira de Letras, em recepção a Anatole France. A partir do ano seguinte, e até 1910, inicia a campanha civilista. Já em 1911, retorna ao Diário de Notícias. Nesse período, ao responder à carta de um correligionário civilista, em outubro de 1911, escreve uma das mais importantes obras sobre deontologia jurídica: O Dever do Advogado.

Para a eleição de 1 de março de 1910, integra com o presidente de São Paulo, dr. Albuquerque Lins, a chapa dos candidatos da soberania popular, na Campanha Civilista, sendo Ruy candidato a presidente da república, e Albuquerque Lins a vice-presidente. O país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram o candidato Ruy Barbosa, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Fonseca e Brás venceram. Hermes teve 403 867 votos contra 222 822 votos dados a Ruy Barbosa.[6]

Caricatura de Rui Barbosa

Durante a Guerra do Contestado (1912 -1916), Ruy Barbosa defendeu os interesses do Paraná.[10][11] Nesta época, também era advogado e possivelmente lobista da Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Inc., grande empresa madeireira e colonizadora de terras no sul do país que integrava o grupo empresarial de Percival Farquhar.

Em junho de 1913 inicia sua terceira candidatura à Presidência pela Convenção Nacional, no Teatro Politeama do Rio de Janeiro - "a maior solenidade popular registrada, até hoje, na história brasileira". Na iminência de perder para Venceslau Brás, lança em dezembro o "Manifesto à Nação", renunciando à candidatura. Ruy obteve, em 1 de março de 1914, 47 000 votos, tendo sido derrotado por Venceslau Brás.[6]

Três anos depois, em 9 de julho de 1917, participa do Centenário de Tucuman. Ao receber o título de professor honoris causa da Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de julho, protesta - a propósito da Primeira Guerra Mundial em curso na Europa - contra a postura dos países neutros diante das atrocidades do conflito. Em seu discurso intitulado o Dever dos Neutros , Ruy defende o princípio de que neutralidade não pode ser confundida com indiferença e impassibilidade, apoiando firmemente a causa dos aliados. Segundo ele, a invasão da Bélgica pelos alemães, no final de 1915, representava o revés das conquistas alcançadas na Conferência da Paz em Haia. O discurso teve repercussão internacional, e suas teses provocariam mudanças drásticas na política externa do Brasil - até então neutro na Guerra Mundial. Durante todo o ano de 1917, Ruy participaria de comícios e manifestações contra a agressão aos navios da marinha mercante brasileira. Finalmente, convocado pelo presidente da República, Venceslau Brás, participaria da reunião em que foi revogado o decreto de neutralidade do Brasil no conflito, em 10 de junho de 1917.[12] Victorino de la Plaza, presidente da Argentina, após o banquete que lhe ofereceu Ruy, falou: "Já disse aos meus ministros que, aqui, o Sr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil."

Em 1917 colabora no projeto da Tradução Brasileira.

Ocorre em 1918 o Jubileu Cívico. Paul Claudel, ministro da França, entrega-lhe as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra.

Ruy Barbosa.

Em 13 de abril de 1919 concorre pela quarta e última vez à Presidência, e, como anteriormente, contra a sua vontade. Perde as eleições para Epitácio Pessoa.[6] Promove conferências pelo sertão da Bahia. Ainda em 1919, dada a intervenção de Epitácio Pessoa na Bahia, reitera a recusa, feita um ano antes, de representar o Brasil na Liga das Nações, durante a Conferência de Versalhes - que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra.[13]

Em 1921, com o "coração enjoado da política", renuncia à cadeira de senador. Jubileu político ao lado dos moços doutorandos de São Paulo. A Bahia, que ele chamou de "mãe idolatrada", reelege-o senador novamente, e ele diz: "É um ato de obediência, em que abdico da minha liberdade, para me submeter às exigências do meu Estado natal". Recusa o cargo de Juiz Permanente na Corte de Haia (ocupado posteriormente por Epitácio Pessoa). Ainda no mesmo ano, recusa projeto do senador Félix Pacheco para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro, dizendo: "A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".

Em julho de 1922 sofre um grave edema pulmonar, com iminência de morte. Meses depois, em fevereiro de 1923, sofre uma paralisia bulbar. Dr. Ruy diz a seu médico: "Doutor, não há mais nada a fazer". A 1º de março de 1923 falece em Petrópolis, à tarde, aos 73 anos de idade tendo como últimas palavras: "Deus, tende compaixão de meus padecimentos".

Seu corpo foi sepultado em um grande mausoléu familiar, no Cemitério de São João Batista, onde repousou até 1949. Nas comemorações de seu centenário de nascimento, seus restos mortais foram exumados e trasladados para a cidade de Salvador, onde se encontram até hoje.

Genealogia

Ruy Barbosa de Oliveira era filho do médico João José Barbosa de Oliveira (1818-1874) e de d. Maria Adélia Barbosa de Almeida (falecida em 1867). Maria Adélia era prima sobrinha de João José e, graças a isso, Ruy Barbosa era primo neto de seu próprio pai.

João José Barbosa de Oliveira era filho de Rodrigo António Barbosa de Oliveira, nascido em Salvador em 1768, e de Maria Soares Simas. Era neto paterno do sargento-mor de ordenanças António Barbosa de Oliveira, natural do Porto (Portugal) e de Ana Maria de Sousa e Castro.

Maria Adélia Barbosa de Almeida era filha do major Caetano Vicente de Almeida (falecido em 1857)[14] e de Luiza Clara Joaquina Barbosa de Oliveira (falecida em 1867). Luísa era filha do capitão António Barbosa de Oliveira e de Ignacia Feliciana Joaquina Soares Serpa e era neta paterna do sargento-mor de ordenanças António Barbosa de Oliveira, natural do Porto (Portugal) e de Ana Maria de Sousa e Castro.

Foram tios de Ruy Barbosa (irmãos de Maria Adélia Barbosa de Almeida) o bacharel Caetano Vicente de Almeida Jr. (1811-1890), que se tornou o Barão de Mucuri em 23 de janeiro de 1887, e o também bacharel Luís Antônio Barbosa de Almeida (1812-1892), que na qualidade de vereador da Câmara Municipal de Salvador atuou na revolta da Sabinada (1837).

Os descendentes de Ruy Barbosa com d. Maria Augusta Viana Bandeira levam o sobrenome "Ruy Barbosa". Em suas primeiras gerações, esta foi uma família de diplomatas, o que ajudou a fortalecer o mito de que a carreira diplomática é transmitida de pai para filho.[14]

Entre os descendentes de Ruy Barbosa está a atriz da Rede Globo Marina Ruy Barbosa, sua tetraneta.[14] Marina nasceu no Rio de Janeiro em 1995 e é filha do fotógrafo Paulo Ruy Barbosa e da artista plástica Gioconda de Sousa. É neta paterna de Paulo Marcos Saraiva e de Marina Ruy Barbosa, que por sua vez é filha do diplomata Armando Braga Ruy Barbosa e de Yolette Miranda. Armando era filho de Alfredo Ruy Barbosa (1879-1939), oficial da Marinha, bacharel em Direito e deputado federal pela Bahia, e de Marina Braga. Alfredo foi o segundo filho de Ruy Barbosa.

Academia Brasileira de Letras

Ruy Barbosa foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e escolheu Evaristo da Veiga como patrono da cadeira 10. Foi presidente da ABL de 1908 a 1919.

Vida política

  • Deputado Provincial - 1878
  • Deputado Geral - 1878 a 1881
  • Deputado Geral - 1882 a 1884
  • Ministro da Fazenda - 1889 a 1891
  • Senador - 1890 a 1892
  • Senador - 1892 a 1897
  • Senador - 1897 a 1906
  • Senador - 1906 a 1915
  • Senador - 1915 a 1921

Principais obras

  • Visita à Terra Natal
  • Figuras Brasileiras
  • Contra o Militarismo
  • Correspondencia de Ruy
  • Mocidade e Estilo
  • Castro Alves: Elogio do Poeta pelos Escravos, 1881
  • O Papa e o Concílio, 1877
  • O Anno Político de 1887
  • Relatório do Ministro da Fazenda, 1891
  • Finanças e Políticas da República: Discursos e Escritos,1893
  • Os Atos Inconstitucionais do Congresso e do Executivo ante a Justiça Federal, 1893
  • Cartas de Inglaterra, 1896
  • Anistia Inversa: Caso de Teratologia Jurídica, 1896
  • Posse dos Direitos Pessoais, 1900
  • O Código Civil Brasileiro, 1904
  • Discurso, 1904
  • O Acre Septentrional, 1906
  • Actes et discours. La Haye: W.P. van Stockum et Fils, 1907
  • O Brasil e as Nações Latino Americanas na Haia, 1908
  • O Direito do Amazonas ao Acre Septentrional, 1910
  • Excursão Eleitoral aos Estados da Bahia e Minas Gerais: Manifestos à Nação, 1910
  • Plataforma, 1910
  • Ruy Barbosa na Bahia, 1910
  • O Dever do Advogado, 1911[15]
  • O Sr. Ruy Barbosa, no Senado, responde às insinuações do Sr. Pinheiro Machado, 1915
  • Problemas de Direito Internacional. Londres: Jas.Trucott&Son, 1916
  • Conferência. Londres: Eyre and Spottiswoode Ltda, 1917
  • Oswaldo Cruz, 1917
  • Oração aos Moços, 1920[16]

Homenagens

Rui Barbosa em moeda de 20 centavos de cruzeiro de 1953.

Logo após sua morte, o jurista baiano João Mangabeira, seu discípulo, fez o discurso em sua homenagem e memória. Em 5 de novembro de 1924, Otávio Mangabeira, lembrando a data de seu nascimento, fez o seguinte discurso:

Última frase

Ruy fez seu testamento político na fórmula de um epitáfio, que ele mesmo escreveu para sua pedra funerária:

No bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro um logradouro tem seu nome, a Avenida Rui Barbosa, que liga a Praça Nicarágua à Praça Cuauhtémoque.

No bairro de Heliópolis, em Garanhuns, um logradouro também tem seu nome, a Avenida Rui Barbosa, que é o segundo maior pólo de comércio e serviços da cidade.

Cem anos de nascimento

Em comemoração ao primeiro centenário de seu nascimento, Ruy Barbosa foi homenageado com a inauguração do Fórum Ruy Barbosa. A partir de então, o prédio passou a abrigar os seus restos mortais que foram transferidos do Rio de Janeiro para a Bahia e onde permanecem até hoje, como desejou o Desembargador Pedro Ribeiro. Na época, o escultor Mário Cravo Junior foi convidado a criar uma escultura, nomeada pelo artista como Cabeça de Ruy Barbosa. Na Sessão Conjunta solene do Congresso Nacional foram oradores deputado João Mangabeira e o Senador Clodomir Cardoso. Em 1999 o Banco do Brasil relembrou os 150 anos do nascimento de Ruy Barbosa, e em homenagem a ele, a empresa confeccionou camisetas, marca páginas e calendários. Com esses objetos, os gerentes das agências do BB presentearam alguns correntistas e funcionários das mesmas.

O maior brasileiro da história

Um juri convidado pela revista Época elegeu Ruy Barbosa "O Maior Brasileiro da História".[17]

O maior baiano de todos os tempos

Em 2013, o jornal baiano A Tarde realizou uma votação com um júri de 214 personalidades de diversas áreas para escolher "O Maior Baiano de Todos os Tempos". No total, indicaram como potenciais concorrentes ao título 122 personalidades, e Ruy Barbosa foi o eleito. [18]

Representações na cultura

Efígie de Ruy Barbosa em nota de Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros).

Ruy Barbosa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Edmundo Lopes no filme Vendaval Maravilhoso (1949), Renato Borghi na minissérie Mad Maria (2005) e Camilo Beviláqua no filme Brasília 18% (2006).

Imprimiu-se também sua efígie nas notas de Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) emitidas entre 1984 e 1986, bem como nas cédulas de Cz$ 10,00 (dez cruzados) emitidas em 1986.

Ortografia do prenome

Entre 1943 e 2015, vigeu no Brasil o Formulário Ortográfico de 1943, que recomendava que todos os nomes de personalidades brasileiras já mortas fossem reescritos de modo a adequar-se às regras ortográficas da língua portuguesa - assim, o prenome do biografado podia, até 2015,[1] ser grafado Rui.[19][20][21] A Fundação Casa de Rui Barbosa, instituição pública federal vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil, foi criada com a grafia Rui.[22]

A confusão na ortografia de nomes de personalidades históricas não ocorria apenas no caso de Ruy/Rui Barbosa, mas também afeta figuras como Euclydes da Cunha (que, durante a vigência do Formulário Ortográfico de 1943, se grafava Euclydes) ou Eça de Queiroz (que se grafava Queirós).[23][24] No caso de Ruy/Rui Barbosa, mesmo órgãos estatais divergiam sobre a grafia que deve ser adotada. Enquanto a Fundação Casa de Rui Barbosa usa o nome com a forma ortográfica prescrita no hoje revogado Formulário Ortográfico de 1943, na Bahia o município batizado em homenagem ao grande nome da história brasileira é "Ruy Barbosa".[25] Existem logradouros, como praças e ruas, bem como instituições, que usam "Rui", e outras tantas que usam "Ruy".[26][27]

Ver também

Referências

  1. a b «Ruy Barbosa ou Rui Barbosa? Euclides ou Euclydes? Queiroz ou Queirós?». DicionarioeGramatica.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2016 
  2. «"De tanto ver triunfar as nulidades...", texto de Ruy Barbosa que merece ser lido na íntegra». 2011. Consultado em 3 de outubro de 2015 
  3. «Ruy Barbosa». 2009. Consultado em 20 de maio de 2010 
  4. ABREU, Alzira de; LAMARÃO, Sérgio (organizadores). Personalidades da política externa brasileira. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2007.
  5. "Escravos: povo marcado", Felipe van Deursen. Aventuras na História
  6. a b c d PORTO, Walter Costa, O voto no Brasil, Editora Topbooks, 2002.
  7. Barbosa, Ruy, Excursão eleitoral ao Estado de São Paulo, Casa Garraux, São Paulo, 1909
  8. Citado por Freitas Nobre no prefácio de A imprensa e o dever da verdade, de Ruy Barbosa. 3ª edição, atualizada e revista. São Paulo: Com-Arte; Editora da Universidade de São Paulo, 1990. Clássicos do Jornalismo Brasileiro.
  9. Helena Roldão (17 de junho de 2014). «Ficha histórica: Argus: revista mensal ilustrada (1907).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de Setembro de 2014 
  10. Mudanças e permanências na rede viária do Contestado: Uma abordagem acerca da formação territorial do sul do Brasil, por Nilson Cesar Fraga.
  11. Ruy Barbosa - curiosidades e fatos Interessantes
  12. Biografia
  13. Ruy Barbosa - estadista e escritor brasileiro
  14. a b c SAID, Fabio M. O clã Almeida de Caravelas e Alcobaça. São Paulo: edição do autor, 2010. pp. 175-187. ISBN 978-85-910098-1-7.
  15. BARBOSA, Rui. O dever do advogado. Carta a Evaristo de Morais; prefácio de Evaristo de Morais Filho. 3ª ed. rev. Rio de Janeiro : Edições Casa de Rui Barbosa, 2002.
  16. http://books.google.com/books?id=4SXbdpSart8C&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=false
  17. http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR75278-6014,00.html De tanto ver triunfar as nulidades... o júri de ÉPOCA resolveu escolher Ruy Barbosa o maior brasileiro de todos os tempos]
  18. «"Ruy Barbosa, O Maior Baiano de Todos os Tempos». A Tarde. 15 de setembro de 2013. Consultado em 17 de setembro de 2013 
  19. MACHADO, José Pedro - Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte, 1981.
  20. Nomes de pessoas: como escrever?
  21. Manuel de Redação d'O Estado de S. Paulo: Esclareça as suas dúvidas :: Nomes próprios
  22. Fundação Casa de Rui Barbosa: Qual a grafia correta, Rui ou Ruy?
  23. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0712200225.htm Controvérsia sobre grafia de nome é histórica]
  24. http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/dicas_quandoumnome.htm Quando um nome passa a ser um problema
  25. http://www.ruybarbosa.ba.gov.br/ Página oficial do Município de Ruy Barbosa]
  26. http://www.frb.edu.br/institucional/ Faculdade Ruy Barbosa]
  27. http://www.frb.edu.br/institucional/casa-de-ruy-barbosa/ Casa de Ruy Barbosa]

Bibliografia

Cardim, Carlos Henrique. "A raiz das coisas. Rui Barbosa: o Brasil no Mundo" Civilização Brasileira, 2007 ISBN 9788520008355

Ligações externas

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Precedido por
Afonso Celso de Assis Figueiredo
Ministro da Fazenda do Brasil
1889 — 1891
Sucedido por
Tristão de Alencar Araripe
Precedido por
Cândido Luís Maria de Oliveira
Ministro da Justiça do Brasil
1889
Sucedido por
Campos Sales
Precedido por
Evaristo da Veiga
(patrono)
ABL - fundador da cadeira 10
1897 — 1919
Sucedido por
Laudelino Freire
Precedido por
Machado de Assis
Presidente da Academia Brasileira de Letras
1908 — 1919
Sucedido por
Domício da Gama