Saltar para o conteúdo

Guerra Fria: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Xqbot (discussão | contribs)
m r2.7.3) (Robô: A adicionar: tt:Салкын сугыш
Etiqueta: Remoção considerável de conteúdo
Linha 97: Linha 97:
Esta polarização dos conflitos locais entre apenas dois grandes polos de poder mundial, é que justifica a caracterização da polaridade deste período como bipolar. Principalmente porque, mesmo que tenham existido outras potências regionais entre 1945 e 1991, apenas Estados Unidos e URSS tinham capacidade nuclear de segundo ataque, ou seja, capacidade de dissuasão [[Arma nuclear|nuclear]].
Esta polarização dos conflitos locais entre apenas dois grandes polos de poder mundial, é que justifica a caracterização da polaridade deste período como bipolar. Principalmente porque, mesmo que tenham existido outras potências regionais entre 1945 e 1991, apenas Estados Unidos e URSS tinham capacidade nuclear de segundo ataque, ou seja, capacidade de dissuasão [[Arma nuclear|nuclear]].


muahahahha
== História ==
=== A Crise no Pós-Guerra ===
{{História da Guerra Fria}}
Com o final da [[Segunda Guerra Mundial]], a Europa estava arrasada e ocupada pelos exércitos das duas grandes potências vencedoras, os Estados Unidos e a URSS. O desnível entre o poder destas duas [[superpotência]]s e o restante dos países do mundo era tão gritante, que rapidamente se constitui um sistema global bipolar, ou seja, centrada em dois grandes polos.

Os Estados Unidos defendiam a economia [[Capitalismo|capitalista]], argumentando ser ela a representação da [[democracia]] e da [[liberdade]]. Em contrapartida a URSS enfatizava o [[socialismo]], argumentando defesa ao domínio [[Burguesia|burguês]] e solução dos problemas sociais.

[[Imagem:Yalta summit 1945 with Churchill, Roosevelt, Stalin.jpg|thumb|esquerda|[[Churchill]], [[Franklin Delano Roosevelt|Roosevelt]] e [[Stalin]] na [[Conferência de Ialta]], 1945.]]

Sob a influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos liderados cada um por uma das superpotências: a [[Europa Ocidental]] e a [[América Central]] e do [[Sul]] sob influência cultural, ideológica e econômica estadunidense, e parte do [[Ásia Oriental|Leste Asiático]], [[Ásia central]] e [[Leste europeu]], sob influência soviético. Assim, o mundo dividido sob a influência das duas maiores potências econômicas e militares da época, estava também polarizado em duas ideologias opostas: o [[Capitalismo]] e o [[Socialismo]] totalitario.

Entretanto era notória deste o início da Guerra Fria a superioridade [[norte americana]].{{Carece de fontes|data=dezembro de 2011}} Em [[1945]] os Estados Unidos tinham metade do [[PIB]] mundial, 2/3 das reservas mundiais de [[ouro]], 60% da capacidade [[Indústria|industrial]] ativa do mundo, 67% da capacidade produtora de [[petróleo]], além da maior [[Marinha dos Estados Unidos da América|Marinha]] e da maior [[Força Aérea dos Estados Unidos|Força Aérea]] que existia. Seus exércitos ocupavam parte da [[Europa]] ocidental e o [[Japão]], algumas das zonas foram as mais ricas e industrializadas do mundo antes da Guerra. Também ocupavam parte do [[sudeste asiático]], especificamente metade da [[península da Coreia]] e grande parte das ilhas do Pacífico. O território continental americano nunca havia sido realmente ameaçado durante a [[Segunda Guerra Mundial]], sendo que a batalha travada geograficamente mais próxima do continente foi a de [[Pearl Harbor]], no [[Havai]].

Por sua vez a [[União Soviética]] ocupava a metade oriental da Europa e a metade norte da [[Ásia]], uma parte da [[Manchúria]] e da Coreia, regiões tradicionalmente agrícolas e pobres. O próprio território soviético havia sido palco de batalhas durante a II Guerra Mundial, contra divisões alemãs. O resultado é que em 1945 os Estados Unidos contabilizavam cerca de 500 mil mortos na guerra, contra cerca de 20 milhões de soviéticos mortos (civis e militares). Centenas de [[cidade]]s soviéticas estavam destruídas em 1945. A maior parte das indústrias, da capacidade produtiva agrícola e da [[infraestrutura]] de [[transportes]], [[energia (sociedade)|energia]] e [[comunicações]] estava destruída ou seriamente comprometida.

==== Operação Impensável ====
{{artigo principal|[[Operação Impensável]]}}

Operação Impensável é o nome de um plano inicial de guerra feito pelo governo britânico em [[1945]]. Tal operação consistia na invasão da então [[União Soviética]] por forças militares britânicas, poloneses exilados, americanos e mesmo alemães recém rendidos.

==== Bloqueio de Berlim (Junho/1948 - Maio/1949) ====
{{Ver artigos principais|[[Bloqueio de Berlim]], [[Desnazificação]], [[Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha]], [[Zonas ocupadas pelos Aliados na Áustria]]}}

Após a derrota alemã na Segunda Guerra, os países vencedores lhe impuseram pesadas sanções. Dentre as quais a divisão da Alemanha em 4 áreas administrativas, cada uma chefiada por um dos vencedores: [[Estados Unidos]], [[França]], [[Reino Unido]] e [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas|União Soviética]] e duas zonas de influência: Capitalista e Socialista. [[Berlim]], a capital da Alemanha, também foi dividida, ainda que sob território de influência soviética. A comunicação entre o lado ocidental da cidade fragmentada e as outras zonas era feita por pontes aéreas e terrestres.

[[Imagem:C-47s at Tempelhof Airport Berlin 1948.jpg|thumb|[[C-47]] no [[Aeroporto de Berlin-Tempelhof|Aeroporto de Tempelhof]] em Berlim durante o [[Bloqueio de Berlim]].]]

Em [[1948]], numa tentativa de controlar a [[inflação]] galopante da Alemanha, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido criaram uma "trizona" entre suas zonas de influência, para fazer valer nestes territórios o ''Deutsche Mark'' ([[Marco alemão]]). [[Josef Stalin]], então líder da URSS, reprovou a ideia e, como contra-ataque, procurou reunificar Berlim sob sua influência. Desse modo, em [[23 de Junho]] de 1948, todas as rotas terrestres foram fechadas pelas [[tropa]]s soviéticas, privando a cidade de alimentos e combustiveis, numa violação dos acordos da [[Conferência de Ialta]].

Para não abandonar as zonas ocidentais de Berlim e dar vitória à União Soviética, os países ocidentais prontificaram-se a criar uma grande [[Ponte aérea (Logística)|ponte aérea]], em que aviões de transporte de cargas [[estado-unidenses]], ingleses, e australianos saíam da "trizona" levando mantimentos aos mais de dois milhões de berlinenses que viviam no ocidente da cidade. Stalin reconheceu a derrota dos seus planos em [[12 de Maio]] de [[1949]]. Pouco depois, as zonas estadunidense, francesa e britânica se unificaram, originando a ''Bundesrepublik Deutschland'' (República Federativa da Alemanha ou [[Alemanha Ocidental]]), cuja capital era [[Bonn]]. Da zona soviética surgiu a ''Deutsche Demokratische Republik'' (República Democrática Alemã ou [[Alemanha Oriental]]), com capital [[Berlim]], a porção oriental.<ref>{{Citar livro|url= |autor=Juarez Leitão |coautor= |título=História Geral |subtítulo= |idioma=Português |edição= |local=Fortaleza |editora=Lowes |ano=1997 |página=393 |páginas= |isbn= |acessodata=24 de setembro de 2012 }}</ref><ref>Guerra Fria foi assim chamada, “fria”, porque não houve uma guerra direta ou seja bélica, "quente", entre as duas superpotências. A guerra acontece no período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos (que defendia o capitalismo) e a União Soviética (que era comunista), compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. Os soviéticos controlavam os países do Leste europeu, enquanto os Estados Unidos tentavam manter sua influencia sobre o restante da Europa. A tensão aumento na décadas seguintes à medida que os Estados Unidos e a União Soviética acumulavam armas nucleares. Os paises queriam expandir seus ideais pelo mundo, como eram ideais diferente, um do outro, a guerra começa. No começo da [[década de 1990]], a então a União Soviética começou a acelerar o fim do socialismo no país e em seus aliados. Com reformas econômicas, acordos com os Estados Unidos e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.</ref>

=== Plano Marshall e COMECON ===
{{Ver artigos principais|[[Plano Marshall]], [[Conselho para Assistência Econômica Mútua|COMECON]]}}

[[Imagem:Marshall Plan.svg|thumb|esquerda|Mapa da [[Europa]] mostrando os [[país]]es que receberam ajuda do [[Plano Marshall]]. As colunas azuis mostram a quantidade total relativa de ajuda por país.]]

A fragilização das nações europeias, após uma guerra violenta, permitiu que os Estados Unidos estendessem uma série de apoios econômicos à Europa aliada, para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo. Assim, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, [[George Marshall]], propõe a criação de um amplo plano econômico, que veio a ser conhecido como [[Plano Marshall]]. Tratava-se da concessão de uma série de [[empréstimo]]s a baixos [[juro]]s e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente. Durante os primeiros anos da Guerra Fria, principalmente, os Estados Unidos fizeram substanciais investimentos nos países [[aliados]], com notável destaque para o Reino Unido, a França e a Alemanha Ocidental.

O [[Japão]], entre [[1947]] e [[1950]], recebeu menos apoio americano. A situação só se transformou com a explosão da [[Guerra da Coreia]], que fez do Japão o principal aliado das tropas das [[ONU|Nações Unidas]]. Após a declaração da guerra, os americanos realizaram importantes investimentos na economia japonesa, que também foi impulsionada com a [[demanda]] de guerra.

Em [[1951]] foi elaborado o [[Plano Colombo]], uma organização realizada por países do Sudeste Asiático, com intenções de reestruturação social. Os norte-americanos realizaram alguns investimentos para estimular a economia do sub-continente, mas o volume de capital investido foi muito menor ao destacado para o Plano Marshall, porém bem menos ambicioso, para estimular o desenvolvimento de países do sul e sudeste da [[Ásia]].

Em resposta ao plano econômico estadunidense, a União Soviética propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECON ([[Conselho para Assistência Econômica Mútua]]). O COMECON fora proposto como maneira de impedir os países-satélites da [[União Soviética]] de demonstrar interesse no Plano Marshall, e não abandonarem a esfera de influência de [[Moscou]].

=== Corrida armamentista ===
{{artigo principal|[[Corrida armamentista]]}}

[[Imagem:Operation Upshot-Knothole - Badger 001.jpg|thumb|[[Teste nuclear]] realizado em [[18 de Abril]] de [[1953]] na [[Área de Testes de Nevada]].]]

Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas potências vencedoras dispunham de uma enorme variedade de [[arma]]s, muitas delas desenvolvidas durante o conflito, outras obtidas dos cientistas alemães e japoneses.

Novos [[tanque]]s, [[aviões]], [[submarino]]s, navios de guerra e [[Míssil balístico|mísseis balísticos]] constituíam as chamadas armas convencionais. Mas também haviam sido desenvolvidas novas gerações de armas não convencionais, como [[armas químicas]], que praticamente não foram utilizadas em batalha. A Alemanha que desenvolveu a maior indústria de armas químicas do mundo, utilizou esses gases mortais em câmaras de gás nos [[campos de concentração]]. Algumas [[armas biológicas]] foram testadas, principalmente pelo Japão na China ocupada, mas a tecnologia da época ainda era muito pouco eficiente. O maior destaque ficou com uma nova arma não-convencional, mais poderosa que qualquer outra arma já testada até então: [[bomba atómica]]. Só os Estados Unidos tinham essa tecnologia, o que aumentava em muito seu poderio bélico e sua superioridade militar estratégica em relação aos soviéticos.

A União Soviética iniciou então seu programa de pesquisas para também produzir tais bombas, o que conseguiu em [[1949]]. Mas logo a seguir, os Estados Unidos testavam a primeira [[bomba de hidrogênio]], centena de vezes mais poderosa. A União soviética levaria até 1953 para desenvolver a sua versão desta arma, dando início a uma nova geração de ogivas nucleares menores, mais leves e mais poderosas.

A União Soviética obteve a tecnologia para armas nucleares através de espionagem. Em 1953, nos Estados Unidos, o casal [[Julius e Ethel Rosenberg]] foi condenado a morte por transmitir à União Soviética segredos sobre a bomba atómica norte americana.

Essa corrida ao armamento era movida pelo receio recíproco de que o inimigo passasse a frente na produção de armas, provocando um desequilíbrio no cenário internacional. Se um deles tivesse mais armas, seria capaz de destruir o outro.

A corrida atingiu proporções tais que, já na [[década de 1960]], os Estados Unidos e a URSS tinham armas suficiente para vencer e destruir qualquer outro país do mundo. Uma quantidade tal de armas nucleares foi construída, que permitiria a qualquer uma das duas superpotências, sobreviver a um ataque nuclear maciço do adversário, e a seguir, utilizando apenas uma fração do que restasse do seu arsenal, pudesse destruir o mundo. Esta capacidade de sobreviver a um primeiro ataque nuclear, para a seguir retaliar o inimigo com um segundo ataque nuclear devastador, produziu medo suficiente nos líderes destes dois países para impedir uma Guerra Nuclear, sintetizado em conceitos como [[Destruição Mútua Assegurada]] ou "[[Equilíbrio do terror]]".

=== OTAN e Pacto de Varsóvia ===
{{artigos principais|[[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]], [[Pacto de Varsóvia]]}}

Em 1949 os Estados Unidos e o [[Canadá]], juntamente com a maioria dos países europeus, suportados alguns destes com governos que incluiam os socialistas, criaram a OTAN ([[Organização do Tratado do Atlântico Norte]]), uma aliança militar com o objetivo de proteção internacional em caso de um suposto ataque dos países do leste europeu.

Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o [[Pacto de Varsóvia]] ([[1955]]) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes.

[[Imagem:Map of Warsaw Pact countries.png|thumb|350px|esquerda|Mapa dos [[país]]es pertencentes ao [[Pacto de Varsóvia]].]]

A tensão sentida pelas pessoas com relação às duas superpotências acentuou-se com o início da corrida armamentista, cujo “vencedor” seria a potência que produzisse mais armas e mais tecnologia bélica. Em contraponto, a corrida espacial trouxe grandes inovações tecnológicas e proporcionou um grande avanço nas telecomunicações e na informática.

O [[macartismo]], criado pelo [[senador]] estadunidense [[Joseph McCarthy]] nos [[Década de 1950|anos 50]], culminou na criação do [[Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos]]. Em outras palavras, toda e qualquer atividade pró-comunismo estava terminantemente proibida e qualquer um que as estimulasse estaria sujeito à prisão ou [[extradição]]. Inúmeros artistas e produtores de filmes ou de programas de televisão que criticavam o governo americano foram acusados de comunistas. Foi criada a [[Lista Negra de Hollywood]] contendo os nomes de pessoas do meio artístico acusados de atividades antiamericanas.

A era do macartismo acabou por extirpar do meio artístico americano a maior parte dos produtores progressistas ou simpatizantes da [[esquerda]]. A [[URSS]] aplicou extensivamente o [[Artigo 58 (Código Penal da República Socialista Russa)|Artigo 58 de seu Código Penal]] na [[Zona de ocupação soviética na Alemanha]], onde as pessoas eram internadas como "espiões" pela simples suspeita de oposição ao regime stalinista, como pelo simples ato de contatar organizações com base nas [[Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha|Zonas ocupadas pelos Aliados]] ocidentais.<ref name=Cornelius129>Kai Cornelius, ''Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen'', BWV Verlag, 2004, p.129, ISBN 3-8305-1165-5</ref> No campo especial da [[NKVD]] em [[Bautzen]], 66% dos presos, tinham sido encarcerados por suspeita de apoiarem o capitalismo .<ref name=Cornelius129/>

=== Guerra da Coreia (Junho/1950 - Julho/1953) ===
{{artigo principal|[[Guerra da Coreia]]}}

O único grande confronto militar que envolveu batalhas em que de um lado haviam forças militares americanas e do outro forças soviéticas, foi a Guerra da Coreia. A [[península da Coreia]] foi dividida, em [[1945]], pelo [[paralelo 38 N]], em duas zonas de influência: uma ao norte, ocupada pela União Soviética, e a partir de [[1949]] pela [[República Popular da China]], [[comunista]]; era a [[Coreia do Norte|República Popular Democrática da Coreia]]. A outra porção, ao sul do paralelo 38 N, foi ocupada pelas tropas americanas e permaneceu capitalista com apoio das nações ocidentais passou a ser conhecida como [[Coreia do Sul|República da Coreia]].

[[Imagem:Crossing the 38th parallel.jpg|thumb|direita|Forças das [[Nações Unidas]] em retirada da [[Coreia do Norte]], após o [[armistício]].]]

Em [[1950]], os líderes da [[Coreia do Norte]], incentivada pela vitória do socialismo na China um ano antes, recebeu apoio da [[URSS]] para tentar reunificar a Coreia sob o comando de um governo socialista, invadiu e ocupou a capital sul-coreana [[Seul]], desencadeando um conflito armado. Os Estados Unidos solicitaram ao [[Conselho de Segurança]] das [[Nações Unidas]], a formação de uma força multinacional para defender a Coreia do Sul. Na ocasião a URSS se recusou a participar da reunião do [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] em que esta medida foi discutida, e os Estados Unidos conseguiram legitimar a primeira grande batalha militar da Guerra Fria contra o bloco soviético.

As tropas anglo-americanas fizeram a resistência no sul, reconquistando a cidade e partindo em uma investida contra o norte. A [[China]], sentindo-se ameaçada pela aproximação das forças ocidentais, enviou reforços à frente de batalha, fazendo da Coreia um grande campo de batalha.

Após muitas batalhas, com avanços e recuos de ambos os lados, um primeiro acordo de paz é negociado, mas demora dois anos para ser ratificado. O General americano [[Douglas MacArthur]] chegou a solicitar o uso de armas nucleares contra a Coreia do Norte e a China, mas foi afastado do comando das forças americanas.

Apenas quando a União Soviética já havia testado sua primeira bomba de hidrogênio, em 1953, é que um [[armistício]] foi assinado em [[Panmunjon]], em [[27 de Julho]] de [[1953]]. O acordo manteve a península da Coreia dividida em dois Estados soberanos, praticamente como antes do início da guerra, com mudanças mínimas na linha de fronteira. Essa divisão da Coreia em dois países se mantém até hoje. Em Junho de [[2000]], os governos das duas Coreias anunciaram planos de reaproximação dos dois países. Isso significou o início da desmilitarização da região, a diminuição do isolamento internacional da Coreia do Norte e, para milhares de coreanos, a possibilidade de reencontrar parentes separados há meio século pelo conflito. Pela tentativa, o então presidente da Coreia do Sul, [[Kim Dae Jung]], recebeu o [[Prêmio Nobel da Paz]] em 2000.

=== Operação Washtub ===
{{artigo principal|[[Operação Washtub]]}}

A Operação Washtub, foi uma operação secreta da [[CIA]] organizada para plantar um falso esconderijo de armas Soviético na [[Nicarágua]] para demonstrar que a [[Guatemala]] tinha laços com [[Moscou]]. A operação fazia parte de um plano para derrubar o Presidente da Guatemala, [[Jacobo Arbenz Guzmán]] em [[1954]].

=== Corrida Espacial ===
{{artigo principal|[[Corrida espacial]]}}

[[Imagem:Yuri Gagarin (NASA).jpg|thumb|esquerda|[[Yuri Gagarin]], a primeira [[pessoa]] no espaço ([[1961]]).]]

Um dos campos que mais se beneficiaram com a Guerra Fria foi o da [[tecnologia]].<ref name="InfoEscola"/> Na urgência de se mostrarem superiores aos rivais, [[Estados Unidos]] e [[União Soviética]] procuraram melhorar os seus arsenais militares. Como consequência, algumas tecnologias conhecidas hoje (como alguns tecidos sintéticos) foram frutos dessa corrida.

A corrida espacial está nesse contexto. A tecnologia aeroespacial necessária para o lançamento de mísseis e de foguetes é praticamente a mesma, e portanto os dois países investiram pesadamente na tecnologia espacial.<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/historia/corrida-espacial/ |título=Corrida Espacial |acessodata=02 de outubro de 2012 |autor=Antonio Gasparetto Junior |coautores= |data=8 de outubro de 2008 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=InfoEscola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>

Sentindo-se ameaçada pelos [[Bombardeiro estratégico|bombardeiros estratégicos]] americanos, carregados de artefatos nucleares que sobrevoavam as fronteiras com a URSS constantemente, a URSS começou a investir em uma nova geração de armas que compensasse esta debilidade estratégica. Assim, a União Soviética dá início à corrida espacial no ano de [[1957]], quando os soviéticos lançaram [[Sputnik 1]], o primeiro artefato humano a ir ao espaço e orbitar o [[Terra|planeta]]. Em novembro do mesmo ano, os russos lançaram [[Sputnik 2]] e, dentro da nave foi a bordo o primeiro ser vivo a sair do planeta: a cadela [[Laika]].

Após as missões Sputnik, os Estados Unidos entraram na corrida, lançando o [[Explorer I]], em [[1958]]. Mas a União Soviética tinha um passo na frente, e em [[1961]] os soviéticos conseguiram lançar a [[Vostok 1]], que era tripulada por [[Yuri Gagarin]], o primeiro ser humano a ir ao espaço e voltar são e salvo.

[[Imagem:Aldrin Apollo 11.jpg|thumb|[[Astronauta]] [[Buzz Aldrin]] fotografado por [[Neil Armstrong]] (o primeiro homem a pisar na [[Lua]]) durante a missão [[Apollo 11]], em [[20 de Julho]] de [[1969]].]]

A partir daí, a rivalidade aumentou a ponto de o presidente dos Estados Unidos, [[John F. Kennedy]], prometer enviar americanos à [[Lua]] e trazê-los de volta até o fim da década. Os soviéticos apressaram-se para vencer os estadounidenses na chegada ao satélite.<ref name="InfoEscola"/> As missões [[Zond]] deveriam levar os primeiros humanos a orbitarem a Lua, mas devido a falhas, só foi possível aos soviéticos o envio de missões não-tripuladas, [[Zond 5]] e [[Zond 6]], em [[1968]]. Os Estados Unidos, por outro lado, conseguiram enviar a missão tripulada [[Apollo 8]] no [[Natal]] de 1968 a uma órbita lunar.

O passo seguinte, naturalmente, seria o pouso na superfície da Lua. A missão [[Apollo 11]] conseguiu realizar com sucesso a missão, e [[Neil Armstrong]] e [[Edwin Aldrin]] tornaram-se os primeiros humanos, respectivamente, a caminhar em outro corpo celeste.<ref name="InfoEscola"/>

A corrida espacial se tornou secundária com a distensão dos anos 1960-1970, mas volta a ter relevância nos [[anos 1980]], no que pode ser considerado o último capítulo daquela disputa. O [[presidente dos Estados Unidos]] anuncia investimentos bilionários na construção de um sistema espacial de defesa anti-mísseis balísticos.<ref name="InfoEscola"/> A oficialmente denominada [[Iniciativa Estratégica de Defesa]] e conhecida como ''guerra nas estrelas,'' poderia defender o território americano dos mísseis russos e acabar com a lógica da Destruição Mútua Assegurada.

Neste contexto os Estados Unidos enviam ao espaço o primeiro veículo espacial reutilizáveis: o [[ônibus espacial]].<ref name="InfoEscola"/> A URSS levaria alguns anos para construir a sua versão do ônibus espacial, (o [[Buran]]) mas foi a primeira a colocar no espaço uma nave espacial armada de ogivas nucleares, a [[Polyus]], que teria sido destruída pelos próprios líderes soviéticos em [[1987]], quando já estavam avançadas as negociações diplomáticas para por fim à Guerra Fria.

=== Arpanet ===
{{Artigo principal|[[ARPANET]]}}

[[Imagem:Arpanet 1974.svg|thumb|esquerda|300px|[[Mapa]] da rede [[ARPANET]] em [[1972]].]]

Outro campo em que ocorreu grande desenvolvimento durante a Guerra Fria foi o das comunicações. Temendo um possível bombardeio soviético, durante a [[década de 1960]], [[O Pentágono]] financiou o desenvolvimento de um sistema de comunicação entre os [[computador]]es, que envolveu centros de pesquisa militares e civis, como algumas das principais universidades americanas. A rede de comunicações criada pela agência [[Arpa]] ficaria conhecida como [[Arpanet]].

A lógica do sistema era a seguinte: caso fosse feito um bombardeio soviético, a central de informações não estaria em um só lugar, mas sim em vários pontos conectados em uma rede, ou seja, cada nó da rede funcionaria como uma central, todas conectadas entre si. A infraestrutura da rede foi construída com [[fibra óptica]] para não sofrer interferência dos [[pulso eletromagnético|pulsos eletromagnéticos]] produzidos pelas [[explosões nucleares]].<ref>HERZ, Daniel K.''TV a Cabo: opções de hoje para o Brasil do século XXI''. XVI Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação - Intercom, 03 a 07/09/1993, Vitória, ES. p. 5-7</ref> O sistema foi inaugurado com sucesso em 1969, na [[Universidade da Califórnia]] (UCLA), com o envio de uma mensagem de caracteres para outro servidor.

Durante toda a [[década de 1970]] e [[década de 1980|1980]] o uso dessa tecnologia se manteve restrito a fins militares e acadêmicos. Somente em Convenção realizada no ano de 1987 a rede seria liberada para uso comercial. A partir de então a Arpanet passou a se chamar [[Internet]]. Em [[1990]], o físico inglês [[Tim Berners-Lee]] criaria o [[HTML]] (Linguagem de Marcação de Hipertexto). Na [[década de 1990]] a Internet passaria por um processo de expansão gigantesco, tornando-se um grande meio de comunicação da atualidade.

=== A coexistência pacífica ([[1953]]&nbsp;- [[1962]]) ===
[[Imagem:Nikita Khruchchev Colour.jpg|thumb|[[Nikita Khrushchov]].]]

{{Artigo principal|[[Coexistência pacífica]]}}

Após a morte de [[Stalin]], em [[1953]], [[Nikita Khrushchov]] subiu ao posto de Secretário-Geral do [[Partido Comunista da União Soviética]] e, portanto, governante dos soviéticos. Condenou os crimes de seu antecessor (ver: [[Discurso secreto]]) e pregou a política da coexistência pacífica entre os soviéticos e americanos, o que significaria os esforços de ambos os lados em evitar o conflito militar, havendo apenas confronto ideológico e tecnológico (corrida espacial). Houve apenas tentativas de espionagem. Esta política também possibilitou uma aproximação entre os líderes. Khrushchov reuniu-se diversas vezes com os presidentes americanos: com [[Dwight D. Eisenhower]], em [[1956]], no Reino Unido; em [[1959]] nos Estados Unidos; e em [[1960]] na França; e com Kennedy se encontrou uma vez, em [[1961]], em [[Viena]], [[Áustria]].

=== Os países não alinhados ===
{{Ver artigos principais|[[Conferência de Bandung]], [[Movimento Não Alinhado]]}}

Um grupo de países optou por não tomar parte na Guerra Fria. Em sua maioria, países [[África|africanos]], asiáticos e ex [[Colónia (história)|colônias]] europeias de [[independência]] recente. Para garantir sua neutralidade, os assim denominados [[País neutro|países não alinhados]] promoveram, em abril de 1955 e através da [[Conferência de Bandung]], a criação do ''Movimento Não Alinhado''. Seu objetivo era dar apoio e segurança aos [[países em desenvolvimento]] contra as duas superpotências. Condenavam o [[colonialismo]], [[imperialismo]] e o domínio de países estrangeiros em geral.<ref name="hsw">{{citar web|url=http://pessoas.hsw.uol.com.br/movimento-dos-nao-alinhados.htm|título=Informações básicas sobre o Movimento dos Países Não-Alinhados|autor=|data=|publicado=HowStuffWorks|acessodata=18 de dezembro de 2011}}</ref>

A primeira conferência do movimento foi realizada em setembro de 1961, na cidade de [[Belgrado]], com a presença de representantes de 25 países.<ref name="hsw" /> Nessas conferências, se torna óbvio os conflitos entre os países do movimento, como por exemplo, entre o [[Irã]] e o [[Iraque]], o que favorecia a posição das duas superpotências e até da [[China]]. Além disso, era difícil a neutralidade dos países por causa da fraca economia e agrava-se pelo atraso no desenvolvimento dos países recém-independentes.<ref name="DWWorld">{{citar web|url=http://www.dw-world.de/dw/article/0,,319303,00.html|título=1961: Termina a primeira Conferência dos Não Alinhados|autor=Doris Bulau|data=|publicado=DW World|acessodata=18 de dezembro de 2011}}</ref>

Com o fim da Guerra Fria e a extinção da [[União Soviética]], o princípio político de "neutralidade" deixou de ter um sentido comum.<ref name="DWWorld" />

=== Crises da Guerra Fria ([[1956]]&nbsp;- [[1962]]) ===
==== Revolução húngara (1956) ====
{{Ver artigos principais|[[Primavera de Praga]], [[Revolução Húngara de 1956]]}}
[[Imagem:Будапешт 56. Голова статуи Сталина.jpg|thumb|250px|Cabeça da estátua de [[Josef Stálin]], derrubada durante a revolução.]]

Na [[Hungria]], a ocupação da Hungria pelo [[Exército Vermelho]], após a [[Segunda Guerra Mundial]], garantiu a influência da [[União Soviética]] sobre a região.<ref>{{citar web|url=http://www.photius.com/countries/hungary/national_security/hungary_national_security_soviet_southern_grou~105.html|título=Hungary Soviet Southern Group of Forces in Hungary |autor=|data=|publicado=|acessodata=20 de dezembro de 2011|língua2=en}}</ref> O país no período pós-guerra tornou-se uma democracia [[pluripartidarismo|pluripartidária]], até 1949, quando a [[República Popular da Hungria]] foi declarada<ref>{{citar web|url=http://mek.niif.hu/01200/01274/01274.pdf|título=REPORT OF THE SPECIAL COMMITTEE ON THE PROBLEM OF HUNGARY|autor=|data=|publicado=|acessodata=20 de dezembro de 2011|língua2=en}}</ref> e tornou-se um estado comunista liderado por [[Mátyás Rákosi]].<ref>'''Video''': Hungary in Flames [http://files.osa.ceu.hu/holdings/selection/rip/4/av/1956-43.html CEU.hu] produtor: CBS (1958) - Fonds 306, Materiais audiovisuais relacionados à evolução Húngara de 1956, Arquivo OSA, Budapeste, número ID da Hungria: HU OSA 306-0-1:40}}</ref> Com o novo governo, começou uma série de prisões em [[campo de concentração|campos de concentração]], torturas, julgamentos e deportações para o leste. A economia não estava indo bem, sofria com a desvalorização da moeda húngara, o [[pengő]], considerada uma das mais altas [[hiperinflação|hiperinflações]] conhecidas.

Esgotados com os índices econômicos cada vez piores e com os governos de [[Enrö Gero]] e Mátyás Rákosi, a população tomou as ruas de [[Budapeste]] na noite de 23 de outubro de 1956.<ref name="Brasil Escola">{{citar web|url=http://guerras.brasilescola.com/seculo-xx/revolucao-hungara-1956.htm|título=Revolução Húngara de 1956|autor=Rainer Souza|data=|publicado=Brasil Escola|acessodata=20 de dezembro de 2011}}</ref> O objetivo desse levante era o fim da ocupação da União Soviética e a implantação do "socialismo verdadeiro".<ref>{{citar web|url=http://www.igeduca.com.br/biblioteca/que-dia-e-hoje/comeca-a-revolucao-hungara3458.html|título=23/10/1956 - Começa a Revolução Húngara|autor=|data=|publicado=|acessodata=20 de dezembro de 2011}}</ref> Houve um confronto entre autoridades policiais e manifestantes e durante esse confronto, houve a derrubada da estátua de Josef Stálin.<ref name="Brasil Escola" />

Mesmo após a troca de governo, os conflitos foram intensificando-se. Com isso, os soviéticos organizaram uma trégua com os populares. Logo após, o exército soviético executou uma violenta ação contra os populares, colocando no poder [[Janos Kadar]]. No dia 4 de novembro de 1956, um novo exército soviético provocou destruição nas ruas da capital húngara. Os populares foram derrubados.<ref name="Brasil Escola" />

==== Guerra de Suez (1956) ====
{{Artigo principal|[[Guerra do Suez]]}}

O rei do [[Egito]], pró-europeu, foi derrubado por [[Gamal Abdel Nasser]] em [[1953]], que procurou instalar uma política nacionalista e pan-arabista. Sua primeira manobra política de efeito foi a guerra que declarou contra o recém-criado estado de [[Israel]], porque eles teriam humilhado os árabes na Guerra de Independência Israelita. Com os clamores de outros países árabes para uma nova investida contra os judeus, Nasser aliou-se à [[Jordânia]] e à [[Síria]].

[[Imagem:1956-07-30 Suez Canal Seized.ogv|esquerda|thumb|250px|Anúncio na nacionalização do [[Canal de Suez]], feito por [[Gamal Abdel Nasser]].]]
Na mesma época, Nasser teria declarado a intenção de nacionalizar o [[Canal de Suez]], que era controlado majoritariamente por franceses e britânicos. Isso preocupou as duas potências, que necessitavam do canal para seus interesses [[Colonialismo|colonialistas]] na [[África]] e [[Ásia]]. Assim, a [[França]], o [[Reino Unido]] e [[Israel]] decidiram formar uma aliança, declararam guerra ao Egito de Nasser e cuidaram da ocupação do Egito. Os europeus cuidaram de bombardear e lançar [[paraquedas|paraquedistas]] em locais estratégicos, enquanto os israelitas cuidaram da invasão terrestre, invadindo a [[península do Sinai]] em poucos dias depois.

A guerra no Egito perturbou a paz que vinha sendo mantida entre [[Washington D.C.]] e [[Moscou]]. Dwight D. Eisenhower, então presidente americano, criticava a repressão em [[Budapeste]], na [[Hungria]], e teve que provar que era contra a invasão a Israel. Os [[Estados Unidos]] tentaram várias vezes fazer os europeus mudarem de ideia e retirar os ocupantes do Egito, ao mesmo tempo que Khrushchev demandava respostas. Os Estados Unidos, inclusive, tentaram, a [[30 de Outubro]] de 1956, levar ao [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] a petição de retirada das tropas do Egito, mas França e Reino Unido vetaram a petição. A União Soviética seguia a mesma linha de raciocínio do Estados Unidos, sendo assim favorável à desocupação das terras egípcias porque queria estreitar laços com os árabes, e se aliou rapidamente à Síria e ao Egito.

A crescente pressão econômica estadunidense e a ameaça de Khrushchov de que "modernas armas de destruição" seriam usadas em [[Londres]] e [[Paris]] fizeram os dois países recuarem, e os aliados se retiraram do Sinai em [[1957]]. Após a retirada, o Reino Unido e a França foram forçadas a perceber que não eram mais líderes políticos do mundo, enquanto o Egito manteve sua política nacionalista e, mais tarde, pró-soviética.

==== Crise dos Mísseis (1962) ====
{{artigo principal|[[Crise dos mísseis de Cuba]]}}

[[Cuba]], a maior das ilhas [[caribe]]nhas, sofreu uma revolução em [[1959]], que retirou o ditador pró-estadunidense [[Fulgêncio Batista]] do poder, e instaurou a [[ditadura]] de [[Fidel Castro]] a partir de 1959. A instauração de um regime socialista preocupou a [[Casa Branca]] que ainda em 1959 tentou depor o novo governo, apoiando membros ligados ao antigo regime e iniciando um [[Embargo dos Estados Unidos a Cuba|embargo econômico à ilha]]. Com o bloqueio do comércio de [[petróleo]] e grãos, Cuba passa a adquirir esses produtos da URSS. O governo de Fidel Castro, inicialmente composto por uma frente de grupos nacionalistas, [[populista]]s e de esquerda, que variava de [[social-democrata]]s aos de inspiração [[marxista]]-[[Leninismo|leninista]], rapidamente se tornaria polarizaria em torno dos líderes mais pró-URSS. Em [[1961]], a [[CIA]] chegou a organizar o desembarque de grupos de oposição armados que deporiam Fidel Castro na operação da [[Invasão da Baía dos Porcos]], que foi um fracasso completo. Diante desta situação o novo regime cubano se aproxima rapidamente da URSS, que oferece proteção militar.

Em [[1962]], a União Soviética foi flagrada construindo 40 silos nucleares em Cuba. Segundo Kruschev, a medida era puramente defensiva, para evitar que os Estados Unidos tentassem nova investida contra os cubanos. Por outro lado, no plano estratégico global, isto representava uma resposta à instalação de mísseis [[Júpiter II]] pelos estadunidenses na cidade de [[Esmirna]], [[Turquia]], que poderiam ser usadas para bombardear todas as grandes cidades da União Soviética.

[[Imagem:Cubacrisis 01 Nov 1962.jpg|thumb|Local de lançamento de mísseis em [[Cuba]], dia [[1 de Novembro]] de [[1962]].]]

Rapidamente, o presidente Kennedy tomou medidas contrárias, como a ordenação de [[quarentena]] à ilha de Cuba, posicionando navios militares no [[mar do Caribe]] e fechando os contatos marítimos entre a União Soviética e Cuba. Vários pontos foram levantados a respeito deste bloqueio naval: os soviéticos disseram que não entendiam porque Kennedy havia tomado essa medida, já que vários mísseis estadunidenses estavam instalados em territórios dos países da OTAN contra os soviéticos, em distâncias equivalentes àquela entre Cuba e os Estados Unidos; Fidel Castro revelou que não havia nada de ilegal em instalar mísseis soviéticos em seu território{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}; e o primeiro-ministro britânico [[Harold Macmillan]] disse não ter entendido por que não foi sequer ventilada a hipótese de acordo diplomático{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}.

Em [[23 de Outubro|23]] e [[24 de Outubro]], Kruschev teria enviado uma carta a Kennedy{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}, informando suas intenções pacíficas. Em [[26 de Outubro]] disse que retiraria seus mísseis de Cuba se Washington se comprometesse a não invadir Cuba{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}. No dia seguinte, pediu também a retirada dos balísticos Júpiter da Turquia. Mesmo assim, dois aviões espiões estadunidenses [[Lockheed U-2|U-2]] foram abatidos em Cuba e na Sibéria em [[27 de Outubro]], o ápice da crise. Neste mesmo dia, os navios mercantes soviéticos haviam chegado ao Caribe e tentariam passar pelo bloqueio. Em [[28 de Outubro]], Kennedy foi obrigado a ceder os pedidos, e concordou em retirar os mísseis da Turquia e não atacar Cuba. Assim, Nikita Kruschev retirou os mísseis nucleares soviéticos da ilha.

Apesar de o acordo ter sido negativo para os dois lados, o grande derrotado foi o líder soviético, que foi visto como um fraco que não soube manter sua posição frente aos estadunidenses.

Sobre isso, disse o Secretário de Estado [[Dean Rusk]]:

"''Nós estivemos cara a cara, mas eles piscaram''"{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}.

Dois anos depois, Kruschev não aguentou a pressão e saiu do governo. Kennedy também foi mal-visto pelos comandantes militares dos Estados Unidos. O general [[Curtis LeMay]] disse a Kennedy que este episódio foi "a maior derrota da história estadunidense" {{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}, e pediu para que os Estados Unidos invadissem imediatamente Cuba{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}.

==== América Latina ====
{{Artigo principal|[[Intervencionismo]]}}
{{Anexo|Anexo:Lista de golpes de Estado bem sucedidos}}
Durante a Guerra Fria, a propaganda e os os esforços [[Anticomunismo|anticomunistas]] dos Estados Unidos fizeram-se sentir na região. De [[1946]] a [[1984]], os Estados Unidos mantiveram no [[Panamá]] a [[Escola das Américas]]. A finalidade deste órgão era formar lideranças militares pró-EUA. Vários ditadores latino-americanos foram alunos desta instituição, entre eles o [[ditador]] do Panamá [[Manuel Noriega]], e [[Leopoldo Galtieri]], líder da [[Junta Militar da Argentina]]. A partir de 1954, os serviços de inteligência norte-americanos participaram de [[Golpe de estado|golpes de estado]] contra governos latino-americanos<ref>[http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/guerra5/espionagem2.htm '''TVCultura'''] - A espionagem. [[Site]] acessado em [[29 de Outubro]] de [[2010]].</ref><ref>[http://www.espacoacademico.com.br/058/58bandeira.htm '''Espaço acadêmico'''] - A CIA e a técnica do golpe de Estado. [[Artigo (publicações)|Artigo]] de [[Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira]]. Acessado em 29 de Outubro de 2010.</ref> (ver: [[Ações de derrubada de governos patrocinadas pela CIA]]). Após a [[Revolução cubana]], o receio de que o comunismo se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos simpáticos ao comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos foram removidos do poder.

Em 1961, o presidente Kennedy criou a [[Aliança para o Progresso]], para abrandar as tensões sociais e auxiliar no [[desenvolvimento econômico]] das nações latino-americanas, além de conter o avanço comunista no continente americano. Este programa ofereceu ajuda técnica e econômica a vários países. Com isto pretendia-se afastar a possibilidade das nações da [[América Latina]] alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente [[Richard Nixon]].

Alguns dos golpes de Estado ocorridos na América Latina neste período:

* [[1954]]: [[Golpe de Estado na Guatemala em 1954|Golpe de Estado na Guatemala]] - [[Jacobo Arbenz Guzmán]] presidente reformista, eleito, foi deposto pelo 1º Golpe de Estado promovido pela CIA na América Latina.<ref>[http://www.pucsp.br/ponto-e-virgula/n1/artigos/pdf/08-WaldirRampinelli.pdf '''PUCSP'''] - O primeiro grande êxito da C.I.A. na América Latina. Acessado em 29 de Outubro de 2010.</ref>
* [[1964]]: [[Golpe de Estado no Brasil em 1964|Golpe de Estado no Brasil]]: [[João Goulart]] foi deposto por uma revolta militar e exilou-se no [[Uruguai]].
* [[1973]]: [[Golpe de Estado no Chile em 1973|Golpe de Estado no Chile]]: em [[11 de Setembro]] de 1973, uma rebelião militar liderada por [[Augusto Pinochet]] e apoiada pelos Estados Unidos, depôs o presidente [[Salvador Allende]].

=== A Distensão (1962 - 1979) ===
{{artigo principal|[[Détente]]}}

[[Imagem:Carter Brezhnev sign SALT II.jpg|thumb|direita|[[Jimmy Carter]] e [[Leonid Brejnev]] assinando o SALT II, em 1979.]]

O período da distensão (''[[Détente]]'') seguiu-se à Crise dos Mísseis, por ela quase ter levado as duas superpotências a um embate nuclear. Os [[Estados Unidos]] e a [[URSS]] decidiram, então, realizar acordos para evitar uma catástrofe mundial. Nesta época, vários tratados foram assinados entre os dois lados. A política ''Détente'', foi principalmente seguida por [[Brejnev]], que mais tarde criaria um grande sistema diplomático e de distensão, sendo este o sistema que salvaria a pele de Brejnev, que entrara em uma estagnação econômica, apesar de alcançar um bem-estar para o povo soviético. Durante a direção de Brejnev e sua inseparável [[doutrina]], o povo que nascera depois da Guerra Fria nunca havia presenciado um momento de tanta [[paz mundial]].

* Tratado de Moscou (1963) - Os dois países regularam a pesquisa de novas tecnologias nucleares e concordaram em não ocupar a [[Antártica]].
* TPN ([[Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares]]) (1968) - Os países signatários (Estados Unidos, URSS, China, França e Reino Unido) comprometiam-se a não transmitir tecnologia nuclear a outros e a se desarmarem de arsenais nucleares.
* SALT I (Strategic Arms Limitation Talks - Acordo de Limitação de Armamentos Estratégicos) (1972) - Previa o congelamento de arsenais nucleares dos Estados Unidos e da União Soviética.
* SALT II (1979) - Prorrogação das negociações do SALT I. (ver: [[Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas]])

Os dois países tinham seus motivos particulares para buscar acordos militares e políticos. A URSS estava com problemas nos relacionamentos com a China, e viu este país se desalinhar do socialismo monopolista de Moscou. Isso criou a prática da [[diplomacia]] triangular, entre Washington, Moscou e [[Pequim]]. Também estavam com dificuldades agrícolas e econômicas. E os Estados Unidos haviam entrado numa [[guerra do Vietname|guerra]] contra o [[Vietnã]], e na [[década de 1970]] entrariam em uma grave crise econômica.

A Distensão, apesar de garantir o não-confronto militar, acirrou a rivalidade política e ideológica, culminando em algumas revoltas sociais e apoios a revoltas e revoluções na Europa e no [[Terceiro Mundo]].

Como exemplo, pode-se citar a [[Invasão do Afeganistão]], a [[Primavera de Praga|Intervenção Soviética em Praga]], e a própria guerra do Vietnã.

==== Guerra do Vietnã (1964 - 1975) ====
{{Artigo principal|[[Guerra do Vietnã]]}}

A [[Guerra do Vietnã]] foi um dos maiores confrontos militares envolvendo capitalistas e socialistas no período da Guerra Fria. Opôs o [[Vietname do Norte]] e [[guerrilheiro]]s pró-comunistas do [[Vietname do Sul]] contra o governo pró-capitalista do Vietname do Sul e os Estados Unidos.

Após a [[Convenção de Genebra]] ([[1954]]), o [[Vietnã]], recém-independente da França, seria dividido em duas zonas de influência, como a Coreia, e estas zonas seriam desmilitarizadas e mantidas cada uma sob um dos regimes (capitalismo e socialismo). Foi estipulada uma data ([[1957]]) para a realização de um [[plebiscito]], decidindo entre a reunificação do país ou não e, se sim, qual regime seria adotado.

[[Imagem:Vietcong.jpg|thumb|Corpos de Vietnamitas em [[Saigon]], [[Vietname do Sul]], [[1968]].]]

Infelizmente para o Vietname do Sul, o líder do Norte, [[Ho Chi Minh]], era muito benquisto entre a população, por ser defensor popular e herói de guerra. O governo do Vietname do Sul decidiu proibir o plebiscito de ocorrer em seu território, pois queria manter o alinhamento com os estadunidenses. Como o Vietname do Norte queria a reunificação, lançaram-se em uma guerra contra o Sul.

O Vietname do Norte contou com o apoio da Frente de Liberação Nacional, ou [[vietcong]]s, um grupo de rebeldes no Vietname do Sul. E o Vietname do Sul contou, em [[1965]], com a valiosa ajuda dos [[Estados Unidos]]. Eles entraram na guerra para manter o governo capitalista no Vietname, e temendo a ideia do "[[efeito dominó]]" ([[Teoria do Dominó]]) no qual, ao verem um país que se libertou do capitalismo preferindo o socialismo, outros países poderiam seguir o exemplo (como foi o caso de Cuba).

Até 1965, a guerra estava favorável ao Vietname do Norte, mas quando os Estados Unidos se lançaram ao ataque contra o Vietname do Norte, tudo parecia indicar que seria um grande massacre dos vietnamitas, e uma fácil vitória ocidental. Mas os vietnamitas do norte viram nessa guerra uma extensão da guerra de independência que haviam acabado de vencer contra a França, e lutaram incessantemente. Contando com o conhecimento do território, os vietnamitas do norte conseguiram vencer os Estados Unidos, o que é visto como uma das mais vergonhosas derrotas militares dos Estados Unidos. Em [[1975]], os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os [[Acordos de Paz de Paris]], onde os Estados Unidos reconheceram a unificação do Vietnã sob o regime comunista de Ho Chi Minh.

A derrota dos Estados Unidos evidenciou o fracasso da política norte-americana na Ásia e acarretou a reformulação, no Governo [[Nixon]], da política externa no Oriente. Com isso, os norte-americanos buscaram uma maior flexibilidade e novos parceiros, destacando a aproximação com a China comunista.

==== A Distensão na Europa ====
A Europa, continente que mais sofreu com a divisão mundial, também sofreu os efeitos da [[Détente|distensão política]]. Os países começaram a questionar as ideologias a que foram impostos, e optaram cada vez mais pelo abrandamento, no lado ocidental, e pela revolta popular seguida de forte repressão, no lado oriental.

* Em [[1968]], a [[Tchecoslováquia]] viu uma grande manifestação popular apoiar ideias de abertura política em direção à social-democracia e a um "socialismo com uma face humana". Este movimento ficou conhecido como [[Primavera de Praga]], em alusão à capital da Tchecoslováquia, [[Praga]], local onde os movimentos populares tomavam corpo. Temendo a liberdade política da Tchecoslováquia, [[Leonid Brejnev]], líder da URSS, ordenou a invasão de Praga e a repressão do movimento popular.
* Em [[1966]], [[Charles de Gaulle]], presidente da França, manteve os seus ideais de nacionalismo francês e [[antiamericanismo]] e desalinhou-se com as práticas estadunidenses, saindo da OTAN.
* Em 1969, o [[chanceler]] da Alemanha Ocidental anuncia a "Ostpolitik", uma política de aproximação dos vizinhos, os alemães orientais. Em [[1972]] os Estados passam a se reconhecerem mutuamente podendo, assim, voltar a integrar a ONU.

==== O reconhecimento da China pelos Estados Unidos ====
{{Principal|Relações entre China e Estados Unidos}}
[[Imagem:Nixon Mao 1972-02-29.png|thumb|esquerda|[[Richard Nixon]] e [[Mao Tse-Tung]] durante a visita do Presidente americano à [[República Popular da China]], em 1972.]]

Desde o início da [[década de 1950]] a [[República Popular da China]] tinha problemas com a [[União Soviética]], por causa de hierarquia de poderes. [[Moscou]] queria que o socialismo no mundo fosse unificado, sob a tutela do [[Kremlin de Moscovo|Kremlin]], enquanto [[Pequim]] achava que a República Popular da China não deveria se submeter aos soviéticos. Além disso, o governo chines exigia que a URSS transferisse sua tecnologia nuclear para a China, o que não era bem visto por Moscou. Este processo acabou levando a [[ruptura sino-soviética]].

Ao longo dos [[anos 1960]] os [[Estados Unidos]] iniciaram uma aproximação com a URSS que levaria ao que ficou conhecido como [[Détente|distensão política]], enquanto recrudesceram suas relações com a [[China]] comunista, aprofundando a disputa com este pais no [[Sudeste Asiático]], onde se aprofundava a [[Guerra do Vietnã]]. Neste período as disputas entre URSS e China cresceram ainda mais. Esta tensão tornou-se um problema crescente para os soviéticos, que perdiam um forte aliado no Leste Asiático e passaram a ver a China como uma potencial ameaça. No fim dos anos 1960, a China passa a manter cerca de 1 milhão de soldados na fronteira com a URSS, o que força a URSS a manter outro volume equivalente de tropas na região.

O auge da disputa entre China e URSS é considerado o ano de [[1969]], quando ocorre um [[Conflito fronteiriço sino-soviético|confronto armado na fronteira sino-soviética]], na região do rio Ussuri (nordeste da [[Manchúria]]) e os dois países quase entram em guerra.

Nos anos 1970 a situação se inverte e os Estados Unidos passam a se aproximar da China e isolar novamente a URSS, iniciando inclusive um processo de ampliação das relações ecônomicas com a China e de guerra comercial com a URSS.<ref>MEDEIROS, Carlos A. (2008). ''"Desenvolvimento Econômico e Ascensão Nacional"''. p. 205-210.in FIORI, Jose L. MEDEIROS, Carlos & SERRANO, Franklin (2008) '''''O Mito do Colapso do Poder Americano'''''. Ed. Record, Rio de Janeiro, RJ.</ref>

Estas mudanças ocorridas na [[década de 1970]], pioraram ainda mais a situação da URSS, pois [[Mao Tse-tung]], secretario-geral da China socialista, ampliou o processo de aproximação com os Estados Unidos. Além de isolar a URSS, a aproximação com os Estados Unidos trouxe vantagens para a China, como o fim da Guerra do Vietnã, o reconhecimento diplomático pelos americanos, a adesão da China à ONU e a substituição de [[Taiwan]] (China nacionalista) pela China no [[Conselho de Segurança da ONU]].

Desde a [[Revolução Chinesa]] de [[1949]], o mundo ocidental via o governo de Mao Tse-Tung como ilegal, e continuaram reconhecendo como governo legítimo da China o governo refugiado em Taiwan. Com a aproximação entre Pequim e Washington, os Estados Unidos passaram a reconhecer o governo de Mao Tse-tung como o legítimo regente chinês, ou seja, a República Popular da China como a China de fato. Assim, outros países ocidentais tomaram a mesma decisão, e a China pôde entrar para [[ONU]], como participante e como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em [[1975]], os Estados Unidos e o [[Vietname do Norte]] assinaram os [[Acordos de Paz de Paris]], os Estados Unidos reconheceram a unificação do Vietnã e iniciaram uma nova fase de cooperação com a China. A partir deste período, e principalmente nos anos 1980, a China passaria a apoiar os Estados Unidos na disputa deste pais com a URSS.

=== A "Segunda" Guerra Fria (1979-1985) ===
[[Imagem:Cold War Map 1980.svg|thumb|direita|350px|A Guerra Fria em 1980.]]

Após o ano de [[1979]], seguiu-se uma nova fase nas relações amistosas entre os [[Estados Unidos]] e a [[União Soviética]], que ampliaram as relações entre as duas superpotências. O período que vai de 1979 a 1985, 1987 ou 1988 (dependendo da classificação), ficou conhecido como "II Guerra Fria", devido à retomada das hostilidades indiretas entre Estados Unidos e URSS, após o período da "distensão". No plano estratégico ficou clara a formação de uma grande coalizão global contra a União Soviética, que passou a incluir, além dos Estados Unidos e seus aliados da [[OTAN]] e o [[Japão]], também a [[China]].<ref>HOBSBAW, Eric (1994). '''''[[Era dos Extremos]]: O breve século XX, 1914-1991'''''. Ed. Companhia das Letras, São Paulo, SP. p. 242-248</ref>

Embora na época o apoio chinês à estratégia americana de cercamento da URSS tenha sido considerado secundário, hoje muitos historiadores consideram que este papel pode ter sido determinante para o desfecho da Guerra Fria.

Os principais episódios que marcaram este período foram:

* Em [[1979]] a [[União Soviética]] invade o [[Afeganistão]], assassinando [[Hafizullah Amin]], e colocando em seu posto [[Brabak Karmal]], que era a favor das políticas de [[Moscou]]. A este evento seguiu-se uma grande resistência anti-soviética, principalmente da parte dos [[mujahidin]] das montanhas afegãs. Eles eram abastecidos por outros países, como [[República Popular da China|China]], [[Arábia Saudita]], [[Paquistão]] e o próprio [[Estados Unidos]]. Após dez anos de lutas, as tropas soviéticas tiveram que abandonar o país, em 1988. Esta vitória dos mujahidin possibilitou, anos depois, a formação do grupo [[Taleban]], que aproveitou a desordem no país para instaurar um governo autoritário fundamentalista no Afeganistão, nos [[anos 1990]].

[[Imagem:Saddam rumsfeld.jpg|thumb|esquerda|[[Donald Rumsfeld]], em [[1983]], viaja como enviado especial dos Estados Unidos ao Oriente Medio, no [[Governo Reagan]], para reforcar o apoio ao governo iraquiano de Saddam Hussein, na guerra contra o [[Irã]], conhecida como [[Guerra Irã-Iraque]], que era vista como uma forma de conter a influencia soviética na região. Posteriormente Donald Rumsfeld veio a ocupar o cargo de Secretario de Defesa dos Estados Unidos no [[Governo Bush]].]]

* Ainda em [[1979]] [[Margaret Thatcher]] foi eleita primeira-ministra do [[Reino Unido]] pelo Partido Conservador, e deu à política externa do país uma face mais agressiva contra o regime soviético.
* Por fim, ainda em [[1979]] o principal aliado americano no [[Golfo Pérsico]], o [[Irã]], que passava por grande turbulência interna, passa por uma [[Revolução Islâmica]] nacionalista e de caráter fortemente anti-americana, que levou os [[Estados Unidos]] a iniciarem uma longa disputa com o novo regime no país.<ref>GASIOROWSKI, Mark (2007)"''O golpe da CIA contra o Irã''". '''Le Monde Diplomatique''', 11 de Setembro de 2007 [http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=33&PHPSESSID=20e3f44d1fc4d2b1c456df064e1c8924]</ref> Como resultado deste processo, a partir de 1980, os Estados Unidos passaram a apoiar o [[Iraque]] na guerra deste país contra o [[Irã]], que ficou conhecida como "[[Guerra Irã-Iraque]]".
* Em [[1981]], [[Ronald Reagan]] foi eleito presidente dos [[Estados Unidos]] e, ao contrário de seus antecessores, que pregavam a Distensão, Reagan defendia a retomada da estrategia de cercamento da URSS, conforme defendido por [[Henry Kissinger]] no fim dos anos 1970 e, de forma mais clara, por [[Zbigniew Brzezinski]] e [[Donald Rumsfeld]], nos [[anos 1980]], o que implicava na retomada do confrontdo com a [[União Soviética]]. Dentre os resultados desta política, foi ampliado o fornecimento de armamentos a [[Saddam Hussein]], ditador iraquiano, que lutava contra o [[Irã]] na [[Guerra Irã-Iraque]] e o apoio aos guerrilheiros [[mujahidin]] que lutavam contra os soviéticos no [[Afeganistão]].<ref>HOBSBAW, Eric (1994). '''''[[Era dos Extremos]]: O breve século XX, 1914-1991'''''. Ed. Companhia das Letras, São Paulo, SP. p. 239-245</ref>
* Em [[1983]], forças militares americanas invadiram [[Granada (país)|Granada]], que havia sofrido um golpe militar liderado pelo vice-primeiro-ministro [[Bernard Coard]], que havia depôsto o primeiro-ministro granadino, [[Maurice Bishop]]. O governo instituído por Bernard Coard, tinha o apoio de Cuba, mas em [[25 de Outubro]], 7.300 combatentes americanos invadiram a ilha, derrotando as forças granadinas e [[cuba]]nas. Após a vitória dos Estados Unidos, o governador-geral de Granada, [[Paul Scoon]], nomeou um novo governo e, em meados de Dezembro, as forças dos Estados Unidos retiraram-se.
* Em [[1983]] o Presidente dos Estados Unidos, [[Ronald Reagan]], anuncia a criação da [[Iniciativa Estratégica de Defesa]], que ficaria conhecida como "Programa Guerra nas Estrelas", que tinha por objetivo criar um "escudo" contra os [[mísseis balísticos]] soviéticos, dando grande vantagem aos [[Estados Unidos]] na [[corrida armamentista]] e na [[corrida espacial]].<ref>Missile Defense Agency. [http://www.mda.mil/news/history_resources.html "''History of the Missile Defense Organization''"]. U.S. Department of Defense. Estados Unidos</ref> A reação soviética foi ampliar ainda mais os seus elevados gastos na área de defesa e no desenvolvimento do seu dispendioso programa espacial.

=== A Era Gorbachev - o fim da Guerra Fria (1985-1991) ===
[[Imagem:Changes in borders post cold war.PNG|thumb|Mudanças políticas na [[Europa]] após [[1989]], incluindo a reunificação alemã.]]

Depois da gestão de Brejnev, a União Soviética teve duas rápidas governanças, [[Yuri Andropov]] e [[Konstantin Chernenko]], homens que durante o período de Brejnev eram seus segundo homens, tendo um poder quase total sobre o país, sendo Andropov o chefe da temida e poderosa polícia secreta [[KGB]] e Chernenko, por treze anos carregando o segundo mais alto cargo dentro do país, que, na prática, governou o país durante a decadência na saúde de Brejnev, no final da década de 1970, e que surpreendentemente foi derrotado nas eleições por Andropov, que morreu pouco tempo depois de chegar ao cargo político máximo.

Seguinte a Chernenko, o chamado último [[bolchevique]], foi eleito [[Mikhail Gorbachev]], cuja plataforma política defendida era a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se adequasse à realidade mundial. Em seu governo, uma nova geração de políticos tecnocratas - que vinham ganhando espaço desde o governo Khrushchov - se firmou, e impulsionou a dinâmica de reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental.

==== ''Perestroika'' e ''Glasnost'' ====
{{Artigos principais|[[Colapso econômico da União Soviética]], [[Perestroika]] e [[Glasnost]]}}

Gorbachev, embora defensor de [[Karl Marx]], defendeu o [[liberalismo econômico]] na URSS como a única saída viável para os graves problemas econômicos e sociais. A União Soviética, desde o início dos [[década de 1970|anos 70]], passava por grande fragilidade, evidenciada na queda da produtividade dos trabalhadores e a queda da [[expectativa de vida]]. A alta nos preços do petróleo no período [[1973]]-[[1979]] e a nova alta de 1979-[[1985]], deram uma sobrevida temporária a um sistema econômico que já estava falido. A crise econômica mundial dos [[anos 1980]], a escassez de [[moeda]]s fortes e a queda no preço das [[commodities]] exportadas pela URSS ([[petróleo]] e [[cereais]]), ajudaram a aprofundar a crise do [[Economia planificada|sistema econômico planificado]] da [[União Soviética]].

[[Imagem:Reagan and Gorbachev hold discussions.jpg|thumb|esquerda|[[Ronald Reagan]] e [[Mikhail Gorbachov]] em [[Genebra]], [[Suíça]], em [[1985]].]]

Os gastos militares estavam tornando-se muito altos para uma economia como a soviética, planificada, extremamente burocratizada e com cerca de metade do [[PIB]] dos [[Estados Unidos]]. A [[economia de mercado]] dos Estados Unidos era muito mais competitiva e permitia o repasse acelerado de tecnologias militares e aeroespaciais de ponta para o setor civil. Na URSS tudo que seria produzido era previamente planejado nos [[Plano quinquenal|Planos Quinquenais]]. A [[burocracia]] dificultava qualquer transferência de tecnologia sensível para o setor produtivo civil e toda a produção agrícola era milimetricamente planejada. Quando ocorre o [[acidente nuclear de Chernobil]] [[1986]], toda a produção agrícola daquele ano foi perdida, os gastos inesperados foram enormes e o Estado que havia planejado exportar uma safra recorde de grãos, teve que importar comida. Rapidamente começava a faltar até mesmo pão no país que havia sido o maior produtor mundial de [[trigo]]. Somando-se aos custos do envolvimento de meio milhão de homens no Afeganistão durante os anos 1980, mais os gastos militares da nova corrida armamentista, conhecida como segunda Guerra Fria, aquela enorme economia engessada colapsou.

Frente a estes problemas, Mikhail Gorbachev aplicou dois planos de reforma na URSS: a ''[[perestroika]]'' e a ''[[glasnost]]''.

* ''Perestroika'': série de medidas de reforma econômicas. Para Gorbachev, não seria necessário erradicar o sistema socialista, mas uma reformulação deste seria inevitável. Para tanto, ele passou a diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou diminuição de armamentos e a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.
* ''Glasnost'': a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a transparência do governo para a população, retirando a forte [[censura]] que o governo comunista impunha.

A nova situação de liberdade na União Soviética possibilitou um afrouxamento na ditadura que Moscou impunha aos outros países. Pouco a pouco, o Pacto de Varsóvia começou a enfraquecer, e cada vez mais o Ocidente e o Oriente caminhavam para vias pacíficas. Em [[1986]], Ronald Reagan encontrou Gorbachev em [[Reykjavík]], [[Islândia]], para discutir novas medidas de desarmamento dos mísseis estacionados na Europa.

==== O desalinhamento das repúblicas orientais ====
{{Ver artigos principais|[[Dissolução da União Soviética]], [[Revoluções de 1989]]}}
{{Artigo principal|vt=s|Previsões do colapso da URSS}}
[[Imagem:Thefalloftheberlinwall1989.JPG|thumb|Alemães em pé em cima do [[Muro de Berlim]], em [[1989]], ele começaria a ser destruído no dia seguinte.]]

O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários candidatos e com a [[mídia]] livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a ''perestroika'' e a ''glasnost'' de Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a cair.

A [[Polônia]] e a [[Hungria]] negociaram eleições livres (com destaque para a vitória do partido [[Solidarność|Solidariedade]] na Polônia), e a [[Tchecoslováquia]], a [[Bulgária]], a [[Romênia]] e a [[Alemanha Oriental]] tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime socialista. O ponto culminante foi a queda do [[Muro de Berlim]] em [[9 de Novembro]] de 1989, que pôs fim à [[Cortina de Ferro]] e, para alguns historiadores, à Guerra Fria em si.

[[Imagem:CIS-Map 2.PNG|thumb|350px|esquerda|Formação da [[Comunidade dos Estados Independentes|CEI]], o fim oficial da [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas|União Soviética]].]]

Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo General [[Guenédi Ianaiev]] e [[Boris Pugo]], a [[Tentativa de golpe de Estado na União Soviética em 1991|tentar um golpe de estado]] contra Gorbachev em Agosto de 1991. O golpe, todavia, foi frustrado por [[Boris Iéltsin]]. Mesmo assim, a liderança de Gorbachev estava em decadência e, em Setembro, os [[países bálticos]] conseguiram a independência.

Em Dezembro, a [[Ucrânia]] também se tornou independente. Finalmente, no dia [[31 de Dezembro]] de 1991, Gorbachev anunciava o fim da [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas]], renunciando ao cargo que ocupava e ao seu sonho de ver um mundo socialista.


== Nova Guerra Fria ==
== Nova Guerra Fria ==

Revisão das 16h54min de 1 de março de 2013

Guerra Fria

Mikhail Gorbachev, Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética, e Ronald Reagan, Presidente dos Estados Unidos, assinando o Tratado INF, em 8 de dezembro de 1987.
Data 19451991
Local Global
Desfecho Vitória do Primeiro Mundo (capitalistas)
Situação Fim da União Soviética
Beligerantes
Primeiro Mundo (capitalistas) Segundo Mundo (socialistas)

Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência.

Uma parte dos historiadores argumenta que foi uma disputa dos países que apoiavam as Liberdades civis, como a liberdade de opinião e de expressão e de voto, representada pelos Estados Unidos e outros países ocidentais e do outro lado a ditadura comunista ateia[1][2], onde era suprimida a possibilidade de eleger e de discordar, defendida pela União Soviética (URSS)[3] e outros países onde o comunismo fora imposto por ela.

Outra parte dos historiadores defende que esta foi uma disputa entre o capitalismo, representado pelos Estados Unidos e o socialismo totalitario, onde fora suprimida a propriedade privada, defendida pela União Soviética (URSS). Entretanto, esta caracterização só pode ser considerada válida com uma série de restrições e apenas para o período do imediato pós-Segunda Guerra Mundial, até a década de 1950. Logo após, nos anos 1960, o bloco socialista se dividiu e durante as décadas de 1970 e 1980, a China comunista se aliou aos Estados Unidos na disputa contra a União Soviética. Além disso, muitas das disputas regionais envolveram Estados capitalistas, como os Estados Unidos contra diversas potências locais mais nacionalistas.

É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta ou seja bélica, "quente", entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. A corrida armamentista pela construção de um grande arsenal de armas nucleares foi o objetivo central durante a primeira metade da Guerra Fria, estabilizando-se na década de 1960 até à década de 1970 e sendo reativada nos anos 1980 com o projeto do presidente estadunidense Ronald Reagan chamado de "Guerra nas Estrelas".

Dada a impossibilidade da resolução do confronto no plano estratégico, pela via tradicional da guerra aberta e direta que envolveria um confronto nuclear; as duas superpotências passaram a disputar poder de influência política, econômica e ideológica em todo o mundo. Este processo se caracterizou pelo envolvimento dos Estados Unidos e União Soviética em diversas guerras regionais, onde cada potência apoiava um dos lados em guerra. Estados Unidos e União Soviética não apenas financiavam lados opostos no confronto, disputando influência político-ideológica, mas também para mostrar o seu poder de fogo e reforçar as alianças regionais.

Neste contexto, os chamados países não alinhados, mantiveram-se fora do conflito não alinhando-se aos blocos pró-URSS ou pró-EUA. E formariam um "terceiro bloco" de países neutros: o Movimento Não Alinhado.

Norte-americanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e econômica durante esse período. Se um governo socialista fosse implantado em algum país do Terceiro Mundo, o governo norte-americano entendia como uma ameaça à sua hegemonia; se um movimento popular combatesse um governo aliado à soviético, logo poderia ser visto com simpatia pelos Estados Unidos e receber apoio.

A Guerra da Coreia (1950-1953), a Guerra do Vietnã (1962-1975) e a Guerra do Afeganistão (1979-1989) são os conflitos mais famosos da Guerra Fria. Além da famosa tensão na Crise dos mísseis em Cuba (1962) e, também na América do Sul, a Guerra das Malvinas (1982). Entretanto, durante todo este período, a maior parte dos conflitos locais, guerras civis ou guerras inter-estatais foi intensificado pela polarização entre EUA e URSS.

Esta polarização dos conflitos locais entre apenas dois grandes polos de poder mundial, é que justifica a caracterização da polaridade deste período como bipolar. Principalmente porque, mesmo que tenham existido outras potências regionais entre 1945 e 1991, apenas Estados Unidos e URSS tinham capacidade nuclear de segundo ataque, ou seja, capacidade de dissuasão nuclear.

muahahahha

Nova Guerra Fria

A Nova Guerra Fria é a designação de um novo contexo político internacional, de tensão entre, adotado novamente as grandes potências militares que disputaram a Guerra Fria - Estados Unidos e Rússia -, na primeira década do novo milénio, onde ambos os países buscam redefinir suas respectivas regiões de influência e poder. A ideia de uma nova Guerra Fria nasce a partir da constatação do surgimento de uma série de novas tensões criadas entre Estados Unidos e Rússia nos anos 2000. Dentre os diversos atritos entre Estados Unidos e Rússia nesta década, destaca-se principalmente o projeto estadunidense de construir um "Escudo antimísseis", durante o governo Bush, que incluiria uma rede de radares e de sistemas anti-mísseis (bases de mísseis anti-mísseis, satélites e armas laser) em países da antiga área de influência soviética.[4]

Entretanto, outras disputas entre Rússia e Estados Unidos também se desenvolveram ao longo da década de 2000, incluindo as tensões relacionadas aos projetos de ampliação da OTAN para o leste da Europa, incluindo países da ex-URSS, como a Ucrânia, país alvo de novas tensões desde a "Revolução Laranja" de 2004-2005, que implementou um governo anti-russo no país. Destacaram-se ainda novas disputas envolvendo a região do Ártico.[5] Também contribuíram para o aumento das tensões russo-americanas, o apoio indireto dos Estados Unidos aos separatistas da Chechênia, o apoio da Rússia (na forma de fornecimento de armas modernas) a governos considerados hostis aos interesses dos Estados Unidos, como a Venezuela e o Irã,[6] e, principalmente, a resposta russa durante a Guerra da Geórgia.[7][8]

A Era Medvedev (2008-2009)

Em 2008, a tensão entre Washington e Moscou, a antiga capital da URSS, se agravaram depois dos Estados Unidos ter anunciado o início da construção do Escudo antimísseis no Leste Europeu, na área próxima e de influência direta da Rússia. Em resposta ao fato, Moscou condena a atitude dos Estados Unidos e anuncia a instalação de mísseis táticos Iskander na região ocidental de Kaliningrado, o desenvolvimento de contramedidas eletrônicas dos elementos do Escudo Antimísseis que Washington planeja instalar no Leste Europeu, composto por um radar na República Tcheca e mísseis interceptadores na Polônia,[9] e o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares e mísseis balisticos moveis por parte da Rússia.[4]

Em 2009, Moscou anuncia que irá rearmar suas forças militares e ampliar seu arsenal nuclear em resposta ao fortalecimento da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), criada para combater o avanço do socialismo na era bipolar. O reingresso da França e de outros países do Leste Europeu tem provocado tensões na região.[10][11]

Com a ascensão de Barack Obama a Presidência dos Estados Unidos, ocorre uma redução das tensões entre Estados Unidos e Rússia, principalmente devido ao anúncio da interrupção do plano de construção da infraestrutura do "Escudo anti-mísseis" (radares e sistemas anti-mísseis) em torno da Rússia.[12]

A Guerra na Ossétia do Sul e Geórgia

Ver artigo principal: Guerra na Ossétia do Sul em 2008

Em Agosto de 2008, a Ossétia do Sul (apoiada pela Rússia), e a Geórgia (apoiada pelos Estados Unidos), entraram em conflito armado, tropas da Geórgia ocuparam militarmente a capital da Ossétia do Sul, região separatista da república georgiana. Em resposta ao ocorrido, tropas russas atacaram militarmente a Geórgia e reconheceu as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abecásia, o que causou forte desgaste diplomático entre Washington e Moscou.[13][14][15][16]

Cronologia

Ano Acontecimento
1945 Cientistas estadunidenses testam com sucesso o primeiro dispositivo atômico do mundo. Em agosto de 1945 os Estados Unidos atacam as cidades de Hiroshima e Nagasaki com armas nucleares.[17]
1946 Winston Churchill cita a expressão "iron curtain" ou, em português, "cortina de ferro", em discurso pronunciado no Westminster College, em Fulton, Missouri, nos Estados Unidos, em 5 de março de 1946.
1947 O presidente estadunidense, Harry S. Truman estabelece a Doutrina Truman, em um violento discurso no dia 12 de março de 1947, assumindo o compromisso de "defender o mundo capitalista contra a ameaça socialista", iniciando a Guerra Fria. Em seguida, o secretário de estado George Catlett Marshall anunciou a disposição de os Estados Unidos colaborar financeiramente para a recuperação da economia dos países europeus, o Plano Marshall. Truman deu início à concessão de créditos auxiliando a Grécia e a Turquia, com o objetivo de sustentar governos pró-ocidentais naqueles países.
1949 A URSS testa seu primeiro dispositivo nuclear. Criada a OTAN.
1950 Grupos desarmamentistas começam a pressionar em favor do desarmamento nuclear unilateral, em que um lado desiste de suas armas nucleares esperando que o outro faça o mesmo. Durante a Guerra da Coreia o general americano Douglas MacArthur discute publicamente a possibilidade de usar armas nucleares para definir o conflito.
1952 O Reino Unido explode um dispositivo nuclear. Ano da primeira bomba termonuclear (hidrogênio), testada pelos Estados Unidos.
1953 Morte de Stalin, assume em seu lugar Nikita Kruschev, o novo chefe da União Soviética. Fim da Guerra da Coreia. A URSS testa sua primeira bomba termonuclear (hidrogênio).
1957 A União Soviética lança o primeiro satélite artificial, o Sputnik, lançado com o foguete Sputinik-1, cuja versão militar foi o primeiro Míssil balístico intercontinental, o R-7 Semyorka.
1960 A França explode um dispositivo nuclear.
1961 A União Soviética lança o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, a bordo do foguete Vostok-1, da família R-7, uma versão civil do Míssil balístico intercontinental Vostok-K (GRAU 8K72K).
1964 A China testa o seu primeiro dispositivo nuclear.
1964 Renúncia de Kruschev, Leonid Brejnev se torna o novo Secretário-geral da União Soviética.
1969 Os estadunidenses testam o MRV (veículos de reentradas múltiplas), permitindo que os mísseis transportem até cinco ogivas nucleares separadas. Os soviéticos fazem o mesmo. Estadunidenses e soviéticos discutem o controle da tecnologia nuclear, enquanto sua proliferação ameaça o equilíbrio nuclear conhecido como MAD. Confronto armado na fronteira da URSS e China, marca o auge das tensoes entre soviéticos e chineses.
1971 A República Popular da China substituiu Taiwan (República da China) como representante da China na ONU e como um dos cinco membros permanentes do seu Conselho de Segurança.
1972 Um tratado sobre mísseis antibalísticos limitando o emprego de apenas dois sistemas em cada superpotência, em suas capitais, foi assinado como parte do SALT I. Presidente Nixon, dos EUA visita a China comunista.
1973 Estados Unidos reconhecem a China comunista como representante da China, ao invés de Taiwan, embora as Relações diplomaticas so sejam normalizadas em 1979.
1974 Acordo EUA-URSS para impor um "teto" na quantidade de sistemas de ataque nuclear (bombardeiros, mísseis balísticos intercontinentais e submarinos nucleares) em cada superpotência.
1977 Criada a Constituição Soviética de 1977, de acordo com esta, Brejnev é eleito o presidente.
1979 O acordo SALT II reduziu os limites de armas nucleares. Invasão soviética do Afeganistão dificultou a ratificação do tratado pelo senado norte-americano.
1980 START (conversações sobre redução de armas estratégicas), que sucedeu o SALT, faz pouco progresso.
1982 Morte de Leonid Brejnev. Iuri Andropov sucede-lhe como secretário-geral do PCUS e presidente da União Soviética.
1983 O presidente dos EUA, Ronald Reagan, anuncia sua decisão de custear um sistema defensivo aeroespacial anti mísseis balísticos chamado de "Guerra nas Estrelas".
1984 Morte de Iuri Andropov. Konstantin Chernenko é o novo secretário-geral do PCUS e presidente da União Soviética.
1985 Morte de Konstantin Chernenko, Mikhail Gorbatchov é o novo secretário-geral do PCUS e presidente da União Soviética.
1987 Acordo EUA-URSS para abolir as forças nucleares intermediárias terrestres.
1988 A URSS inicia a retirada de suas tropas do Afeganistão. Fim da Guerra Irã-Iraque. Iniciadas as tentativas para encerrar o confronto entre Angola e África do Sul na África Austral, pondo fim à Guerra Civil Angolana.
1989 Queda do muro de Berlim. Primeiro grande marco do fim da Guerra Fria e do conflito capitalismo-socialismo.
1990 Com base no acordo START, as duas superpotências concordam em reduzir, até 1998, os arsenais estratégicos para 6000 ogivas nucleares em cada um dos países.
1991 As superpotências concordam em eliminar todos os mísseis táticos terrestres armados com ogivas nucleares táticas que havia na Europa e na Península Coreana. Com a dissolução da União Soviética, as armas nucleares estratégicas não ficaram apenas na Rússia, mas também na Bielorrússia, Ucrânia e Cazaquistão, que concordam com sua transferência para a Rússia para a destruição de todos. Marco definitivo do fim da Guerra Fria, com o desmantelamento da URSS.

Ver também

Categoria
Categoria
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
Commons Categoria no Commons

Referências

  1. Encíclica Qui pluribus, do Papa Pio IX, a 9 de novembro de 1846: Acta Pii IX, vol. I, pág. 13. Cf. Sílabo, IV: A.A.S., vol. III, pág. 170.
  2. Encíclica Quod Apostolici muneris, do Papa Leão XIII, a 28 de dezembro de 1878: Acta Leonis XIII, vol. I, pág. 40
  3. Bellamy, Richard (2003). The Cambridge History of Twentieth-Century Political Thought. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 60. ISBN 0-521-56354-2 
  4. a b CEPIK, Marco A. C.; AVILA, Fabrício S.; MARTINS, José Miguel Q. (2007) "O escudo anti-míssil americano e a resposta russa". Radar do Sistema Internacional. 2007
  5. KOPP, Dominique. "Guerra fria sobre o Ártico". Le Monde Diplomatique Brasil, 06/09/2007
  6. GLOBO. A nova Guerra Fria - O Globo, 13/11/2008.
  7. ESTADÃO. Rússia deve evitar nova Guerra Fria, diz Reino Unido O Estado de S.Paulo
  8. FIORI, José LuíS (2008). "Guerra e Paz". Le Monde Diplomatique Brasil. 23/08/2008
  9. GLOBO "Rússia instalará mísseis em Kaliningrado em resposta ao escudo dos Estados Unidos" O Globo Online, 13/11/2008
  10. RTP. "Rússia anuncia plano perante ameaça dos Estados Unidos e da NATO" RTP Notícias, 17/03/2009
  11. Zero Hora. Rússia anuncia que irá rearmar exército - Avanço da Otan no Leste Europeu é uma ameaça Jornal Zero Hora, 18/03/2009.
  12. ESTADO "Obama suspende plano de escudo antimísseis de Bush na Europa", Estado de S.Paulo, 17 de setembro de 2009.
  13. Estadão Rússia reconhece independência de Ossétia e Abkházia O Estado de S.Paulo, 26/08/08
  14. TSF Notícias Conflito na Ossétia pode afetar relações Estados Unidos-Rússia, dizem norte-americanos
  15. MCBRIDE, Janet. Rússia se diz indignada com resposta do Ocidente sobre Geórgia UOL Noticias, 12/09/2008
  16. Guerra Fria foi assim chamada, “fria”, porque não houve uma guerra direta ou seja bélica, "quente", entre as duas superpotências. A guerra acontece no período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos (que defendia o capitalismo) e a União Soviética (que era comunista), compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. Os soviéticos controlavam os países do Leste europeu, enquanto os Estados Unidos tentavam manter sua influência sobre o restante da Europa. A tensão aumento na décadas seguintes à medida que os Estados Unidos e a União Soviética acumulavam armas nucleares. Os paises queriam expandir seus ideais pelo mundo, como eram ideais diferente, um do outro, a guerra começa. No começo da década de 1990, o então a União Soviética começou a acelerar o fim do socialismo no país e em seus aliados. Com reformas econômicas, acordos com os Estados Unidos e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.
  17. Hiroshima bomb may have carried hidden agenda

Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA