Linha do Minho
A Linha do Minho é uma ligação ferroviária, que une as cidades do Porto e Valença, em Portugal. Foi inaugurado em 6 de Agosto de 1882, com a chegada a Valença, tendo o troço entre esta estação e Monção sido aberto à exploração em 15 de Julho de 1915[1] e encerrado a 31 de Dezembro de 1989.[2]
Caracterização
Descrição
A Linha do Minho apresenta, aproximadamente, 140 quilómetros de comprimento.[3]
Variante da Trofa
A Variante da Trofa é um troço da Linha do Minho, com aproximadamente 4555 metros de extensão, incluindo um túnel de 1404 metros e um viaduto de 327 metros[4], construído pela Opway Engenharia para desviar o tráfego ferroviário do centro da Trofa, reduzir o tempo de percurso, aumentar a capacidade neste troço e possibilitar a criação de uma nova estação ferroviária nesta localidade.[5][6] Todo o antigo traçado foi desactivado, excepto um pequeno troço, que dá ligação ao Ramal Colpor, ainda em uso por composições de mercadorias; o Apeadeiro de Senhora das Dores, que se situava no antigo troço, foi abatido ao serviço. As obras, no valor de 23,4 milhões de euros[5], duraram cerca de dois anos e meio, gerando vários constrangimentos no tráfego rodoviário e danos nas estradas.[7]
História
Planeamento
Em 1867, o Governo Português apresentou, após ter efectuado vários estudos, às Câmaras, os projectos para vários caminhos de ferro, em bitola ibérica, que iriam ligar a cidade do Porto a Braga, à fronteira com Espanha no Minho, e ao Pinhão (Alijó); não obstante o apoio do próprio governo e das populações, só em 14 de Julho de 1872 é que foi decretado o início da construção da Linha do Minho, e a realização de estudos sobre a Linha do Douro.[1] Considerada uma das linhas fundamentais no Norte de Portugal[8], o projecto da Linha do Minho detinha uma certa importância, devido ao facto das regiões a serem servidas conterem uma elevada densidade populacional e empresarial[9]; foi construído, na sua totalidade, pelo Estado Português.[3]
Construção até Braga e Valença e ligação às Linhas do Norte e do Porto à Póvoa
As obras foram, assim, inauguradas em 8 de Maio de 1872, tendo o troço até Braga sido aberto à exploração no dia 20 de Maio de 1875[1][10]; a linha chegou a Barcelos em 21 de Outubro de 1877, a Caminha no dia 1 de Julho de 1878, a São Pedro da Torre em 15 de Janeiro de 1879, e até Valença em 6 de Agosto de 1882.[1][11][12]
Em 5 de Novembro de 1877, foi inaugurado o troço da linha do Norte entre Vila Nova de Gaia e Campanhã ficou concluído, permitindo desta forma ligar as vias a Norte do Douro entretanto construídas à rede nacional.[13]
Em 1881, a Linha do Porto à Póvoa foi ligada à Estação de Famalicão, na Linha do Minho, unindo, assim, esta localidade ao Porto, através da Póvoa de Varzim.[14]
Ligação à rede espanhola e construção da Estação de São Bento
A Ponte Rodo-Ferroviária de Valença, que passava a fronteira sobre o Rio Minho, começou a ser construída em 1885[15], tendo sido inaugurada em 25 de Março de 1886, estabelecendo a ligação com a rede ferroviária espanhola na Galiza através do Ramal Internacional de Valença.[1][13][11][10]
A principal interface ferroviária do Porto era, nessa altura, a Estação de Campanhã, mas a população queria que fosse construída uma estação no centro da cidade; assim, e apesar de se considerar que esta infra-estrutura não seria de elevada necessidade, do ponto de vista da exploração, foi ordenada, em 1888, a construção de um ramal entre Campanhã e o antigo local do Mosteiro de São Bento de Avé-Maria, aonde seria construída a estação central do Porto.[1] A abertura à exploração foi efectuada em 8 de Novembro de 1896[13], com um edifício de madeira a servir de estação provisória, e um regime restrito de serviços; a inauguração definitiva deu-se em 5 de Outubro de 1916, já com o edifício da estação acabado.[1]
Continuação da linha até Monção
O primeiro projecto para a continuação da Linha do Minho a partir de Valença foi apresentado em 22 de Novembro de 1894, quando foi autorizada a construção de uma via de Carros americanos, com 1 metro de bitola; no entanto, em 11 de Janeiro de 1896, data em que foi concedida a utilização de tracção a vapor, ainda não se tinha iniciado a construção.[1] O prolongamento da Linha do Minho até à localidade de Monção foi, então, baseado num relatório de 3 de Julho de 1889, tendo sido incluído, em bitola ibérica, no Plano Geral da Rede ao Norte do Mondego, datado de 15 de Fevereiro de 1900; no entanto, surgiram vários problemas de planeamento, devido às influências de várias partes locais, que defendiam a construção do ramal até Melgaço, em via reduzida sobre as estradas, de forma a ser classificada de complementar, e assim, beneficiar de várias vantagens previstas numa lei de 14 de Julho de 1899.[1] Estes pedidos foram indeferidos, tendo uma portaria de 5 de Março de 1904, complementada por um despacho de 27 de Setembro do mesmo ano, ordenado a realização dos estudos para a construção em via larga, e um despacho de 30 de Setembro prescreveu a autorização para a linha dos carros americanos, por ter já sido terminado o último prazo para o seu início.[1]
As portarias de 11 de Outubro de 1905 e de 1 de Abril de 1911 aprovaram os projectos e os respectivos orçamentos para o troço entre Valença e Monção, e para a estação nesta localidade, tendo a primeira parte, entre Valença e Lapela, sido aberta em 15 de Junho de 1913; o ramal foi concluído com a chegada a Monção, em 15 de Julho de 1915.[1]
Encerramento do troço entre Monção e Valença
O troço entre Monção e Valença foi desactivado a 31 de Dezembro de 1989.[2]
Século XX
CP Urbanos do Porto | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Linhas:
d L.ª Douro •
g L.ª Guimarães |
O troço entre Valença e Monção foi reconvertido numa ecopista em 2004, num projecto conjunto das autarquias de Valença e Monção, com a cooperação da Rede Ferroviária Nacional; este projecto integrou, igualmente, a recuperação de várias estações e apeadeiros para fins culturais, ou para apoio aos utentes da ecopista.[2]
Projectos futuros
Estão em curso uma série de investimentos para a linha do Minho, fruto do aproveitamento de parte desta linha para a linha de AV Porto-Vigo. De referir, que a AV numa primeira fase aproveitará a linha do Minho até Nine, e daqui seguirá pela Ramal de Braga até a cidade com este nome. Sendo que de Braga para norte a linha seguirá através de um trajecto novo construído de raiz que permitirá ligar Braga a Valença, seguindo depois para terras galegas, até Vigo.[16]
Assim torna-se necessário resolver alguns constrangimentos existentes na linha do Minho; está projectada a quadruplicação da linha entre Campanhã e Ermesinde, possibilitando um aumento na velocidade comercial nesta linha, e eliminando constrangimentos entre comboios devido à falta de canais.[16]
Ver também
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa: Gazeta dos Caminhos de Ferro. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684): 92, 93
- ↑ a b c «Valença-Monção: antiga linha de caminho de ferro reabre como ecopista». Público. 9 de Novembro de 2004. Consultado em 21 de Junho de 2010
- ↑ a b Lains et al, 2005:167
- ↑ FERREIRA, Leandro (11 de Agosto de 2010). «Estação da Trofa inaugurada a 15 de Agosto». Transportes XXI. Consultado em 19 de Agosto de 2010
- ↑ a b «Opway ganha empreitada no Minho de 23,4 milhões». Agência Financeira. 12 de Fevereiro de 2009. Consultado em 22 de Agosto de 2010
- ↑ PEREIRA, Isabel Moreira (12 de Fevereiro de 2009). «Nova Estação inspirada na antiga Ponte Pênsil». O Notícias da Trofa. Consultado em 22 de Agosto de 2010
- ↑ COSTA, Ana Correia (22 de Agosto de 2010). «Ansiosos por estrear a linha». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010
- ↑ Lains et al, 2005:165
- ↑ Santos, 1995:116
- ↑ a b Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:12
- ↑ a b Martins et al, 1996:12
- ↑ História de Portugal em Datas, 1994:227
- ↑ a b c «Cronologia». Comboios de Portugal. Consultado em 26 de Setembro de 2010
- ↑ Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:28
- ↑ Santos, 1989:329
- ↑ a b RAVE[1], consultado em 14-04-2009, às 0h12
- História de Portugal em Datas. [S.l.]: Círculo de Leitores, Lda. e Autores. 1994. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9
- Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- LAINS, Pedro, e SILVA, Álvaro Ferreira da (2005). História Económica de Portugal 1700-2000. O Século XIX. II de 3 2.ª ed. Lisboa: ICS-Imprensa de Ciências Sociais. 491 páginas. ISBN 972-671-139-8
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal de Faro. 213 páginas
- SANTOS, José Coelho (1989). O Palácio de Cristal e Arquitectura de Ferro no Porto em Meados do Século XIX. Porto: Fundação Engenheiro António de Almeida. 387 páginas
Ligações externas