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Edifício Guinle
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História
Arquiteto
Hyppolito Gustavo Pujol Júnior e Augusto de Toledo
Gestor
Mundial Calçados
Período de construção
1912-1916
Uso
Comercial e serviços
Arquitetura
Pisos
7
Localização
Localização
Rua Direita, 49, Sé, São Paulo
 Brasil

O Edifício Guinle, uma construção em estilo art nouveau com sete andares e 36 metros de altura, é considerado o primeiro arranha-céu da cidade de São Paulo.[1] Localizado na Rua Direita, no centro da capital paulista, o prédio é tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo).

Inaugurado em 1913, foi construído e projetado pelo arquiteto catalão Hyppolito Gustavo Pujol Júnior e pelo brasileiro Augusto de Toledo a mando da família Guinle para ser a sede paulistana da empresa Guinle & Cia., e assim tornando-se o prédio mais alto da cidade à época. Hoje o edifício serve como uma das lojas da Mundial Calçados, que adquiriu o imóvel em 1997.[2]

A construção foi pioneira no uso de concreto armado no país, resistindo com as suas características originais até hoje.  O concreto usado na obra passou por testes no Gabinete de Resistência dos Materiais da Escola Politécnica (hoje o IPT) para garantir a segurança em uma época que a cidade não tinha prédios com mais de dois andares. Já no século XXI o concreto do edifício foi aprovado novamente em testes do IPT, considerados rigorosos pelo jornal Folha de S. Paulo, o que o tornaria um "exemplo de estrutura".[1]

História[editar | editar código-fonte]

Em 1912 foi solicitada à prefeitura de São Paulo uma autorização para a construção do edifício Guinle & Cia, que abrigaria a sede paulistana da família carioca Guinle, em um lote do centro antigo da cidade, especificamente em uma das ruas principais do comércio da época.

Para a obra ser aprovada, no entanto, a prefeitura solicitou uma análise apurada para decretar se seria possível construir na região um prédio com mais de dois andares, altura máxima que a maioria das edificações da cidade tinham naquele tempo – com exceção de um único edifício de quatro andares situado na Rua IV de Novembro.[1][2]

O prefeito da época, Barão de Duprat, duvidada que uma construção com sete andares fosse estável, e pediu ao engenheiro Francisco de Paula Souza, então diretor da Escola Politécnica, um aval para o procedimento.[3] Assim, após a solicitação ser aprovada pela Câmara Municipal, deu-se início à construção do Guinle, considerado um precursor na verticalização de São Paulo e pioneiro no uso do concreto armado no país.[3]

Apesar do projeto inicial do arquiteto Pujol Júnior prever um prédio de 32 metros, a construção chegou aos 36 metros de altura por conta da cobertura, que ganhou duas edículas.[3]

Em 1965 o edifício mudou de numeração graças a um pedido da então proprietária do empreendimento, a Companhia Seguradora Brasileira, mudando do número 7 para o lote de números 37,43,49 e 53 – sendo o número 49 o utilizado na placa do local.[2]

Em 1997 a empresa Mundial Calçados adquiriu a propriedade, mantendo, até hoje, uma de suas lojas no térreo do edifício. Em 2011 os sócios da companhia conseguiram realizar uma restauração do imóvel através de um financiamento aprovado pela Lei Cidade Limpa.[2]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Detalhes da fachada do Edifício Guinle: elementos decorativos na cor grafite

O Guinle foi a primeira construção brasileira que teve seu procedimento acompanhado por técnicos do Laboratório de Ensaios da Escola Politécnica, além de ser a primeira edificação feita em concreto armado.[2]

A arquitetura do imóvel se associa ao estilo art nouveau, com aberturas largas para o padrão da época e uma fachada composta por granito rugoso e argamassa pigmentada decorada com bossagens rústicas, intercaladas com argamassa lisa no térreo. A cor do edifício é ocre e suas portas são em chapa ondulada metálica com gradil de ferro acima da sobreverga. Nos outros pavimentos, as esquadrias são de madeira e vidro, com duas folhas de abrir e bandeira.[2]

Apesar da inauguração em 1913, a construção do prédio durou de 1912 a 1916, ano em que foi finalizado. A técnica construtiva utilizada foi o concreto e vedação em alvenaria.[2]

Significado histórico e cultural[editar | editar código-fonte]

O edifício foi tombado pelo órgão municipal de patrimônio, o Conpresp, em 2007, sendo decretada a preservação das fachadas e volumetria pela resolução 17/07-109.[4]

Eduardo Palassin Guinle e a esposa Guilhermina

Família Guinle[editar | editar código-fonte]

Os Guinle foram uma família tradicional da elite carioca ao decorrer do século XX. O patriarca, Eduardo Palassin Guinle, em parceria com seu sócio, Candido Gaffrée, iniciou a fortuna da família com um armazém de produtos importados no centro do Rio de Janeiro, em 1870.[5]

Mas foi em 1888 que os dois sócios expandiram seus negócios ao conseguir a concessão para reformar, modernizar e administrar o Porto de Santos, responsável pela produção de café do país. Ao longo de quase um século, durante os 92 anos de concessão do Porto, a herança da família foi crescendo com o dinheiro de tal exploração comercial, que chegava a render 24 bilhões de dólares por ano.[6]

Dentre as outras construções da família encontram-se também, na capital carioca: a sede do Parque da Cidade, na Gávea; o casarão da Ilha de Brocoió, na Baia de Guanabara; o Hospital Gaffrée e Guinle, na Tijuca; e o Hotel Copacabana Palace.

Estado atual[editar | editar código-fonte]

O atual proprietário do imóvel é Ricardo Kachvartanian, diretor da rede de lojas Mundial Calçados. A empresa foi responsável por propor para a prefeitura, em 2009, um projeto de restauração do edifício para trazer de volta suas características originais na pintura e na fachada. Após a iniciativa ser aprovada pelo Conpresp em 2010, os funcionários da Companhia do Restauro, responsáveis pela obra, ainda levaram um ano planejando cada etapa do processo de restauração: foi feito um estudo para identificar as características originais, lavaram a fachada e realizaram uma prospecção de cores.[3]

Em 2011, para a realização das obras, o Guinle foi então o primeiro prédio a usar o artigo 50 da Lei Cidade Limpa, o qual concede o uso de anúncios publicitários para financiar restaurações em imóveis históricos. O Departamento de Patrimônio Histórico autorizou a instalação de um outdoor da Mundial Calçados na fachada do edifício para financiar a obra, orçada em R$ 700 mil. [7]

Assim, com a restauração, a fachada voltou a ter sua massa raspada, o telhado voltou a ser de cerâmica e os elementos decorativos, antes pintados de dourado, voltaram a ter a cor grafite.[3]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]