Casarão da Alameda Cleveland

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Casarão da Alameda Cleveland
Casarão da Alameda Cleveland
Fachada principal Casarão da Alameda Cleveland
Inauguração 1894 (129–130 anos)
Website http://www.energiaesaneamento.org.br/1289
Geografia
País  Brasil
Cidade São Paulo
Coordenadas 23° 31' 50" S 46° 38' 36" O

O Casarão da Alameda Cleveland e residência vizinha compõem um conjunto de duas construções antigas localizadas na região dos Campos Elíseos da cidade de São Paulo. Atualmente o casarão pertence à Fundação de Energia e Saneamento e após restauração e tombamento realizado no ano de 2002, abriga as instalações do Museu de Energia Elétrica de São Paulo.[1][2]

O Casarão foi construído no terreno de esquina da Alameda Triumpho, entre os anos de 1890 e 1894, e comprado após a edificação por Henrique Santos Dumont, irmão do famoso inventor brasileiro do avião. No século XIX, o casarão era considerado muito nobre, e estava situado no primeiro bairro de luxo da cidade, nomeado por "Campos Elíseos", uma homenagem à célebre avenida francesa Champs-Elysées. Acompanhando as construções que na época rodeavam o palacete, o mesmo seguia as tendências da arquitetura europeia, possuindo assim traços refinados e pés-direitos altos. Dentro da edificação, a maioria dos pisos era revestido por assoalho de madeira e as paredes cobertas por pinturas decorativas.[3][4][5]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

São Paulo Railway

O primeiro bairro projetado da cidade de São Paulo, foi os Campos Elíseos, que surgiu a partir da inauguração da ferrovia São Paulo Railway, nos anos de 1870, e por conta da chegada dos serviços de abastecimento domiciliar de água da companhia Cantareira, no ano de 1882. Nessa época, a economia paulista era basicamente pautada na produção e na venda de café, portanto, os ricos fazendeiros donos dessas produções passaram a ocupar os terrenos que antes eram conhecidos como Campo Redondo e, posteriormente, Chácara Mauá, justamente por ser propriedade do visconde de Mauá.[6][7]

E foi nessas redondezas, na freguesia da Santa Efigênia, mais especificamente na esquina da Alameda Nothman, que no dia 7 de julho de 1980 que Antônio de Lacerda Franco adquiriu, de Domingos dos Reis o terreno no qual o Casarão seria construído e se situa atualmente.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Durante os anos de 1890 e 1894 o Casarão foi construído na Alameda Triumpho. Já com o prédio edificado, Henrique Santos Dumont, o filho mais velho de imigrantes franceses e considerado um dos reis do café na sua época, adquiriu a nobre propriedade por uma alta quantia.[5]

Henrique Santos Dumont, falece no ano de 1892, deixando de herança para sua esposa, Amélia Ferreira Dumont, o terreno contendo o Casarão no centro, construções anexas de garagem e habitação com jardim.[5]

O Colégio Stafford[editar | editar código-fonte]

Fachada lateral residência vizinha

No ano de 1926, Amélia Dumont decide vender sua posse do terreno para Blandina Ratto. A mulher, funda no local o Colégio Stafford. No período em que viveu como proprietária, Blandina construiu mais uma imóvel no terreno, o objetivo da residência vizinha, que seguia o mesmo padrão arquitetônico da original, era servir como área de dormitório para as alunas.[5]

Em 1948, Blandina Ratto falece e as propriedades passam a pertencer a Lucinda Ratto, que tocou o funcionamento do Colégio Stafford até o ano de 1951, quando as atividades estudantis foram encerradas, e as alunas transferidas para outras instituições de ensino.[5]

A Sociedade Pestalozzi[editar | editar código-fonte]

O Professor Doutor José Maria de Freitas no ano de 1952, funda nas instalações do casarão, a Sociedade Pestalozzi, uma entidade filantrópica que passa a atender os portadores de doenças mentais na época.[5]

Porém, logo em 1961, a Secretaria da Fazenda Estadual desapropria os imóveis. Dessa forma a Sociedade Pestalozzi tem suas instalações transferidas para Vila Guilherme, em São Paulo[5]

Ocupações e Reintegrações[editar | editar código-fonte]

Do ano de 1983 até o ano 2000, o Casarão da Alameda Cleveland foi alvo de diversas invasões de grupos sem-teto e novas reintegrações de posse realizadas por órgãos estatais, como por exemplo a Secretaria da Criança, Família e Bem Estar Social.[5][8]

Porém, no dia 30 de março de 2001, o Casarão é definitivamente desocupado, mediante a reintegração de posse dada a Secretária de Estado da Cultura, que logo em seguida, transfere o imóvel por sessão de uso provisório para Fundação de Patrimônio Histórico de São Paulo.[5]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Parte interna Casarão Alameda Cleveland, escadaria e detalhes de pintura restaurada do museu da Energia Elétrica

Idealizado pelo renomado arquiteto Ramos de Azevedo, no século XIX, apesar de se localizar em um bairro residencial de elite, a construção possui bastante elementos do estilo eclético, porém com predominância de características da arquitetura europeia. Por conta disso, o casarão edificado nos Campos Elísios apresenta traços refinados e pés-direitos altos, além de em sua parte interna, possuir a grande maioria dos pisos revestidos por assoalhos de madeira e as paredes possuem diversas pinturas decorativas.[9]

Restauração[editar | editar código-fonte]

Para que fosse possível instalar as novas mostras, e o Casarão da Alameda Cleveland pudesse se tornar sede do atual Museu da Energia, o mesmo teve de passar por diversas obras de manutenção e restauro. Dentre as muitas mudanças realizadas nos prédios, encontramos: nova pintura das fachadas e das paredes internas, reparos nas janelas, portas e pisos, além da recuperação das esquadrarias do prédio.[5]

Foi plenamente acordado que as obras no Museu respeitariam a estética original do Casarão, para que o mesmo não perdesse nem sua essência, nem os rastros históricos deixados pelos diversos ocupantes que possuiu ao longo do tempo. A pintura, por exemplo, foi realizada com base em uma das primeiras fases do edifício, quando o mesmo ainda era residência da família do cafeicultor paulista Henrique Santos Dumont, mas ainda assim tomando inúmeras precauções para que a maioria das contribuições arquitetônicas realizadas pelas ocupações posteriores não fossem apagadas.[10]

Parte interna Casarão Alameda Cleveland, parte conservada do antigo revestimento das paredes

Hoje em dia, a área é toda composta por diversas salas térreas e no segundo andar, que abrigam os materiais da exposição. O subsolo após os restauros, se tornaram verdadeiros labirintos, que acabam servindo como depósito para materiais não utilizados nas exposições. O teto desse porão é bastante rebaixado, por conta disso, o fato acaba criando certas dificuldades de movimentação por entre as colunas do edifício. Reservada em um canto, está a réplica de uma escada idealizada pelo próprio Santos Dumont. Por ser um homem muito supersticioso, o grande inventor projetou uma escada especial onde só era possível dar o último passo utilizando o pé direito. Porém, como se trata apenas de uma réplica, a peça presente no Museu da Energia acabou não seguindo à risca as regras de Dumont e estimula o usuário a pisar com a perna esquerda.[11]

Estado Atual[editar | editar código-fonte]

arte interna Casarão Alameda Cleveland, sala térrea com fotos da exposição do museu da Energia Elétrica

Hoje em dia, o Casarão da Alameda Cleveland está sob posse da Fundação de Energia e Saneamento de São Paulo e abriga o Museu da Energia de São Paulo. As instalações do museu após restauro e tombamento no ano de 2002 foram inauguradas em junho de 2005, e o mesmo a partir de então tornou-se um espaço aberto a visitações da comunidade, possuindo entrada franca e serviços de monitoria mediantes a agendamento prévio pelo site.[2][5]

Por suas diversas salas, espalham-se equipamentos interativos, utensilio elétricos antigos e atividades como jogos e projeções de filmes, que convidam os visitantes de todas as idades a participarem de experiências científicas e a refletirem sobre questões atuais envolvendo o tema da energia e seu futuro.[5]

Além da parte mais voltada a energia elétrica, a história da expansão urbana e industrial da cidade de São Paulo nos últimos 150 anos também está presente nas salas do museu. Fora o próprio edifício-sede com toda a sua história já é outra atração a parte.[12]

Galeria de Fotos[editar | editar código-fonte]

Referências