Usuário(a):Biacsantoro/Testes

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Edifício Louveira
Biacsantoro/Testes
Fachada do Edifício
Estilo dominante arquitetura moderna
Arquiteto arqtos. João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi
Construção 1946
Estado de conservação SP
Património nacional
Classificação Condephaat
Data 1992
Geografia
Cidade São Paulo

O Louveira é um edifício residencial multifamiliar localizado na esquina da rua Piauí, n. 1081, com a Praça Vilaboim, n. 144, em Higienópolis, bairro nobre e central da cidade de São Paulo. Foi projetado em 1946 pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas em parceria com Carlos Cascaldi e é considerado um importante representante da arquitetura moderna na cidade. A obra caracteriza-se pela composição de duas lâminas paralelas intermediadas por um pátio interno ajardinado. A implantação propiciou a integração visual do espaço público e privado, assimilando a Praça Vilaboim, que está em frente, ao interior do edifício. Tombado pelo Condephaat, o edifício é cuidadosamente preservado pelos moradores. Muitos são moradores desde a inauguração.[1]

Endereço[editar | editar código-fonte]

Localizado na esquina da rua Piauí, n. 1081, com a Praça Vilaboim, n. 144, no bairro de Higienópolis, na cidade de São Paulo.

História[editar | editar código-fonte]

Contexto do bairro[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Higienópolis

Na virada do século XIX para o XX, o bairro de Higienópolis concentrava parte considerável dos palacetes da elite da cidade. Em meados dos anos 1950, verifica-se um processo de demolição do antigo tecido urbano e de sua substituição por prédios de alto padrão, em fenômeno no qual se insere a construção do Louveira. O edifício, assim como seus pares, serviu de influência para a arquitetura residencial vertical em outras partes da cidade.

Construção do edifício[editar | editar código-fonte]

O Edifício Louveira foi encomendado, em 1946, pelos irmãos Alfredo, Lia e Esther Mesquita, herdeiros do jornal O Estado de S. Paulo. O terreno onde foi construído pertencia a uma de suas irmãs, Maria Mesquita Motta e Silva. Alfredo Mesquita foi o responsável pela contratação do escritório do arquiteto Vilanova Artigas.[2] O nome que intitula o prédio é uma referência a cidade de Louveira, no interior de São Paulo, local onde a família possuía fazendas cafeeiras.

Na época, era comum que famílias tradicionais investissem em empreendimentos imobiliários como uma forma de ampliar e diversificar os negócios, que geralmente, se tratavam de fazendas de café ou indústrias. [2] O projeto do edifício foi iniciado em 1946. O primeiro projeto concluído não condiz com a obra construída pois algumas características, como as janelas empregadas nas empenas cegas, constavam no desenho. Tal projeto foi utilizado apenas para aprovação na prefeitura pois de acordo com a legislação da época, todas as fachadas deveriam receber tratamento estético.[2] [3]

O segundo projeto é de 1948 e representa em sua totalidade o prédio construído. No mesmo ano, iniciou-se a construção do prédio. Embora não se tenha registro da data exata de finalização da construção, de acordo com cronograma da obra, a conclusão vai até agosto de 1950, ano do pedido do habite-se. Desse modo, é possível afirmar que a data de início e fim do Louveira são 1946 e 1950, respectivamente. [2] Publicado pela Folha da Manhã, o primeiro anúncio de vendas é do dia sete de fevereiro de 1954. [2]

Características arquitetônicas[editar | editar código-fonte]

O Edifício Louveira é considerado um dos mais importantes ícones da arquitetura modernista da cidade de São Paulo. [4] [5] O projeto do Louveira foi concebido na segunda fase do arquiteto Vilanova Artigas que, após abandonar a influência de Frank Lloyd Wright, passou a incorporar elementos do racionalismo de Le Corbusier. [2] [4] Artigas, além de inovar ao aplicar o conceito de arquitetura racionalista, também absorveu elementos da arquitetura moderna que estão empregados neste projeto como, por exemplo, a estrutura independente em concreto, o uso de pilotis e rampas. [6] [7] O Edifício Louveira é composto por dois blocos paralelos quase idênticos que contam com o embasamento, o térreo e mais sete andares cada um. [2] [8] As duas torres comportam juntas 31 apartamentos com área total de 160 m², sendo que um apartamento é destinado ao zelador. Este, ao contrário dos outros com três quartos, possui apenas dois.[2]

Implantação[editar | editar código-fonte]

Vista da entrada do bloco A

A construção foi implantada em um terreno de 5400.0 m², localizado na esquina da rua Piauí, n. 1081, com a Praça Vilaboim, n. 144, no bairro de Higienópolis. As torres, presentes nas laterais do terreno, são separadas a uma distância de 20 metros, divergindo da construção tradicional de bloco em “L”, solução em que as principais fachadas ficavam voltadas para a rua. [9] [4] Isto é, ao invés de implantá-las com as fachadas principais voltadas para a praça, como seria o esperado, Artigas preferiu que as laterais de empenas cegas se voltassem para a Praça Vilaboim. [9] Tal implantação só foi possível por se tratar do bairro de Higienópolis, que diferentemente do Centro, não contava com legislação que obrigava que toda a perímetro do lote lindeiro a rua fosse ocupado. [2] A distância entre as torres também foi fruto da legislação. Na época, o Código de Obras de São Paulo estabelecia que os prédios tivessem maior insolação possível. Por conta disso, Artigas afastou ao máximo os dois blocos. [2]

Rampa e jardim[editar | editar código-fonte]

Rampa que liga o bloco A ao bloco B. Do lado esquerdo encontra-se o jardim e do direito, o estacionamento.

Antes mesmo do debate sobre acessibilidade surgir, as rampas já eram frequentes na obra do arquiteto Vilanova Artigas. [5] A rampa foi utilizada por Artigas pela primeira vez no projeto de 1945 do Hospital São Lucas, localizado em Curitiba. [2] [5] Após um ano, o arquiteto voltou a explorar a rampa, dessa vez no Edifício Louveira. [5] A rampa presente no prédio é utilizada como elemento estético e estruturador do espaço. [2] [5] Sinuosa e suave, a rampa conecta os dois blocos da construção e separa os dois pátios do edifício: o jardim e a garagem, promovendo a divisão entre o público e o privado. [2] Entre os dois blocos,encontra-se o jardim, cuja principal função é dar continuidade à praça do outro lado da rua, criando um espaço semi-público. [9] [4] Neste sentido, Artigas explorou o diálogo entre casa e cidade, rompendo com as formas tradicionais de separação entre ambos. [2]

Empenas cegas[editar | editar código-fonte]

Empena cega na lateral do bloco A

Empenas cegas é o termo que designa a face externa que não possuem abertura para iluminação, insolação ou ventilação de uma construção. O Edifício Louveira apresenta duas empenas deste tipo nas laterais de cada um dos dois blocos. Além de cegas, as empenas do Louveira medem nove metros de largura. [8] Voltadas para o lado mais nobre do terreno -o da Praça Vilaboim-, as laterais com empenas cegas se comportam como as fachadas principais dos dois blocos. [2] [8] Tal composição causou polêmica antes mesmo da construção do prédio.(1) A legislação da época exigia tratamento estético em toda a fachada e as empenas cegas deveriam ser evitadas. Para contornar a situação, o arquiteto Vilanova Artigas apresentou para aprovação na prefeitura um projeto com janelas em todas as fachadas que não foram incluídas na obra posteriormente. [2] [3] Na ponta da lateral do bloco A, a palavra “Louveira”, nome da edificação, se destaca. [3]

Janelas[editar | editar código-fonte]

Janelas dos dormitórios do Edifício Louveira.

As janelas compreendem um dos pontos mais marcantes do Edifício Louveira. [2] Composta por caixilhos amarelos e vermelhos, a fachada se tornou um marco paulistano. [3] Numa época em que a paleta de cores dos edifícios era acinzentada, Artigas ousou em aplicar tais cores, influenciado pelos escultores e pintores do Grupo Santa Helena. [3] As janelas das faces nordeste dos dois blocos protegem os ambientes íntimos e sociais. Ao centro, estão as salas e os terraços cobertos por janelas do tipo guilhotina e vidros translúcidos que vão do teto ao chão. Nas laterais, os dormitórios são protegidos por janelas venezianas com o mesmo sistema de abertura das janelas da sala. [2]

Planta e fachada[editar | editar código-fonte]

Fachadas do sudeste do bloco A. Elas recobrem as dependências de serviço.

Cada andar comporta dois amplos apartamentos compostos por três quartos, sala com dois ambientes, cozinha, um banheiro e área de serviço. [9] Apesar do projeto moderno proposto por Vilanova Artigas, o desenho da planta dos apartamentos do Edifício Louveira seguiu a divisão espacial burguesa, com espaços nitidamente divididos entre as áreas de serviço, convívio social e íntimas. [2] Com os cômodos distribuídos dessa maneira, a composição das fachadas recebeu tratamentos diferentes. [9] As faces voltadas para o sudeste compreendem as dependências de serviço, e embora completamente diferentes das faces do nordeste, ambas se harmonizam. [9] Já as fachadas voltadas para o nordeste são divididas em três partes: uma ao centro, composta por um pano de vidro que compreende a sala e o terraço, ladeada por duas faixas compostas pelas janelas dos quartos. [9] A obrigatória interligação entre os elevadores social e de serviço se dá através de cinco degraus abaixo do nível de cada pavimento. [9] [4] Artigas utilizou-se desse recurso para otimizar a área útil do edifício. [2] Esta engenhosa solução produz nas fachadas do sudeste uma quebra na continuidade do desenho. [9] [4]

Painel[editar | editar código-fonte]

No hall de entrada do bloco A do Edifício Louveira encontra-se um painel de aproximadamente 2,5 metros de altura por 3,4 metros de largura. Pintado por Francisco Rebolo, membro do Grupo Santa Helena, o mural retrata uma paisagem campestre que pode ter sido inspirada nas fazendas de café que a família Mesquita possuía na cidade de Louveira ou mesmo nas regiões próximas ao bairro de Higienópolis da época. [2]

Significado histórico e cultural[editar | editar código-fonte]

O Edifício Louveira foi tombado na esfera estadual pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico (Condephaat) em 18 de dezembro de 1992. [4] [6] O pedido que deu início ao processo foi realizado em março de 1985, tendo como solicitante o conselheiro Geraldo Giovanni. [2] [4] No processo, em abril de 1991, o então presidente do Condephaat, Edgard de Assis Carvalho, afirma que o Edifício Louveira “ja se transformou em exemplo paradigmático de um prédio que soube captar a elegância do estilo, a modernidade das formas e a harmonia com o espaço urbano”.

Estado atual[editar | editar código-fonte]

O prédio encontra-se em atualmente em bom estado de conservação. [10]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Commons
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Referências

  1. «Edifício Louveira (Anos 40): Um Ícone Modernista». Consultado em 24 de novembro de 2016 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v Turchi, Thiago P. (26 de Janeiro de 2016). Artigas e o Ed. Louveira Edifícios residenciais e a verticalização de São Paulo na obra de Vilanova Artigas (Mestrado) 
  3. a b c d e «Patrimônio Paulistano». 1 de setembro de 2015. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  4. a b c d e f g h «SÃO PAULO (SP). Secretaria de Estado da Cultura. CONDEPHAAT. Estudo de tombamento do Edifício Louveira, esquina Rua Piauí com Praça Vilaboim. São Paulo, 1985. Processo 23387-1985.» (PDF). Consultado em 22 de novembro de 2016 
  5. a b c d e Rabelo, Clevio. «Entre o chão e o céu: as rampas em artigas» (PDF). Consultado em 22 de novembro de 2016 
  6. a b «Edifício Louveira - CONDEPHAAT». Consultado em 18 de novembro de 2016 
  7. São Paulo: Como é morar no edifício Louveira (Tese). 27 de setembro de 2013. Consultado em 17 de novembro de 2016 
  8. a b c Migliani, Audrey (6 de agosto de 2014). «Clássicos da Arquitetura: Edifício Louveira / João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi». Consultado em 24 de novembro de 2016 
  9. a b c d e f g h i Galesi, René. «Edifício Louveira: Arquitetura Moderna e Qualidade Urbana» (PDF). Consultado em 22 de novembro de 2016 
  10. «Arquivo arquitetura». Consultado em 20 de novembro de 2016