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Monumento às Bandeiras
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Monumento às Bandeiras
Estilo dominante Modernista
Arquiteto Victor Brecheret
Construção 1954
Estado de conservação SP
Património nacional
Classificação CONDEPHAAT
Data 1984
Geografia
Cidade São Paulo

O Monumento ás Bandeiras é uma obra em homenagem aos Bandeirantes, inaugurada em 1953, fazendo parte das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.[1] O Monumento está localizado no Parque do Ibirapuera, na área que compreende a Praça Armando de Salles Oliveira.

O Monumento às Bandeiras do escultor Victor Brecheret começou a ser desenhado ainda em 1920, quando o artista tinha 26 anos de idade. Por conta de uma série de questões políticas do país, a obra só foi concretizada 33 anos depois, às vésperas do IV Centenário da capital paulista de 1954. Já com 58 anos, Victor Brecheret não quis esperar o ano seguinte e finalizou a obra no ano de 1953.[2][3]

O Monumento às Bandeiras e o Brasil do Século XX[editar | editar código-fonte]

O referido escultor da obra Victor Brecheret, foi um dos integrantes da Semana de Arte Moderna de 1922, o que justifica a concepção do monumento característica do período que antecedeu a Semana de 22. O primeiro esboço do Monumento às Bandeiras data 1920, quando Victor expôs pela primeira vez a maquete desse monumento na Casa Byington[4], um importante espaço de fomento a arte da cidade de São Paulo. Na ocasião, uma série de homenagens estavam sendo planejadas para a comemoração da Independência, e a construção de um monumento em exaltação aos bandeirantes fez com que os modernistas se aproximassem de Victor Brecheret.

Família do Monumento às Bandeiras

O projeto, quando apresentado, foi bem recebido pela mídia e governantes, e causou estranheza no público devido a suas caraterísticas inovadoras. O então presidente Washington Luís fez a promessa de que o monumento se tornaria realidade. Mas a obra acabou sendo bastante adiada, e sua conclusão, por fim em 1953, trouxe a ela um caráter de exaltação a colonização do Estado de São, quando na década de 50 comemorava seu IV Centenário da capital paulista, mais especificamente em 1954. Publicada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a Revista Eletrônica de História Social da Cidade – O monumento e a cidade, A obra de Brecheret na dinâmica urbana traz uma reflexão sobre a exaltação aos Bandeirantes paulistas na época da inauguração da obra: “Naquele contexto, em que a cidade experimentava um desenvolvimento econômico expressivo e transformações urbanas, o bandeirante foi celebrado como personagem chave do imaginário regional apto a reforçar as velhas tradições.”.[5]

Após a promessa de Washington Luis, o monumento levou 31 anos para ser entregue ao povo e consagrar a maior obra de Victor Brecheret. Nesse ínterim, Washington Luis foi deposto de seu cargo, em 1930, e o Brasil sofreu um Golpe de Estado [6]em 1937, o qual colocou fim no período da República Velha, dando início ao chamado Estado Novo de Getúlio Vargas.

A obra de 12.000 toneladas[editar | editar código-fonte]

Apesar de bem recebida por alguns críticos e governantes, a maquete do Monumento às Bandeiras, quando apresentada ao público na Casa Byington, na região da Mooca em São Paulo, causou estranheza entre o público, que não estava acostumado com os traços fortes das linhas de Victor Brecheret, herdadas de seus estudos na Itália nos anos de 1913 a 1919. Mas além das influências estrangeiras, o anonimato e a nudez dos 37 personagens esculpidos para representar as origens do povo brasileiro, também foi algo muito novo para o público.

Victor Brecheret fez sua última versão do desenho do Monumento às Bandeiras na década de 1930, atualizando os conceitos estéticos com influências de seus estudos em Paris. Onde em meio a artista como Tarsila do Amaral, Di Cavalcante, Oswald de Andrade e Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Vicente de Rego Monteiro, o escultor teve contato com os movimentos de vanguarda.

Frente do Monumento às Bandeiras

A ideia inicial de Brecheret era executar a obra com um único bloco de granito extraído de pedreiras paulistas, mas as dimensões monumentais da obra não permitiram isso e precisaram de sobreposições  de pedaços de rochas. A escultura se utiliza de 240 blocos de granito, cada um pesando aproximadamente 50 toneladas, possui cinquenta metros de comprimento, por quinze de largura e aproximadamente seis metros de altura.

A local ocupado pelo monumento na cidade de São Paulo, em meio a concentração de diversas avenidas cujas as denominações remetem à história regional e nacional, tem forte influencia na compreensão da obra. Ali “nasceu a Avenida Brasil”, próxima a Rua Manoel da Nóbrega e isso teve “alguma coisa de predestinado,” disse o governador Armando de Salles Oliveira, na época. É dali que partem as expedições para percorrer o sertão e é por isso que as figuras do Monumento às Bandeiras estão com os olhos visando o horizonte, parecendo vislumbrar as trilhas que serão percorridas.

Essa perspectiva traz uma interpretação particular da obra a depender da trajetória do observador, a maneira como ele lê o monumento é influenciada pela maneira como ele enxerga o processo de colonização do país e do Estado de São Paulo.

O Monumento às Bandeiras e o imaginário paulista[editar | editar código-fonte]

O Monumento às Bandeiras marca uma época importante para a produção a arte moderna no Brasil. Seus primeiros desenhos surgem nas vésperas da Semana de Arte Moderna de 1922, e dão visibilidade a escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret, que chama especial atenção dos famosos modernistas Hélio Seelinger, Di Cavalcanti, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. Além dos integrantes da cena modernista da época, o talentoso escultor desperta o interesse dos governantes. Mas é justamente por conta da conturbada trajetória política do país, que a obra leva mais de 30 anos para se tornar realidade. E ao longo desse tempo, ganha mais significa político para a população do Estado de São Paulo, que enfrenta um movimento separatista e a chamada Revolução Constitucionalista de 1932.

Monumento às Bandeiras Victor Brecheret

O monumento começa a sair do papel em 1936, quando o então governados de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, incumbido de recuperar o orgulho paulista abalado com os acontecimentos de 1932, busca providenciar o começo da construção do monumento. Mas no sentido contrário de Armando Salles, Getúlio Vargas a frente do Estado Novo estava buscando construir um sentimento nacionalista, inclusive na população paulista, e para isso dedica mais recursos federais para construção de monumentos que tentam dar manutenção a unidade do país, como é o caso do monumento ao militar Duque de Caxias em São Paulo, também de autoria de Victor Brecheret. Esse por sua vez recebeu pronto recurso para sua construção.

Mas apesar da trajetória de acontecimentos que inflam na população paulista um espírito regionalista, e os bandeirantes representados nas curvas de Portugueses, índios e escravos, esculpidas por Victor Brecheret, enaltecem um movimento de colonização questionável quando a questão a exploração dos povos colonizados e escravizados em todo o Brasil. 33 anos antes da sua inauguração, que acabou por fazer parte das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo, o Monumento havia sido pensado com uma concepção mais nacional. Seria parte dos festejos do 1º Centenário da Independência do Brasil.

Nome popular[editar | editar código-fonte]

Uma lenda urbana muito conhecida a respeito do monumento, popularmente chamado de Empurra-empurra ou Deixa-Que-Eu-Empurro, refere-se ao fato da embarcação nunca sair do lugar, a despeito do contingente que supostamente a puxa. A "resposta" estaria no fato de que as figuras à frente da comitiva não estariam, realmente, tentando mover a canoa, pois as correias estão visivelmente frouxas, como se pode notar no detalhe da foto. A única figura que realmente estaria esforçando-se é a última, a empurrar o barco [7].

Visão lateral do Monumento.

Sobre o Processo de Tombamento[editar | editar código-fonte]

O Processo de Tombamento do Monumento às Bandeiras teve início no dia oito de junho de 1984, trinta e um anos após o término da obra pelo escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret, 1953. No documento entregue a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, pelo então interessado Egydio Torrezani, escultor e residente no bairro da Mooca, o bem apresenta condições quase perfeitas. No pedido, Egydio Torrezani busca amparo no Artigo 180, da Constituição Federal de 1967 -que deu suporte ao Regime Militar que o Brasil sofreu de 1964 a 1985-, que em seu Parágrafo Único determina que é dever do Estado dar amparo à cultura[8][9].

Os bandeirantes e seus cavalos do Monumento às Bandeiras

No Processo, tanto o escultor interessa Egydio Torrenzani, como a arquiteta consultado, Lucilena Bastos, se posicionam a serem dispensáveis quaisquer argumentos de comprovação de relevância da obra: “ Acreditamos, mesmo, que seria até pretensioso de nossa parte, tentar provar a esta Diretoria Técnica e ao Conselho que a obra em questão é digna de tombamento.”, escreve a arquiteta Lucilena Bastos no documento entregue a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

O Monumento às Bandeiras e a metrópole de São Paulo[editar | editar código-fonte]

Ibirapuera Sampa

Sessenta e três anos após sua inauguração, o Monumento às Bandeiras está em ótimas condições apesar do desgaste natural de uma obra ao ar livre. Além das intempéries da natureza, a obra já  passou por diferentes intervenções da população, principalmente através de pichações, o que de alguma forma prejudica sua integridade, apesar de expressar a natureza de uma metrópole como São Paulo. De qualquer forma, devido a seu material, a limpeza e manutenção da obra é feita sem grandes dificuldades, apesar da despesa de recursos financeiros e de mão de obra, nessas específicas ocasiões. Ao longo desses 63 anos, a obra foi tomando outras formas no imaginário da população paulista. O vigor dos bandeirantes como colonizadores, é interpretado como estando refletido na força produtiva do Estado de São Paulo no cenário nacional.


Galeria[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Monumento às Bandeiras». www.arquicultura.fau.usp.br. Consultado em 17 de novembro de 2016 
  2. «Seja Bem-vindo ao SampaArt». www.sampa.art.br. Consultado em 17 de novembro de 2016 
  3. «Monumento às Bandeiras | Monumentos | Turismo | Conheça s SP | Portal do Governo do Estado de São Paulo». www.saopaulo.sp.gov.br. Consultado em 17 de novembro de 2016 
  4. «Notícias de Victor Brecheret - Página 3». www.victor.brecheret.nom.br. Consultado em 17 de novembro de 2016 
  5. Moura, Irene. «O monumento e a cidade. A obra de Brecheret na dinâmica urbana» (PDF). Revista Cordis 
  6. «Golpe de 1937 - História». InfoEscola 
  7. Divisão de Preservação - DPH, Prefeitura Municipal de São Paulo. «Inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo, Monumento às Bandeiras». Consultado em 21 de outubro de 2010 
  8. «Art. 180, § 1 da Constituição Federal de 67». Jusbrasil. Consultado em 16 de novembro de 2016 
  9. «Inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo - Portal da Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 17 de novembro de 2016 


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