Saltar para o conteúdo

Irmãos Coragem (1995)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura a novela de 1970, veja Irmãos Coragem.
Irmãos Coragem
Irmãos Coragem (1995)
Logotipo da telenovela
Informação geral
Formato Telenovela
Gênero Aventura
Drama
Romance
Duração 45 minutos
Criador(es) Dias Gomes
Baseado em Irmãos Coragem
por Janete Clair
Elenco
País de origem  Brasil
Idioma original português
Episódios 155
Produção
Diretor(es) Luiz Fernando Carvalho [nota 1]
Mauro Mendonça Filho
Reynaldo Boury
Ary Coslov
Carlos Araújo
Roteirista(s) Ferreira Gullar
Lílian Garcia
Marcílio Moraes
Margareth Boury
Tema de abertura "Irmãos Coragem", Milton Nascimento
Composto por Nonato Buzar
Exibição
Emissora original Brasil TV Globo
Formato de exibição 480i (SDTV)
Transmissão original 2 de janeiro - 30 de junho de 1995
Cronologia
Tropicaliente
História de Amor
Programas relacionados Irmãos Coragem (1970)

Irmãos Coragem é uma telenovela brasileira produzida e exibida pela TV Globo de 2 de janeiro a 30 de junho de 1995,[1] em 155 capítulos.[2] Substituiu Tropicaliente e foi substituída por História de Amor,[3] sendo a 47ª "novela das seis" exibida pela emissora.

Escrita por Dias Gomes com a colaboração de Ferreira Gullar, Lílian Garcia, Marcílio Moraes e Margareth Boury, direção de Luiz Fernando Carvalho e Mauro Mendonça Filho, substituído por Reynaldo Boury, Ary Coslov e Carlos Araújo (a partir do capítulo 80) com o núcleo de Paulo Ubiratan. A obra é um remake da telenovela original de Janete Clair, exibida em 1970 na faixa das 20h.

Contou com Marcos Palmeira, Marcos Winter, Ilya São Paulo, Letícia Sabatella, Laura Cardoso, Flávio Galvão, Gabriela Duarte e Cláudio Marzo nos papéis centrais.

A luta pela liberdade e contra a opressão é o eixo desse folhetim, que conta a história dos irmãos Coragem: João (Marcos Palmeira), Jerônimo (Ilya São Paulo) e Duda (Marcos Winter), filhos de Sinhana (Laura Cardoso). Na fictícia cidade de Coroado, João encontra um enorme diamante. Por causa disso, os três irmãos passam a ser perseguidos pelo poderoso coronel Pedro Barros (Cláudio Marzo), dono de quase todos os garimpos da região.

João e a filha do coronel, Lara (Letícia Sabatella), vivem uma intensa paixão. A moça tem múltipla personalidade. A tímida e recatada Lara se alterna com a sensual Diana e com Márcia, uma mulher equilibrada. Isso acaba por confundir João, que se sente atraído pelas três. O ódio de Pedro Barros pelos irmãos cresce quando ele descobre a relação entre sua filha e João, que decide pegar em armas na luta contra o autoritarismo do coronel.

Jerônimo, por sua vez, encontra no movimento político de oposição uma saída para dar fim aos desmandos de Pedro Barros. Embora viva um amor proibido pela irmã de criação, a índia Potira (Dira Paes), casada com o ciumento promotor público Rodrigo César (Giuseppe Oristanio), de quem se acaba divorciando, ele se liga a Lídia Siqueira (Isabela Garcia), filha de um político local. Na segunda versão, o destino de Jerônimo e Potira foi alterado. Em vez de morrerem em um tiroteio, como na primeira versão, eles conseguem fugir ao pular em um rio. Como estão feridos, são dados como mortos, mas seus corpos não são encontrados. Sinhana diz ter sonhado com o casal em um veleiro, deixando abertura para o público concluir que eles possam ter sobrevivido.

O terceiro irmão, Duda, deixa a cidade de Coroado para fazer fama como jogador de futebol no Rio de Janeiro. Depois, de volta a Coroado, reencontrando-se com Ritinha (Gabriela Duarte), que sempre foi apaixonada pelo jovem. Acabam por se envolver, a tensão entre eles cresce quando a moça engravida e os pais dela obrigam-no a casar. De volta à cidade grande, a rápida ascensão do craque do Flamengo leva-o a se ligar à exuberante, sensual e venenosa Paula (Rita Guedes) e a deixar para trás seu verdadeiro amor.

Em 1995, em comemoração aos 30 anos da TV Globo, foi escolhido fazer o remake de Irmãos Coragem, a qual foi um dos maiores sucessos de Janete Clair. A telenovela original marcou a história da teledramaturgia brasileira.[3]

As cenas externas foram gravadas no município fluminense de Sapucaia e em garimpos do município mineiro de Diamantina.[2] O barroco mineiro teve grande influência na estética da telenovela. Produção de arte, figurinos e cenários espelhavam esse estilo.[4] Foram criados e utilizados cerca de 3500 figurinos para os diferentes núcleos da história.[5] O cenógrafo Mário Monteiro supervisionou a construção de um cassino de 500m² para as gravações da telenovela.[4]

Um mês depois da estreia, Mauro Mendonça Filho, que era um dos assistentes do diretor geral da telenovela, Luiz Fernando Carvalho, foi demitido por divergências com o diretor da CGP (Central Globo de Produção), Mário Lúcio Vaz. Sua saída causou um mal-estar entre atores, produtores e diretores e um problema para Carvalho, pois Mendonça Filho iria substituí-lo na direção geral da telenovela.[6] Luiz Fernando Carvalho também se havia desentendido com a produção e foi substituído por Reynaldo Boury, que havia trabalhado como diretor de imagem da novela original, em 1970. O autor Dias Gomes acusou Luiz Fernando de ter alterado o ritmo e a linguagem da história.[3] Ao assumir a direção geral de Irmãos Coragem, Carvalho havia acertado que, por volta do capítulo 60, sairia para cuidar dos preparativos da produção e direção da próxima telenovela da Globo, O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa,[6][7] a ser exibida no horário das oito, mas deixou a trama no 55º capítulo.[8] Antes de sua saída, Carvalho tentou, com a direção da Globo, uma solução para a crise que permitisse a continuidade de sua estética cinematográfica, de passeios de câmeras, com planos longos e detalhistas inspirados no cinema. Existia muita insatisfação no elenco devido à mudança.[7] Com isso, voltou a estética tradicional, com planos mais estáticos e cortes secos, que foi capitaneada pelo diretor do núcleo de telenovelas, Paulo Ubiratan, um dos responsáveis pela demissão de Mendonça Filho.[7]

Mudanças no remake em relação ao original também aconteceram. Diferentemente da primeira versão, em que os personagens Jerônimo e Potira morreram no último capítulo, nessa segunda versão seus destinos foram alterados: os dois terminaram num veleiro, sem que o público soubesse se escaparam com vida e foram felizes para sempre.[3]

Gabriela Duarte viveu a mesma personagem que sua mãe, Regina Duarte, vivera em 1970: Ritinha. O mesmo ocorreu com Maurício Gonçalves, que viveu Brás Canoeiro, personagem de seu pai, Milton Gonçalves, na primeira versão.[8] Como homenagem, o diretor Luiz Fernando Carvalho convidou alguns atores da primeira versão da telenovela para fazer pontas no remake, contracenando com os personagens que interpretaram na década de 1970. Regina Duarte aparece em uma cena ao lado de Ritinha, interpretada por sua filha, e Cláudio Cavalcanti gravou como o motorista de ônibus que leva Jerônimo, personagem de Ilya São Paulo, para o Rio de Janeiro. O papel do vilão Pedro Barros foi dado a Cláudio Marzo, que na trama original interpretara o jogador Duda. Outros atores que trabalharam na primeira versão de Irmãos Coragem, como Lúcia Alves, Dary Reis e Zilka Sallaberry, também fizeram participações especiais no remake.[8][9]

Intérprete Personagem Interpretado na versão de 1970 por
Marcos Palmeira João Coragem Tarcísio Meira
Letícia Sabatella Maria de Lara Barros (Diana | Márcia) Glória Menezes
Marcos Winter Eduardo Coragem (Duda) Cláudio Marzo
Gabriela Duarte Rita de Cássia Maciel (Ritinha) Regina Duarte
Ilya São Paulo Jerônimo Coragem Cláudio Cavalcanti
Cláudio Marzo Coronel Pedro Barros Gilberto Martinho
Laura Cardoso Sinhana Coragem Zilka Salaberry
Dira Paes Potira Lúcia Alves
Emiliano Queiroz Dr. Salvador Maciel Ênio Santos
Eliane Giardini Estela Barros Lemos Glauce Rocha
Jackson Antunes Delegado Diogo Falcão Carlos Eduardo Dolabella
Rita Guedes Paula Myrian Pérsia
Flávio Galvão Delegado Gerson Louzada Ivan Cândido
Isabela Garcia Lidia Siqueira Sônia Braga
Suzana Faíni Dalva Lemos Miriam Pires
Nelson Xavier Padre Bento Macedo Neto
Reynaldo Gonzaga Lourenço D'Ávila / Ernesto Bianchini (Bianchini) Hemílcio Fróes
Murilo Benício Juca Cipó Emiliano Queiroz
Denise Milfont Iracema (Cema) Suzana Faini
Jonas Bloch Dr. Adamastor Siqueira (Siqueira) Felipe Wagner
Giuseppe Oristânio Promotor Rodrigo César Vidigal José Augusto Branco
Orlando Vieira Sebastião Coragem Antônio Victor
Cosme dos Santos Neco Antônio Andrade
Lilian Valeska Carmem Dorinha Duval
Maurício Gonçalves Braz Canoeiro Milton Gonçalves
Via Negromonte Domingas Ana Ariel
Jorge Cherques Souza Francisco Serrano
Zaira Zambelli Manuela Lourdinha Bittencourt
Daniele Rodrigues Deolinda Monah Delacy
Marcelo Escorel Ernani Paulo Araújo
Chico Tenreiro Gentil Palhares Arthur Costa Filho
Chico de Assis Jagunço Fábio Milton
Maria Helena Velasco Indaiá Jurema Pena
Luiz Antônio Pilar Jesuíno Clementino Kelé
Fernanda Lobo Margarida Leda Lúcia
Luiz Magnelli Prefeito B. de Paiva
Lamartine Ferreira Antônio Ivan de Almeida

Elenco de apoio

[editar | editar código-fonte]

Crítica social

[editar | editar código-fonte]

A nova versão de Irmãos Coragem mostrou uma crítica social do Brasil retratado por seus personagens, em que o contraste entre o Brasil urbano e rural e a denúncia da usurpação do poder pelos bem abastados continuaram sendo, 25 anos depois da versão original, a tônica da telenovela.[10][11] Entre as cenas, uma em que o capanga Juca Cipó obriga um garimpeiro a beber óleo de rícino para pôr para fora um diamante supostamente engolido.[10] O remake também preservou o coloquialismo realista da primeira versão e foi acrescentada a crítica social aos aspectos da modernidade em que se passa o remake, como o regime semi-escravagista de Serra Pelada. Outros ângulos da realidade nacional também se revelam na adaptação, como quando Duda afirma que, no Rio de Janeiro, a violência "é muito pior" que em Coroado, a cidade fictícia da trama.[10]

Na semana de 20 a 26 de fevereiro de 1995, Irmãos Coragem ocupou o nono lugar na lista das maiores audiências da TV Globo, com média de 25 pontos,[12] e depois ficou estacionada nos 32 pontos,[13] quando a meta do horário era de 35 pontos.[14] Após amargar baixos índices de audiência e mudar de direção, a telenovela terminou com média de 31 pontos.[15] Assim sendo, não repetiu o sucesso da versão original.

Trilha sonora

[editar | editar código-fonte]

Trilha sonora 1

[editar | editar código-fonte]
Irmãos Coragem Trilha Sonora 1
Irmãos Coragem (1995)
Trilha sonora de vários intérpretes
Lançamento 1995
Gênero(s) Vários
Formato(s) CD , Vinil, K7
Gravadora(s) Som Livre, Walt Disney
Produção Alberto Rosenblit

Capa: Marcos Winter

  1. "A Sombra da Maldade" - Cidade Negra
  2. "A Saudade é Uma Estrada Longa" - Almir Sater
  3. "A Cidade" - Chico Science e Nação Zumbi
  4. "Amor Em Paz" - Rosa Passos
  5. "Talismã" - Geraldo Azevedo
  6. "Irmãos Coragem" - Milton Nascimento
  7. "Quando o Amor Se Vai" - Renato Teixeira
  8. "Chora Coração" - Tom Jobim (part. esp. Paula Morelenbaum)
  9. "Benke" - Milton Nascimento (part. esp. Leonardo Bretas)
  10. "Alecrim Dourado" - Gabriela Duarte
  11. "Send In The Clowns" - Dori Caymmi
  12. "Pedra Bruta" - Projeto Eva (instrumental)

Trilha sonora 2

[editar | editar código-fonte]
Irmãos Coragem Trilha Sonora 2
Irmãos Coragem (1995)
Trilha sonora de vários intérpretes
Lançamento 1995
Gênero(s) Vários
Formato(s) CD , Vinil, K7
Gravadora(s) Som Livre, Walt Disney
Produção Alberto Rosenblit

Capa: Ilya São Paulo

  1. "Mordida Na Maçã" - Wando
  2. "Paisagem da Janela" - Elba Ramalho
  3. "Tropeços Naturais" - Emílio Santiago
  4. "Ninguém é de Ninguém" - Tânia Alves
  5. "Pra Sempre Vou Te Amar (Forever by Your Side)" - Wilson & Soraia
  6. "Coroado" - Banda Evasão
  7. "Espelhos D'Água" - Dalto
  8. "De Tanto Amor" - Evinha
  9. "Meu Namoro" - Moraes Moreira
  10. "Dama do Cassino" - Jussara Silveira
  11. "Jura" - Watusi
  12. "Flor do Campo" - Cadilac de Prata

Notas

  1. Dirigiu a novela dos capítulos 1 a 55.

Referências

  1. «Folha de S.Paulo - "Irmãos Coragem" tem final incerto - 18/6/1995». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 4 de setembro de 2020 
  2. a b «Irmãos Coragem - 2ª versão». Memória Globo. Globo.com. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  3. a b c d Nilson Xavier. «Irmãos Coragem - Bastidores». Teledramaturgia. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  4. a b «Irmãos Coragem - Cenografia e Arte». Memória Globo. Globo.com. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  5. «Irmãos Coragem - Figurino e Caracterização». Memória Globo. Globo.com. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  6. a b Roni Lima (8 de fevereiro de 1995). «Demissão causa crise em 'Irmãos Coragem'». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  7. a b c Roni Lima (8 de fevereiro de 1995). «"Irmãos Coragem" abandona a proposta de estética cinematográfica». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  8. a b c «Irmãos Coragem - Curiosidades». Memória Globo. Globo.com. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  9. Armando Antenore (9 de fevereiro de 1995). «Astros são figurantes em 'Irmãos Coragem'». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  10. a b c Annette Schwartsman (8 de janeiro de 1995). «'Irmãos Coragem' faz crítica social do país». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 7 de outubro de 2014 
  11. Esther Hamburger (4 de janeiro de 1995). «'Irmãos Coragem' reforça contradições». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 7 de outubro de 2014 
  12. «Índices». Folha de S.Paulo. UOL. 9 de abril de 1995. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  13. «Band entra na briga com reprise». Folha de S.Paulo. UOL. 26 de março de 1995. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  14. «Chuva e "AA" atrapalham Globo». Folha de S.Paulo. UOL. 19 de março de 1995. Consultado em 6 de outubro de 2014 
  15. Roni Lima (18 de junho de 1995). «"Irmãos Coragem" tem final incerto». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 6 de outubro de 2014 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]