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 Nota: Para o logradouro na capital argentina, veja Avenida 9 de Julho (Buenos Aires).
Avenida 9 de Julho
 Brasil
Yasmintbarros/Testes
Viaduto Nove de Julho sobre a avenida homônima
Yasmintbarros/Testes
Extensão 6 100 m
Início Praça da Bandeira, 70
Subprefeitura(s) , Pinheiros
Bairro(s) , Bela Vista, Jardim Paulista e Itaim Bibi
Fim Avenida Cidade Jardim, 377
Avenida Nove de Julho: trecho próximo à Praça da Bandeira.

A avenida 9 de Julho ou avenida Nove de Julho é uma via arterial da cidade de São Paulo.

Trata-se de uma importante artéria no sistema viário da capital paulista, principalmente por sua função como eixo radial que liga o centro da cidade a demais regiões, como Sudoeste, Avenida Paulista, Marginal Pinheiros e outras vias no município. A avenida 9 de Julho, que fez parte da modernização de São Paulo, e integrou o Plano de Avenidas de Prestes Maia, foi inaugurada no ano de 1941 e é conhecida por ser uma via de fundo de vale, localizada sobre o Rio Saracura e o Córrego Iguatemi.

O nome da avenida remete a uma data relevante na história de São Paulo, o dia 9 de julho de 1932, data do início da Revolução Constitucionalista de 1932, mais tarde feriado estadual instituído pelo governador Mario Covas.

A Avenida Nove de Julho passa a aproximadamente trinta metros abaixo da Avenida Paulista, por meio do Túnel Nove de Julho.

Construção[editar | editar código-fonte]

Avenida Nove de Julho, meados do século XX.

As obras de construção da Avenida Nove de Julho tiveram início no ano de 1929, sob administração do então prefeito José Pires do Rio, mas só foram concluídas 12 anos depois, durante a gestão de Prestes Maia.[1] Trata-se da primeira grande via integratória construída fora do centro de São Paulo, na época, ligando o Largo da Memória com a rua Estados Unidos.[1][2]

O período de maior impulso na construção se deu durante o mandato de Fábio Prado, prefeito responsável pela cidade de São Paulo entre os anos de 1934 e 1938.[1] Juntamente com as Avenidas Ipiranga e Rebouças, a concretização da Avenida Nove de Julho marca o início da implementação do Plano de Avenidas do Engenheiro Prestes Maia, que, entre diversos objetivos, pretendia ampliar espaços abertos da região central, abrir avenidas diametrais e marginais na cidade, alargar ruas e construir um anel viário para distribuição do fluxo de veículos. [1][3]

Foi, por fim, inaugurada no dia 25 de janeiro do ano de 1941.[2] Suas construções foram regulamentadas ainda no mesmo ano, no dia 11 de fevereiro, a partir do decreto-lei número 75, que fixou recuos obrigatórios, estabeleceu alturas mínimas e máximas para os edifícios, assim como determinou outras questões de caráter urbanístico para a região. [4][2]

Sua construção foi fundamental não apenas para a integração entre centro e bairros, garantindo o escoamento do fluxo urbano, como também integrou um importante processo de valorização de espaços do ponto de vista imobiliário, por meio de uma lógica que se fez presente durante toda a urbanização de São Paulo. Áreas desvalorizadas, como fundos de vales frequentemente afetados por alagamentos recebiam infraestrutura e investimento do governo e a partir de então passavam a ter seus terrenos rapidamente valorizados, ao lado, por exemplo, de grandes avenidas. [3]

Uma avenida sob rios[editar | editar código-fonte]

Por se tratar de uma Avenida de Fundo de Vale, construída sobre dois cursos de água[3], a região apresenta muitos alagamentos até os dias atuais[5]. Sob o trecho da região central da cidade, a 9 de julho esconde o Rio Saracura, formador do Anhangabaú, afluente do Tamanduateí. O rio Saracura tem sua nascente atrás de onde atualmente se encontra o hotel Maksoud Plaza, na rua sem saída Garcia Fernandes. Retificado, seu caminho passa por uma galeria pluvial e desemboca no Tamanduateí[6].

Já na Zona Oeste, a Avenida 9 de Julho passa por cima de trecho do córrego Iguatemi, afluente do rio Pinheiros.

Ao todo, a cidade de São Paulo possui mais de 300 rios escondidos em seu subsolo[7]. Em seu processo de urbanização, a canalização e transposição de rios passou a representar, na subjetividade paulistana da época, a vitória humana sobre a natureza, através da engenharia, construção de viadutos e processo de verticalização. A condição de superação de obstáculos naturais levou lugares como o Vale do Anhangabaú e a Avenida 9 de Julho a se tornarem famosas paisagens fotográficas, frequentemente retratadas por fotógrafos como Werner Haberkorn, artista que documentou, através de suas fotografias, o processo de modernização da capital paulistana durante as décadas de 1940 e 1950[3].

Nos cinquenta primeiros dias de 2010 o trecho na região central somou 38 pontos de alagamento, incluindo dez pontos intransitáveis, situação creditada a galerias de escoamento antigas, sem capacidade para receber grande quantidade de água.[8]

Denominação[editar | editar código-fonte]

O nome da avenida remete à Revolução Constitucionalista de 1932, conflito armado que aconteceu no Estado de São Paulo e tinha como intuito derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas, considerado antidemocrático pelos paulistas. Foi no dia 9 de Julho de 1932 que o movimento eclodiu na capital, colocando as forças paulistas, sob liderança de Isidoro Dias Lopes, contra as tropas do então chefe de Estado. Após três meses de combate, um termo de rendição, que colocou fim à revolução foi assinado no dia 1º de outubro de 1932.[9][10]

Urbanização e Plano de Avenidas de São Paulo[editar | editar código-fonte]

O Plano de  Avenidas realizado pelo engenheiro Prestes Maia foi encomendado por Pires do Rio em 1930, com  objetivo de solucionar o problema do tráfego no centro de São Paulo. Seu ponto de início não começou do zero, mas aproveitou um sistema já apresentado anteriormente por João F. Ulhoa Cintra, o “Perímetro de Irradiação”, que assim era chamado pois objetivava servir como linha de partida das artérias que conduziriam aos bairros. A principal proposta do plano era construir um anel envolvendo a área de congestionamento, com início na Praça de República e envolvendo outras áreas como avenida Timbiras, rua Senador Queiroz, Parque D. Pedro II, rua Tabatinguera, Praça João Mendes, rua Santo Amaro, rua 7 de Abril e Avenida São Luis.[2]

O “sistema Y”, formado pelas avenidas 9 de Julho, Itororó (que depois se tornou 23 de Maio) e a Anhangabaú Inferior (hoje, nomeada Prestes Maia) foi efetivado durante o governo de Prestes Maia, que assumiu a prefeitura de São Paulo em maio de 1938, em gestão que durou até novembro de 1945 e concretizou a maior reforma urbanística da cidade até então, superando administrações como as de João Teodoro e Antônio Prado. Enquanto as avenidas 9 de Julho e Itororó levavam em direção à Zona Sul, a Anhangabaú Inferior tinha sentido a Bairro da Luz, unindo assim, zona norte à sul.[2]

Túnel 9 de Julho[editar | editar código-fonte]

Túnel Nove de Julho, em fotografia do século XX, por Werner Haberkorn.

Ao longo de sua extensão, a Avenida 9 de julho apresenta um trecho subterrâneo de 450 metros[11] que passa por baixo de pontos como a Avenida Paulista, mais especificamente, na altura onde está localizado o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e o Parque - Tenente Siqueira Campos - Trianon. O túnel foi construído para ligar o centro de São Paulo à Zona Sul, onde ainda prevalecia a presença de grandes casarões, palacetes e construções rurais.[12]

O acesso rápido entre centro e zona sul era sonho consagrado no pensamento paulistano da época, pois o trajeto só era possível para quem subia o espigão da avenida Paulista, que apresentava-se como obstáculo natural que atrapalhava o desenvolvimento da capital para os lados das chácaras do Itaim e Santo Amaro. A passagem subterrânea tornou-se uma alternativa mais eficiente e impactou na urbanização da região, que passou a receber grandes edifícios e maior fluxo de pessoas e veículos.[12]

A obra, que fez parte do Plano de Avenidas de São Paulo, levou um ano para ser finalizada e custou 17.192 mil contos de réis. Foi, por fim, inaugurada no dia 23 de julho de 1938, em cerimônia que reuniu o então presidente da República, Getúlio Vargas, e o prefeito da cidade e engenheiro do plano, Prestes Maia. Atualmente, continua sendo considerada com um grande marco na história urbanística da cidade de São Paulo.

No ano de 2001, durante o mandato de prefeita de Marta Suplicy, pelo Partido dos Trabalhadores, o Túnel 9 de Julho foi rebatizada de Daher E. Cutait. O nome, no entanto, não teve adesão popular e permanece apenas grafado entre parênteses nas placas de trânsito.

Mirante 9 de Julho[editar | editar código-fonte]

Quando inaugurado em 1938, o Túnel da Avenida 9 de Julho possuía um mirante, que permaneceu abandonado por 76 anos, até que, em 2015, através de uma parceria público privada entre a prefeitura de São Paulo e o Grupo Vegas, o espaço foi revitalizado, transformando-se em uma área multicultural, com restaurante, café e eventos, como shows, feiras independentes, exibições ao ar livre, aulas e oficinas.[13][14][15]

O local é aberto ao público, com entrada gratuita, e se tornou um ponto turístico da cidade, pois proporciona aos visitantes um bela vista da capital. Um dos projetos que acontecem no espaço, sob patrocínio da marca Skol, recebe o nome de 18h30 e consiste em atrações musicais gratuitas que se apresentam de terça a domingo, a partir das 18:30 horas na escadaria do Mirante.[13]

Viaduto 9 de Julho[editar | editar código-fonte]

Entre 1940 e 1950, foram construídos viadutos do Perímetro de Irradiação, de Prestes Maia, como Dona Paulina, 9 de Julho e Jacareí. O viaduto 9 de Julho cruza a Avenida com o mesmo nome em trecho perto da Praça da Bandeira. Ao longo de sua extensão, ele possui 220 metros, sendo o maior entre os três citados.[2]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Masp[editar | editar código-fonte]

Vista de trás do MASP

Quando a prefeitura de São Paulo doou o terreno na Avenida Paulista para a construção  do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, foi imposta a condição de que não fosse construído nenhum prédio que tapasse a vista para o centro da cidade, possibilitada através da Avenida Nove de Julho. Devido a esse fator, a arquiteta Lina Bo Bardi construiu o museu sob um grande vão livre, que se tornou uma referência de arquitetura por se tratar, na época, do maior vão livre do mundo. O endereço na Avenida Paulista foi inaugurado no dia 7 de novembro de 1968 e atualmente o vão continua sendo usado para manifestações, feiras livres, exibições de filmes, flashmobs e apresentações de artistas de rua.[16][17][18]

Residência Castor Delgado Perez[editar | editar código-fonte]

Desenhada por Rino Levi, a residência localizada na Avenida Nove de Julho é um clássico da arquitetura moderna de São Paulo. Luiz Carvalho Franco e Roberto Cerqueira César são co-autores do projeto, que foi idealizado em 1958 e concluído em 1959. [19][20]

Casarões antigos[editar | editar código-fonte]

A avenida 9 de Julho possui muitos casarões antigos, erguidos entre as décadas de 30 e 40. Enquanto muitos seguem abandonados, alguns, como o que leva o número 4.180, foram revitalizados e apresentam atualmente boas condições. Um exemplo de edifício antigo, que ainda hoje preserva um grande legado é a antiga sede do Colégio Sacré-Coeur de Marie, instituição fundada no ano de 1938 que durante 47 anos ofereceu os cursos primário, ginasial e secundário em regimes de externato, internato e semi-internato. Atualmente, o casarão abriga a unidade paulistana da Escola Concept, com linha de ensino bilíngue que também está presente em Ribeirão Preto e Salvador. [21][22][23]

Estadão Lanches[editar | editar código-fonte]

Bar e Lanches Estadão

A Lanchonete Estadão fica localizada na esquina do viaduto Nove de Julho com a Major Quedinho. O lugar, que fica aberto 24 horas por dia, é uma referência para o turismo e a culinária da capital paulista, principalmente por seu prato principal: o sanduíche de pernil, que leva ao estabelecimento muitos prêmios de gastronomia. Segundo o site oficial da lanchonete, mais de 30 peças de pernil são consumidas por dia, sendo que cada uma pesa cerca de 7 a 8 quilos.  [24][25]

Inaugurado no dia 05 de dezembro de 1968, por portugueses, a lanchonete foi comprada pelos atuais proprietários no ano de 1974.[25]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d REIS, Nestor Goulart (2010). Dois Séculos de Projetos no Estado de São Paulo: Grandes obras e urbanização. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 176 páginas 
  2. a b c d e f PORTO, Antônio Rodrigues (1992). História Urbanística da Cidade de São Paulo. São Paulo: Carthago & Forte Editoras Associadas 
  3. a b c d de, Lima, Solange Ferraz; Bruna, Callegari,; Rubens, Fernandes Júnior,; Rafael, Buosi,; Ricardo, Mendes, (2014). «A Cultura metropolitana nas fotografias de Werner Haberkorn». Fotolabor: a fotografia de Werner Haberkorn 
  4. SOMEKH, Nadia (1997). A cidade vertical e o urbanismo modernizador São Paulo 1920-1939. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo 
  5. «Entenda por que moradores de São Paulo sempre terão que conviver com alagamentos». R7.com. 23 de dezembro de 2014 
  6. «A cinza e árida São Paulo 'esconde' a história de 300 cursos de rios». Folha de S.Paulo 
  7. «Tem um rio no meio do caminho». VEJA.com 
  8. Luiz Guilherme Gerbelli (19 de fevereiro de 2010). «38 alagamentos na Av. 9 de Julho». Jornal da Tarde. São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. pp. 4C. ISSN 1516-294X 
  9. «A revolução constitucionalista de 1932 | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 3 de novembro de 2018 
  10. «DICIONÁRIO DE RUAS». dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 3 de novembro de 2018 
  11. «Localização dos túneis e passagens subterrâneas de São Paulo | Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 21 de novembro de 2018 
  12. a b «Como era São Paulo sem o Túnel 9 de Julho - noticias - Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo 
  13. a b «Passeio grátis? Vá ao Mirante 9 de Julho - Jornal São Paulo Zona Sul». Jornal São Paulo Zona Sul. 20 de abril de 2018 
  14. «Mirante 9 de Julho». Mirante 9 de Julho. Consultado em 22 de novembro de 2018 
  15. «Mirante 9 de Julho – São Paulo Antiga». São Paulo Antiga. 22 de agosto de 2015 
  16. «Vão Livre do Masp | VEJA SÃO PAULO». VEJA SÃO PAULO 
  17. «10 curiosidades que você talvez não saiba sobre o MASP». CASA.COM.BR 
  18. «O Museu Mais Famoso da Cidade – A História do MASP». SP In Foco. 25 de junho de 2013 
  19. «Clássicos da Arquitetura: Residência Castor Delgado Perez / Rino Levi». ArchDaily Brasil. 13 de maio de 2015 
  20. «Guia de arquitetura moderna de São Paulo». ArchDaily Brasil. 6 de abril de 2017 
  21. «Casarão histórico nos Jardins servirá como instituição de ensino». VEJA SÃO PAULO 
  22. «Casarão – Av. 9 de Julho, 4180 – São Paulo Antiga». São Paulo Antiga. 2 de dezembro de 2009 
  23. «Home - Escola Concept Brazil». www.escolaconcept.com.br (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2018 
  24. «Aberto 24h, bar Estadão é o melhor para fechar a noite com clássico sanduíche de pernil - 25/06/2016 - Restaurantes Bares e cozinha - O Melhor de sãopaulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  25. a b «Estadão Lanches | Conheça Nossa História». www.estadaolanches.com.br. Consultado em 27 de novembro de 2018