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Escola Estadual Caetano de Campos
JulianaCunhaCS/Testes
Informação
Localização  Brasil
São Paulo (cidade), São Paulo
Tipo de instituição Escola do Estado de São Paulo
Abertura 1894

A Escola Estadual Caetano de Campos está localizada à Rua João Guimarães Rosa, 111, na Praça Roosevelt, no bairro da Consolação, região central de São Paulo. O edifício no qual está locada já passou por diversas transformações, tendo funcionado, por exemplo, como unidade do Colégio Visconde de Porto Seguro (Escola Alemã - Deutsche Schule) e Escola Normal Caetano de Campos. Atualmente, funciona como escola do Estado de São Paulo e está em posse da Secretaria da Educação do Governo do Estado de São Paulo, órgão público[1][2].

O nome do local é uma homenagem ao médico e educador Antônio Caetano de Campos. Nascido no Estado do Rio de Janeiro em 1844, graduou-se na Escola de Medicina da antiga Corte em 1867. Quando mudou-se para São Paulo, em 1870, passou a trabalhar com educação, tornando-se nome de referência na área, no Brasil. [3] Ele foi o primeiro diretor da instituição, à época em que era uma escola normal.

Busto de Caetano de Campos na Praça da República, região central de São Paulo

No ano de 1979, o edifício no qual está situada foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), órgão subordinado à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.[4]

Origem da escola[editar | editar código-fonte]

A Escola Estadual Caetano de Campos tem uma longa trajetória, que se inicia com a criação da Escola Normal, em 1846, passa por um prédio próprio na Praça da República, em 1894, tentativas de demolição e suas consequentes reações e a divisão em duas unidades em dois distintos endereços. [5]

Endereço na Praça da República, antiga E.E. Caetano de Campos e atual sede da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Foi fundada em 1846 como a primeira escola normal do estado de São Paulo e batizada de Escola Normal da Praça, com cerca de 20 alunos por ano, todos do sexo masculino. No currículo, como explica o Anuário do Ensino do Estado de São Paulo de 1907/1908, havia Gramática, Aritmética, Geometria, Caligrafia, Lógica e Religião, além da formação dos docentes.O diretor e professor da escola era Dr. Manuel José Chaves, que administrava ambas as funções diariamente, em aulas para alunos de 16 anos ou mais. Em 1875, houve modificação curricular, havendo, então: Língua Nacional e Língua Francesa; Aritmética e Sistema Métrico; Caligrafia; Doutrina Cristã e Metódica e Pedagogia com exercícios práticos em escolas primárias; Noções de História Sagrada e Universal (incluindo Brasil); Geografia (sobretudo do Brasil) e Elementos de Cosmologia. Em 1878, a escola foi fechada, pois a Assembléia Provincial não votou a verba para 1878 e 1879.[1] [6]

Registro de 1902 da Escola Caetano de Campos, quando estava localizada à praça da República

As escolas normais brasileiras surgem em consonância com a movimentação de profissionais da educação dispostos a criar regras para estruturar o sistema educacional do país. Escolas normais são as instituições criadas para a formação de professores. No contexto da criação de uma cultura pedagógica no país, as escolas normais surgem para compor um sistema educacional de maior qualidade, inspiradas pelo modelo francês surgido após a Revolução Francesa. A Lei n° 10, 4/04/1835, promulga a criação desse tipo de instituição, pensando na divulgação do saber e na afirmação de técnicas necessárias para o repasse informacional promovido pelos docentes. [7] Posteriormente, desenvolveu-se de forma diferente a cultura pedagógica, pensando no diálogo e na via de mão dupla do saber, considerando o conhecimento dos estudantes. [8]

Em 1880, quando voltou a funcionar, a escola tornou-se mista e estava localizada na atual Rua do Carmo, na (à época, tratava-se do número 29 da Rua da Boa Morte). Após a proclamação da República, o então diretor do colégio, Rangel Pestana reformou a Escola Normal e indicou para seu cargo Antonio Caetano de Campos, criador das escolas modelo. Entre 1880 e 1893 foram diretores da Escola Normal Dr. Paulo Bourroul, Dr. José Estácio Corrêa de Sá e Benevides, Cônego Manoel Vicente da Silva, e Dr. Antonio Caetano de Campos, o futuro patrono. Com o falecimento de Campos em 1891, Gabriel Prestes assumiu o cargo até 1898.[5][1] Foi no ano de 1894 que a escola passou a a endereçar-se em um edifício construído especialmente com essa finalidade, na Praça da República. Executada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, a construção funciona hoje como Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.[9][10]

No novo endereço, funcionava tanto como Escola Normal de formação de professores (para alunos a partir de 16 anos), quanto como Escola Modelo Preliminar Antonio Caetano de Campos, para crianças de 7 a 11 anos. Posteriormente, foi instalada ali a primeira Escola ­Modelo Complementar da Capital, para alunos de 11 a 14 anos. Posteriormente, funcionou no anexo ao endereço da Praça Roosevelt um Jardim de Infância. No início da década de 1970, entre 1970 e 1971, o presidente da Companhia do Metrô, Plínio Assman, em reunião para a implantação da linha Leste­ Oeste do metrô em São Paulo, propôs a derrubada do prédio da Escola Normal. Com a mobilização e resistência da comunidade de alunos ex-alunos e funcionários da instituição, a ideia não foi para frente. Em 1975, a associação dos antigos alunos, em nome dessa coletividade, entrou com uma ação popular no Foro de São Paulo, solicitando a suspensão da liminar de demolição por ausência de autorização legislativa. Compareceram na sessão representantes da sociedade civil, personalidades e caetanistas (denominação para alunos e alunos formados pela instituição), foi aprovado, por unanimidade, o projeto de lei nº 5.091, de iniciativa dos deputados Wadih Helou e Osiro Silveira, com o apoio de Sólon Borges dos Reis, do governo estadual. Esse projeto de lei aprova o tombamento do edifício do Instituto de Educação Caetano de Campos por ser monumento histórico do Estado de São Paulo. [5][1]

Atualmente, como funciona no endereço da Praça da República a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, há dois locais de funcionamento das escolas estaduais: na Rua João Rosa, número 111, onde há Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano), Ensino Médio e educação para jovens adultos (Ensino Fundamental II e Ensino Médio); e na Rua Pires da Mota, número 99, onde há Ensino Fundamental I e II (1º ao 9º ano) e Educação Especial. [5]

O bairro: de onde vem a Consolação[editar | editar código-fonte]

Um dos distritos da cidade de São Paulo, é composto pelos bairros Consolação, Higienópolis, Vila Buarque e Pacaembu. Seu desenvolvimento se deu a partir do Caminho de Pinheiros ou Caminho de Sorocaba, a atual Rua da Consolação, principal via do bairro. Região distante da cidade, havia na época plantações de hortaliças e frutas e foi só por volta de 1779 que um pequeno povoado começou a habitar a região. Eram os devotos de Nossa Senhora da Consolação, que construíram em taipa de pilão uma capela para a santa. A igreja transformou-se na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, fundada em 1798[11][12]. Foi a construção da igreja que trouxe mais moradores para o logradouro que, graças à sua recém-adquirida importância, ganhou atenção do governo da cidade, que construiu ali vias e ruas, possibilitando e facilitando o acesso. Como estava à margem do Caminho de Pinheiros, utilizado pelos condutores de tropas que iam do Largo da Memória a Pinheiros para fechar acordos com negociantes de cidades como Itu e Sorocaba, tem significado histórico para a construção do bairro e da cidade.

Após a construção da igreja, foi criada em 1855 a Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e São João Batista, ano em que uma epidemia de cólera atingiu a região. Com o objetivo de “amparar os morféticos que em grande número vagavam pela Província”[13], a instituição garantiu à igreja um novo significado. Havia, também, cuidado com outras doenças. A ação da Irmandade presenteou-lhe com uma doação da Santa Casa de Misericórdia: um prédio e a prerrogativa de tratar os doentes acometidos pelo mal de Hansen. O aumento de doentes e a iniciativa de tratamento da Irmandade garantiu o crescimento populacional e consequente urbanização da região.

Fachada principal da Igreja da Consolação

Foi o surto de cólera que fez surgir o Cemitério da Consolação, inaugurado em 1858, pois fez-se necessário enterrar as vítimas fatais. A Câmara Municipal escolheu o endereço por estar afastado da população também foi fundamental para a consolidação do bairro[11]. É lá que estão enterrados nomes como Ramos de Azevedo, Oswald de Andrade, Monteiro Lobato e o próprio Caetano de Campos.[14]

Em 1870, com uma população aproximada de 3,5 mil habitantes, a Igreja da Consolação foi elevada a sede da paróquia. Em 23 de março do mesmo ano, o bairro passou a ser denominado distrito. Nas redondezas, instalaram-se famílias abastadas da cidade, que construíram grandes chácaras e surgiram bairros como Higienópolis e Santa Cecília. O surgimento da Avenida Paulista em 1891 também conferiu à Consolação importância, dada a proximidade das duas áreas. A partir de então, o bairro popularizou-se entre os moradores da cidade e ganhou destaque na vida noturna, social e cultural de São Paulo[11].

As características arquitetônicas do edifício[editar | editar código-fonte]

Fachada principal da Escola Estadual Caetano de Campos

O edifício foi construído pelo arquiteto alemão Augusto Fried e suas características remetem ao período da arquitetura eclética brasileira, que está ligada a ideia funcionalista da arquitetura, pensando em ambientes estéticos, mas confortáveis. Ao mesmo tempo, trata-se de uma fusão de linguagens, já que o estilo mescla a descoberta de novos materiais, atrelados ao surgimento da sociedade industrial no Brasil, com a releitura dos valores arquitetônicos do passado, dessa vez adaptados às necessidades contemporâneas[15]. Ao mesmo tempo, a decoração e a fachada tornam-se elementos essenciais da construção, pois valoriza-se a forma exterior. O ecletismo está relacionado ao abandono do absoluto e a busca por um trabalho múltiplo, que leva em conta todo o panorama brasileiro na área. Principalmente na cidade de São Paulo, em bairros como Jardim América, Jardim Europa e Pacaembu, esse movimento da arquitetura esteve sempre relacionado a residências de famílias de elite da cidade[16], o que mostra um caráter possivelmente inovador de Fried na construção do edifício em questão. À época, esse estilo de construção interligava-se ao pensamento da classe abastada, que considerava a residência um expositor de status. Além disso, a elite brasileira reproduzia o pensamento da intelectualidade europeia, francesa especialmente, o que foi fundamental para a caracterização de suas moradias. Contudo, é necessário pontuar que a representatividade da arquitetura adotada pela elite não se restringia apenas a essa classe, estendendo-se às classes mais baixas, que também adotaram as fachadas ornamentadas e as decorações incrementadas.

Como é frisado no processo de tombamento do logradouro[4], ele foi concebido no estilo dos palácios do tempo dos imperadores Guilherme I e Guilherme II, da Alemanha.

Significado histórico e cultural do patrimônio[editar | editar código-fonte]

Como referenciado na Resolução SC 3/79 do CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, o edifício é "de particular significado para o registro de uma época que lhe confere grande valor histórico; considerando que o referido imóvel abrigou, durante longos anos o Colégio Visconde de Porto Seguro, antigo “Deustche Schule”, circunstância que o liga inegavelmente à história do ensino de São Paulo". [4]

Foi feita uma segunda documentação, a Resolução SC 15/80, de 27 de maio de 1980, publicado no DOE 28/05/80, p. 65, que, "considerando que, na Resolução 3, de 8 de maio de 1979, houve erro quanto à numeração do edifício objeto de tombamento, e considerando também, os dados constantes da escritura de promessa de venda e compra de 31 de agosto de 1978, lavrada pelo 29o Tabelião de notas a fls. 387 v. do livro 13, da planta nela mencionada", refere a área à qual se refere o tombamento no primeiro e segundo parágrafos do Artigo 1º, estabelecendo que "o terreno supra referido começa no ponto A, situado na rua Olinda (Praça Roosevelt), e percorre uma distância aproximada de 65,32 m, ao longo do alinhamento da mesma rua, até o ponto B; deflete à direita, percorrendo uma distância aproximada de 67,50 m, confrontando com o prédio 47, da mesma rua, e com os prédios 96-98, 100-100- A, 108-108-A, 116, 122 e 128 da rua Augusta, até o ponto C; deflete à direita, percorrendo uma distância aproximad de 60,37 m, confrontando com os prédios 247, 235, 225, 207, 193 e 183 da rua Caio Prado, até o ponto D; deflete à direita, percorrendo uma distância aproximada de 40,00m, até o ponto E; deflete à esquerda, percorrendo uma distância aproximada de 4,95 m, até o ponto F; deflete À direita, percorrendo uma distância aproximada de 27,50 m, até o ponto A, início desta descrição" Tal documento atesta que "inclui-se no tombamento a antiga edícula, contemporânea à construção principal, situada ao longo da divisa direita, e que hoje pertence ao lote lindeiro.”[17][18]

Placa com o nome do Colégio Visconde de Porto Seguro na unidade Morumbi

O local é de grande relevância e significado para a cultura alemã no Brasil, já que traz em sua fachada principal os dizeres "AD  – Deustsche Shule”. A colônia alemã presente na cidade de São Paulo desde a segunda metade do século XIX, sentindo necessidade de passar aos seus filhos a sua cultura, construiu um colégio que atendesse sua demanda educacional e cultural. Daí, surgiu na cidade o Colégio Visconde de Porto Seguro, antigo Deutsche Schule. [2] Como conta o site da instituição, presente hoje em três endereços em áreas nobres da cidade e do estado (Morumbi, Panamby e Valinhos), foi em 1878 que o cônsul honorário da Alemanha, Bernhard Staudigel, e um grupo de compatriotas fundaram a Sociedade Mantenedora da Escola Alemã. Inicialmente, a instituição estava instalada em um prédio alugado na Rua Florêncio de Abreu, no centro da cidade. De acordo com documentos históricos, o objetivo da escola era proporcionar aos filhos dos imigrantes alemães uma “educação que os habilitasse a se expressar na língua de seus pais e que cultivasse a história e geografia da pátria brasileira”. Com a propagação dessa mensagem, o número de alunos (que inicialmente era de 52) cresceu, e torou-se necessário expandir os limites físicos. Assim, o colégio passou, em 1910, a localizar-se na Rua Olinda, cujo nome passou a Rua Guimarães Rosa e, posteriormente, é conhecido como Praça Roosevelt.[19] Hoje, a escola tem, além das unidades já mencionadas, um projeto de atendimento às comunidades carentes, fornecendo educação gratuita para alunos com famílias de renda mensal per capita de até um salário mínimo. O edifício da Rua João Guimarães Rosa traz em si essa história,de relevância para a comunidade alemã de São Paulo.

Referências

  1. a b c d «Documentos de obras: E.E. Caetano Campos» (PDF). Secretaria de Educação do Governo de São Paulo 
  2. a b «Ficha de Identificação do Colégio Visconde de Porto Seguro» 
  3. «Antônio Caetano de Campos» (PDF). Academia de Medicina de São Paulo 
  4. a b c «Resolução de tombamento» (PDF). Diário Oficial do Estado 
  5. a b c d «Escola Normal Caetano Campos de São Paulo» (PDF). Centro de Referência em Educação Mario Covas 
  6. Roca Dordal, Ramon; Barreto; Silva (1908). Annuario do Ensino do Estado de São Paulo, 1907/1908. São Paulo: [s.n.] 
  7. «Breves reflexões sobre as primeiras escolas normais no contexto educacional brasileiro, no século XIX» (PDF) 
  8. «Cultura" pedagógica: a influência do status do professor» 
  9. «Escola Normal de São Paulo - 1846 (Um pioneirismo na educação da Cidade de São Paulo)». LEMAD - FFLCH 
  10. «Escola Caetano de Campos» 
  11. a b c «Consolação». História dos bairros paulistanos. Banco de dados Folha de S.Paulo 
  12. «Distrito Consolação» (PDF). Programa Patrimônio e Referências Culturais nas Subprefeituras. Prefeitura do Município de São Paulo. Consultado em 12 de novembro de 2016 
  13. Igreja Nossa Senhora da Consolação por Maximilian Emil (1891 - 1916): ecletismo na arquitetura sacra paulistana com predominância do neorromântico. [S.l.: s.n.] 
  14. «Mapa de intelectuais, artistas e homens públicos» (PDF). Mapa do Cemitério da Consolação. Prefeitura de São Paulo 
  15. Fabris, Annateresa. «Arquitetura eclético no Brasil: o cenário da modernizacão». ECA - USP 
  16. Nassaralla, Aline Regino (2011). Eduardo Kneese de Melo: do eclético ao moderno. São Paulo: [s.n.] 71 páginas 
  17. «Área envoltória do Colégio Porto Seguro» (PDF) 
  18. «Resolução SC 15/80, de 27 de maio de 1980, publicado no DOE 28/05/80, p. 65» (PDF) 
  19. «Nossa História» 

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