TV Globo: diferenças entre revisões

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'''Rede Globo''' é uma rede de [[televisão]] [[brasil]]eira, fundada em [[26 de abril]] de [[1965]], na cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], pelo jornalista [[Roberto Marinho]]. É assistida por 150 milhões de pessoas diariamente, sejam elas no [[Brasil]] ou no exterior por meio da [[TV Globo Internacional]].<ref name="Organizações Globo">{{Citar web |url=http://redeglobo.globo.com/TVG/0,,9648,00.html |título=Globo Network Institutional |publicado=Organizações Globo |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=19 de novembro de 2007}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://estagiar.globo.com/conhecendo.jsp |título=Estagiar |publicado=Organizações Globo |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=19 de novembro de 2007}}</ref> A emissora é a segunda maior rede de TV comercial do mundo, atrás apenas da americana [[American Broadcasting Company]] (ABC)<ref>{{citar web |url=http://oplanetatv.clickgratis.com.br/noticia/globo-cresce-e-se-torna-a-segunda-maior-emissora-do-mundo-21371.html |título=Globo cresce e se torna a segunda maior emissora do mundo |publicado= |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=10 de maio de 2012}}</ref><ref>{{citar web |url=http://ofuxico.terra.com.br/noticias-sobre-famosos/rede-globo-se-torna-a-2-maior-emissora-do-mundo/2012/05/11-139187.html|título=Rede Globo se torna a 2ª maior emissora do mundo|publicado=OFuxico |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=12 de maio de 2012}}</ref> e uma das maiores produtoras de [[telenovelas]] no planeta, fazendo parte do grupo empresarial [[Organizações Globo]].<ref name="MBC">{{cite web |title=BRAZIL - The Museum of Broadcast Corporations |url=http://www.museum.tv/eotvsection.php?entrycode=brazil |accessdate=30 de maio de 2011}}</ref> A emissora alcança 98,44% do território brasileiro, cobrindo 5.482 municípios e cerca de 99,50% da população total do [[Brasil]].<ref name="Organizações Globo"/>
'''Rede Globo''' (conhecida também como '''Globo''') é uma rede de [[televisão]] [[brasil]]eira, fundada em [[26 de abril]] de [[1965]], na cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], pelo jornalista [[Roberto Marinho]]. É assistida por 150 milhões de pessoas diariamente, sejam elas no [[Brasil]] ou no exterior por meio da [[TV Globo Internacional]].<ref name="Organizações Globo">{{Citar web |url=http://redeglobo.globo.com/TVG/0,,9648,00.html |título=Globo Network Institutional |publicado=Organizações Globo |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=19 de novembro de 2007}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://estagiar.globo.com/conhecendo.jsp |título=Estagiar |publicado=Organizações Globo |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=19 de novembro de 2007}}</ref> A emissora é a segunda maior rede de TV comercial do mundo, atrás apenas da americana [[American Broadcasting Company]] (ABC)<ref>{{citar web |url=http://oplanetatv.clickgratis.com.br/noticia/globo-cresce-e-se-torna-a-segunda-maior-emissora-do-mundo-21371.html |título=Globo cresce e se torna a segunda maior emissora do mundo |publicado= |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=10 de maio de 2012}}</ref><ref>{{citar web |url=http://ofuxico.terra.com.br/noticias-sobre-famosos/rede-globo-se-torna-a-2-maior-emissora-do-mundo/2012/05/11-139187.html|título=Rede Globo se torna a 2ª maior emissora do mundo|publicado=OFuxico |língua2=pt |autor= |obra= |data= |acessodata=12 de maio de 2012}}</ref> e uma das maiores produtoras de [[telenovelas]] no planeta, fazendo parte do grupo empresarial [[Organizações Globo]].<ref name="MBC">{{cite web |title=BRAZIL - The Museum of Broadcast Corporations |url=http://www.museum.tv/eotvsection.php?entrycode=brazil |accessdate=30 de maio de 2011}}</ref> A emissora alcança 98,44% do território brasileiro, cobrindo 5.482 municípios e cerca de 99,50% da população total do [[Brasil]].<ref name="Organizações Globo"/>


A sede administrativa da Rede Globo encontra-se no bairro do [[Jardim Botânico (bairro do Rio de Janeiro)|Jardim Botânico]], na [[Zona sul do Rio de Janeiro|Zona Sul]] do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]]. O departamento de jornalismo também está situado no Jardim Botânico, e os principais estúdios de produção localizam-se no complexo conhecido como [[Projac]], em [[Jacarepaguá]], na [[Zona Oeste (Rio de Janeiro)|Zona Oeste]] da cidade. A Rede Globo tem estúdios de produção em [[Vila Cordeiro]], na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], onde também encontram-se o departamento de jornalismo e de onde gera parte da programação da rede. São, ao todo, [[Anexo:Lista de emissoras da Rede Globo|122 emissoras próprias ou afiliadas]],<ref>[http://donosdamidia.com.br/rede/4023 Sobre a Rede Globo no estudo ''Donos da mídia''].</ref> além da transmissão no exterior pela [[TV Globo Internacional]] e de [[Televisão por assinatura|serviço mediante assinatura]] no país.
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Revisão das 18h40min de 22 de julho de 2014

 Nota: Este artigo é sobre a rede brasileira de televisão. Para outras empresas com a marca Globo, veja Organizações Globo. Para outros significados, veja Globo.
Rede Globo de Televisão
Globo Comunicações e Participações S.A.
Logotipo da Rede Globo.png
Logotipo atual da Rede Globo
Tipo Rede de televisão comercial
País  Brasil
Fundação 26 de abril de 1965 (59 anos)
por Roberto Marinho
Pertence a Organizações Globo
Proprietário Roberto Irineu Marinho (sócio presidente)
João Roberto Marinho e José Roberto Marinho (sócios majoritários)
Antigo proprietário Roberto Marinho (1965-2003)
Presidente Roberto Irineu Marinho
Cidade de origem Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ
Sede Rio de Janeiro, RJ
Rua Lopes de Quintas, 303 - Jardim Botânico
Estúdios Rio de Janeiro, RJ (Central Globo de Jornalismo)
Rua Von Martius, 22 - Jardim Botânico
(Central Globo de Produção)
Estrada dos Bandeirantes, 6900 - Jacarepaguá
São Paulo, SP (CGJ/SP e GGP/SP)
Avenida Doutor Chucri Zaidan, 46 e 1901/ Rua Evandro Carlos de Andrade, 160 - Vila Cordeiro
Slogan A gente se liga em você
Formato de vídeo 480i (SDTV)
1080i (HDTV)
Audiência 16,4 pontos (média de 2013)
(no Painel Nacional da Televisão)[1]
Canais irmãos ver Globosat
Cobertura 98,44% do território nacional e 99,50% dos telespectadores potenciais [2]
Emissoras próprias Rio de Janeiro TV Globo Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)
São Paulo TV Globo São Paulo (São Paulo)
Distrito Federal (Brasil) TV Globo Brasília (Brasília)
Minas Gerais TV Globo Minas (Belo Horizonte)
Pernambuco TV Globo Nordeste (Recife-Olinda)
Emissoras afiliadas
Cobertura internacional ver TV Globo Internacional
Página oficial redeglobo.globo.com
Disponibilidade aberta e gratuita
Disponibilidade por satélite
Canal 24
Canal 210 (Brasília)

| servidor de satélite 7 = Star One C2[6] | canal do satélite 7 = 3720 MHz (1430 MHz Banda L), Horizontal (SDTV)(Analógico)
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Rede Globo (conhecida também como Globo) é uma rede de televisão brasileira, fundada em 26 de abril de 1965, na cidade do Rio de Janeiro, pelo jornalista Roberto Marinho. É assistida por 150 milhões de pessoas diariamente, sejam elas no Brasil ou no exterior por meio da TV Globo Internacional.[7][8] A emissora é a segunda maior rede de TV comercial do mundo, atrás apenas da americana American Broadcasting Company (ABC)[9][10] e uma das maiores produtoras de telenovelas no planeta, fazendo parte do grupo empresarial Organizações Globo.[11] A emissora alcança 98,44% do território brasileiro, cobrindo 5.482 municípios e cerca de 99,50% da população total do Brasil.[7]

A sede administrativa da Rede Globo encontra-se no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O departamento de jornalismo também está situado no Jardim Botânico, e os principais estúdios de produção localizam-se no complexo conhecido como Projac, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. A Rede Globo tem estúdios de produção em Vila Cordeiro, na cidade de São Paulo, onde também encontram-se o departamento de jornalismo e de onde gera parte da programação da rede. São, ao todo, 122 emissoras próprias ou afiliadas,[12] além da transmissão no exterior pela TV Globo Internacional e de serviço mediante assinatura no país.

História

Ver artigo principal: História da Rede Globo
Ficheiro:RobertoMarinho.jpg
Roberto Marinho nos antigos estúdios do Jornal Nacional
Ficheiro:Paulogilteleglobo.jpg
Equipe de apresentadores do Tele Globo, o primeiro telejornal da emissora, em 1965

Em 5 de janeiro de 1951, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, a Rádio Globo requereu sua primeira concessão de televisão.[13] O requerimento foi analisado pela Comissão Técnica de Rádio, que emitiu um parecer favorável à concessão, aprovada pelo governo dois meses depois, no dia 13 de março.[13] A essa altura, porém, o país tinha um novo presidente, Getúlio Vargas.[13] Dois anos depois, em janeiro de 1953, contrariando o parecer da Comissão Técnica, Vargas voltou atrás e revogou a concessão.[13] Foi somente em julho de 1957, que o então presidente Juscelino Kubitschek aprovou a concessão de TV para a Rádio Globo e, em 30 de dezembro do mesmo ano, o Conselho Nacional de Telecomunicações publicou um decreto concedendo o canal 4 do Rio de Janeiro à TV Globo Ltda.[13]

Em 1962, um acordo assinado entre a Time-Life e as Organizações Globo proporcionou a Roberto Marinho o acesso a um capital de 300 milhões de cruzeiros (6 milhões de dólares, segundo o documentário Beyond Citizen Kane)[14], o que lhe garantiu recursos para comprar equipamentos e infraestrutura para a Globo.[15] A TV Tupi, à época a maior emissora do país, havia sido montada com um capital de 300 mil dólares.[14] O acordo foi questionado em 1965 por deputados federais na CPI da TV Globo, pois seria ilegal segundo o artigo 160 da Constituição da época, que proibia a participação de capital estrangeiro na gestão ou propriedade de empresas de comunicação.[15][14] Segundo Marinho, o acordo previa apenas a assessoria técnica da Time-Life.[15] A CPI terminou com parecer desfavorável à emissora, mas em outubro de 1967 o consultor-geral da República Adroaldo Mesquita da Costa emitiu um parecer considerando que não havia uma sociedade entre as duas empresas.[15] Com isso, a situação da TV Globo foi oficialmente legalizada.[15] Mesmo assim, Marinho resolveu encerrar o contrato com a Time-Life, ressarcindo o grupo através de empréstimos tomados em bancos nacionais e pondo fim ao acordo em julho de 1971.[15]

A TV Globo foi oficialmente fundada no dia 26 de abril de 1965 às 10:45, com a transmissão do programa infantil Uni Duni Tê.[16] Também estavam na programação dos primeiros dias a série infantil Capitão Furacão e o telejornal Tele Globo, embrião do atual Jornal Nacional. Os primeiros oito meses da TV Globo foram um fracasso, o que levou à contratação de Walter Clark, à época com 29 anos, para o cargo de diretor-geral da emissora.[14] Clark foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso da emissora.[14] Em janeiro de 1966, o Rio de Janeiro sofreu uma das suas piores inundações; mais de 100 pessoas morreram e aproximadamente 20 mil ficaram desabrigadas. A cobertura da tragédia feita ao vivo pela TV Globo foi um marco na história da emissora,[14] que fez sua primeira campanha comunitária, centralizando a arrecadação de doações em dois de seus estúdios. Nessa altura, a transmissão das imagens ainda era em preto e branco.[17] Ainda naquele ano, a Globo chegou ao estado de São Paulo[18] com a aquisição do canal 5 que, desde 1952, funcionava como a TV Paulista, de propriedade das Organizações Victor Costa. Em 5 de fevereiro de 1968, foi inaugurada a terceira emissora, em Belo Horizonte, e as retransmissoras de Juiz de Fora e de Conselheiro Lafaiete, além de um link de micro-ondas que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo.

Foi nessa época que o governo federal, liderado pelo marechal Costa e Silva, deu prioridade ao desenvolvimento de um moderno sistema de telecomunicações, criando o Ministério das Comunicações e concedendo à população uma linha de crédito para a compra de televisores.[14] Além disso, com o advento do videoteipe, a produção de programais locais foi logo se tornando escassa, sendo a maior parte da programação produzida no Rio de Janeiro e em São Paulo, o que impulsionou as grandes emissoras dessas cidades a formarem redes nacionais.[14] É nesse cenário que se dá o início da TV Globo como uma rede de emissoras afiliadas em 1° de setembro de 1969, quando entrou no ar o Jornal Nacional, primeiro telejornal em rede nacional,[14] ainda hoje transmitido pela emissora e líder de audiência no horário.[16] O primeiro programa foi apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. Naquele mesmo ano, a Globo realizou sua primeira transmissão via satélite, ao exibir, de Roma, entrevista de Gomes com o Papa Paulo VI.[19] No ano seguinte, durante a Copa do Mundo FIFA de 1970, no México, a emissora recebeu sinais experimentais em cores da Embratel.[19] Dois anos depois, durante a exibição da Festa da Uva de Caxias do Sul, ocorreu a primeira transmissão oficial em cores da televisão brasileira.[19]

Em 28 de abril de 1974, o Jornal Nacional passou a ser transmitido em cores, três dias após ter iniciado suas coberturas internacionais pela Revolução dos Cravos. No mesmo ano, é transmitido o primeiro especial de fim de ano do cantor Roberto Carlos, ainda hoje uma tradição na emissora.[19] Em 1975, a TV Globo passa a exibir boa parte de sua programação simultaneamente para todo o país, consolidando-se como rede de televisão.[19] A partir desse momento, a Globo começa a construir o que seria chamado de "Padrão Globo de Qualidade", onde o horário nobre é preenchido com duas telenovelas de temática leve entre dois telejornais curtos e sintéticos (o atual Praça TV e o Jornal Nacional), uma telenovela de produção nobre e com enredo mais forte, que seria chamada a partir de então de "novela das oito" e a partir das 22h uma linha de séries, minisséries, filmes ou o "Globo Repórter" (antes a linha de shows começava às 21h15, posteriormente às 21h30), sempre com bastante regularidade de horário e programação. A grade fixa é utilizada pela Globo fielmente nos dias de hoje e foi um fator decisivo para a conquista da liderança de audiência, pois, no final da década de 1970, as duas grandes redes, a Rede de Emissoras Independentes (liderada pela TV Record) e a Tupi, estavam se deteriorando por falta de recursos e estratégia, e a Band ainda não havia crescido o suficiente nessa época, sobrando apenas a Globo como uma alternativa de certa qualidade.

Nesse período, a Rede Globo enfrentou dificuldades à sua expansão.[13] O regime militar negou ao grupo de Roberto Marinho pedidos para concessões de canais nas cidades de João Pessoa (PB) e Curitiba (PR).[13] A emissora aponta isso como uma evidência de que fazia um jornalismo independente que às vezes se chocava com os interesses do governo e de que não obteve favores do regime.[13] No entanto, uma passagem do livro Dossiê Geisel, uma compilação de papéis do arquivo pessoal do ex-presidente Ernesto Geisel, traz outra versão para a recusa do governo militar em conceder mais dois canais para as Organizações Globo.[20] O regime teria começado a ficar preocupado com a monopolização do setor de telecomunicações pelo grupo de Roberto Marinho e tentou evitar que a empresa crescesse mais ainda.[20] As emissoras próprias da Rede Globo haviam sido compradas de particulares: em São Paulo e em Recife das Organizações Victor Costa e em Belo Horizonte de João Batista do Amaral.[13] Até hoje as demais emissoras que compõem a rede são afiliadas, ou seja, são associadas, mas não são de propriedade das Organizações Globo.[13]

O apresentador William Bonner e a recém-eleita presidente Dilma Rousseff em entrevista para o Jornal Nacional.

Em 1976, a emissora exporta suas primeiras telenovelas.[19] Em 1977 toda a programação da emissora passa a ser em cores, antes restrita a telenovelas e telejornais.[19] Nesse mesmo ano, Walter Clark foi substituído por Boni no cargo de diretor-geral da Rede Globo.[14] Em 1979, a Globo começa a desenvolver a tecnologia de efeitos especiais digitais.[19] Em 1982, a emissora implantou a transmissão via satélite.[19] Nos anos 1980, a Rede Globo consolida-se na liderança da audiência com telenovelas e minisséries como Vereda Tropical, O Tempo e o Vento, O Pagador de Promessas e O Salvador da Pátria. Em 1990, no entanto, enfrenta, pela primeira e única vez, desde o fim da Rede Tupi, concorrência na teledramaturgia com o sucesso da telenovela Pantanal da Rede Manchete.[21] Nos anos 1990, a Globo realiza as primeiras experiências interativas da televisão no Fantástico e no Você Decide, e obtém novos recordes de audiência com as telenovelas Mulheres de Areia, A Viagem e A Próxima Vítima.[19]

Desde o início dos anos 2000, apesar de sucessos como Mulheres Apaixonadas, Senhora do Destino, Alma Gêmea e Da Cor do Pecado,[19] a Globo registra constantes quedas em sua audiência. O aumento da renda provocou mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros no que diz respeito à televisão.[22] As pessoas saem mais de casa e migram, ainda que de modo ligeiro, para a televisão por assinatura.[22] Além disso, a internet tem atraído parte do público antes cativo das emissoras de televisão aberta.[22] A média de audiência da Rede Globo caiu de 56% em 2004 para 42% em 2013 na Região Metropolitana de São Paulo,[22] principal mercado para os anunciantes. Ainda assim, a participação das emissoras em publicidade cresceu em 2012 e atingiu 65% do total de um montante de 19,5 bilhões de reais.[22] Estima-se que a Rede Globo e suas afiliadas ficaram com 80% do valor, devido, em parte, ao sucesso das telenovelas Cheias de Charme e Avenida Brasil.[22] Além disso, a verba publicitária do governo federal investida na emissora subiu de 370 milhões de reais em 2000 para 495 milhões em 2012.[22]

Teledramaturgia

A primeira telenovela exibida pela Globo no horário das 20 horas foi O Ébrio, de José Castellar, em 1965.[23] Embora O Rei dos Ciganos, de Moysés Weltman[24][25] e A Sombra de Rebecca, de Glória Magadan[26] tenham sido exibidas no horário em 1966 e 1967, respectivamente, somente com a entrada de Janete Clair no roteiro de Anastácia, a Mulher sem Destino, originalmente de Emiliano Queiroz, que a estrutura que posteriormente se convencionaria como "novela das oito" se popularizou.[24][27] Desde O Ébrio até Passione em 2010, foram exibidas 74 produções que foram chamadas de "novela das oito", sendo que a partir de Insensato Coração em 2011, a emissora passou a denominar o produto como "novela das nove", sendo Império a atual.[28][29]

A atriz Juliana Paes em um dos estúdios do Projac, no Rio de Janeiro, o segundo maior complexo televisivo da América Latina.[30]

Também em 1965, foi exibida a primeira telenovela do horário das 19 horas, Rosinha do Sobrado, de Graça Melo.[31] Desde então, foram exibidas mais de 70 produções, sendo Geração Brasil, a atual.[31]

A primeira telenovela exibida pela Globo no horário das 18 horas foi Meu Pedacinho de Chão, de Benedito Ruy Barbosa, em 1971.[32] Desde então, foram exibidas mais de 60 produções, sendo Meu Pedacinho de Chão a atual.[33]

Entre 1965 e 1979, a Globo possuiu ainda um quarto horário destinado à exibição de telenovelas, às 22h. A primeira produção exibida neste horário foi também a primeira telenovela a ser exibida pela emissora: Ilusões Perdidas, de Ênia Petri.[34] Sinal de Alerta, de Dias Gomes, foi a última telenovela a ser exibida no horário durante aquele período.[35][36] Em duas oportunidades o quarto horário foi "ressuscitado": Eu Prometo, de Janete Clair, foi exibida como "novela das dez" em 1983[37] e Araponga, de Dias Gomes, foi exibida em 1990 no horário das 21h30.[38] A partir de 2011, houve uma nova denominação de novela na Globo, a "novela das onze" que anteriormente era a "novela das dez", sendo então uma tentativa da emissora de aumentar o índice de audiência no horário ocupado até então por minisséries, seriados e outros programas. A primeira novela exibida na faixa foi O Astro remake da versão de 1977, sendo sucedida por Gabriela, remake do clássico de 1975. Em 2013, a emissora exibiu um remake de O Rebu.

O Ibope da Grande São Paulo mostra que as novelas da Globo perderam entre 2004 e 2008, 26,19% dos telespectadores,[39] embora a Globo ainda seja a líder em audiência.[40][41]

Identificação

Logotipo

Logotipos utilizados pela Rede Globo entre 1975 e 1981 (acima) e 2008 e 2014 (abaixo). O acima foi o primeiro logo da emissora a ser desenhado pelo designer Hans Donner, que seguiu criando identidades visuais para a emissora, inclusive o de 2008.

O primeiro logotipo foi criado em 1965. Inicialmente era uma rosa-dos-ventos, cujas pontas lembram o número 4, número da emissora no Rio de Janeiro.[42] Foi criado por Aloísio Magalhães, um dos grandes responsáveis pela expansão do design no Brasil. Porém ele foi substituído em 1966, dando lugar a um círculo com 3 linhas geográficas, que fazem alusão a um "globo", e foi utilizado até 1975.[42] No mesmo ano, ganhou uma variação pela qual esse logotipo ganhou, ao seu lado, 9 anéis, representando as 9 emissoras afiliadas da época, formando assim a "Rede Globo".

O conceito do atual logotipo nasceu em 1975.[42] É composto de uma esfera azul com um retângulo de cantos arredondados e extremidades desiguais.[42] Dentro desse retângulo, assenta-se uma pequena esfera de tamanho médio.[42] O projeto é de autoria do designer austríaco Hans Donner feito num guardanapo de papel. Segundo ele, a esfera representa o mundo, e o retângulo, uma tela de televisão que exibe o próprio mundo.[42] Duas variações acinzentadas da marca a substituíram: em 1981 e 1983, respectivamente. A partir de 1985, em comemoração aos 20 anos da emissora, seu logotipo era o número 20 metálico tridimensional cujas laterais formavam o logotipo da Globo.

Em 1986, o logotipo ganhou formas mais tridimensionais, utilizadas até hoje. Consiste em uma esfera metálica oca, com uma abertura em forma da tela de televisão, e a segunda esfera posicionada em seu centro. Do lado de dentro da esfera, um mosaico de triângulos formam um espectro nas cores azul, verde, amarelo e vermelho.

Em 1990, em comemoração aos 25 anos da emissora, foi colocado o formato de um "25" no ar e o globo se encaixando no meio, enquanto o "25" girava. Em 1992, a esfera deixa de ser cinza e passa a ser azul-claro e perde o efeito opaco, ganhando reflexo. As linhas do reflexo sofreram pequenas alterações com as mudanças posteriores e duraram até 2008. Em 1995, aos 30 anos da emissora, o logotipo da Globo foi apresentado de lado com o retângulo e a bola média simbolizando o número "0" e, o lado esquerdo, o "3". Em 1996, o logotipo ganha mais brilho e perde a cor azul clara para um azul mais escuro. Durante o ano de 1999, a marca teve duas variações diferentes durante a campanha "Uma Nova Emoção a Cada Dia". Ambas foram alterações apenas na área do espectro colorido da tela, que ganhou ondulações de água sobre ela: uma com o efeito de uma gota num lago e a outra com o efeito de ondas num oceano.

Em 2000, ganha um tom azulado, menos brilhoso, e seu reflexo é levemente simplificado. Com os 40 anos em 2005, veio uma marca com tonalidade mais leve e clara. O uso de fundos pretos para o logo deixa de ser predominante, em prol de cores mais claras. Em 2008, o logo se adapta à TV digital - que começara no Brasil meses antes - com a forma da tela substituída de 4:3 para 16:9. Os triângulos do mosaico colorido da tela são substituídos por linhas horizontais - que nas vinhetas são formados por prismas triangulares. Os reflexos foram refeitos do zero - mais minimalistas - que, segundo Donner, representa a forma de um sorriso. No mesmo ano, foi criado um logotipo único para as emissoras próprias da rede: TV Globo Rio de Janeiro, TV Globo São Paulo, TV Globo Brasília, TV Globo Minas e TV Globo Nordeste.

Entre 2013 e 2014, são criadas versões monocromáticas da logomarca de 2008, para as chamadas, cada uma variando de acordo com a atração anunciada. Em 2014, a emissora passou por uma nova reformulação visual: Pela primeira vez ganharam movimento dentro do globo e ao perder o cinza metálico, ganhou branco.[42][43][44]

É comum que a cada cinco anos, a emissora implemente um logotipo "especial" em comemoração a cada aniversário.

Slogan

Como uma forma de identificação, a Rede Globo tem lançado diversos slogans desde o começo dos anos 1970. É sempre acompanhado do nome da emissora, mencionado antes ou após a frase de identificação propriamente dita, prática que permanece atualmente.

Estrutura e alcance

A Rede Globo faz parte do grupo Organizações Globo, um grande conglomerado de mídia brasileiro. Suas empresas associadas são: Globo Filmes (empresa cinematográfica), a TV Globo Internacional (difusão internacional), a Globo Marcas (branding e publicidade), a Globo Vídeo (vídeos na internet), a TV Globo Minas (emissora de televisão em Belo Horizonte), a TV Globo Brasília (emissora de televisão em Brasília), a TV Globo Nordeste (emissora de televisão em Recife), a TV Globo Rio de Janeiro (emissora de televisão no Rio de Janeiro) e a TV Globo São Paulo (emissora de televisão em São Paulo).

Sedes

Ficheiro:Tvglobo sp.jpg
Edifício Jornalista Roberto Marinho, o prédio integra 17 áreas e abriga o departamento comercial da emissora.[45]

A rede de televisão é a peça central do conglomerado. A Globo tem o seu principal complexo de produção no Rio de Janeiro. Inaugurado em 1995, o "Projac" (oficialmente chamado de "Central Globo de Produção") é onde as suas telenovelas são produzidas e é um dos maiores centros de produção televisiva do mundo; atualmente, é o maior da América Latina.

No final da década de 1990, a Globo mudou parte de sua divisão de jornalismo, que engloba tanto as mesas de notícias, a equipe de produção e os estúdios, para São Paulo, no bairro do Itaim Bibi. Entretanto, seus principais programas jornalísticos, como o Jornal Nacional e o Fantástico, bem como o seu próprio canal de notícias, a Globo News, continuam a ser transmitidos a partir da sede principal no Rio de Janeiro, onde a sede de notícias da Globo, a Central Globo de Jornalismo, está localizada.

Cobertura nacional

Torre HDTV da Globo na Alameda Santos, em São Paulo.

A Rede Globo opera sua programação simultaneamente na televisão analógica e digital, em definição padrão e alta definição. Em 2 de dezembro de 2007, as transmissões em alta definição (1080i) começaram nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, seguidos de outras capitais a partir fevereiro de 2008. Antes disso, a Rede Globo operava sua programação em definição padrão (480i).[46][47] Em Recife, as transmissões em alta definição da TV Globo Nordeste começaram apenas em 2009, mas não em todos os programas. Em 2011, o padrão digital começou a ser utilizado nos telejornais locais da TV Globo Nordeste, entre eles o NETV.

A Rede Globo é formada por 122 emissoras (sendo 5 emissoras próprias e 117 emissoras afiliadas), além da transmissão no exterior pela TV Globo Internacional e de serviço mediante assinatura no país. A Globo é transmitida em áreas metropolitanas através de um número de estações de propriedade e operadoras, incluindo a Globo-RJ (Rio de Janeiro), a Globo-SP (São Paulo), a Globo-DF (Brasília), a Globo Minas (Belo Horizonte) e a Globo Nordeste (Recife). A programação também é levada para outras regiões do Brasil por 147 redes afiliadas, de propriedade de empresas de terceiros. A Rede Globo através de sinal terrestre cobre 98,53% do território do Brasil, além de cobrir seu sinal por cabo através de todas as afiliadas, e também por TV paga via satélite, em parceria com as principais afiliadas, além de ter cobertura em 100% do território nacional através de antena parabólica.[7]

Distribuição internacional

Ver artigo principal: TV Globo Internacional

Fundada em 1999 e agora com mais de 620 mil assinantes,[48] a TV Globo Internacional opera canais de televisão por satélite em todo o mundo, inclusive nas Américas, Oceania (mais especificamente na Austrália), Europa, Oriente Médio, África e Japão, trazendo uma mistura de entretenimento, notícias e programação esportiva provenientes dos canais TV Globo, GNT, Globo News, Viva, Futura e SporTV para brasileiros que moram no exterior e demais lusófonos. Duas fontes distintas alimentam a programação internacional ao vivo a partir do centro da rede de transmissão localizado no Rio de Janeiro, gerando o sinal da TV Globo Internacional Europa/África/Oriente Médio e da TV Globo Américas/Oceania.[49] Um terço da TV Globo Internacional Ásia é originária do Japão pelo IPC[50] e baseia-se em material gravado no início do dia da TV Globo Américas/Oceania, que é repetido em uma programação mais apropriada para o fuso horário do Extremo Oriente. Desde 2007, a TV Globo também opera um canal "premium" que se origina a partir de Lisboa, Portugal, chamado TV Globo Portugal. A programação da TV Globo Portugal é diferente da programação da TV Globo na Europa devido a acordos contratuais com outras redes de televisão portuguesas, principalmente a SIC, que detém direitos para transmitir primeiro parte da programação da TV Globo, como as novelas.

A TV Globo Internacional nos Estados Unidos é feita tanto pelo serviço de satélite (Dish Network, DirecTV, que também oferece o Premiere Futebol Clube, canal da Globosat de futebol brasileiro) e por cabo (Comcast em Miami, Boston e New Jersey; RCN em Boston e Atlantic Broadband em Atlanta). No Canadá, está disponível através de Rogers Cable e pela NexTV, serviço de IPTV. No México e em outros países latino-americanos pode ser vista no satélite SKY.[51] A TV Globo Internacional é transmitida na Austrália e na Nova Zelândia através da UBI World TV.

Parcerias

Em 2007, a Rede Globo se juntou com a Telefé da Argentina para um "intercâmbio" entre os participantes dos reality shows Big Brother (do Brasil) e Big Brother (da Argentina). Em 21 de maio de 2009, houve uma parceria entre a Rede Globo e a TV Azteca do México para iniciar a gravação de suas novelas no país. A aliança Globo-TV Azteca se iniciou a partir de uma terça-feira do dia 11 de maio de 2010 com a transmissão da novela A Favorita em espanhol no canal Azteca 13 às 12 horas.[52]

A partir de uma parceria entre Globo e Telemundo, estreia em julho de 2013, nos Estados Unidos, a versão hispânica de Fina Estampa, novela de Aguinaldo Silva que foi um sucesso de audiência no Brasil. A expansão da Telemundo deve representar também a expansão do público das telenovelas da rede, que hoje, já marcam presença em cem países. Ainda não se sabe, mas a Telemundo África poderá ser mais um canal para a chegada de novelas da Rede Globo ao continente.[53]

Internet

Ver artigo principal: Globo.com

Globo.com é o portal de internet da empresa e tem uma grande biblioteca de vídeos históricos, além de fornecer parte do conteúdo atual gravado, noticiários de TV ao vivo e programas especiais, como o Big Brother Brasil. Também difundiu os jogos da Copa do Mundo FIFA de 2006 em 480i e 480p. O portal também oferece acesso aos demais produtos do conglomerado de mídia como revistas, jornais e rádio ao vivo. O domínio atraiu pelo menos 1,8 milhões de visitantes anualmente até 2008, segundo um estudo do Compete.com[54] e, atualmente, é classificado como o 104º site mais acessado no mundo, segundo o Alexa.[55]

Audiência

Desde 2003, a audiência dos principais programas da Rede Globo tem caído constantemente na medição do Ibope na Região Metropolitana de São Paulo: a audiência da novela das sete foi de 40 pontos para os atuais 26,9; a da novela das nove caiu de 67,5 para 41,6; a do Fantástico, de 46,6 para 19,7; a do futebol, de 47,1 para 30,8; e a do Jornal Nacional, de 46,7 para 29,3.[22] Apesar disso, a emissora mantém, desde os anos 1970, a liderança isolada no segmento de televisão aberta no Brasil.[56] O Ibope anual da emissora caiu de 21 pontos em 2003 para 14,4 em 2013 na Grande São Paulo, onde cada ponto representa 65 mil domicílios na região.[56] A nível nacional, onde cada ponto representa 217 mil domicílios, a emissora caiu de 22,7 pontos em 2003 para 16,4 em 2013.[56]

Evolução da audiência da Rede Globo na Grande São Paulo[56]
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
21 pontos 21,7 pontos 21 pontos 21,4 pontos 18,7 pontos 17,4 pontos 17,4 pontos 16,5 pontos 16,3 pontos 14,7 pontos 14,4 pontos[nota 1]

Críticas e controvérsias

Ver artigo principal: Críticas à Rede Globo
Manifestante segurando um cartaz com críticas à Rede Globo durante as manifestações de junho de 2013 em Juiz de Fora (MG).

Sendo a maior rede de televisão do Brasil e a segunda maior do mundo, a Rede Globo possui um histórico de controvérsias em suas relações na sociedade brasileira. A emissora possui uma capacidade sem paralelo de influenciar a cultura e a opinião pública.[22] Para o cientista político e jornalista Laurindo Leal Filho, o poderio da emissora pode ser observado em um fenômeno ainda pouco estudado: sua onipresença em locais públicos como bares, restaurantes e salas de espera de hospitais.[22] Segundo ele, essa força faz com que a Globo seja um elemento capaz de desestabilizar a democracia.[22]

A principal controvérsia histórica das Organizações Globo está justamente ligada ao apoio dado à ditadura militar e a censura nos noticiários da emissora dos movimentos pró-democracia. O regime, segundo os críticos da emissora, teria rendido benefícios ao grupo midiático da família Marinho, em especial para o canal de televisão que, em 1984, fez uma cobertura omissa das Diretas Já.[57] A própria Globo reconheceu em editorial lido no Jornal Nacional, 49 anos depois e pressionada pelas manifestações de junho de 2013,[58][59][60] que o apoio o golpe militar de 1964 e ao regime subsequente foi um "erro".[61]

Roberto Marinho foi criticado no documentário britânico, Beyond Citizen Kane (Muito Além do Cidadão Kane), por seu poder e papel na fundação da Rede Globo e vínculos com a ditadura militar no período. A Globo foi à Justiça para impedir a liberação e exibição do filme no Brasil, mas que se tornou viral na internet após a virada do século 21.[62] Em 2009, a Rede Record comprou o documentário e passou a divulgar trechos do mesmo na emissora.[63]

No final dos anos 1980, a emissora novamente foi alvo de críticas devido à edição que promoveu do último debate entre os candidatos a presidente na eleição de 1989, o que teria favorecido Fernando Collor de Mello.[64] No final da década de 1990, as Organizações Globo enfrentaram diversos problemas financeiros que teriam sido aliviados pelo Estado apesar de se tratar de uma empresa privada.[22] Durante o período, a emissora utilizou sua influência entre os políticos para conseguir mudar um artigo da Constituição Federal para permitir a entrada de 30% de capital estrangeiro nas empresas de mídia.[22] Em 2002, o governo federal ofereceu ajuda de R$ 280 milhões à Globocabo através de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).[22]

A emissora voltou novamente a ser alvo de críticas pela cobertura supostamente tendenciosa das eleições de 2006 e 2010. Mais recentemente, foi revelado que as Organizações Globo possuem problemas com a Receita Federal. Entre 2010 e 2012, o conglomerado foi notificado 776 vezes por sonegação fiscal.[65] A maior parte das autuações envolve a apreensão de equipamentos, sem o recolhimento de impostos, no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.[65] Ainda segundo a Receita, a empresa praticou fraude contábil ao negociar um perdão de R$ 158 milhões em dívidas com o banco JP Morgan em 2005.[22] A emissora, multada em R$ 730 milhões, contesta a cobrança, mas foi derrotada em uma das instâncias do Ministério da Fazenda, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em setembro de 2013.[22]

Além disso, o conglomerado teria sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo FIFA de 2002.[22] Após o término das investigações, em outubro de 2006, a Receita Federal quis cobrar multa de R$ 615 milhões da emissora.[22] No entanto, semanas depois o processo desapareceu da sede da Receita no Rio de Janeiro.[22] Em janeiro de 2013, a funcionária da Receita, Cristina Maris Meinick Ribeiro, foi condenada pela Justiça a quatro anos de prisão como responsável pelo sumiço.[22] No processo, ela afirmou ter agido por livre e espontânea vontade.[22]

Nem mesmo a campanha filantrópica Criança Esperança, promovida em parceira com a UNESCO, se viu livre de críticas. Um documento datado de 15 de setembro de 2006, liberado pelo site WikiLeaks em 2013, cita que a Rede Globo repassou à UNESCO apenas 10% do valor arrecadado desde 1986 com a campanha (à época R$ 94,8 milhões). A emissora afirmou "desconhecer" essa informação e afirmou que "todo o dinheiro arrecadado pela campanha é depositado diretamente na conta da Unesco".[66][67]

Ver também

Notas

  1. Projeção.

Bibliografia

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  • Genésio Lopes. O Super Poder. O Raio X da Rede Globo. [S.l.: s.n.] 
  • Romero Costa Machado. Afundação Roberto Marinho. [S.l.: s.n.] 
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  • Luís Carlos Cabral. O Nacional. Rede de Intrigas. [S.l.: s.n.] 

Referências

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  2. TV Globo e Você
  3. Grade de Canais da SKY
  4. Grade de Canais da Claro TV
  5. Grade de Canais da Oi TV
  6. Lista de canais do satélite Star One C2
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