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Todavia essa crítica é considerada por especialistas da área de engenharia como política, vez que o caráter "espetacular" da ponte deriva de imposições técnicas tais como a falta de espaço para a construção das alças de acesso e a necessidade de garantir espaço e ângulo para que os estais fossem fixados numa mesma estrutura sem ficarem "embaraçados".
Todavia essa crítica é considerada por especialistas da área de engenharia como política, vez que o caráter "espetacular" da ponte deriva de imposições técnicas tais como a falta de espaço para a construção das alças de acesso e a necessidade de garantir espaço e ângulo para que os estais fossem fixados numa mesma estrutura sem ficarem "embaraçados".
No dia 11 de julho de 2013, em um protesto contra a rede Globo, a ponte foi rebatizada, informalmente, por manifestantes, como ponte [[Vladimir Herzog]].


==Aparições na mídia==
==Aparições na mídia==

Revisão das 18h47min de 18 de outubro de 2013

 Nota: Se procura o complexo viário, veja Complexo Viário Real Parque.
Ponte Octávio Frias de Oliveira
Ponte Estaiada
Ponte Octávio Frias de Oliveira
Nome oficial Ponte Octávio Frias de Oliveira
Arquitetura e construção
Material Concreto sustentado por cabos de aço inoxidável revestida com polietileno resistente ao sol
Estilo arquitetônico Pós-contemporânea
Design Ponte Estaiada
Início da construção 2005
Data de abertura 10 de maio de 2008 (16 anos)
Comprimento total 1600 metros
Altura 138 metros
Geografia
Via 6 vias, divididas em 2 sentidos
Cruza Rio Pinheiros
Localização São Paulo,  São Paulo
 Brasil
Coordenadas 23° 36′ 45,9″ S, 46° 41′ 57,26″ O

A ponte Octávio Frias de Oliveira é uma ponte estaiada localizada na cidade de São Paulo, estado de São Paulo, Brasil. A ponte, que faz parte do Complexo Viário Real Parque, é formada por duas pistas estaiadas em curvas independentes de 60º que cruzam o rio Pinheiros, no bairro do Brooklin, sendo a única ponte estaiada do mundo com duas pistas em curva conectadas a um mesmo mastro.[1][2] Foi inaugurada em 10 de maio de 2008, após três anos de construção [3], e hoje é um dos mais famosos cartões postais da cidade.

Construção

O complexo durante a construção.

A obra ficou a cargo da construtora OAS, envolvendo 420 funcionários, trabalhando em dois turnos. O projeto é de autoria de Catão Francisco Ribeiro, tendo como arquiteto o paulista João Valente Filho.[4] Edward Zeppo Boretto é o engenheiro responsável e Norberto Duran,[5] o gerente de obras, ambos pertencentes aos quadros da Empresa Municipal de Urbanismo (EMURB).

Foi previsto um custo de aproximadamente R$ 184 milhões para a construção do complexo em si, e mais R$ 40 milhões para a sinalização viária, drenagem e pavimentação. A obra foi viabilizada através da venda de CEPACs (Certificados de Adicional de Construção) das regiões próximas.

No dia 8 de abril de 2007, o operário Luiz de Araújo Sousa, de 22 anos, morreu após cair de uma das pistas.

Erguidas em concreto armado protendido, as alças foram moldadas por meio de formas deslizantes. A obra consumiu aproximadamente 58.700 metros cúbicos de concreto, o equivalente à carga de 7.340 caminhões betoneiras ou ao volume utilizado na construção das pontes do Cebolão.

Guindastes trabalhando durante a finalização da obra.

Entre os desafios técnicos encontrados no projeto, há a complexidade da distribuição de cargas entre os muitos estais e as seções das pistas de geometria curva. Nos elementos de fixação de cada um dos estais foram instaladas células de carga, capazes de monitorar as forças aplicadas aos mesmos, permitindo ajustar as tensões mecânicas de montagem, equilibrando a ponte adequadamente e não sobrecarregando os cabos durante a construção. As pontes foram projetadas para suportar ventos de até 250 quilômetros por hora.

As obras do Complexo Viário Real Parque foram iniciadas na gestão municipal de Marta Suplicy, em 2003, e retomadas na gestão de José Serra em 2005 após mudanças no projeto (de duas para uma torre) que resultaram na economia de 30 milhões de reais. A inauguração da ponte foi realizada no dia 10 de maio de 2008 pelo prefeito Gilberto Kassab, após adiamento de cerca de dois meses.

Concepção

Ficheiro:Ponte Estaiada.jpg
Os estais amarelos da ponte.

No total, cada sentido da ponte tem 290 metros de comprimento. Sob o mastro em "X", que suporta os estais, se cruzam três vias em níveis diferentes: as duas pistas suspensas da ponte e a via marginal de manutenção, no nível do solo. Além disso, uma linha de transmissão elétrica percorre a margem do rio pelo subterrâneo da via de manutenção e o Córrego Água Espraiada deságua no rio Pinheiros passando por entre os mastros. A torre tem 138 metros de altura, o equivalente a um prédio de 46 andares. Escadas de aço internas à torre, com patamares a cada 6 metros, dão acesso ao mastro para serviços de manutenção.

A Ponte Octávio Frias de Oliveira é a única ponte estaiada no mundo com duas pistas em curva conectadas a um mesmo mastro. A Ponte Katsushika, (inaugurada em 1986) em Tóquio, por exemplo, tem traçado curvo, mas com uma única pista. A forma da estrutura não decorre de razões arquitetônicas e sim de uma demanda estrutural e das restrições geométricas do entorno [6].

Estais

Estais são elementos estruturais flexíveis, formados por feixes de cabos de aço. O termo ponte estaiada se refere ao tipo de estrutura, que utiliza estais diretamente conectados a um mastro para sustentar as pistas. Neste caso, 144 estais mantêm suspensos dois trechos de 900 metros de comprimento. Há entre doze e 25 cabos de aço em cada estai. Juntos, os estais pesam em torno de 462 mil kg. Eles são encapados por um tubo amarelo de polietileno de elevada resistência mecânica, tolerantes a ação de raios ultravioleta, com a função de proteger o aço contra corrosão.

Iluminação

A ponte é iluminada por holofotes nas cores vermelho, azul e verde, que têm condição de projetar na estrutura variadas combinações cromáticas[7]. A empresa holandesa Philips assina o sistema de iluminação da ponte.

Críticas

Vista aérea da ponte Octávio Frias de Oliveira.

Durante a construção do complexo viário, houve desrespeito à Lei Municipal n°. 14.266, que determina, em seu artigo 11, que "as novas vias públicas, incluindo pontes, viadutos e túneis, devem prever espaços destinados ao acesso e circulação de bicicletas, em conformidade com os estudos de viabilidade"[8]. Essa determinação existe desde 1990, na forma da Lei Municipal n°. 10.907[9], substituída pela L.M. n°. 14.266, vigendo portanto já à época do planejamento do Complexo.

Há também uma crítica mais ampla, do ponto de vista do planejamento urbano e metropolitano. A urbanista Mariana Fix, pesquisadora no Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAUUSP estudou as mudanças operadas na ocupação da área compreendida entre os bairros de Itaim Bibi e Brooklin, nas últimas décadas, mostrando que a região foi escolhida para abrigar a chamada "nova economia" em São Paulo, e assim incrementar a especulação imobiliária na maior metrópole do hemisfério sul.[10][11] Há 30 anos, quando ali só havia bairros populares, o preço do metro quadrado de terreno era de US$100. A partir dos anos 1980, deu-se um boom imobiliário na região, e o preço saltou para US$1.500. Mas a favela denominada Jardim Edite, onde viviam cerca de 900 famílias, ainda era um obstáculo à expansão dos negócios.

Após a construção da ponte sobre o rio Pinheiros e a remoção da maior parte da favela, o preço dos terrenos na região quase triplicou, passando a US$4.000 por m². Segundo Mariana Fix,

Cada família retirada do local recebeu da Prefeitura de São Paulo o chamado "cheque despejo" de R$5.000[12] e, segundo demonstra o estudo de Fix, a maioria das famílias removidas transferiu-se para áreas de proteção de mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, gerando riscos ambientais muito maiores, especificamente para o abastecimento de água da população metropolitana, o que afinal apenas obedece à lógica de privatização dos lucros e socialização dos custos.[13]

Todavia essa crítica é considerada por especialistas da área de engenharia como política, vez que o caráter "espetacular" da ponte deriva de imposições técnicas tais como a falta de espaço para a construção das alças de acesso e a necessidade de garantir espaço e ângulo para que os estais fossem fixados numa mesma estrutura sem ficarem "embaraçados". No dia 11 de julho de 2013, em um protesto contra a rede Globo, a ponte foi rebatizada, informalmente, por manifestantes, como ponte Vladimir Herzog.

Aparições na mídia

Vista panorâmica da Ponte Octávio Frias de Oliveira, desde a Marginal Pinheiros.

Ver também

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Ponte Octávio Frias de Oliveira

Referências

  1. Bruno Loturco. «Malha de estais». Revista Téchne. Consultado em 20 de novembro de 2008 
  2. «Ponte Octavio Frias de Oliveira entra para galeria de pontes mundiais». Folha Online. Consultado em 15 de julho de 2010 
  3. José Ernesto Credencio e Fábio Takahashi. «Ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira é inaugurada em SP». Folha Online. Consultado em 15 de julho de 2010 
  4. Morre arquiteto da ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira Folha de São Paulo - edição de 20 de agosto de 2011
  5. Portal Veja SP, "A gigante da Marginal"
  6. Portal da revista téchne "Malha de estais"
  7. Estadao.com.br Técnicos testam iluminação na Ponte Estaiada da marginal
  8. Leismunicipais.com.br Lei Municipal 14.266
  9. Movimento Nossa São Paulo Lei Municipal n°. 10.907
  10. FIX, Mariana. São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem. Apresentação: Francisco de Oliveira. Prefácio: Flávio Villaça. Boitempo, 2007. ISBN 85-7559-089-8.
  11. São Paulo cidade global (resenha) 21 de Maio de 2007
  12. Estadão, 12 de Dezembro de 2007 Defensoria quer o fim do cheque-despejo da Prefeitura, por Sérgio Duran.
  13. UOL Notícias, 22 de maio de 2009."Remoção de favela completa ligação da ponte estaiada com a especulação, diz pesquisadora", por Rodrigo Bertolotto.
  14. Praça em SP vira cenário de filme do diretor de 'Cidade de Deus'. G1, 29 de setembro de 2007.
  15. A Hollywood brasileira
  16. Official community of a-ha.
  17. «Globo apresenta nova programação». Portal G1. Consultado em 15 de julho de 2010