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Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

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Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo
Informações gerais
Tipo Artes Visuais, História
Inauguração 1985
Curador Rachel Vallego Rodrigues
Website www.acervo.sp.gov.br
Geografia
País  Brasil
Cidade São Paulo
Campos do Jordão

O Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo (AACPG) é o órgão oficial responsável pela gestão, preservação, pesquisa e extroversão das coleções histórico-artísticas do Governo do Estado de São Paulo. Subordinado à Secretaria da Casa Civil, é gerido por um conselho curador e por um grupo de historiadores da arte, técnicos, conservadores e restauradores, e conta com duas sedes, uma no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo e outra, no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão.

O Acervo dos Palácios administra um expressivo conjunto de obras, composto por mais de 5.000 itens, de importância histórica e artística. São pinturas feitas por artistas no Brasil entre os séculos 17 e 21, peças período colonial, além de exemplares da artes decorativas europeias e asiáticas e pinturas da escola cusquenha. Também realiza exposições de longa duração, temporárias, eventos científicos e culturais em ambas as sedes.

O Acervo-Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo foi constituído em 30 de julho de 1985, por decreto do então governador André Franco Montoro, com o objetivo de formar um conselho gestor apto a desenvolver atividades sistemáticas de documentação, conservação e divulgação dos bens culturais amealhados pelo Governo do Estado nas décadas anteriores, e expostos nos palácios governamentais para fins decorativos. O decreto foi posteriormente revisto, a 13 de março de 1987[1] e no decreto nº 51.991, de 18 de julho de 2007.

Na tentativa de organizar e dar legibilidade ao acervo, foram estabelecidas normas e procedimentos museológicos que facilitassem ao público visitante uma boa compreensão das obras expostas, destinando a cada espaço um grupo de peças. Ao Palácio Boa Vista, caberia a guarda de uma expressiva coleção de arte moderna brasileira, além do mobiliário barroco e de inspiração francesa, bem domo diversos objetos de artes decorativas. Já ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, seriam destinadas diversas coleções relacionadas a significativos períodos históricos e artísticos da cultura nacional, principalmente arte moderna e contemporânea, valorizando em seu Hall, obras de grandes dimensões, como o painel São Paulo: Criação, Expansão e Desenvolvimento, do artista Antonio Henrique Amaral.

Formação e caracterização

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Pedro Américo (1843-1905) Libertação dos Escravos, 1889. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

Os bens culturais pertencentes ao Acervo dos Palácios têm seu princípio na coleção do Pátio do Colégio, com móveis, porcelana e pinturas de paisagem. Depois é transferida para o Palácio dos Campos Elísios, que foi sede do governo paulista entre 1915 e 1964. Posteriormente o acervo é transferido para o Palácio dos Bandeirantes e foi significativamente ampliado por meio de uma série de aquisições realizadas na década de 1970, por iniciativa do governador Abreu Sodré e de seu secretário da fazenda Luís Arrobas Martins, tanto para ampliar a coleção exposta nesse prédio, como para criar uma coleção para o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, inaugurado em 1964 e tornado monumento aberto à visitação pública em 1970. Após a abertura dos acervos palacianos ao público, e sua posterior transformação em projeto museológico, registrou-se um número considerável de doações de artistas e empresas. Por fim, houve o acréscimo de um conjunto de obras criadas especificamente para os palácios, como as provenientes do concurso "Painel Bandeirantes".

Atualmente, o Acervo dos Palácios contabiliza mais de cinco mil obras de expressiva importância artística e histórica, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, mobiliário e alfaias religiosas, prataria, porcelanas e tapeçarias, originárias do Brasil e de outros países, e executadas entre os séculos XVII e XXI.

Atribuído a Mestre Ataíde (1762-1830) A Flagelação de Cristo, século XVIII. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

Do importante contingente da pintura feita no Brasil, presente no Acervo dos Palácios, a arte colonial está representada por obras raras, como a do flamengo Gillis Peeters (Forte dos Reis Magos), possível integrante da comitiva de João Maurício de Nassau no nordeste do Brasil, e Flagelação de Cristo, atribuída ao Mestre Ataíde. Entre as obras oitocentistas, são dignas de menção o estudo para a Libertação dos Escravos ,de Pedro Américo (cuja versão definitiva nunca foi executada), bem como as paisagens litorâneas de Benedito Calixto e a Aclamação de Amador Bueno, de Oscar Pereira da Silva. Também estão presentes no acervo Henri Nicolas Vinet, Eliseu Visconti, João Batista da Costa, Décio Villares, Lucílio de Albuquerque e Theodoro Braga, entre outros.

Do modernismo, há um amplo conjunto de pinturas de Tarsila do Amaral, entre as quais Operários, obra-prima da fase social da artista. De Anita Malfatti, o acervo conserva alguns retratos e uma importante tela de cunho expressionista: A Ventania. Outras obras de vulto são Barca de São Pedro, de Cândido Portinari, Pescadores, de Emiliano Di Cavalcanti e o painel Festa do Divino em Parati, de Djanira da Motta e Silva, além de pinturas de Alberto da Veiga Guignard, Vicente do Rego Monteiro, Alfredo Volpi, Clóvis Graciano, Ismael Nery e Cícero Dias. Da pintora franco-portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, conserva-se o óleo, intitulado O Teatro.

Um conjunto de 100 pinturas a óleo de José Cláudio da Silva, retratando paisagens, animais e o cotidiano dos habitantes da Amazônia, integra o acervo. São obras criadas pelo pintor durante sua presença na Expedição Permanente à Amazônia, organizada por Paulo Vanzolini pelo Museu de Zoologia da USP. Há ainda obras de caráter abstrato-informal de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, e criações de Wesley Duke Lee, Carlos Scliar, Cláudio Tozzi, entre outros.

Igualmente digno de nota é o painel São Paulo - Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento, de Antônio Henrique Amaral, uma das maiores telas já produzidas no Brasil (4,5 x 16 metros), que foi escolhida em concurso para decorar o "Salão Nobre" do Palácio dos Bandeirantes.[2] Neste mesmo palácio, a Galeria dos Governadores conserva dezenas de retratos e bustos de autoridades políticas, executados por pintores e escultores de renome. Por fim, há um importante conjunto formado por pinturas da escola cusquenha, produzidas nos séculos XVII e XVIII.

Esculturas

Antonio Francisco Lisboa (conhecido popularmente comoAleijadinho, c.1730-1814) São José de Botas, século XVIII. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

Na coleção de esculturas e objetos tridimensionais, encontra-se um conjunto de imaginárias do período colonial brasileiro, dentre as quais destaca-se o São José de Botas, atribuído a Antonio Francisco Lisboa (conhecido popularmente como Aleijadinho), além do par de anjos tocheiros de Francisco Vieira Servas e a Nossa Senhora do Rosário, de Frei Agostinho de Jesus. Na já mencionada "Galeria dos Governadores", encontram-se bustos de autoria de Galileo Emendabili e Ettore Ximenes.

A grande maioria das esculturas data do século XX, como a Bailarina e o Retrato de Daisy, ambas de Victor Brecheret. Há um bronze de Ernesto de Fiori, baixos relevos de Caciporé Torres, João Rossi e Antônio Gonçalves Gomide. No jardim do Palácio dos Bandeirantes, estão obras de grande porte de Bruno Giorgi e Felícia Leirner, e no "Salão Nobre" do edifício, a Alegoria aos Bandeirantes, de Emanoel Araújo.

Obras sobre papel

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Dentre os desenhos e aquarelas conservados nos palácios, encontram-se dois crayons de Almada Negreiros, paisagens e obras figurativas de Nicola de Corsi, Marcelo Grassmann e Arnaldo Pedro d'Horta.

Na numerosa coleção de gravuras, o destaque cabe às trinta litografias ilustrando artigos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, produzidas por artistas como Amélia Toledo, Maria Bonomi, Aldemir Martins e Luiz Paulo Baravelli, entre outros. Há um conjunto de estudos etnográficos e paisagens de Johann Moritz Rugendas e outras obras de Oswaldo Goeldi, Babinski e Milton Dacosta.

Outro destaque do acervo é a preciosa coleção de estudos botânicos do naturalista João Barbosa Rodrigues, versando sobre diversas espécies de palmeiras encontradas em território brasileiro.

Artes decorativas

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Manufatura dos Gobelins. O Rapto de Ifigênia, século XVIII. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

Um conjunto de tapeçarias artísticas integra a coleção de artes decorativas do Palácio dos Bandeirantes. Executadas na Europa entre os séculos XVII e XVIII, são provenientes de manufaturas flamengas e francesas, produzidas a partir de composições de pintores célebres, como David Téniers. Destaca-se nesse conjunto a peça setecentista Rapto de Ifigênia, da Manufatura dos Gobelins, cujo desenho é de autoria de Simon Vouet.

Na coleção de prataria dos palácios, predominam os objetos de origem luso-brasileira, dos séculos XVIII e XIX. O essencial do conjunto é composto por alfaias religiosas e utensílios domésticos, como lampadários, copos, guampas, taças e bandejas.

No que tange à louçaria, o Palácio dos Bandeirantes detém em seu "Salão dos Pratos" uma importante coleção de cerâmica histórica do Brasil.[3] O conjunto abarca peças que pertenceram a titulares do Império brasileiro, um serviço de gala encomendado pelo primeiro presidente do Brasil República, Marechal Deodoro da Fonseca, e um acervo de louça brasonada de importantes famílias paulistas do século XIX - prato de faiança finas da Marquesa de Santos e porcelanas monogramadas de Bernardo José Maria Lorena e Silveira, o 5º Conde de Sarzedas, entre outros. São também dignas de menção as porcelanas do século XVII, provenientes das Companhias das Índias Orientais, e as ânforas produzidas pela Manufatura Nacional de Sèvres.

A coleção de mobiliário é composta por peças produzidas a partir do século XVII, com origem em Portugal e no Brasil - notadamente, nos centros de produção mineiros e baianos. São arcas, barguenhos, baús, canapés, cômodas-papeleiras, cadeiras e mesas, usando como suporte madeiras nobres (cedro e jacarandá-paulista, por exemplo), metais e marfim. Destaca-se a coleção de mais de dez arcazes, de diferentes formas e procedências.

Outras obras do acervo

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Referências

  1. Comissão do Patrimônio Cultural da USP, 2000, pp. 417.
  2. Silva, 1994, pp. 25-31.
  3. Valladares, 1998, pp. 3-18.
  • Comissão de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo (2000). Guia de Museus Brasileiros. São Paulo: Edusp. 417 páginas 
  • Silva, Heloísa Barbosa; et al. (1994). Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo 
  • Valladares, Clarival do Prado (1998). Acervo Palácio Bandeirantes. São Paulo: Serasa 

Ligações externas

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