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* '''[[Dionísio]]:''' Filho de [[Zeus]], costuma vir acompanhado por um cortejo de demônios masculinos e femininos (são os bacantes).
* '''[[Dionísio]]:''' Filho de [[Zeus]], costuma vir acompanhado por um cortejo de demônios masculinos e femininos (são os bacantes).
* '''[[Posidão]]:''' Irmão de [[Zeus]] (ambos eram filhos de [[Cronos]] e [[Reia]]), marido de [[Afrodite]]. É o deus dos mares. Seus filhos eram estátuas monstruosas.<ref name="CANTELE 112" />
* '''[[Poseidon]]:''' Irmão de [[Zeus]] (ambos eram filhos de [[Cronos]] e [[Reia]]). É o deus dos mares. Seus filhos eram estátuas monstruosas.<ref name="CANTELE 112" />


===== Heróis da mitologia grega =====
===== Heróis da mitologia grega =====

Revisão das 19h13min de 18 de setembro de 2013

História
Pré-história Idade da Pedra

Paleolítico

Paleolítico Inferior c. 3,3 milhões - c. 300.000 a.C.
Paleolítico Médio c. 300.000 - c. 30.000 a.C.
Paleolítico Superior c. 30.000 - c. 10.000 a.C.
Mesolítico c. 13.000 - c. 9.000 a.C.

Neolítico

c. 10.000 - c. 3.000 a.C.
Idade dos Metais Idade do Cobre c. 3.300 - c. 1.200 a.C.
Idade do Bronze c. 3.300 - c. 700 a.C.
Idade do Ferro c. 1.200 a.C. - c. 1.000 d.C.
Idade Antiga Antiguidade Oriental c. 4.000 - c. 500 a.C.
Antiguidade Clássica c. 800 a.C. - 476 d.C.
Antiguidade Tardia c. 284 d.C. - c. 750
Idade Média Alta Idade Média 476 - c. 1000
Baixa Idade Média Idade Média Plena c. 1000 - c. 1300
Idade Média Tardia c. 1300 - 1453
Idade Moderna 1453 - 1789
Idade Contemporânea 1789 - hoje

A História Antiga é um domínio de estudos que se estende desde o aparecimento da escrita cuneiforme (cerca de 4000 a.C.) até a tomada do Império Romano do Ocidente pelos povos bárbaros (476 d.C.).[1][2] Esse vasto período da humanidade inclui muitas civilizações, não somente na Europa. Nesse período os vários povos influenciaram e também receberam influências fundamentais de outros povos.[3]

Também deve-se levar em conta que essa periodização está relacionada à História da Europa e também do Oriente Próximo como precursor das civilizações que se desenvolveram no Mediterrâneo, culminando com Roma. Essa visão se consolidou com a historiografia positivista que surgiu no século XIX, que fez da escrita da história uma ciência e uma disciplina acadêmica. Se repensarmos os critérios que definem o que é a Antiguidade no resto do mundo, é possível pensar em outros critérios e datas balizadoras.[4]

Antiguidade oriental

Civilização Egípcia

Mapa do Antigo Egito.

O Antigo Egito ficava no nordeste da África, onde é hoje a República Árabe do Egito. O nordeste da África é a região onde o Antigo Egito, propriamente dito, começou a se desenvolver. O rio Nilo (6 500 km e 6 cataratas) cortava o seu antigo território. Situa-se entre os dois desertos (deserto da Líbia e deserto da Arábia). Na parte setentrional, duas coisas eram favorecidas pelo Mar Mediterrâneo: a viagem por mar e a atividade comercial com as demais civilizações. Na parte oriental, o Mar Vermelho era tido como uma segunda via de comunicação.

O rio Nilo era o berço da civilização egípcia. A atividade econômica da civilização egípcia era a agricultura. Entre junho e setembro, ocorria o período conhecido como as enchentes. Durante todo esse período um só tipo de acidente geográfico era alagado pelas precipitações pluviométricas de enorme intensidade: o rio; eram feitas pelo rio, propriamente dito, o transbordamento e a cobertura de água de vastas extensões de terras que ficavam nas suas margens. Essas águas tornavam fértil o solo com o limo e a matéria orgânica que traziam. A matéria orgânica era transformada em fertilizante cuja qualidade era excelente. Além de fertilizantes, era transportado pelo rio transportava a grande quantidade de peixes. Eram concedidos pelo acidente geográfico possibilidades a milhares de navegações de barcos.[5]

Na opinião da civilização egípcia, quem abençoava verdadeiramente o rio eram os deuses. Aliás era do próprio rio uma característica religiosa: uma divindade geográfica. Porém o Egito não fora apenas essa dádiva da hidrografia. Havia necessidade de privilégio intelectual, do progresso, da aplicação e da organização humana. Na época da estiagem, os egípcios trabalhavam na união de forças e conjunto. Tiravam proveito das águas do rio. Só podiam escolher uma das seguintes vantagens: transporte da irrigação com destino às terras mais distantes ou construção de diques para o controle das suas enchentes.[5]

Depois das enchentes, as águas diminuíam de nível. As águas desfizeram as divisas das propriedades agrícolas, vulgo fazendas. Desse modo, a cada ano que passava era importante que o homem trabalhasse para realizar a medição e o cálculo. A medição e o cálculo tiveram como consequência o desenvolvimento da geometria e da matemática. Esse esforço comum e a unidade geográfica tornaram fácil um governo único e centralizador.[5]

Períodos históricos

O talvegue do Rio Nilo tornou-se a concentração demográfica a partir do Paleolítico. Ao longo do tempo, passavam a surgir comunidades organizadas e autônomas denominadas nomos. Os nomos se organizavam em grupo de ambos reinos (do Norte e do Sul) e por volta de 3200 a.C. o faraó Menés reuniu todos os nomos propriamente ditos num só reino. Com o faraó, têm início as grandes dinastias (famílias reais que administraram o Egito por mais ou menos 3000 anos).[5] A História do Egito divide-se costumeiramente na seguinte periodização em três grandes etapas:[5]

No fim do Médio Império houve uma intensa imigração tranquila dos hebreus com destino ao Egito, que foram definitivamente escravizados e finalmente liberados para retornarem à sua pátria de origem. Após os hebreus, os hicsos dominaram o Egito, que aí se estabeleceram por duzentos anos e iniciou-se o Novo Império a partir de sua expulsão. Os hicsos foram os introdutores dos carros de guerra, que os egípcios desconheciam.[5]

Ao fim do Novo Império, houve um enfraquecimento do Egito e sua decadência tornou fácil a invasão e o domínio por parte de várias civilizações, como persas, gregos e romanos. Nos tempos da modernidade contemporânea do século XX, o Egito foi dominado politicamente pela França e o Reino Unido, até ver sua independência ser proclamada em 1952, como país moderno com governo próprio.[5]

Sociedade egípcia

A antiga sociedade egípcia era dividida em alguns níveis, cada uma com suas atividades próprias. Nessa sociedade, a mulher era muito prestigiada e autoritária.[6]

O faraó representa a própria vida do Egito. Era rei e deus vivo. Adorado, reverenciado. Podia possuir várias esposas, a maioria sendo parentes, para garantir o sangue real em família. Porém, só uma usava o título de rainha e dela nascia o herdeiro.

No lugar mais alto da pirâmide está o faraó, cujos poderes eram ilimitados, livres. Isso por ser considerado um indivíduo de caráter sagrado e divino, e admitido como descendente de deus (sociedades secretas como a Maçonaria e a Ordem Rosacruz se referem ao criador espiritual como Grande Arquiteto do Universo) ou como o próprio deus. Esse tipo de governo denomina-se governo teocrático, ou seja, governo com regência de deus.[6]

  • Os sacerdotes eram grandemente prestigiados e poderosos, tanto espiritualmente como materialmente, pois dirigiam as riquezas e os bens dos valiosos templos de dimensões avantajadas. Eram também homens intelectualmente privilegiados (vulgo sábios) do Egito, guardiães dos segredos científicos e dos mistérios da religião que se relacionavam com seus numerosos deuses.[6]
  • A nobreza era constituída de familiares do faraó, funcionários de primeiro escalão e proprietários de terras com salários altamente faturados.[6]
  • Os artesãos prestavam serviços com exclusividade para os reis, para a nobreza e para os templos. Fabricavam excelentes peças de adorno, utensílios, estatuetas, máscaras funerárias. Progrediam muito bem com madeira, cobre, bronze, ferro, ouro e marfim. Já os comerciantes trabalhavam na atividade comercial em nome dos monarcas e membros da nobreza ou em seu verdadeiro nome como comerciantes propriamente ditos, efetuando a compra, a venda ou a troca de produtos com outras civilizações, tais como a de Creta, da Fenícia, populações somalis, sírias, núbias, entre outros. A atividade comercial obrigou a edificação de grandes barcos de carga.[7]
  • Os camponeses eram a força predominante da população. Os trabalhos dos campos recebiam a organização e o controle dos funcionários do faraó, porque todas as terras eram públicas. As enchentes do Nilo, os trabalhos de irrigação, semeadura, colheita, armazenamento dos grãos forçavam os camponeses a trabalhos árduos e de menor remuneração. O crédito de modo geral era feito com uma menor parte dos produtos colhidos e somente o essencial para garantir a sua sobrevivência. Moravam em modestas cabanas e a sua indumentária era bem simples, deteriorando-se com em pouco tempo. Os camponeses trabalhavam também nas terras da nobreza e nos templos. A agricultura era a atividade predominante da economia do Egito, pois não existia terra em grande quantidade e vegetação suficiente para suportar um grande número de gado. Ao sofrimento da baixa remuneração dos camponeses eram cultivados cevada, trigo, lentilhas, árvores frutíferas e videiras. Eram fabricantes de pão, cerveja e vinho. O Nilo oferecia peixes em quantidades cada vez maiores.[7]

A importância de alguns faraós

Numerosos faraós administravam o Egito na sua duradoura história. Poucos merecem algum destaque.[7]

  • Menés (ou Narmer), aproximadamente no ano 3000 a.C., juntou os reinos do Norte e do Sul em um único reino.[7]
  • Djoser (Zozer), reino no qual surgiu a mais antiga grande edificação com rochas no Egito, denominada de pirâmide de Djoser, em degraus.[7]
  • Amenófis IV, denominado "sacerdote do deus Sol", ficou famoso como o faraó que foi o responsável pela unificação da religião egípcia, obrigou a veneração a uma só divindade, o Sol, denominado Aton. Alterou seu nome de Amenófis (cujo significado é "Amon é satisfeito") para Aquenáton (cujo significado é "servidor de Aton"). Recebeu a antipatia dos sacerdotes e da população fanática e este, após o seu falecimento, retornou às antigas venerações.[8]
  • Tutancâmon, da família de Aquenáton, tomou posse do reino quando ainda em plena juventude infantil (cinco anos de idade). Seu reino durou pouco tempo, porque faleceu com a idade de dezoito anos. Sua notoriedade, porém, ganhou repercussão mundial no século XX, porque o arqueólogo inglês Howard Carter encontrou o seu sarcófago muito rico no Vale dos Reis no ano de 1924. O túmulo, permanecendo por muito tempo sem alguém ter posto o dedo, ainda não tinha sido aberto sem permissão por criminosos e guardava riquezas de grande valor, pois as matérias-primas desses objetos eram ouro, prata e pedras preciosas. Havia riqueza fora do comum nas máscaras funerárias, sarcófagos, estátuas, móveis, jóias, vasos, carro funerário, etc. Por essa descoberta da arqueologia podemos ter uma ideia de quanto era grandiosa, luxosa e rica a vida dos faraós, enquanto que a vida da maior parte do contingente populacional, constituída de camponeses, era muito dura e os camponeses comiam pouco.[8]

Religião e mitologia egípcias

Ver artigo principal: Mitologia egípcia

Os egípcios eram um povo profundamente religioso, portanto, acreditavam em vários deuses. Esta era a importância da formação civilizatória e organizacional da sociedade. O tipo de crença foi o politeísmo. A partir dos primeiros tempos da história da humanidade, os cidadãos do Antigo Egito prestavam culto a inúmeras e estranhas divindades. Os mais antigos foram indivíduos do reino Animal e cada ser humano tinha o seu animal-deus como protetor. Prestavam cultos a gatos, bois, serpentes, crocodilos, touros, chacais, gazelas, escaravelhos, entre outros.[8]

Entre os animais a que os egípcios prestavam culto, o de maior popularidade foi o boi Ápis que, quando perdia a vida, provocava tristeza em todo o Egito e os sacerdotes estiveram à procura nos campos de um substituto com semelhança física à esta divindade bovina. Rezava a crença popular de que era possível que uma divindade poderia ser a encarnação de animal vivo. O rio Nilo, com suas enchentes que ocorrem a cada dia que passa, e o vento dotado de calor do deserto, destruidor das lavouras, eram venerados como forças naturais.[8]

A crença dos egípcios era a vida depois da morte (ressureição), por isso adoravam aos mortos (cerimônias fúnebres). Cada aglomerado urbano tinha suas próprias divindades, com diferença de aspectos, sendo que alguns são metade ser humano e metade indivíduo do reino Animal (de modo geral corpo humano e cabeça de indivíduo não-humano — antropozoomorfismo).[8]

Deuses do Egipto
Rá, o deus Sol.

Segue abaixo a descrição de cada deus egípcio e suas prerrogativas atribuitivas:[9]

: o deus Sol, que na união com o deus Amon (Amon-Rá) é o mais importante deus egípcio.
Nut: é o firmamento, cuja representação é um individuo do sexo feminino como os membros inferiores no Hemisfério Oriental e as mãos no Hemisfério Ocidental. Os corpos celestes realizam a viagem ao longo do seu corpo. Mãe de Rá (o Sol), ela o engole durante o período noturno e o faz renascer a cada período diurno.
Babuíno divino: aquele que prova que a viagem da barca solar é verdadeira.
Barca solar de Rá, que numa viagem permanente, diariamente o traz à Terra e no período noturno o leva novamente à vida eterna.
Ísis: esposa de Osíris, mãe de Hórus e divindade feminina protetora da vegetação, das águas (das enchentes do Nilo) e das sementes. As precipitações pluviométricas seriam os fluídos lacrimais de Ísis à procura de seu marido. Osíris, que também é uma personificação do rio Nilo.
Néftis: irmã de Osíris e esposa de Set.
Maat: divindade da justiça, da verdade, e do equilíbrio universal. Era uma das suas penas longas que tinha peso no Julgamento de Osíris.
Hórus: a divindade falconídea, era descendente de Osíris e de Ísis, também era prestado culto em sua homenagem como o Sol nascente.
Osíris: no seu hábito semelhante, é a divindade dos que perderam a vida, da vida vegetal, da fecundidade. Também prestado culto em sua homenagem como Sol poente. Era ele que vinha à procura das almas que perdiam a vida para passarem por julgamento no seu tribunal (Tribunal de Osíris).
Sekhemkhet: divindade com corpo feminino e cabeça leonina. Divindade protetora dos conflitos militares que, com sua força, foi encarregada de ser a destruidora dos inimigos de Rá.
Ptá: divindade de Mênfis, considerado o grande arquiteto do universo, conforme teriam dito os membros da maçonaria, e protetor dos que trabalham com artesanato.
Knum: deus pastor, divindade das nascentes e das enchentes do Nilo.
Anúbis: deus chacal, protetor dos túmulos, deus da vida após a morte, mediador entre o firmamento e o nosso planeta, ajudou Ísis quando esta resolveu fazer a união os bocados do corpo de Osíris e deu-lhe ressurreição.
Toth: divindade do conhecimento, dos poderes mágicos, foi o criador da escrita. É motivo de consideração como o escriba divino e protetor das escribas.
Hator: divindade feminina que é apresentada com duas formas: como uma fêmea do boi tendo o Sol no meio dos chifres e como uma mulher com chifres e o Sol entre eles. Considerada a divindade feminina dos vaidosos, dos músicos, da felicidade, dos prazeres e da paixão.
Set: grande inimigo de Osíris (o Nilo) e considerado como o vento dotado de calor que veio do deserto. Encarnação egípcia do diabo cristão, provocador de raios e trovôes seguidos de chuva e protetor das armas de fogo.
Amon (de Tebas): divindade das divindades da mitologia egípcia, depois prestado culto em sua homenagem junto de Rá, sendo denominado de Amon-Rá.
Bes: espírito (ou demônio) dotado de monstruosidade e malefício, habitante do inferno.
Tueris: uma divindade feminina com o formato de um hipopótamo, é a protetora das mães com o bebê no útero.
Bastet: divindade feminina que se parece com uma gata, transmissora das boas influências da divindade solar para as pessoas.
Templos egípcios
Templo de Luxor.

Os templos do Antigo Egito não eram semelhantes às igrejas modernas. Possuíam grandiosidade, dimensões avantajadas, com um portão majestoso e amplos pátios com abertura própria. As colunas gigantescas eram a base de sustentação os templos. No fundo era o lugar da escultura da divindade local e nos lados uma quantidade menor número de outras divindades. Nas partes frontais, esculturas de dimensões extraordinárias dos faraós que tinham cada projeto arquitetônico em mãos que era destinado à construção dos templos. Dentro dos templos viviam inúmeros sacerdotes, que raspavam a cabeça e cuja indumentária era uma túnica. Do antigo Egito pouca coisa restou da grandiosidade de ambos os templos, os de Lúxor e Karnak.[10]

Cerimônias fúnebres
Múmia dentro do sarcófago.

Os egípicios aceitavam a crença de que o ser humano era constituído de (o corpo) e de (a alma). Para eles, quando morria, a alma (Rá) desligava-se do corpo (Ká), mas havia a possibilidade de que a alma podia continuar a vida no reino de Osíris ou de Amon-Rá. Isso seria uma possibilidade apenas se houvesse a conservação do corpo que devia efetuar a sustentação. Daí vinha a importância do embalsamamento ou da mumificação do corpo para impedir que o mesmo entrasse em processo de decomposição. Para assegurar que a alma sobrevivesse, caso houvesse a destruição da múmia, eram colocados na sepultura estatuetas da pessoa que morreu.[10]

O processo de mumificação ocorria da seguinte forma: o sacerdote fazia a dissecação do corpo da pessoa morta ao meio fazendo a retirada de seus órgãos moles (os órgãos que sofrem putrefação rápida). Depois era cortado o nariz de forma que fosse possível retirar o cérebro de dentro da cabeça com um gancho especializado. O sacerdote fazia a colocação de remédios no interior do corpo da pessoa que morreu. Depois de todo o ritual, o sacerdote fazia a amarração de uma espécie de tecido que servia como ajuda na conservação do corpo.[10]

No interior das pirâmides era o lugar onde eram guardados os bens da pessoa morta. Os egípcios faziam a colocação nas pirâmides tudo o que eles consideravam que poderiam ser reutilizáveis na outra emcarnação (mobiliário, joias, entre outros). O túmulo era a habitação de um morto assim como a casa é a habitação de um vivo, com mobiliários e provisões de alimentos. As pinturas que aparecem nas paredes do túmulo são imagens representativas das cenas da vida de um morto à mesma, na perseguição aos animais e na atividade pesqueira. Eles tinham a crença nos poderes mágicos dessas pinturas, pois consideravam que a alma do morto tinha sentimento de felicidade e serenidade ao contemplá-las. A alma da pessoa que morreu era apresentado ao Tribunal de Osíris, onde era feito o julgamento por suas virtudes e pecados, para ver se era convenientemente possível sua admissão definitiva no reino de Osíris.[10]

Os antigos egípcios também aceitavam como crença de que os túmulos eram moradias de vida eterna. Para melhor proteção dos corpos, era feita a colocação das múmias em sarcófagos hermeticamente fechados. Os faraós, os membros da nobreza, os financeiramente privilegiados e certos sacerdotes utilizavam materiais de construção para edificar grandes túmulos de pedras para garantir que os corpos fossem protegidos contra a intromissão de ladrões e profanadores. Eram feitos para a garantia de que esperasse por longo tempo até o retorno da alma para a vida.[10]

Assim era realizada a construção de mastabas, pirâmides e hipogeus ricos em adornos.[11]

Cultura egípcia

Durante a antigüidade, a cultura egípcia era o conjunto de manifestações culturais desenvolvidas no Antigo Egito. Sem falar nas pirâmides, mastabas, hipogeus e nos grandes templos, a arte do Antigo Egito também era visto como uma manifestação artística nos palácios, na grandiosidade das colunas e obeliscos, nas esfinges, na estatuária e na arte decorativa em baixo-relevo. Listados abaixo:[11]

  • Mastabas: As mastabas eram túmulos cujas lajes de pedra ou de tijolo especial a revestiam. Possuíam uma capela, a câmara mortuária e demais compartimentos.
  • Hipogeus: Túmulos com escavação já feita nas rochas, nas imediações do talvegue do Nilo. O hipogeu de fama maior foi de Tutancâmon, que fica no Vale dos Reis.
  • Esfinge: As esfinges protegiam, ou seja, conservavam os templos e as pirâmides. A esfinge em frente à pirâmide de Quéfren tem cabeça humana e corpo leonino. Sua frase célebre é "Decifra-me ou te devoro".
  • Obelisco: Monumento cuja matéria-prima trata-se de uma única pedra no formato de agulha para fazer a marcação de algum fato ou realização. É também o monumento representativo de um raio da divindade solar.
Pirâmides
Nas pirâmides reais, havia corredores secretos, galerias, câmaras, portas e passagens falsas para enganar ladrões, cripta, corredores de ventilação e a câmara do rei.

No antigo Egito foram realizadas as construções de centenas de pirâmides. As três grandes incluem-se entre as Sete Maravilhas do Mundo antigo. Até hoje as pirâmides têm oferecido certos mistérios para a mente humana. Assim a moderna engenharia não teve a capacidade de conseguir ainda a explicação de como os escravos, naquele momento, tiveram a capacidade de transporte de blocos rochosos de 2 a 10 ou mais toneladas que vieram de longe até o deserto onde são encontradas as pirâmides. A maior dificuldade ainda é a explicação de como houve a facilidade de carregamento de pedras sobre pedras até uma altura de 146 metros (a altura da grande pirâmide de Quéops). Outro segredo é a explicação do motivo de que as pirâmides tiveram sua construção com seus lados voltados com rigor para os quatro pontos cardeais. Hoje em dia, uma quantidade astronômica de pessoas no mundo inteiro aceitam como crença que existe um misterioso poder de concentração enérgica e conservativa no interior das pirâmides. Assim, não haveria o estrago de determinadas coisas perecíveis que fossem colocadas dentro, na posição que a câmara do rei ocupa.[12]

Para isso, ajudando com uma bússola, é preciso fazer a orientação das bases piramidais posicionando nos quatro pontos cardeais. Também há uma crença de que o resultado de curar ou melhorar a saúde é influenciado pelo uso de uma pirâmide de cobre em situações condicionais para o abrigo de um ser humano dentro de uma pirâmide propriamente dita.[12]

As ciências egípcias

Não é à toa que as sete maravilhas do mundo antigo estão no Egito, que legou à humanidade grandes conhecimentos. Os egípcios se distinguiram pelo desenvolvimento da arquitetura, por conhecimentos matemáticos, de astronomia, medicina e engenharia. O ano dividido em 365 dias, 12 meses com 30 dias são herança egípcia. Eles desenvolveram os relógios solares, estelares e à base de água para medir o tempo.[12]

Utilizaram-se da geometria para solucionar problemas de medidas relacionadas com as terras rurais e erguer grandes construções.[12] Ousaram na medicina, realizando cirurgias, inclusive utilizando-se de anestésicos, e trataram de muitas doenças.[13] Mas, acabaram misturando, na medicina, a ciência com a magia, pois a sua religiosidade, com crença em vários deuses, ela era muito saliente.[14]

Se muitos faraós foram conservados por séculos para se mostrarem quase intactos na Idade Contemporânea, isso foi obra de apuradas técnicas de mumificação. De acordo com Heródoto, um historiador um grego muito famoso, o processo de mumificação era feito da seguinte forma:[14]

[14]

Língua e literaturas egípcias
Hieróglifos em uma estela funerária.

Os egípcios foram uma das primeiras civilizações do mundo a fazer a utilização da escrita. Foram desenvolvidos por eles três diversidades alfabéticas:[14]

O alfabeto hieróglifo era uma escrita consideradamente religiosa;
O alfabeto hierático era de grande simplicidade. Era uma escrita utilizada pelos nobres e pelos membros do sacerdócio;
O alfabeto demótico era um tipo de escrita utilizada pela maioria da população. Era utilizada pelas classes economicamente menos privilegiadas da sociedade egípcia.

Na época da campanha de Napoleão no Egito, o francês especialista em arqueologia Jean François Champollion levou para França, no ano de 1799, um documento rochoso do aglomerado urbano de Roseta. Nesta rocha estão escritos três tipos de alfabeto. São eles: hieróglifo, grego e demótico. Em 1822, Champollion fazia comparação do texto em língua grega clássica com o tema exatamente igual em hieróglifos. Conseguiu fazer a decifração do alfabeto egípcio. Isso foi uma contribuição dada por Champollion para os trabalhos intelectuais sobre a civilização egípcia.

Os egípcios praticavam a escrita de modo principal numa planta que recebeu o nome de papiro. Esta planta era facilmente encontrada em grande quantidade às margens do rio Nilo. Do miolo do papiro era feito o corte. Suas partes se ligavam umas com as outras e depois era feita a prensagem. Formava assim rolos que inclusive eram produtos de exportação para as civilizações vizinhas. Os egípcios deram contribuição de vários livros escritos. A maioria dessas publicações trata de temas relacionados à religião. Um famoso exemplo é o Livro dos mortos.[15]

Música egípcia

Pelo encontro dos documentos pelos arqueólogos, comi músicas e instrumentos, a arte musical se iniciaria na mesopotâmia e no Egito antigo. De fato, em 1950 foram encontrados pelos arqueólogos uma canção de origem assíria datando de 4000 a.C., cuja gravação era feita numa tabuleta de argila.[15]

Era muito utilizado pelos egípcios a música em todas as ocasiões religiosas ou da sociedade, como casamentos, festas, canções de guerra, de vitória, ou para a expressão de sentimentos de melancolia e de luto. Eram tocados lira, cítara, oboé, címbalo, harpa e instrumentos que possuíam caixa de ressonância. Era de praxe o dom musical das mulheres ricas. Juntamente com a música, foi desenvolvido a dança e a coreografia, Já foram conseguidos pelos mesopotâmios e os egípcios a escrita da música de sinais próprios para a sua execução pública.[15]

Influência da civilização egípcia sobre outras civilizações

Eram influenciados pelos egípcios os diversos povos limítrofes ou longínquos a serem desenvolvidos. Eram buscados pela maioria dos eruditos dos demais outros povos da antiguidade os seus conhecimentos no Egipto, onde trabalhavam como estagiários. Foram inventadas várias ciências tais como a geometria, que depois os gregos passaram a seguir, assim como outros povos e países.[15]

A medicina foi influenciada quase totalmente pelos egípcios. De fato, foram ultrapassados pelos egípcios todos os conhecimentos médicos dos povos antigos, como tentativa de cura para todas as doenças que existiam na antiguidade oriental.[15]

No que diz respeito à religião, chegou o espalhamento de seus deuses e suas crenças por toda a parte. O mundo foi impressionado pelas pirâmides, e os egípcios consideravam a alma imortal como um avanço na espiritualidade.[15]

No que tange à escrita, a arte de escrever era um pioneirismo, os sinais e marcas eram recebidos pela Fenícia, onde era feita a sua simplificação, fato que deu origem ao atual alfabeto latino, utilizado na maioria das línguas europeias, como o português. Outra coisa que os egípcios contribuíram às civilizações foi o papiro fornecido pelo Egito forneceu a todo o mundo antigo para a escrita de seus livros, a construção do conteúdo de suas bibliotecas e o fornecimento de material para os seus sábios estudarem.[15]

Civilização Mesopotâmica

Ver artigo principal: Mesopotâmia
Mapa geral da Mesopotâmia.

A Mesopotâmia era a região onde começou a História, por volta de 4000 a.C., quando foi inventada a escrita cuneiforme. A Mesopotâmia era um território regional de grande riqueza na Ásia Menor. Fica na fertilidade das planícies que pertencem à bacia hidrográfica dos rios Tigre e Eufrates. São lançados por ambos os rios suas águas no golfo Pérsico. A antiga Mesopotâmia corresponde em sua maioria ao atual território da República do Iraque.[16]

A palavra Mesopotâmia tem origem na língua grega clássica e pode ter o significado de "terra entre rios", ou seja, nesse caso, era uma região onde fica a localização geográfica dos rios Tigre e Eufrates. Mas, como visto nos mapas históricos, a extensão da Mesopotâmia correspondia à bacia hidrográfica desses dois rios.[16]

Era uma diversidade dos povos que lutavam para garantir a posse dessa fertilidade regional do Oriente Médio (Ásia Menor). Por exemplo, habitam diversas civilizações, tais como os sumérios, os elamitas, os acádios, os amoritas, os cassitas, os assírios, os babilônios, caldeus, etc. Os povos de maior importância da Mesopotâmia foram os sumérios e babilônios.[16]

Venerador mesopotâmico de 2750-2600 a.C.

Existe uma grande falta de conhecimento sobre a origem dos sumérios, porém há notícia que, por volta de 3000 a.C., ocorreu o seu estabelecimento na parte meridional da Mesopotâmia, próximo ao golfo Pérsico.[17]

Cidades e organização administrativa

No começo de sua história, foram fundadas pelos sumérios várias comunidades que, ao longo dos tempos, se transformaram em cidades-estados. Assim, houve o surgimento das cidades de Ur, Uruk, Lagash, Nippur. A de maior importância foi Ur.[17]

Os sumérios disputavam uma região disputada cujo poder não era centralizado, portanto, não era uma unidade administrativa. Cada cidade era como que um país, com governo próprio. Cada cidade-estado tinha um governo dirigido por um civil (patesi) e por um sacerdote. Essas cidades lutavam muito e foi conseguido pelo rei Sargão I a concessão da unidade ao povo sumério, fundando o reino da Suméria. A extensão do reino da Suméria ia desde a Mesopotâmia até o mar Mediterrâneo. Depois que morreu Sargão I, o reino decaiu e caiu foi invadido por outros povos.[17]

Babilônios

Uma inscrição do Código de Hamurabi.

Chefiados por Hamurabi, tomaram conta da Suméria e fundaram o grande Império Babilônico, por volta de 1700 a.C. Foi Hamurabi quem elaborou o mais antigo código de leis de que se tem conhecimento na história. As leis contidas nesses código determinavam direitos e deveres do povo e das autoridades. Mas, dependendo da classe social, as pessoas não eram iguais perante a lei no Império Babilônico. Os escravos, por exemplo, não eram considerados como gente, mas sim, como objeto de compra e venda, uma simples propriedade qualquer. Aliás, as civilizações antigas autorizavam a escravatura aos prisioneiros de guerra, ao invés de serem mortos, eram aproveitados como escravos para trabalhos forçados. Vem de Hamurabi a lei do talião: "Olho por olho, dente por dente". Outra lei estabelecia que, se um homem entrasse num pomar e fosse pego roubando, era obrigado a pagar ao dono do pomar uma certa quantia em prata. Esse código teve grande importância nas leis de outros povos.[17]

O Império Babilônico entrou em decadência e foi conquistado pelos assírios, povo guerreiro de grande organização militar e o primeiro a usar os carros de guerra puxados por cavalos. Eram cruéis, violentos, conquistaram vários povos e dominaram a região por 500 anos.[18]

Mais tarde, por volta de 612 a.C., o Império Babilônico se reorganizou (Segundo Império Babilônico) e chegou com Nabucodonosor, que embelezou a cidade, construiu os famosos Jardins Supensos da Babilônia, que eram uma das sete maravilhas do mundo antigo, e mandou construir um grande zigurate. No ano de 1899, durante escavações, foi descoberto um gigante zigurate que se pensou ser a Torre de Babel. A Bíblia, de acordo com a cronologia do Gênesis, data a construção da Torre de Babel como sendo por volta de 2269 a 2030 a.C., na época do nascimento de Pelegue (nome significando divisão). O zigurate construído por Nabucodonosor, que viveu bem mais tarde, tinha 90 metros de base e outro tanto de altura, com o topo recoberto de ouro e azulejos esmaltados de azul.[18]

Escrita cuneiforme

Escrita cuneiforme gravada numa escultura do século XXII a.C. (Museu do Louvre, Paris). A linguagem escrita é resultado da necessidade humana de garantir a comunicação e o desenvolvimento da técnica.

Os sumérios e babilônios escreviam em tabletes de barro. Inventaram um tipo de escrita em forma de cunha; daí o nome escrita cuneiforme. Esses tabletes de barro eram pesados e difíceis de lidar com as mãos, mas tinham a vantagem de durar séculos ou milênios como escrita legível. Estudiosos de nossos tempos encontravam grande quantidade deles e assim puderam descobrir muitas coisas da mais antiga civilização do mundo. Na cidade de Nínive, o rei Assurbanipal criou uma biblioteca com 22 000 000 tabletes de argila (barro) com escritos em vários assuntos. Entre outros assuntos, os tabletes nos mostram como eram os negócios e o comércio daquela época. Um médico, por exemplo, faz uma relação de remédios que ele receitava a seus clientes. Um dos mais interessantes tabletes relata deveres de um menino, na escola, há 3000 anos atrás: o menino devia se apressar para não chegar atrasado na escola, senão o professor bateria nele com uma vara. O professor usava, também, a vara para punir alunos que conversassem, que saíssem da escola sem permissão ou que fizessem a lição sem o devido capricho. E como surgiu a economia nessa época, predominavam essas e muitas outras características importantes.[18]

Religião mesopotâmica

Tanto os sumérios como os babilônios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Cada cidade possuía o seu deus protetor. A Babilônia, por exemplo, estava sob a proteção de Marduk. Acreditavam também nas forças dos astros e da natureza e adoravam o céu (Anu), a Terra (Enlil), a Lua (Sin), o rato e a tempestade (Hadad), o fogo (Gibil), etc.[19]

A religião era situada nos templos, chamados zigurates, que eram construções em degraus em forma de pirâmide. Os mesopotâmios acreditavam na influência dos astros na vida humana, dando assim origem à astrologia. Os sacerdotes e adivinhos que se dedicavam ao estudo dos astros gozavam de grande prestígio. Os povos da Mesopotâmia deram uma grande contribuição ao conhecimento dos astros, e por meio desse conhecimento os sacerdotes conseguiam mesmo prever as cheias dos rios Tigre e Eufrates.[19]

Contribuições dos sumérios e babilônios

Foi de grande importância a herança que os sumérios e os babilônios deixaram aos povos futuros. Entre outras contribuições, podemos apontar:[19]

  • A organização social e política das cidades-estados.
  • Criação de um código de direitos e deveres.
  • Produção organizada de alimentos: já naquela época, empregavam o arado e máquinas de irrigação, por exemplo.
  • Construção de belos templos e imponentes palácios.
  • Os sumérios inventaram a escrita, que permitiu fixar o saber da época.
  • Invenção da roda e dos carros puxados por cavalos.
  • Criação da astronomia (estudos dos astros).
  • Astrologia, ou seja, o estudo dos astros e suas influências sobre a vida das pessoas.

Os povos antigos da Mesopotâmia não acreditavam na imortalidade da alma, tinham uma religião pessimista e levavam a vida sem se preocupar com a morte ou com a vida além-túmulo. Procuravam se proteger contra as forças do mal usando amuletos e fazendo toda sorte de magia.[19]

Uma das divindades mais cultuadas era deusa Ishtar, que é a personificação representativa do planeta Vênus, o mais próximo da Terra em relação à Marte. Era a deusa do amor e da guerra.[19]

Civilização Hebraica

Abraão e os três Anjos as portas do purgatório segundo descrição de Dante Alighieri em 1250. Gravura de Gustave Doré (1832-1883).

As origens mais remotas do povo hebreu (israelita) ainda são desconhecidas. A Bíblia continua sendo a principal fonte para os estudos desse povo. As origens começaram com Abraão, chefe de uma tribo de pastores seminômades que, aconselhado por Deus, deixou a cidade de Ur na Mesopotâmia, próxima às margens do rio Eufrates, dirigiu-se para Haran e depois foi se estabelecer na terra de Canaã, na costa oriental do Mediterrâneo (atual Israel). Essa migração teve um caráter religioso e durou muito tempo até chegarem à terra prometida por Deus.[20]

Abraão, ao contrário dos outros homens da época, acreditava num único Deus, Jeová, criador do mundo, invisível e que lhe tinha ordenado partir para Canaã. Como prêmio por essa obediência e por sua fé, ele recebeu de Deus a promessa de que sua família seria a origem de um povo destinado a possuir a terra de Canaã, onde segundo a Bíblia, manava leite e mel. Essa promessa foi renovada a seu filho Isaac e posteriormente a Jacó (neto de Abraão), que recebeu de um anjo o nome de Israel, que significa "o forte de Deus". Mas a conquista definitiva de Canaã só vai se tornar realidade mais tarde, no século XIII a.C., quando Moisés sai do Egito e conduz todo o povo hebreu para a Terra Prometida, em 1250 a.C.[20]

Patriarcas

Chamam-se patriarcas os três primeiros chefes do povo israelita: Abraão, Isaac e Jacó. O primeiro vivia em Ur, na Mesopotâmia. Deus lhe ordena partir para Canaã e lhe promete que sua descendência terá um destino extraordinário.[21] Abraão parte e se estabelece na terra Canaã com sua família. Depois que Abraão morreu, sucede-lhe o filho Isaac e em seguida vem Jacó, filho de Isaac.[22]

Jacó tem doze filhos, que vão dar origem às doze tribos de Israel, José, o mais novo deles, é o protegido dos pais. Os irmãos o invejam a tal ponto que o vendem como escravo para mercadores do Egito. No Egito, José foi trabalhar na corte do faraó. Depois de interpretar de muitas aventuras ele se torna o primeiro-ministro. Nesse tempo, sobrevém uma grande fome em Israel e José consegue que sua família se estabeleça no Egito.[22]

Moisés

Moisés com as Tábuas da Lei, por Rembrandt.

Os hebreus viveram pacificamente no Egito por gerações. Mas um faraó se inquietou devido ao aumento populacional e poder: decide torná-los escravos e manda matar todos os meninos recém-nascidos. Ora, nessa época nasce, numa família israelita, o pequeno Moisés. Para salvá-lo sua mãe o acomodou numa pequena cesta de papiro e o escondeu entre os caniços do rio Nilo. O bebê foi recolhido pela filha do faraó Ptira e educado na corte. Ao se tornar adulto, Moisés fica revoltado com a miséria do seu povo, e para salvar seu irmão Aarão, mata um egípcio e por causa disso foge para Midiã. Lá conhece Zípora a filha do sacerdote Jetro de Midiã e casa-se com ela e passa a ser pastor no deserto do Sinai. Ali, Deus se revela a ele e lhe faz uma dupla promessa: libertará os israelitas da escravidão e lhe dará o país de Canaã. Moisés tem, a partir de então, uma missão grandiosa: guiará o povo de Israel até a Terra Prometida e transmitirá aos homens as mensagens de Deus nos dez mandamentos.[22]

Moisés voltou, então, ao Egito, para junto dos seus, os hebreus, e ordenou ao faraó, que deixasse os escravos israelitas partirem para sua terra, porque era ordem de Deus. Diante da recusa do faraó, Deus castiga o Egito com dez terríveis pragas, narradas na Bíblia. Finalmente o faraó cede e o povo de Israel parte livre: é o Êxodo, isto é, a saída do Egito.[22]

Moisés conduziu os hebreus através do deserto do Sinai. Pela segunda vez, Deus se revela a ele, lhe dará as Tábuas da Lei, com dez mandamentos, e faz com os israelitas uma aliança, um pacto. Ele os protegerá até a entrada na terra de Canaã, mas em troca exigirá do seu povo obediência absoluta a suas leis. Deus, com efeito, dita a Moisés as leis que regerão a vida dos israelitas. As 10 primeiras são particularmente importantes: são os Dez Mandamentos da Lei de Deus.[22]

Conquista de Canaã

Depois que saíram do Egito, os hebreus atravessaram o mar Vermelho e passaram quarenta anos errando pelo deserto da Líbia e pelo deserto da Arábia até que finalmente chegaram às fronteiras da Terra Prometida (atualmente Estado de Israel). Moisés morreu. Josué, seu sucessor, lança uma guerra contra os cananeus e venceu seus adversários próximos. O país dos cananeus torna-se então país de Israel. Deus teria cumprido sua promessa.[22]

Juízes

Uma vez estabelecidos na terra de Canaã, os hebreus precisavam de uma autoridade para liderá-los nas batalhas contra os filisteus e coordenar as atividades do povo. Foram os juízes, líderes político-militares que guiaram o povo sempre libertando-os de seus opressores, e entre eles se destacaram Josué, Sansão, Gideão e Samuel. Depois dos juízes, fundou-se o reino de Israel, que passou a ser comandando por um rei.[22]

Monarcas

David representado por Michelangelo.

Davi e Salomão foram os reis mais gloriosos da história de Israel. Davi concluiu a conquista da terra de Canaã e fundou o reino de Israel. Expulsou do país os temíveis filisteus e escolheu Jerusalém como capital. Foi um rei poeta e escreveu muitos salmos (hinos religiosos) que se encontram na Bíblia Sagrada.[23]

Durante o reinado de Salomão (filho de Davi), Israel progrediu muito. Salomão mandou construir palácios, fortificações e o Templo de Jerusalém. Dentro do templo ficava a Arca da Aliança, que continha as Tábuas da Lei, onde estavam gravados os Dez Mandamentos que Deus tinha ditado para Moisés no Monte Sinai, quando os hebreus vinham do Egito para Canaã.[23]

A maioria do material usado nas construções foi importado de Tiro, na Fenícia. As importações de madeira (principalmente o cedro-do-líbano), ouro prata e bronze foram tão exageradas que empobreceram o país. O dinheiro arrecadado com os impostos não era suficiente para pagar as dívidas. Para sustentar os gastos e os luxos da corte, Salomão aumentou os impostos e obrigou a população pobre a trabalhar em obras públicas. Além do mais, a cada três meses 30 000 hebreus se revezavam no trabalho das minas e das floresta da Fenícia na extração de madeira, como forma de pagamento da dívida externa de Israel com a Fenícia.[23]

A administração de Salomão descontentou o povo, mas ele passou à história como um grande construtor, e principalmente como um rei cheio de sabedoria.[23]

Invasões estrangeiras

Israel esteve sob o poder de outros povos por várias vezes. Depois que se dividiu em dois Estados adversários - Israel ao norte e Judá ao sul -, o povo caiu prisioneiro dos assírios e babilônios.[23] Em seguida, entre outras invasões, esteve sob o poder dos persas e romanos.[24] No ano 70 d.C., o imperador romano Tito destrói completamente a cidade de Jerusalém. O povo judeu, a partir de então, espalhou-se pelo mundo (foi a chamada Diáspora) e só conseguiu se reunir no território atual, em 1948, quando foi fundado o Estado de Israel.[25]

Religião judaica

Muito fracos do ponto de vista militar, os hebreus foram várias vezes conquistados por outros povos e até levados como escravos para a Babilônia (o cativeiro da Babilônia). Mas resistiram a inúmeras dificuldades ao longo dos séculos, e unidos em torno de seus preceitos religiosos, continuam ainda hoje como povo.[25]

Desempenharam um papel muito importante na parte da religião e da moral, deixando uma enorme influência em todo o mundo ocidental, desde a Europa até as Américas.[25]

Praticavam o monoteísmo, com a crença em Jeová (ou Javé), Deus criador de tudo, universal, invisível, espírito todo-poderoso, que não podia ser representado por meio de estátuas ou imagens. Deveria ser adorado "em espírito e verdade". Os sacerdotes eram também chamados de levitas, porque pertenciam à tribo de Levi, uma das doze tribos de Israel.[25]

Nos mil anos que antecederam o nascimento de Jesus Cristo, os hebreus fixaram por escrito sua história, suas leis e suas crenças. Todos esses dados se encontram na primeira parte da Bíblia, chamada de Antigo Testamento, que é a parte seguida pelos hebreus. A Bíblia é um livro sagrado não só para os israelitas como também para os cristãos.[25]

O monumental Templo de Jerusalém foi destruído pelos romanos, no ano 70. Atualmente resta apenas uma parte do muro que cercava o templo. Nesse muro, os hebreus ainda hoje vão lamentar a destruição do templo e a dispersão do seu povo pelo mundo. Esse muro é conhecido como o Muro das Lamentações.

[25]

No que diz respeito às festas e dias santificados, o sábado é consagrado à vida religiosa. Todo o trabalho é proibido. Esse dia é reservado para o encontro entre pessoas da família, para a oração e o estudo da Bíblia (Antigo Testamento).[25]

As festas israelitas comemoram, em geral, acontecimentos históricos, religiosos e agrícolas. A mais solene delas é o Yom Kippur (o Grande Perdão): a pessoa se arrepende de suas faltas e Deus a perdoa se o arrependimento for sincero.[25]

Antigamente, entre os judeus, honrava-se a Deus por meio de sacrifícios de animais (holocaustos) e por meio de ofertas. Atualmente, com a Diáspora (dispersão pelo mundo), os judeus se reúnem em lugares de culto chamados sinagogas. A oração e a leitura da Bíblia (Antigo Testamento) tornam-se atos essenciais na vida dos judeus.[26]

Em toda a história de Israel, alguns homens exerceram uma influência especial: são os profetas. Os profetas são pessoas inspiradas por Deus, são os porta-vozes dele. A partir do século VII a.C., eles já anunciam uma grande esperança: a vinda do Messias, um enviado de Deus, para transformar o mundo, fazer reinar a paz, a justiça e o amor e reunir novamente o povo de Israel para viver em paz em sua própria terra. O povo de Israel continua ainda hoje aguardando um messias salvador, que de acordo com a crença dos cristãos já veio na pessoa de Jesus Cristo. Vale ressaltar que, na oportunidade, Israel, alcança plena vida espiritual, com a Edificação do Templo em Jerusalém, onde poderão alcançar novamente vida espiritual ao ofertar sacrifício ao Senhor Deus de Israel.[26]

À espera do messias, o judeu deve tender à santidade, observando a lei e as regras de vida (a moral judaica). As leis estão contidas num livro chamado Torá. Elas se referem a todos os aspectos da vida: o culto, o trabalho, a vida familiar, a alimentação, as vestimentas, as punições das faltas, etc. As leis do Torá são explicadas por mestres chamados rabinos. Os comentários dos rabinos sobre as leis estão contidos num enorme livro: o Talmud.[26]

Civilização Fenícia

Ver artigo principal: Fenícia

Os fenícios, povo de origem fenícia semita, surgiram a partir do ano de 3000 a.C., numa faixa estreita de terra entre a costa oriental do mar Mediterrâneo e as montanhas da Armênia, na região ocupada atualmente pelo Líbano, pela Síria e pelo Estado do Israel.[27]

Comércio fenício.

Proprietários de poucas terras e de solos áridos, os fenícios não se dedicaram à agricultura. Rodeados de montanhas ao norte, ao sul e a leste, apenas o que restava para eles era aproveitar as águas do Mar Mediterrâneo. Vivendo em contato com o mar, descobriram, desde os primeiros tempos, a arte de construir navios e de navegar. Assim, suas cidades muito importantes, como Tiro, Sídon, Biblos e Ugarit, se tornaram portos de onde partiram os navios para o comércio de mercadorias próprias ou de outros países. Seus tripulantes se aventuravam pelos mares em viagens ousadas, conquistando mercados mais longínquos em outros países que já existiram.[27]

Foi assim que os fenícios, além de explorar o Mar Mediterrâneo, fazendo comércio com as ilhas de Chipre, Sicília, Córsega e Sardenha, atingiram o Oceano Atlântico, chegando ao Mar Báltico, no norte da Europa, e percorrendo a costa da África. Os fenícios foram os maiores navegadores e exploradores da Antiguidade. Chegaram mesmo a dar volta completa ao redor da África, e mais tarde 600 a.C., a pedido do faraó Necao, do Egito, numa viagem que, dois mil anos mais tarde, Vasco da Gama iria fazer em sentido contrário. Há quem afirme que os fenícios chegaram até o litoral do Brasil, mas esta hipótese é descartada por pesquisadores e historiadores.[28]

Produtos económicos fenícios

Os produtos comercializados pelos fenícios foram numerosos. Alguns deles eram comprados de outros países e revendidos noutros lugares. Mas a maioria eram produtos de fabricação própria, como tecidos, corantes para pintar tecidos (como a púrpura, por exemplo), vasos cerâmicos, armas, peças de metal, vidro transparente e colorido, jóias, perfumes, especiarias, entre outros. Seus artesãos eram hábeis imitadores e falsificadores de produtos de outras civilizações. Também os cedros das montanhas fenícias eram exportados. Os fenícios foram, também, os maiores mercadores de escravos da época. Fundaram várias feitorias (pontos de armazenamento de produtos) e muitas colónias noutras regiões, como as ilhas de Malta, Sardenha, Córsega e Sicília, e fundaram, ao norte da África, a célebre cidade de Cartago.[28]

Organização política fenícia

Os fenícios estavam organizados em cidades-estados, ou seja, cada cidade fenícia constituía um centro comercial independente, com administração pública própria. O governo dessas cidades era exercido por comerciantes influentes, chamados sufetas. Muitas vezes, essas cidades entravam em choque por causa da concorrência comercial. Algumas delas chegaram mesmo a pagar tributos a fim de terem a preferência e a proteção no comércio de seus produtos.[28]

Cultura fenícia

Evolução das letras que compõem o nome hebraico do rei Davi a partir do alfabeto fenício, passando pela escrita hebraica antiga pré-exílio chegando as letras hebraicas atuais (denominadas de "letras quadráticas" ou "escrita assíria").

No início, os fenícios utilizaram a escrita cuneiforme da Mesopotâmia. Depois, passaram a usar os hieróglifos dos egípcios. Porém, esses sistemas de escrita não estavam dando satisfação às suas necessidades comerciais. Dessa forma, nasceu a ideia de simplificar a escrita e inventar o alfabeto, que acabou sendo a maior contribuição que os fenícios deram para o mundo, no campo cultural.[28]

Essa importante descoberta nasceu da necessidade de facilitar a contabilidade e elaboração de contratos com outros povos. Assim, inventaram 22 caracteres representando as consoantes; mais tarde, os gregos aperfeiçoaram o alfabeto fenício, acrescentando as vogais, e outros povos começaram a adotá-lo.[28]

Na cidade de Ugarit foi encontrada uma biblioteca com inúmeros tabletes de argila com escritos sobre a administração, a religião e a mitologia da Fenícia.[28]

Religião fenícia

Os fenícios eram politeístas, ou seja, adoravam vários deuses, cujos nomes pelos quais são chamados abaixo: Astarte, deusa da fecundidade;[29] Baal, deus do trovão; Melkart, deus violento e guerreiro; Ishtar, deusa da Mesopotâmia, cultuada também na Fenícia, entre outras divindades.[29]

Fato curioso, na religião dos fenícios, é que eles, como navegadores, não tinham divindades marítimas e os sacerdotes, em cerimônias rituais, sacrificavam homens e crianças em homenagem aos deuses, principalmente Moloc.[29]

Desenvolvimento científico fenício

Os fenícios não foram nada originais no campo científico, copiando teorias, conceitos e ideias de outros povos tudo aquilo que poderia ser de extrema utilidade para eles. Extremamente ligados ao comércio, a atividade econômica que mais desenvolveram foi o da construção de navios e da navegação. Possuíam excelentes conhecimentos de matemática para a construção de navios e de astronomia, que os auxiliava durante a navegação pelos mares.[29]

Civilização Persa

Ver artigo principal: Império Persa e Persas
O Império de Alexandre, o Grande.

O Império Persa começou em 549 a.C., com as conquistas de Ciro, o Grande, e terminou em 330 a.C., quando Alexandre Magno, da Macedônia, derrotou Dario III. O Império Persa, portanto, durou cerca de dois séculos e compreendia propriamente dita a Ásia Menor por inteiro. Estava localizado na área ocupada hoje pelos seguintes países: Irã, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Egito, Turquia, Kuwait,Cazaquistão, Turcomenistão, Azerbaijão, Palestina, Georgia, Chipre, Afeganistão, parte do Paquistão, da Grécia e da Líbia. Foi o maior império conhecido até a época. Os persas, assim como os medos, eram dois povos de origem indo-europeia que se estabeleceram no planalto do Irã mais de um milênio antes de Cristo.[30]

Reis persas

Ciro II.

Os principais reis do Império Persa foram três: Ciro, o Grande, Cambises I e Dario I. Sob o comando habilidoso do general Ciro, o Grande, os dois povos, medos e persas uniram-se por volta do século VI a.C. e formavam um grande império: o Império Persa. Durante os 25 anos de seu governo, Ciro, o Grande conseguiu não apenas conquistar a Mesopotâmia como também conquistar a Ásia Menor por completo.[30]

Como era diferente de outros conquistadores, Ciro, o Grande tratava os povos dominados com respeito, possibilitando a eles uma vida bastante normal, com liberdade de ação, de emprego, de religião, etc. Mais por motivos políticos do que religiosos, Ciro, o Grande, em certo momento, chegou a entrar num templo da religião local a fim de prestar culto aos deuses. Permitiu liberdade de culto e proibiu aos seus soldados que roubassem com força as imagens sagradas veneradas nos templos babilônicos. Muito liberal e generoso, permitiu aos hebreus que viviam como escravos na Pérsia que retornassem ao seu país de origem, a Palestina.[30]

Mas sua administração, não concordava com as ideias dos outros, ou seja, era intransigente, em dois pontos: Os povos dominados eram obrigados a servir o exército e a pagar pesados tributos. Ciro, o Grande morreu em batalha no ano de 529 a.C.[31]

O primeiro sucessor de Ciro, o Grande foi seu filho Cambises, que era cruel e violento, mandando, inclusive assassinar seu próprio irmão. Em 525 a.C., Cambises conquistou o Egito, porém foi misteriosamente morto quando retornava ao seu país.[31]

Dário.

Dario I era um dos familiares de Cambises e assumiu o poder em 521 a.C. Ampliou ainda mais o grande Império Persa, conquistando o vale do rio Indo e o norte da Grécia, mas foi infeliz na Batalha de Maratona, ao ser derrotado pelos atenienses. A maior contribuição que Dario I deixou para a história, foi, sem dúvida, uma rígida organização político-administrativa que impôs ao imenso Império Persa.[31]

Política persa

Apoiado por um poderoso exército, Dario I governou o Império Persa com firmeza mas ao mesmo tempo com benevolência, ou seja, bondade. Para facilitar a administração pública, dividiu o império em vinte províncias denominadas satrapias. Cada satrapia era governada por sátrapa. Cada sátrapa era nomeado pelo rei, o chefe de Estado do Império Persa, e tinham como principais atribuições:[31]

  • Fazer justiça;
  • Cobrar impostos;
  • Administrar as obras públicas;
  • Manter a ordem.

Para evitar que os sátrapas abusassem do poder, o rei nomeava para cada província um secretário e um general que o mantinham informado do que acontecia em cada satrapia. Sátrapas, generais e secretários eram, por sua vez, fiscalizados por enviados do rei, os inspetores, que visitavam periodicamente as províncias. Esses inspetores foram apelidados de "os olhos e os ouvidos do rei". Para facilitar as transações comerciais, Dario criou uma moeda (em ouro ou prata) para todo o império: o dárico. Somente o rei era autorizado para mandar cunhar moedas.[31]

Transportes e comunicações persas

Os persas construíam importantes vias de transporte entre as cidades mais populosas do Império. Aproximadamente, a cada 20 quilômetros havia estações de descanso com hospedaria e cocheira. Os mensageiros do rei trocavam de cavalo a cada estação, de maneira que podiam cobrir longas distâncias rapidamente. Eles conseguiam levar uma mensagem da cidade de Susa a Sardes em menos de duas semanas, perfazendo uma distância de 2 400 quilômetros.[32]

Economia persa

A base da economia do Império Persa foi a agricultura e o comércio. O povo, embora seja responsável pela riqueza agrícola do país, vivia na mais completa miséria, sendo obrigado a entregar aos proprietários de terras a maioria do que produzia. Além do mais, era obrigado a trabalhar, de graça, em obras públicas, como na construção de palácios, estradas e canais de irrigação, atividades agrícolas muito valorizadas pela religião.[32]

O governo explorava a sociedade toda com pesados impostos, a fim de manter o exército e o luxo. O Império Persa manteve relações comerciais com o Egito, a Fenícia e a Índia.[32]

Religião persa

Faravahar (ou Ferohar), representação da alma humana antes do nascimento e depois da morte, é um dos símbolos do zoroastrismo.

Os persas seguiam a religião pregada por Zoroastro (ou Zaratustra), nascido na Ásia Central, em data desconhecida entre 1700 e 1000 a.C.. A doutrina por si pregada foi mais tarde alterada pelos sacerdotes Magi que acentuaram um dualismo, apresentando o mundo como uma constante luta entre o deus do bem (Mazda) e o deus do mal (Arimã). Adoravam também o Sol (Mitra), a Lua (Mah) e a Terra (Zan).[32]

Acreditavam num deus criador do céu, da terra e do homem e numa vida após a morte. Os corpos dos mortos considerados impuros não eram enterrados para não manchar a mãe-terra sagrada. Eram colocados para os abutres, em altas torres, ou totalmente protegidos com cera antes de serem enterrados. Não tinham templos nem estátuas, mas mantinham aceso o fogo sagrado que simbolizava o deus do bem e a pureza. Além do mais, o zoroastrismo (religião persa também chamada de mazdeísmo) pregava a bondade, a justiça e a retidão. Essa dualidade rígida entre o bem e o mal influenciou grandemente o cristianismo, o judaísmo e futuramente, o islamismo de Maomé.[32]

Cultura persa

Os persas se distinguiram principalmente na arquitetura, construindo lindos palácios, como os de Persépolis e Susa. Foram notáveis nos trabalhos de tijolos esmaltados em cores vivas. Na escultura, usaram os baixos relevos. Imitaram, na arte, os egípcios e os assírios. A escrita era a cuneiforme, a da Mespotâmia.[33]

Civilização Chinesa

Mapa histórico da China durante a dinastia Han.

A China é um imenso país, do ponto do vista geográfico, localizada na extremidade oriental do mundo. Este isolamento geográfico explica o fato de muitas descobertas e invenções feitas pelos chineses no Oriente, como a pólvora, a bússola e o papel, custarem a chegar no Ocidente, devido à enorme distância e às dificuldades. A China, assim como a Índia, era procurada por mercadores de especiarias.[34]

Na região norte, próximo do rio Amarelo (Huang-Ho), as chuvas provocaram frequentes inudações e catástrofes. Em consequência, a agricultura e alguns produtos, como a soja, devia ser tratada com bastante cuidado, e longe das áreas inundáveis, obrigando, assim, ao uso de irrigação artificial com um paciente trabalho de tratamento do solo.[34]

Nas montanhosas regiões do centro meridional, dominado pelo rio Azul (Yang Tsé Kiang), ao contrário, o clima era quente e úmido e favorecia o cultivo do arroz. A região era, igualmente, bem servida com uma rede de canais artificiais.[34]

Sociedade chinesa

A gigantesca muralha da China foi construída no século III a.C., na dinastia Tsing, para defender o império chinês das invasões dos hunos. Ela mede aproximadamente 2 400 km de comprimento e atualmente se tornou uma grande atração turística.

A civilização chinesa é antiquíssima. Ela se desenvolveu no Período Paleolítico nas planícies do rio Amarelo. É possível reconstruir a história da antiga sociedade chinesa mediante a quantidade de material arqueológico que foi encontrado. Com a civilização dos babilônios e dos faraós, foi voltada para a agricultura, que era considerada a primeira das artes. Para dar o exemplo ao povo, o próprio imperador (o "o filho do céu") pegava no arado e lavrava a terra uma vez por ano.[35]

Próximo aos 1500 a.C., a China estava bem organizada em um reino, sob o domínio da dinastia Shang, que reinou do século XII ao século III a.C. Várias dinastias se sucederam, com divisões de classes.[35]

O período da dinastia Shu (século III a.C.) foi de intensa atividade cultural. Surgiram várias correntes de pensamentos, que vieram a se chamar Centros Escolares, destinados a exercitar o pensamento e estudar a milenar história da China. Destas escolas surgiram grandes pensadores como Confúcio e Lao-Tsé.[35]

Filosofia chinesa

A filosofia chinesa destacava-se através da obra dos seguintes pensadores:

  • Confúcio (Kung Fu-Tsé = o mestre; 551 a.C. - 497 a.C.). Foi um grande o filósofo chinês; viveu e viajou pelas cortes dos reis, oferecendo seus serviços e sua sabedoria aos soberanos e príncipes. Passou boa parte de sua vida ensinando. Não fundou uma religião, mas foi considerado um mestre da vida. A chave de seus ensinamentos foi o exemplo de virtude que vem do alto. A sociedade ideal, para ele, é aquela que mostra respeito e ordem entre o soberano e seus súditos, entre pais e filhos, entre marido e mulher, e entre amigos. Portanto, se essas normas não forem respeitadas, a sociedade cai na desordem e na violência.[35]
  • Lao-Tsé (século VI a.C.). Criou uma religião chamada taoísmo. O nome vem do livro Tao, que prega o caminho, a vida, a retidão dos costumes. Os taoístas criticavam as injustiças, como por exemplo, um pequeno ladrão é punido, ao passo que um grande ladrão acaba por se tornar um grande proprietário. O taoísmo pede a volta do ser humano para a natureza.[36]

Alfabeto chinês

Os chineses inventaram um tipo de escrita muito complicado. Era a forma de escrita chamada ideográfica, isto é, os sinais representavam diretamente os objetos ou ideias. Possuíam mais de 3 000 ideogramas, que precisam ser bem escritos para evitar confusão. Daí a importância que os chineses davam à caligrafia. Durante os séculos, a escrita e a cultura foram da classe alta e estavam a serviço do governo.[37]

Economia chinesa

Cavalo sancai da Dinastia Tang. Museu de Xangai.

A civilização chinesa se desenvolveu nas planícies banhadas por grandes rios, por isso a dedicação à agricultura foi muito grande. Todavia, outras atividades econômicas foram surgindo, como as indústrias de tecelagem (como palha, cânhamo), principalmente a fabricação de seda, que se tornou especiaria famosa no mundo.[37]

O artesanato à base de bambu, juncos, caniços, peles de animais e madeira era muito desenvolvido. Eram hábeis artesãos em cerâmica, que teve o seu ponto culminante com a fabricação da famosa porcelana chinesa.[37]

Cultura chinesa

Os chineses deixaram obras dignas de atenção no campo da arquitetura (como palácios, templos e túmulos, casas com duplo telhado, terraços delicadíssimos com cursos de água e pontes). Mas a obra de maior destaque foi a Grande Muralha. Na escultura, usando mármore, calcário e alabastro, fizeram estátuas representando forças da natureza, grandes batalhas e animais. Na pintura, fizeram delicadíssimos ornamentos em porcelana e tecido e pintaram murais e decorações para o interior das casas. Empregavam cores vivas e brilhantes.[37]

Civilização Hindu

Ver artigo principal: Civilização Hindu

A Índia, berço de uma grande civilização, está localizada ao sul da Ásia. Devido a sua situação geográfica, durante longo tempo ela ficou distanciada dos demais povos. Foi, como a China, a longínqua região onde foi intenso o comércio das especiarias, durante a Idade Média e começo dos tempos modernos, influindo, inclusive, nas Grandes Navegações. É também um mérito dos hindus a invenção dos algarismos, mais tarde divulgados pelos árabes.[38]

Origens da civilização hindu

Entre os povos que habitavam a antiga Índia, sobressaíram os drávidas, por volta de 2000 a.C. Eles eram bons agricultores, já conheciam sistemas de irrigação e foram hábeis comerciantes. Moravam em cidades com largas estradas, casas de pedra bem arejadas, demonstrando preocupação com a higiene e a parte sanitária. Porém, esse povo não soube opor resistência aos invasores e, por isso, por volta de 1750 a.C. até 1400 a.C., foi escravizado por tribos arianas vindas do norte que invadiram a região de Pendjab (região dos cinco rios), próxima ao rio Indo.[38]

Sociedade hindu

Os arianos tomaram as terras dos drávidas, escravizaram-nos, e se fixaram como classe dominante no poder, na religião, no domínio militar. Totalmente dominados, restou aos drávidas apenas o trabalho e a submissão. As tribos arianas eram chefiadas por pequenos reis chamados rajás e às vezes, por marajá, que eram reis com poderes maiores.[39]

A sociedade se organizou em base de castas (classes sociais sem possibilidades de mudança). Era proibido, por exemplo, para uma pessoa de uma classe social casar-se com outra pessoa de diferente classe ou posição social. Quem nascia numa classe social permanecia nela até morrer. As classes (castas) estavam ligadas à religião e às diferentes profissões. Acreditavam que as classes sociais saíram do corpo do deus Brahma.[39]

Sistema de castas da Índia.

As classes permaneciam fixas, sempre na mesma posição social. Qualquer desrespeito a uma casta superior era punido com a expulsão do indivíduo da sua casta ou rebaixamento para a condição de pária. Uma vez expulso, era submetido aos trabalhos mais humilhantes e considerado um impuro ou pária.[39]

Era hábito entre os hindus banharem-se nas águas do rio Ganges (rio sagrado), mas os párias eram proibidos de se banhar, de frequentar os templos e até de ler os ensinamentos sagrados.[39]

Religião hindu

Os nativos do vale do rio Indo adoravam a mãe-terra, dona da vida. Depois, os arianos introduziram o culto ao céu, ao Sol, à Lua, ao fogo, à chuva e às tempestades. Logo depois se afirmaram no bramanismo, religião que prega as castas e que se tornou oficial na Índia, conforme está escrito nos livros Vedas (Saber Sagrado), Shiva (o Destruidor) e Vishnu (O Conservador). O conjunto dessas três divindades tem o nome de Trimurti. Segundo essa religião, a alma é imortal e todo o ser humano renasce logo após a morte, reencarnando ora em homem, ora em animal. Assim, através de reencarnações, as pessoas vão se aperfeiçoando espiritualmente até chegar ao Nirvana, uma condição de perfeição que identifica o homem com o deus Brahma. Desse modo, a religião levava as pessoas a aceitar passivamente sua condição social como um estágio natural, porque depois da morte teriam a oportunidade de renascer numa casta superior se tivessem praticado o bem em vida. Todavia, corriam o risco de descer à condição de párias ou de animais se tivessem feito o mal.[40]

Budismo

De suas raízes na Índia, os ensinamentos do Buda se espalharam pelo mundo, como essa escultura de Amitabha pertencente à Dinastia Tang, encontrada na Hidden Stream Temple Cave, Longmen Grottoes.

No século VI a.C., Buda, um iluminado, um nobre do Nepal, descontente com os preceitos bramanistas, resolveu iniciar uma reforma religiosa, sem distinções de castas.[40]

Buda abandonou a sua casa, seu conforto, para mudar de vida e pregar uma religião. Fez penitência nos bosques, colocou uma veste simples como de um mendigo, cortou a barba e o cabelo e se entregou a profundas meditações.[40]

Por seis anos viveu longe de todos, fazendo jejuns e meditações, até que um dia, sentiu e viu, com muita clareza, que a vida conduzia à liberdade e ao fim do sofrimento. Voltando ao convívio com os homens, começou a pregar sem distinção de casta, ensinando que o ódio não se vence com o ódio mas com o amor e só quem aprendeu a renunciar à riqueza e aos grandes sucessos poderá encontrar a paz, a tranquilidade e entrará no Nirvana. O budismo teve muitos adeptos, principalmente nas classes pobres, mas ganhou muita força após a morte de Buda. A religião se estendeu por toda a Ásia, chegando até o Japão. Hoje é a religião com cerca de três milhões de asiáticos.[40]

Civilização Cretense

Ver artigo principal: Civilização Minoica
Mapa da Civilização Minoica.

Próximo ao III milênio a.C., contemporaneamente ao desenvolvimento das civilizações orientais e do Egito, a ilha de Creta recebeu alguns povos, provavelmente vindos da Ásia Menor. Creta achava-se bem localizada no mar Mediterrâneo Oriental, perto da Grécia e da Ásia Menor. Os primeiros habitantes dessas terras deram origem à civilização egeia, nome devido ao mar Egeu. Como a maioria da população era formada de pescadores e marinheiros, receberam o nome de "povo do Mar".[41]

A civilização cretense passou por três estágios: civilização egeia (nos inícios), civilização cretense e Civilização Minoica (período de maior desenvolvimento). A civilização cretense foi mais pacífica que as do oriente.[41]

No início, houve preocupação com a agricultura (vinha, oliva) e, depois, dedicaram-se ao comércio marítimo com as outras ilhas do mar Egeu, com a Ásia e com o Egito.[41]

No século passado, o arqueólogo inglês Evans descobriu traços e vestígios de grandiosos palácios datados de 1900 anos antes de Cristo. Eram restos das cidades de Cnossos e Faístos. Esses palácio]s com quartos decorados, oficinas, redes de água e esgoto, locais para administração demonstram que os cretenses já tinham um alto grau de civilização e organização social.[41]

Em torno de 1750 a.C., talvez um terremoto, ou mesmo uma explosão vulcânica, produziu em Creta uma verdadeira catástrofe, de modo que os palácios reais de Faístos e Cnossos foram soterrados. Mas sobre essas ruínas, por volta, de 1600 a.C., o rei Minos construiu outros palácios esplendorosos e Cnossos tornou-se o centro político da ilha de Creta.[42]

Civilização Minoica

Palácio de Cnossos.

O palácio de Cnossos, construído pelo rei Minos, era imenso, compreendia salas do trono, teatro para espetáculos, torneios e touradas. A construção, de 4 ou 5 andares, contava com 1 300 divisões, para os mais diversos fins. Era servido de um pátio central com mais de 10 000 m². Era servido por mais de uma centena de pessoas, compreendendo a família real, funcionários e servos.[42]

Os soberanos de Cnossos eram reis-sacerdotes. O mais importante entre eles foi o rei Minos, que segundo a lenda, era filho de Zeus, o deus que lhe dava inspiração para governar o povo com sabedoria e justiça.[42]

A maior atração religiosa foi a Deusa-Mãe, que era considerada a deusa da fecundidade, da maternidade, da terra e dos homens. Era também a senhora dos animais e a ela eram consagrados os pássaros, leões e serpentes.[42]

Em sua homenagem, o povo organizava muitas festividades, jogos, torneios, touradas em que os rapazes se exibiam com habilidade em perigosos exercícios, ginásticas. Toureavam os touros, mas sem matá-los, pois consideravam esses animais como entes sagrados.[42]

O período minóico marcou o maior desenvolvimento da ilha de Creta. Eram frequentes comerciais com outros povos do mar Mediterrâneo. Os cretenses, nessa época, usaram um sistema de pesos e medidas inspirado nos egípcios e mesopotâmicos. Possuíam moedas de cobre de diferentes valores para utilizarem nas transações comerciais. As moedas, geralmente, traziam o desenho de um labirinto.[42]

Essa civilização parou bruscamente, 1400 a.C., provavelmente por causa de uma nova catástrofe. Nessa época, os aqueus, vindos da Grécia, ocuparam a ilha de Creta.[42]

Cultura cretense

O povo cretense levava uma vida muito alegre e festiva. Tanto os homens quanto as mulheres dedicavam muito do seu tempo aos jogos, exercícios físicos ao ar livre, pugilismo, lutas de gladiadores, corridas, torneios, desfiles e touradas.[43]

  • A dança, acompanhada de cantos e sons, era outro passatempo favorito dos cretenses.[43]
  • Os teatros ao ar livre, nos pátios dos palácios eram muito frequentados.[43]
  • Armazenavam alimentos em enormes potes ou vasos da altura de um homem. Esses vasos, ao mesmo tempo que serviam de armazenamento, serviam também de objetos de decoração, pois eram ricamente decorados.[43]
  • Inventaram um sistema próprio de escrita, gravado em argila. Parte dessa escrita era inspirada nos hieróglifos egípcios.[43]
  • Ficaram famosos por seus labirintos, com muitas salas e corredores. Ficou célebre o labirinto de Cnossos, construído pelo arquiteto Dédalo, a mando do rei Minos.[43]
  • A arte cretense era cheia de fantasia, vida e delicadeza. Os artistas eram capazes de representar o momento de fúria de um touro ou o suave movimento de um polvo. Os artesãos trabalhavam a cerâmica, o ouro, a prata, o bronze, com os quais faziam lindas peças e objetos de adorno.[43]
  • A pintura foi muito desenvolvida entre eles. Os pintores buscavam inspirações na natureza, nos pássaros, nas flores, na vida à beira-mar. Os cretenses no campo artístico só foram superados pelos gregos.[44]

Antiguidade clássica

Civilização Grega

Ver artigo principal: Grécia Antiga
Localização da Grécia Antiga no mundo.

A Grécia é uma península banhada por três mares: mar Jônico, mar Egeu e mar Mediterrâneo. Tem a leste a Ásia Menor (atual Turquia). O litoral grego é muito recortado, formando portos naturais. Os mares que circundam a Grécia são pontilhados de ilhas e ilhotas famosas pela sua beleza natural.[45]

Era uma região diferente daquelas habitadas pelos povos orientais que viviam em férteis planícies às margens dos grandes rios, ao passo que os gregos que ocupavam uma área muito montanhosa, tinham que trabalhar duramente um solo pobre e pedregoso para conseguir sua agricultura de subsistência.[45]

Devido à pobreza da terra, nas pequenas áreas cultivadas formavam-se agrupamentos humanos (pequenas comunidades) separadas uma das outras por vários acidentes geográficos, como montanhas e colinas.[45]

Período Pré-Homérico (século XX a.C ao século XII a.C.)

Cavalo de Troia em pintura de Giovanni Domenico Tiepolo.

Vários povos de origem ariana e indo-europeia invadiram a região grega e dominavam os povos neolíticos que ali habitavam. Os principais invasores foram os aqueus, os dórios, os jônios e os eólios.[45]

Os aqueus ocupavam várias cidades (Tirinto, Micenas, Troia). Divididos em tribos, organizaram-se em pequenos reinos (cidades-estados). Por volta de 1500 a.C., já tinham forte organização militar, o que lhes permitiu dominar a ilha de Creta, e lá fizeram sua base militar e marítima. Tornaram-se bons marinheiros e fundaram várias colônias nas ilhas do mar Egeu. Entre os anos de 1280 a.C. e 1270 a.C., os aqueus moveram durante dez anos uma guerra à cidade de Troia, que foi destruída e incendiada caindo sob o seu domínio. Até a metade do século passado, acreditava-se que a Guerra de Troia fosse uma fantasia do poeta grego Homero e que a cidade jamais tivesse existido. Mas, em 1871, o alemão Heinrich Schliemann, em trabalhos arqueológicos, descobriu novas cidades destruídas, uma junto às outras, e entre elas encontrou-se o tesouro do rei Príamo (rei de Troia), comprovando-se desse modo que Troia existiu de fato.[46]

Período Homérico

Busto de Homero.

O poeta Homero deixou duas obras poéticas de grande prestígio na época: a Ilíada e a Odisseia.[46]

A Ilíada narra história da cidade de Troia e a guerra, com todos os seus heróis (como Ulisses e Aquiles) e suas aventuras. Depois de dez anos de duro cerco, os gregos conseguiram vencer a resistência troiana, inventando um enorme cavalo de madeira, com soldados escondidos em seu interior. Os troianos abriram as portas da cidade para receber o enorme cavalo, julgando ser um presente dos deuses. Depois de festejos e bebedeiras dos troianos, os gregos saíram do cavalo e dominaram a cidade. Daí se originou a expressão "presente de grego".[46]

A Odisseia narra as aventuras de Ulisses, um dos heróis da Guerra de Troia, na sua volta para a ilha de Ítaca, onde era rei. Na sua viagem de retorno, passa por proezas, como livrar-se dos gigantes de um só olho na testa (os ciclopes, dando assim origem, nos tempos atuais, ao gentílico dos usuários da Desciclopédia geralmente conhecidos por descíclopes, por mera coincidência ortográfica), resistir aos encantos das sereias (que atraíam os marinheiros para o fundo do mar) e livrar-se da terrível bruxa Circe, que enfeitiçou os marinheiros. A deusa Palas Atena protege o herói durante a viagem, de modo que Ulisses retorna a seu reino, onde a fiel esposa Penélope o esperou por longos anos.[46]

Essas obras se tornaram clássicas como fontes históricas e como base para a educação da juventude grega por séculos, pois realçavam os valores da bondade, da coragem, da justiça, do amor filial, e da luta pelos direitos.[46]

Genos

Nos tempos homéricos, a sociedade era formada por pequenas comunidades que nada mais eram que a reunião dos membros de uma grande família que obedeciam a um chefe (o pater famílias, família patriarcal). Viviam da agricultura e do pastoreio; os bens e a terra pertenciam à comunidade (Não havia a propriedade privada).[47]

Período Arcaico

Pólis
O Partenon, na acrópole de Atenas.

Os genos cresceram, desagregaram, e surgiu outra forma de comunidade mais ampla, que formava uma unidade territorial, política, econômica e social. Era a chamada pólis, que era uma cidade-estado, independente das outras, com governo próprio e com economia auto-suficiente. A pólis era composta de três partes fundamentais:[47]

  • A acrópole, que era a parte mais elevada, que funcionava como fortaleza e onde ficavam os templos para os cultos religiosos e a administração política;
  • A ágora, que era a praça principal, onde o povo se reunia para discutir os problemas da comunidade e fazer pequeno comércio;
  • A asty que era o mercado central;
  • Campos agrícolas e de pastoreio.

A Grécia era uma grande região formada por muitas cidades-estado independente, mas que, todavia, consideravam uma certa unidade, pois falavam a mesma língua e acreditavam nos mesmos deuses. O sistema de governo era a monarquia, onde o rei assumia também as funções de chefe militar.[47]

Esparta e Atenas

Entre as cidades-estados, sobressaíram Esparta e Atenas, com características bem diferentes entre si.[48]

Esparta

Território de Esparta

Uma grande cidade-estado se formou ao sul do Peloponeso, entre as montanhas que se abrem para a fértil planície da Lacônia, percorrida pelo rio Eurotas. Fundada pelos dórios, violentos e guerreiros, a cidade dedicou-se totalmente às cidades guerreiras. O governo era aristocrático, isto é, uma elite detinha o poder e ditava ordens para o povo. Sus leis, segundo a tradição, tiveram origem nas idéias de um lendário legislador chamado Licurgo.[48]

A constituição do governo era a seguinte:[48]

  • havia dois reis (um chefe militar e um religioso — diarquia);
  • um Conselho de Anciãos (a Gerúsia, com 28 elementos com mais de sessenta anos de idade);
  • a Apela (uma assembleia do povo que se reunia mensalmente para discutir e aprovar as leis propostas pelos anciãos);
  • os éforos (que eram cinco magistrados eleitos por assembleia por um ano e que tinham o encargo de fiscalizar o cumprimento das leis e vigiar a educação dos jovens).

A defesa da pólis ficava a cargo do exército, numeroso e bem treinado.[48]

Sociedade espartana

Os esparciatas eram o grupo social dominante, donos das melhores terras. Tinham o dever de contribuir com as despesas públicas e caso negassem a contribuição eram punidos com a perda de privilégios.[48]

Os periecos estavam numa condição intermediária; podiam possuir terras, ter atividades comerciais, gozavam de direitos civis, mas não tinham direitos políticos.[48]

Os hilotas trabalhavam nas terras na condição de escravos, eram propriedade do governo, não tinham direitos civis nem políticos.

Exército espartano
Estátua em mármore de um hoplita, talvez o rei Leónidas

A vida na pólis de Esparta era voltada para as atividades militares e guerreiras. Já aos sete anos, a criança era entregue ao governo. Este indicava instrutores para educá-la para a arte militar. Dos sete aos catorze anos era treinada numa rígida disciplina, comendo pouco para ser leve, esperta e ficar resistente à fome. Eram submetida a duras provas físicas, ia para os campos, onde devia aprender a caçar, a lutar, a roubar e matar, isto é, devia aprender a se defender sozinha.[49]

Aos dezessete anos praticava um exercício (Kriptia = gruta) em que devia capturar e matar escravos soltos nas florestas.[49]

Devia falar pouco e se expressar com poucas palavras: tal fato recebeu o nome de laconismo (da palavra Lacônia, região espartana). Aos vinte e um anos já era perfeita hoplita (soldado), capaz de defender a pátria.[49]

O casamento geralmente ocorria aos 30 anos, sendo que, antes dessa idade, só era permitido coabitar. Aos sessenta anos se aposentava do exército e podia tomar parte no Conselho de Anciãos (Gerúsia).[49]

Esse tipo de educação soldadesca, o treino para uma vida dura e sem conforto, criava um ambiente social cheio de tensões, de conflitos e falta de vida afetiva.[49]

Os esparciatas não se preocupavam em acumular bens materiais, riquezas, metais preciosos, ter conforto e comodidades. Apesar deste desprezo pela riqueza, procuravam o necessário para manter a sociedade. O tipo de vida desse povo fez com que a sociedade ficasse fechada em si mesma, sem mudanças e sem progressos, e os estrangeiros não eram bem aceitos.[49]

Mulheres espartanas

As mulheres tinham um destino pior que o dos homens. Eram colocadas numa posição de inferioridade. Não podiam continuar educando os filhos após os sete anos, eram submissas ao pai quando solteiras e aos maridos quando casados, não participavam da vida política e tinham poucas atividades sociais. Não tinham o conforto dos afetos familiares, como as mulheres de Atenas, e eram obrigadas a praticar exercícios físicos para manterem uma boa forma física, a fim de gerarem bons soldados para a pátria. Não era permitido o celibato para as mulheres, isto é, deviam casar e ter filhos fortes.[49]

As que não quisessem casar eram acusadas de crime contra a pátria. As crianças que nasciam sem qualidades físicas para ser um bom soldado eram eliminadas.[50]

Antigamente, as mulheres espartanas tinham de ficar em casa cuidando de seus filhos, não podiam sair nem para trabalhar. Só depois que começaram a ter mais liberdade. Elas se vestiam com panos de alta qualidade e com muitas joias finas caríssimas.[50]

Expansão de Esparta

Entre os séculos VIII e VII a.C., os esparciatas adotaram uma política de expansão e conquista de cidades vizinhas, reduzindo os vencidos à condição de escravos. Assim, dominaram Messina, Arcádia, Hélade e Argólida. No final do século VI a.C., grande parte do Peloponeso se torna uma liga militar, com o comando dos espartanos. Estes ficaram famosos como excelentes soldados, que lutaram bravamente por um grande amor à pátria.[50]

Atenas

Situada no litoral europeu, tinha como principal economia o comércio marítimo. Na região da Ática, a pólis de Atenas estava bem localizada próxima ao Mar Egeu, o que lhe deu algumas vantagens no comércio marítimo e desenvolveu suas características de cidade aberta para o mundo.[50]

A pobreza do solo e a falta de água fez com seus inúmeros habitantes abandonassem a agricultura e se dedicassem à indústria artesanal e ao comércio. Os jônios, conquistadores da região da Ática, se misturaram com os primitivos donos da terra e deram vida a uma população que foi a mais laboriosa e genial da Grécia.[50]

O porto de Pireu, construído a poucos quilômetros de Atenas, tornou-se um dos maiores centros comerciais do mundo antigo e o mais importante da Grécia. Tudo isso veio mutiplicar as riquezas, estimular a inteligência, reforçar o espírito de independência e o amor pela liberdade.[50]

Organização política ateniense
Sólon

Atenas ficou famosa como a cidade-mãe da democracia política. Todavia, antes de chegar neste ponto, passou por vários estágios na sua organização política.[50]

Inicialmente, as cidades-estados eram governadas por um rei (monarquia). Nos séculos VII e VI a.C., os grandes proprietários de terra (eupátridas) destruíram o sistema monárquico e passaram a implantar um sistema que foi a semente da futura democracia.[50]

A classe dominante gozava de inúmeros privilégios, o que provocou descontentamento e revolta entre os mercadores, pescadores, marinheiros, artesãos e pequenos proprietários. Esta parte lutava para que houvesse leis escritas e justas que defendessem os direitos de todos.[50]

Os eupátridas, então, resolveram encarregar o legislador Drácon (620 a.C.) de elaborar leis escritas, que ficaram conhecidas como leis draconianas. Eram leis rígidas, duras, severas, punindo-se com a morte a quem desobedecesse. Essas leis, porém, favoreciam mais os nobres do que as camadas populares, que continuaram agitando e exigindo leis que protegessem seus direitos. Depois de quase trinta anos de protestos e manifestações, surgiu um novo legislador, no ano 594 a.C. também escolhido pela classe dominante, para elaborar novas leis e uma reforma social. Esse legislador foi Solón. que foi estimado pelos ricos por ser rico também e pelos pobres porque era honesto. Assim, as leis de Solón conseguiram uma certa estabilidade, paz e justiça por vários anos. Foi um reformulador moderado.[50]

Constituição de Solón

Com Solón, a sociedade foi dividida em quatro classes sociais (pentacosiomediminus, cavaleiros, zeugitas e tetas). Essa divisão de classes era baseada na renda (riqueza) de cada um. E na medida da riqueza é que as pessoas tinham direitos e deveres.[51]

As reformas de Sólon trouxeram muitas mudanças políticas e sociais. Deu abertura política para a formação de novos partidos políticos. Mas parte da população estrangeiros, pequenos camponeses, pobres e escravos) ficou marginalizada da vida social, de modo que continuaram as revoltas populares. Nesse clima de agitações, um nobre ambicioso, de nome Pisístrato, no ano 560 a.C., aproveitou-se da situação e deu um golpe no governo, estabelecendo um novo regime chamado tirania (tirano é aquele que sobe ao poder por meios inconstitucionais).[51]

Atenas conheceu com Pisístrato um período de paz e prosperidade. A cidade se transformou em grande centro comercial e industrial. Com a morte de Pisístrato, o governo passou a seus filhos, que continuaram a política do pai.[51]

Clístenes, o pai da democracia

No ano 508 a.C., um nobre chamado Clístenes foi eleito arconte e governou Atenas, atendendo à vontade popular e consolidando a democracia.[51]

Clístenes fez uma reforma social, dando maior participação política às pessoas de baixa renda, dividiu a população em dez tribos e as terras em dez partes iguais para elas. Cada tribo tinha 50 representantes na Bulé, totalizando os 500 membros que formavam o principal órgão do governo.[51]

Os problemas eram discutidos em assembleias (eclésias) populares. Estabelece a lei do ostracismo, pela qual era exilado por dez anos o cidadão que cometesse falhas graves e ameaçasse a democracia.[51]

Com Clístenes houve maior abertura política e participação popular nas decisões do governo. Por isso ele foi chamado o "Pai da Democracia".[52]

Família e educação em Atenas

O ateniense era muito ligado à família. Em casa reinava a mulher, enquanto o homem se dedicava às tarefas fora do lar. A família era unida por fortes laços religiosos e pelo culto aos familiares mortos. Estes eram venerados em altares dentro dos lares.[52]

Com o casamento, a mulher passava a adotar a religião do marido. Os mortos eram sepultados e, algumas vezes, queimados. Muitas vezes, os túmulos eram protegidos por pedras esculpidas ou monumentos. Quanto à educação, dava-se maior atenção à educação dos rapazes.[52]

Quase todos os elementos do sexo masculino aprendiam a ler e escrever, pois julgavam qualidades preciosas para formar um bom cidadão. Não havia escolas públicas, mas os pais escolhiam escolas particulares e professores do seu agrado.[52]

As crianças entravam aos sete anos na escola e aprendiam música, que consideravam importante para a elevação espiritual. Até os quatorze anos, se quisessem continuar os estudos, dedicavam-se à ginástica. Nos ginásios, praticavam todos os esportes e faziam parte dos Jogos Olímpicos, como lançamento de disco, luta, pugilismo, corrida e salto. Essa educação esportiva tinha também o objetivo de preparar o jovem para o serviço militar.[52]

Os jovens não tinham liberdade de escolher seus pares, pois os casamentos eram arrumados pelas famílias. O tipo de família era patriarcal, no qual a mulher era submissa.[52]

O vestuário masculino consistia numa túnica longa, parecida com aquela usada ainda hoje pelos árabes. As mulheres vestiam uma roupa longa, tipo camisolão.[52]

Período clássico da Grécia

O período clássico da Grécia ficou marcado por guerras externas e internas e pelo desenvolvimento e esplendor da cultura grega. As guerras externas foram realizadas contra os persas. As guerras internas foram devidas às rivalidades entre as próprias cidades gregas, principalmente Esparta e Atenas, que brigavam pela hegemonia (domínio) entre as demais pólis.[53]

Guerras Greco-Persas

O Império Ateniense em 431 a.C..

As causas dessas guerras foram as concorrências comerciais e a vontade que os dois povos de expandir seu domínio entre os povos vizinhos. Os persas ameaçavam o comércio e a vida política de várias cidades gregas. Chegaram inicialmente a dominar a cidade de Mileto, que se rebelou e pediu o auxílio de Atenas. Esta movimentou as tropas contra os persas, dando origem à guerra.[53]

Primeira guerra
Milcíades.

No 490 a.C., grande armada persa, comandada por Dario I, desembarcou na Ática, na planície de Maratona. Guiados por Milcíades, combateram seus inimigos nos seus pontos fracos, num ataque relâmpago. Os persas não tiveram nem mesmo tempo de pegar em armas, pois já se sentiam dominados.[53]

Segunda Guerra
Temístocles.

No 485 a.C., no estreito de Salamina, os persas, comandados por Xerxes I, filho de Dario, foram novamente derrotados. Os persas, melhor preparados, atacaram por terra e por mar. Os gregos, desta vez, contavam com melhor exército, pois haviam feito uma coligação de cidades contra o inimigo, inclusive Esparta. Os persas atacaram pelo norte, dominaram os bravos espartanos liderados por Leônidas e desceram para o sul, onde incendiaram Atenas. A Grécia parecia derrotada, mas os gregos se reorganizaram e atraíram a esquadra para o estreito de Salamina, local onde favorecia os leves barcos gregos e dificultava os pesados navios persas.[53]

Os persas de Xerxes tinham ainda contra si as pesadas armaduras dos soldados que lutavam por dinheiro, ao passo que os gregos eram movidos pelo grande amor à pátria. Liderados por Temístocles, general ateniense, os gregos liquidaram os persas, que abandonaram seus navios.[54]

Rivalidades que enfraqueceram a Grécia

Terminadas as guerras contra os persas, as pólis gregas voltaram a se fechar nos seus interesses próprios. Atenas considerou-se vitoriosa nas guerras, julgando-se uma salvadora da Grécia.[54]

Com este prestígio e com o medo de novos ataques, conseguiu convencer outras cidades (menos Esparta) para formar uma liga contra futuros ataques dos persas. Surgiu, então, a Confederação de Delos, com adesão de mais de trezentas pólis.[54]

A ilha de Delos foi escolhida como local onde ficaria a sede da liga e onde se guardariam tesouros e bens arrecadados. Essa união provocou a inveja de Esparta que formou também a Confederação do Peloponeso, reunindo várias pólis.[54]

As duas cidades acabaram entrando em conflito e, depois de 27 anos de luta (com 6 anos de trégua veio a Paz de Nícias), Atenas foi derrotada. Mas algumas cidades gregas aliaram-se à cidade de Tebas, dominaram os espartanos e exerceram seu domínio político sobre a Grécia por pouco tempo.[54]

Todas essas lutas internas enfraqueceram a Grécia, que foi facilmente conquistada por Felipe II, da Macedônia, em 338 a.C.[54]

O século de Péricles

Péricles.

Péricles foi um excelente orador, entendia de arte militar e, como político, usou de habilidade e prudência. Governou Atenas de 461 a 429 a.C. (quase trinta anos). Governou como um príncipe, sempre em perfeito acordo com o povo, que o respeitava muito.[54]

Péricles foi assíduo frequentador de teatro e amava as artes. Procurou fazer de Atenas a capital cultural do mundo antigo. O período de governo foi de esplendor, a ponto de ficar conhecido como Idade de Ouro da Grécia.[54]

Governo democrático de Péricles

A democracia ganhou nova força e as classes mais pobres puderam participar ativamente da política. Leia um trecho de um discurso de Péricles sobre o seu governo:[54]

Temos uma forma de governo que causa inveja aos povos vizinhos. Não imitamos os outros e servimos e exemplo aos outros. Quanto ao nome, este governo é chamado de 'democracia' porque não é uma administração para o bem de algumas pessoas e sim para servir toda a comunidade. Diante das leis, todos gozam de igual tratamento. E a consideração de cada um vem não do partido, mas dos méritos demonstrados no serviço da comunidade. Temos medo de conseguir cargos públicos por meios ilegais.
Amamos o belo, mas na justa medida, e amamos a cultura do espírito, mas sem desprezar outros valores.
[55]

O Século de Ouro

Com Péricles, as artes, as letras e a filosofia floresceram de modo maravilhoso em Atenas. O projeto de Péricles de desenvolver as artes e a cultura era ambicioso. As pólis vizinhas ficaram enciumadas, mas nada puderam fazer para impedir tal crescimento.[55]

Por iniciativa de Péricles, foram incentivadas todas as modalidades de expressão artística. As acrópolis foram ornamentadas e construídos grandes monumentos.[55]

Foi nessa época que em Atenas surgiram talentos nos vários setores artísticos e culturais, de modo que a cidade conseguiu sobressair e firmar sua hegemonia.[55]

Cultura grega

A arte grega chama a atenção pela harmonia de proporções, pelo equilíbrio e serenidade. É toda uma mistura de inspiração fantástica e real. Esse tipo de arte foi considerada e serviu de modelo para os artistas através dos tempos.[55]

Arquitetura grega
Planta da Acrópole de Atenas.

Os gregos construíram palácios, tribunais, teatros e templos que ficaram famosos. O monumento mais célebre construído na Acrópole de Atenas foi o Partenon, que era um tempo em homenagem à deusa Palas Atena, protetora da cidade.[55]

O Partenon é o mais célebre dos templos gregos. Impressiona pela sua dimensão, elegância e harmonia de suas proporções. Não foi obra de um só autor, mas de vários artistas, entre os quais sobressaiu Fídias, com suas inúmeras esculturas que decoravam o templo.[56]

O Partenon foi transformado em igreja cristã no século VI d.C. e em mesquita turca em 1450 d.C. Esse templo colossal permaneceu quase intacto até o século XVII, quando sofreu uma catástrofe: os turcos que dominavam Atenas guardavam no templo seus armamentos, que acidentalmente explodiram. Foi restaurado, mas a maioria de suas belas esculturas foram levadas pelos ingleses (1812) e se encontram no British Museum, em Londres.[56]

A arquitetura grega ficou famosa também pelos tipos de colunas usadas nas construções. Havia colunas artisticamente trabalhadas em estilo dórico, jônico e coríntio.[56]

Escultura grega
Discóbulo, obra de Miron.

As obras esculpidas pelos gregos mostravam naturalidade nas formas e na expressão, idealismo, alegria e companheirismo. Entre os grandes escultores, ficaram conhecidos Fídias, Miron e Praxísteles.[56]

Famosas também são as Cariátides, que são colunas em formas femininas. São seis belas jovens esculpidas em mármore vindo de Cária, Ásia Menor, onde havia belas mulheres. Elas se encontram no templo Erechthion, em Atenas.[57]

Pintura grega

Os gregos pintavam com harmonia, elegância e vida. Infelizmente, restou pouco da pintura grega e o que nos chegou foram principalmente vasos muito bem decorados e outras peças de cerâmica. Pintaram sobre tecidos, pedras e madeira. Costumavam reproduzir em cerâmica cenas da vida diária.[57]

Teatro grego
Anfiteatro de Epidauro.

Os teatros gregos eram amplas construções que atraíam grande número de populares por ocasião das festividades religiosas e populares, principalmente as festas em homenagem à deusa Atena e a Dionísio (deus do vinho). Nessas ocasiões, os gregos assistiam a grandes espectáculos (representações de comédias e tragédias).[57]

Os gregos já representavam peças com os elementos essenciais do teatro como temos hoje: atores, diálogo e cenário.[57]

Entre os maiores autores de peças para o teatro temos: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes. Destacou-se na comédia Aristófanes, que satirizava os costumes da época. Os temas preferidos eram às cenas da vida urbana, à religião e à mitologia.[57]

Os teatros tinham ótima acústica, os trajes eram ricos e variados. Os atores eram acompanhados por um coro que cantava e dançava e por uma orquestra. Usavam máscaras chamadas personas, para caracterizar os personagens e aumentar o volume de voz. Daí veio o nome de "personagens" aos participantes de nossas narrativas modernas. As mulheres podiam ser espectadoras, mas não atrizes. Só os homens representavam.[58]

Péricles se convenceu a importância do teatro a ponto de franquear a entrada a todos.

Religião e mitologia gregas

Ver artigo principal: Mitologia grega
Dafne - Da pintura de Deverial.

A religião grega foi, na Antiguidade, a que mais aproximou os deuses dos homens. Era uma religião antropomórfica, isto é, os deuses agiam à semelhança dos homens, com suas qualidades e defeitos. Com uma diferença: os deuses eram poderosos e imortais.[59]

As divindades eram cultuadas nos lares, nos templos e nas festividades religiosas. O culto era tradicional. Feito dentro das casas, acendia-se o fogo sagrado, faziam-se as oferendas e sacrifícios de animais. A religião era o vínculo que unia as pólis entre si. Os oráculos eram os representantes dos deuses (falavam em nome de deuses). Ficaram famosos os oráculos de Delfos, Olímpia, Epidauro e Delos. Populares e também políticos iam consultar os oráculos dos templos.[59]

Uma maneira como os gregos costumavam homenagear seus deuses eram os jogos e as competições esportivas. Os mais famosos foram os Jogos Olímpicos, realizados no Monte Olimpo em homenagem a Zeus que, segundo a crença, habitava esse monte, em companhia de outros deuses. As primeiras olimpíadas teriam sido realizadas em 776 a.C. e, a partir daí, a cada quatro anos.[59]

A religião grega era cheia de mitos e lendas para explicar a origem do mundo, dos próprios deuses e dos homens. Não havia um livro sagrado e a religião, passada por tradição oral de geração em geração, era frequentemente alterada pelos poetas e artistas.[59]

Para os gregos, o mundo teria começado com Nix (a noite) e Érebo (seu irmão), visto como o inferno, isto é, a outra parte das trevas. Eles existiam, no Caos (que era o grande vazio inicial). Aos poucos Nix e Érebo se separam, se afastam cada vez mais, até que Nix se transforma numa esfera, se encurva e, como um ovo, se parte e dá nascimento a Eros (o amor). As duas partes da casca do ovo inicial se afastam, e uma se converte na abóbada celeste e outra em um disco achatado que a Terra. O céu ficou sendo chamado Urano e a terra Gaia. Do casamento desses dois tiveram início as novas gerações divinas.[59]

Deuses do Olimpo
Busto de Zeus.
  1. Zeus: Deus soberano, simbolizado pela águia e pelo fogo.[60]
  2. Hera: Esposa de Zeus, simbolizada pelo pavão e pela romã.
  3. Atena: Filha de Zeus, simbolizada pela coruja e pela oliveira.
  4. Hermes: Mensageiro dos deuses, representado com asas nos pés e no capacete.
  5. Ares: Deus da guerra.
  6. Posidão: Deus dos mares, representado com um tridente na mão.
  7. Dionísio: Deus do vinho, representado com uma taça e uva nas mãos.
  8. Hefaístos: Deus da forja, da metalurgia. Simbolizado pelo martelo e pela tenaz.[60]
  9. Afrodite: Deusa do amor e da beleza, simbolizada pela pomba.[61]
  10. Deméter: Deusa fertilidade da terra e da agricultura.
  11. Apolo: Deus da harmonia, da luz, da música e da poesia. Simbolizado pela lira e pelo louro.
  12. Ártemis: Deusa da caça, protetora das virgens, simbolizada pelo veado e pelo arco.
  13. Héstia: Deusa guardiã dos lares e do fogo sagrado.
  14. Hades: Deus dos mortos e dos infernos, em cuja porta ficava o cão Cérbero, com três cabeças.[61]

Os grandes deuses

  • Zeus: era considerado chefe dos deuses. Morava no Monte Olimpo. Ele fazia chover, e era o senhor dos ventos e dos trovões. Era casado com Hera, cultuada como a padroeira dos casamentos e das futuras mães.[62]
  • Apolo: Filho de Zeus, deus da beleza, da arte, da música, das curas e das adivinhações.
  • Afrodite: Irmã de Apolo, filha de Zeus. Deusa da beleza, do amor. Nasceu das espumas do amor.
  • Hermes: Filho de Zeus, mensageiro dos deuses. Protetor dos viajantes, comerciantes e oradores.
  • Dionísio: Filho de Zeus, costuma vir acompanhado por um cortejo de demônios masculinos e femininos (são os bacantes).
  • Poseidon: Irmão de Zeus (ambos eram filhos de Cronos e Reia). É o deus dos mares. Seus filhos eram estátuas monstruosas.[62]
Heróis da mitologia grega
Hércules e a Hidra de Lerna de Antonio Pollaiuolo.
Édipo e a Esfinge (pintura de Gustave Moreau).

Os gregos veneravam alguns semi-deuses (ou heróis). Os mais importantes foram Hércules, Édipo, Teseu, Jasão e Perseu. Hércules ficou famoso por sua força. Os deuses o submeteram a várias provas: ele superou todas, lutando apenas com um arco e uma clava. As provas ficaram conhecidas como o Doze Trabalhos de Hércules, entre os quais: estrangulou o Leão da Nemeia, matou a Hidra de Lerna, capturou vivo o javali de Erimanto, libertou Teseu dos infernos, etc.[62]

Édipo era filho de Laio, rei de Tebas, e de Jocasta. Segundo o oráculo de Delfos, foi marcado pelo destino para matar seu pai e casar com sua mãe. Para evitar a tragédia, Laio abandonou o filho sobre o Monte Citéreo, com os pés furados e amarrado de cabeça para baixo. Achado por pastores, foi criado por eles e, já adulto, conforme seu destino, matou o próprio pai (sem saber). Decifrou o enigma da esfinge que atormentava Tebas e, como recompensa, casou-se com a rainha (que era sua mãe). Vieram desgraças sobre a cidade e o oráculo revelou a Édipo que ele era o culpado de tudo, pois casara com a própria mãe. Descoberta a verdade, a mãe suicidou-se e furou os próprios olhos e saiu vagando pelo mundo.[62]

Império Macedônico

O rei Filipe II organizou militarmente a Macedônia, tornando-a poderosa. Este rei, durante sua juventude, esteve como prisioneiro na cidade grega de Tebas, onde aprendeu da arte militar de Esparta.[63]

Falange macedônica: Formação coberta de 18 fileiras com lanças de 6 metros de comprimento. Era difícil vence-la.

Ao voltar à Macedônia, percebeu que as cidades gregas estavam enfraquecidas, sendo fácil conquista-las. E, com este objetivo, ele reformou o exército, introduzindo a famosa falange macedônica, que constituiu uma grande inovação nos campos de batalha (imitada futuramente pelos romanos).[63]

Filipe II conquistou a Grécia no ano 338 a.C. Morreu dois anos depois e seu filho Alexandre Magno assumiu o poder aos vinte anos de idade.[64]

Alexandre, jovem ávido de conquistas e de glória, uniu gregos e macedônios numa luta comum contra os persas. Em violentas batalhas dominam os persas e estendem o Império Macedônico até a Índia. Os soldados, cansados, se recusam a prosseguir e Alexandre retorna, mas acometido por uma febre, morre na Babilônia. Seu imenso império foi então dividido entre seus três principais generais.[64]

O maior mérito de Alexandre Magno foi a fusão das culturas dos povos vencidos, procurando estimular casamentos entre vencedores e vencidos, e promoveu a igualdade de tratamento entre todos os povos dominados. Essa fusão da cultura grega com a cultura dos povos orientais chamou-se de helenismo.[64]

Cultura helenística

Ver artigo principal: Cultura grega

Alexandre e seus sucessores fundaram inúmeras cidades para difundir a cultura grega. Eram construídas à maneira das cidades gregas, com a condições necessárias para desenvolver a cultura. Entre estas cidades, foram importantes Alexandria (no Egito), Antioquia e Pérgamo (na Ásia Menor, atualmente parte da Turquia). Alexandre, além do seu farol, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, tinha uma enorme biblioteca com mais de 700 mil livros onde sábios de toda parte vinham aumentar seus conhecimentos.[64]

Filosofia grega
Ver artigo principal: Filosofia grega

Os gregos viam a filosofia como um meio de compreender o mundo e o homem e uma tentativa de explicar a razão de ser de todas as coisas do mundo. Deixaram de lado as explicações mitológicas e religiosas e apelaram para a razão e a ciência para explicar os mistérios da existência do mundo, do ser humano, os valores morais, a alma e a felicidade.[64]

Entre os filósofos gregos, temos:[64]

  • Tales de Mileto: Foi o primeiro filósofo grego. Também foi matemático e astrônomo.[64]
  • Sócrates: Grande filósofo, seus ensinamentos eram voltados para os valores morais. Com o princípio, "conhece-te a ti mesmo", afirmava que a verdade está dentro de cada um. Seu método de ensino era o "diálogo". Acreditava num só Deus, negava os outros deuses e por isso foi preso, sendo acusado de corromper a juventude grega. Foi forçado a tomar um veneno, a cicuta.[64]
  • Platão: Um dos maiores filósofos da humanidade, foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Analisou a questão social e achava que a riqueza deveria ser melhor distribuída entre os cidadãos. Sua grande obra foi A República. Achava que as ideias eram a verdadeira realidade e a ideia de bem seria superior a todas. O mundo e as coisas eram sombras das ideias. Fundou uma famosa escola como o nome de Academia (nome derivado de Academo, que era seu amigo e proprietário do terreno).
    A filosofia de Platão teve enorme influência nos pensadores da Idade Média.[64]
  • Aristóteles: Também um dos maiores da humanidade, aluno de Platão e professor de Alexandre Magno da Macedônia. Era um espírito pesquisador e se dedicou a vários assuntos: biologia, política, moral, lógica, psicologia e religião. Para ele, havia só um deus, que motor eterno que move todas as coisas. Deus é um ato puro, perfeição absoluta. Foi o criador da lógica (raciocínio, argumentação). Para ele, o homem é um animal social e político.[65] Fundou uma escola chamada Liceu (nome devido ao fato de o estabelecimento ficar próximo ao templo de Apolo Lício).[63] Como Platão, sua influência foi enorme em toda a Idade Média, até os tempos modernos.[63]

Houve outros filósofos que participaram de outras correntes filosóficas, como os sofistas, que achavam que não podemos conhecer a verdade, portanto, tudo é válido; os cínicos, que desprendidos dos valores morais e apegados aos valores morais; os epicuristas, que achavam que a finalidade da vida humana é buscar os prazeres; os estoicos, que a felicidade está em aceitar as coisas como elas acontecem, com resignação e mesmo à custa de sofrimento.[63]

Literatura grega
Ver artigo principal: Literatura grega

Os gregos deixaram excelentes obras literárias:[63]

Ciência grega
Ver artigo principal: História da ciência

Abaixo estão listados grandes nomes da ciência grega:[63]

Legado grego

Alguns legados gregos:[63]

Os gregos, com sua política, sua artes, sua filosofia e sua literatura, iluminaram os séculos futuros.

Civilização Romana

Ver artigo principal: Roma Antiga

A Itália é uma península ao sul da Europa, que invade o Mar Mediterrâneo em direção à África. É cercada pelos mares Jônico, Tirreno e Adriático. A Itália é montanhosa, tendo os Alpes ao norte e sendo percorrida de norte a sul pela cadeia dos Montes Apeninos. O litoral costeiro italiano não é favorável à navegação. Esse fator geográfico fez com que os primitivos povos da Itália se dedicassem ao pastoreio e à agricultura.[66]

Itália Romana.

A Itália foi invadida por vários povos, como a denominação geral de italiotas, que se subdiviram em sabinos, latinos, samnitas e úmbrios. Habitavam inicialmente a Itália central.[66]

Os gregos, localizados próximo da Itália, ocuparam muitas regiões do sul da Itália e aí fundaram fundaram prósperas colônias, como Siracusa, Agrigento, Síbaris, Taranto e Nápolis. Os italiotas aproveitaram muito da cultura grega, como o uso do alfabeto, técnicas agrícolas, noções científicas, o gosto pela arte e adotaram a religião grega, com muitos de seus deuses.[66]

Também os cartagineses, vindos do norte da África (Cartago), fundaram suas colônias ao sul da Itália (na Sicília, na Sardenha e na Córsega) e mantiveram relacionamento comercial e cultural com os italiotas.[66]

Fundação de Roma

De acordo com a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C. por Rômulo, que foi criados por uma lobajunto de seu irmão Remo.

De acordo com a lenda, a cidade de Roma foi fundada em 753 a.C. por Rômulo, na região do Lácio.[67]

O poeta romano Virgílio, em seu livro Eneida, narra que um bravo combatente da guerra de Troia, chamado Eneias, fugiu para a região do Lácio, e entre seus colocados num cesto nas águas correntes do rio Tibre. O cesto parou numa das margens e as crianças foram recolhidas pelos pastores e amamentadas por uma loba. Quando grandes, fundaram Roma, que teve Rômulo como primeiro rei. Na realidade, as escavações arqueológicas demonstraram que já tinha existido no local uma aldeia de pastores há uns milênios a.C.[67]

Fundada ou não pelos gêmeos, o certo é que esta cidade (Roma) dominou povos vizinhos e se tornou a principal cidade do Lácio. Conta-se que logo no início a cidade precisava de mais habitantes, e os romanos de Rômulo resolver raptar numa festa muitas filhas dos sabinos (rapto das sabinas). Assim, os sabinos foram o primeiro povo a se unir aos romanos.[67]

Latinos e sabinos tiveram quatro reis que se alternaram, sendo dois romanos e dois sabinos. Depois desses reis, os romanos foram dominados, no século VII a.C., por um povo mais adiantado, os etruscos, que estavam conquistando povos vizinhos. Três reis etruscos governaram Roma.[67]

Etruscos

Os etruscos, de origem desconhecida, ocuparam grande parte da Itália. Eram um povo de civilização adiantada, mas, inflelizmente, pouco conhecemos de sua cultura, por falta de documentação e porque a sua escrita ainda não foi decifrada.[67]

Eram hábeis marinheiros, desenvolveram técnicas de trabalho com metais, como bronze, ferro, ouro e prata. Formaram cidades-estados e chegaram a formar uma forte confederação. Tiveram bom relacionamento comercial e cultural com fenícios e cartagineses. Mas encontraram forte resistência de sólidas colônias gregas da Magna Grécia.[67]

Períodos históricos

A História da Roma Antiga pode ser dividida em três períodos:[67]

Monarquia (753 a.C.-509 a.C.)

Durante a monarquia, Roma foi governada por sete reis, sendo dois romanos, dois sabinos e três etruscos. Havia duas classes principais, em constante rivalidade, que eram os patrícios e os plebeus. Havia também os cliente e os escravos.[67]

Os patrícios eram os proprietários das terras, do gado, tinham muitos direitos e participavam ativamente do governo.[68]

Os plebeus formavam aquela parte da população que não tinha origem nobre, com pouca participação política, que se dedicava aos mais variados afazeres no campo, no artesanato e no comércio. Com o decorrer do tempo, os plebeus lutaram por melhores condições sociais e conseguiram dos patrícios maior participação na política e mais direitos como cidadãos.[68]

Os clientes formavam uma camada intermediária entre os patrícios e os plebeus. Eles viviam na dependência dos patrícios. A maioria dessa classe era formada por trabalhadores agrícolas, que dependiam dos grandes proprietários rurais. Havia também nesta classe os estrangeiros, os filhos ilegítimos, os libertos. O cliente recebia a terra para cultivar e algumas cabeças de gado, tinha proteção contra violências e defesa nos tribunais. Em troca desses favores, os clientes deviam prestar o serviço militar, ajudar os patrícios na vida política e seguir suas ordens.[68]

Os escravos, inicialmente em número pequeno, foram empregados nos serviços mais pesados. O patrão tinha sobre o escravo direito de vida e morte, podendo vendê-lo ou libertá-lo. Tornavam-se escravos os prisioneiros de guerra, os que não podiam pagar suas dívidas ou os que desertavam do exército.[68]

Os reis na monarquia tinham vários poderes: o poder religioso (como sumo sacerdote), o poder militar (comandante do exército) e o poder de juiz supremo do povo. Faziam as leis (poder legislativo) e as aplicavam (poder executivo).[68]

O rei exercia o governo com auxílio do Senado e dos Comícios Curiatos. O Senado era um Conselho de Anciãos (senes = anciãos) que o rei consultava sobre os mais importantes problemas a serem resolvidos. Os Comícios Curiatos eram formados de patrícios, que se reuniam em 30 cúrias, cada uma com seu representante. A Assembleia das Cúrias podia declarar guerra, aprovar ou vetar as leis propostas.[68]

A monarquia teve fim no reinado de Tarquínio, o Soberbo, por causa de uma revolta popular. Roma havia se tornado, por volta de 500 a.C., a cidade mais importante do Lácio. A população aumentava, os problemas sociais e políticos se tornavam difíceis e o rei se mostrava autoritário (tirania).[68]

Os patrícios resolveram dar um golpe de Estado, tomaram o poder e proclamaram a República, que era uma forma de governo democrático (República vem de res publica, que significa "coisa do povo").[68]

República (509 a.C.-27 a.C.)

Inicialmente, na República Romana havia 'muita aristocracia' (os poderes políticos eram de exclusividade dos nobres). Depois, seu caráter era mais democrático, no qual participava a plebe no poder.[68]

Foi feita pelos republicanos a divisão de poderes. Anteriormente, os poderes tiveram maior concentração nas mãos do chefe de Estado da monarquia, ou seja, o rei. O caráter dos cargos passou a ser temporário.[68]

O poder era dividido em três órgãos legislativos:[68]

O Senado era um Conselho de Anciãos (no começo 300, posteriormente 600), que os patrícios escolhiam. Tinham como função o recebimento de embaixadas de outros países, o tratamento com países do exterior, a nomeação de governadores provinciais, o controle da administração pública e a criação do decretos-leis (os senatus consultus = decisões tomadas).[69]

Devido aos elementos que muito experientes e autoritários, o Senado romano foi por muito tempo o principal órgão governamental da República romana. Um magistrado exercia a presidência do Senado. O magistrado podia ser um cônsul, um pretor ou mesmo um tribuno.[69]

As magistraturas eram cargos de importância que os patrícios exerciam. Para a evitação de abusos no poder, os patrícios exerciam as magistraturas apenas por um ano. Havia dois ou mais magistrados para cada cargo.[69]

Política romana
Afresco Cícero denuncia Catilina que representa o senado romano reunido na Cúria Hostília. Palazzo Madama, Roma.

A seguir é listado a política romana:[70]

  • O Senado aconselha os magistrados, controle e administração pública. Cargo vitalício.
  • Os cônsules, eleitos em número de 2, presidiam o Senado e os comícios em tempo de paz, propunham leis, comandavam o exército e indicavam um ditador em tempos de guerra.
  • Os pretores cuidavam da justiça, com funções parecidas com a de nossos ministros de hoje. Cuidavam do governo dos territórios.
  • Os censores faziam o censo dos cidadãos para as listas eleitores ou para a cobrança de impostos, de acordo com a riqueza de cada um. Controlavam a moral (os costumes) dos cidadãos (entregavam ao Senado as listas com os nomes dos cidadãos de maus costumes ou indignos). Escolhiam os senadores entre os chefes das melhores famílias patrícias.
  • Os edis cuidavam da conservação da cidade (abastecimento, policiamento, espetáculos públicos, manutenção dos templos, das estradas).
  • Os questores, encarregados das finanças, cuidavam do tesouro público, dos impostos, dos pagamentos.
  • A Assembleia da Plebe e os Tribunos da Plebe eram os defensores da plebe. Podiam propor leis e vetar leis que fossem contra os direitos do povo. Não podiam se ausentar de Roma e as portas de suas casas deviam estar sempre abertas ao povo.

O ditador era um magistrado especial, eleito por 6 meses apenas nos momentos de crise e de guerra. Nessa temporada, reunia poderes absolutos.[70]

As assembleias populares, também chamadas comícios, eram três:[71]

  • Comícios Curiatos
  • Comícios Tributos
  • Comícios Centuriatos

Essas Assembleias Populares tinham grande força de decisão política sobre assuntos importantes, como a guerra e a pena de morte. Elegiam os representantes que iriam ocupar os cargos da magistratura.[71]

Lutas sociais

Patrícios e plebeus

Os patrícios eram a classe dominante, tinham as melhores terras, privilégios e direitos políticos. Eram grandes as diferenças sociais entre a classe dos patrícios e plebeus. Os plebeus, pequenos agricultores, artesãos e comerciantes, eram eleitores, mas não podiam ser eleitos. Eram obrigados ao serviço militar, mas no caso de vitória não tinham direito de receber do governo as partilhas de terras (ager publicus) e não podiam casar com pessoas da classe patrícia.[71]

Além do mais, como pequenos proprietários, tinham de abandonar por longo tempo suas propriedades para servir ao exército e quando voltavam não recebiam apoio do Estado para se refazerem dos prejuízos, sendo muitas vezes obrigados a contrair dívidas com os patrícios. Muitos se arruinavam de vez, passando à condição de escravos.[71]

Por esses e outros motivos, durante dois séculos houve rivalidades e lutas entre patrícios e plebeus, até que os patrícios reconheceram vários direitos para a plebe.[71]

Conquistas da plebe

No início das lutas, pelo ano 494 a.C., os plebeus chegaram a formar um exército e se retiraram para o Monte Sagrado (perto de Roma), onde pretendiam fundar uma cidade independente. Recusaram-se a defender Roma nas guerras contra outros povos que a estavam ameaçando.[71]

O forte do exército romano era formado por soldados plebeus e, assim, os patrícios foram obrigados a negociar com eles para que voltassem a Roma. Concederam a eles o direito de terem seus tribunos (os Tribunos da plebe) para defenderem seus direitos e terem voz ativa nas decisões políticas.[71]

Os Tribunos da plebe eram invioláveis, isto é, não podiam ser presos pelo Senado. Mas os direitos de patrícios e plebeus ainda não eram iguais, pois as leis romanas não eram escritas (eram orais) e os patrícios é que interpretavam as leis nos tribunais, geralmente a seu favor. Os plebeus exigiram leis escritas, ameaçando de novo se retirar para o Monte Sagrado. Os patrícios enviaram à Grécia legisladores para estudar as leis gregas. O resultado foi que as leis romanas foram escritas em doze tábuas de bronze (Lei das Doze Tábuas).[71]

Mas os plebeus perceberam que quase nada mudou, pois as leis escritas eram as mesmas de antes, que os colocavam numa posição de inferioridade diante dos patrícios (o poder nas mãos dos patrícios, escravidão por dívida e proibição de casamento entre as duas classes).[71]

Diante de novas pressões da plebe, foi criada a Lei Canuleia, em 445 a.C., permitindo os casamentos mistos entre patrícios e plebeus. A próxima conquista da plebe foi a Lei Licínia Sextia. Essa lei proibia a escravidão por dívida e determinava a distribuição das terras com mais critério. Dava também aos plebeus o direito de serem eleitos para o consulado.[72]

Daí por diante, os plebeus foram conseguindo o direito de participação política em vários cargos, mas isso fez com que a plebe se dividisse em plebe rica e plebe pobre, pois as campanhas políticas eram caras e os cargos não eram remunerados. Com o tempo, uma parte dos plebeus adquiriu condições elevadas e se misturou com os patrícios, enquanto a camada mais pobre continuou simplesmente a plebe romana.[72]

Lutas por melhorias sociais

Irmãos Graco
  • Tibério Graco: Eleito tribuno da plebe no 133 a.C., propôs uma reforma agrária. Cada proprietário de terra estatal (ager publicus) não podia receber mais de 500 jeiras de terra e o restante devia ser dividido entre os camponeses pobres.
    Em torno de suas ideias formou-se um partido que podemos chamar de democrático. Essa tentativa de redistruibição de terras era uma ideia corajosa, mas difícil de se realizar, porque logo encontrou oposição dos grandes proprietários de terras, que dominavam o Senado.
    Os inimigos de Tibério provocaram um tumulto e aproveitaram a ocasião para assassina-lo juntamente com mais de trezentos senadores que o apoiavam. Seus corpos foram jogados no rio Tibre.[72]
  • Caio Graco: Alguns anos depois, o programa de Tibério foi seguido por seu irmão Caio Graco, eleito tribuno em 123 a.C. Caio era orador convincente e apaixonado e um dos grandes políticos de Roma. Fez a lei dos grãos de trigo, para qual deveriam ser vendidos a preço bem baixo dos grãos de trigo, de modo a favorecer os pobres, para que o alimento não lhes faltasse. Logo após, exigiu a aplicação da lei agrária, que já havia sido aprovada por seu irmão Tibério. Fundou colônias, onde os camponeses podiam obter a distribuição de terras para trabalhar e sobreviver.
    Como seu irmão, foi assassinado num tumulto provocado por seus inimigos.[72]
  • Espártaco: No ano 73 a.C., um grupo de gladiadores da cidade de Cápua se rebelou. À frente deles estava um valoroso escrabo de nome Espártaco. Sob sua liderança, milhares de escravos se revoltaram.[72]
    Nessa época, havia mais escravos na Itália que homens livres. Eram comuns as revoltas de protesto e muitos plebeus arruinados migravam para Roma, onde recebiam do governo pão e circo para controlar a situação.[72]
    Espártaco desafiou o exército romano e pretendia atravessar os Alpes, levando seus seguidores fora da Itália e libertá-los. Entre eles, porém, houve discórdia e foram facilmente abatidos pelo exército romano. Ao fim de desesperada batalha na Apúlia, caiu valorosamente à frente de 60 000 companheiros que lutavam pela liberdade. Outros 6 000 escravos foram capturados e sacrificados, alguns sacrificados ao longo da estrada de Cápua e Roma (Via Ápia - 71 a.C.).[72]

Expansão romana

Mapa das Guerras Púnicas.

Concluída a unificação da Itália, os romanos se voltaram para as conquistas do Mediterrâneo, como Cartago, Grécia e suas colônias, Egito, Síria e Judeia. Os romanos chamavam os cartagineses de "punis", palavra grega que significa fenícios, daí o nome de "guerras púnicas". De fato, segundo a tradição, Cartago foi fundada por mercadores fenícios vindos da cidade de Tiro por volta de 814 a.C. A posição geográfica de Cartago era formidável. Na encruzilhada das rotas ocidentais e orientais do Mar Mediterrâneo, os seus portos movimentavam intenso comércio. Cartago expandiu-se tornando-se uma colônia que fundou várias outras colônias em seu redor, mais além no Gibraltar e na Espanha, como Sagunto, onde se exploravam minas de prata. A expansão e o progresso de Cartago causou inveja aos romanos, que começaram a bloquear o comércio cartaginês no Mediterrâneo. Houve três guerras entre Roma e Cartago.[73]

Primeira Guerra Púnica

Foram 23 anos de lutas, e tudo começou quando os romanos tomaram uma boa parte da Sicília, que era de domínio cartaginês. O Senado romano mandou uma potente frota com mais de 100 navios. O exército romano não estava habilitado a combater no mar, mas tinha espírito prático e firmeza.[74]

Os cartagineses, sob o comando do general Amílcar Barca, após anos de lutas, deixaram a Sicília para os romanos. Perderam a guerra e foram obrigados a pagar alta quantia em dinheiro. Nos anos seguintes, os romanos dominaram as ilhas Sardenha e Córsega, que passaram a fazer parte do mundo romano. Depois dessas vitórias no mar, os romanos resolveram invadir o território africano para invadir Cartago.[74]

Segunda Guerra Púnica

Segunda Guerra Púnica.

Foram 16 anos de lutas. Morto Amílcar, assumiu o comando seu filho Aníbal Barca, que planejou atacar os romanos não mais por matar e sim, desta vez, por terra. O plano de Aníbal era atacar a Itália vindo pela Espanha e atravessando os Alpes. Organizou poderoso exército com trinta mil soldados e dezenas de elefantes adestrados. Chegando à Itália, teve uma primeira vitória em Trébia e daí marchou para Roma. O Senado nomeou Cipião para organizar a defesa contra o invasor. Cipião atacou Cartago, obrigando Aníbal deixar a Itália e defender seu povo. Mas foi vencido em Zama, perto de Cartago, no ano 202 a.C.[74]

Terceira Guerra Púnica

Foram quatro anos de lutas, que terminaram com a destruição de Cartago. Sem domínio marítimo nem comercial, os cartagineses, mesmo assim, continuavam a preocupar os romanos. No Senado romano, o censor Catão insistia em seus discursos que "Cartago devia ser destruída", pois sempre representava uma ameaça. Por fim, os romanos se decidem a destruir totalmente Cartago e proibir qualquer tentativa de reconstruir a cidade. Isso ocorreu no ano de 146 a.C., quando Cartago passou a ser uma simples província romana na África.[74]

Vencida Cartago, os romanos se lançaram à conquista do Mediterrâneo oriental, dominando a Grécia, o Egito, a Síria e a Judeia. E se tornaram senhores absolutos do Mediterrâneo, que passaram a chamar de Mare Nostrum (nosso mar).[75]

Consequências das Guerras Púnicas

Após as Guerras Púnicas e as outras conquistas, grandes dificuldades se abateram sobre Roma:[75]

  • considerável aumento do número de escravos;
  • lutas internas pelo poder;
  • dificuldades administrativas;
  • altos impostos pelo governo.

Com as conquistas, Roma se tornou uma potência mundial e a sociedade romana sofreu profundas transformações. De um lado, os nobres, os cavaleiros, latifundiários e novos ricos criaram novas formas de riqueza, fundadas na especulação comercial, financeira e nas conquistas e posses de terras. De outro lado, os pequenos camponeses, clientes e parasitas se tornaram ainda mais pobres.[75]

As classes sociais se distanciavam cada vez mais. Os ricos tinham em mãos o poder e a maioria das terras. Os pequenos camponeses perdiam suas terras, que eram doadas aos oficiais que voltavam vitoriosos das conquistas. Outros se endividavam e perdiam tudo. Desse modo, Roma começou a receber uma enorme população de desempregados e falidos que reclamavam do governo moradia e comida. As autoridades romanas passaram a controlar os ânimos e a situação distribuindo gratuitamente alimentação e preenchendo o tempo vazio dos desocupados oferecendo muita diversão (pão e circo).[75]

Os escravos, considerados coisas e provenientes de guerras e dívidas, em número maior do que o dos homens livres, eram quem executava todos os tipos de serviços e sustentava o restante da população. Em número superior, tentaram até várias rebeliões, sendo a mais importante liderada por Espártaco.[75]

Essas diferenças sociais, as dificuldades administrativas e as lutas internas pelo poder vão levar a República romana a um enfraquecimento e decadência, finalizando com a volta ao sistema do Império.[75]

Lutas pelo poder

Busto de Mário

Além das lutas dos irmãos Graco (Tibério e Caio) por reformas agrárias e melhorias sociais, a República romana foi agitada por lutas internas pelo poder e lutas entre classes sociais.[75]

Em 106 a.C., Mário, um general vitorioso nas conquistas militares, tornou-se cônsul por seis vezes consecutivas e reuniu em torno de si um forte partido democrático. Mário e o seu partido apoiavam as reformas populares e promoviam leis que eram contrárias aos interesses da aristocracia.[75]

A aristocracia, sentindo-se prejudicada, procurou organizar-se e reforçar o partido dos nobres. No ano 88 a.C., um general bem-sucedido, foi eleito cônsul. Sila, um aristocrata, toma a liderança liderança do seu partido. No 83 a.C., estoura uma guerra social entre os partidários de Mário e Sila. Várias cidades em volta de Roma apoiaram as reformas sociais de Mário, mas foram dominadas pelas tropas de Sila em violentos combates. Por fim, Sila domina a situação e se proclama ditador perpétuo.[75] Entre as suas reformas estão: aumento do número de senadores, diminuição do poder dos tribunos da plebe, premiação de muitos soldados com terras confiscadas e organização de uma lista de adversários políticos ou pessoais que deveriam ser assassinados ou desterrados.[76]

No ano 79 a.C. Sila se retira da política e o poder passa a ser disputado pelos partidos durante vários anos. Nessa época, a República romana não teve paz. Além das lutas por conquistas externas, surgiram problemas de fome, carestia e desemprego. Entre os políticos que disputavam o poder, três fizeram uma aliança para governar o mundo romano.[77]

Triunviratos

Estátua de Júlio César no Fórum Imperial, Roma, Itália. Trata-se de uma obra moderna, em bronze.

Formou-se o que se chamou de primeiro triunvirato (três no poder), formado por Pompeu, Crasso e Júlio César. Cada um passou a administrar uma parte do grande domínio romano: Pompeu ficou em Roma, Crasso foi para o Oriente e César ficou com o governo das Gálias. Crasso morreu em combate no Oriente (53 a.C.). Júlio César, ambicioso e já com grande popularidade em Roma, ganhou a desconfiança do Senado romano, que passou a apoiar Pompeu. Mas César marchou sobre Roma e dominou as tropas de Pompeu, que fugiu para o Egito, onde foi assassinado. César tornou-se, então, senhor absoluto do poder, ditador vitalício, e aspirava também ao título de rei.[77]

No curto espaço de tempo do seu governo, César realizou um grande programa de reforma:[77]

  • pôs ordem na cidade;
  • reduziu o número de pessoas que recebiam gratuitamente do governo alimentação e diversão (pão e circo);[78]
  • fez com que os agricultores voltassem aos campos;
  • cada cidadão romano só podia ter de 1 a 2 escravos;
  • aumentou o número de funcionários;
  • deu início a grandes obras públicas;
  • diminuiu o poder do Senado e reuniu os poderes nas próprias mãos.[78]

O Senado Romano, sentindo-se muito diminuído nos seus poderes e temendo que César voltasse ao sistema de realeza, conspirou contra a sua vida. No dia 15 de março de 44 a.C., em pleno Senado, conspiradores cercaram o ditador e o apunhalaram. Entre os assassinos estava Bruto, filho adotivo de César.[78]

Mas as coisas não aconteceram como o Senado esperava, isto é, mais poder para os senadores e para a aristocracia. De fato, um grupo de políticos assumiu o poder, formando o segundo triunvirato, com Marco Antônio, Otávio e Lépido, no ano 43 a.C.[78]

Como no primeiro triunvirato, os líderes dividiram o domínio romano: Otávio ficou com o Ocidente, Marco Antônio com o Oriente e Lépido com a África.[78]

Lépido acabou sendo afastado da política e os dois outros entraram em choque. Marco Antônio, apaixonado por Cleópatra (rainha do Egito), prometeu-lhe territórios da República romana. O Senado romano autorizou Otávio a declarar guerra a Marco Antônio e Cleópatra. Marco Antônio, vencido, suicidou-se e Otávio assumiu como senhor absoluto de Roma. Terminava a República romana e tinha início o Império, no ano 27 a.C.[78]

Império Romano

Augusto (27 a.C. a 14 d.C.)

Busto de Augusto, na Gliptoteca de Munique.

Com ele teve fim a república e iniciou-se o Império Romano, em 27 a.C.. Augusto governou até o ano 14 a.C.. O período do seu governo foi considerado um ponto alto do Império Romano. Segundo a tradição cristã, foi nessa época que nasceu Jesus Cristo, personagem cujo nascimento serviu de base para nova contagem de tempo na História.[79]

Seu governo foi marcado pela paz, pela ordem, pela prosperidade econômica e intelectual. Augusto e Caio Cílnio Mecenas, um rico cidadão romano, auxiliaram financeiramente muitos artistas, como os poetas Virgílio, Horácio, Ovídio e o historiador Tito Lívio. Augusto ampliou as fronteiras do império e embelezou a cidade de Roma.[79]

O Senado lhe deu o título de Augusto, que quer dizer "divino". Com a morte de Otávio Augusto, assumiu seu filho Tibério Cláudio.[79]

Imperadores romanos

Desde Augusto até o ano 395 d.C., vários imperadores administraram o Império Romano. Inicialmente, houve quatro famílias (dinastias) de imperadores: a dinastia júlio-claudiana (14-69), a dinastia flaviana (69-96), a dinastia antonina (96-192), a dinastia severa (192-235). De 235 a 284, houve um período de anarquia militar, em que se sucederam 26 imperadores. Daí até 395 d.C., governaram Diocleciano, Constantino, Juliano e Teodósio I. Este, no ano 395, dividiu o Império Romano entre seus dois filhos, ficando Honório com o Ocidente (capital Roma) e Acádio com o Oriente (capital Constantinopla). O último imperador do Ocidente foi Rômulo Augusto, deposto pelos bárbaros de Odoacro no ano 476 d.C., quando então começa a Idade Média. O Império Romano do Oriente ainda durou mil anos, terminando no ano de 1453, quando os turcos otomanos dominaram a cidade de Constantinopla, acabando definitivamente o Império Romano e tendo início a Idade Moderna.[79]

Alguns imperadores e fatos de seus governos:[80]

  • Tibério (14-37): Sucedeu Augusto. Foi bom administrador, melhorou as finanças e deu continuidade às obras de Augusto. Perseguiu os inimigos e tornou-se antipático ao povo, que gritava nas ruas: "Vamos jogar Tibério no Tibre". Acabou assassinado.[80]
  • Cláudio (41-54): Colocado no poder pela poderosa guarda pretoriana. Homem culto, deixou obras escritas. Fez bom governo. Mandou matar sua mulher Messalina e casou com Agripina, que o envenenou para por no trono seu filho Nero.[80]
  • Vespasiano (69-79): Era honesto, trabalhador, inteligente e autoritário. Com ele iniciou-se um longo período de paz e prosperidade no Império. Deu emprego a grande número de proletários aproveitados nas grandes construções e estradas. Mandou construir o famoso Coliseu, em Roma.[80]
  • Trajano (98-117): De família romanizada da Hispânia, Trajano fez ótima administração, diminuindo os impostos e mesmo assim aumentando os rendimentos do governo. Estabeleceu o crédito agrícola, deu assistência aos pobres. Embelezou a cidade com obras públicas, como o Fórum de Trajano, uma das mais belas construções do mundo romano.[80]
  • Calígula (37-41): Assumiu apoiado pelo povo e pelo Senado. Sofria de desequilíbrio mental, chegando mesmo a levar seu cavalo Incitatus ao Senado e nomeá-Io senador. Obrigou os judeus a adorarem sua imagem. Acabou assassinado.[80]
  • Nero (54-68): Filho de Agripina. Muito jovem no poder, fez inicialmente boa administração. Muito cedo deu vazão a seus instintos perversos. Mandou matar a mãe Agripina, o irmão e todos aqueles que criticassem suas loucuras. Em 64, houve um incêndio em Roma atribuído a Nero. Mas ele acusou os cristãos pelo fato, mandando matar grande número deles. Acabou abandonado por todos, fazendo-se matar por um escravo.[81]
  • Tito (79-81): Filho de Vespasiano, combateu uma revolta dos judeus ainda no governo do pai. Pacífico e generoso, foi apelidado de "Delícias do Gênero Humano". Teve seu curto governo marcado por desgraças: incêndio em Roma, uma peste e a erupção do Vesúvio, que soterrou de lava as cidades de Pompeia e Herculano.[81]
  • Adriano (117-138): Imperador pacífico e culto. Amante da cultura helenística, ele sabia escrever, era poeta e cantor. Costumava viajar e resolver pessoalmente os problemas das províncias. Manteve a unidade do império e construiu uma muralha de 100 km para dificultar a penetração de povos bárbaros vindos do Norte.[81]
  • Constantino (312-337): Um dos mais importantes imperadores romanos, Constantino fez ótima administração e reconstruiu Bizâncio como Constantinopla para ser a nova capital do império. Em 313, com o Édito de Milão, deu liberdade de culto religioso aos cristãos.[81]

Religião romana

Os romanos, como a maioria dos povos antigos, eram politeístas. Eles eram originariamente um povo de pastores e camponeses e, portanto, voltados ao culto e adoração das forças da natureza. Entre as divindades ligadas à agricultura, estavam Saturno (protetor dos plantios), Flora (protetora das flores), Pamona (protetora dos frutos e colheitas) e Ceres (deusa da fecundidade dos campos). Dentro das casas, os romanos tinham um altar próprio para o culto aos familiares e antepassados, chamados deuses lares. Os cultos eram familiares ou públicos.[82] O culto doméstico era celebrado pelo pater familias e o culto público pelo pontífice máximo, pelos sacerdotes e sacerdotisas. Em Roma, ficaram famosas as sacerdotisas chamadas vestais, virgens que dedicavam parte de sua vida ao culto da deusa Vesta, protetora de Roma.[83]

Em contato com outras culturas, os romanos importaram vários deuses, principalmente da Grécia, que receberam nomes latinos. Veja, a seguir, um quadro de correspondência entre as divindades gregas e romanas.[83]

Deuses gregos Deuses romanos[83]
Zeus Júpiter
Hera Juno
Afrodite Vênus
Apolo Febo
Ares Marte
Hermes Mercúrio
Posidão Netuno
Atena Minerva
Dionísio Baco
Hades Plutão
Héstia Vesta
Deméter Ceres
Ártemis Diana
Hefaístos Vulcano[83]

Os romanos eram supersticiosos, procuravam ver o futuro e o destino através da análise do voo dos pássaros, de suas vísceras e das forças da natureza. O Estado dava grande importância aos deuses e atos religiosos, que recebiam proteção do próprio senado.[83]

Martírio de São Pedro, por Caravaggio.

No governo do imperador Augusto, nasceu Jesus Cristo, que fundou o cristianismo, uma religião que em pouco tempo atraiu milhares de seguidores fervorosos. A nova religião trazia novos valores morais, como o amor e o respeito ao próximo de qualquer condição social, e prometia aos bons uma recompensa numa vida após a morte, pois a alma era imortal. O imperadores viram o culto aos seus deuses enfraquecer e notaram na nova religião uma ameaça ao próprio Império (porque para os cristãos os deuses não tinham valor e o imperador era simplesmente um mortal, não uma pessoa divina). Assim, desencadearam uma violenta perseguição aos cristãos, que preferiam morrer estraçalhados nos circos e arenas a renunciar à fé em Jesus Cristo. No Coliseu, enorme praça de espetáculos, os pagãos se divertiam lançando centenas de homens, mulheres e crianças para serem devorados vivos pelas feras. Foi a chamada "época dos mártires", entre eles São Pedro e São Paulo, que foram crucificados.[83]

Os cristãos formaram comunidades locais, denominadas Igrejas, sob a autoridade pastoral de um bispo. O bispo de Roma, sucessor do apóstolo Pedro, exercia o primado sobre todas as Igrejas. A vida cristã estava centralizada em torno da Eucaristia e o repúdio do gnosticismo [84] foi a grande vitória doutrinal da primitiva Igreja.[85]

Durante três séculos o Império Romano perseguiu os cristãos, porque a sua religião era vista como uma ofensa ao Estado, pois representava outro universalismo e proibia os fiéis de prestarem culto religioso ao soberano imperial. Durante a perseguição, e apesar dela, o cristianismo propagou-se pelo império. Neste período os únicos lugares relativamente seguros em que se podiam reunir eram as catacumbas, cemitérios subterrâneos. O cristianismo teve de se converter numa espécie de sociedade secreta, com os seus sinais convencionais de reconhecimento. Para saber se outra pessoa era cristã, por exemplo, desenhava-se um peixe , pois a palavra grega ichtys (peixe) era o anagrama da frase Iesos Christos Theou Hyios Soter (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador).[86]

As principais e maiores perseguições foram as de Nero, no século I, a de Décio no ano 250, a de Valeriano (253-260) e a maior, mais violenta e última a de Diocleciano entre 303 e 304, que tinha por objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última perseguição constituiu-se num rotundo fracasso. Diocleciano, após ter renunciado, ainda viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade graças ao Édito de Milão, iniciando-se a Paz na Igreja. A perseguição de Diocleciano ou "grande perseguição" foi a última e talvez a mais sangrenta perseguição aos cristãos no Império Romano.

Em 303, o imperador Diocleciano e seus colegas Maximiano, Galério e Constâncio Cloro emitiram uma série de éditos em que revogavam os direitos legais dos cristãos e exigiam que estes cumprissem as práticas religiosas tradicionais. Decretos posteriores dirigidos ao clero exigiam o sacrifício universal, ordenando a realização de sacrifícios às divindades romanas. A perseguição variou em intensidade nas várias regiões do império: as repressões menos violentas ocorreram na Gália e Britânia, onde se aplicou apenas o primeiro édito; enquanto que as mais violentas se deram nas províncias orientais. Embora as leis persecutórias tenham indo sendo anuladas por diversos imperadores nas épocas subsequentes, tradicionalmente o fim das perseguições aos cristãos foi marcado pelo Édito de Milão de Valério Licínio e Constantino, o Grande.[87]

A grande perseguição não logrou controlar o crescimento da Igreja. Em 324, Constantino era o único governante do império e o cristianismo era agora a religião por ele mais favorecida. Embora a perseguição tenha resultado nas mortes de 3000 cristãos — de acordo com estimativas recentes.[88]

Cultura romana

Direito romano

O mais importante legado que os romanos deixaram para a humanidade foram suas conquistas no campo do direito.[83] No direito romano encontram-se as raízes do direito e da legislação dos países modernos.[89] Assim como os gregos deixaram ao mundo a filosofia e a arte de organizar o pensamento, os romanos deixaram para a humanidade a ciência do direito. O direito é fundamental para garantir a ordem, o relacionamento social, a liberdade e os bens.[90]

Literatura e filosofia romanas

Na poesia, distinguiram-se os poetas Virgílio (autor de Eneida, que narra a vinda de Eneias de Troia para a península Itálica), Ovidio (autor de Arte de amar e de Metamorfoses), Horácio (autor de Odes). Entre os historiadores destacaram-se Júlio César (autor de A Guerra das Gálias), Tito Lívio (autor de História de Roma, em 142 livros), Suetônio (autor de Vida dos Doze Césares), Tácito (autor de Histórias e Anais). Outros nomes das letras romanas: Paluto e Terêncio foram teatrologos; Cícero, grande orador romano, autor de Catilinárias: contra Catilina, traidor da República; Sêneca e o imperador Marco Aurélio foram filósofos; Plutarco escreveu Vidas paralelas e Petrônio escreveu Satiricon.[90]

Arte romana

Os romanos tinham espírito prático e não desenvolveram as artes à maneira dos gregos, espíritos mais sensíveis. Sobressaíram-se na arquitetura. Grandes estádios, circos e anfiteatros, como o Coliseu, que era uma construção circular, com uma arena no centro e alojamentos para atores, gladiadores e feras, com condições até de acumular água para batalhas navais. Nos circos havia competições de carros puxados por cavalos, como as bigas e quadrigas. Construíram aquedutos, para levar água potável a longas distâncias. O aqueduto Aqua Claudia, por exemplo, levava água para Roma numa distância de 69 km. Construíram-se grandes e belíssimas termas para banhos públicos ou particulares. Edifícios públicos como o fórum, palácios, templos e casas artisticamente construldas. Famosas também foram as enormes colunas, como a de Trajano, em Roma. A engenharia e a arquitetura romanas deixaram obras de alto valor arquitetônico, como pontes, arcos e pórticos.[90]

Um romano fala dos romanos

Antiguidade na América

Civilização Maia

Ver artigo principal: Maias

A civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana, notável por sua língua escrita (único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua arte, arquitetura, matemática e sistemas astronômicos. Inicialmente estabelecidas durante o período pré-clássico (1000 a.C. a 250 d.C.), muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado estado de desenvolvimento durante o período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), continuando a se desenvolver durante todo o período pós-clássico, até a chegada dos espanhóis. No seu auge, era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo. A civilização maia divide muitas características com outras civilizações da Mesoamérica, devido ao alto grau de interação e difusão cultural que caracteriza a região. Avanços como a escrita, epigrafia e o calendário não se originaram com os maias; no entanto, sua civilização se desenvolveu plenamente. A influência dos maias pode ser detectada em países como Honduras, Guatemala, El Salvador e na região central do México, a mais de 1 000 km da área maia. Muitas influências externas são encontrados na arte e arquitetura Maia, o que acredita-se ser resultado do intercâmbio comercial e cultural, em vez de conquista externa direta. Os povos maias nunca desapareceram, nem na época do declínio no período clássico, nem com a chegada dos conquistadores espanhóis e a subsequente colonização espanhola das Américas. Hoje, os maias e seus descendentes formam populações consideráveis em toda a área antiga maia e mantêm um conjunto distinto de tradições e crenças que são o resultado da fusão das ideologias pré-colombianas e pós-conquista (e estruturado pela aprovação quase total ao catolicismo romano). Muitas línguas maias continuam a ser faladas como línguas primárias ainda hoje; o Rabinal Achí, uma obra literária na língua achi, foi declarada uma obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 2005

Decadência

Um relevo de estuque de Palenque retratando Upakal K'inich

Nos séculos VIII e IX, a cultura maia clássica entrou em decadência, abandonando a maioria das grandes cidades e as terras baixas centrais. A guerra, doenças, inundações e longas secas, ou ainda a combinação destes fatores, são frequentemente sugeridos como os motivos da decadência[91].

Existem evidências de uma era final em que a violência se expandia: cidades amplas e abertas foram então fortemente guarnecidas por muradas, às vezes visivelmente construídas às pressas. Teoriza-se também com revoltas sociais em que classes campesinas acabaram se revoltando contra a elite urbana nas terras baixas centrais.

Os estados maias pós-clássicos também continuaram prosperando nos altiplanos do sul. Um dos reinos maias desta área, Quiché, é o responsável pelo mais amplo e famoso trabalho de historiografia e mitologia maias, o "Popol Vuh".

Ciência e tecnologia

Urbanismo
Ficheiro:Acropolís san andres.jpg
Maquete da acrópole de San Andrés

Ainda que as cidades maias estivessem dispersas na diversidade da geografia da Mesoamérica, o efeito do planejamento parecia ser mínimo; suas cidades foram construídas de uma maneira um pouco descuidada, como ditava a topografia e declive particular. A arquitetura maia tendia a integrar um alto grau de características naturais. Por exemplo, algumas cidades existentes nas planícies de pedra calcária no norte do Iucatã se converteram em municipalidades muito extensas enquanto que outras, construídas nas colinas das margens do rio Usumacinta, utilizaram os declives e montes naturais de sua topografia para elevar suas torres e templos a alturas impressionantes. Ainda assim prevalece algum sentido de ordem, como é requerido por qualquer grande cidade[92].

No começo da construção em grande escala, geralmente se estabelecia um alinhamento com as direções cardinais e, dependendo do declive e das disponibilidades de recursos naturais como água fresca (poços ou cenotes), a cidade crescia conectando grandes praças com as numerosas plataformas que formavam os fundamentos de quase todos os edifícios maias, por meio de calçadas chamadas sacbeob (singular sacbe).

Cenote Sagrado de Chichén Itzá

No coração das cidades maias existiam grandes praças rodeadas por edifícios governamentais e religiosos, como a acrópole real, grandes templos de pirâmides e ocasionalmente campos de jogo de bola[92]. Imediatamente para fora destes centros rituais estavam as estruturas das pessoas menos nobres, templos menores e santuários individuais. Entretanto, quanto menos sagrada e importante era a estrutura, maior era o grau de privacidade. Uma vez estabelecidas, as estruturas não eram desviadas de suas funções nem outras eram construídas, mas as existentes eram frequentemente reconstruídas ou remodeladas.

As grandes cidades maias pareciam tomar uma identidade quase aleatória, que contrasta profundamente com outras cidades da Mesoamérica como Teotihuacán em sua construção rígida e quadriculada[93].

Ainda que a cidade se dispusesse no terreno na forma em que a natureza ditara, se punha cuidadosa atenção à orientação dos templos e observatórios para que fossem construídos de acordo com a interpretação maia das órbitas das estrelas. Afora os centros urbanos constantemente em evolução, existiam os lugares menos permanentes e mais modestos do povo comum.

O desenho urbano maia pode descrever-se singelamente como a divisão do espaço em grandes monumentos e calçadas. Neste caso, as praças públicas ao ar livre eram os lugares de reunião para as pessoas[93]. Por esta razão, o enfoque no desenho urbano tornava o espaço interior das construções completamente secundário. Somente no período pós-clássico tardio, as grandes cidades maias se converteram em fortalezas que já não possuíam, a maioria das vezes, as grandes e numerosas praças do período clássico.

A economia dos Maias

A base econômica dos maias era a agricultura, principalmente do milho, praticada com a ajuda da irrigação, utilizando técnicas rudimentares e itinerantes, o que contribuiu para a destruição de florestas tropicas nas regiões onde habitavam, desenvolveram também atividades comerciais cuja classe dos comerciantes gozavam de grandes privilégios[94].

Como unidade de troca, utilizavam sementes de cacau e sinetas de cobre, material que empregavam também para trabalhos ornamentais, ao lado do ouro, da prata, do jade, das conchas do mar e das plumas coloridas. Entretanto, desconheciam as ferramentas metálicas[95].

Atividades agrícolas e comerciais

Os maias cultivavam o milho (três espécies), algodão, tomate, cacau, batata e frutas. Domesticaram o peru e a abelha que serviam para enriquecer sua dieta, à qual somavam também a caça e a pesca[94].

É importante observar que por serem os recursos naturais escassos não lhes garantindo o excedente que necessitavam a tendência foi desenvolverem técnicas agrícolas, como terraços, por exemplo, para vencer a erosão[95]. Os pântanos foram drenados para se obter condições adequadas ao plantio. Ao lado desses progressos técnicos, observamos que o cultivo de milho se prendia ao uso das queimadas[94]. Durante os meses da seca, limpavam o terreno, deixando apenas as árvores mais frondosas[96]. Em seguida, ateavam fogo para limpá-lo deixando o campo em condições de ser semeado. Com um bastão faziam buracos onde se colocavam as sementes.

Dada a forma com que era realizado o cultivo a produção se mantinha por apenas dois ou três anos consecutivos. Com o desgaste certo do solo, o agricultor era obrigado a procurar novas terras[94]. Ainda hoje a técnica da queimada, apesar de prejudicar o solo, é utilizada em diversas regiões do continente americano[95].

As Terras Baixas concentraram uma população densa em áreas pouco férteis. Com produção pequena para as necessidades da população, foi necessário não apenas inovar em termos de técnicas agrícolas, como também importar de outras regiões produtos como o milho, por exemplo.

O comércio era dinamizado com produtos como o jade, plumas, tecidos, cerâmicas, mel, cacau e escravos, através das estradas ou de canoas[95].

Escrita maia

O sistema de escrita maia (geralmente chamada hieroglífica por uma vaga semelhança com a escrita do antigo Egito, com o qual não se relaciona) era uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas. É o único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo.[97]

As decifrações da escrita maia têm sido um longo e trabalhoso processo. Algumas partes foram decifradas no final do século XIX e início do século XX (em sua maioria, partes relacionadas com números, calendário e astronomia), mas os maiores avanços se fizeram nas décadas de 1960 e 1970 e se aceleraram daí em diante de maneira que atualmente a maioria dos textos maias podem ser lidos quase completamente em seus idiomas originais. Lamentavelmente, os sacerdotes espanhóis, em sua luta pela conversão religiosa, ordenaram a queima de todos os códices maias logo após a conquista.

Assim, a maioria das inscrições que sobreviveram são as que foram gravadas em pedra e isto porque a grande maioria estava situada em cidades já abandonadas quando os espanhóis chegaram.

Página do chamado códice de Madrid

Os livros maias, normalmente tinham páginas semelhantes a um cartão, feitas de um tecido sobre o qual aplicavam uma película de cal branca sobre a qual eram pintados os caracteres e desenhadas ilustrações. Os cartões ou páginas eram atadas entre si pelas laterais de maneira a formar uma longa fita que era dobrada em zigue-zague para guardar e desdobrada para a leitura.[98]

Atualmente, restam apenas três destes livros e algumas outras páginas de um quarto, de todas as grandes bibliotecas então existentes. Frequentemente, são encontrados, nas escavações arqueológicas, torrões retangulares de gesso que parecem ser restos do que fora um livro depois da decomposição do material orgânico.

Relativamente aos poucos escritos maias existentes, Michael D. Coe, um proeminente arqueólogo da Universidade de Yale, disse:

Livros maias
Matemática maia
Grafia dos números maias

Os maias (ou seus predecessores olmecas) desenvolveram independentemente o conceito de zero (de fato, parece que estiveram usando o conceito muitos séculos antes do velho mundo), e usavam um sistema de numeração de base . As inscrições nos mostram, em certas ocasiões, que trabalhavam com somas de até centenas de milhões. Produziram observações astronômicas extremamente precisas; seus diagramas dos movimentos da Lua e dos planetas se não são iguais, são superiores aos de qualquer outra civilização que tenha trabalhado sem instrumentos óticos. Ao encontro desta civilização com os conquistadores espanhóis, o sistema de calendários dos maias já era estável e preciso, notavelmente superior ao calendário gregoriano.

Cultura maia

Arte maia
Mural com afresco em Bonampak

Muitos consideram a arte maia da Era Clássica (200 a 900 d.C.) como a mais sofisticada e bela do Novo Mundo antigo. Os entalhes e relevos em estuque de Palenque e a estatuária de Copán são especialmente refinados, mostrando uma graça e observação precisa da forma humana, que recordaram aos primeiros arqueólogos da civilização do Velho Mundo, daí o nome dado à era.

Somente existem fragmentos da pintura avançada dos maias clássicos, a maioria sobrevivente em artefatos funerários e outras cerâmicas. Também existe uma construção em Bonampak que tem murais antigos e que, afortunadamente, sobreviveram a um acidente desconhecido até hoje.

Com as decifrações da escrita maia se descobriu que essa civilização foi uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos.

Religião maia

Pouco se sabe a respeito das tradições religiosas dos maias: a sua religião ainda não é completamente entendida por estudiosos. Assim como os astecas e os incas[99], os maias acreditavam na contagem cíclica natural do tempo. Os rituais e cerimônias eram associados a ciclos terrestres e celestiais que eram observados e registrados em calendários separados<. Os sacerdotes maias tinham a tarefa de interpretar esses ciclos e fazer um panorama profético sobre o futuro ou passado com base no número de relações de todos os calendários. A purificação incluia jejum, abstenção sexual e confissão. A purificação era normalmente praticada antes de grandes eventos religiosos. Os maias acreditavam na existência de três planos principais no cosmo: a Terra, o céu e o submundo.

Os maias sacrificavam humanos e animais como forma de renovar ou estabelecer relações com o mundo dos deuses. Esses rituais obedeciam diversas regras. Normalmente, eram sacrificados pequenos animais, como perus e codornas, mas nas ocasiões muito excepcionais (tais como adesão ao trono, falecimento do monarca, enterro de algum membro da família real ou períodos de seca) aconteciam sacrifícios de humanos. Acredita-se que crianças eram muitas vezes oferecidas como vítimas sacrificiais porque os maias acreditavam que essas eram mais puras.

Os deuses maias não eram entidades separadas como os deuses gregos. Também não existia a separação entre o bem e o mal e nem a adoração de somente um deus regular, mas sim a adoração de vários deuses conforme a época e situação que melhor se aplicava para aquele deus

Arquitetura maia
Ver artigo principal: Arquitetura maia

A arquitetura maia abarca vários milênios; ainda assim, mais dramática e facilmente reconhecíveis como maias são as fantásticas pirâmides escalonadas do final do período pré-clássico em diante. Durante este período da cultura maia, os centros de poder religioso, comercial e burocrático cresceram para se tornarem incríveis cidades como Chichén Itzá, Tikal e Uxmal. Devido às suas muitas semelhanças assim como diferenças estilísticas, os restos da arquitetura maia são uma chave importante para o entendimento da evolução de sua antiga civilização

Campo de jogo de bola em Tikal, na Guatemala
Materiais de construção
Tijolo de Comalcalco.

Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de muitas das tecnologias avançadas que poderiam parecer necessárias a tais construções. Não há notícia do uso de ferramentas de metal, polias ou veículos com rodas. A construção maia requeria um elemento com abundância, muita força humana, embora contasse com abundância dos materiais restantes, facilmente disponíveis.

Toda a pedra usada nas construções maias parece ter sido extraída de pedreiras locais; com maior frequência era usada pedra calcária, que, ainda que extraída e exposta, permanecia adequada para ser trabalhada e polida com ferramentas de pedra, só endurecendo muito tempo depois.[100]

Além do uso estrutural de pedra calcária, esta era usada em argamassas feitas do calcário queimado e moído, com propriedades muito semelhantes às do atual cimento, geralmente usada para revestimentos, tetos e acabamentos e para unir as pedras apesar de, com o passar do tempo e da melhoria do acabamento das pedras, reduzirem esta última técnica, já que as pedras passaram a se encaixar quase perfeitamente. Ainda assim o uso da argamassa permaneceu crucial em alguns tetos de postes e vergas sobre portas e janelas (dintel).[101]

Quando se tratava das casas comuns, os materiais mais usados eram as estruturas de madeira, adobe nas paredes e cobertura de palha, embora tenham sido descobertas casas comuns feitas de pedra calcária, senão total mas parcialmente. Embora não muito comum, na cidade de Comalcalco, foram encontrados ladrilhos de barro cozido, possivelmente solução encontrada para o acabamento em virtude da falta de depósitos substanciais de boa pedra.

Processo de construção
Ruínas de Palenque

Todas as evidências parecem sugerir que a maioria dos edifícios foi construída sobre plataformas aterradas cuja altura variava de menos de um metro, no caso de terraços e estruturas menores, a até quarenta e cinco metros, no caso de grandes templos e pirâmides. Uma trama inclinada de pedras partia das plataformas em pelo menos um dos lados, contribuindo para a aparência bi-simétrica comum à arquitetura maia. Dependendo das tendências estilísticas que prevaleciam na área e época, estas plataformas eram construídas de um corte e um aterro de entulhos densamente compactado. Como no caso de muitas outras estruturas, os relevos maias que os adornavam, quase sempre se relacionavam com o propósito da estrutura a que se destinavam. Depois de terminadas, as grandes residências e os templos eram construídos sobre as plataformas. Em tais construções, sempre erguidas sobre tais plataformas, é evidente o privilégio dado ao aspecto estético exterior em contra-ponto à pouca atenção à utilidade e funcionalidade do interior.

Imagem 3D do grupo de templos de Palenque ao qual se integra o Templo da Cruz

Parece haver um certo aspecto repetitivo quanto aos vãos das construções nos quais os arcos (como curvas) são raros, mas frequentemente retos, angulados ou imbricados, tentando mais reproduzir a aparência de uma cabana maia, do que efetivamente incrementar o espaço interior. Como eram necessárias grossas paredes para sustentar o teto, alguns edifícios das épocas mais posteriores utilizaram arcos repetidos ou uma abóbada arqueada para construir o que os maias denominavam pinbal, ou saunas, como a do Templo da Cruz em Palenque. Ainda que completadas as estruturas, a elas iam-se anexando extensos trabalhos de relevo ou pelo menos reboco para aplainar quaisquer imperfeições. Muitas vezes sob tais rebocos foram encontrados outros trabalhos de entalhes e dintéis e até mesmo pedras de fachadas. Comumente a decoração com faixas de relevos era feita em redor de toda a estrutura, provendo uma grande variedade de obras de arte relativas aos habitantes ou ao propósito do edifício. Nos interiores, e notadamente em certo período, foi comum o uso de revestimentos em reboco primorosamente pintados com cenas do uso cotidiano ou cerimonial.

Há sugestão de que as reconstruções e remodelações ocorriam em virtude do encerramento de um ciclo completo do calendário maia de conta larga, de 52 anos. Atualmente, pensa-se que as reconstruções eram mais instigadas por razões políticas do que pelo encerramento do ciclo do calendário, já que teria havido coincidência com a data da assunção de novos governantes.

Não obstante, o processo de reconstrução em cima de estruturas velhas é uma prática comum. Notavelmente, a acrópole de Tikal, parece ser a síntese de um total de 1500 anos de modificações arquitetônicas.

Construções notáveis
Ruínas de construções maias no México.
  • Plataformas cerimoniais

Estas eram comumente plataformas de pedra calcária com muros de menos de quatro metros de altura onde se realizavam cerimônias públicas e ritos religiosos. Construídas nas grandes plataformas, eram ao menos realçadas com figuras talhadas em pedra e às vezes tzompantli ou uma estaca usada para exibir as cabeças das vítimas geralmente os derrotados nos jogos de bola mesoamericanos.

  • Palácios
Palácio de Palenque

Grandes e geralmente muito decorados, os palácios geralmente ficavam próximos do centro das cidades e hospedavam a elite da população. Qualquer palácio real grande ou ao menos que tivesse várias câmaras ou erguido em vários níveis, tem sido chamado de acrópole. Tais construções consistiam de várias pequenas câmaras ou pelo menos um pátio interno, parecendo propositadas a servirem de residência a uma pessoa ou pequeno grupo familiar decorada como tal.

Os arqueólogos parecem estar de acordo em que muitos palácios são também o lugar de muitas tumbas mortuárias. Em Copán, debaixo de 400 anos de remodelações posteriores, se descobriu a tumba de um de seus antigos governantes e a acrópole de Tikal parece ter sido o lugar de vários sepultamentos do final do período pré-clássico e início do clássico.

Existe, no entanto, alguns arqueólogos que afirmam serem os palácios locais não muito prováveis para a morada da elite governante, uma vez que tais moradas mostram-se demasiadamente infestadas de morcegos e um tanto quanto desconfortáveis; sugerindo - assim - ser um espécie de mosteiro ou quartéis para as comunidades sacerdotais. Nessa linha de pensamento, contudo, caímos em uma outra rua sem saída: não existem comprovações da existência de ordens eclesiásticas ou monásticas nos tempos clássicos. Concluir, portanto, que fossem moradas das classes governamentais - neste contexto - é a solução mais viável; o que não impede a existência de diversas teorias sobre a origem e a função de tais palácios.

  • Grupos E

Os estudiosos têm denominado de "Grupo E" à frequentemente encontrada formação de três pequenas construções, sempre situadas a oeste das cidades, tratando-se de um intrigante mistério a sua recorrência.

Estas construções sempre incluem pelo menos uma pequena pirâmide-templo a oeste da praça principal que tem sido aceita como observatório devido ao seu preciso posicionamento em relação ao Sol, quando observado da pirâmide principal nos solstícios e equinócios. Outras teses sugerem que sua localização reproduz ou pelo menos se relaciona com a história da criação do universo segundo a mitologia maia, posto que vários de seus adornos a ela, frequentemente, se referem.

  • Pirâmides e templos
Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá

Com frequência os templos religiosos mais importantes se encontravam em cima das pirâmides maias, supostamente por ser o lugar mais perto do céu. Embora recentes descobertas apontem para o uso extensivo de pirâmides como tumbas, os templos raramente parecem ter contido sepulturas. A falta de câmaras funerárias indica que o propósito de tais pirâmides não é servir como tumbas e se as encerram isto é incidental.

Pelas íngremes escadarias, se permitia aos sacerdotes e oficiantes o acesso ao cume da pirâmide onde havia três pequenas câmaras com propósitos rituais. Os templos sobre as pirâmides, a mais de 70 metros de altura, como em El Mirador, de onde se descortinava o horizonte ao longe, constituíram estruturas impressionantes e espetaculares, ricamente decoradas. Comumente possuíam uma crista sobre o teto, ou um grande muro que, teorizam, poderia ter servido para a escrita de sinais rituais para serem vistos por todos.

Como eram ocasionalmente as únicas estruturas que excediam a altura da selva, as cristas sobre os templos eram minuciosamente talhadas com representações dos governantes que se podiam ver de grandes distâncias. Debaixo dos orgulhosos templos estavam as pirâmides que eram, em última instância, uma série de plataformas divididas por escadarias empinadas que davam acesso ao templo.

  • Observatórios astronômicos
Kukulkán é o nome maia de Quetzalcóatl, aqui desenhado a partir de um baixo-relevo de Yaxchilan

Os maias foram excepcionais astrônomos e mapearam as fases e cursos de diversos corpos celestes, especialmente da Lua e de Vênus.

Muitos de seus templos tinham janelas e miras demarcatórias (e provavelmente outros aparatos) para acompanhar e medir o progresso das rotas dos objetos observados. Templos arredondados, quase sempre relacionados com Kukulcán, são talvez os mais descritos como observatórios pelos mais modernos guias turísticos de ruínas, mas não há evidências que o seu uso tinha exclusivamente esta finalidade.

Em vários templos sobre pirâmides foram encontradas marcações de miras que indicam que observações astronômicas também foram feitas dali.

  • Campos de jogo de bola
Grande estádio em Chichén Itzá
Ver artigo principal: Jogo de bola mesoamericano

Um aspecto do estilo de vida mesoamericano é o seu jogo de bola ritual e seus campos ou estádios, que foram construídos por todo o império maia em grande escala.

Estes estádios normalmente situavam-se nos centros das cidades. Tratava-se de espaços amplos entre duas laterais de plataformas ou rampas escalonadas paralelas, em forma de "I" maiúsculo direcionado para uma plataforma cerimonial ou templo menor. Tais campos foram encontrados na maioria das cidades maias, exceto nas menores.[102]

(Obs.: Textos e imagens retirados do artigo principal Maias)

Ver também

Referências

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  2. «Introdução á Historia Antiga». www.enciclopedia.com.pt 
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  83. a b c d e f g CANTELE, Bruna Renata (1989). História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 146  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "CANTELE 146" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  84. O gnosticismo, que constituía uma verdadeira escola intelectual - apresentava-se como sendo uma sabedoria superior, apenas ao alcance de uma elite minoritária de iniciados, o representante mais notável deste corrente foi Marcião, que fundou uma pseudo-igreja, que procurava imitar a Igreja cristã na sua organização e liturgia - vide ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993.
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Bibliografia

  • CANTELE, Bruna Renata (1989?). História dinâmica antiga e medieval. 7ª série. [S.l.]: IBEP  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Volumes= ignorado (|volume=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Volume= ignorado (|volume=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda); Verifique data em: |ano= (ajuda)

Ligações externas

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