Caturama

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Caturama
  Município do Brasil  
Vista aérea da cidade
Vista aérea da cidade
Vista aérea da cidade
Símbolos
Bandeira de Caturama
Bandeira
Brasão de armas de Caturama
Brasão de armas
Hino
Gentílico caturamense
Localização
Localização de Caturama na Bahia
Localização de Caturama na Bahia
Localização de Caturama na Bahia
Caturama está localizado em: Brasil
Caturama
Localização de Caturama no Brasil
Mapa
Mapa de Caturama
Coordenadas 13° 19' 44" S 42° 17' 27" O
País Brasil
Unidade federativa Bahia
Municípios limítrofes Paramirim, Rio do Pires, Érico Cardoso, Botuporã e Macaúbas
Distância até a capital 621 km
História
Fundação 30 de junho de 1877 (146 anos)
Emancipação 13 de junho de 1989 (34 anos)
Administração
Prefeito(a) Paulo Humberto Neves Mendonça[1] (PSD, 2021 – 2024)
Vereadores 9
Características geográficas
Área total IBGE/2022[2] 716,261 km²
População total (Censo IBGE/2022[2]) 8 841 hab.
Densidade 12,3 hab./km²
Clima Tropical semiúmido e Tropical semiárido
Altitude 586 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 46575-000
Indicadores
IDH (PNUD/2010[3]) 0,571 baixo
PIB (IBGE/2020[4]) R$ 70 377,37 mil
PIB per capita (IBGE/2020[4]) R$ 7 554,46
Sítio caturama.ba.gov.br (Prefeitura)
www.camaracaturama.ba.gov.br (Câmara)

Caturama é um município brasileiro, localizado às margens do Rio Paramirim, do estado da Bahia. Sua população, conforme dados do Censo de 2022 do IBGE, é de 8 841 habitantes.[5]

Topônimo[editar | editar código-fonte]

O topônimo Caturama é oriundo do tupi, de duas palavras - “katu” (bom) e “rama” (onde)-, o que pode ser lido como “o que será bom”, mas é possível encontrar o topônimo também traduzido como "boa sorte" ou “boa terra”. O motivo de se encontrar vários significados para a palavra tupi "rama" se dá pelo fato desta palavra, nessa língua indígena, possuir várias definições, dependendo do contexto em que ela é empregada. Além disso, o significado do nome do município pode ser interpretado como "local às margens de um bom rio” ou simplesmente "cidade às margens do rio".[6]

História[editar | editar código-fonte]

Não existem registros conclusivos sobre a presença de populações indígenas no território que hoje constitui o município de Caturama antes da chegada dos europeus. Embora existam relatos não documentados sugerindo a presença de grupos indígenas Tapuias e Tuxás, pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani, na região, essas narrativas carecem de evidências materiais que confirmem uma ocupação permanente ou estabelecimento desses povos como residentes diretos nas terras.

O início da ocupação efetiva do território de Caturama pelos europeus remonta à metade do século XVIII. Este movimento de colonização pode ser inferido como uma consequência direta do impulso exploratório por riquezas minerais, em particular, após a descoberta de jazidas de ouro nas nascentes do Rio Paramirim por bandeirantes provenientes de São Paulo algumas décadas anteriormente. Este episódio insere-se no contexto mais amplo da expansão territorial e da busca por metais preciosos que marcaram o período colonial brasileiro, destacando a importância das expedições bandeirantes na exploração e no estabelecimento de novas áreas de colonização portuguesa na América do Sul.[7][8]

Entre 1838 e 1840, marcou-se o início da fixação dos seus primeiros habitantes, através da chegada das famílias Cardoso, Martins, Oliveira e Lages. Embora esses pioneiros tenham estabelecido as fundações da comunidade, seus descendentes diretos são escassamente representados na população atual. Com o assentamento das primeiras casas e a edificação de uma capela católica de idolatria a uma escultura de barro de um São Sebastião, surgiu o Arraial de São Sebastião de Macaúbas (hoje a sede de Caturama), pertencente, na época, à Vila de Macaúbas.[9]

A base econômica inicial do Arraial foi fortemente influenciada pela agricultura familiar, com destaque para o cultivo de cana-de-açúcar, algodão, mandioca e sisal, aproveitando as margens férteis e irrigadas do Rio Paramirim. Além da agricultura, a pecuária também desempenhou um papel significativo no desenvolvimento econômico da área. O local servia ainda como um importante ponto de repouso para tropeiros e aventureiros a caminho das ricas jazidas de diamante da Chapada Diamantina, contribuindo para a dinâmica social e econômica da região.[9]

Em meados do século XIX, vândalos chefiados por um grupo de ciganos invadiram o Arraial, mas foram derrotados pelos moradores locais. Na localidade, hoje chamada de Umbuzeiro, existia uma lagoa, e cadáveres ensanguentados foram jogados ali, tornando suas águas vermelhas, sendo este um dos episódios mais sangrentos da história de Caturama.[9]

No dia 30 de junho de 1877, a promulgação da Lei Provincial n° 1788 marcou um momento significativo na história de São Sebastião de Macaúbas, elevando o então Arraial à categoria de Freguesia. Essa mudança não apenas reconheceu formalmente a importância crescente da comunidade, mas também expandiu seu território administrativo.[10]

Com o crescimento populacional, comercial e econômico, chegaram a São Sebastião de Macaúbas repartições públicas. Por volta de 1897, instalaram-se os primeiros Cartório do Registro Civil e Juizado de Paz.[9]

O Decreto-Lei n.º 11089, de 30 de novembro de 1938, alterou o nome do distrito de São Sebastião de Macaúbas para Caturama.[10] A mudança de nome do então distrito ocorreu devido a outra legislação, o Decreto-Lei n.º 311 de março de 1938, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, que não permitia a existência de duas ou mais localidades com o mesmo nome no Brasil, haja vista haver um município no litoral de São Paulo chamado São Sebastião.[11]

Maquete representa o distrito de Caturama nos anos 1950.
Maquete, feita pelo artesão caturamense Waldir Madureira Costa, e posteriormente tratada digitalmente, retrata o distrito de Caturama nos anos 1950: à direita está a atual Rua Rui Barbosa, ao fundo a atual Praça da Matriz e à esquerda está a atual Rua Artur Antônio Costa.

[12]


Duas décadas depois, no dia 22 de março de 1962, através da Lei Estadual de n.º 1647, em seu artigo segundo, Caturama foi desmembrada de Macaúbas para se tornar distrito do recém-formado e constituído município de Botuporã.[13]

Passados 27 anos, em 13 de junho de 1989, a Lei Estadual n.º 5012 desmembrou partes do município de Botuporã e de Paramirim para formar o território do novo município de Caturama, com o CEP 46575-000. Realizou-se uma eleição extraordinária para escolher os primeiros prefeito, vice-prefeito e vereadores do município em 15 de novembro daquele ano. No dia 1º de janeiro de 1990, o prefeito eleito, José Carlos Marques da Silva, tomou posse, junto a primeira legislatura da Câmara Municipal.[10][14]

A autorização para a construção da primeira delegacia de Policia Civil na cidade ocorreu em 28 de dezembro de 1989, por meio do decreto estadual nº 3379.[15]

No ano de 1992, Walter Brandão foi o segundo gestor de Caturama, governando entre 1993 e 1996. Seguiram a ele Salomão Fernandes (1997 – 2000), José Carlos Marques da Silva (2001 – 2008, reeleito em 2004), Hugo Guedes Mendonça (2009 – 2016, reeleito em 2012) e Paulo Mendonça (2017 – 2024, reeleito em 2020).[9]

Caturama é um dos municípios mais novos e menores da Bahia, com pouco mais de 30 anos de emancipação e menos de 9 mil habitantes.

Festa Janeirão[editar | editar código-fonte]

Esta festividade era originalmente realizada pela Igreja Católico Romana local em idolatria a uma estátua em barro do S. Sebastião, provavelmente desde o início do século XX como um “baile de leilões”. O evento se tornou festivamente maior apenas quando a localidade se tornou município, possibilitando o uso de verbas públicas para a realização de eventos, como shows musicais e artísticos, surgindo assim o nome "Janeirão", cujo nome, provavelmente, é pelo fato da festa ser realizada durante o mês de janeiro.

A festividade costuma ocorrer durante os dias 17, 18 e 19 do mês de janeiro com atrações musicais regionais e nacionais.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Situado no sudoeste do Estado da Bahia, o município é limítrofe ao sul com Paramirim, ao sudeste com Érico Cardoso, ao norte e nordeste com Rio do Pires, ao noroeste com Macaúbas e ao oeste com Botuporã. Em seu lado leste percorre o Rio Paramirim, fronteiriço, é usado para delimitar parte do território caturamense. O solo é característico de semiárido e sua fauna e flora são típicas do bioma caatinga. Durante quase todo o ano, o clima é seco, a temperatura costuma se manter em torno dos 30 °C, com exceção do período entre os meses de junho e agosto que costuma ter temperaturas amenas. A falta de chuva, repercute em seca, sendo um problema constante enfrentado pelos produtores rurais, porém, entre os anos de 2021 e 2022 houve um alívio aos produtores rurais devido as fortes chuvas registradas no município.[16]

Principais povoados[editar | editar código-fonte]

O município de Caturama é constituído administrativamente de apenas um distrito: o distrito-sede, de mesmo nome. Outras localidades povoadas são:

  • Feira Nova[17]
  • Caeiras
  • Mocambo
  • Tabúa de Baixo
  • Telha
  • Malhadinha
  • Lagoa da Cruz
  • Abóboras
  • Baraúnas

Educação[editar | editar código-fonte]

O município conta com o ensino regular básico público fundamental (primário e secundário), médio e técnico. No centro da sede, existem as unidades de educação: Colégio Joaquim Augusto Mendonça (ensino fundamental dois), Creche Municipal de Caturama[18] (ensino básico para crianças de até seis anos), Escola Maria Avelina Oliveira Sousa (ensino fundamental um) e o Centro Educacional São Sebastião (ensino médio e técnico). Na localidade de Feira Nova há o Colégio Educacional Santo Antônio (ensino fundamental 1 e 2).[19] Em outras comunidades também há centros de ensino, como em Malhadinha e Lagoa da Cruz.

Referências

  1. Prefeito e vereadores de Caturama tomam posse Portal G1 - acessado em 2 de janeiro de 2021
  2. a b «Caturama (BA) - panorama». IBGE Cidades. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 25 de agosto de 2013 
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios - Caturama (BA)». IBGE Cidades. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  5. «População de Caturama (BA) é de 8.841 pessoas, aponta o Censo do IBGE». G1. 28 de junho de 2023. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  6. RAMOS, RICARDO TUPINIQUIM (10 de abril de 2008). «TOPONÍMIA DOS MUNICÍPIOS BAIANOS: DESCRIÇÃO, HISTÓRIA E MUDANÇAS» (PDF). UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA: 220, 226, 301. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  7. RAMOS, RICARDO TUPINIQUIM (10 de abril de 2008). «TOPONÍMIA DOS MUNICÍPIOS BAIANOS: DESCRIÇÃO, HISTÓRIA E MUDANÇAS» (PDF). UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA: 301. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  8. NEVES, Erivaldo (2003). Posseiros, rendeiros e proprietários: Estrutura Fundiária e Dinâmica Agromercantil no Alto Sertão da Bahia (1750-1850) (PDF). Recife: UFPE. 403 páginas 
  9. a b c d e «A história de Caturama». Prefeitura de Caturama. Consultado em 23 de janeiro de 2021 
  10. a b c «Caturama (BA) - Histórico». Cidades IBGE. Consultado em 23 de janeiro de 2021 
  11. «DECRETO-LEI Nº 311, DE 2 DE MARÇO DE 1938». Portal da Câmara dos Deputados. 2 de março de 1938. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  12. «A história de Caturama». Prefeitura de Caturama. 1 de agosto de 2019. Consultado em 8 de abril de 2024 
  13. «LEI Nº 1.647 DE 22 DE MARÇO DE 1962». Portal de Legislação do Estado da Bahia | Casa Cívil. 22 de março de 1962. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  14. «LEI Nº 5.012 DE 13 DE JUNHO DE 1989». Portal de Legislação do Estado da Bahia | Casa Civil. 13 de junho de 1989. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  15. «DECRETO Nº 3.379 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1989». Portal de Legislação do Estado da Bahia | Casa Civil. 28 de dezembro de 1989. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  16. «Bahia tem mais de 61 mil desalojados e duas pessoas desaparecidas por causa da chuva - Metro1». Metro1. 9 de janeiro de 2022. Consultado em 3 de julho de 2023 
  17. «Povoados e comunidades». Prefeitura de Caturama. 25 de julho de 2019. Consultado em 23 de janeiro de 2021 
  18. «Creche Municipal de Caturama - Google Maps». Google Maps. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  19. «Escolas e colégios municipais». Prefeitura de Caturama. 25 de julho de 2019. Consultado em 23 de janeiro de 2021 


Ligações externas[editar | editar código-fonte]