Rio de Contas (município)
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Município do Brasil | |||
Praça da Matriz de Rio de Contas e Igreja Matriz | |||
Símbolos | |||
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Lema | In omnibus honor "Em todas as coisas, honra" | ||
Gentílico | riocontense | ||
Localização | |||
Localização de Rio de Contas na Bahia | |||
Localização de Rio de Contas no Brasil | |||
Mapa de Rio de Contas | |||
Coordenadas | |||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | Bahia | ||
Municípios limítrofes | Abaíra (N), Brumado (S), Jussiape e Ituaçu (L), Érico Cardoso, Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio (O). | ||
Distância até a capital | 738 km | ||
História | |||
Fundação | 27 de novembro de 1723 (299 anos) | ||
Administração | |||
Distritos | Lista
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Prefeito(a) | Cristiano Cardoso de Azevedo (PSB, 2021 – 2024) | ||
Características geográficas | |||
Área total [1] | 1 052,302 km² | ||
População total (IBGE/2010[2]) | 12 979 hab. | ||
Densidade | 12,3 hab./km² | ||
Clima | Tropical de altitude ou Oceânico (Cwb) | ||
Altitude | 1.050 m | ||
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2010[3]) | 0,605 — médio | ||
PIB (IBGE/2008[4]) | R$ 51 112,821 mil | ||
PIB per capita (IBGE/2008[4]) | R$ 3 697,66 | ||
Sítio | riodecontas.ba.gov.br (Prefeitura) |
Rio de Contas é um município do estado da Bahia, Brasil. Situada numa altitude de 1 500 metros, possui um dos maiores conjuntos arquitetônicos coloniais do estado, as 10 montanhas mais altas do nordeste brasileiro, razão pela qual é um principais pontos turísticos da Bahia, além de integrar o polo de turismo ecológico da Chapada Diamantina, além de possuir povoados históricos originários dos antigos garimpos. Seu nome deriva da antiga denominação do rio Brumado, em cujas margens foi planejada a cidade ainda no século XVII: Rio de Contas Pequeno.[5]
Rio de Contas foi a primeira cidade planejada do Brasil. A vila de Nossa Senhora Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas foi criada em 1723 e teve sua sede transferida para um local planejado, o Pouso dos Crioulos, em 1745. O Pouso dos Crioulos já existia desde o século XVII.
História[editar | editar código-fonte]
O povoado conhecido como "Pouso dos Crioulos" (atual sede de Rio de Contas) foi fundado por escravos alforriados e fugidos em algum momento do século XVII, não se sabe quando, mas sabe-se que este povoado foi descoberto em 1681, numa expedição. Na última década do século XVII, o povoado do Pouso dos Crioulos se transforma num ponto de pouso de viajantes vindos de Minas Gerais e Goiás que seguiam rumo a Salvador. Foi erguida, nestes tempos, uma capela em louvor a Senhora Santana.
Em 1710, o bandeirante paulista Sebastião Pinheiro Raposo descobre ouro no leito do Rio Brumado, em seus afluentes e serras circunvizinhas. Com isso, houve grande afluxo de desbravadores portugueses, paulistas, mineiros e baianos para a região do município. Funda-se o primeiro povoado, denonimado "Mato Grosso", numa altitude de 1.450 metros. Jesuítas que acompanhavam os bandeirantes erguem neste povoado uma igreja em louvor a Santo Antônio.
Em 1715, jesuítas erguem uma capela em louvor a Nossa Senhora do Livramento, 12 quilômetros abaixo de Pouso dos Crioulos, após a descoberta de ouro naquele lugar, em torno da qual forma-se o povoado de Nossa Senhora do Livramento (atual sede de Livramento de Nossa Senhora). Nessa época, exploradores que partiam de Rio de Contas descobrem ouro nos atuais municípios de Érico Cardoso e Paramirim, consequentemente, naquela região criam-se fazendas e alguns povoados.
Por alvará de 11 de abril de 1718, o povoado de Mato Grosso foi elevado à categoria de freguesia, com o topônimo de Santo Antônio do Mato Grosso. Por resolução de 27 de novembro de 1723, do 4º vice-rei do Brasil, d. Vasco Fernandes César de Meneses, conde de Sabugosa, foi criada a Vila de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas, sediada no Arraial de Nossa Senhora do Livramento. Em 1725, o sertanista Pedro Barbosa Leal ligou a vila de Nossa Senhora do Livramento das Minas de Rio de Contas à vila de Jacobina por uma estrada que incluiu a construção, por escravos, de uma ladeira calçada de pedras para escoamento do ouro da região para Salvador e daí para Lisboa.
Em 13 de maio de 1726, uma provisão do Conselho Ultramarino determinou que se estabelecessem casas de fundição nas vilas de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas e Jacobina para evitar a evasão do quinto do ouro.
Por meio de resolução de 2 de outubro de 1745, do vice-rei André de Melo e Castro, Conde das Galveias, houve a transferência da sede da vila para o Pouso dos Crioulos, um lugar planejado, devido às constantes enchentes no Arraial de Nossa Senhora do Livramento e um surto de malária ocorrido no povoado. Com isso, a vila tem o seu nome alterado para Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas e o Arraial de Nossa Senhora do Livramento passa a se chamar "Vila Velha". Com a transferência da sede da vila, muitas pessoas migram para o Pouso dos Crioulos.
Em 1755, a vila teve que contribuir com quatrocentos mil réis anuais para a reconstrução de Lisboa, arrasada por um terremoto.
Rica em ouro de aluvião, a vila viveu, na segunda metade do século XVIII, uma época de grande prosperidade econômica. As famílias mais ricas importavam da Europa peças de uso pessoal e de decoração e, numa celebração à abundância, pó de ouro era lançado nos Imperadores e Rainhas durante as procissões da festa do Divino Espírito Santo. Também são desta época os casarões em estilo colonial, hoje tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O esgotamento do ouro, por volta de 1800, trouxe estagnação econômica, agravada na década de 1840, com a descoberta de diamantes em Mucugê. Muitas pessoas de Rio de Contas transferiram-se àquela cidade, em busca de novas riquezas.
Mesmo com a queda da produção de ouro, Rio de Contas continuou sendo uma escala obrigatória no Caminho Real. Durante o século XIX, todo o tráfego para o sudoeste da Bacia do Rio São Francisco era feito por esse caminho. Além disso, a Casa de Fundição trouxe à vila a técnica da joalheira, o que gerou uma metalúrgica artesanal que se transformou na base da economia local. Desenvolveu-se também a agricultura, baseada no café, cana-de-açúcar, cereais e tubérculos.
Em 1840, a Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas teve seu topônimo simplificado para "Minas do Rio de Contas". Em 28 de agosto de 1885, a Vila de Minas do Rio de Contas foi elevada à condição de cidade, com a mesma denominação. Em 23 de junho de 1931, o município passou a se chamar Rio de Contas. No século XX, novas corridas de ouro ocorreram, em 1932 e 1939, mas não tão significativas.
Minas Rio de Contas perdeu muito território ao longo do século XIX e início do século XX, com a emancipação de Caetité (1810), Mucugê (1847), Água Quente (atual Paramirim, 1878, reanexada a Minas do Rio de Contas em 1881 e alcançando sua emancipação definitiva em 1890), Bom Jesus do Rio de Contas (atual Piatã, 1878) e Vila Velha (atual Livramento de Nossa Senhora, 1921).
Rio de Contas preserva o traçado antigo, apresentando praças e ruas amplas, igrejas barrocas, monumentos públicos e religiosos em pedra e o casario em adobe. O conjunto arquitetônico de Rio de Contas, o qual é constituído, basicamente, por edifícios da segunda metade do século XVIII e início do século XIX, foi tombado pelo IPHAN em 1980. A cidade é, atualmente, polo ecoturístico da Bahia. Além das centenas de edificações históricas da área urbana, nos arredores de Rio de Contas encontram-se vestígios de represas, aquedutos, túneis e galerias, que testemunharam a grande atividade de mineração naquele sítio.
O filme Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles, teve parte de suas cenas rodadas em Rio de Contas, junto com a cidade de Caetité e as localidades de Ibiraba e Bom Sossego, pertencentes aos municípios de Barra e Oliveira dos Brejinhos, respectivamente.[6][7][8][9][10]
Aspectos geográficos[editar | editar código-fonte]
A sede do município está a 730 quilômetros da capital, e situa-se na região centro-sul do estado, no Território de Identidade da Chapada Diamantina, segundo a divisão administrativa adotada pelo governo da Bahia.[5]
Tem os seguintes distritos: sede, Arapiranga, Marcolino Moura e Mato Grosso, duas comunidades remanescentes de quilombo (Barra e Bananal) e os povoados de Jiló, Brumadinho e Casa de Telha.[5]
A cidade possui uma grande geodiversidade, além de caracteres especiais de fauna e flora. Neste sentido possui a Área de Proteção Ambiental da Serra do Barbado junto a territórios de outros cinco municípios, e o Parque Municipal Natural da Serra das Almas, este último entre as divisas com Livramento do Brumado e Érico Cardoso. Ao norte desta última existe a proposta da criação de um geoparque, provisoriamente denominado "Nascentes do Rio de Contas".[5]
Clima[editar | editar código-fonte]
Entre os meses de maio a outubro, possui um inverno com baixas temperaturas que podem atingir 7°C, com neblina persistente; entre novembro e abril, o verão, dá-se o período chuvoso e temperaturas que atingem os 38°C. A média pluviométrica é de 821 mm/ano e temperatura média de 21°C, o que pode classificá-lo como seco, com variantes de tipo semiárido, sub-úmido a úmido.[5]
Gráfico climático para Rio de Contas, Bahia | |||||||||||
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J | F | M | A | M | J | J | A | S | O | N | D |
52
25
17
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27
25
17
|
73
25
17
|
28
24
17
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13
23
16
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17
22
14
|
16
21
13
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12
22
13
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10
24
14
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42
25
15
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97
25
16
|
120
24
17
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Temperaturas em °C • Precipitações em mm Fonte: Meteoblue |
Rio de Contas possui um clima tropical de altitude e é classificado na escala climática internacional de Köppen como Cwb, por apresentar um verão úmido e fresco causados pelas chuvas de verão e frentes frias vindas do sul do Brasil e invernos relativamente frios e mais secos. Rio de Contas, tem um clima clima oceânico, tipo Cwb criado por sua elevada altitude e sua posição no agreste baiano que leva a cidade a receber, ainda uma influência marítima, das massas nebulares vindas do oceano atlântico e das massas polares oceânicas advindas do Brasil meridional.[necessário esclarecer]Apesar de ter uma quantidade de chuvas inferior a diversas cidades com este tipo de clima, chove anualmente um pouco menos que a nublada cidade de Varsóvia na Polônia com apenas 8 mm a menos que o clima oceânico daquela cidade europeia.
Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
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Recorde alta °C (°F) | 27.0 (80.6) |
28.0 (82.4) |
28.0 (82.4) |
27.0 (80.6) |
26.0 (78.8) |
25.0 (77) |
25.0 (77) |
26.0 (78.8) |
29.0 (84.2) |
30.0 (86) |
28.0 (82.4) |
27.0 (80.6) |
30 (86) |
Média alta °C (°F) | 25.0 (77) |
25.0 (77) |
25.0 (77) |
24.0 (75.2) |
23.0 (73.4) |
22.0 (71.6) |
21.0 (69.8) |
22.0 (71.6) |
24.0 (75.2) |
25.0 (77) |
25.0 (77) |
24.0 (75.2) |
23.8 (74.75) |
Média diária °C (°F) | 21.0 (69.8) |
21.0 (69.8) |
21.0 (69.8) |
20.5 (68.9) |
19.5 (67.1) |
18.0 (64.4) |
17.0 (62.6) |
17.5 (63.5) |
19.0 (66.2) |
20.0 (68) |
20.5 (68.9) |
20.5 (68.9) |
19.63 (67.33) |
Média baixa °C (°F) | 17.0 (62.6) |
17.0 (62.6) |
17.0 (62.6) |
17.0 (62.6) |
16.0 (60.8) |
14.0 (57.2) |
13.0 (55.4) |
13.0 (55.4) |
14.0 (57.2) |
15.0 (59) |
16.0 (60.8) |
17.0 (62.6) |
15.5 (59.9) |
Recorde baixa °C (°F) | 14.0 (57.2) |
14.0 (57.2) |
15.0 (59) |
14.0 (57.2) |
13.0 (55.4) |
12.0 (53.6) |
11.0 (51.8) |
11.0 (51.8) |
11.0 (51.8) |
13.0 (55.4) |
14.0 (57.2) |
14.0 (57.2) |
11 (51.8) |
Média precipitação mm (pol.) | 52.0 (2.047) |
27.0 (1.063) |
73.0 (2.874) |
28.0 (1.102) |
13.0 (0.512) |
17.0 (0.669) |
16.0 (0.63) |
12.0 (0.472) |
10.0 (0.394) |
42.0 (1.654) |
97.0 (3.819) |
120.0 (4.724) |
507 (19.96) |
Média de dias chuvosos | 11.1 | 9.3 | 12.1 | 10.9 | 10.0 | 10.4 | 10.6 | 9.6 | 6.2 | 7.7 | 13.4 | 14.4 | 125.7 |
Fonte: Meteoblue.[11] |
Personalidades[editar | editar código-fonte]
Entre os riocontenses ilustres estão:
- Barão de Macaúbas, médico e educador;
- Aurelino Leal, jurista e político;
- Barão de Santo Antônio da Barra, político;
- Juarez Paraíso, artista plástico.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Açude Brumado
- Mato Grosso, o "povoado português" da cidade.
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010
- ↑ «Censo Populacional 2010». Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de novembro de 2010. Consultado em 11 de dezembro de 2010
- ↑ «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil» (PDF). Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 11 de agosto de 2013
- ↑ a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010
- ↑ a b c d e Violeta de Souza Martins; Rogério Valença Ferreira; Thiago Santos Gonçalves; Antônio Raimundo Leone Espinheira; Carlos Alberto Santos Costa; Fabiana Comerlato (2017). «Geoparque Alto Rio de Contas: proposta» (PDF). CPRM. Consultado em 21 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 24 de setembro de 2018
- ↑ «Página - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional». portal.iphan.gov.br. Consultado em 14 de maio de 2017
- ↑ «Tudo sobre o município de Rio de Contas - Estado da Bahia». Cidades do meu Brasil. Consultado em 17 de dezembro de 2019
- ↑ «História | Rio de Contas (Bahia)». Visite o Brasil. Consultado em 17 de dezembro de 2019
- ↑ Domingues, Joelza Ester (26 de junho de 2017). «Rio de Contas, centro de mineração de ouro da Chapada Diamantina». Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Consultado em 17 de dezembro de 2019
- ↑ FERREIRA, J. P. et. al. (1958). Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. XXI. Rio de Janeiro: IBGE. pp. 164 – 166
- ↑ «Town Climate:Rio de Contas». Meteoblue. Consultado em 13 de março de 2018. Arquivado do original em 17 de julho de 2015
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Capinan, Ubiraneila Barbosa (2009). O quilombo que remanesce: estudo de caso acerca dos impactos da política de certificação e de titulação do território sobre a identidade étnica dos quilombos remanescentes Barra e Bananal em Rio de Contas, Bahia (Mestrado em Ciências Sociais). Salvador: UFBA
- Harris, Marvin (1971) [1956]. Town and country in Brazil (em inglês). New York: W.W. Norton & Co. 302 páginas. OCLC 829627