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José Sarney: diferenças entre revisões

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Bacharelou-se em Direito na Universidade Federal do Maranhão em 1953, época em que ingressou na Academia Maranhense de Letras. Ao lado de famosos escritores como Bandeira Tribuzzi e Lucy Teixeira, fez parte de um movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, ''A Ilha'', da qual foi um dos fundadores. Ingressou na carreira política em 1954 quando, filiado ao Partido Social Democrático (PSD), foi eleito suplente de deputado federal. Assumiu pela primeira vez vaga na Câmara dos Deputados em 1955<ref>{{Citation | title = Dados biográficos | publisher = Senado federal | place = Brasília, DF, Brasil | url = http://www.senado.gov.br/}}.</ref>, sendo portanto o parlamentar mais antigo em atividade no Congresso Nacional. Não conformado com a volta de Vitorino Freire ao PSD{{HarvRef | ECHEVERRIA | 2011 | p = 81}}, migrou para a [[União Democrática Nacional]] (UDN), partido pelo qual foi eleito deputado federal em 1958 e 1962 e governador do Maranhão em 1965. Foi eleito senador em 1970 e reeleito em 1978 pela [[Aliança Renovadora Nacional]] (Arena). A partir de janeiro de 1979 presidiu a legenda. Extintos os partidos existentes com o fim do bipartidarismo, tornou-se presidente do Partido Democrático Social (PDS). Em junho de 1984, impedido de realizar prévias para escolha do candidato à sucessão presidencial, Sarney deixou o PDS e criou com dissidentes do partido a Frente Liberal, que posteriormente constituiu a Aliança Democrática com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), lançando a chapa Tancredo Neves/José Sarney.
Bacharelou-se em Direito na Universidade Federal do Maranhão em 1953, época em que ingressou na Academia Maranhense de Letras. Ao lado de famosos escritores como Bandeira Tribuzzi e Lucy Teixeira, fez parte de um movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, ''A Ilha'', da qual foi um dos fundadores. Ingressou na carreira política em 1954 quando, filiado ao Partido Social Democrático (PSD), foi eleito suplente de deputado federal. Assumiu pela primeira vez vaga na Câmara dos Deputados em 1955<ref>{{Citation | title = Dados biográficos | publisher = Senado federal | place = Brasília, DF, Brasil | url = http://www.senado.gov.br/}}.</ref>, sendo portanto o parlamentar mais antigo em atividade no Congresso Nacional. Não conformado com a volta de Vitorino Freire ao PSD{{HarvRef | ECHEVERRIA | 2011 | p = 81}}, migrou para a [[União Democrática Nacional]] (UDN), partido pelo qual foi eleito deputado federal em 1958 e 1962 e governador do Maranhão em 1965. Foi eleito senador em 1970 e reeleito em 1978 pela [[Aliança Renovadora Nacional]] (Arena). A partir de janeiro de 1979 presidiu a legenda. Extintos os partidos existentes com o fim do bipartidarismo, tornou-se presidente do Partido Democrático Social (PDS). Em junho de 1984, impedido de realizar prévias para escolha do candidato à sucessão presidencial, Sarney deixou o PDS e criou com dissidentes do partido a Frente Liberal, que posteriormente constituiu a Aliança Democrática com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), lançando a chapa Tancredo Neves/José Sarney.


Tancredo e Sarney receberam 480 votos dos 686 delegados do Colégio Eleitoral. A posse dos eleitos deveria ocorrer em 15 de março, porém Tancredo foi submetido a uma cirurgia de emergência na noite de 14 de março, ficando impossibilitado de assumir. Sarney assumiu como vice-presidente em exercício da Presidência. Tancredo Neves faleceu oficialmente em 21 de abril, e Sarney automaticamente tornou-se presidente. Seu mandato caracterizou-se pela consolidação da democracia brasileira, apesar de uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação e moratória. Uma de suas medidas de maior destaque foi a criação em 1986 do [[Plano Cruzado]], que a princípio conteve preços e aumentou o poder aquisitivo da população. Durante o Cruzado ocorreu a maior distribuição de renda da história do Brasil, a menor taxa de desemprego, e a incorporação dos cidadãos e da sociedade como agentes políticos. O plano perdeu sua eficiência com uma grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. Outros planos posteriores vieram, como o Plano Bresser e o Plano Verão, sem sucesso no combate à escalada inflacionária. Visto à distância, o Governo Sarney apresenta números econômicos importantes, como o crescimento de 99% na renda per capita, de 119% no PIB bruto (índices extrapolados das tabelas de evolução do PIB em dólares por variação cambial)<ref>Índices extrapolados das tabelas de evolução do PIB em dólares por variação cambial da FGV, in {{Citation | last = SARNEY | first = José | title = Vinte Anos de Plano Cruzado | place = Brasília | publisher = Senado Federal | year = 2006 | page = 53}}.</ref>, e uma inflação dolarizada com média anual de 17,3%<ref>Consultoria Tendências.</ref>. Em números absolutos a inflação média foi de 17,9% ao mês, alcançando o valor acumulado de 1076.15% entre abril de 1985 e fevereiro de 1990 (valores extraídos de dados do IBGE<ref>http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaulttab1.shtm, acesso em 01/02/2013</ref>).
Tancredo e Sarney receberam 480 votos dos 686 delegados do Colégio Eleitoral. A posse dos eleitos deveria ocorrer em 15 de março, porém Tancredo foi submetido a uma cirurgia de emergência na noite de 14 de março, ficando impossibilitado de assumir. Sarney assumiu como vice-presidente em exercício da Presidência. Tancredo Neves faleceu oficialmente em 21 de abril, e Sarney automaticamente tornou-se presidente. Seu mandato caracterizou-se pela consolidação da democa racia brasileira, apesar de uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação e moratória. Uma de suas medidas de maior destaque foi a criação em 1986 do [[Plano Cruzado]], que a princípio conteve preços e aumentou é uma bichinha louca esse Sarney . Durante o Cruzado ocorreu a maior distribuição de renda da história do Brasil, a menor taxa de desemprego, e a incorporação dos cidadãos e da sociedade como agentes políticos. O plano perdeu sua eficiência com uma grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. Outros planos posteriores vieram, como o Plano Bresser e o Plano Verão, sem sucesso no combate à escalada inflacionária. Visto à distância, o Governo Sarney apresenta números econômicos importantes, como o crescimento de 99% na renda per capita, de 119% no PIB bruto (índices extrapolados das tabelas de evolução do PIB em dólares por variação cambial)<ref>Índices extrapolados das tabelas de evolução do PIB em dólares por variação cambial da FGV, in {{Citation | last = SARNEY | first = José | title = Vinte Anos de Plano Cruzado | place = Brasília | publisher = Senado Federal | year = 2006 | page = 53}}.</ref>, e uma inflação dolarizada com média anual de 17,3%<ref>Consultoria Tendências.</ref>. Em números absolutos a inflação média foi de 17,9% ao mês, alcançando o valor acumulado de 1076.15% entre abril de 1985 e fevereiro de 1990 (valores extraídos de dados do IBGE<ref>http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaulttab1.shtm, acesso em 01/02/2013</ref>).


O Governo Sarney notabilizou-se pela sua condução do processo de redemocratização do país. Ainda em 1985, foram legalizados os partidos políticos até então clandestinos, assegurada a liberdade sindical e extinta a censura prévia. No mesmo ano realizaram-se as primeiras eleições diretas para prefeito das capitais em vinte anos. Em 1986, foram realizadas as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou a nova Constituição Brasileira em 5 de outubro de 1988. Nesse ano ocorreram eleições municipais. Pela quarta vez houve eleições durante o governo de Sarney em 1989, com a primeira presidencial direta do país desde a eleição de [[Jânio Quadros]] em 1960. Também foi marcante a política externa de seu governo, com uma postura de independência que se refletiu na aproximação com a [[China]] e a [[URSS]], no reatamento das relações com [[Cuba]], e sobretudo na prioridade política para com a [[América Latina]], marcada pela aliança com [[Argentina]] e [[Uruguai]] que resultariam na formação do [[Mercosul]].
O Governo Sarney notabilizou-se pela sua condução do processo de redemocratização do país. Ainda em 1985, foram legalizados os partidos políticos até então clandestinos, assegurada a liberdade sindical e extinta a censura prévia. No mesmo ano realizaram-se as primeiras eleições diretas para prefeito das capitais em vinte anos. Em 1986, foram realizadas as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou a nova Constituição Brasileira em 5 de outubro de 1988. Nesse ano ocorreram eleições municipais. Pela quarta vez houve eleições durante o governo de Sarney em 1989, com a primeira presidencial direta do país desde a eleição de [[Jânio Quadros]] em 1960. Também foi marcante a política externa de seu governo, com uma postura de independência que se refletiu na aproximação com a [[China]] e a [[URSS]], no reatamento das relações com [[Cuba]], e sobretudo na prioridade política para com a [[América Latina]], marcada pela aliança com [[Argentina]] e [[Uruguai]] que resultariam na formação do [[Mercosul]].

Revisão das 20h23min de 2 de julho de 2013

José Sarney Academia Brasileira de Letras
Sarneyoficial.jpg
31Presidente do Brasil
Período 15 de março de 1985
a 15 de março de 1990
Vice-presidente nenhum
Antecessor(a) Tancredo Neves
Sucessor(a) Fernando Collor
Presidente do Senado Federal do Brasil
Período 2 de fevereiro de 2009
a 1 de fevereiro de 2013
Antecessor(a) Garibaldi Alves Filho
Sucessor(a) Renan Calheiros
Senador do Brasil
pelo Amapá Amapá
Período 1 de fevereiro de 1991
a em exercício
Governador do Maranhão
Período 31 de janeiro de 1966
a 15 de março de 1971
Antecessor(a) Newton de Barros Belo
Sucessor(a) Pedro Neiva de Santana
Dados pessoais
Nascimento 20 de abril de 1930 (94 anos)
Pinheiro, Maranhão
Cônjuge Marly Sarney
Filhos(as) Fernando Sarney
Roseana Sarney
Sarney Filho
Partido PSD (1954-1955), PST (1955), UDN (1955-1964), Arena (1964-1983)
PDS (1979-1984), PFL (1984) e PMDB (1984-atual)
Profissão Político, escritor

José Sarney de Araújo Costa[nota 1] GCCGColSEGCIH (Pinheiro, 20 de abril de 1930) é um político e escritor brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras, tendo sido o 31º presidente do Brasil, de 1985 a 1990, governador do estado do Maranhão de 1966 a 1971, e Presidente do Senado Federal de 1995 a 1997, 2003 a 2005, de 2009 a 2011 e de 2011 até 2012. Sendo sucedido no cargo pelo senador alagoano Renan Calheiros. Mantém seu cargo de senador pelo estado do Amapá cujo mandato se encerra em 2015.

Bacharelou-se em Direito na Universidade Federal do Maranhão em 1953, época em que ingressou na Academia Maranhense de Letras. Ao lado de famosos escritores como Bandeira Tribuzzi e Lucy Teixeira, fez parte de um movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores. Ingressou na carreira política em 1954 quando, filiado ao Partido Social Democrático (PSD), foi eleito suplente de deputado federal. Assumiu pela primeira vez vaga na Câmara dos Deputados em 1955[2], sendo portanto o parlamentar mais antigo em atividade no Congresso Nacional. Não conformado com a volta de Vitorino Freire ao PSD[3], migrou para a União Democrática Nacional (UDN), partido pelo qual foi eleito deputado federal em 1958 e 1962 e governador do Maranhão em 1965. Foi eleito senador em 1970 e reeleito em 1978 pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). A partir de janeiro de 1979 presidiu a legenda. Extintos os partidos existentes com o fim do bipartidarismo, tornou-se presidente do Partido Democrático Social (PDS). Em junho de 1984, impedido de realizar prévias para escolha do candidato à sucessão presidencial, Sarney deixou o PDS e criou com dissidentes do partido a Frente Liberal, que posteriormente constituiu a Aliança Democrática com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), lançando a chapa Tancredo Neves/José Sarney.

Tancredo e Sarney receberam 480 votos dos 686 delegados do Colégio Eleitoral. A posse dos eleitos deveria ocorrer em 15 de março, porém Tancredo foi submetido a uma cirurgia de emergência na noite de 14 de março, ficando impossibilitado de assumir. Sarney assumiu como vice-presidente em exercício da Presidência. Tancredo Neves faleceu oficialmente em 21 de abril, e Sarney automaticamente tornou-se presidente. Seu mandato caracterizou-se pela consolidação da democa racia brasileira, apesar de uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação e moratória. Uma de suas medidas de maior destaque foi a criação em 1986 do Plano Cruzado, que a princípio conteve preços e aumentou é uma bichinha louca esse Sarney . Durante o Cruzado ocorreu a maior distribuição de renda da história do Brasil, a menor taxa de desemprego, e a incorporação dos cidadãos e da sociedade como agentes políticos. O plano perdeu sua eficiência com uma grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. Outros planos posteriores vieram, como o Plano Bresser e o Plano Verão, sem sucesso no combate à escalada inflacionária. Visto à distância, o Governo Sarney apresenta números econômicos importantes, como o crescimento de 99% na renda per capita, de 119% no PIB bruto (índices extrapolados das tabelas de evolução do PIB em dólares por variação cambial)[4], e uma inflação dolarizada com média anual de 17,3%[5]. Em números absolutos a inflação média foi de 17,9% ao mês, alcançando o valor acumulado de 1076.15% entre abril de 1985 e fevereiro de 1990 (valores extraídos de dados do IBGE[6]).

O Governo Sarney notabilizou-se pela sua condução do processo de redemocratização do país. Ainda em 1985, foram legalizados os partidos políticos até então clandestinos, assegurada a liberdade sindical e extinta a censura prévia. No mesmo ano realizaram-se as primeiras eleições diretas para prefeito das capitais em vinte anos. Em 1986, foram realizadas as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou a nova Constituição Brasileira em 5 de outubro de 1988. Nesse ano ocorreram eleições municipais. Pela quarta vez houve eleições durante o governo de Sarney em 1989, com a primeira presidencial direta do país desde a eleição de Jânio Quadros em 1960. Também foi marcante a política externa de seu governo, com uma postura de independência que se refletiu na aproximação com a China e a URSS, no reatamento das relações com Cuba, e sobretudo na prioridade política para com a América Latina, marcada pela aliança com Argentina e Uruguai que resultariam na formação do Mercosul.

Voltou à política elegendo-se senador pelo Amapá em 1990. Foi reeleito em 1998 e 2006. Foi eleito quatro vezes presidente do Senado Federal, em 1995, 2003, 2009 e 2011. Recebeu as mais elevadas condecorações nacionais e internacionais. Sarney é membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, assim como faz parte do InterAction Council, organização internacional que reune antigos chefes de governo e de Estado.

É autor de importante obra literária, onde se destacam o livro de contos O Norte das Águas e os romances O Dono do Mar e Saraminda, traduzidos em muitas línguas e com grande receptivade crítica.

Biografia

Nascido em 24 de abril de 1930, em Pinheiro, no estado do Maranhão, José Sarney é filho de Sarney de Araújo Costa e de Kiola Ferreira de Araújo Costa. Sua cidade natal fica no centro de uma região colonizada por criadores de gado, a Baixada Maranhense, formada por campos alagados e se situa entre a capital, São Luis, e a fronteira do Pará. O pai era promotor público, e seu nome foi encontrado pelo avô de Sarney, José Adriano da Costa, em uma edição de 1901 do Almanaque Bristol. Ele ficara impressionado com a história de um menino de 12 anos que sabia a Bíblia de cor e salteado e que se chamava Sarney. Dona Kyola nasceu em Correntes, Pernambuco, de mãe paraibana, do Ingá do Bacamarte, e de pai piauiense, o sertanejo de Valença chamado Assuéro Leopoldino Ferreira. Nos anos 20 Assuéro deixou o sertão de Pernambuco e emigrou em busca dos vales úmidos do Maranhão com três filhos e a menina Kyola[7]. Quando criança, o filho de Kiola e Sarney de Araújo, seguindo o costume do Nordeste de associar o nome do filho ao do pai, era conhecido como José “do Sarney”. Ao entrar na política, o jovem candidato abandonou o nome de José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa e adotou o nome de José Sarney, reconhecido em cartório em 1965[8].

Mocidade em São Luís

Por motivos políticos, o pai de Sarney foi removido sucessivamente para várias cidades do Maranhão, peregrinação que prejudicou os estudos do menino[9]. Quando terminou o primário, Sarney foi estudar em São Luís do Maranhão. Pela primeira vez se separava da família. Depois de conquistar o 1º lugar no Exame de Admissão do Colégio Marista, Sarney teve vida difícil na capital. Teve sucesso como estudante, tirando boas notas, mas a família tinha dificuldades em sustentá-lo. Depois de cursar o ginasial no Colégio Maranhense dos Irmãos Maristas, se transferiu para o Liceu Maranhense[10]. Nos anos 40 começou a frequentar as salas de leitura da Biblioteca Pública. Enquanto incrementava a sua cultura e fixava seus objetivos, Sarney se dedicava à aprendizagem da política. Atuando no movimento estudantil, por duas vezes elegeu-se presidente do Centro Liceísta e participou das agitações que ocorriam em todo país pedindo a deposição de Getúlio Vargas. Recém-chegado à Faculdade de Direito, ingressou na União Maranhense dos Estudantes (UME)[11].

Representou o Maranhão no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) realizado em São Paulo. Durante o evento, marcado pela presença do Enrico Berlinguer, Sarney cria laços de amizade com Álvaro Americano, Paulo Egydio Martins, Roberto Gusmão e Célio Borja[12].

De volta a São Luis, Sarney decide aceitar um convite do jornalista Franklin de Oliveira para coordenar o seu comitê eleitoral de candidato a deputado federal[12]. A campanha concedeu-lhe a oportunidade de se aproximar de políticos do Maranhão. Sarney bacharelou-se em 1953, época em que ingressou na Academia Maranhense de Letras. Ao lado de Bandeira Tribuzzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, Bello Parga, José Bento e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido por meio da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores[13].

Aos 16 anos, José Sarney ganhara um concurso de reportagens promovido pelo jornal O Imparcial e fora contratado como repórter[14]. Começa na reportagem policial, mas logo é promovido e depois de algum tempo cria um suplemento literário de grande importância. O jornalismo é uma vertente de sua vida que nunca abandonará, seja como criador de jornal — como O Estado do Maranhão, principal jornal maranhense — seja como cronista, com uma história de mais de vinte anos de colaboração semanal na Folha de S. Paulo.

Casamento e Filhos

Em 1946, Sarney conhece Marly Macieira, dois anos mais moça. Ela é prima de um amigo, Murilo Ferreira. No ano seguinte, Marly o convida para sua festa de quinze anos, e torna-se o seu primeiro e único namorado. Após o ritual de um tradicional noivado, casam-se em 12 de julho de 1952. Marly é filha de Vera e do cirurgião, clínico e diretor de hospital, Carlos Macieira. Do casamento nasceram três filhos: Roseana Sarney, atual governadora do Maranhão, o deputado federal Sarney Filho e o empresário e engenheiro Fernando Sarney[15].

Carreira política

José Sarney é o político brasileiro com mais longa carreira (57 anos) no plano nacional, superando o senador Limpo de Abreu (53 anos de carreira política e 36 como senador vitalício). Ruy Barbosa, o mais duradouro político no período republicano, foi senador por 31 anos contra os 36 de Sarney e Limpo de Abreu[nota 2]. Durante sua vida pública José Sarney testemunhou 4 constituições (1946, 1967, 1969 e 1988, essa última convocada por ele, no exercício da Presidência da República), e 4 governos no regime de 46, 6 no regime militar, e, depois de seu mandato presidencial, 5 no regime da Constituição de 88 — 15 governos. Como parlamentar integrou 13 legislaturas, 4 como deputado federal e 6 como senador. Foi oposição e situação. Sempre esteve à frente em proposições sociais, que deram a tônica de seu mandato presidencial. Foi o responsável pela transição democrática modelar por que passou o Brasil[carece de fontes?].

Deputado Federal

A carreira política de José Sarney teve início em 1954. Nesse ano, marcado pelo suicídio de Getúlio Vargas, Sarney disputou sua primeira eleição pelo Partido Social Democrata (PSD)[16]. Sem dinheiro e sem tradição, conseguiu chegar apenas à terceira suplência. Mas ainda no primeiro ano da legislatura, em 1955, aos 25 anos, pode assumir provisoriamente o mandato de deputado federal. Com a volta de Vitorino Freire — o político pernambucano que fora para o Maranhão durante a década de 1930 e controlava o estado com mão de ferro — ao PSD, que havia transitoriamente abandonado pelo PST, Sarney transfere-se para a União Democrática Nacional (UDN). O mandato interino se repetiu várias vezes nos anos seguintes. Na época, aproximou-se, na bancada da UDN, da famosa banda de música, composta por Carlos Lacerda, Afonso Arinos de Melo Franco, Adauto Lúcio Cardoso, Olavo Bilac Pinto, José Bonifácio Lafayette de Andrada, Aliomar Baleeiro e Prado Kelly, entre outros[17], e começou a ganhar prestígio nacional. José Sarney chefiou, como presidente do diretório regional da UDN, a campanha de 1958, quando a Oposição Coligada — bloco dos partidos de oposição ao vitorinismo — conseguiu eleger quatro dos dez deputados federais. Sarney foi o mais votado na chapa da oposição, devido, sobretudo, a sua atuação como deputado, que repercutira fortemente no Maranhão. Recebeu a indicação de Afonso Arinos, aprovada pela maioria do partido, para que ocupasse uma de suas vice-lideranças. Em 1959, em Curitiba, Sarney foi eleito vice-presidente da UDN[18]. Representava na direção do partido o grupo renovador que ficou conhecido como Bossa Nova[19] — de que fizeram parte Ferro Costa, José Aparecido, Edílson Távora, Seixas Dória — e que tinha como objetivo introduzir o componente social na política da UDN.

Com seu partido, fez oposição ao governo Juscelino Kubitschek[20]. Foi vice-líder do governo Jânio Quadros, de quem chefiara a campanha no Maranhão. Com a renúncia de Jânio e a ascensão de João Goulart, voltou para a oposição. Procurou até o fim uma saída política para a crise que se estabeleceu em fins de 1963 e terminaria com o golpe militar de 1964[21]. Foi dos poucos que se manifestou contra a cassação sumária de parlamentares, sustentando que as cassações só podiam ser feitas dentro das regras constitucionais.

Governador do Maranhão

Em 1965 José Sarney lançou-se candidato a governador do Maranhão. Antes do pleito, a Justiça Eleitoral fez uma revisão, que resultou na eliminação de 2 quintos do eleitorado[22]. O vitorinismo entrou na disputa dividido - com os candidatos Renato Archer, pela coligação PTB/PSD, e Costa Rodrigues, prefeito de São Luís, pelo PTN, apoiado governador Newton Bello. A eleição se travou sob a proteção de tropas federais. José Sarney percorreu o Maranhão de ponta a ponta, aprofundando seus conhecimentos da realidade do estado. A vitória de Sarney foi esmagadora: 120 mil votos, contra a soma de 103 mil votos dados aos dois outros candidatos[23]. A pobreza era então extrema e Sarney quis fazer um registro – convocou o jovem cineasta Glauber Rocha para documentar em filme o que via e ouvia. Surgiu a obra Maranhão 66[24].

Durante o Governo Sarney os investimentos foram aumentados em 2.000%. A oferta de energia elétrica no Maranhão, que era de 7.500 kW[25], menor que a do edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro, passou para 237 500 kW. As estradas passaram de 13 km pavimentados para centenas de quilômetros, que incluíam a BR-135, São Luís – Teresina[26]. Foi aberto o Porto do Itaqui e rompidas as amarras do crescimento urbano de São Luís, impedido a nordeste e sudoeste pelas rias Anil e Bacanga, com a construção da ponte do São Francisco, que abria caminho para as praias do norte da ilha, e a barragem que permitia o acesso à ponta do Itaqui.

O programa de educação João de Barro[27] permitiu a criação de uma escola por dia, um ginásio por mês, uma faculdade por ano. Com a combinação de adaptações do método Paulo Freire com a introdução de uma TV Educativa — a primeira do Brasil — foi possível formar rapidamente professores e monitores que estenderam a educação a todo o Estado, que só tinha um ginásio. Ainda no governo Sarney foi instalada a Universidade Federal do Maranhão, e preparado o caminho para a Universidade Estadual do Maranhão. Na área da saúde foi construído o Hospital Geral, em São Luís, e criado um grande número de postos médicos no interior maranhense.

Em 1968, o ex-presidente Juscelino Kubistchek viajou a São Luís como homenageado da primeira turma de economistas da Universidade Federal do Maranhão, da qual Sarney era paraninfo. Enfrentando as cautelas que o aconselhavam a se ausentar da solenidade de formatura, Sarney não somente dela participou, mas, como governador, fez questão de homenagear o ex-presidente com um jantar, realizado no dia 12 de dezembro de 1968. No dia seguinte, uma sexta-feira, o presidente Costa Silva baixou o Ato Institucional Nº 5[28]. Sarney e Juscelino viajaram no mesmo avião; Sarney desceu no Recife e Juscelino seguiu para o Rio de Janeiro, onde foi preso ao desembarcar. De volta a São Luís, Sarney fez um pronunciamento por rádio e televisão: “Meu mandato é um mandato livre, que me foi outorgado pela vontade popular, tenho procurado exercê-lo com absoluta independência e no dia em que não puder mais fazê-lo não poderei prestar serviços ao Maranhão. Nessa hora, o meu caminho é o caminho da minha casa, de cabeça erguida, mas respeitado e sendo digno do nome e do povo desta terra. Não posso parecer nunca subalterno, omisso ou açodado. Tenho noção da grandeza do cargo que ocupo e das minhas responsabilidades com o passado, com o presente e com o futuro do Maranhão”[29].

Senador do Maranhão

Em maio de 1970, Sarney deixou o governo para ser candidato a senador[30]. A UDN e os demais partidos políticos haviam sido extintos pelo Ato Institucional nº 2, em outubro de 1965, e implantado o bipartidarismo. Formaram-se dois partidos, Arena – Aliança Renovadora Nacional e MDB – Movimento Democrático Brasileiro. Sarney inscreveu-se na Arena, e foi eleito senador pelo Maranhão em chapa que teve mais do dobro dos votos de seus adversários. Sarney se aliou a Daniel Krieger e outros senadores que procuravam uma forma de recuperar as prerrogativas do Congresso Nacional[31]. Em um trabalho paciente e cauteloso, defendeu a transitoriedade do AI-5 e do próprio regime militar[32]. Defendeu ainda reformas políticas e trabalhou no sentido de preparar o Senado Federal para novas tecnologias e nova forma de fazer política. Participou decisivamente da criação do IPEAC — Instituto de Pesquisa e Assessoria do Congresso e da informatização do Senado, no que seria o futuro Prodasen. Em dezembro de 1978, o senador José Sarney relatou a Emenda Constitucional n°11[33], que revogou todos os atos institucionais e complementares impostos pelos militares. Em seu parecer, Sarney empregou um tom profético ao advertir que o fim do AI/5 era apenas um início de jornada, que não se esgotava o processo político autoritário.

Em janeiro de 1979, já reeleito para o Senado pelo Maranhão, José Sarney assume a presidência da Arena[34]. Em dezembro de 1979, extintos novamente os partidos políticos existentes e terminado o bipartidarismo, Sarney é o primeiro presidente do Partido Democrático Social (PDS). O programa do PDS, elaborado por Sarney[35], refletia sua preocupação social, dominante desde o tempo da Bossa Nova. A abertura promovida por Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva avança no começo da década com a volta da eleição direta de governadores, em 1982. Em abril de 1984 a emenda propondo eleição direta para presidente da República, reivindicação do grande movimento das Diretas Já, foi derrotada na Câmara dos Deputados[36]. No PDS a discussão sobre as eleições presidenciais de 1985 começaram prematuramente, com campanha agressiva de Paulo Maluf para ser indicado candidato do partido, que tinha maioria no Colégio Eleitoral. O presidente da República, João Figueiredo, aceita a proposta de Sarney de fazer prévias no partido, o que poderia viabilizar as candidaturas de Mário Andreazza ou Aureliano Chaves. Surpreendido por uma mudança da posição de Figueiredo, que, pressionado por Maluf, desautorizou as prévias, Sarney deixou o PDS em 11 de junho de 1984[37]. Em seguida, com outros dissidentes do partido, criou a Frente Liberal. Articulações políticas lideradas pelo governador de Minas, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, presidente do PMDB, Aureliano Chaves, Marco Maciel e Antônio Carlos Magalhães resultaram na formação da Aliança Democrática, que, unindo a Frente Liberal com o PMDB, inverteu as posições no Colégio Eleitoral. A chapa da Aliança Democrática formou-se com Tancredo Neves e José Sarney[38]. No dia 15 de janeiro de 1985 o Colégio Eleitoral se reuniu e elegeu a chapa Tancredo Neves/José Sarney por 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf/Flávio Marcílio[39].

Presidência da República

Ver artigo principal: Nova República
José Sarney, ex-presidente do Brasil, recebe Mário Soares, ex-presidente de Portugal.

Na semana da posse presidencial, Tancredo Neves apresentou quadro inflamatório com dores abdominais, diagnosticado como apendicite. Tancredo descartou qualquer internação ou intervenção cirúrgica antes da posse. Na noite do dia 14 de março o agravamento do quadro clínico exigiu uma cirurgia de urgência. Duas correntes se formaram sobre o quadro político: um grupo desejava que assumisse Ulysses Guimarães, outro defendia a solução constitucional, que era a posse do vice-presidente, de acordo com o artigo 76 da Constituição. Sarney, que resistia a essa solução, se conformou ante a opinião jurídica e tomou posse como vice-presidente, assumindo a Presidência da República interinamente em 15 de março de 1985. O general Figueiredo, sinalizando para a história a ruptura institucional com o regime militar, não passa o cargo e a faixa presidencial a Sarney.

A saúde de Tancredo Neves tornou-se a uma tragédia com as sucessivas cirurgias e o quadro de infecção generalizada que o levou a morte. Com o falecimento de Tancredo no dia 21 de abril, Sarney automaticamente tornou-se presidente da República. O processo que devia acontecer, segundo o plano da Aliança Democrática, sem traumas, iniciava-se com o trauma da doença e a sombra do desastre. O primeiro desafio de Sarney foi resgatar as esperanças. Sua estratégia foi legitimar-se pela ação. Às Forças Armadas deu o espaço institucional que resgatou a idéia da volta aos quartéis como uma conquista. Aos partidos políticos na clandestinidade, deu o reconhecimento; à imprensa, a liberdade de expressão; aos sindicatos, a liberdade de manifestação; convocou eleições e convocou a Constituinte. Retomou a idéia de uma política externa independente, abrindo o diálogo com a América Latina, voltando-se para a Argentina. Na ação administrativa, abriu espaço para as questões até então marginalizadas: a reforma agrária, a cultura, a política urbana, o meio ambiente; avançou na desburocratização, criou na Fazenda a Secretaria do Tesouro o SIAFI, unificando o orçamento da União e acabando com a conta-movimento no Banco do Brasil.

Em 1985, no entanto, o combate econômico encontrava seu desafio na inflação e na recessão econômica herdadas do governo militar. A população tem expectativas de transformação da economia que não se alcançava com as políticas tradicionais. Sarney muda o ministro da Fazenda e, em fevereiro de 1986, lança o Plano Cruzado.

O Plano Cruzado

Apesar de um crescimento de 8,5% do PIB, a inflação persistia na entrada de 1986, provocando uma quebra da confiança, elemento essencial na política econômica. Recusando a receita recessiva convencional, Sarney autoriza o ministro do Planejamento, João Sayad, a promover uma saída heterodoxa. O economista Pérsio Arida é enviado a Israel para estudar os planos que ali haviam sido implantados. Em 28 de fevereiro de 1986 Sarney lança o Plano Cruzado. Entre as medidas de maior destaque do Cruzado estavam o congelamento geral de preços por doze meses e a adoção do "gatilho salarial", isto é, o reajuste automático de salários sempre que a inflação atingisse ou ultrapassasse os 20%. Os economistas temiam que o plano tivesse caráter recessivo, e Sarney resolveu conceder um abono de 12% sobre o valor real dos salários. Houve uma explosão de consumo e a incorporação dos consumidores à ação de cidadania: eles passaram a fiscalizar os preços e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como "fiscais do Sarney". O novo ministro da Fazenda, Dilson Funaro, se tornou uma das figuras mais populares do país. Entretanto o congelamento, distorcendo as margens de lucro das empresas, levou ao desinvestimento e à queda de produção, o que resultou numa grave crise de abastecimento, na cobrança de ágio disseminada e finalmente na volta da inflação.

Moratória e Novos Planos Econômicos

Em novembro de 1986 foi lançado o Plano Cruzado II, que ainda não resolveu o problema da inflação. As reservas internacionais atingiram um nível crítico, levando a decretação de moratória unilateral em 20 de janeiro de 1987. A medida, reclamada por amplos setores políticos e sociais, foi surprendentemente mal acolhida. Em abril de 1987 assumiu o Ministério da Fazenda o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que lançou em junho novo plano econômico, que levou seu nome e também teve sucesso moderado. O ano de 1988 iniciou com novo ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, que adotou a política ‘feijão com arroz’, de condução pontual dos problemas econômicos. Em janeiro de 1989 lançou o Plano Verão. Inicialmente bem sucedido, o plano perdeu o controle da inflação. O combate à inflação acabou submetido ao processo de expectativas inflacionárias ligadas ao processo eleitoral, no que ficou conhecido como o ‘estelionato eleitoral’ (congelamento mantido até o dia das eleições) e, a partir da vitória de Fernando Collor, aos planos do futuro governo.

No plano econômico, apesar da inflação (em geral acompanhada de correção monetária que evitava a corrosão dos salários), o Governo Sarney alcançou resultados relevantes. A própria inflação, dolarizada, teve uma média anual de 17,3%, segundo estudo da Consultoria Tendências. O Brasil teve o 3º saldo exportador no mundo. Os resultados de balança de serviços, balança comercial e transações correntes só vieram a ser superados no governo Lula. A dívida externa caiu de 54% para 28% do PIB. O déficit primário de 2,58% do PIB em 1984 foi substituído por um superávit de 0,8% do PIB em 1989. O Brasil passou a ser a sétima economia mundial. O PIB, medido em dólares (variação cambial) cresceu 119%. O PIB per capita cresceu 99%. A média do índice de desemprego foi de 3,89%, chegando a 2,16% durante o Plano Cruzado e 2,36% em fins de 1989.

Eleições e Constituinte

Sarney notabilizou-se pela sua condução do processo de redemocratização do país. Ainda em 1985 foram legalizados os partidos políticos até então clandestinos, e o presidente recebeu no Palácio do Planalto líderes históricos da esquerda como João Amazonas e Giocondo Dias. No fim do ano realizaram-se as primeiras eleições diretas para prefeito das capitais em vinte anos. Em junho, Sarney envia mensagem ao Congresso convocando uma Assembleia Nacional Constituinte, a ser composta por deputados e senadores que seriam eleitos em novembro de 1986 e pelos senadores no exercício do mandato. Resgatando a iniciativa de Tancredo Neves, que havia convidado Afonso Arinos para presidir uma comissão de alto nível encarregada de redigir um anteprojeto de constituição, nos moldes da que o chanceler Afrânio de Mello Franco, seu pai, havia presidido em 1933, em setembro Sarney criou comissão especial para fornecer subsídios aos constituintes, composta por 50 membros. O anteprojeto não foi aproveitado por decisão de Ulysses Guimarães. O sucesso do Plano Cruzado deu ao PMDB ampla vitória nas eleições de 1986, elegendo governador em 22 dos 23 estados brasileiros. Em 1° de fevereiro de 1987, a Constituinte, formada por 559 congressistas e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, foi instalada. A nova Carta Constitucional, promulgada em 5 de outubro de 1988, tem uma excelente parte de direitos individuais, coletivos, sociais e difusos, mas uma estrutura do Estado confusa e com dificuldades de governabilidade. Sarney destacou essas características em discurso antes do segundo turno das votações, mas passada a votação, fez tudo para viabilizá-la, como primeira pessoa a fazer o juramento de segui-la. Ainda em 1988 ocorreram eleições municipais. Em 1989 foram realizadas eleições diretas para presidente da República — as primeiras em 29 anos. José Sarney foi sucedido na Presidência por Fernando Collor de Mello, que baseou sua campanha em ataques violentos a seu antecessor.

Secretaria do Tesouro e Siafi

Durante o seu governo, Sarney criou a Secretaria do Tesouro Nacional, que absorveu as funções de execução orçamentária, até então a cargo de um departamento do Banco do Brasil. Foi extinta a conta-movimento do Banco Central no Banco do Brasil, unificado o orçamento geral da União, com a inclusão de todas as despesas de natureza fiscal, inclusive as realizadas pelo Banco Central e pelo Banco do Brasil, como as operações de crédito rural. Foi criado o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – Siafi, primeiro passo para a transparência das contas públicas no país.

Política Externa

Com uma pauta que não abria controvérsias com suas bases partidárias, Sarney atuou com desenvoltura na política externa. Retomando a tradição de independência estabelecida desde o Barão do Rio Branco e mais especialmente por Afonso Arinos, o Brasil estendeu seu diálogo a todo o mundo, desvinculando-se das posições dos Estados Unidos. Em seu novo enfoque já em setembro de 1985, abrindo a 40ª Assembleia Geral das Nações Unidas, denuncia o tratamento dado à dívida dos países pobres, especialmente da América Latina: o problema em questão não era apenas econômico e financeiro, e a dívida não poderia ser paga com o sacrifício do povo.

Rompendo também com o crescente distanciamento e competição com a Argentina, Sarney buscou uma aproximação que teve ampla receptividade de parte de Raúl Alfonsín. A partir de um encontro em novembro de 1985, em Foz de Iguaçu, quando o presidente argentino quebrou o mito de que Itaipu era uma arma contra seu país ao visitar a usina, Sarney e Alfonsín iniciaram um processo de entendimento e integração, ampliado com o apoio do presidente Julio Maria Sanguinetti, do Uruguai. A relação de confiança é selada com a visita de José Sarney à usina atômica de Pilcaniyeu e com a visita de Raúl Alfonsín à usina da Marinha em Aramar, encerrando a disputa nuclear e afirmando a exclusividade do uso pacífico da energia atômica. Os dois presidentes lançaram as bases do que seria concretizado como Mercosul, estabelecendo a cláusula democrática de que só seriam aceitos como membros países com pleno funcionamento de suas instituições.

Sarney dialogou ainda com os presidentes da Venezuela, Jaime Lusinchi e Carlos Andrés Pérez; da Colômbia, Belisário Betancur e Virgilio Barco; do Equador, Rodrigo Borja Cevallos; do Peru, Alan Garcia; da Bolívia, Paz Estenssoro e Paz Zamora; do Paraguai, Andrés Rodriguez; e do México, Miguel De La Madrid. O Brasil se empenhou na formação do Grupo de Apoio a Contadora — depois Grupo do Rio — que teve papel importante na solução dos conflitos na região do Caribe. Sarney também reatou relações com Cuba, rompidas durante o regime militar.

As relações com os Estados Unidos foram marcadas pelos contenciosos comerciais e pela discordância sobre o tratamento da dívida externa do Brasil. Embora tenha estado pessoalmente com os presidentes americanos Ronald Reagan e George Bush, predominou a tentativa americana de impor uma posição de força, com constrangimentos tais como o que estabeleceu sanções comerciais ao Brasil durante as comemorações de Sete de Setembro. Sarney não se dobrou a estas pressões.

Com o chefe do Governo da Espanha, Felipe González, Sarney estabeleceu, além do intercâmbio diplomático, fortes relações pessoais. O processo de redemocratização espanhola, com o pacto de Moncloa, era um exemplo que tentava implantar no Brasil. Também com Portugal cria relações privilegiadas, ligando-se ao presidente Mário Soares. Sarney ainda lança as bases da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em reunião em São Luís do Maranhão de que participam representantes de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe.

Em retribuição à visita do presidente François Mitterrand, que foi o primeiro chefe de Estado europeu a visitar o Brasil redemocratizado, Sarney visita a França em 1988, e retorna em 1989, quando participa das celebrações dos 200 anos da Revolução Francesa. Sarney também visita a URSS, que vivia os anos de glasnost, abertura promovida por Mikhail Gorbachev, e que se tornara importante parceira comercial. Também foi muito importante a visita à China, quando Sarney encontra-se com Deng Xiaoping, inclusive pelos acordos de cooperação tecnológica, especial no lançamento de satélites.

Em 1986, Sarney visita Cabo Verde, onde condena mais uma vez o apartheid e defende a soberania e integridade territorial de Angola e a desmilitarização do Atlântico Sul. No mesmo ano recebe o bispo Desmond Tutu como parte de uma estratégia de aproximação com a oposição ao regime de Pretória. Em várias oportunidades manifesta o apoio a Angola no seu conflito com a África do Sul, e, em 1989 visita o país, demonstrando a disposição brasileira de auxiliar na sua reconstrução.

Atentado

Em 29 de setembro de 1988, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, então com 28 anos, sequestrou o voo VASP 375 planejando atingir o Palácio do planalto com a intenção de punir o então presidente da república, a quem atribuia a culpa pela perda de seu emprego e pela situação econômica do país. O operação não obteve êxito e após o avião pousar em Goiânia, Raimundo foi morto por policiais federais. [40]

Senador pelo Amapá

Em 1990, Sarney transferiu seu domicílio eleitoral para o recém-criado estado do Amapá, antigo território federal, candidatou-se e foi eleito senador no mesmo ano. Em seu mandato se destaca pela defesa da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, pelo projeto do Estatuto da Micro e Pequena Empresa e pelo projeto que garantiu a distribuição gratuita de medicamentos aos portadores de HIV, cujo pioneirismo teve repercussão internacional. Em 1995 foi eleito presidente do Senado, quando renovou a estrutura administrativa e colocou em dia o funcionamento legislativo, com pendências de vários anos. Criou também a estrutura de comunicações da casa, com rádio, televisão e jornal, tornando transparentes as atividades parlamentares. Em 1998 foi reeleito senador pelo Amapá. Entre outras medidas a favor do Amapá, defendeu a extensão dos benefícios do porto de Manaus. Em 1999, apresentou o primeiro projeto de lei instituindo cotas raciais. Sua proposta previa cota mínima de 20% para o preenchimento de vagas nos concursos a cargos públicos, nas instituições de ensino nos três níveis de governo — federal, estadual e municipal — e nos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O projeto foi aprovado no Senado, mas, anexado ao Estatuto da Igualdade Racial, desapareceu na Câmara dos Deputados. Foi, no entanto, o elemento que introduziu o uso de cotas nas instituições de ensino, que se tornaram um marco nas relações raciais no Brasil. Propôs também a criação da Política Nacional do Livro, a criação de um Fundo Nacional de Assistência à Vítimas de Violência, o Plano de Desenvolvimento Regional dos Municípios do Entorno do Parque do Tumucumaque, entre outros. Em 2002 apoiou, discordando da posição do PMDB, a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva a presidente da República. Em 2003 foi novamente eleito presidente do Senado Federal. Em 2006 foi eleito pela terceira vez senador pelo Amapá. Em 2009 e 2011 foi eleito pela terceira e pela quarta vez presidente do Senado. Em seguida à eleição de 2009, tendo contratado a Fundação Getúlio Vargas para estudar a reforma administrativa da casa, foi descoberto que um grande número de atos administrativos não tinha sido publicado no BAP — Boletim Administrativo Eletrônico de Pessoal. Os atos foram chamados pela imprensa de “atos secretos”. Mais tarde foi constatado que muitos destes atos haviam sido publicados em outros meios, como Diário Oficial. Dos atos que realmente não tinham sido publicados, 1,68% foram durante Presidência de Sarney. Foram propostas 11 representações contra Sarney no Conselho de Ética, todas rejeitadas liminarmente por estarem embasadas apenas em notícia do jornal e a jurisprudência do STF recusar a abertura de processos com essa fundamentação. Suas últimas gestões têm se caracterizado por avanços admistrativos e na transparência do Senado, com a criação de um Portal da Transparência, a ampliação da rede de comunicação, a instalação da Ouvidoria do Senado, entre outras iniciativas.

Carreira literária

Ao lado de sua vida política, José Sarney desenvolveu uma extensa carreira literária, como autor de contos, crônicas, ensaios e romances. Criador do Suplemento Literário de O Imparcial, participou de um grupo de escritores e artistas que se reunia na Movelaria Guanabara, em São Luís. Nesta época — começo da década de 1950 — edita com Luiz Carlos de Bello Parga e Bandeira Tribuzzi a revista A Ilha, porta voz do pós-modernismo no Maranhão, e par de revistas lançadas por todo o Brasil. A influência dominante no grupo é de Bandeira Tribuzzi, que estudara em Portugal e de lá trouxera a apreciação de Fernando Pessoa e dos poetas portugueses do segundo quarto do século XX. Sua colaboração esparsa lhe valeu a eleição precoce para a Academia Maranhense, em 1952, aos 22 anos. No ano seguinte lança um estudo antropológico, Pesquisa sobre a Pesca de Curral, e logo depois o primeiro livro de poesia, A Canção Inicial. Com a intensa atividade política dos anos seguintes, só voltaria a publicar literatura depois de um longo intervalo, justamente, no entanto, quando vivia a efervescência do governo do Maranhão. Trata-se de um livro de contos, Norte das Águas, escrito com uma linguagem de grande riqueza vocabular e domínio formal, saudado em todo o Brasil. Em 1978 voltou à poesia, com Os Maribondos de Fogo. Depois de um intervalo em que publica um grande volume de discursos, retorna à literatura em 1995 com O Dono do Mar, romance em que renovaria as experiências formais de Norte das Águas, em um contexto de tempo múltiplo e forte erotismo. Em 2000 lança um novo romance, Saraminda, que o confirmaria como mestre do gênero, com uma escrita despojada e poética, ambientado na região fronteiriça entre o Amapá e a Guiana Francesa. Num terceiro romance, A Duquesa Vale uma Missa, de 2007, Sarney transfere o cenário literário para o eixo Rio-São Paulo. Sarney é autor de uma vasta colaboração na imprensa, onde se destaca a crônica semanal na Folha de S. Paulo, que retomada em 1991, publicou ininterruptamente durante mais de 20 anos. Estas crônicas foram recolhidas em oito volumes, e a Academia Brasileira de Letras publicou uma antologia, Tempo de Pacotilha.

Academia Brasileira de Letras

Sarney foi eleito em 17 de julho de 1980 para suceder ao escritor José Américo de Almeida na Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a Cadeira 38, que tem como patrono o poeta Tobias Barreto. É o decano (o membro eleito há mais tempo) da agremiação.

Sobre o escritor José Sarney

De João Gaspar Simões, crítico literário portugues que foi o primeiro editor de Fernando Pessoa, sobre Maribondos de Fogo: “Com os olhos e os sentidos postos na terra do Maranhão, a sua terra, a terra da sua infância, eis como José Sarney imprime aos poemas que formam o seu livro, romanceadamente estruturado, algo que é parte integrante, já hoje, de uma tradição do lirismo brasílico, qual seja, a faculdade de o poeta do Brasil, ao contrário do de Portugal, preferir o que vê ao que sente e, no que sente, nunca deixar esquecer o que vê graças a essa ancestral forma narrativa, o romance ou rimance, mais castelhana, afinal, do que portuguesa ou galego-portuguesa…” “José Sarney, quanto a nós, figura entre os poetas modernos do Brasil em cujo estro vemos o que de mais castiço se nos afigura de considerar numa maneira poética que principia a impor-se como legitimamente brasílica.”

De Claude Levi-Strauss, criador do estruturalismo, sobre O Dono do Mar: “O que José Sarney nos faz tão maravilhosamente ver é o duplo aspecto sobre o qual pode nos aparecer o mundo sobrenatural: muito distante no espaço ou muito distante no tempo. Frequentemente, disse e escrevi que para nós, modernos, a história faz as vezes da mitologia. Em seu livro, a mitologia popular floresce em evocação do passado, relativamente próximo para os homens ignorantes da história, mas que, na pena do narrador, assume dimensões muito mais vastas e torna presente, para nós, a epopéia marítima da nação portuguesa inteira que se perpetua diante de nossos olhos, graças a Sarney, através da vida laboriosa de humildes pescadores do litoral brasileiro…”.

De Jorge Amado sobre O Dono do Mar: “A história, a lenda, o dia-a-dia, o amor, a família, a paixão desvairada, a guerra, o que está acontecendo e o que sucedeu séculos antes, aquilo que se sabe por ouvir dizer. De começo os tempos do romance são linhas paralelas, acontecidos diversos e distantes, mas no decorrer da narrativa essas linhas se aproximam e se misturam, fundindo-se na realidade de um tempo maior que contém o ontem e o hoje. Tarefa difícil que José Sarney resolveu na perfeição da arquitetura de seu romance. As histórias dos navios naufragados no passado, da canoa e da pescaria de Cristório. O romancista conhece, com um conhecimento vivido, a vida de seu povo e a história do mar do Maranhão”.

De Carlos Castello Branco, mais importante jornalista político da segunda metade do séc. XX no Brasil, sobre O Parlamento Necessário: Sarney chegou ao Senado numa hora difícil, em 1971, quando as instituições sofriam o interregno dos atos de exceção. A matéria deste livro tem suas origens mergulhadas a partir de 1964 no movimento que pretendeu renovar os costumes políticos do País. Desse regime não foi beneficiário, pois os mandatos que obteve a partir de 1965, como governador, e depois em dois mandatos de senador, lhe foram dados pelo voto livre do Maranhão. Mas Sarney, que teve funções de lideranças, não fugiu às suas responsabilidades seja para com a democracia da sua crença seja para o regime de exceção que estima estar sendo o veículo da modernização das instituições nacionais. A sua primeira fé — a democrática — expressa-se no próprio título dessa coletânea de discursos — “O Parlamento Necessário” — e a sua interpretação do papel do movimento de março aprofunda-se em que, a pretexto de identificar o formalismo jurídico da oposição, acentua a transitoriedade e a instrumentalidade dos atos de emergência mediante os quais os governos militares procuram balizar a marcha para a implantação do regime democrático. […] Estudioso das instituições parlamentares e dos partidos, Sarney aprofunda suas observações em dois discursos sobre modernização, assessoramento e função de umas e de outros. São peças importantes e que certamente influíram no que se fez no Congresso e do que se faz na recomposição dos quadros partidários. […] O Senador José Sarney está na metade do seu segundo mandato. Sua carreira está numa encruzilhada. Ele hesita entre o apelo dos romances por escrever, dos quadros por pintar, e da vida pública por continuar no nível a que o destino o conduziu. Sua opção, de homem de talento limitado politicamente apenas pelas contingências históricas da sua região, surgirá naturalmente, sem esforço, da própria trama da sua vida, tão rica e tão complexa. Na literatura e na política ele está no ponto alto e, numa e na outra, horizonte se abre à sua frente.

Obras

Encontro dos escritores brasileiros Glauco Ortolano e José Sarney na sede da União Brasileira de Escritores de Nova York (UBENY).

Incluem-se entre as principais obras do autor José Sarney:

  • A pesca do curral (ensaio), 1953
  • A canção inicial (poesia), 1954
  • Norte das águas (contos), 1969
  • Marimbondos de fogo (poesia), 1978
  • O parlamento necessário, 1982 (discursos, 2 volumes)
  • Falas de bem-querer, 1983 (discursos)
  • Dez contos escolhidos, 1985
  • Brejal dos Guajas e outras histórias, 1985
  • A palavra do presidente, 1985-1990 (discursos, 6 volumes)
  • Sexta-feira, Folha, 1994 (crônica)
  • O dono do mar (romance), 1995
  • Amapá, a Terra onde o Brasil começa, 1998 (história)
  • A onda liberal na hora da verdade, 1999 (crônica)
  • Saraminda (romance), 2000
  • Saudades mortas (poesia), 2002
  • Canto de página, 2002 (crônica)
  • Crônicas do Brasil contemporâneo, 2004, 2 volumes
  • Tempo de pacotilha, 2004
  • 20 anos de democracia, 2005 (discursos, 2 volumes)
  • 20 anos do Plano Cruzado, 2006 (discursos)
  • Semana sim, outra também, 2006 (crônica)
  • A duquesa vale uma missa (romance), 2007
  • Maranhão - sonhos e realidades (romance), 2010

Academia Brasileira de Letras

Eleito em 17 de julho de 1980, na sucessão de José Américo de Almeida na cadeira 38, é recebido em 6 de novembro de 1980 pelo acadêmico Josué Montello. Recebeu os acadêmicos Marcos Vinicios Vilaça e Affonso Arinos de Mello Franco. Dos atuais integrantes da Academia Brasileira de Letras, José Sarney é o membro mais antigo. Também é presidente de Honra da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências – Aplac.

Crítica

José Sarney já foi alvo de críticas afiadas de alguns intelectuais, entre os quais se destacam Paulo Francis e Millôr Fernandes. A respeito de Brejal dos Guajas, Millôr disse que se tratava de "uma obra-prima sem similar na literatura de todos os tempos, pois só um gênio poderia fazer um livro errado da primeira à última frase".[41] Afirmou ainda que "em qualquer país civilizado Brejal dos Guajas seria motivo para impeachment". Quando foi publicado o livro de poesias "Marimbondos de Fogo", o grupo Casseta & Planeta disse que a obra era parte da trilogia completada por "Marimbondos de Porre" e "Marimbondos de Ressaca".[42]

Condecorações

José Sarney foi agraciado com as seguintes condecorações:[43]

Notas

  1. Foi registrado como José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mas mudou seu nome oficialmente em 1965[1].
  2. Dados extrapolados do site do Senado Federal.

Referências

  1. GUTEMBERG 2001, p. 21.
  2. Dados biográficos, Brasília, DF, Brasil: Senado federal .
  3. ECHEVERRIA 2011, p. 81.
  4. Índices extrapolados das tabelas de evolução do PIB em dólares por variação cambial da FGV, in SARNEY, José (2006), Vinte Anos de Plano Cruzado, Brasília: Senado Federal, p. 53 .
  5. Consultoria Tendências.
  6. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaulttab1.shtm, acesso em 01/02/2013
  7. ECHEVERRIA 2011, p. 25s.
  8. GUTEMBERG 2001, p. 20s.
  9. Echeverria 2011, p. 41s.
  10. GUTEMBERG 2001, p. 38s.
  11. Echeverria 2011, p. 63s.
  12. a b Echeverria 2011, p. 66.
  13. Echeverria 2011, p. 72.
  14. Echeverria 2011, p. 62.
  15. ECHEVERRIA 2011, pp. 73s.
  16. ECHEVERRIA 2011, pp. 78s.
  17. GUTEMBERG 2001, pp. 62s.
  18. GUTEMBERG 2001, p. 96.
  19. ECHEVERRIA 2011, p. 100.
  20. ECHEVERRIA 2011, pp. 102s.
  21. ECHEVERRIA 2011, pp. 129s.
  22. ECHEVERRIA 2011, p. 151s.
  23. GUTEMBERG 2001, p. 64.
  24. ECHEVERRIA 2011, p. 162s.
  25. ECHEVERRIA 2011, p. 164s.
  26. ECHEVERRIA 2011, p. 163.
  27. GUTEMBERG 2001, p. 74s.
  28. GUTEMBERG 2001, p. 73.
  29. GUTEMBERG 2001, p. 79s.
  30. Veja (88): 26, 13 de maio de 1970 .
  31. ECHEVERRIA 2011, p. 214s.
  32. SARNEY, José (20 de setembro de 1974), Discurso, Brasília, DF, BR: Senado .
  33. «Emenda Constitucional nº 11», Brasília, DF, Diário do Congresso Nacional, XXXIII (133), seção II, Sábado, 14 de Outubro de 1978  Verifique data em: |data= (ajuda).
  34. Programa Reforma e Transformação do Partido Democrático Social, Brasília: Senado Federal, 1980 , 23 pp.
  35. GUTEMBERG 2001, p. 105s.
  36. ECHEVERRIA 2011, p. 254.
  37. Veja (831): 20, 8 de agosto de 1984 .
  38. Veja (831): 21, 8 de agosto de 1984 .
  39. Veja (855): 20, 23 de janeiro de 1985  .
  40. http://noticias.terra.com.br/brasil/piloto-que-evitou-atentado-a-sarney-39nunca-me-dirigiu-a-palavra39,786ecc00a90ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html, acesso em 01/02/2013
  41. Fernandes, Millôr, UOL .
  42. História do Brasil, Zero Hora, p. 279 .
  43. «José Sarney – Biografia». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 2 de junho de 2009 
  44. http://www.ordens.presidencia.pt/
  45. http://www.ordens.presidencia.pt/
  46. http://www.ordens.presidencia.pt/

Bibliografia

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  • SARNEY, José, Palavras do Presidente José Sarney, Vol. I, Editora Gráfica Brasiliana, Brasília, 1985.
  • SARNEY, José, Sexta-feira na Folha, Editora Siciliano, 1994.
  • SARNEY, José, A onda liberal na hora da verdade, Editora Siciliano, 1999.
  • VELLOSO, João Paulo dos Reis, O Último Trem para Paris - de Getúlio a Sarney, Editora Nova Fronteira, 1986.

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