Império Bizantino

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Império Bizantino

Império Romano do Oriente
Βασιλεία ῬωμαίωνVasilía Roméon
Imperium Romanum

Império

395 — 1453 
Bandeira da dinastia paleóloga
Bandeira da dinastia paleóloga
 
Emblema imperial da dinastia paleóloga
Emblema imperial da dinastia paleóloga
Bandeira da dinastia paleóloga Emblema imperial da dinastia paleóloga

Império Bizantino em seu zênite sob Justiniano
Coordenadas de Constantinopla   41° N 28° 58' E
Continente Eurafrásia
Região Bacia do Mediterrâneo
Capital Constantinopla

Idiomas oficiais
Religiões
Moeda soldo (+ outras)

Forma de governo Autocracia
Imperador
• 395–408  Arcádio
• 1449–1453  Constantino XI

Período histórico
• 11 de maio de 330  Fundação de Constantinopla
• 17 de janeiro de 395  Cisão do Império Romano
• 1054  Grande Cisma
• 1204  Queda de Constantinopla à Quarta Cruzada
• 1204–1261  Exílio (Império de Niceia)
• 1261  Reconquista de Constantinopla
• 29 de maio de 1453  Queda de Constantinopla

População
 • 565   26 000 000  (est.)
 • 780   7 000 000  (est.)
 • 1025   12 000 000  (est.)
 • 1143   10 000 000  (est.)
 • 1282 [♦]   5 000 000  (est.)

[♦] ^ Ver população do Império Bizantino para dados mais detalhados.

O Império Bizantino foi a continuação do Império Romano durante a Antiguidade Tardia e Idade Média. Sua capital foi Constantinopla (moderna Istambul), originalmente conhecida com Bizâncio. Inicialmente parte oriental do Império Romano[1] (frequentemente chamada de Império Romano do Oriente no contexto), sobreviveu à fragmentação e ao colapso do Império Romano do Ocidente no século V e continuou a prosperar, existindo por mais de mil anos até sua queda diante da expansão dos turcos otomanos em 1453. Foi conhecido simplesmente como Império Romano (em grego: Βασιλεία Ῥωμαίων; romaniz.:Basileia Rhōmaiōn; em latim: Imperium Romanum)[2] ou România (em grego: Ῥωμανία; romaniz.:Rhōmanía)[3][4][5][6][7][8][9][10] por seus habitantes e vizinhos.

Como a distinção entre o Império Romano e o Império Bizantino é em grande parte uma convenção moderna, não é possível atribuir uma data de separação. Vários eventos do século IV ao século VI marcaram o período de transição durante o qual as metades oriental e ocidental do Império Romano se dividiram.[11] Em 285, o imperador Diocleciano (r. 284–305) dividiu a administração imperial em duas metades. Entre 324 e 330, Constantino (r. 306–337) transferiu a capital principal de Roma para Bizâncio, conhecida mais tarde como Constantinopla ("Cidade de Constantino") e Nova Roma.[nt 1] Sob Teodósio I (r. 379–395), o cristianismo tornou-se a religião oficial do império e, com sua morte, o Estado romano dividiu-se definitivamente em duas metades, cada qual controlada por um de seus filhos.[13] E finalmente, sob o reinado de Heráclio (r. 610–641), a administração e as forças armadas do império foram reestruturadas e o grego foi adotado em lugar do latim.[14][15][16] Em suma, Bizâncio se distingue da Roma Antiga na medida em que foi orientado para a cultura grega em vez da latina e caracterizou-se pelo cristianismo ortodoxo em lugar do politeísmo romano.[3][7][8][9][10]

As fronteiras do império mudaram muito ao longo de sua existência, que passou por vários ciclos de declínio e recuperação. Durante o reinado de Justiniano (r. 527–565), alcançou sua maior extensão após reconquistar muito dos territórios mediterrâneos antes pertencentes à porção ocidental do Império Romano, incluindo o norte da África, península Itálica e parte da península Ibérica. Durante o reinado de Maurício (r. 582–602), as fronteiras orientais foram expandidas e o norte estabilizado. Contudo, seu assassinato causou um conflito de duas décadas com o Império Sassânida que exauriu os recursos do império e contribuiu para suas grandes perdas territoriais durante as invasões muçulmanas do século VII. Durante a dinastia macedônica (século X–XI), o império expandiu-se novamente e viveu um renascimento de dois séculos, que chegou ao fim com a perda de grande parte da Ásia Menor para os turcos seljúcidas após a derrota na batalha de Manziquerta (1071).

No século XII, durante a Restauração Comnena, o império recuperou parte do território perdido e restabeleceu sua dominância. No entanto, após a morte de Andrônico I Comneno (r. 1183–1185) e o fim da dinastia comnena no final do século XII, o império entrou em declínio novamente. Recebeu um golpe fatal em 1204, no contexto da Quarta Cruzada, quando foi dissolvido e dividido em reinos latinos e gregos concorrentes. Apesar de Constantinopla ter sido reconquistada e o império restabelecido em 1261, sob os imperadores paleólogos, o império teve que enfrentar diversos estados vizinhos rivais por mais 200 anos para sobreviver. Paradoxalmente, este período foi o mais produtivo culturalmente de sua história.[1] Sucessivas guerras civis no século XIV minaram ainda mais a força do já enfraquecido império e mais territórios foram perdidos nas guerras bizantino-otomanas, que culminaram na Queda de Constantinopla e na conquista dos territórios remanescentes pelo Império Otomano no século XV.

Nomenclatura

A designação do império como "bizantino" surgiu na Europa Ocidental em 1557, quando o historiador alemão Hieronymus Wolf publicou sua obra Corpus Historiæ Byzantinæ, uma coleção de fontes bizantinas. "Bizantino" em si vem de "Bizâncio" (uma cidade grega, fundada por colonos de Mégara em 667 a.C.), o nome da cidade de Constantinopla antes de se tornar a capital do império sob Constantino. Este antigo nome da cidade raramente seria utilizado a partir daquele evento, exceto no contexto poético ou histórico. A publicação, em 1668, de Bizantino du Louvre (Corpus Scriptorum Historiæ Byzantinæ), e em 1680 da História Bizantina de Du Cange popularizou o uso de Bizantino em autores franceses, como Montesquieu.[17] Contudo, só em meados do século XIX é que o termo entrou em uso geral no mundo ocidental.[18]

O império era conhecido por seus habitantes como Império Romano (em latim: Imperium Romanum; em grego: Βασιλεία τῶν Ῥωμαίων; romaniz.:Basileía tôn Rhōmaíōn) ou Império dos Romanos (em latim: Imperium Romanorum; em grego: Αρχη τῶν Ῥωμαίων; romaniz.:Arche tôn Rhōmaíōn), România (em latim: Romania;em grego: Ῥωμανία; romaniz.:Rhōmanía),[nt 2] República Romana (em latim: Res Publica Romana; em grego: Πολιτεία τῶν Ῥωμαίων; romaniz.:Politeίa tôn Rhōmaíōn),[21] Graikia (em grego: Γραικία),[22] e também Rhōmais (Ῥωμαΐς).[23]

Durante a maior parte da Idade Média, os gregos bizantinos identificaram-se como romaioi (em grego: Ρωμαίοι; "romano", ou seja, cidadãos do Império Romano), um termo que, em língua grega, tornou-se sinônimo de grego cristão.[24][25] Eles também identificavam-se como graikoi (em grego: Γραικοί; "gregos"),[26][27][28][29][30] embora este etnônimo nunca tenha sido usado na correspondência política oficial bizantina antes de 1204.[31] O antigo nome "heleno" era popularmente considerado um sinônimo para pagão e foi readotado como um etnônimo no período médio bizantino,[nt 3] mais precisamente no século XI.[35]

Embora o império tenha tido um caráter multiétnico durante a maior parte de sua história[36][37] e preservasse as tradições romano-helenísticas,[38] era geralmente conhecido pela maioria dos seus contemporâneos ocidentais e do norte como o "Império dos Gregos" (em latim: Imperium Graecorum)[nt 4] devido ao crescente predomínio do elemento grego.[3][39][40][41][42][43][44][45][46][47] O uso ocasional do termo "Império dos Gregos" para referir o Império Romano do Oriente e "Imperador dos Gregos" (em latim: Imperator Graecorum)[48] para o imperador bizantino reflete o desejo dos novos reinos do Ocidente de separá-lo do Império Romano, uma vez que rejeitavam a afirmação imperial de descendência.[nt 5]

A reivindicação do Império Romano do Oriente da herança romana foi ativamente disputada no Ocidente durante o reinado da imperatriz Irene de Atenas (r. 797–802), depois da coroação de Carlos Magno como imperador do Sacro Império no ano 800 pelo papa Leão III, que, precisando de ajuda contra os lombardos em Roma, considerou vago o trono do Império Romano por não haver um ocupante do sexo masculino[50] no trono.[51][52] O papa e os governantes do ocidente sempre utilizaram o nome "romano" para referirem-se aos imperadores do oriente, todavia preferiram o termo Imperator Romaniæ ("imperador da România"), em vez de Imperator Romanorum ("imperador romano"), um título que os ocidentais mantiveram apenas para Carlos Magno e seus sucessores.[nt 6] Essa distinção não existiu nos mundos persa, islâmico e eslavo, nos quais o império era visto como uma continuação do Império Romano. No mundo islâmico, era conhecido principalmente como روم (Rûm, "Roma").[54][55]

História

Divisão do Império Romano

O Batismo de Constantino, por Rafael Sanzio, 1520–1524, Vaticano, Palácio Apostólico. Eusébio de Cesareia recorda que, como foi comum entre os cristãos convertidos deste período, Constantino teve um batismo tardio, próximo de sua morte.[56]
soldo de Odoacro (r. 476–493) na qual aparece o nome do imperador Zenão I (r. 474–475; 476–491), a quem estava nominalmente subordinado

Em 293, Diocleciano (r. 284–305) criou um novo sistema administrativo, a Tetrarquia.[57] Após a abdicação de Diocleciano e Maximiano (r. 286–308), no entanto, a tetrarquia entrou em colapso, e Constantino (r. 306–337) substituiu-a pelo princípio dinástico de sucessão hereditária.[58] Escolheu a antiga cidade de Bizâncio como nova capital imperial, refundando-a em 330 como "Nova Roma" (adquiriria posteriormente o nome Constantinopla), pois estava bem situada nas rotas comerciais que passavam pelos mares Negro e Mediterrâneo, ligando o Oriente e o Ocidente. Constantino fez muitas mudanças nas instituições civis, militares, administrativas e religiosas.[59] Baseando-se nas reformas administrativas introduzidas por Diocleciano, estabilizou a moeda (o soldo de ouro que introduziu tornou-se uma moeda altamente valorizada e estável)[nt 7] e fez alterações na estrutura do exército.[64] Embora não tenha sido tornado a religião oficial do Estado, o cristianismo gozava da preferência imperial, uma vez que Constantino concedeu-lhe generosos privilégios.[65] Ele estabeleceu o princípio de que os imperadores não deveriam resolver questões de doutrina, mas deveriam convocar concílios eclesiásticos gerais para esse efeito. O Primeiro Concílio de Arles foi convocado por Constantino e o Primeiro Concílio de Niceia apresentou sua reivindicação para ser a cabeça da Igreja.[66][67][68]

Durante o reinado de Teodósio I (r. 378–395) os templos pagãos do império começaram a ser sistematicamente destruídos e o cristianismo tornou-se a religião oficial do Estado romano. Após a sua morte em 395, o império foi dividido entre seus filhos: a porção ocidental foi mantida por Honório (r. 393–423), enquanto a oriental por Arcádio (r. 395–408).[69][13] A porção oriental foi poupada das dificuldades enfrentadas pelo Ocidente no século V, em parte devido a uma cultura mais urbana e a mais recursos financeiros[70] que lhe permitiram evitar invasões pagando tributos e contratando mercenários estrangeiros. Teodósio II (r. 408–450) fortaleceu as muralhas de Constantinopla construindo a Muralha de Teodósio (408–413),[71] o que deixou a cidade imune à maior parte dos ataques; as muralhas mantiveram-se inexpugnáveis até 1204. A fim de afastar os hunos, Teodósio pagou-lhes tributos (159 kg de ouro).[72]

Seu sucessor Marciano (r. 450–457) se recusou a continuar a pagar a quantia anteriormente estipulada, pois considerava-a exorbitante.[73] Por essa altura, no entanto, Átila (r. 434–453) já havia desviado sua atenção para o Império Romano do Ocidente. Após a morte de Átila, o Império Huno se desmoronou e Constantinopla iniciou um relacionamento profícuo com os hunos restantes, que acabaram lutando como mercenários do exército bizantino.[74][75][76] Com o fim da ameaça huna, o Império do Oriente viveu um período de paz, enquanto o Império do Ocidente continuou seu lento declínio em decorrência da expansão dos povos germânicos: por esta altura muitos de seus antigos territórios já haviam sido perdidos, terminando por ser completamente conquistado em 476 pelo oficial romano de origem germânica Odoacro, que forçou o imperador Rômulo Augusto (r. 475–476) a abdicar.[77][78]

Em 480, o imperador Zenão I (r. 474–491) aboliu a divisão do império, tonando-se imperador único. Odoacro (r. 476–493), agora governando a Itália como rei, foi nominalmente subordinado de Zenão, mas atuou com completa autonomia e acabou por apoiar uma rebelião contra o imperador.[79] Para recuperar a Itália, Zenão negociou com o rei dos ostrogodos da Mésia, Teodorico (r. 474-–26), a quem enviou como mestre dos soldados da Itália (magister militum per Italiam), a fim de depor Odoacro. Este foi assassinado pelo próprio Teodorico durante um banquete em 493. Teodorico fundou então o Reino Ostrogótico, do qual tornou-se rei (493-526),[80] embora nunca tenha sido reconhecido como tal pelos imperadores orientais.[79] Em 491, Anastácio I (r. 491–518), um oficial civil de origem romana, tornou-se imperador. No âmbito militar foi bem sucedido em suprimir, em 497, uma revolta isauriana que havia eclodido em 492,[81] bem como em uma guerra contra o Império Sassânida. Atualmente desconhecem-se os termos do tratado de paz que terminou este último conflito.[82][83] No âmbito administrativo mostrou-se um reformador enérgico e um administrador competente — aperfeiçoou o sistema de cunhagem de Constantino, através do estabelecimento definitivo do peso do follis, a moeda utilizada na maioria das transações diárias,[84] e reformou o sistema tributário, abolindo permanentemente o imposto Crisárgiro. O Tesouro do Estado dispunha da enorme quantia de 145 150 kg de ouro quando Anastácio morreu em 518.[85]

Reconquista das províncias ocidentais

Justiniano
Justiniano em um dos famosos mosaicos da Basílica de São Vital, Ravena
Basílica de Santa Sofia.

Em 527, assumiu o trono imperial Justiniano (r. 527–565), sobrinho do então imperador Justino I (r. 518–527).[86] Em 529, uma comissão de dez homens presidida por João da Capadócia e Triboniano revisou o código legal romano e criou uma nova codificação de leis e extratos de juristas; em 534, o código foi atualizado e, juntamente com as Novelas de Justiniano (decretos promulgados por ele até 534), formou o sistema legal usado durante a maior parte do período bizantino.[87] Em 532, com a morte do Cavades I (r. 488–496; 499–531), Justiniano firmou a chamada Paz Eterna com o seu filho e sucessor, Cosroes I (r. 531–579), concluindo assim a Guerra Ibérica que havia sido iniciada em 526.[88] No mesmo ano, o imperador sobreviveu a uma revolta em Constantinopla (a Revolta de Nika), que terminou com a morte de cerca de 30 a 35 mil manifestantes.[89][90] Esta vitória consolidou o poder de Justiniano.[91] No rescaldo do evento, o imperador empreendeu um extenso programa de reparação e ampliação dos edifícios danificados, entre os quais o mais famoso, a Basílica de Santa Sofia, perdura até a atualidade como um dos principais monumentos da arquitetura bizantina.[92]

O reinado de Justiniano foi caracterizado por uma série de guerras contra os poderes germânicos ocidentais que culminaria na reconquista de vastas porções do então findado Império Romano do Ocidente. Este período de reconquistas se iniciou em 533, quando o general Belisário foi enviado para recuperar a antiga província da África Proconsular dos vândalos, que a controlavam desde 429.[93] Embora a Guerra Vândala tenha sido rapidamente concluída em 534, a província só foi efetivamente conquistada em 548,[94] pelo oficial João Troglita, pois eclodiu uma série de rebeliões no exército imperial e nas tribos berberes que residiam na região.[91][95][96] Na Itália, aproveitando-se do assassinato da rainha Amalasunta por Teodato (r. 534–536),[97] Justiniano lançou duas expedições contra o Reino Ostrogótico, uma na Sicília, sob o comando de Belisário, e outra na Dalmácia, comandada por Mundo,[98] o que deu início à chamada Guerra Gótica. Os bizantinos conquistaram gradualmente os territórios ostrogodos, capturando as cidades de Ravena, Nápoles e Roma.[99][100] Em 549, o general Belisário, que estava em Ravena, foi convocado para Constantinopla[101][94] e em seu lugar foi colocado o eunuco armênio Narses, que chegou na Itália no final de 551. Sob o comando de Narses, os bizantinos conseguiram vitórias decisivas contra os reis Totila (r. 542–552) e Teia (r. 552–553) que concluíram a guerra, embora os ostrogodos permanecessem resistentes ao domínio imperial por mais algum tempo.[102][103] Em 551, quando a Guerra Gótica ainda decorria, Atanagildo, um nobre visigodo do Reino Visigótico, procurou a ajuda de Justiniano em uma rebelião contra o rei Ágila I (r. 549–551), que enviou uma força sob Libério. O Império Bizantino manteve uma faixa no sul da Hispânia, que ficou conhecida como província da Espânia, até o reinado de Heráclio.[104][105]

Império Bizantino em 600

Em 541, quando Justiniano estava empenhado em suas campanhas ocidentais, o xá Cosroes I resolveu quebrar a Paz Eterna e declarar guerra. A chamada Guerra Lázica começou com inúmeras escaramuças e cercos na frente mesopotâmica, sendo transferida, a partir de 548, para Lázica por influência do rei local Gubazes II (r. 541–555), arrastando-se até 561, quando concluiu-se a chamada Paz de 50 anos.[nt 8][108] Em meados dos anos 550, Justiniano obteve vitórias na maioria dos teatros de operação, com a notável exceção dos Bálcãs, que foram submetidos a repetidas incursões dos esclavenos e gépidas; posteriormente, durante o reinado de Heráclio (r. 610–641), tribos sérvias e croatas foram reassentadas no nordeste dos Bálcãs.[109] Em 559, o Império Bizantino enfrentou uma grande invasão dos cutrigures liderada por Zabergan. Justiniano chamou o seu general Belisário de seu retiro e, com a liderança deste, os hunos foram derrotados. O reforço das frotas do rio Danúbio provocou a retirada dos cutrigures, que concordaram em um tratado que permitiu a passagem segura para o outro lado do Danúbio.[110][111]

Justiniano morreu em 565 e foi sucedido por seu sobrinho Justino II (r. 565–578), cuja primeira medida como imperador foi recusar-se a pagar o grande tributo anual ao Império Sassânida que havia sido estipulado na Paz de 50 anos. Após ajudar o armênio Bardanes III Mamicônio em sua revolta contra os persas, eclodiu uma nova guerra entre as duas potências.[112] Enquanto isso, os lombardos invadiram a península Itálica; no final do século, apenas um terço da Itália estava sob domínio do Império Bizantino. No reinado do sucessor de Justino II, Tibério II (r. 578–582), assistiu-se ao começo das invasões ávaras e, mesmo aplacando-os com subsídios, a fortaleza balcânica de Sirmio sofreu um cerco ávaro e acabou conquistada. Além deles, os eslavos começaram a fazer incursões no Danúbio. Maurício I (r. 582–602), que sucedeu a Teodósio, interveio em uma guerra civil persa entre o legítimo Cosroes II (r. 590–628) e o usurpador Vararanes VI (r. 590–591). Devido à ajuda prestada, o conflito bizantino-sassânida foi concluído, com os persas cedendo vastas porções de terra do nordeste da Mesopotâmia, Armênia persa e do Reino da Ibéria, além de isentarem os bizantinos de pagamento de tributo.[113][114][115] O fim do conflito e a consequente economia dos recursos do império permitiu que Maurício empreendesse uma série de campanhas bem sucedidas nos Bálcãs que empurraram ávaros e eslavos para além do Danúbio e estabilizarem por algum tempo esta fronteira.[116][117][118][119][120]

As fronteiras encolhendo

Dinastia heracliana

Império Bizantino no ano 650

Durante os séculos VI e VII, o império foi atingido por uma série de epidemias, que foram devastadoras para a população e contribuíram para um declínio econômico significativo e e para o enfraquecimento do império.[121][122][123] Sob Tibério II, o excedente do tesouro que havia sido acumulado desde Justino II foi gasto com sua magnanimidade e campanhas,[124][125][126] o que forçou Maurício a adotar medidas fiscais estritas e cortes nos pagamentos do exército, ocasionando vários motins.[127] O último deles, em 602, causou o assassinato de Maurício pelo oficial trácio Focas (r. 602–610).[128][129][130][131] Depois do assassinato de Maurício, Cosroes II usou este pretexto para recomeçar as hostilidades com o Império Bizantino.[132]

Focas, um governante impopular invariavelmente descrito em fontes bizantinas como um "tirano", foi alvo de conspirações lideradas pelo senado. Acabou sendo deposto em 610 por Heráclio, que rumou para Constantinopla de Cartago com um ícone posto na proa de seu navio.[133][134] No momento da ascensão de Heráclio, os sassânidas haviam avançado profundamente na Ásia Menor, ocupando importantes cidades do Oriente como Damasco e Jerusalém e levando a Vera Cruz para a sua capital, Ctesifonte.[135] A contra-ofensiva de Heráclio assumiu caráter de uma guerra santa, e uma imagem acheiropoieta de Jesus Cristo foi usada como estandarte.[136][137] Do mesmo modo, quando Constantinopla foi salva do cerco dos ávaros em 626, a vitória foi atribuída ao ícone da Virgem, que fora levado em procissão pelo patriarca Sérgio sobre os muros da cidade.[138] A principal força sassânida foi destruída em Nínive em 627 e em 629 Heráclio restaurou a Vera Cruz de Jerusalém, em uma cerimônia majestosa.[134][139][140] A guerra tinha esgotado tanto o Império Bizantino como o Império Sassânida, e deixou-os extremamente vulneráveis às forças árabes muçulmanas, que surgiram nos anos seguintes.[141] Os romanos sofreram uma esmagadora derrota para os árabes na batalha de Jarmuque, em 636, e Ctesifonte caiu em 637.[142]

O fogo grego foi usado pela primeira vez pela marinha bizantina durante as guerras bizantino-árabes. Escilitzes de Madrid, Biblioteca Nacional da Espanha, Madrid
Mosaico na Basílica de Santo Apolinário, em Ravena, retratando o imperador Constantino IV e sua corte. Foi durante seu reinado que os búlgaros invadiram pela primeira vez o Império Bizantino.

A partir de 649, os árabes começaram a fazer ataques navais contra o império, chegando a controlar Chipre. Os árabes, já firmemente controlando a Síria e o Levante, enviaram frequentes incursões às profundezas da Anatólia, e entre 674 e 678 fizeram um cerco a Constantinopla. A frota árabe foi repelida através do uso do fogo grego, e foi assinada uma trégua de trinta anos entre o Império Bizantino e o Califado Omíada.[143] Contudo, as incursões árabes na Anatólia perduraram e aceleraram o fim da cultura urbana clássica, com os habitantes de muitas cidades refortificando áreas muito menores no interior das muralhas, ou se mudando para fortalezas próximas.[144][145] Constantinopla regrediu consideravelmente em tamanho, com a população diminuindo de 500 mil habitantes para apenas 40 a 70 mil. Isso se deveu principalmente ao fim das remessas grátis de cereais do Egito, primeiro devido à perda temporária daquela região para os persas (618–628) e depois à conquista definitiva pelos árabes em 642.[146][147] O vazio deixado pelo desaparecimento das velhas instituições cívicas semi-autônomas foi preenchido pelo sistema das temas, que implicou a divisão da Anatólia em "províncias" ocupadas por exércitos distintos, que assumiram a autoridade civil e respondiam diretamente ao governo imperial. Este sistema pode ter tido suas raízes em determinadas medidas pontuais adotadas por Heráclio, mas ao longo do século VII se transformou em um sistema totalmente novo de governo imperial.[148][149] Tem sido dito que a reestruturação cultural e institucional maciça do império, na sequência das perdas territoriais do século VII, causou a ruptura decisiva entre o antigo Estado romano e aquele dos bizantinos, sendo que ele passou a ser entendido com um estado sucessor, em vez de uma continuação do Império Romano.[150]

A retirada de um grande número de tropas dos Bálcãs para combater os persas e os árabes no Oriente abriu as portas para a expansão gradual dos povos eslavos para a Grécia e, como na Anatólia, muitas cidades regrediram para pequenos povoados fortificados.[151] Na década de 670, os búlgaros foram empurrados do sul do Danúbio com a chegada dos cazares, e em 680 forças bizantinas que tinham sido enviadas para dispersar esses novos assentamentos foram derrotadas. No ano seguinte, Constantino IV Pogonato (r. 668–685) assinou um tratado com o cã búlgaro Asparuque (r. 668–695), e o Império Búlgaro assumiu a soberania sobre algumas tribos eslavas que anteriormente, pelo menos nominalmente, tinham reconhecido a soberania bizantina.[152] Em 687–688, o imperador Justiniano II (r. 685-695; 705-711) liderou uma expedição contra os eslavos e os búlgaros, obtendo vitórias significativas, porém o fato de ele precisar combater em seu regresso da Trácia para a Macedônia demonstra o grau de deterioração do poder bizantino na região norte dos Bálcãs.[153]

O último imperador heracliano, Justiniano II, tentou quebrar o poder da aristocracia urbana através de uma tributação severa e da nomeação de "estrangeiros" para cargos administrativos. Foi expulso do poder em 695, e se exilou primeiro junto dos cazares e posteriormente dos búlgaros. Nos anos seguintes, mais precisamente até 698,[154] os últimos territórios bizantinos do Norte da África seriam conquistados pelos árabes, concluindo o processo iniciado em 647.[155] Em 705, Justiniano II retornou a Constantinopla com os exércitos do cã búlgaro Tervel (r. 695–715), retomou o trono e instituiu um regime de terror contra seus inimigos. Com sua queda final em 711, mais uma vez apoiada pela aristocracia urbana, a dinastia heracliana chegou ao fim.[156][157][158]

Da dinastia isauriana à ascensão de Basílio I

O Império Bizantino durante a ascensão de Leão III, o Isáurio. O território listrado mostra a invasão dos árabes.

Leão III, o Isáurio (r. 717–741) voltou a combater os árabes em 718, alcançando a vitória com a importante ajuda do cã búlgaro Tervel, que matou 32 mil árabes com seu exército. Ele também se dirigiu à tarefa de reorganizar e consolidar os temas da Ásia Menor. Seu sucessor, Constantino V Coprônimo (r. 741–775), alcançou notáveis vitórias no norte da Síria, e minou completamente o poder do Império Búlgaro.[159] Em 797, Irene (r. 797–802) tornou-se a primeira mulher a ocupar o trono.[160] No Natal do ano 800, com o pretexto da ausência de um imperador do sexo masculino no trono de Constantinopla, e por razões de conveniência, o papa Leão III coroou Carlos Magno (r. 768–814) como imperador do Ocidente.[nt 9][51][52] Em Constantinopla, isto foi visto como sacrilégio. Em 802, Carlos Magno enviou embaixadores a Constantinopla propondo casamento com Irene, mas, de acordo com Teófanes o Confessor, o plano foi frustrado por Aécio, um dos favoritos de Irene.[162]

Nicéforo I, o Logóteta (r. 802–811), por não reconhecer Carlos Magno como imperador, provocou uma deterioração nas relações externas entre bizantinos e francos, o que provocou uma guerra por Veneza entre 806-810. A consequente Pax Nicephori acordou que o Ducado de Veneza pertenceria explicitamente aos domínios bizantinos,[163] enquanto a Croácia Dálmata, com exceção das ilhas e cidades bizantinas, pertenceria aos francos.[164]

Papa Leão III coroando Carlos Magno

Sob a liderança do imperador Krum (r. 803–811), a ameaça búlgara também reapareceu: cidades como Sérdica (atual Sófia) [165] e Adrianópolis[166] foram sitiadas e tomadas, enquanto nas batalhas campais de Plisca (811)[167][168] e Versinikia (813)[169] os bizantinos foram decisivamente derrotados; em 814, o filho de Krum, Omurtag (r. 814–831), negociou a paz com o Império Bizantino.[170] Aproveitando-se da fraqueza do império, após a revolta de Tomás, o Eslavo no início da década de 820, o Califado Abássida capturou Creta em 824, atacou com sucesso a Sicília, sitiando Siracusa e conquistando Palermo (831),[171] e destruiu Amório em 838.[172][173][174][175] Porém, através das operações militares dos imperadores Teófilo (r. 829–842) e Miguel III, o Ébrio (r. 842–867), o Império Bizantino conquistou as cidades de Tarso (831), Melitene e Arsamosata (837), destruiu Sozópetra (837)[176][177] e derrotou decisivamente os árabes em Lalacão (863).[178]

Nos séculos VIII e IX, o império foi dominado pela polêmica e divisão religiosa causada pela política iconoclasta. Os ícones foram banidos em 726 por Leão III, levando à revolta dos iconódulos (apoiantes dos ícones) em todo o império.[179] Após os esforços da imperatriz Irene, o Concílio de Niceia se reuniu em 787 e afirmou que os ícones podiam ser venerados mas não adorados. Em 813, Leão V, o Armênio (r. 813–820) restaurou a política da iconoclastia, mas em 843, Teodora restaurou a veneração dos ícones com a ajuda do patriarca Metódio.[180] A iconoclastia desempenhou o seu papel na alienação posterior do Oriente e Ocidente, que se agravou durante o chamado Cisma de Fócio, quando o papa Nicolau I desafiou a elevação de Fócio para o patriarcado.[181]

Dinastia macedônica e o ressurgimento

O Império Bizantino em 867

A ascensão de Basílio I, o Macedônio (r. 867–886) marcou o começo da dinastia macedônica, que governaria nos dois séculos e meio seguintes. Esta dinastia incluiu alguns dos imperadores bizantinos mais competentes, e o período é marcado pelo renascimento sócio-cultural e militar. O império mudou de uma posição defensiva para uma agressiva que, além de possibilitar a reconquista de muitos territórios perdidos, fez com que o Estado bizantino se reafirmasse como potência militar e autoridade política. Além disso, durante esse período se assistiu a um renascimento cultural em áreas como a filosofia e as artes. Houve um esforço consciente de restaurar o brilho do período anterior às invasões eslavas e árabes, o que levou a que o período macedônico fosse apelidado de "Idade do Ouro" de Bizâncio.[182]

Guerras contra os muçulmanos

Ver artigo principal: Guerras bizantino-árabes

Nos primeiros anos do reinado de Basílio I, os raides árabes na costa da Dalmácia foram repelidos com sucesso, e a região passou mais uma vez a estar sob forte controle bizantino. Isto permitiu que os missionários bizantinos penetrassem no interior e convertessem os sérvios e os principados das atuais Herzegovina e Montenegro ao cristianismo ortodoxo.[183] Contudo, uma tentativa de retomar Malta terminou desastrosamente quando a população local aliou-se com os árabes e massacrou a guarnição bizantina. Por contraste, a posição bizantina no sul da Itália foi gradualmente consolidada, de modo que em 873 Bari passou para o domínio bizantino, enquanto a maior parte do sul da Itália pertenceu ao império durante os 200 anos seguintes.[184] Na importante frente oriental, o império reconstruiu suas defesas e partiu para a ofensiva. Os paulicianos foram derrotados e a sua capital, Tefrique, foi tomada, enquanto a ofensiva contra o Califado Abássida começou com a recaptura de Samósata.[183]

Basílio II Bulgaróctone (r. 976–1025)

Sob Leão VI, o Sábio (r. 886–912), as vitórias no Oriente contra o então enfraquecido Califado Abássida continuaram. Contudo, a Sicília foi perdida para os árabes em 902, e em 904 Tessalônica foi saqueada por uma frota árabe liderada pelo renegado bizantino Leão de Trípoli. A fraqueza do império na esfera naval foi rapidamente corrigida, de modo que alguns anos mais tarde a marinha bizantina reocupou Chipre, perdido no século VII, e também invadiu Laodiceia (atual Cadexe), na Síria. Apesar desta vingança, os bizantinos ainda eram incapazes de dar um golpe decisivo contra os muçulmanos, os quais infligiram uma derrota esmagadora sobre as forças imperiais quando estas tentaram recuperar Creta, em 911.[185]

A morte do imperador búlgaro Simão I (r. 893–927) enfraqueceu severamente os búlgaros, permitindo que os bizantinos se concentrassem na frente oriental.[186] Melitene foi permanentemente reconquistada em 934 e, em 943, o famoso general João Curcuas continuou as ofensivas na Mesopotâmia, com algumas vitórias notáveis que culminaram na reconquista de Edessa (atual Şanlıurfa). Curcuas foi especialmente celebrado ao retornar para Constantinopla trazendo a venerável Imagem de Edessa (Mandylion), uma relíquia na qual supostamente estava impresso um retrato de Cristo.[187] Os imperadores soldados Nicéforo II Focas (r. 963–969) e João I Tzimisces (r. 969–976) expandiram o império para a Síria, derrotando os emires do noroeste do atual Iraque. A grande cidade de Alepo foi tomada por Nicéforo em 962 e os árabes foram decisivamente expulsos de Creta no ano seguinte. A recaptura de Creta colocou um fim aos raides árabes no mar Egeu, permitindo que o continente grego florescesse novamente. O Chipre foi permanentemente retomado em 965 e os êxitos de Nicéforo culminaram em 969 na recaptura de Antioquia, que ele incorporou como uma província imperial.[188] Seu sucessor, João Tzimisces, recapturou Damasco, Beirute, Acre, Sídon, Cesareia e Tiberíades, colocando os exércitos bizantinos a pouca distância de Jerusalém, embora os centros de poder muçulmanos no Iraque e Egito tenham sido deixados intactos.[189] Após muitas campanhas no norte, na última ameaça árabe a Bizâncio, a rica província da Sicília foi alvo, em 1025, de um ataque de Basílio II (r. 976–1025), porém ele morreu antes de poder completar a expedição. No entanto, por essa altura o império se estendia desde o estreito de Messina ao Eufrates e do Danúbio à Síria.[190]

Guerras contra o Império Búlgaro

Derrota bizantina em Bulgarófigo
O império após as conquistas de Basílio II

A luta tradicional com a Sé de Roma continuou até o período macedônico, estimulada pela questão da supremacia religiosa sobre a recém-cristianizada Bulgária.[182] Após 80 anos de paz entre os dois Estados, o poderoso imperador búlgaro Simão I invadiu o império em 854, mas foi repelido pelos bizantinos, que usaram a sua frota para atacar a retaguarda búlgara navegando pelo mar Negro e contando com o apoio dos magiares.[191] Contudo, os bizantinos foram derrotados na batalha de Bulgarófigo em 896 e concordaram em pagar tributos anuais para os búlgaros.[185] Com a morte de Leão VI, o Sábio em 912, as hostilidades logo recomeçaram, com Simão marchando sobre Constantinopla à frente de um grande exército.[192] Embora as muralhas da cidade fossem inexpugnáveis, a administração bizantina estava em desordem e Simão foi convidado para a cidade, onde lhe foi concedida a coroa de basileu (imperador) da Bulgária e o jovem imperador Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959) foi prometido em casamento a uma de suas filhas. Quando uma revolta em Constantinopla suspendeu seu projeto dinástico, Simão invadiu novamente a Trácia e conquistou Adrianópolis.[193][194] O império enfrentava agora o problema de um poderoso Estado cristão a uma distância de poucos dias de marcha de Constantinopla,[182] além de ter que lutar em duas frentes.[185]

Uma grande expedição militar bizantina sob Leão Focas e Romano I Lecapeno (r. 920–944) terminou novamente com uma derrota esmagadora na batalha de Anquíalo (917) e no ano seguinte os búlgaros estavam livres para devastar o norte da Grécia até Corinto. Adrianópolis foi novamente capturada em 923 e um exército búlgaro cercou Constantinopla em 924. A situação dos Bálcãs só melhorou após a morte súbita de Simão em 927 e o subsequente colapso do poder búlgaro. A Bulgária e o Império Bizantino entraram então em um longo período de relações pacíficas, o que libertou o império para se concentrar na frente oriental contra os muçulmanos.[195] Em 968, a Bulgária foi invadida pelos Rus' sob Esviatoslau I de Quieve (r. 960–972), mas três anos depois o imperador João I Tzimisces os derrotou na batalha de Dorostolo e incorporou o leste da Bulgária ao império.[196]

A resistência búlgara se reacendeu sob os dinastia dos cometópulos ("filhos do conde"), mas o novo imperador Basílio II (r. 976–1025) fez da submissão dos búlgaros seu objetivo principal. Sua primeira expedição contra a Bulgária, no entanto, resultou em uma derrota humilhante nas Portas de Trajano. Nos anos seguintes, o imperador esteve preocupado com revoltas internas na Anatólia, enquanto os búlgaros expandiam seu reino nos Bálcãs. A guerra se prolongou por quase 20 anos. As vitórias bizantinas de Esperqueu e Escópia enfraqueceram decisivamente o exército búlgaro, e Basílio metodicamente reduziu as fortalezas búlgaras em campanhas anuais. Posteriormente, na batalha de Clídio, em 1014, os búlgaros foram completamente derrotados. Em 1018, os últimos redutos dos búlgaros tinham se rendido e a região se tornou parte do Império Bizantino.[197] Essa vitória restaurou a fronteira do Danúbio, algo que não ocorria desde os tempos do imperador Heráclio.[190][193]

Relações com o Principado de Quieve

Rus' frente às muralhas de Constantinopla em 860

Entre 850 e 1100, o império desenvolveu uma relação mista com o novo Estado que surgiu ao Norte além do mar Negro, o Principado de Quieve.[198] Esta relação teria repercussões duradouras na história dos eslavos do leste, e o império rapidamente se tornou o principal parceiro comercial e cultural de Quieve. Os rus' lançaram seu primeiro ataque a Constantinopla em 860, pilhando os subúrbios da cidade. Em 941, eles apareceram na costa asiática do Bósforo, mas desta vez foram esmagados, um indicativo das melhorias na posição militar após 907, quando apenas a diplomacia foi capaz de repelir os invasores. Basílio II não podia ignorar o poder emergente dos rus' e, seguindo o exemplo de seus antecessores, usou a religião como meio para a consecução de fins políticos.[199] As relações rus'-bizantinas tornaram-se mais próximas após o casamento de Ana Porfirogênita com Vladimir, o Grande (r. 980–1015) em 988 e a subsequente cristianização dos rus'. Padres, arquitetos e artistas bizantinos foram convidados a trabalhar em numerosas catedrais em território rus', expandindo ainda mais a influência cultura bizantina, enquanto numerosos rus' serviram ao exército bizantino como mercenários, nomeadamente a famosa guarda varegue.[198]

Contudo, após a cristianização dos rus' as relações não foram sempre amigáveis. O conflito mais sério foi a guerra de 968-971 na Bulgária. Além disso, há registro de vários raides rus' contra as cidades bizantinas na costa do mar Negro e à própria Constantinopla. Embora a maioria destes ataques tenha sido repelido, eles frequentemente foram seguidos por tratados geralmente favoráveis aos rus', como o que celebrou o fim da guerra de 1043, no qual os rus' mostram as suas ambições de competir com os bizantinos como um poder independente.[199]

O ápice

Os sucessos militares do século X foram acompanhados por um grande renascimento cultural, a chamada Renascença macedônica. Imagem do Saltério de Paris

Por 1025, a data da morte de Basílio II, o Império Bizantino se estendia da Armênia, no Oriente, à Calábria, no sul da Itália, no Ocidente.[190] Muitos sucessos foram alcançados, desde a conquista da Bulgária à anexação de partes da Geórgia e Armênia, e a reconquista de Creta, Chipre e da importante cidade de Antioquia. Mais do que meros ganhos táticos temporários, estes êxitos foram reconquistas de longo prazo.[200] Sob os imperadores macedônicos, a cidade de Constantinopla floresceu, tornando-se a maior e mais rica cidade da Europa, com uma população de aproximadamente 400 000 habitantes nos séculos IX e X.[201][202] Durante este período, o Império Bizantino empregou um forte serviço público formado por aristocratas competentes, que supervisionavam a cobrança de impostos, a administração doméstica e a política externa. Os imperadores macedônicos também aumentaram a riqueza do império, promovendo o comércio com a Europa Ocidental, nomeadamente através da venda de seda e a metalurgia.[203]

Durante o reinado de Leão VI foi completada a codificação completa do direito romano em grego. Este trabalho monumental de 60 volumes tornou-se a base de todo o direito bizantino subsequente e é estudado até hoje.[204] Leão também reformou a administração do império, redesenhando os limites das subdivisões administrativas (os temas) e regulamentando o sistema de classes e privilégios, bem como o funcionamento de várias corporações comerciais de Constantinopla. As reformas de Leão fizeram muito para reduzir a fragmentação anterior do império, que doravante tinha um centro de poder, Constantinopla.[205] Contudo, o crescente sucesso militar do império enriqueceu grandemente a capacidade da nobreza provincial em relação ao campesinato, que em essência foi reduzido ao estado de servidão.[206]

Durante o período macedônico também ocorreram eventos de importante significado religioso. A conversão de búlgaros, sérvios e rus' ao cristianismo oriental mudou permanentemente o mapa religioso da Europa que ainda hoje vigora. Os santos Cirilo e Metódio, dois irmãos gregos bizantinos de Tessalônica, contribuíram significativamente para a cristianização dos eslavos e no processo criaram o alfabeto glagolítico, ancestral do alfabeto cirílico. Em 1054, as relações entre as tradições oriental e ocidental da Igreja Cristã chegou a uma crise terminal, conhecida como Grande Cisma. Embora tenha havido uma declaração formal de separação institucional, em 16 de julho, quando três legados papais entraram em Santa Sofia durante a Divina Liturgia em uma tarde de sábado e colocaram uma bula de excomunhão sobre o altar,[207] o chamado Grande Cisma foi, na verdade, a culminação de séculos de separação gradual.[208] Foi com este cisma que surgiram a Igreja Ortodoxa Grega, com sede em Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma.[209]

Crise e fragmentação

Alp Arslan (r. 1063–1072) humilhando o imperador Romano IV Diógenes (r. 1068–1071). Da tradução de um ilustrado francês da obra de Boccaccio De Casibus Virorum Illustrium

O Império Bizantino logo caiu em um período de dificuldades, causado, em grande medida, pelo enfraquecimento do sistema dos temas e da negligência dos militares. Nicéforo II Focas, João I Tzimisces e Basílio II alteraram a função das divisões militares (em grego: τάγματα; romaniz.:tagmata), de unidades de resposta rápida, primariamente defensivas e formadas por cidadãos para exércitos profissionais, enquanto que os exércitos das campanhas passaram a ser cada vez mais constituídos por mercenários. Contudo, eles eram caros e a ameaça de invasão retrocedeu no século X, assim como a necessidade de manter grandes guarnições e fortificações dispendiosas.[210] Basílio II deixou um grande tesouro após a sua morte, mas negligenciou planos para sua sucessão. Nenhum dos seus sucessores imediatos tinha algum talento militar ou político e a administração imperial caiu cada vez mais nas mãos do serviço civil. Esforços para reanimar a economia bizantina só resultaram em inflação e a moeda de ouro se desvalorizou. O exército passou a ser visto tanto como uma despesa desnecessária como uma ameaça política, levando à demissão das tropas nativas, substituídas por mercenários estrangeiros com contratos específicos.[211]

Ao mesmo tempo, o império foi confrontado por novos inimigos ambiciosos. As províncias bizantinas no sul da Itália enfrentaram os normandos, que chegaram à Itália no início do século XI. Durante o período de conflito entre Constantinopla e Roma que terminou com o Grande Cisma, os normandos começaram a avançar, lenta, mas firmemente, na Itália bizantina.[212] Régio, a capital do tagma da Calábria, foi capturada em 1060 por Roberto Guiscardo, seguido por Otranto em 1068. Bari, a principal fortaleza bizantina na Apúlia, foi sitiada em agosto de 1068 e caiu em abril de 1071.[213][214] Os bizantinos também perderam sua influência sobre as cidades costeiras da Dalmácia para Pedro Cresimiro IV (r. 1058–1074/5) do Reino da Croácia em 1064.[215]

Porém, seria na Ásia Menor que o maior desastre aconteceria. Os turcos seljúcidas fizeram suas primeiras explorações do outro lado da fronteira bizantina na Armênia em 1065 e em 1067. A emergência deu peso à aristocracia militar na Anatólia que, em 1068, garantiu a eleição de um dos seus, Romano IV Diógenes (r. 1068–1071), como imperador. No verão de 1071, Romano realizou uma campanha maciça no leste para atrair os seljúcidas para uma batalha geral contra o exército bizantino, que ocorreu em agosto do mesmo ano em Manziquerta. Nessa batalha, além de sofrer uma surpreendente derrota frente ao sultão Alp Arslan (r. 1063–1072), Romano foi capturado. Alp Arslan o tratou com respeito e não impôs condições pesadas aos bizantinos. Em Constantinopla, no entanto, um golpe de Estado ocorreu em favor de Miguel VII Ducas (r. 1068–1078), que logo enfrentou a oposição de Nicéforo Briênio (r. 1077–1078) e Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081). Até 1081, os seljúcidas expandiram seu domínio sobre quase todo o planalto da Anatólia e Armênia a leste da Bitínia, e no ocidente fundaram, em 1077, o Sultanato de Rum, com capital em Niceia, a apenas 88 km de Constantinopla.[211]

Dinastia comnena e as Cruzadas

O imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118), fundador da dinastia comnena

O período entre 1081 a 1185 é muitas vezes conhecido como período Comneno. Juntos, os cinco imperadores da dinastia (Aleixo I, João II, Manuel I, Aleixo II e Andrônico I) reinaram por 104 anos, presidindo uma constante, embora incompleta, restauração da posição militar, econômica e política do Império Bizantino. Embora os turcos seljúcidas tenham ocupado o coração do império na Anatólia, foi contra as potências ocidentais que os esforços militares bizantinos foram direcionados, particularmente contra os normandos.[216]

O império sob os Comnenos desempenhou um papel fundamental na história das Cruzadas na Palestina, que Aleixo I ajudou a trazer, ao mesmo tempo que exerceu enorme influência cultural e política na Europa, Oriente Próximo e nas terras ao redor do mar Mediterrâneo sob João e Manuel. O contato entre Bizâncio e o Ocidente "latino", incluindo os estados cruzados, aumentou significativamente durante o período Comneno. Comerciantes italianos, nomeadamente venezianos, começaram a residir em Constantinopla e no resto do império em grande número (havia cerca de 60 000 latinos só em Constantinopla, fora a população de 300 a 400 mil locais) e a presença deles, juntamente com os numerosos mercenários latinos que foram contratados por Manuel, ajudou a difundir a tecnologia bizantina, arte, literatura e cultura em todo o Ocidente latino, ao mesmo tempo que provocou um fluxo de ideias e costumes ocidentais para o império.[217]

Em termos de prosperidade e vida cultural, o período Comneno foi um dos picos na história bizantina,[218] e Constantinopla permaneceu a principal cidade do mundo cristão em termos de tamanho, riqueza e cultura.[219] Assistiu-se a um renovado interesse pela filosofia grega clássica, bem como a um aumento na produção literária em grego vernacular.[220] A arte bizantina e literatura mantiveram uma posição proeminente na Europa e o impacto cultural de ambas no Ocidente foi enorme e de longa duração.[221]

Aleixo I e a Primeira Cruzada

Ver artigos principais: Aleixo I Comneno e Primeira Cruzada
O Império Bizantino antes da Primeira Cruzada
Cerco de Jerusalém durante a Primeira Cruzada. Iluminura de 1337

Após a batalha de Manziquerta, seguiu-se uma recuperação parcial (conhecida como a Restauração Comnena), graças aos esforços da dinastia comnena.[222] O primeiro imperador foi Aleixo I (r. 1081–1118). No início de seu reinado, ele enfrentou um ataque formidável dos normandos de Roberto Guiscardo e de seu filho, Boemundo de Tarento, que capturaram Dirráquio[223] e Corfu,[224] e sitiaram Lárissa na Tessália.[225] Tal ameaça levou-o a assinar um tratado em 1082 com a República de Veneza para fins de defesa.[226] A morte de Roberto Guiscardo em 1085 diminuiu temporariamente o problema. No ano seguinte, o sultão seljúcida morreu e o Sultanato de Rum foi dividido por rivalidades internas. Por sua iniciativa, Aleixo derrotou os pechenegues, que foram apanhados de surpresa e aniquilados na batalha de Levúnio em 28 de abril de 1091.[227]

Tendo alcançado a estabilidade no Ocidente, Aleixo pôde voltar sua atenção para as graves dificuldades econômicas e para a desintegração das defesas tradicionais do império. No entanto, ele ainda não tinha pessoal suficiente para recuperar os territórios perdidos na Ásia Menor e para avançar contra os turcos seljúcidas. No Concílio de Placência em 1095, os enviados de Aleixo falaram com o papa Urbano II sobre o sofrimento dos cristãos do Oriente e salientaram que, sem a ajuda do Ocidente, eles continuariam a sofrer sob o domínio muçulmano. Urbano viu no pedido de Aleixo uma oportunidade dupla: estabelecer vínculos de amizade na Europa Ocidental[228] e reforçar o poder papal.[229][230] Em 27 de novembro de 1095, o papa Urbano II convocou o Concílio de Clermont e exortou todos os presentes a pegar em armas sob o símbolo da cruz e iniciar uma peregrinação armada para recuperar Jerusalém e o Oriente dos muçulmanos.[231]

Aleixo esperava a ajuda na forma de forças mercenárias do Ocidente, mas estava totalmente despreparado para a imensa e indisciplinada força que chegou rapidamente ao território bizantino. Não lhe agradou nada saber que quatro dos oito líderes do corpo principal da Cruzada eram normandos, entre eles Boemundo de Tarento. Depois de a Cruzada passar por Constantinopla, no entanto, o imperador conseguiu algum controle sobre ela e exigiu que seus líderes lhe jurassem devolver ao império quaisquer cidades ou territórios que pudessem conquistar dos turcos a caminho da Palestina. Em troca, deu-lhes guias e uma escolta militar.[232] Aleixo logrou recuperar um número importante de cidades e ilhas, e, na prática, grande parte da porção ocidental da Ásia Menor. No entanto, os cruzados entenderam que seus juramentos perderam a validade quando Aleixo não os ajudou durante o cerco de Antioquia (atual Antáquia). Na realidade, ele tinha previsto entrar em Antioquia, mas foi convencido a recuar por Estevão II de Blois, que lhe garantiu que tudo estava perdido e que a expedição havia falhado.[233] Boemundo, que se estabelecera como príncipe da Antioquia, entrou brevemente em guerra com os bizantinos, mas concordou em tornar-se vassalo ao abrigo do Tratado de Devol, em 1118, que marcou o fim da ameaça normanda durante o reinado de Aleixo I.[234][235]

João II, Manuel I e a Segunda Cruzada

Estados cruzados da Palestina
Chegada da Segunda Cruzada a Constantinopla, por Jean Fouquet, 1455-1460

O sucessor de Aleixo foi seu filho João II Comneno (r. 1118–1143). João foi um imperador piedoso e dedicado, determinado a reparar os danos que seu império sofreu na batalha de Manziquerta meio século antes.[236] Famoso por sua piedade e seu governo moderado e justo, João foi um exemplo único de um governante moral, numa época em que a crueldade era a norma.[237] Sua primeira medida foi recusar-se a renovar o acordo comercial de 1082 com Veneza, o que provocou retaliações por parte dos venezianos, que sitiaram muitas ilhas do Egeu, forçando o imperador a reconsiderar.[238] No vigésimo quinto ano de seu reinado, João fez alianças com o Sacro Império no Ocidente, derrotou decisivamente os pechenegues na batalha de Beroia[239] e liderou pessoalmente numerosas campanhas contras os turcos na Ásia Menor. As suas campanhas mudaram fundamentalmente o equilíbrio do poder no Oriente, forçando os turcos a manterem-se na defensiva, e devolveram aos bizantinos muitas cidades e fortalezas.[240] Ele também repeliu as ameaças dos magiares e sérvios durante a década de 1120 e, em 1130, aliou-se com o sacro imperador Lotário III (r. 1133–1137) contra o rei normando Rogério II da Sicília (r. 1130–1154).[241][242]

Na parte final de seu reinado, João focou suas atividades no Oriente. Retomou as cidades de Laodiceia e Sozópolis, restabelecendo as ligações terrestres para Constantinopla,[243] derrotou o Emirado Danismendida de Melitene e reconquistou as cidades de Tarso, Adana e Mopsuéstia do Reino Armênio da Cilícia, aprisionando, em 1138, Leão I e a maior parte de sua família.[244] Além disso, forçou Raimundo de Poitiers (r. 1136–1149), príncipe de Antioquia, a reconhecer a suserania bizantina. Em um esforço para demonstrar o papel do imperador como líder do mundo cristão, João marchou em direção à Terra Santa como chefe das forças combinadas do império e dos Estados cruzados; no entanto, apesar do grande vigor com que ele impulsionou a campanha, as expectativas de João foram frustradas pela traição de seus aliados cruzados.[245] Em 1142, João retornou para pressionar suas reivindicações em Antioquia, mas morreu na primavera de 1143, depois de um acidente de caça. Raimundo foi encorajado a invadir a Cilícia, mas foi derrotado e forçado a ir a Constantinopla implorar misericórdia ao imperador.[246]

O herdeiro escolhido de João foi seu quarto filho, Manuel I Comneno (r. 1143–1180), que realizou agressivas campanhas contra seus vizinhos no oriente e no ocidente. Na Anatólia, iniciou uma campanha punitiva contra o Sultanato de Rum, atacando sua capital, Icônio (atual Konya), e aniquilando a cidade fortificada de Filomélio.[247] Além disso, expulsou os turcos da Isáuria.[248] Na Palestina, aliou-se ao Reino de Jerusalém e enviou uma grande frota para participar de uma invasão combinada do Califado Fatímida. Manuel reforçou sua posição como senhor dos estados cruzados, com sua hegemonia sobre Antioquia e Jerusalém garantida pelo acordo com Reinaldo, o príncipe de Antioquia, e Amalrico (r. 1162–1174), o rei de Jerusalém, respectivamente.[249][250]

Após retomar Corfu dos normandos com a ajuda de tropas de Conrado III (r. 1138–1152) e dos venezianos,[251] Manuel aproveitou-se da instabilidade política ocasionada pela sucessão de Rogério II da Sicília por seu filho Guilherme I (r. 1154–1166) e lançou, em 1155, uma invasão ao sul da Itália sob o comando de Miguel Paleólogo e João Ducas.[252][253] Foram alcançados resultados rapidamente e uma aliança foi estabelecida entre Manuel e o papa Adriano IV.[254] Porém, disputas dentro da coalizão levaram ao posterior fracasso da campanha. Apesar deste revés militar, os exércitos de Manuel invadiram com sucesso o Reino da Hungria em 1167, derrotando os húngaros na batalha de Sirmio. No ano seguinte, quase toda a costa oriental do Adriático estava nas mãos do império.[255] Manuel fez várias alianças com o papa e com os reinos cristãos ocidentais, e tratou com sucesso da passagem da Segunda Cruzada através de seu império.[256]

No leste, no entanto, Manuel sofreu uma grande derrota na batalha de Miriocéfalo, em 1176, contra os turcos. Contudo, as perdas foram rapidamente recuperadas e, no ano seguinte, as forças de Manuel infligiram uma derrota a uma força de "turcos escolhidos".[257] O comandante bizantino João Comneno Vatatzes, que esmagou os invasores turcos na batalha de Hiélio e Leimocheir, conseguiu, além das tropas que levou da capital, reunir um exército ao longo do caminho, um sinal de que o exército bizantino se mantinha forte e que a defesa do oeste da Ásia Menor ainda era eficaz.[258]

Renascimento do século XII

O Império Bizantino sob Manuel I Comneno em 1180

João e Manuel adotaram políticas militares ativas, ambos dispendendo recursos consideráveis em cercos e em defesas de cidades; políticas de fortificação agressiva estiveram no centro das suas políticas militares imperiais.[259] Apesar da derrota em Miriocéfalo, as políticas de Aleixo, João e Manuel resultaram em grandes conquistas territoriais, no aumento da estabilidade da fronteira na Ásia Menor e asseguraram a estabilização das fronteiras europeias do império. De 1081 a 1180, o exército de Comneno garantiu a segurança do império, permitindo o florescimento da civilização bizantina.[260]

Isto permitiu que as províncias ocidentais conseguissem uma recuperação econômica, que continuou até o final do século. Tem sido argumentado que Bizâncio sob o governo Comneno foi mais próspero do que em qualquer outro período desde a invasão persa no século VII. Durante o século XII, os níveis populacionais elevaram-se e grandes extensões de novas terras agrícolas foram colocadas em produção. Evidências arqueológicas da Europa e Ásia Menor mostram um aumento considerável do tamanho dos assentamentos urbanos, juntamente com o aumento notável de novas cidades. O comércio também floresceu; venezianos, genoveses e outros abriram os portos do mar Egeu para o comércio, o transporte de mercadorias dos reinos cruzados de Ultramar e do Califado Fatímida para o ocidente e o comércio com o Império Bizantino via Constantinopla.[261]

Em termos artísticos, houve um ressurgimento de mosaicos e as escolas regionais de arquitetura começaram a produzir estilos distintos que se basearam em uma série de influências culturais. Durante o século XII, os bizantinos desenvolveram o seu modelo precoce de humanismo, com um renascimento do interesse em autores clássicos. Em Eustáquio de Tessalônica, o humanismo bizantino encontrou sua expressão mais característica.[262]

Declínio e desintegração

Dinastia Ângelo

Ver artigo principal: Dinastia Ângelo
Icônio foi vencida pela Terceira Cruzada. Frederico Barba-Roxa passou por Constantinopla durante o governo de Isaac II Ângelo. A tomada de Icônio, por Julius Schnorr von Carolsfeld, 1835.

Manuel morreu em 24 de setembro de 1180 e deixou seu filho de 11 anos, Aleixo II Comneno (r. 1180–1183), no trono. Aleixo se mostrou incompetente na função, mas o que fez a sua regência impopular foi a sua mãe, Maria de Antioquia, que era de origem "franca" (que era como os bizantinos chamavam todos os latinos).[263] Finalmente, Andrônico I Comneno, um neto de Aleixo I, lançou uma revolta contra seu jovem parente e conseguiu derrubá-lo em um violento golpe de Estado. Aproveitando-se de sua boa aparência e de sua imensa popularidade com o exército, Andrônico marchou para Constantinopla em agosto de 1182 e incitou um massacre dos latinos da cidade. Depois de eliminar seus rivais em potencial, coroou-se como co-imperador em setembro de 1183, eliminando Aleixo II e casando com sua esposa Inês da França, de 12 anos.[264]

Embora tenha começado seu reinado com um golpe, Andrônico foi elogiado pelos historiadores devido às medidas bem sucedidas para reformar o governo. Sob seu comando, a venda de cargos cessou, sendo a seleção baseada no mérito e os salários foram adequados para evitar a tentação pelo suborno; nas províncias, suas reformas produziram uma melhora rápida e acentuada.[265] No campo militar, contudo, Andrônico teve muitos revezes: Isaac Comneno proclamou a independência de Chipre, Bela III (r. 1172–1196) reintegrou os territórios croatas na Hungria, Estêvão Nêmania da Ráscia (r. 1166–1196) declarou-se independente do Império Bizantino e Guilherme I da Sicília enviou uma expedição em 1185 com 300 navios e 80 000 homens[266] que, além de conquistar Dirráquio (atual Durrës), sitiou Tessalônica.[267] Porém, o aumento da oposição política por parte da aristocracia levou Andrônico a adotar uma postura tirânica,[268] marcada por execuções, atos violentos contra seus adversários e medidas cada vez mais implacáveis para escorar seu regime.[265] Andrônico acabou destronado por Isaac Ângelo, que o mandou executar.[269]

O reinado de Isaac II (r. 1185–1195) e, mais ainda, de seu irmão Aleixo III (r. 1195–1203), assistiram ao colapso do que restava da máquina centralizada do governo e da defesa bizantinos. Mesmo os normandos tendo sido sido expulsos da Grécia após uma derrota decisiva na batalha de Demetritzes em 7 de novembro de 1085, em 1186, valáquios e búlgaros começaram uma rebelião que levaria à formação do Segundo Império Búlgaro. A política interna dos Ângelos foi caracterizada pelo esbanjamento do tesouro público e pela má administração fiscal. A autoridade bizantina foi seriamente enfraquecida e o vácuo crescente no poder central do império encorajou a fragmentação. Há evidências de que alguns herdeiros Comnenos teriam criado um estado semi-independente em Trebizonda antes de 1204.[270] De acordo com Alexander Vasiliev, "A Dinastia Ângelo, gregos em sua origem, [...] acelerou a ruína do império, já enfraquecido e com desunião interna".[271]

Quarta Cruzada

Frota cruzada diante de Constantinopla em uma miniatura do século XV
Queda de Constantinopla frente aos cruzados em 1204 em uma miniatura do século XV

Em 1198, o papa Inocêncio III abordou o assunto de uma nova cruzada por meio de legados e cartas encíclicas.[272] A intenção declarada da cruzada era conquistar o Egito aiúbida, agora o centro do poder dos muçulmanos no Levante. O exército cruzado que chegou a Veneza no verão de 1202 era um pouco menor do que tinha sido previsto e não havia fundos suficientes para pagar os venezianos, cuja frota fora contratada pelos cruzados para levá-los ao Egito. A política da República de Veneza, governada pelo envelhecido e cego, mas ambicioso, doge Enrico Dandolo estava potencialmente em desacordo com o papa e os cruzados, pois a cidade estava intimamente relacionada comercialmente com o Egito. Os cruzados aceitaram a proposta de pagar a dívida ajudando os venezianos a capturar o porto de Zara (atual Zadar, na Dalmácia), cidade vassala da República de Veneza que havia se rebelado e se colocado sob a proteção do Reino da Hungria em 1186.[273] A cidade caiu em novembro de 1202 após um breve cerco.[274][275] Inocêncio, que foi informado tardiamente do plano e teve seu veto desconsiderado, estava preocupado em não comprometer a cruzada e acabou absolvendo os cruzados — exceto os venezianos — do desvio de planos.[276]

Após a morte de Teobaldo III de Champanhe, a liderança da cruzada passou a Bonifácio de Monferrato, um amigo de Filipe da Suábia, da família Hohenstaufen. Ambos — Bonifácio e Filipe — estavam ligados à família imperial bizantina pelo casamento. O cunhado de Filipe, Aleixo Ângelo, era filho do imperador deposto e cego Isaac II Ângelo, tinha aparecido na Europa buscando ajuda e contatou os cruzados oferecendo a reunificação das igrejas, um pagamento de 200 000 marcos de prata e ainda todos os suprimentos necessários, para que eles pudessem chegar ao Egito.[277]

Saque de Constantinopla pelos cruzados

Após se apoderarem de Corfu, os cruzados chegaram à capital bizantina no verão de 1204. Eles derrotaram as tropas terrestres da cidade, que foram forçadas a recuar, e bombardearam a torre de Gálata. Aleixo III fugiu da capital e Aleixo Ângelo foi elevado ao trono como Aleixo IV, juntamente com seu pai, o cego Isaac. No entanto, os dois não conseguiram manter suas promessas e foram depostos por Aleixo V Ducas quando os cruzados foram repelidos para fora da cidade. 20 000 homens cercaram novamente a cidade. O primeiro assalto começou em 9 de abril e a cidade finalmente sucumbiu após novo assalto em 13 de abril, no qual os venezianos usaram seus navios como fortalezas para as escadas que foram erguidas nas muralhas. Constantinopla foi pilhada e massacrada durante três dias. Muitos ícones, relíquias e outros objetos de valor inestimável foram enviados para a Europa Ocidental, grande parte deles para Veneza. Nicetas Coniates relata que uma prostituta foi posta no trono patriarcal de Santa Sofia.[278] Quando o papa Inocêncio III soube da conduta de seus cruzados, ele os castigou em termos inequívocos, mas a situação estava fora de seu controle, especialmente depois de ter libertado os cruzados de seus juramentos na marcha para a Terra Santa.[193] Quando a ordem foi restabelecida, os cruzados e venezianos implementaram seu acordo; Balduíno de Flandres foi eleito imperador e o veneziano Tomás Morosini foi escolhido para o recém-criado patriarcado latino. As terras distribuídas entre os líderes não incluíram todas as antigas possessões bizantinas e os bizantinos continuaram reinando em Niceia, Trebizonda e no Épiro.[275]

Queda

Império no exílio

Estados sucessores do Império Bizantino em 1215

Depois do saque de Constantinopla de 1204 pelos cruzados latinos, dois estados sucessores bizantinos foram estabelecidos: o Império de Niceia e o Despotado do Épiro. Um terceiro, o Império de Trebizonda, tinha sido criado algumas semanas antes do saque por Aleixo I. Destes três estados sucessores, Épiro e Niceia ficaram em melhores condições para recuperar Constantinopla. O Império de Niceia lutou para sobreviver nas décadas seguintes e, em meados do século XIII, perdeu muito do sul da Anatólia.[279] O enfraquecimento do Sultanato de Rum após a invasão mongol de 1242–1243 permitiu que muitos beis e gazis criassem seus próprios principados (beilhiques) na Anatólia, enfraquecendo a posição bizantina na região.[280]

Reconquista de Constantinopla

Império Bizantino em 1263

O Império de Niceia, fundado pela dinastia lascarina, conseguiu reconquistar Constantinopla aos latinos em 1261[281] e derrotar o Despotado do Épiro. Depois de uma recuperação de curta duração das finanças bizantinas sob Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1282), o império foi devastado pela guerra por estar mal equipado para lidar com os inimigos que agora o cercavam. A fim de manter suas campanhas contra os latinos, Miguel retirou suas tropas da Ásia Menor e passou a cobrar impostos exorbitantes sobre o campesinato, que causaram muita insatisfação.[282][283]

Em vez de explorar suas possessões na Ásia Menor, Miguel decidiu expandir o império, no que obteve um sucesso de curta duração. Para evitar outro saque da capital pelos latinos, ele forçou a Igreja a se submeter a Roma (a chamada "União das Igrejas" do Segundo Concílio de Lyon, em 1274), uma solução temporária que aumentou o ódio a Miguel entre os camponeses e na população de Constantinopla, hostis aos latinos.[284] Os esforços de Andrônico II (r. 1282–1328) e, mais tarde, de seu neto Andrônico III (r. 1321–1341) marcaram as últimas tentativas genuínas de restaurar a glória do império. No entanto, o uso de mercenários por Andrônico II foi uma péssima ideia, com a Companhia Catalã assolando os campos e aumentando o ressentimento contra Constantinopla.[285]

Ascensão dos otomanos e queda de Constantinopla

O cerco de Constantinopla em 1453, de acordo com uma miniatura francesa do século XV

A situação piorou para o império durante as guerras civis que se seguiram à morte de Andrônico III. Uma guerra civil de seis anos devastou o império, possibilitando que o governante sérvio Estêvão IV Duchan (r. 1331–1346) invadisse a maioria dos territórios bizantinos restantes nos Bálcãs e criasse um Império Sérvio de curta duração. Em 1354, um terremoto em Galípoli devastou a fortaleza, o que permitiu que os otomanos, que tinham sido contratados como mercenários durante a guerra civil por João VI Cantacuzeno (r. 1347–1354), se instalassem na Europa.[286] Quando as guerras civis terminaram, os otomanos haviam derrotado os sérvios e os subjugado como vassalos[287] e, depois da batalha do Kosovo, grande parte dos Bálcãs estava nas mãos dos otomanos.[288][289]

Os imperadores bizantinos pediram ajuda ao Ocidente, mas o papa só enviaria ajuda em troca de uma reunião da Igreja Ortodoxa com a Sé de Roma. Essa união foi considerada e finalmente realizada por decreto imperial, mas os cidadãos e o clero ortodoxos ressentiram-se intensamente da autoridade de Roma e da Igreja latina.[290] Algumas tropas ocidentais chegaram para reforçar a defesa de Constantinopla, mas a maioria dos governantes ocidentais, distraídos com seus próprios assuntos, nada fez em relação aos avanços dos otomanos, que foram tomando os territórios bizantinos que restavam.[291]

Nessa época, a cidade de Constantinopla estava despovoada e em ruínas.[275] A população havia se reduzido de tal forma que a cidade não passava de um aglomerado de vilas separadas por campos. Em 1402, o império experimentou algum desafogo da ameaça otomana quando Tamerlão (r. 1370–1405) derrotou os otomanos na batalha de Ancara.[292] Porém, isso não impediu que, em 2 de abril de 1453, o sultão Maomé II, o Conquistador (r. 1451–1481) lançasse um ataque contra Constantinopla com um exército de 80 000 homens.[293] Apesar da defesa desesperada de última hora pelas tropas cristãs (cerca de 7 000 homens, dos quais 2 000 eram estrangeiros),[291] Constantinopla finalmente caiu em 29 de maio de 1453, depois de dois meses de cerco. As muralhas da cidade, poderosas e inexpugnáveis por séculos, não conseguiram deter o avanço otomano. O último imperador bizantino, Constantino XI Paleólogo (r. 1449–1453), foi visto pela última vez despojando-se de suas insígnias imperiais, antes de lançar-se em combate corpo a corpo depois de as muralhas da cidade terem sido tomadas.[294]

Legado político e consequências

O "Theatrum Orbis Terrarum" ("Teatro do Globo Terrestre") de Abraham Ortelius, publicado em 1570 em Antuérpia, considerado o primeiro atlas moderno, resultado das intensas explorações marítimas

Poucos anos após a queda de Constantinopla, Maomé II empreendeu a conquista dos últimos estados bizantinos existentes: em 1460 foi tomado o Despotado da Moreia e em 1461 foi a vez do Império de Trebizonda.[295] No entanto, localidades isoladas como Monemvasia, a península de Mani e o castelo Salmênico, este último controlado por um paleólogo (Graitzas Paleólogo), resistiram por mais algum tempo.[296] André Paleólogo, o sobrinho de Constantino XI, recebeu o título do imperador do extinto Império Bizantino, intitulando-se Imperator Constantinopolitanus ("imperador de Constantinopla");[297] em 1494, em uma viagem à França, cedeu ao rei Carlos VIII (r. 1483–1498) seu direito ao trono.[298] Após a sua morte, o papel do imperador como patrono da Ortodoxia Oriental foi reivindicado por Ivã III (r. 1462–1505), grão-duque da Moscóvia, casado com a irmã de André, Sofia Paleóloga, cujo neto, Ivã IV (r. 1547–1584), tornar-se-ia o primeiro czar da Rússia. Seus sucessores consideraram Moscou como a herdeira legítima de Roma e Constantinopla e mantiveram a ideia do Império Russo como a "Terceira Roma" até seu desaparecimento com a Revolução Russa em 1917.[299] Além deles, os próprios turcos e os monarcas dos Principados do Danúbio também se intitularam sucessores dos imperadores bizantinos.[300]

As diversas transformações econômicas e políticas que se seguiram à queda do Império Romano do Oriente levaram os historiadores a convencionarem o ano de 1453 como o marco do fim da Idade Média.[301] Entre as principais consequências da conquista de Constantinopla destaca-se a migração de intelectuais bizantinos que levaram consigo conhecimentos que influenciaram o movimento cultural conhecido como Renascimento. Com a conquista de Constantinopla, o comércio de especiarias, anteriormente monopolizado pelas repúblicas de Veneza e de Gênova, foi abalado, pois além de serem cobradas taxas altíssimas pelos produtos comercializados, tornou-se muito perigoso para cristãos navegarem no Mediterrâneo Oriental. Esse foi um dos motivos que levaram os estados nacionais a procurar por novas rotas para adquirir as especiarias da Índia e da China.[302] Foi depois da queda de Constantinopla que Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia e a Espanha chegou à América.[51]

Governo

Temas ca. 750
Temas ca. 950

No Estado bizantino, o imperador se tornou o governante único e absoluto, e seu poder foi considerado como tendo origem divina.[303] A afiliação foi tamanha que no Império Bizantino tornou-se comum a mutilação de rivais políticos: uma vez que Deus era perfeito, o imperador também tinha que ser imaculado; qualquer mutilação, especialmente feridas faciais, equivalia a desqualificar um indivíduo de sua possibilidade de ascender ao trono.[304] O senado deixou de ter autoridade política e legislativa efetiva, mas permaneceu como um conselho honorário com membros titulares. Até o final do século VIII, uma administração civil centrada na corte foi formada como parte de uma consolidação em grande escala do poder na capital (o aumento e a proeminência da posição do sacelário está relacionada a esta mudança).[305][306] A reforma administrativa mais importante desse período foi a criação das temas, nas quais a administração civil e militar era exercido por uma pessoa, o estratego.[307][308]

Cegamento de Leão Focas, o Velho após sua rebelião sem sucesso contra Romano I Lecapeno (r. 920–944), Iluminura no Escilitzes de Madrid.

Apesar do uso por vezes depreciativo dos termos "bizantino" e "bizantinismo", a burocracia bizantina tinha uma capacidade notável de reconstituir-se de acordo com a situação do império. O elaborado sistema de títulos e precedências, que deu prestígio e influência à corte, fez com que a administração imperial parecesse uma burocracia ordenada para os observadores modernos. Os oficiais eram dispostos em ordem rigorosa em torno do imperador e os seus cargos dependiam da vontade imperial. Havia também verdadeiros trabalhos administrativos, mas a autoridade era atribuída a indivíduos e não a postos.[309][310] Nos séculos VIII e IX, o serviço civil era o percurso mais eficaz para alcançar o status aristocrático, mas, a partir do século IX, a aristocracia civil rivalizou com uma aristocracia da nobreza. Segundo alguns estudos sobre o governo bizantino, a política do século XI foi dominada pela competição entre os civis e a aristocracia militar. Durante este período, Aleixo I empreendeu importantes reformas administrativas, incluindo a criação de novos títulos e postos na corte.[311]

Diplomacia

Ver artigo principal: Diplomacia bizantina
Embaixada de João, o Gramático em 829, entre o imperador Teófilo (r. 829–842) e o califa abássida al-Mamun (r. 813–833)

Após a queda do Império Romano, o principal desafio para o Império Bizantino foi manter um conjunto de relações entre si e seus vizinhos. Quando essas nações começaram a forjar instituições políticas formais, muitas vezes estas foram baseadas nas de Constantinopla. A diplomacia bizantina conseguiu atrair rapidamente os seus vizinhos em uma rede de relações internacionais inter-estatais.[312] Esta rede baseava-se em tratados, que incluíam a integração do novo governante na família dos reis e a assimilação de hábitos sociais, valores e instituições bizantinas.[313] Enquanto os escritores clássicos gostam de fazer as distinções éticas e legais entre a paz e a guerra, os bizantinos consideravam a diplomacia como uma forma de guerra alternativa.[314] A Igreja Ortodoxa também teve um papel na diplomacia, e a propagação do cristianismo ortodoxo foi um objetivo diplomático importante do império.[315]

A diplomacia na época era entendida como tendo uma função de recolha de informações, além de sua função puramente política. O Gabinete dos Bárbaros de Constantinopla lidava com questões de protocolo e registro de todas as questões que tratavam de "bárbaros" e talvez incluísse, portanto, um serviço básico de informações (inteligência).[316] J. B. Bury acredita que o gabinete exercia a supervisão sobre todos os estrangeiros que visitavam Constantinopla, e que estava sob a supervisão do logóteta do dromo.[317] Apesar de na aparência ser um organismo protocolar — sua principal missão era garantir que enviados estrangeiros fossem adequadamente tratados e recebessem fundos suficientes do Estado para sua manutenção, e a ele pertenciam todos os tradutores oficiais — provavelmente tinha também uma função de segurança. O Tratado sobre Estratégia, do século VI, aconselhava sobre embaixadas estrangeiras: "[emissários] que nos são enviados devem ser recebidos com honra e generosidade, pois todos mantêm enviados em alta estima. Seus membros, no entanto, devem ser mantidos sob vigilância para impedir que eles obtenham quaisquer informações por meio de perguntas sobre o nosso povo".[318]

Exército

relevo de marfim do século VI representando soldado romano vestindo uma armadura de escamas e um escudo redondo. Museu Bode, Berlim
Iluminura do Escilitzes de Madrid representando um cerco bizantino a uma cidadela

O exército bizantino foi um continuação do seu antecessor romano. Sua história como força independente remonta às reformas do começo do século IV, quando as legiões romanas foram substituídas por milícias locais fronteiriças (limítanes) e exércitos de campo móveis (comitatenses) que guarneceram o império.[319] Durante os séculos V e VI, oficiais conhecidos como mestres dos soldados (magistri militum; singular: magister militum) foram nomeados para algumas das principais fronteiras do império e sob o seu comando estavam as forças romanas nativas e as fornecidas pelos federados, os bárbaros que estavam sob proteção bizantina; mercenários estrangeiros, os chamados símocos (symmochoi), foram por vezes contratados como unidades separadas controladas por seus próprios comandantes. Nesses mesmos séculos, como descrito no Strategicon do imperador Maurício I (r. 582–602), o método de guerra romano passou por uma transição na qual os regimentos de arqueiros e cavaleiros foram valorizados, imitando as práticas persas e ávaras.[320]

Rebeliões internas e as derrotas nas fronteiras perante as investidas estrangeiras durante o final do século VI e começo do século VII levaram a um rápido decréscimo dos efetivos imperiais que, embora tenham sido reorganizados em 628 sob Heráclio (r. 610–641), estiveram na origem de inúmeras derrotas frente aos ataques árabes, lombardos e búlgaros nos séculos VII e VIII. Para fazer face a esta crise militar, foi elaborada uma nova reestruturação: estabeleceram-se distritos militares (temas) nos quais estacionaram-se grupos armados que recebiam propriedades em troca de seus serviços. Estes exércitos temáticos, conquanto relativamente eficazes contra invasões, uma vez que eram recrutados e mantidos localmente, apresentavam problemas ao nível de prontidão, mobilidade, rapidez de ação e de coordenação em campanha, frequentemente careciam de disciplina e habilidade militar e eram propensos a rebeliões. Isto levou o imperador Constantino V Coprônimo (r. 741–745) a dissolver o exército opsiciano, que constituía a força de campo imperial, e criou novas unidades imperiais conhecidas como tagmas, que tiveram as suas bases em Constantinopla ou nas suas vizinhanças. As unidades tagmáticas foram melhor equipadas e durante o século IX participaram em expedições com os exércitos temáticos.[320]

Nos séculos X e XI, segundo o que os documentos do período indicam, os imperadores soldados Nicéforo II Focas (r. 963–969) e Basílio II (r. 976–1025) realizaram reformas no exército, empregando mais unidades pesadas, como os catafractários (em grego: κατάφρακτοι; romaniz.:kataphraktoi), e novas táticas que combinaram a infantaria com a cavalaria em batalha ou em campanha, o que elevou a eficiência militar bizantina e permitiu a reconquista de muitos territórios anteriormente perdidos para os árabes e búlgaros. Ao mesmo tempo, a composição e estrutura do exército começou a mudar: o comando foi centralizado em Constantinopla, as unidades temáticas e tagmáticas foram substituídas por novos contingentes que foram alojados nas províncias e os efetivos mercenários (guarda varegue e normandos) tornaram-se preponderantes no exército imperial. Durante o reinado de Manuel I Comneno (r. 1143–1180) os bizantinos tentaram imitar as táticas e panóplia dos ocidentais, o que não teve bons resultados. Os imperadores de Niceia desenvolveram as tradições adotadas por Manuel e lograram criar exércitos mercenários (cumanos, turcos, ocidentais) que, embora pequenos, foram eficientes. Sob os imperadores paleólogos, as últimas unidades de soldados-camponeses foram desmanteladas e o organização do serviço militar a nível local passou a estar a cargo dos proprietários de terras, uma vez que o poder central já não tinha mais capacidade para manter forças terrestres e marítimas substanciais.[320]

Marinha

Ver artigo principal: Marinha bizantina
Principais operações bizantino-muçulmanas e batalhas no Mediterrâneo do século VII ao século XI
A marinha bizantina repele o ataque Rus' a Constantinopla em 941. Ações de abordagem e combates corpo a corpo determinavam o resultado da maior parte das batalhas navais na Idade Média. Aqui, os dromons bizantinos são mostrados passando "por cima" dos barcos Rus' e despedaçando os seus remos com os rostros (esporões).[321]

A marinha bizantina, tal como o exército, foi uma continuação de sua correspondente romana, porém mais importante que sua antecessora.[322][323] No início do século IV, devido à não ocorrência de grande operações navais, as esquadras imperiais eram compostas de navios relativamente pequenos que dedicavam-se quase exclusivamente a missões de policiamento e escolta. Com as guerras civis do final do século IV e começo do século V, contudo, a atividade naval foi retomada e as frotas foram usadas sobretudo no transporte de tropas,[324], mas só a partir do século VI, durante o reinado do imperador Anastácio I (r. 491–518), o império possuiria uma frota permanente.[325] Sob Justiniano (r. 527–565) e Justino II (r. 565–578), a frota anastasiana foi aperfeiçoada e transformou-se numa força profissional bem treinada.[326] Durante o século VI, a partir das invasões árabes, foi necessária uma reorganização das tropas imperiais para que pudessem enfrentar os novos inimigos. A marinha bizantina foi reorganizada aos moldes do sistema de temas, e estabeleceu-se a frota dos carabisianos (em grego: Καραβισιάνοι; romaniz.:Karabisianoi; "os homens dos navios") que foi a correspondente dos tagmas que constituíam o exército central imperial.[327]

No século VIII, quando os carabisianos mostraram-se ineficientes diante das investidas árabes, a marinha passou por uma nova reforma, sendo que as modificações feitas perdurariam até o começo do século XI com pequenas alterações: uma frota imperial central baseada em Constantinopla, um pequeno número de grandes comandos navais regionais, tanto temas marítimas como comandos independentes designados "drungariados", e um número maior de esquadras locais encarregadas de tarefas puramente defensivas e de policiamento, subordinadas aos governadores provinciais locais.[328] Após o declínio da marinha no século XI, Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) reconstruiu-a em moldes diferentes: uma frota imperial unificada foi estabelecida sob o comando do posto então criado de mega-duque, substituindo assim o estratego; o grande drungário, anteriormente o comandante geral naval, foi rebaixado a subordinado do mega-duque, atuando como seu principal ajudante.[329][330] A partir do final do século XII, embora haja registros de uma frota bizantina, o império tornou-se cada vez mais dependente das frotas italianas provenientes de Veneza e Gênova.[331][332] Sob Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1282) foram formadas novas unidades visando reduzir a dependência bizantina dos navios estrangeiros,[333][334][335] e estas perdurariam ao longo dos últimos séculos do império.[336]

Economia

Ver artigo principal: Economia do Império Bizantino
O Sudário de Carlos Magno, uma seda bizantina policromada do século IX. Paris, Museu de Cluny

A economia bizantina esteve entre as mais avançadas da Europa e do Mediterrâneo por muitos séculos; a Europa, em particular, foi incapaz de corresponder à força econômica bizantina até o final da Idade Média. Constantinopla foi um eixo central em uma rede de comércio que por diversas vezes estendeu-se por quase toda a Eurásia e Norte da África estando no ponto mais ocidental da famosa Rota da Seda. Até a primeira metade do século XI, e em nítido contraste com o Ocidente decadente, a economia bizantina floresceu e resistiu.[337] Um dos fundamentos econômicos de Bizâncio foi o comércio, promovido pelo caráter marítimo do império, embora, a partir do século VIII e até o início do século XIV, o império tenha desenvolvido uma intensa economia rural[338] baseada na produção de cereais, vinha e oliveira.[339] Têxteis devem ter sido, de longe, o item mais importante de exportação;[nt 10] Sedas foram certamente importadas para o Egito e aparecem também na Bulgária e no Ocidente.[342][343] O Estado rigorosamente controlou tanto o comércio interno como o internacional, e reteve o monopólio de emissão de moedas, mantendo um sistema monetário durável e flexível adaptado às necessidades do comércio.[344] O governo exerceu controle formal sobre as taxas de juros e definiu os parâmetros para a atividade das guildas e corporações em que tinha um interesse especial. O imperador e seus oficiais intervinham em momentos de crise para garantir o abastecimento da capital e para manter baixos os preços dos cereais. Além disso, o governo coletou frequentemente parte do excedente através dos impostos e colocou-os novamente em circulação, por meio de redistribuição sob a forma de salários para os oficiais do Estado, ou sob a forma de investimentos em projetos públicos.[343][345]

A Praga de Justiniano e as conquistas árabes representaram uma reversão substancial das fortunas e contribuíram para um período de estagnação e declínio. As reformas isaurianas e, em particular, o repovoamento, obras públicas e medidas fiscais de Constantino V Coprônimo (r. 741–775) marcaram o começo de um avivamento que continuou até 1204, apesar da contração territorial.[346][347] Do século X ao final do século XII, o Império Bizantino projetou uma imagem de luxo e os viajantes ficavam impressionados com a riqueza acumulada na capital.[348] A Quarta Cruzada provocou a interrupção da fabricação bizantina e o domínio comercial dos europeus ocidentais no Mediterrâneo Oriental, eventos que resultaram em uma catástrofe econômica para o império.[349] Os paleólogos tentaram reavivar a economia, mas o Estado bizantino tardio não recuperaria o controle total de qualquer das forças econômicas externas ou internas. Gradualmente, ele também perdeu sua influência sobre as modalidades de comércio e os mecanismos de preços, seu controle sobre a saída de metais preciosos e, de acordo com alguns estudiosos, até mesmo da cunhagem de moeda.[350]

Religião

Ver artigo principal: Igreja estatal do Império Romano
Página do Saltério Chludov criticando a iconoclastia. No fundo há uma representação da crucificação de Jesus no Gólgota. O artista compara os soldados romanos maltratando Jesus com os patriarcas iconoclastas João Gramático e o Antônio I, destruindo o ícone de Cristo.

A sobrevivência do Império Romano do Oriente assegurou um papel ativo do imperador em assuntos da Igreja. O Estado bizantino herdou dos tempos pagãos os procedimentos administrativos e financeiros dos assuntos religiosos — o imperador romano era o pontífice máximo (pontifex maximus) — e esses procedimentos foram aplicados à Igreja Cristã. Seguindo o padrão estabelecido por Eusébio de Cesareia, os bizantinos viam o imperador como um representante ou mensageiro de Jesus Cristo, responsável, em particular, pela propagação do cristianismo entre os pagãos e pelos temas que não se relacionavam diretamente à doutrina, como administração e finanças. A busca pela unificação das crenças, costumes e ritos de todo o império e a hierarquia eclesiástica foram dois fatores essenciais que legitimaram o poder do imperador assim como a centralização do Estado:[351] como Cyril Mango aponta, o pensamento político bizantino pode ser resumido no lema "Um Deus, um império, uma religião".[352] No entanto, o papel imperial nos assuntos da Igreja nunca se desenvolveu em um sistema fixo legalmente definido.[353] Com o declínio de Roma e a dissenção externa nos outros Patriarcados do Oriente (Antioquia, Alexandria e Jerusalém), a Igreja de Constantinopla tornou-se, entre o século VI e o século XI, o mais influente e rico centro da cristandade.[354] Mesmo quando o império foi reduzido para apenas uma sombra de seu esplendor, a Igreja continuou a exercer influência significativa tanto dentro como fora das fronteiras imperiais. Como George Ostrogorsky aponta:

O Patriarcado de Constantinopla permaneceu o centro do mundo ortodoxo, com sés metropolitanas subordinadas e arcebispados no território da Ásia Menor e nos Bálcãs, regiões na época perdidas para Bizâncio, bem como no Cáucaso, Rússia e Lituânia. A igreja continuou a ser o elemento mais estável do Império Bizantino.'[355]

A doutrina cristã oficial do Estado foi determinada pelos primeiros sete concílios ecumênicos e o imperador tinha o dever de impô-la a seus súditos. Um decreto imperial de 388, que foi depois incorporado no Código de Justiniano, ordenava que a população do império "assumisse o nome dos cristãos católicos" e considerava que todos os que não cumprissem a lei seriam "pessoas loucas e tolas", seguidores de "dogmas heréticos".[352] Apesar dos decretos imperiais e da postura rigorosa da Igreja do Estado, que passou a ser conhecida como "Igreja Ortodoxa", ela nunca representou todos os cristãos do império. Mango acredita que, nos estágios iniciais do império, as "pessoas loucas e tolas", justamente os rotulados como "hereges" pela Igreja do Estado, constituíam a maioria da população.[356] Além de pagãos, que existiram até o final do século VI, e de judeus, havia muitos seguidores — muitas vezes os imperadores — de várias doutrinas cristãs, como o nestorianismo, monofisismo, arianismo e paulicianismo, cujos ensinamentos de alguma forma se opunham à doutrina teológica "ortodoxa" estabelecida pelos concílios ecumênicos.[357] Outra divisão entre os cristãos ocorreu quando Leão III, o Isáurio (r. 717–741) ordenou a destruição dos ícones em todo o império, o que provocou uma crise religiosa significativa que só terminou em meados do século IX com a restauração dos ícones. Durante o mesmo período, uma nova onda de pagãos emergiu nos Bálcãs, proveniente principalmente dos povos eslavos. Estes foram gradualmente cristianizados e, durante estágios finais de Bizâncio, a Ortodoxia passou a representar a maioria dos cristãos no que restava do império.[358]

Depois da reconquista de Constantinopla em 1261, duas controvérsias religiosas dominaram a agenda política do império. A controvérsia hesicasta, que contrastava uma abordagem mística da religião, tipicamente defendida pelos monges e pela população, com outra, mais racional e intelectualizada, influenciada pelo aristotelismo ocidental, defendida pela aristocracia e pelos que defendiam a união com a sé de Roma.[359][360][361] A vitória dos hesicastas foi mais uma reafirmação do sentimento anti-latino entre os ortodoxos.[362] Mais ampla, a controvérsia sobre a reunião das igrejas, principalmente a "União das Igrejas" durante o Segundo Concílio de Lyon (1275) e a "União de Florença" no Concílio de Florença (1437),[363] dominou o debate teológico e foi utilizada pelos imperadores como "moeda de troca" para conseguir a ajuda do ocidente contra a ameaça islâmica.[284][nt 11]

Os judeus foram uma minoria significativa no Estado bizantino ao longo de sua história e, de acordo com a lei romana, constituíam um grupo religioso legalmente reconhecido. No período inicial bizantino, eles foram geralmente tolerados, mas depois ocorreram períodos de tensões e perseguições (como a Revolta judaica contra Heráclio). De qualquer forma, após as conquistas árabes, a maioria dos judeus se viu fora do império; aqueles que ficaram dentro das fronteiras bizantinas aparentemente viveram em relativa paz a partir do século X.[364]

Língua

Ver artigo principal: Grego medieval
Saltério Mudil, o saltério completo mais antigo em língua copta (Museu Copta, Cairo Copta, Egito)
Rolo de Josué, manuscrito iluminado grego do século X feito em Constantinopla (Biblioteca Apostólica Vaticana, Roma)

Além da corte imperial, da administração e do exército, a principal língua usada nas províncias romanas orientais mesmo antes do declínio do Império Ocidental sempre foi o grego, que era falado na região séculos antes do latim.[365] Na verdade, logo no início da vida do Império Romano, o grego tinha se tornado a língua comum da Igreja Cristã, da erudição, das artes e, em grande medida, foi a lingua franca para o comércio entre as províncias e outras nações.[366][367][368] Durante algum tempo, a língua ganhou uma natureza dual, com a principal língua falada, o koiné vernacular em constante desenvolvimento (que haveria de evoluir para o grego demótico), coexistindo com o grego ático, uma língua literária mais antiga; o koiné acabou por evoluir até se tornar o dialeto padrão.[369][370]

O uso administrativo do latim persistiu por sete séculos, até ter sido abandonado por Heráclio (r. 610–641). O latim académico caiu rapidamente em desuso entre as classes instruídas, embora continuasse a fazer parte, pelo menos de forma cerimonial, da cultura do império durante algum tempo.[371][372] Além disso, o latim vulgar continuou a ser uma língua minoritária no império, e entre as populações trácio-romanas deu origem ao proto-romeno. Da mesma forma, na costa do mar Adriático se desenvolveu outro vernáculo neolatino, que mais tarde originaria a língua dálmata. Nas províncias do Mediterrâneo Ocidental, temporariamente conquistadas durante o reinado de Justiniano (r. 527–565), o latim (que posteriormente evoluiu para as línguas românicas) continuou a ser usado como uma língua falada e como a língua acadêmica.[373]

Muitos outros idiomas existiam no império multiétnico e algumas receberam o status oficial limitado em suas províncias em várias ocasiões. Notadamente, no início da Idade Média, o siríaco e o aramaico tinham se tornado mais amplamente utilizados pelas classes educadas nas províncias do extremo oriente.[374][375] [376] Da mesma forma o copta, o armênio e o georgiano se tornaram significativos entre a população culta das respectivas províncias.[377][378] Posteriormente, o contato com estrangeiros fez com que algumas línguas estrangeiras das famílias eslavas e valacas, bem como o árabe, se tornassem importantes na esfera de influência do império.[379][380][381] Além dessas línguas, dado que Constantinopla era um centro de comércio privilegiado na região do Mediterrâneo e outras, praticamente todos os idiomas da Idade Média conhecidos foram falados no império em algum momento, até mesmo o chinês.[382][383] À medida que o império entrou em seu declínio final, os cidadãos do império tornaram-se culturalmente homogêneos e a língua grega tornou-se parte integrante de sua identidade e sua religião.[384][385]

Arte

Díptico Barberini, no qual há a representação de um imperador, possivelmente Anastácio I Dicoro ou Justiniano I
Representação mais antiga conhecida de uma lira bizantina em um estojo de marfim, c.900-1100, Museu Nacional do Bargello, Florença

A arte bizantina é quase inteiramente centrada com a expressão religiosa e, mais especificamente, com a tradução impessoal da teologia da igreja cuidadosamente controlada em termos artísticos. Foi amplamente influenciada pela arte da Antiguidade Clássica e pela inclinação alegórica oriental, mantendo, a despeito da influência oriental, uma forte uniformidade da tradição clássica ao longo de toda sua história. A partir do século VI a arte bizantina começou a distanciar-se da produzida nas regiões antes pertencentes ao Império do Ocidente. Alcançou seu apogeu durante a dinastia macedônica (r. 886–1056) e declinou definitivamente com a queda de Constantinopla em 1453.[386] Foi altamente prestigiosa e procurada na Europa Ocidental, onde manteve uma influência contínua na arte medieval até próximo do final do período; tal foi especialmente o caso na Itália, onde estilos bizantinos persistiram de forma modificada ao longo do século XII e tornaram-se influências formativas na arte renascentista italiana. Através da expansão da Igreja Ortodoxa, as formas e estilos bizantinos espalharam-se para todo o mundo ortodoxo e para além dele.[387][388][389]

Devido à existência de importantes jazidas de mármore na proximidade da capital, desenvolveu-se no Império Bizantino, e mais notadamente na Ásia Menor, uma forte tradição artística de trabalho em pedra. Desde a Antiguidade que o Oriente teve uma tradição na produção de artes menores[nt 12] que acabou sendo mantida pelos bizantinos. Em Constantinopla floresceram, a par da escultura decorativa, os trabalhos com pedra, metal (como bronze ornamental), marfim, esmalte e tecelagem; além destes, destaca-se na arte bizantina a pintura em afresco, manuscritos iluminados, mosaicos e painéis.[386] Na arquitetura bizantina, outra área de grande florescimento, nota-se uma tradição de construção geralmente associada com a história do Império Romano Tardio e do próprio Império Bizantino, que estendeu-se com maior esfera de influência no período que decorre entre c. 300 e c. 1450 e que desafiou uma definição convencional compreensiva sobre bases geográficas, culturais, cronológicas e estilísticas.[391]

A literatura bizantina tem influências de quatro elementos culturais: grego, romano, cristão e oriental. Os seus autores são frequentemente classificados em cinco grupos: historiadores e analistas, enciclopedistas (Fócio, Miguel Pselo e Nicetas Coniates são considerados os maiores enciclopedistas de Bizâncio) e ensaístas, escritores de poesia secular (a única obra épica genuína dos bizantinos é Digenis Acritas), escritores de poesia popular e literatos eclesiásticos.[392] Dos cerca de três mil volumes da literatura bizantina que sobreviveram, apenas trezentos e trinta consistem de poesia secular, história, ciência e pseudociência.[393] Na literatura religiosa bizantina (sermões, livros litúrgicos e poesia, teologia, tratados devocionais etc.), Romano, o Melodista foi seu representante mais proeminente.[394]

O teatro foi repudiado no mundo bizantino, sendo considerado a personificação da imoralidade pelos eruditos da Igreja. Foi completamente banido pela Igreja no final do século VII, com a palavra theatron passando a denotar os espetáculos do Hipódromo de Constantinopla ou círculos literários onde trabalhos retóricos eram lidos em voz alta. Todavia, elementos teatrais sobreviveram tanto no cerimonial imperial como em festividades populares, nas quais participavam mímicos, bobos, músicos, dançarinos, etc. Na literatura foram produzidas peças para leitura e na liturgia encontram-se várias características teatrais.[395] A dança também foi mal vista pelos eruditos da Igreja, porém, tal como o teatro, sobreviveu ao período. Estava presente no cerimonial cortesão, principalmente nos festivais das Calendas e da Brumália, e foi por inúmeras vezes mencionada em obras literárias bizantinas como em Digenis Acritas.[396]

No caso da música, para além das aclamações, nenhuma obra não ligada às liturgias sobreviveu. Embora a música secular tenha sido mencionada inúmeras vezes pelos autores cristãos e historiadores, o gênero, estilo e forma são desconhecidos, sendo que, por este motivo, os historiadores modernos considerem como "música bizantina" todo cântico sagrado medieval que seguiu o rito Ortodoxo Oriental e um certo grupo de cânticos cerimoniais em honra ao imperador, a família imperial e altos dignitários da Igreja Ortodoxa.[397] A pouca informação preservada sobre instrumentos musicais também é um problema. O seu número, tipo e função não está completamente compreendido e, embora alguns nomes tenham sido preservados nos textos contemporâneos, é muito difícil associá-los claramente com as representações pictóricas e/ou escultóricas remanescentes.[398]

Conhecimento

O frontispício de Dioscórides de Viena, que mostra um grupo de sete médicos famosos. O mais importante na imagem é Cláudio Galeno, sentado numa cadeira dobrável.

Os escritos da Antiguidade Clássica nunca deixaram de ser cultivados em Bizâncio. Por conseguinte, a ciência bizantina teve sempre uma ligação estreita com a filosofia antiga (principalmente Platão e Aristóteles)[399] e com a metafísica.[400] Embora em vários momentos os bizantinos tenham alcançado feitos magníficos na aplicação das ciências (notavelmente na construção de Santa Sofia), a partir do século VI os eruditos bizantinos fizeram poucas contribuições para a ciência em termos de desenvolvimento de novas teorias ou no estender de autores clássicos.[401][402]

Durante os anos sombrios da praga e das conquistas árabes, o conhecimento sofreu uma acentuada estagnação, mas em seguida, durante o chamado Renascimento bizantino no final do primeiro milênio, os estudiosos bizantinos reafirmaram-se novamente, tornando-se especialistas nos desenvolvimentos científicos dos árabes e persas, especialmente na astronomia e matemática.[403] No último século do império, gramáticos bizantinos foram os principais responsáveis pela execução, pessoalmente e por escrito, de estudos gramaticais e literários do grego antigo que marcaram o início da Renascença italiana.[404] Durante este período, a astronomia e outras ciências matemáticas eram ensinadas em Trebizonda e a medicina atraiu o interesse de quase todos os estudiosos.[405]

No campo do direito, as reformas de Justiniano (r. 527–565) tiveram um efeito claro sobre a evolução da jurisprudência e a Écloga de Leão III, o Isáurio (r. 717–741) influenciou a formação das instituições jurídicas do mundo eslavo.[406] Leão VI, o Sábio (r. 886–912) fez, em uma obra de 60 volumes, a codificação completa do direito romano em grego.[204] No século X, os imperadores ditos legisladores, de Romano I Lecapeno (r. 920–944) a Basílio II (r. 976–1025) fizeram inúmeras reformas com base nos problemas de seu tempo e os imperadores finais trataram de modificar o procedimento legal bizantino.[407]

No Império Bizantino houve uma nítida preocupação pelo conhecimento. A dita Apaideusia, falta de cultura mental ou de conhecimento, era motivo para ridicularização e zombaria.[408] A educação monástica fornecia instruções básicas para monges analfabetos e crianças que pretendiam tornar-se padres e freiras, de modo que o ensino secular ficou a cargo das escolas primárias que são atestadas a partir do século VI. João Crisóstomo pretendia implementar o ensino secular no âmbito monástico, mas não recebeu retorno dos eclesiásticos. A escola secundária, embora parcialmente controlada pelo Estado e a Igreja, era privada, e o ensino superior, tal como era tradição nas poleis gregas, foi assunto do Estado:[nt 13] Teodósio II (r. 408–450) fundou a Universidade de Constantinopla e em meados do século IX foi fundada no palácio uma escola de ensino secundário e superior, que foi posteriormente reincentivada ou restaurada por Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959). Durante o reinado de Constantino IX Monômaco (r. 1042–1055), foram fundadas escolas de direito e filosofia, e no século XII a autoridade patriarcal manteve uma escola de retórica e teologia, a então chamada "Escola Patriarcal". No final do século XIII e ao longo do século XIV, nota-se a manutenção do patrocínio imperial do ensino superior e há registro de muitas escolas, privadas ou semi-privadas.[410] Durante a vida acadêmica os alunos aprendiam gramática (leitura, escrita e crítica a obras clássicas, especialmente Homero), retórica (correção da pronúncia e estudo de autores), filosofia, arte, aritmética, geometria, música, astronomia, direito, medicina e física, além de educação religiosa. Não há menções sobre educação feminina mas supõe-se que ao menos as jovens de classes abastadas recebiam, em parte, a mesma educação dos meninos, enquanto que nas classes inferiores aprendiam geralmente apenas a ler e escrever.[408]

Sociedade

Ver artigo principal: Gregos bizantinos
Afresco de São Lucas envergando uma armadura lamelar clivânio (klivanion) e uma espada espátio reta
Cena de casamento e vida em família em Constantinopla

A sociedade bizantina incluía várias classes sociais que não eram exclusivas nem imutáveis. Dentre elas as mais características eram as dos pobres, camponeses, soldados, comerciantes e membros do clero.[411] Os pobres, segundo um documento de 533, eram todos aqueles que não possuíssem 50 moedas de ouro (soldos).[412] Formaram a maioria da plebe cosmopolitana[413] e sua quantidade flutuou ao longo dos séculos do império, embora seu número tenha se elevado de maneira acentuada no final da Antiguidade Tardia com as invasões bárbaras e a fuga de muitas pessoas para as cidades, para escaparem da alta tributação no campo.[414] Embora não haja dados precisos sobre o seu número, sem dúvida o campesinato representou a maior parte dos habitantes bizantinos das áreas rurais. Tal como os soldados, os camponeses são referidos no Tática do imperador Leão VI, o Sábio (r. 886–912) como a espinha dorsal do império.[415] A nível organizacional, os soldados bizantinos assemelhavam-se aos seus congêneres do período romano clássico, mas quando analisados no âmbito social surgem diferenças nítidas; a Tática de Leão VI fornece muitos elementos sobre a aparência, costumes, hábitos e vida dos soldados bizantinos.[416]

Além de suas funções militares, os soldados exerciam atividades acessórias como médicos ou técnicos[417] e, até o século XI, estiveram também envolvidos em atividades rurais, e coloca-se a hipótese de terem exercido funções como artesãos e comerciantes.[418] Cogita-se também a hipótese de que a partir do século X muitos soldados, através de seus pagamentos, tenham começado a adquirir propriedades rurais com impostos reduzidos ou isentados.[419] Com o passar do tempo, a classe mercantil, em especial a de Constantinopla, tornou-se uma força própria que por vezes chegou a ameaçar o imperador, o que foi alcançado através do uso eficiente do crédito e de outras inovações monetárias.[420] Finalmente, o poder de compra dos mercadores bizantinos tornou-se tal que influenciavam os preços em mercados tão distantes como os do Cairo e Alexandria e acabaram, por conseguinte, fazendo parte do senado através de concessões imperiais, o que fez com que eles passassem a integrar a elite reinante; mantiveram-se nesta posição até as maquinações políticas do século XI, que levaram a aristocracia rural a assegurar o trono para si por mais de um século,[421] embora posteriormente tenham regressado à sua posição, mantendo-a até o período da Terceira Cruzada.[422]

Por fim havia a classe dos clérigos. Ao contrário de seus congêneres europeus ocidentais, que distanciavam-se dos ditos leigos, os clérigos orientais mantinham-se em constante contato com a sociedade. Ao contrário da Igreja Latina, a Igreja Bizantina autorizava o casamento de padres e diáconos, uma vez que muitos deles já o eram antes da ordenação. Aos bispos, contudo, recomendava-se que não se casassem.[423] Estando a hierarquia religiosa espalhada pelas divisões administrativas do império, o clero foi mais onipresente do que os servos do imperador.[424] A questão do cesaropapismo, geralmente associada com o Império Bizantino, é agora entendida como sendo uma simplificação das condições reais do império.[425] No século V, o patriarca de Constantinopla foi reconhecido como o primeiro entre iguais dos quatro patriarcados orientais, com estatuto igual ao do papa de Roma. As províncias eclesiásticas (chamadas eparquias) eram chefiadas pelos arcebispos e metropolitas, que supervisionavam seus subordinados bispos ou epíscopos (episkopoi). Para a maioria das pessoas, contudo, o rosto mais reconhecível do clero era o seu pároco ou papas (da palavra grega para "pai").[423][426]

Embora constituindo 50% da população, as mulheres tenderam a ser esquecidas nos estudos bizantinos.[427] A sociedade bizantina foi patriarcal e deixou poucos registros sobre as mulheres. Além disso, estas eram geralmente vistas com desconfiança e consideradas periodicamente imundas e como resultado foram objeto de discriminação. As mulheres eram desfavorecidas em alguns aspectos legais, no acesso à educação e na liberdade de movimento, o qual foi limitado.[428] Segundo as tradições bizantinas os casamentos eram arranjados pelos pais dos noivos, que tinham como intenção alianças familiares, dotes, etc. As meninas podiam casar-se aos doze anos e os meninos aos quatorze. O homem precisava de bens equivalentes ao dote da mulher. Os casamentos imperiais eram arranjados pelos alto funcionários do palácio, que traziam pretendentes de todo o reino para os príncipes escolherem.[160]

Vestuário

Ver artigo principal: Vestuário bizantino
Sapatos bizantinos do século VI

No mundo bizantino o vestuário e a moda foram muito importantes, havendo regulamentos e regras sobre o que vestir no dia a dia ou em ocasiões especiais como os banquetes. Um exemplo disso é o Cletorológio de Filoteu, que descreve o local onde os convidados dos banquetes imperiais se sentariam de acordo com sua posição e roupas. O vestuário imperial dos períodos iniciais é uma reminiscência clara do estilo romano. Com o tempo, no entanto, em especial através das influências recebidas dos povos vizinhos, o estilo romano foi deixado para ocasiões cerimoniais, enquanto um estilo próprio bizantino começou a surgir:[429] a trábea triunfal (trabea triumphalis), uma toga cerimonial romana utilizada até o século VI, evoluiu para a estola bizantina de couro ou seda pesada com pedras preciosas e pérolas cravejadas, denominada loros, que manteve-se em uso até o século XII.[430] O clâmide, uma vestimenta militar que evoluiu do paludamento romano, adquiriu caráter luxuoso no período bizantino e passou a ser fabricado em seda e outros materiais preciosos.[431]

As vestimentas femininas, diferente das usadas por homens, são atualmente pouco conhecidas devido às poucas menções por parte dos autores contemporâneos, e mesmo para as peças cujo nome se conhece (delmatício [delmatikion], mafório [maphorion] e torácio [thorakion]), sua finalidade é parcial ou totalmente desconhecida. Sabe-se, por outro lado, que tanto a imperatriz como as esposas dos oficiais da corte trajavam-se de forma semelhante aos seus cônjuges e que os serventes das mulheres vestiam-se todos com a mesma roupa.[432] Outro segmento social do qual pouco se sabe sobre suas vestimentas são as crianças. Embora por vezes mencionadas nas obras dos estudiosos do período, seu vestuário é pouco ou quase nunca descrito.[433]

Culinária

Trecho de uma miniatura do século XI descrevendo uma cena de caça, Mosteiro de Santa Catarina

Segundo Nicolau Tselementes, um dos principais estudiosos sobre o assunto, a cozinha bizantina foi marcada por uma fusão da gastronomia greco-romana: embora os registros dos alimentos sejam escassos e, por conseguinte, não se conheçam as receitas bizantinas, Tselementes vê nítidas relações com a culinária descrita, por exemplo, na Gastronomia de Arquéstrato (século V a.C.). Sabe-se que os bizantinos tinham três refeições (café da manhã, almoço e ceia) e o consumo de alimentos variava conforme a classe social.[434] No palácio imperial os convidados eram recepcionados com vinho, frutas, bolos de mel e doces xaroposos. A alimentação das pessoas comuns era mais conservadora. A dieta principal era composta de pães, legumes, leguminosas e cereais preparados de formas variadas. Salada e sopa eram muito populares. Eram produzidos diversos tipos de queijo e confeccionava-se a famosa omelete. Também eram apreciados mariscos e peixes, de água doce e salgada. Cada família também mantinha um estoque de aves. Consumiam-se ainda outros tipos de carne de caça. Na caça eram utilizados cães e falcões, embora por vezes fossem empregadas armadilhas e redes. Os cidadãos abatiam suínos no início do inverno, que forneciam para suas famílias linguiça, carne e banha para todo o ano. Apenas as classes mais abastadas comiam cordeiro. Raramente se comiam bovinos, pois eram usados para cultivar os campos. A forma mais comum de preparação dos alimentos era por cozedura.[435]

Com o comércio de longa distância, Constantinopla era inundada por muitos produtos alimentícios (noz-moscada, tâmara, figo, romã, amêndoa, pistache, caviar, melão, laranja, berinjela, etc.), provenientes de diferentes lugares, principalmente da Ásia.[434] Através dos fragmentos de livros culinários bizantinos descobriram-se alguns hábitos alimentares, bem como as propriedades atribuídas por eles aos alimentos: rosa, alho, lírio, açafrão, violeta, mirtilo, camomila, sândalo, cânfora e noz-moscada eram vistos como plantas medicinais, enquanto grão-de-bico, melão, tâmara e rúcula eram afrodisíacos.[436]

Legado

Rei Davi nas vestes de um imperador bizantino. Miniatura do Saltério de Paris

Bizâncio tem sido frequentemente identificado com absolutismo, espiritualidade ortodoxa, orientalismo e exoticismo, da mesma forma que os termos "bizantino" e "bizantinismo" têm sido usados como arquétipos de decadência, burocracia complexa e repressão. Nos países da Europa Central e Sudeste que saíram do Bloco do Leste no final dos anos 1980 e começo dos 1990, a avaliação da civilização bizantina e seu legado foi fortemente negativa devido à sua ligação com um suposto "autoritarismo e autocracia oriental". Tanto autores europeus orientais como ocidentais têm apresentado frequentemente Bizâncio como um corpo de ideias religiosas, políticas e filosóficas contrárias às do Ocidente. Mesmo na Grécia do século XIX, o foco foi principalmente seu passado clássico, enquanto a tradição bizantina era associada a conotações negativas.[437]

Esta abordagem tradicional em relação a Bizâncio tem sido questionada, parcial ou totalmente, e revisada por estudos modernos, que focam-se nos aspectos positivos da cultura e legado bizantinos. Averil Cameron considera inegável a contribuição bizantina para a formação da Europa medieval, e tanto Cameron como Obolensky reconhecem o papel central de Bizâncio na formação da Ortodoxia, que por sua vez ocupou uma posição central na história e sociedade da Grécia, Bulgária, Rússia, Sérvia e outros países.[438] Os bizantinos também preservaram e copiaram manuscritos clássicos, pelo que são assim reconhecidos como transmissores do conhecimento clássico, importantes contribuidores para a civilização europeia moderna e precursores tanto do humanismo renascentista como da cultura eslava ortodoxa.[439]

Como o único Estado de longo prazo na Europa durante a Idade Média, o Império Bizantino isolou a Europa Ocidental das forças emergentes do Oriente. Constantemente sob ataque, manteve afastados da Europa Ocidental persas, árabes, turcos seljúcidas e, por algum tempo, turcos otomanos. De uma perspectiva diferente, desde o século VII, a evolução e constante reformulação do Estado bizantino foram diretamente relacionadas com o respectivo progresso do Islã.[439] Após a conquista de Constantinopla pelos otomanos em 1453, o sultão Maomé II, o Conquistador tomou o título de Kaysar-i-Rûm (o equivalente turco de "César de Roma"), pois estava determinado a fazer do Império Otomano o herdeiro o Império Bizantino.[440][441] De acordo com Cameron, a respeito de si mesmo como "herdeiros" de Bizâncio, os otomanos preservaram aspectos importantes de sua tradição, que por sua vez permitiu um "renascimento ortodoxo" durante o período pós-comunista nos Estados do Leste Europeu.[439]

Ver também

Notas

  1. A referência ao nome "Nova Roma" aparece pela primeira vez em um documento oficial do Primeiro Concílio de Constantinopla (381), onde é usado para justificar a afirmação de que a sé patriarcal de Constantinopla é precedida apenas por aquela de Roma.[12]
  2. "România" foi um nome popular do império usado principalmente extra-oficialmente, que significa "terra dos romanos".[19] Após 1081, também aparece ocasionalmente em documentos oficiais bizantinos. Em 1204, os líderes da Quarta Cruzada deram o nome România ao recém-fundado Império Latino.[20] O termo não se refere à moderna Romênia.
  3. A historiografia bizantina convencionou dividir a história do Império Bizantino em três períodos: período antigo (324-610),[32] médio (610-1204)[33] e tardio (1204-1453).[34]
  4. Outros nomes ocidentais como "O Império de Constantinopla" (em latim: Imperium Constantinopolitanum) e "O Império da România" (imperium Romaniae) também foram usados.
  5. "A corte franca deixa de considerar o Império Bizantino como titular dos créditos válidos de universalidade; em vez disso, passou a chamar-lhe 'Império dos Gregos'".[49]
  6. Na crônica latina de 1190 Continuatio Cremifanensis, Isaac Ângelo é referido como Imperator Romaniae e Frederico Barba-Roxa como Imperator Romanorum. Contudo, alguns anos antes, em 1169, o enviado genovês chamado Amico de Murta, em seu juramento em Constantinopla em nome dos genoveses, se referiu a Manuel I Comneno como Imperator Romanorum. Após 1204, os termos Imperium Romaniae e Imperator Romaniae foram usados pelos ocidentais para descrever o Império Latino e seus respectivos imperadores.[53]
  7. Embora tenha sido bem sucedido com relação à introdução do soldo, há autores que acusam Constantino de "fiscalidade irresponsável",[57][60][59][61] por ter criado o controverso imposto crisárgiro.[62][63]
  8. Na "Paz de 50 anos" foi acordado, entre outras coisas, a não construção de fortalezas nas fronteiras, o alívio das restrições diplomáticos e econômicas[91] e o pagamento anual bizantino de 30 000 soldos aos sassânidas.[106][107]
  9. Carlos Magno foi coroado imperador ocidental pelo papa Leão III em 800, porém desde 768 mantinha o título de rei dos francos.[161]
  10. Outros produtos comercializados foram: escravos, joias, perfumes, âmbar, especiarias (cravo, pimenta-do-reino, mostarda, etc.), peles, porcelana, armas, imagens religiosas, marfim, objetos de ouro, trigo, papiro, pedras preciosas, azeite e azeitonas, vinho e ornamentos.[302][340][341]
  11. "Furthermore, the growing power of the Turks was a menace not alone to the existence of the Eastern Empire but to the whole of Europe, and made it imperative upon the Christian princes to abandon their internecine strife and unite with the Greeks in defence of their common Christianity agains the power of Islam". "Council of Basle" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público. Tradução: Além do mais, o poderio crescente dos turcos era uma ameaça não só para a existência do Império Oriental mas para toda a Europa, e tornava imperativo o abandono por parte dos príncipes cristãos dos seus conflitos mortíferos e a sua união com os gregos na defesa do seu cristianismo comum contra o poder do islã.
  12. Por arte menor identifica-se toda produção artística diferente de arquitetura, pintura, escultura, desenho e gravura.[390]
  13. É importante notar que o ensino primário foi ministrado em todas as localidades do império, o secundário apenas nas grandes cidades e o superior exclusivamente em Constantinopla.[409]

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